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AVALIAÇÃO ERGONOMICA EM UMA PEIXARIA

Conference Paper · December 2014

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5 authors, including:

Juliana Tasca Tissot


Federal University of Santa Catarina
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AVALIAÇÃO ERGONOMICA EM UMA PEIXARIA

BINS ELY, Vera Helena Moro (1);


TISSOT, Juliana Tasca (2);
SIEBRA, Fernanda (3).

(1) Universidade Federal de Santa Catarina, Doutora em Engenharia de Produção.


e-mail:vera.binsely@gmail.com
(2) Universidade Federal de Santa Catarina, Mestranda em Arquitetura e Urbanismo.
e-mail:jutissot@hotmail.com
(2) Universidade Federal de Santa Catarina, Aluna de disciplina isolada do Pósarq.
e-mail: fernandasiebra@yahoo.com.br

RESUMO

O estudo consiste em uma análise dos postos de trabalho dos funcionários de uma peixaria localizada no
Mercado Público da cidade de Florianópolis/SC. A pesquisa tem caráter qualitativo e a avaliação do
ambiente é feita sob a ótica da ergonomia, utilizando métodos de observação e entrevista. Diversos
problemas foram constatados, sendo prioritários os relativos ao layout. Recomendações gerais e
específicas foram efetuadas para a peixaria avaliada.

ABSTRACT

The study consists in an analysis of the workstation of employees in a fish market located in the Public
Market at the city Florianópolis/ SC. The research has qualitative character and searches for an
environmental evaluation from the ergonomics’ perspective. Several problems were identified, however,
priority one´s concerns of layout design. New proposals and general recommendations for fish markets
were suggested.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho consiste em uma análise dos postos de trabalho dos funcionários de uma
peixaria, localizada no Mercado Público de Florianópolis/SC. A maior parte das atividades
realizadas exige que os funcionários fiquem constantemente na postura de pé e em contato
com balcões frigoríficos, que emitem ar frio constantemente.
Há queixas de constrangimentos tanto em relação ao ambiente físico quanto organizacional.
Além disso, a profissão não está regulamentada pela CBO (Classificação Brasileira de
Ocupações). Essa pesquisa tem por objetivo um melhor planejamento do espaço físico com
foco no layout para, assim, melhorar as condições ambientais de realização das tarefas.
A seguir será apresentado o objeto de estudo, métodos e técnicas adotadas na pesquisa,
resultados alcançados e as recomendações para a peixaria analisada.
2. OBJETO DE ESTUDO

O Mercado Público Municipal de Florianópolis (Figuras 1, 2 e 3) é um centro de comércio e


edifício público histórico. O prédio é composto de duas alas, norte e sul, separadas por um vão
central. No local acontece um variado comércio, além de outras atividades. Por sua tradição e
centralidade urbana, o mercado público é um importante ponto de encontro e lazer da cidade,
tanto para moradores quanto para turistas.

Figura 1 - Área externa. Figura 2 - Área interna. Figura 3 - Área externa.


Fonte: ndonline.com.br Fonte: litoraldesantacatarina.com Fonte: flickr.com

A peixaria avaliada nesta pesquisa possui dois pavimentos numa área de 37m². O pavimento
inferior, com 17 m², (Figura 4) funciona para atendimento ao público, limpeza e armazenamento
de peixes e caixa para pagamento. O pavimento superior (Figura 5), com 20 m², possui um
banheiro para funcionários, depósito e câmara fria.
Nesse comércio trabalham nove funcionários, sendo 08 balconistas e 01 limpador de peixe.
Funciona de segunda a sexta-feira, das 07 às 19 horas; sábado das 07 às 14 horas; e domingo
das 07 às 12 horas.

Figura 4 - Planta baixa pavimento inferior. Figura 5 - Planta baixa pavimento superior.
Fonte: Autores. Fonte: Autores.

3. MÉTODOS E TÉCNIAS

Foram utilizados os seguintes métodos: Pesquisa Bibliográfica, Visita Exploratória, Entrevistas


Semiestruturadas com funcionários e clientes, Observação do Ambiente e Questionário Nórdico
(Kuorinka, 1987) com funcionários. A Análise Antropométrica (Iida, 2005) foi efetuada para
simular e identificar constrangimentos nos funcionários durantes suas atividades.
A pesquisa bibliográfica foi realizada para obter informações sobre a classificação da profissão
e/ou normas regulamentadoras, porém, como exposto anteriormente, não foram encontradas
classificações para a ocupação de balconista de peixaria.
Buscou-se inicialmente conhecer o ambiente e os estímulos do meio a partir de visitas
exploratórias, quando foi realizado levantamento físico-arquitetônico, registro com fotos e
observações assistemáticas da rotina dos funcionários e clientes.
Efetuou-se uma observação dos traços físicos que, segundo Zeizel (2006), serve para
identificar como os usuários se comportam no ambiente a partir de vestígios deixados pelas
atividades realizadas. Estes traços podem ter sido deixados no ambiente de forma consciente
ou inconsciente. O autor os organiza em quatro categorias: produtos de uso (mostra como as
pessoas utilizaram os ambientes para realizar alguma atividade), adaptações ao uso
(mudanças que os usuários realizam para adequar o ambiente às suas necessidades),
manifestações de identidade (consiste na apropriação, a partir da marcação do espaço,
refletindo a identidade do usuário) e mensagens públicas (avisos que os usuários deixam nos
ambientes para comunicarem-se com um grande número de pessoas).
Para avaliar a percepção dos usuários em relação ao ambiente e obter dados sobre as tarefas
e atividades que cada um realiza, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com apoio de
um formulário. O Questionário Nórdico (Kuorinka, 1987) auxiliou para compreender problemas
musculoesqueléticos.
Para obtenção de dados referente à percepção dos clientes sobre o espaço físico da peixaria
foram realizadas entrevistas com apoio de formulário.
Os métodos foram aplicados durante a realização das 04 visitas, com duração de meio período
cada.
 Primeira visita: com o intuito de conhecer o ambiente físico e organizacional da peixaria,
realizou-se levantamento métrico, fotográfico e observações assistemáticas dos
funcionários;
 Segunda visita: foram feitas entrevistas com nove funcionários, durante o horário de
expediente, pois não podiam ausentar-se do trabalho. As entrevistas tiveram apoio de
um formulário com 15 perguntas relacionadas ao ambiente e as tarefas, e quando havia
alguma dúvida, acrescentavam-se novos questionamentos. O Questionário Nórdico
(Kuorinka, 1987) foi feito durante essas entrevistas, com 03 perguntas relacionadas a
dores e desconfortos;
 Terceira visita: realizaram-se observações no ambiente para conferir se a tarefa
informada pelos funcionários durante as entrevistas era realmente a tarefa realizada. Os
traços físicos do ambiente foram observados e anotados em um formulário para
posterior tabulação;
 Quarta visita: realizaram-se entrevistas com 50 clientes, com apoio de um formulário,
com 11 perguntas iniciais, sendo acrescentadas outras em caso de dúvidas.
Após as visitas foram formuladas tabelas, plantas-baixas e elevações para organizar os dados
obtidos sobre o ambiente, perfil dos funcionários, tarefas e atividades realizadas, além das
Análises Antropométricas (Iida, 2005).

4. RESULTADOS
Os resultados, a seguir, estão organizados segundo a relação usuário X atividades x ambiente,
independentemente do método que possibilitou a obtenção dos dados.

4.1 Usuários
Através das entrevistas com clientes, obtiveram-se as seguintes informações:
 Faixa etária: entre 40 e 60 anos;
 44% mulheres e 56% homens;
 86% moradores da cidade e 14% turista.
Os clientes foram questionados sobre sua percepção a respeito do espaço físico da peixaria.
A maioria dos entrevistados considerou o ambiente agradável, sendo a única reclamação a falta
de organização nos atendimentos em dias de maior movimento.

Os dados dos funcionários, juntamente com suas funções, também foram obtidos através das
entrevistas e são apresentados no Quadro 1.
Quadro 1: Funcionários da Peixaria em estudo

FUNCIONÁRIOS
Tempo de trabalho na Turnos (Manhã
função (anos) ou tarde = 06
População Idade Altura Função Peixaria Outras horas ou Integral
(anos) (m) Nelson peixarias = 08 horas)
Santos
P1 31 1,75 02 08
P2 36 1,73 02 20
P3 38 1,89 0,5 02 Manhã
P4 28 1,80 01 11
P5 22 1,72 Balconistas 01 06
P6 59 1,83 30 -
P7 34 1,74 1,5 25 Tarde
P8 36 1,71 03 15
Limpador
P9 38 1,65 De peixe 02 13 Integral
Fonte: Autores.
Os funcionários trabalham uniformizados. O limpador de peixe utiliza jaleco, calça, bota e
avental branco (Figura 6); os balconistas utilizam apenas botas, calças e jalecos brancos
(Figura 7). A única diferença entre as vestimentas dos funcionários é o avental que impede que
o limpador de peixe se molhe. Este acessório, para os balconistas, se torna dispensável pois
não tem contato direto com água.

Figura 6 - Limpador de peixe. Figura 7 - Balconista.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.
4.2 Tarefas
Com as entrevistas foram obtidas informações sobre as tarefas e as observações confirmaram
que a tarefa prescrita corresponde à realizada, não havendo classificação da tarefa pela CBO.
O trabalho é realizado na postura de pé, não existindo nenhum tipo de apoio nos horários em
que não há clientes. A pausa é realizada em uma área adjacente ao Mercado Público, pois a
peixaria não oferece um local que ofereça suporte social aos seus funcionários. Há pausas de
60 minutos unicamente para os funcionários que cumprem turno de 8 horas.
O Quadro 2 mostra a tarefa de cada funcionário:
Quadro 2: Funcionários x tarefas

FUNCIONARIOS X TAREFAS
Tarefas
Função Turno Carregar Montar Vender Embalar Receber Desmontar
mercadorias balcão pagamento balcão
Balconista Manhã X X X X X
Balconista Tarde X X X X X
Limpador Integral X X
De peixe
Fonte: Autores.
Os funcionários relataram constrangimentos por contas das tarefas realizadas. O Questionário
Nórdico (Kuorinka, 1987) ajudou a identificar estes problemas e conclui-se pela predominância
de queixas na região lombar e nos membros inferiores, no caso dos balconistas, conforme
Figura 8.

Figura 8 - Constrangimentos balconistas Figura 9 - Constrangimentos limpador peixe.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.

No caso do limpador de peixe (Figura 9), as queixas dizem respeito à região lombar e membro
superior esquerdo, por ele ser canhoto e repetir o mesmo movimento inúmeras vezes durante
seu expediente.
Para as análises antropométricas, consideramos apenas o posto de trabalho do balconista. O
relato do limpador de peixe é que seu posto de trabalho está adequado para a realização de
sua tarefa. Ao observar, nota-se que os constrangimentos estão relacionados à forma como sua
tarefa é organizada e não com o espaço físico. Essa atividade quase não possui pausas e os
movimentos são repetitivos. Neste caso, o indicado seria uma análise ergonômica na
organização da tarefa, não sendo o foco desta pesquisa.
Para as análises antropométricas, utilizamos os balconistas de menor e maior estatura (1,71 e
1,89 m), onde as dificuldades mais recorrentes e críticas observadas são relacionadas ao
balcão expositor.
O funcionário de menor estatura (Figura 10) tem problemas em visualizar, conversar com os
clientes e alcançar a balança, ficando geralmente na ponta dos pés e esticando os braços, o
que resulta em uma sobrecarga nos membros superiores e inferiores.
O funcionário de maior estatura (Figura 11) não tem problemas de alcance na balança ou de
visualizar os clientes, conforme simulação estática. Seu ponto crítico refere-se ao braço, pelo
movimento repetitivo de pesar os pescados, após a escolha dos clientes.

Figura 10 - Menor estatura Figura 11 - Maior estatura.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.

O acesso às mercadorias, que ficam dentro do balcão expositor, geram constrangimentos aos
balconistas. Como o balcão é muito profundo e a abertura é pequena, o funcionário de maior
estatura (Figura 12) se inclina para alcançar os produtos, e como realiza este movimento
diversas vezes ao dia, o problema se intensifica. O balconista de menor estatura (Figura 13)
não sofre tantos constrangimentos para realizar esta tarefa. Os dois funcionários repetem os
movimentos constantemente, o que gera desconforto.

Figura 12 - Maior estatura. Figura 13 - Menor estatura.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.

5. AMBIENTE

A partir das visitas exploratórias, levantamento métrico, fotográfico e observações, identificamos


características relativas ao ambiente físico da peixaria que estavam dificultando a realização
das tarefas dos funcionários, trazendo conflitos de fluxos, além da falta de privacidade,
suporte social, controle do ambiente e distrações positivas. A seguir, destacam-se os
problemas em relação a estes 06 aspectos, relacionando-os, quando possível, com os traços
físicos de duas categorias – produtos do uso e adaptações ao uso - segundo Zeisel (2006).
Realização de Tarefas:
 A área do caixa (Figuras 14 e 15) ocupa espaço desnecessário prejudicando a
circulação dos balconistas, relacionando-se com a categoria produtos do uso de Zeisel
(2006), pois observa-se que a banqueta danificou tanto a grelha plástica como riscou a
parede ao fundo. O granito que reveste o caixa também está com desgaste devido ao
uso. Esta categoria produtos do uso nos mostra o que os usuários ocasionam nos
ambientes durante a realização de suas tarefas.

Figura 14 - Caixa. Figura 15 - Caixa.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.

 O balcão expositor (Figura 16) está mal conservado e sem manutenção. O piso de
cerâmica é coberto com grelhas plásticas (Figura 17) para isolar o contato da água - que
cai dos balcões - com os pés dos funcionários, porém devido ao mau dimensionamento
destas grelhas, isso não ocorre. Ambos os casos, enquadram-se na categoria produtos
do uso devido ao desgaste tanto do balcão quanto das grelhas, produzidos pelos
usuários.

Figura 16 – Balcão expositor. Figura 17 – Grelhas plásticas.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.

 Não há armários para guardar materiais de limpeza, isopor e jornais (Figuras 18 e 19)
obrigando os funcionários adaptar locais para este fim. Enquadram-se na categoria
adaptações ao uso. Observa-se a colocação dos materiais acima da câmara fria e
também sacos de jornais no piso por não ter um espaço adequado para guardá-los.

Figura 18 – Ausência de armários. Figura 19 – Ausência de armários.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.
 Outros: Não há E.P.I´s para acesso à câmara fria, o que pode prejudicar a saúde dos
trabalhadores.
Privacidade:
 Banheiro dos funcionários não possui porta (Figura 20) e falta espaço para troca e
armazenamento de roupas (Figura 21). Associam-se a categoria adaptações ao uso.
Os funcionários precisam colocar caixas no acesso ao banheiro para que ninguém entre
e por possuir uma lateral em vidro – fachada da loja – também são obrigados a colocar
uma proteção para não serem vistos enquanto usam o espaço. Na Figura 22 notam-se
roupas penduradas nos equipamentos devido à ausência de armários apropriados.

Figura 20 – Bwc Funcionários. Figura 21 – Troca de Roupas.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.

Suporte Social:
 Não há espaço para descanso de funcionários.
Distrações positivas:
 Ausência de som ambiente ou televisores.
Controle do ambiente
 No inverno os funcionários devem agasalhar-se para se proteger do frio dissipado pelos
balcões.
Fluxos:
 No pavimento inferior (Figura 22), para o acesso à loja, o elevador dificulta a circulação,
passando apenas uma pessoa por vez. A mesa onde os peixes são embalados
atrapalha a circulação, tendo os balconistas que se revezar para realizar esta tarefa.
Esses conflitos de fluxo geram produtos relacionados ao uso, como por exemplo, o
desgaste da pedra próxima à entrada da loja do balcão expositor.
 No pavimento superior (Figura 23), não foram identificados conflitos de fluxo visto que
sobe um funcionário por vez pelo elevador.

Figura 22 – Pavimento Inferior. Figura 23 – Pavimento Superior.


Fonte: Autores. Fonte: Autores.
6. DISCUSSÃO

Considerando as respostas encontradas nas entrevistas, observaram-se aspectos ambientais e


comportamentais referentes aos funcionários que foram comparadas com as avaliações feitas a
partir da observação das pesquisadoras, conforme apresentadas no Quadro 3. De maneira
geral, os funcionários percebem o ambiente de forma positiva. No entanto, na avaliação das
pesquisadoras, alguns aspectos são muito constrangedores para a realização das atividades de
forma segura e confortável, e relacionam-se prioritariamente ao layout. Os demais dizem
respeito à temperatura do ambiente e à inadequação do mobiliário e equipamentos.
Quadro 3: Pontos positivos e negativos do ambiente
Positivo
Negativo
ASPECTOS FUNCIONÁRIOS PESQUISADORAS
- Boa relação entre os - Há boa relação entre os
Percepção do funcionários. funcionários.
ambiente - Consideram o ambiente - Ambiente é agradável, porém há
agradável. constrangimentos na realização das
tarefas devido aos equipamentos e
fluxos cruzados.
- Balcão expositor muito profundo - Balcão expositor muito profundo
com janela de acesso pequena e com janela de acesso pequena, parte
parte inferior não é utilizada, pois inferior não funciona prejudicando o
não funciona. trabalho dos balconistas.
- Elevador de acesso ao - Elevador de acesso ao pavimento
pavimento superior em má superior em má conservado e sem
conservado e sem proteção. proteção para funcionários.
Equipamentos - Não lavam as mãos entre os - Falta de local apropriado para
atendimentos, pois não há pia higienizar as mãos após os
próxima dos locais de atendimentos.
atendimento.
- Grelhas plásticas não isolam a - Grelhas plásticas não isolam
água do piso. totalmente a água do piso, muitas
vezes molhando os funcionários.
- Ausência de materiais - Ausência de materiais adequados
adequados para dividir as para dividir as mercadorias no balcão
mercadorias no balcão expositor. expositor.
- Ausência de EPI para acesso à
câmara fria.
- Balanças muito alta e com números
pequenos dificultando o trabalho dos
balconistas e visibilidade dos clientes.
- Ausência de calha coletora da agua
dos balcões.
- No inverno sofrem com o ar frio - A falta de controle do ambiente
dissipado pelos balcões. ocasiona incomodo aos funcionários,
pois nem sempre ficam em conforto
Temperatura devido ao frio emitido pelos balcões.
- Ausência de condicionadores de ar.
- Ruído das maquinas não
atrapalham. - O ruído das máquinas é incomodo,
- Ruído da movimentação das mas os funcionários se acostumaram.
Ruído pessoas pelos corredores do
mercado não atrapalha e é
considerada uma distração.
Ventilação - Bem arejado. - Bem arejado.

- Iluminação natural e artificial é


Iluminação - Suficiente. adequada de forma geral.

- Mesa para embalagens é - Mesa embalagem pequena dificulta


Mobiliário pequena dificultando a tarefa dos a realização das tarefas.
balconistas.
- Falta privacidade no banheiro dos
- Falta de privacidade no funcionários por não existir porta e ter
banheiro. uma pele de vidro que se situa para o
corredor do mercado público.
- Falta de espaço para descanso - Ausência de bancos no pavimento
Outros aspectos quando não há clientes. inferior para os balconistas quando
não há clientes.
- Ociosidade quando o fluxo de - Quando não há clientes, ficam
clientes é menor. apoiados nos balcões conversando
entre si.
- Espaço inadequado para troca - Espaço para troca de roupas sem
de roupas. porta.
Fonte: Autores.
Analisando a tabela acima, identifica-se uma mesma percepção entre pesquisadores e
funcionários em relação a muitos aspectos do ambiente. Aqueles percebidos exclusivamente
pelas pesquisadoras pode revelar que os funcionários, por já estarem acostumados com o
ambiente, não percebem os fatores que alteram ou prejudicam a realização de suas atividades.
Essa observação é importante, pois o funcionário não deve se adaptar a uma situação que
cause constrangimento, e sim o ambiente estar adaptado às suas necessidades.

7. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

Após as análises e tabulação dos dados, foram propostas recomendações para a melhoria do
posto de trabalho do balconista e realização da tarefa. As sugestões e queixas por parte dos
usuários foram confirmadas pelos pesquisadores através das observações. É importante
destacar que a boa relação entre os funcionários colabora para que a rotina não seja tão
exaustiva. Pelo ponto de vista dos pesquisadores, mesmo num espaço físico restrito, a
alteração do posicionamento de equipamentos e a otimização da circulação, tornaria o espaço
mais agradável e mais funcional para os balconistas. As alterações relativas ao layout são
apresentadas nas Figuras 24 e 25. O Quadro 4 relaciona os problemas encontrados com as
soluções propostas. Ressalta-se que algumas diretrizes propostas para este espaço também
servem para projetos futuros de outras peixarias.
Figura 24 - Alteração pavimento inferior. Figura 25 - Alteração pavimento superior.
Fonte: Autores. Fonte: Autores.

Quadro 4: Problemas x recomendações


PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS RECOMENDAÇÕES
- Dores nas pernas por ficar muito tempo em pé. Instalação de banco para descanso (01).
- Balcão com portas quebradas refrigeram a parte - Troca do balcão expositor com áreas para
inferior da loja causando desconforto nas pernas dos instalação de balanças de bancada (02).
balconistas; - Criação de uma área mais baixa no balcão
- Balcão é muito profundo com abertura pequena; para atendimento especial (03).
- Ausência de local para atender pessoas de baixa
estatura, cadeirantes e idosos.
- Falta de espaço para higienização dos funcionários - Instalação de uma pia próximo ao caixa
após atendimento e cobrança. (04).
- Grelha plástica que cobre o piso está danificada. - Troca das grelhas plásticas por material
mais resistente (05).
- Acúmulo de sujeiras entre a circulação dos - Colocação de calhas coletoras (06).
balconistas e a área de limpeza dos peixes.
- Ausência de local para estoque de sacola, isopor e - Colocação de prateleiras para estoque (07).
jornais.
- Falta de EPI´s para acesso à câmara fria. - Instalação de um suporte para colocação
dos EPI´s para acesso à câmara fria (08).
- Elevador dificulta acesso à loja e prejudica a - Rotação do elevador para ocupar menos
circulação; espaço na área de acesso à loja (09);
- Elevador sem proteção e com muito ruído. - Isolar motor do elevador e colocar grade de
proteção em volta da plataforma de
transporte (10).
- Ociosidade em dias de menor movimento. - Instalação de som ambiente (11).
- Caixa ocupando muito espaço e sendo pouco - Otimização da área do caixa (12).
utilizado.
- Balanças para pesagem muito alta e com números - Troca das balanças suspensas por
pequenos, impossibilitando o cliente de enxergar o balanças digitais de bancada (13).
peso.
- Conflitos no atendimento de clientes nos dias de - Instalação de senhas para atendimento
maior movimento. (14).
- Problemas na circulação dos funcionários em dias - Layout livre (15).
de maior movimento.

- Peixaria não oferece local para descanso e para - Colocação de mesa e cadeira no pavimento
refeições. superior para os funcionários (16).
- Banheiro sem privacidade. - Instalação de porta e chuveiro (17).
- Espaço inadequado para troca de roupa dos - Instalação de um trocador de roupa com
funcionários. armários para os funcionários (18).
- Mesa de embalagem atrapalha circulação entre os - Substituição da mesa (19).
balconistas.
Sobre ergonomia:
- Dificuldade para leitura dos preços das mercadorias. - Instalação de novas placas com números
maiores e padronizados.
Fonte: Autores.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi desenvolvida com foco principal na análise das atividades do balconista de
peixaria, identificando possíveis problemas na realização das tarefas devido ao ambiente físico.
Mesmo que durante as entrevistas os funcionários demonstraram, de forma geral, satisfação; as
observações realizadas permitiram descobrir vários problemas e solucioná-los com a
remodelação do layout e instalação de equipamentos novos.
Os métodos mais eficazes utilizados na pesquisa foram as entrevistas e as observações.
Através das entrevistas, feitas com o apoio de um formulário, compreendeu-se a organização
da peixaria e identificaram-se as rotinas e tarefas. As observações comprovaram o que foi
relatado, além de aproximar os pesquisadores do objeto de estudo, como por exemplo,
identificar os constrangimentos aos quais estão relacionados, sendo neste caso o balcão
expositor o principal problema.
As observações dos traços físicos segundo Zeisel (2006) contribuíram para identificar a
usabilidade dos espaços e pensar nas possíveis mudanças projetuais baseadas em como os
funcionários estavam utilizando o espaço. Conseguiu-se identificar os problemas e fazer
recomendações para que o espaço se adapte às necessidades dos usuários.
Essa pesquisa serviu para levantar questionamentos sobre o posto de trabalho dos balconistas,
oferecendo novas possibilidades projetuais para peixarias com base nas avaliações ambientais.
Dada à importância do Mercado Público como um local atrativo, recomenda-se que futuras
pesquisas analisem as áreas de circulação geral dos clientes nessa edificação.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em:


<http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home. jsf>, acesso em 09 nov. 2013.

IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo. Edgar Blucher, 2005.

KUORINKA, I; JONSSON, B; KILBON, A.; BIERING-SORENSEN, F.; ANDERSSON, G; VINTERBERG,


H.; JORGENSEN, K. Standardized Nordic Questionnaires for the Analysis of Musculoskeletal
Symptoms. Applied Ergonomics, v. 18, n. 3, p. 233-37, 1987.

ZEISEL, John. Inquiry by Design: Environmental/ Behavior/ Neuroscience in Architecture, Interiors,


Landscape and Planning. New York, 2006.

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