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A Escola Clássica, também conhecida como Escola Idealista ou Liberal, floresceu entre o final
do século XVIII e meados do século XIX, representando um marco histórico no Direito Penal.
Surgindo como contraponto ao absolutismo e à arbitrariedade das monarquias, essa corrente
propôs uma visão inovadora e humanizada do sistema penal, baseada em princípios como o
livre-arbítrio, a legalidade e a retribuição.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Adam Smith, fundador da escola clássica inglesa, é considerado o “pai da política”, sendo
a sua principal obra “A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas”. O
economista não concorda com as ideias dos fisiocratas, pois para ele a riqueza se baseia na
divisão do trabalho e na liberdade econômica e não somente ao trabalho na terra (DROUIN,
2008).
A doutrina mercantilista, que vigorou entre o século XV e meados do século XVIII, era
fundada na crença de que um país seria mais rico quanto maiores fossem sua população e seu
estoque de metais preciosos. Portanto, o Estado deveria fomentar o comércio, a indústria e a
agricultura com o objetivo de estimular as exportações e obter um superávit comercial nas
transações com seus parceiros, pois os pagamentos internacionais eram feitos em ouro ou prata
(SILVA; CARVALHO, 2007).
"A falha dos mercantilistas, segundo Smith, foi não perceber que uma troca deveria
beneficiar as duas partes envolvidas no negócio, sem que se registre, necessariamente, um déficit
para uma das nações envolvidas" (SILVA; CARVALHO, 2007, pag. 4).
A teoria da vantagem absoluta de Adam Smith defende que os países devem abrir-se para
o comércio, realizando trocas. Desta maneira, obtém-se vantagem quando cada nação concentra
seus esforços na produção do bem que consegue produzir em melhores condições (SILVA;
CARVALHO, 2007).
Desta maneira, Adam Smith elaborou um forte argumento para contribuir com a
expansão do comércio e redução de controles comerciais que caracterizaram o período
mercantilista, capaz de promover o aumento da produção de cada país por meio da
especialização e, com as trocas, aumentar o consumo e o bem-estar da população (APPLEYARD
et al., 2010).
Após a percepção de que a riqueza era obtida através da produção de serviços e produtos
finais o que gerou a especialização dos indivíduos em habilidades especiais. "Os indivíduos, em
função de suas capacidades se orientam para uma profissão a qual se dedicam após um período
de aprendizagem. Uma vez estabelecidos em sua ocupação profissional, eles venderão os
produtos de sua atividade, e os ganhos assim auferidos vão lhes permitir obter os bens e serviços
que não produzem e que lhes são necessários" (DROUIN, 2008, pag. 18).
A percepção de que a riqueza era obtida através da produção de serviços e produtos finais geraria
o interesse próprio de cada indivíduo em especializar-se em habilidades especiais, conforme
exposto anteriormente. Dessa forma, o interesse pessoal e a competição regulariam
automaticamente o mercado, com pouca necessidade de intervenção governamental,
intensificando a política governamental da laissez-faire. (APPLEYARD et al., 2010).
Adam Smith denomina a “mão invisível” a orientação do interesse pessoal na direção mais
adequada aos interesses da sociedade. Além disso, o Estado tem um papel a desenvolver, visto
que deve assegurar as funções que são atinentes a ele como Estado-polícia e ainda, em relação ao
mercado proteger a livre concorrência e produzir certas atividades. (DROUIN, 2008).
Embora um país seja menos eficiente na produção de dois bens em comparação a outro país, a
teoria das vantagens comparativas defende que pode haver comércio de forma vantajosa entre
países quando os custos de produção envolvidos são diferentes determinados pelas diferenças
tecnológicas que se refletem na produtividade da mão de obra e nas vantagens comparativas
(SILVA; CARVALHO, 2007).
"O princiṕ io das vantagens comparativas prevê que uma nação exportará os produtos com custos
de oportunidade relativamente menores e importará os produtos nos quais tenha custos de
oportunidade relativamente maiores" (VASCONCELLOS, 2007, p. 17).
David Ricardo, foi considerado o principal teórico da escola clássica, exibiu uma reformulação
da teoria do valor-trabalho de Adam Smith. (DROUIN, 2008).
“A teoria do valor-trabalho é empregada no modelo. Consequentemente, o valor relativo de uma
mercadoria baseia-se somente em seu conteúdo de trabalho relativo. De um ponto de vista de
produçaõ , isso significa que (a) nenhuma outra entrada é usada no processo produtivo, ou (b)
quaisquer outras entradas saõ medidas em termos do trabalho representado em sua produçaõ , ou
(c) as outras entradas/médias de trabalho são as mesmas em todas as indústrias. Em termos
simples, essa suposição significa que um produto que representa duas horas de trabalho é duas
vezes mais caro do que um produto que utiliza apenas uma hora” (APPLEYARD et al., 2010,
p.29).
Além disso, elaborou uma nova ponderação sobre repartição de rendas, lucros e salários, bem
como adotou a teoria do livre câmbio a estabilidade da moeda. Ricardo consentia com as ideias
de Smith e Malthus em relação a taxa salarial resulta em um crescimento demográfico, e quando
a demanda de trabalho é maior que a oferta os salários tendem a aumentar, dessa forma, acredita
tal como Malthus que os desequilíbrios econômicos decorrem da mão-de-obra excessiva. Além
disso, defendia que a alta nos preços dos bens de subsistência origina maiores salários e queda
nos lucros causando a estagnação a economia. (DROUIN, 2008).
Thomas Malthus, o teórico da superlotação defende que as terras cultiváveis do planeta estão
limitadas pelo espaço geográfico do território nacional, e que naturalmente irá existir um ponto
de esgotamento na produção de alimentos. O mesmo autor explica que a população cresce de
maneira mais rápida em comparação à produção agrícola, gerando o aumento da fome e da
destruição da ordem social (DROUIN, 2008).
"Os que se beneficiam de recursos econômicos suficientes poderão contrair uma aliança
matrimonial e procriar; por outro lado, todos os que apenas conseguem não morrer de fome terão
de se impor como dever uma castidade completa, até o momento em que forem capazes de
manter uma família" (DROUIN, 2008, p.59).
O primeiro princípio da escola clássica era que o melhor governo governa o mínimo. As
forças do mercado livre e competitivo guiariam a produção, a troca e a distribuição.
Comportamento económico de auto interesse. Os economistas clássicos supunham que o
comportamento de auto interesse básico para a natureza humana. Harmonia de
interesses. Com excepção importante de Ricardo, os clássicos enfatizavam a harmonia natural de
interesses em uma economia de mercado. Ao correr atrás de seus interesses individuais, as
pessoas atendiam aos melhores interesses da sociedade. Importância de todos
os recursos e actividades económicas. Os clássicos assinalavam que todos os recursos
económicos como as actividades económicas contribuíam para a riqueza de uma nação. Leis
económicas. A escola clássica deu grandes contribuições para a economia ao concentrar a analise
em teorias económicas explicitas ou "leis".QUEM A ESCOLA CLÁSSICA BENEFICIOU
OU PROCUROU BENEFICIAR? No longo prazo, a economia clássica atendeu
a toda a sociedade porque a aplicação de suas teorias promovia o acumulo de capital e o
crescimento económico. Ela dava respeitabilidade aos empresários, em um mundo que
anteriormente tinha direccionado as honras e a renda para a nobreza e os abastados. Os
mercadores e os industriais obtiveram um novo status e dignidade, como promotores da riqueza
da nação, e os empresários estavam seguros de que, ao procurar o lucro, estavam atendendo a
sociedade.
Essa reação contra as arbitrariedades do absolutismo em face dos direitos do indivíduo foi
fundamental para o substrato filosófico que a Escola Clássica desenvolveu.
Como exemplo, Beccaria, que escreveu sua obra Dos delitos e das penas, em 1764, trouxe
inovações humanistas propondo a restrição da pena de morte (somente para crimes contra a
figura do rei deveria permanecer) e a supressão de todos os tipos de penas de suplício e físicas.
Livre-arbítrio:
A pedra angular da Escola Clássica reside na crença de que o ser humano é dotado de
livre-arbítrio, ou seja, a capacidade de escolher livremente entre o bem e o mal. Essa perspectiva
coloca o indivíduo como único responsável por seus atos, afastando explicações deterministas e
eximindo a sociedade de culpa pela criminalidade.
Legalidade:
Outro pilar fundamental da Escola Clássica é o princípio da legalidade, que estabelece
que a lei penal é a única fonte de definição de crimes e penas. Esse princípio visa garantir a
segurança jurídica, evitando a aplicação arbitrária e discricionária do poder punitivo.
Retribuição:
A Escola Clássica defende que a pena deve ter um caráter retributivo, ou seja, deve ser
proporcional à gravidade do delito cometido. Essa retribuição busca punir o indivíduo pelo mal
que causou, restaurando a ordem social violada pelo crime.
Humanização da pena:
Essa teoria, defendida por autores como Rousseau e Beccaria, explica a origem do Estado
e do poder punitivo como resultado de um acordo entre os indivíduos. De acordo com essa visão,
os indivíduos cedem parte de sua liberdade ao Estado em troca de segurança e proteção.
Influência na Criminologia:
APPLEYARD, Dennis R., FIELD JR., Alfred, COBB, Steven L., LIMA, André
Fernandes. Economia Internacional, 6ª edição. São Paulo: ArtMed, 2010.
GACOV, Sergio; SOUZA, Queila Regina; PROHMANN, José Ivan Paula; COSER,
Claudia. Administração estratégica: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.