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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

HISTÓRIA DA PALESTINA MODERNA II

JÚLIA SOARES SILVA

Al Nakba:

A Catástrofe Palestina Orquestrada pelo Ocidente

São Paulo

2023

JÚLIA SOARES SILVA


Al Nakba: A Catástrofe Palestina Orquestrada pelo Ocidente

Pesquisa realizada como avaliação individual do


curso de História da Palestina Moderna II, oferecida
pela extraordinária Profª Drª Arlene Elizabeth
Clemesha.

São Paulo/SP

2023
Você

Tira minha água

Queima minhas oliveiras

Destrói minha casa

Toma meu emprego

Rouba minha terra

Aprisiona meu pai

Mata minha mãe

Bombardeia meu país

Esfomea a todos nós

Humilha a todos nós

Mas

Minha é a culpa pela resistência

(Escritos de um cartaz fotografado em manifestações


contra o os ataques israelenses na Faixa de Gaza nos
últimos meses de 2023)
RESUMO

SILVA, Júlia Soares. Al Nakba: A Catástrofe Palestina Orquestrada pelo Ocidente. 2023.
Disciplina: História da Palestina Moderna II – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo.

Reflexões sobre a história da região denominada atualmente como Palestina a partir da leitura
do livro History of modern Palestine; One land, two people por Ilan Pappe, que propôs um
novo caminho epistemológico para escrever a história dos povos que dividem o território que
hoje é reconhecido como Israel e Palestina. Ilan Pappe trouxe este novo ponto de partida
teórico porque, enquanto ensinava na Universidade de Haifa, se deparou com
questionamentos de seus alunos palestinos, que se indignavam diante da visão exclusivamente
pró-israelense da academia. Pappe, então percebeu que eram abundantes os livros que
tratavam da região, entretanto, a narrativa era hegemônica por conta da dominância da teoria
da modernização do Oriente Médio nesses estudos, a partir de um olhar eurocêntrico que
atendia à curiosidade do mundo sobre o assunto, sem o intermédio de historiadores
humanistas, mas sempre a partir de visões muito ligadas às religiões dos povos que
protagonizam esse conflito.

Palavras-chave: Palestina, Israel, Sionismo, História.


Índice

1. Introdução

2. Palestina Histórica

3. O surgimento do sionismo em território palestino

4. A primeira metade do século XX

5. A partir de 1948
Introdução

Para Karl Marx, a acumulação primitiva é o processo de expropriação de terras e meios


de trabalho e produção impostos por um estado que é utilizado como um instrumento das
classes dominantes sobre os sujeitos trabalhadores de uma sociedade. 1 Tal processo é
essencial para o advento do capitalismo, que surge na Europa a partir da Revolução Burguesa.
É a partir do século XVI, então, que as primeiras noções do estado nacional surgem. Marx
conta essa história em O Capital utilizando como parâmetro histórico a dissolução do sistema
feudal, a partir dos ideais de liberdade da classe burguesa. Entretanto, tal liberdade é
polissêmica, já que, através da expropriação da terra dos senhores feudais, todos os seus
súditos perderam também a terra onde cultivavam sua subsistência e onde moravam. Cria-se
então a noção de trabalhador livre: livre de terra, livre dos meios de reprodução da vida, e
livre para vender sua força de trabalho para o capitalista mais próximo. O processo de
acumulação capitalista jamais acaba, pois as características econômicas deste sistema
requerem constante expansão para mitigar as iminentes crises. Ora, é o capitalismo o sistema
que depende do lucro crescente, quase que de forma infinita. E é o capitalismo que cria as
condições materiais para que a terra de outrem possa ser comprada e vendida como ocorreu na
Palestina a partir da colonização que deu início ao Estado de Israel. Portanto, para tecer a
crítica à ocupação deste território, é essencial criticar também o sistema que o possibilitou de
existir.
A criação da forma estado-nação é a forma mais eficaz que o sistema capitalista
encontrou para organizar a disputa internacional por terras e acúmulo de mais-valia. Os ideais
de nacionalismo e liberdade estão diretamente conectados com a centralização de um estado
nacional que permita a um único grupo de interesse, administrar grandes territórios.
O povo palestino, porém, antes da coligação com os estados europeus no século XIX,
não havia tido contato próximo com as ideologias ocidentais. Segundo Gudrun Kramer, “for
centuries, Palestine, as known under the british mandate in the twentieth century, formed no
independent geographical and political unit” (durante séculos, a Palestina, como era

1 MARX, Karl. O Capital, Capítulo XXIV, p. 341. “ Assim, o movimento histórico, que transforma os
produtores em trabalhadores assalariados, aparece, por um lado, como sua libertação da
servidão e da coação corporativa(...) Por outro lado, porém, esses recém-libertados só se
tornam vendedores de si mesmos depois que todos os seus meios de produção e todas as
garantias de sua existência, oferecidas pelas velhas instituições feudais, lhes foram roubados.
E a história dessa sua expropriação está inscrita nos anais da humanidade com traços de
sangue e fogo.”
conhecida sob o mandato britânico no século XX, não formava uma unidade geográfica e
política). Isso porque, segundo Ilan Pappe, “Muitos deles (o povo palestino) estão
intimamente ligados à terra onde vivem ou escolheram instalar-se. Agarram-se à terra ou à sua
propriedade não por um imperativo nacional de proteger a pátria, a entidade, mas por razões
muito mais triviais e, simultaneamente, mais humanas” (2004. p. 35). Tais razões triviais são
oriundas do sentimento de comunidade, característicos da cultura árabe, mas principalmente
porque a terra era seu instrumento de manutenção da vida. O povo palestino cultivava uma
relação recíproca de cuidado com a natureza ao semear as plantações que garantiam a
manutenção da vida para as grandes famílias árabes.
Sobre esse assunto, vale relembrar a questão dos campos de oliveiras. A oliveira é uma
espécie de árvore típica da região da Palestina histórica, cujas origens milenares se
comprovam a partir de textos sagrados para a religião judaica e cristã. No Alcorão, a árvore
aparece:
“E uma árvore, que brota do Monte Sinai: ela produz azeite, e tempero para que
comeis” (Suratu Al-Muuminun 23:20). O azeite, um de seus produtos, liga a ninguém menos
que o próprio Criador, como demonstra o seguinte versículo: “Deus é a luz dos céus e da terra.
O exemplo de Sua luz é como o de um nicho, em que há uma lâmpada. A lâmpada está em um
cristal. O cristal é como se fora astro brilhante. É aceso pelo óleo de uma bendita árvore olívia,
nem de leste nem de oeste; seu óleo se ilumina, ainda que o não toque fogo algum. É luz sobre
luz. Deus guia a Sua luz a quem quer. E Deus propõe, para os homens, os exemplos. E Deus de
todas as coisas é Onisciente” (Suratu An-Nur 24:35).

Já na Bíblia cristã, as oliveiras aparecem desde o


antigo testamento, mas é significativa a passagem
onde, após contornar uma das curvas na descida
do Monte das Oliveiras, Jesus chorou ao
contemplar Jerusalém (Lucas 19:37-41). Portanto,
é uma árvore que denota singular importância,
não só espiritual, mas também vital para a
população palestina. É por isso que o estado de
Israel as destrói constantemente. Ao lado, a
imagem de uma mulher árabe-palestina, abraçada
à árvore de oliveira como se fosse um filho, e ela
chora por sua morte, enquanto um soldado
israelense a observa ao fundo (FIGURA 1).
A Nakba é a catástrofe do povo palestino. Essa catástrofe não se limitou à expropriação das
terras palestinas, mas se expandiu para a tentativa de apagamento da história desse povo, a
partir de massacres aportados por um conjunto de leis criadas para garantir a separação
sistemática de quem deveria morrer, para dar espaço para quem supostamente teria o direito
de viver. As justificativas dessa colonização são baseadas em textos religiosos, mas, com uma
análise cuidadosa, é possível perceber claramente como não há nada de sagrado nesse
processo, que é, na verdade, apenas a expressão moderna das técnicas de colonialismo
clássicas que tomaram o sul global de assalto nos séculos XIV à XVII. A diferença é que, a
guinada tecnológica que foi construída a partir do final da Segunda Guerra Mundial garantiu à
Israel as condições necessárias para dominar o território palestino com poder bélico muito
superior aos usados pela Europa nas Grandes Navegações, além de garantir que seus
representantes possuíssem controle sobre como esse processo era narrado midiaticamente. O
Estado de Israel é a realização do sonho judeu por uma nação judaica. O problema é que ele
foi construído, segundo Ilan Pappe, sobre o mito de “um povo sem terra, para uma terra sem
povo”. É um mito, porque o território palestino era muito bem ocupado por um povo
próspero, que sofre não apenas com a limpeza étnica, mas também com a tentativa de
desumanização a partir de um discurso que afirma que Israel lhes trouxe o progresso
ocidental. Esse processo, porém, é sentido apenas pela população judaica, que outrora fora
minoria, mas através desses instrumentos repressivos, conseguiu tomar a maioria do território
para si.
Sobre a construção do discurso, Pappe reconhece que, durante muito tempo na história,
Israel, através de sua proximidade com o Ocidente, obteve mais credibilidade em relação à
sua versão dos fatos. Os palestinos, por outro lado, por não possuírem um estado
independente, careciam de infraestrutura para produzir pesquisas mais elaboradas ou que
exercessem influência significante na forma que a sua história fora contada. Entretanto, a
partir de uma mudança de paradigma na forma de construção do pensamento nas ciências
humanas, sentida principalmente a partir da segunda metade do século XX, que trouxe uma
nova profundidade crítica para o olhar dos cientistas, uma mudança pendular aconteceu,
gerando sua pesquisa, que, apesar do autor assumir que é em favor dos oprimidos e não dos
opressores, a priori, não se compromete com a narrativa de nenhum dos lados. Entretanto, se
compromete com a visão da sociedade subalterna, ou seja, a parte da sociedade que depende
das decisões políticas de outrem, que não exerceu influência direta na forma que seu território
foi dividido, mas que é a principal vítima dessa divisão, ao invés de unicamente a visão das
elites, que foi registrada e divulgava através da impressão dessa visão em documentos oficiais
ao longo de sua trajetória. Pappe assume a responsabilidade de ir contra os historiadores
tradicionais, tanto palestinos quanto israelenses, que tratavam o passado tradicional e religioso
como algo a ser superado a fim da construção de um futuro moderno e igualitário, mas a
crítica a visão da modernidade como ideal passa pela re-análise desses fatores como sendo, na
verdade, vitais e essenciais para a reprodução da vida dessas populações. Pappe diz que “O
passado não é sempre regressivo, assim como o presente não é sempre progressivo. Na
Palestina, como em outras regiões do Oriente Médio, o passado contém padrões igualitários
de comportamento que foram perdidos no presente” (“The past is not always regressive, as
the present is not always progressive. In Palestine, as elsewhere in the Middle East, the past
contained egalitarian patterns of behavior that were lost in the present”) (2004, p. 9).

Ao procurar “Palestina” no Google Maps


(FIGURA 2), a imagem que aparece sugere que este
seja três sub territórios localizados na periferia de
Israel. É representada por uma linha pontilhada que
não vem acompanhada de legenda, mas sugere
também que sejam três porções unitárias de terra.
Entretanto, este mapa induz ou erro, por, na verdade, a
Palestina sempre constituiu uma região inteira,
entretanto, é vítima de um projeto de apagamento
arquitetado pelo sionismo, com o apoio de diversas
nações imperialistas. Além disso, também leva o
observador a pensar que exista uma disputa territorial
quase que igualitária entre os dois territórios,
entretanto, Israel é dono e determina através do
instrumento da força a divisão do que é Palestina. Seu
plano de colonização aconteceu calculadamente a fim
de dividir os povoados palestinos entre si e dominar o
máximo de terra possível, as reais fronteiras do que
sobra da Palestina são, na realidade, mais parecidas
com manchas territoriais onde as condições de vida
são precarizadas graças ao controle militar que Israel
impõe.
Palestina Histórica

O território da Palestina, entre 1831 e 1840, foi governado por Muhammad Ali do
Egito, que respondia ao Sultão Otomano, que havia anexado também a Síria. Neste período,
em 1934 revoltas populares aconteceram contra a ocupação egípcia, que vinha acompanhada
do aumento dos impostos, de excessiva intervenção militar e da obrigatoriedade da entrega
das armas de fogo dos camponeses ao governo 2. A região permaneceu sob domínio otomano
até meados de 1876. Durante esta época, cerca de meio milhão de pessoas que falavam a
língua árabe viviam lá, desses, a maioria era muçulmana, porém havia cerca de 60.000
cristãos, 20.000 judeus, além de 50.000 soldados otomanos e 10.000 soldados europeus. Este
território era subdividido em quatro regiões delimitadas pelas características naturais do
relevo administradas pelo sanjac otomano: Nablus, Acre, Hebron e Jerusalém, onde a
população era composta majoritariamente por trabalhadores rurais, portanto, era comum que,
para se defender de possíveis invasores ou convidados indesejados, os moradores possuíssem
armas de fogo. A vida girava em torno da família e era governado por hamulas, uma espécie
de clã que podia se estender como liderança de uma ou duas vilas. Havia um sistema comunal
de rotação de terras chamado de Musha, que garantia que cada agricultor pudesse, em
determinado período, se beneficiar das partes mais férteis do solo. Na porção rural do
território palestino, as boas colheitas, principalmente nos campos algodão, milho ou de
oliveiras, significavam abundância coletiva e motivo de comemoração. A situação
habitacional era a questão social mais emergente 3. Cada conjunto de vilas formava uma sub-
província otomana, liderada por um Sheik, que tinha o papel de coletor de impostos e conciliar
conflitos4. “Porém, ao final do século XIX, a maioria dos líderes rurais caíram, vítimas dos
esforços de centralização dirigidos pelos reformistas em Istanbul” (“By the end of the
nineteenth century, however, most of the rural leaders had fallen prey to centralization efforts
directed by the reformers in Istanbul.) (Ibidem). A partir de 1840, os otomanos se esforçaram
para reorganizar o território, a partir do desejo de governar Damasco e Beirut em um estado
moderno aos moldes da centralidade francesa.

Sobre a questão feminina, Pappé reconhece haver divisão do trabalho que se diferencia
de vila para vila, a depender da cultura cultivada em seu terreno. Onde crescia trigo, por
exemplo, as mulheres trabalhavam ao lado dos homens nos campos, porém, onde o milho era

2 PAPPE, Ilan, A History of Modern Palestine, 2004, p. 20.


3 Ibidem, p. 15-5.
4 Idem.
proveniente, apenas os homens trabalhavam a céu aberto. A diferença de renda determinava a
condição das mulheres, já que as menos abastadas tendiam a ser mais presentes na plantação.
Em relação ao uso do véu por mulheres muçulmanas, Pappe afirma que não era algo comum
(nas vilas e para as mulheres pobres da cidade) até a chegada generalizada de estrangeiros. As
mulheres que usavam o véu, eram, portanto, as mais abastadas 5. Elas também tinham o
direito de opinar em relação a com quem gostariam de se casar. Os casamentos eram resultado
de longas negociações entre diferentes famílias, mas a opinião das mulheres não era
indiferente ao resultado6.

Entretanto, entre 1853 e 1856, ocorreu a guerra da Criméia, onde o Reino Unido, França
de Reino de Sardenha se uniram com o Império Otomano para derrotar o Império Russo.
Neste momento, os europeus conseguiram se aproximar politicamente das elites árabes e criar
uma rede de interesses que, segundo Alan Pappe “criou uma base comum para o futuro
nacionalismo árabe”7. Com o final da guerra, o Congresso de Paris abriu o Oriente Médio
para a exploração europeia, ao permitir que estrangeiros comprassem terras e títulos na região,
o que atraiu investidores e banqueiros que buscavam lucro fácil, e acelerou o processo de
secularização da sociedade sob a justificativa da modernização da elite palestina 8. Esses ideais
liberais que diziam respeito ao suposto progresso oriundo da tecnologia e ideologias
européias, foram impulsionados desde meios políticos, até através de escolas abertas na
segunda metade do século XIX, onde missionários estadunidenses ensinavam para a futura
elite do país ideais de nacionalismo, democracia e liberalismo 9. Essas transformações foram
como “sombras sob o céu azul da Palestina rural” 10 ao passo que transformaram
profundamente os modos de produção e o modo de vida da população. A instauração do
modelo de vida europeu, gerou maior necessidade de crédito e empréstimos, o que foi suprido
através da inauguração de bancos, pertencentes principalmente por cristãos da Grécia
Ortodoxa e outros estrangeiros, o que tornou os gregos um pilar importante da economia da
então Palestina, atualmente ocupada por Israel 11. Tais movimentos econômicos empoderaram

5 Ibidem, p. 17.
6 Ibidem, p. 20.
7 Ibidem, p. 4, “created a common base for the future Arab nationalism”.
8 Ibidem, p. 21.
9, Ibidem, p. 4, “Americans missionaries teaching in schools opened in the second half of the
nineteenth century. Through these schools, the future leader of Palestinian nationalism were
introduced to nationalism, democracy and liberalism”
10 Ibidem, p. 21, “This latter process hung like a shadow over the clear skies of rural
Palestine.”
11 Idem.
esses povos ao sentimento de protagonistas da terra em contraposição a visão dos
muçulmanos como o “outro” e podem ser associadas ao processo de acumulação primitiva
que permitiu a posterior expropriação da região pelos sionistas. Esse entrelaçamento da
economia local com a economia mundial acarretou numa Palestina profundamente
dependente da Europa em diversos sentidos. A importação de produtos manufaturados e a
exportação de insumos agrícolas, tornou-se comum. A região era também interessante aos
assuntos europeus, pois era uma rota facilitada para outras regiões no interior do continente.
Em 1858, leis a respeito do uso da terra criminalizam o sistema de rotação Musha, entre
outras coisas, o que acarreta na profunda transformação do uso da terra e da relação desta com
os pequenos produtores. Os primeiros sionistas chegaram à região em 1882, após adquirirem
títulos de grandes porções de terra.

Com o final da Segunda Guerra Mundial, mais especificamente a partir de 1920, o


mandato do Reino Unido começou a vigorar sobre o território palestino. O mandato britânico
foi particularmente controverso, pois o Reino Unido, em julho de 2015, através do tenente-
coronel Sir Henry McMahon, alto comissário britânico, havia feito um acordo com Hussein
bin Ali, Sharif de Meca, que após o levante árabe, o Reino Unido respeitaria a independência
da Palestina. Entretanto, após a expulsão dos turcos, o Reino Unido e a França dividiram a
área por meio do Acordo Sykes-Picot — um ato de traição aos olhos dos árabes. Logo depois,
em 1917, o Reino Unido, através de seu secretário de Assuntos Estrangeiros, Arthur James
Balfour, emitiu uma declaração para Lionel Walter Rothschild, o Barão, líder da comunidade
judaica do Reino Unido, para ser transmitida à Federação Sionista da Grã-Betanha,
prometendo o apoio britânico a um "lar nacional" judaico na Palestina, caso a Inglaterra
conseguisse derrotar o Império Otomano.

Segundo Ilan Pappe, a presença e a política imposta pelos europeus, por um lado, e por
outro os planos e ambições sionistas, influenciaram a comunidade arábe na Palestina a se
unificar sob uma liderança tradicional, encabeçada por Amin al-Husayni 12. Ele também afirma
que esses agentes externos foram os principais atores de transformação da Palestina, ao
contrário da narrativa tradicional que atribui essa responsabilidade à elite local 13, que cresceu

12 Ibidem, p. 5, “The British Mandate after World War One consolidated European influence
in Palestine, and was the last modernizing factor in the narrative of pre- Palestine. It was due
to its presence and policies on the one hand, and Zionist plans and ambitions on the other, that
the Arab community in Palestine regrouped under traditional leadership, headed by Amin al-
Husayni, and became a new national Palestinian movement.”
13 Ibidem, p. 6.
em número e em qualidade de vida. Para Pappe, a nacionalização da palestina foi processo
essencial para o advento da ocidentalização 14 da região, consolidada mais tarde pela ocupação
Israelense. Além disso, afirma que a importância dada à escolha do nome da região só
aconteceu por motivos políticos a partir do século XIX, porque, até então, para os moradores
da região, o que os unia era o apego pela terra, pela comunidade, e a eles pouca diferença
fazia como a terra se chamava. Os únicos sujeitos que disputavam a nomeação do estado eram
aqueles pertencentes às elites, que possuíam interesses extraordinários aos interesses da
população que ocupava aquela terra.

O surgimento do sionismo no território palestino

O sionismo é um movimento judaico nascido na Europa em resposta às condições


precárias de vida dos judeus europeus. As primeiras ideias surgiram no centro da Europa por
volta de 1850 e foram reavivadas mais tarde por Theodor Herlz, criando um sentimento
empolgante de esperança para a comunidade judaica em resposta ao anti-semitismo. As
ideias, escritas em hebreu, resgataram lendas bíblicas sobre o reino de Salomão e da última
república judaica de Asmoneus15. Herlz tornou-se um líder do movimento sionista em busca
da Terra Sagrada de Sião. Sua ansiedade para deixar a Europa era alimentada pela falta de
esperança de um futuro pacífico, já que o povo judeu se via constantemente oprimido. No
leste europeu, ele encontrou povoados vivendo em condições miseráveis e lá conseguiu apoio
para suas ideias de êxodo. Com o tempo, mais intelectuais se atraíram por suas teorias e
planos. Em 1897, junto com cerca de duzentas pessoas, a primeira convenção sionista ocorreu
na Basiléia. Muitos judeus, entretanto, viam esses planos como uma afronta aos planos de
Deus, que diziam que os judeus chegariam à terra prometida após o retorno de Messias.
Mesmo assim, a primeira convenção estabeleceu que os sionistas mereciam um território que
servisse de asilo político. A segunda convenção, em 1898, determinou que deveriam lutar
para colonizar Eretz Israel, território palestino que não possuía essa nomenclatura. Herzl,
então, começou a desprender esforços para negociar a compra da Palestina com o imperador
otomano, sem sucesso. Ignorado por líderes políticos e relativamente temido por rabinos, seus
planos de soberania judaica em território internacional ganhavam força. Em 1799, quando
Napoleão Bonaparte chegara à muralha de Acre, ele já havia idealizado oferecer aquela terra
para os judeus. Todos esses fatores combinados, geraram um sentimento de união em

14 Idem
15 Ibidem, p. 36, “They wrote in the ancient Hebrew language, and retold the stories of the
biblical kingdom of Solomon and the last Jewish republic of the Hasmoneans”
determinadas comunidades judaicas por toda a Europa. Ao final do século XIX, muitos judeus
já haviam adquirido terras na Palestina e muitas outras lideranças ascenderam. Dentre estas,
Haim Weizmann, que liderava, o movimento Hovevei Zion (Amantes de Sião), possuía ideais
“misturados entre nacionalismo romantizado e socialismo” a serem colocados em prática em
território palestino16, foi extremamente impulsionado pelas políticas anti-semitas contra os
judeus que viviam na Polônia e na Rússia. Esses judeus eram vítimas de perseguição política,
tanto pela sua organização territorial, quanto por seus ideais socialistas, eram constantes alvos
de preconceitos e estereótipos degradantes, e foram acusados até de participarem no
assassinato do Czar Alexandre II em 1881, por seu sucessor, que liberou uma onda de extrema
violência contra essa população. A partir deste momento, o êxodo judaico começou. Enquanto
algumas famílias fugiram para os Estados Unidos da América, outras compraram as primeiras
porções de terra na Palestina. Estes foram denominados Primeiro Aliá, título honroso que
implicava na ascensão desses sujeitos à terra sagrada, e se consideravam haluzim (pioneiros),
comparando-se com os primeiros colonizadores a chegarem ao norte da América alguns
séculos antes17. Nem todos esses sujeitos permaneceram na Palestina, mas construíram a base
tática para a chegada dos próximos colonizadores. Alguns se tornaram agricultores e outros
abriram negócios nos centros urbanos, porém, ao se depararem com dificuldades financeiras,
recorriam ao Barão de Rothschild, o judeu mais rico da Europa, que não havia apoiado os
planos de Herzl a principio, mas que cedeu ajuda após os primeiros assentamentos judaicos
nascerem. Rothschild providenciou ajuda tecnológica além da financeira. Em 1899 duas
novas colônias foram criadas, independentes do Barão. Seu apoio foi substituído pela “Zionist
Organization for the Settlement of the Land of Palestine.” (Organização sionista para a
colonização do território palestino)18. O governo otomano tentou frear a colonização judaica,
mas logo a influência britânica revogou essas tentativas. Os colonizadores judaicos
encontraram, além da população nativa, colonizadores cristãos. O que eles tinham em comum
era o compromisso com a modernização da terra e desprezo pela população nativa. Além
disso, a terra representava uma possibilidade para a expansão da acumulação do capital,
portanto, todos os interesses de qualquer governo interessado em conquistar a Palestina pouco
se preocupava com a população originária, que eram vistos ora como empecilhos, ora como

16 Ibidem, p. 38, “Known as the ‘territorial Zionists’, they were inspired by a mixture of
romantic nationalism and socialist revolutionary ideology to be enacted in the land of
Palestine.”
17 Ibidem, p. 39.
18 Todas as traduções presentes neste projeto são independentes.
algo a ser expropriado, seja pela contratação da sua força de trabalho a baixíssimos salários,
seja expulsando-os de suas terras por meios violentos e terroristas.

A primeira metade do século XX.

Até 1908, a Palestina foi governada por Abdul Hamid. O período foi marcado pela
expansão da estrutura ferroviária, pela taxação direta, pelas ideologias conservadoras (anti
reformistas) e pela ideia da cidadania otomana de Hamid. Quando a ideia foi rejeitada, ele
buscou a sua abrangência através do emprego da força, o que causou um impulso extra à
entrada da Palestina na economia global. Este impulso foi sentido pelas elites locais como
muito proveitosas, já que os permitia acúmulo de riquezas, o que fortalecia os ideais
nacionalistas iminentes19. Entretanto, esses ideais não eram amplamente aceitos pela
majoritária população árabe daquela região até então.

Enquanto isso, Herzl buscava de várias maneiras conseguir apoio britânico para o
estabelecimento da Palestina como o estado judeu, entretanto, suas propostas foram
seguidamente rejeitadas. Ele tentou, inclusive, negociar o território da Uganda, porém este
plano não foi rejeitado apenas pelos europeus, como também pelos outros sionistas, que viam
este método como um desvio do verdadeiro objetivo, sendo considerado como anti-patriótico.
A partir de 1904, os palestinos passaram a protestar mais amplamente contra o expansionismo
sionista, porém, o processo expansionista continuou a crescer até o final da Primeira Guerra
Mundial.

Os assentamentos judeus cresciam em tamanho e em complexidade política. Com a


chegada de Arthur Rupin, líder sionista alemão, em 1908. passos largos foram dados para a
concretização do assentamento sionista. Além de comprar diversas terras em pontos
estratégicos, ele construiu, em sua mansão, a Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele
representava a chegada da Segunda Aliá, a segunda onda sionista sobre o território palestino,
que coincidiu com a queda do Império Otomano 20. Segundo Norman G. Filkenstein, “No
centro do consenso ideológico sionista coexistiam três tendências relativamente distintas:
trabalhista, político e cultural. Todos comprometidos com a exigência de uma maioria
judaica.”21 Havia também um terceiro grupo, os judeus ortodoxos que já estavam instalados

19 Ibidem, p. 45.
20 Ibidem, p. 52.
21 FINKELSTEIN, Norman G. Imagem e Realidade do Conflito Israel-Palestina. 2ª Edição.
Record, 2005, p. 60.
nos centros urbanos, estes, viam com maus olhos o sionismo, e o atribuíam a heresias. Os
sionistas nacionalistas, com o apoio do Barão de Rothschild, inauguraram Tel-Aviv em 1907.
Tel-Aviv era o antagonismo da idealização socialista judaica camponesa. Logo, se fez claro
que esta era uma cidade construída para os judeus, através das ações políticas constrangedoras
aos árabes e aqueles judeus que ousassem tecer relacionamentos, seja empregatícios ou não
com estes sujeitos.

Em 1909, Abdul Hamid foi deposto através da revolta organizada pelos Jovens Turcos,
que forçaram Hamid a reverter sua decisão de suspender o parlamento otomano. Os Jovens
Turcos representavam o sonho de uma nação árabe unificada. Até o final da Primeira Guerra,
porém, eles não tinham direito de participar de partidos políticos. Este período foi marcado
também pelo aparecimento das primeiras organizações nacionais palestinas 22. A era “pós-
otomana” foi disputada por diversos grupos, como os cristãos, islâmicos, turcos e etc. Esse
movimento, porém, criou nos centros urbanos uma nova dinâmica, especialmente empolgante
para as jovens elites. Novas estruturas e ideias estavam surgindo, em meio à toda discussão
acerca da guerra. Mas não apenas as elites participavam, pelo contrário, esse processo trouxe
cidadãos comuns para o debate político, o que fomentou uma juventude palestina que mais
tarde lutaria com ideais nacionais contra o expansionismo sionista e britânico.

Com o começo da Primeira Grande Guerra, os povos da Palestina (muçulmanos, judeus


e cristãos), que a príncipio olharam com indiferença para o conflito europeu, foram
surpreendidos com a chegada de inúmeros militares em seu território, após, em 1914, o
Império Otomano quebrar a neutralidade e entrar no conflito ao lado da Alemanha. O
território palestino foi transformado em um grande campo militar 23. Neste momento, a
população palestina era constituída de 60.000 judeus (sendo 33.000 desses chegados da
segunda onda) e 683.000 árabes24. Com a aderência à guerra, as condições de vida pioraram
extremamente, com a falta de importação faltava combustível e alimentos, os preços cresciam
diariamente e apenas as pessoas mais ricas que tivessem dinheiro em bancos estrangeiros
conseguiram manter a qualidade de vida. Jamal Pasha, um dos líderes do movimento dos
Jovens Turcos, era uma poderosa figura política, era o comandante-chefe dos turcos, era
colega próximo do general alemão Von Schellendorf. Seu trabalho era recrutar soldados,
aqueles considerados desertores (que não serviam e nem pagavam a taxa de desistência) eram
22 Ibidem, p. 57.
23 Ibidem, p. 62.
24 HAJJAR, Lisa e BEININ, Joel. Palestine, Israel and the Arab-Israeli Conflict A Primer.
MERP - Middle East Research & Information Project, p. 2.
prontamente perseguidos e executados publicamente. Ele era especialmente afeiçoado aos
sionistas e hostil aos muçulmanos25. Em 1915 batalhões de trabalho forçado inundaram as
ruas palestinas, com o objetivo de explorar as riquezas naturais a fim de construir uma base
militar para os turcos, durante o ano as florestas, as oliveiras, carvalhos e cidreiras foram
derrubados. Quando Jamal foi derrotado, as estradas construídas neste processo foram
utilizadas pelos britânicos, que traziam suas próprias tropas para comandar a região.

Em 1916, o acordo Sykes-Picot dividiu o Oriente Médio em regiões de interesses a


serem comandadas pelo Reino Unido e pela França. Esse acordo foi uma traição aos planos
que o Reino Unido havia firmado com Sharif Husayn, que tinha planos para finalmente
realizar a independência do povo árabe em relação às dominações estrangeiras. Ele era um
nacionalista arábe e havia feito acordos de parceria com o Reino Unido e estabelecido que
após a expulsão dos otomanos, o território se tornaria o reino árabe de Hashemita. Em 1917,
quando os Bolcheviques revolucionaram a Rússia, derrubando o Imperador (Czar), eles
publicaram uma série de acordos políticos que o império havia participado, entre eles o
acordo Sykes-Picot. Foi assim que Husayn soube da traição. No mesmo ano, em 2 de
novembro, Arthur James Balfour enviou uma “declaração de simpatia aos planos sionistas”
para Lionel Walter Rothschild, um trecho da carta dizia

O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina,


de um Lar Nacional para o Povo Judeu, e empregará todos os seus esforços no sentido
de facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito
que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas
existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os

judeus em qualquer outro país. (Declaração Balfour, 2 de novembro de 1917,


Biblioteca Britânica, Londres)

De acordo com o historiador israelense Profº Avi Shlaim no documentário de Al


Jazeera - Al Nakba, “a Grã-Bretanha não possuía o direito moral, político ou legal de
prometer a terra que pertencia aos árabes a outro povo. Portanto, a Declaração de Balfour é
tanto imoral quanto ilegal”. No dia 9 de dezembro de 1917 os britânicos invadiram a
Palestina e estabeleceram seu mandato ocupando Jerusalém. Junto com eles, a milícia
sionista, onde David Ben Gurion fazia parte. Porque ao final da Guerra apenas 10% da
população da Palestina era judaica, 9 a cada 10 palestinos era contra a invasão sionista, e
portanto, os generais britanicos estabeleceram que seriam necessários no mínimo 50.000

25 PAPPE, Ilan, A History of Modern Palestine, 2004, p.63.


soldados para dominar a região e estabelecer o programa sionista 26. Segundo o Dr. Salman
Abu Sitta, “Herbert Samuel foi o responsável pela criação de Israel no Mandato Britânico, ao
aprovar leis para assegurar a compra de terras por judeus, que estabeleceram seu próprio
sistema educacional e industria elétrica e a criação de um exército judeu independentes” 27,
além disso, o governo britânico também decidiu entregar aos sionistas todas as terras
palestinas, ocupadas ou não, que não estivessem regulamentadas. O papel britânico, portanto,
foi garantir as condições para a colonização sionista daquele território, e, apesar de não ter
entregado a região imediatamente após o final da guerra para os sionistas, foram grandes
aliados da causa. A população autóctone se rebelava constantemente contra tais medidas a
partir da organização de manifestações e greves, que eram duramente reprimidas com
violência e assassinato daqueles que participassem, além da perda de direitos civis. Em 1931,
em Nova Iorque, o sionista Stephen Wise declarava que “uma Palestina árabe é uma ameaça à
Grã-Betanha e ao mundo”. Neste mesmo ano, o Primeiro Ministro britânico declarou em
Londres que: “faz 16 anos que fui recrutado pelo movimento sionista, e desde então, na
Palestina, brejos sujos e infestados foram transformados em prósperos assentamentos, e aguás
que corriam desperdiçadas desde os dias da criação renderam colheitas”. Isso porque a
propaganda sionista descrevia a Palestina como um grande deserto vazio, o que
desconsiderava e existencia de mais de meio milhão de pessoas que foram atropeladas nesse
processo de colonização. Em 1933 o prefeito de Jerusalém, aos 80 anos, foi espancado e
morto por forças britânicas após sua participação em manifestações pacíficas realizada pelos
árabes palestinos em protesto a contínua expansão sionista que expropriava todas as
condições de sobrevivencia de seu povo. Em 1934, o número de judeus em solo Palestino
ultrapassava os 42.000. Em 19 de abril de 1935, em Jaffa, uma greve nacional começou, nela,
famílias escolheram seus representantes para formar o Alto Comitê que encabeçaria o
movimento em direção à revolução, segundo o correspondente Mussalan Bseiso, foi uma das
maiores greves da história, unindo todos os não-judeus e não-britânicos cidadãos da Palestina.
Em resposta à greve, o governo britânico estabeleceu punições aos cidadãos que possuíssem
proximidade com os revolucionários a partir de seus encarceramentos e da demolição de suas
casas. Apenas em Jaffa, mais de 200 casas foram explodidas. Em seis meses de greve, cerca
de 195 palestinos foram mortos e mais de 800 foram feridos. Segundo o refugiado palestino
Sami Kamal Abdul Razek, “os britânicos foram brutais. Montaram checkpoints nas estradas e

26 ALJAZEERATALK. Al Nakba Portuguese Subtitle (1/2). Youtube, 2 de julho de 2011.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-M9Hm49sS7Y.
27 Idem.
ninguém passava”, ele conta também que viu seu tio ser espancado até a morte após se recusar
a varrer uma base policial britânica em um checkpoint. Outro refugiado, Hosni Mohammed
Smada, “(os britânicos) mataram e prenderam muitos em Sharshour perto de Tulkarm (...) e
em Nur Shams fizeram os presos realizar trabalho forçado nas pedreiras” 28. Os líderes dos
países árabes recomendavam aos palestinos que finalizassem a greve e confiassem nas boas
intenções britânicas. A greve teve seu fim marcado com uma comissão dirigida por Earl Peel
(nobre lorde britânico), que recomendou a partilha da Palestina em três pedaços, sendo ⅓ para
os judeus, e ⅔ para os árabes, enquanto Jerusalém e Jaffa continuariam sob mandato
britânico. Essa comissão também oficializou a transferência de território palestino para os
sionistas através da declaração que a remoção sistematica de palestinos de áreas designadas
aos judeus pudesse ocorrer a qualquer momento. Entre 1936 e 1937, a polícia britânica matou
mais de mil palestinos. Em setembro de 1937 o Alto Comitê Árabe foi dissolvido, seus
membros foram exilados junto com os outros líderes políticos palestinos, mesmo assim a
resistência civil continuava, utilizando as poucas armas que tinham, lutavam para permanecer
em suas terras. Em resposta à resistência, um reforço militar britânico de 20.000 novos
soldados chega à Palestina. Políticas intensas de desarmamento dos cidadãos palestinos foram
implementadas junto com o aumento dos checkpoints que constrangiam a rotina dos sujeitos
autóctones, segundo relatos de refugiados, se os britânicos encontrassem qualquer indício de
que uma determinada família estivesse armada, sua casa era demolida, mas mesmo se não
encontrassem, destruíam a casa. Enquanto isso, o armamento dos cidadãos judeus era
incentivado a partir da justificativa que estes representavam uma minoria e tinham a
necessidade de se defender. Nascia assim o estereótipo promovido pelos israelenses do árabe
como ameaçadores. De 6 a 9 de junho de 1938, com o apoio dos britânicos, milícias sionistas
plantaram bombas em ônibus, carros e mercados de Haifa e Jerusalém, causando a morte de
aproximadamente 68 palestinos. Ao mesmo tempo, grupos de sionistas recebiam treinamento
militar dos comandantes britânicos, segundo Ilan Pappe “Orde Wingate (oficial britânico)
ensinou os soldados judeus a ocupar, expulsar e destruir vilas”, essas brigadas sionistas
realizavam buscas noturnas por revolucionários palestinos a fim de exterminar qualquer sinal
de revolta contra essa limpeza étnica, que seria institucionalizada mais tarde em 1948. Além
disso, entre 1938-9, tribunais militares britânicos executaram cerca de 112 palestinos.
Segundo o Dr. Eugene Rogan, do Middle East Center, em 1939: “Um a cada dez jovens
palestinos do gênero masculino em idade de combate, entre 18 e 40 anos, ou estavam na
prisão, mortos, feridos ou em expulsos do país. Então a geração que poderia ter formado um

28 Idem.
exército para resistir ao movimento sionista nos anos 1940 estava faltando” e Ilan Pappe diz
que “é justo dizer que a partir de 1939 não houve uma liderança palestina na prática”. Em
1939 uma conferência no palácio de St. James em Londres, o Reino Unido declarou que havia
cumprido suas obrigações de estabelecer as bases para a formação de um estado judeu na
Palestina, neste momento o braço judeu do exército britânico constitu o exército de Haganah,
com sua própria força aérea, tanques e armas pesadas. Além disso, o plano Dalet, um sistema
de aquisição de dados e planejamento de expulsão compulsória de palestinos, havia mapeado
todo o território, e obtiam informações sobre todas as vilas e seus aspectos políticos e
naturais, o que permitia que os sionistas escolhessem as mais vantajosas para expropriar.

Entre 1942 e 1944, reuniões e encontros de sionistas com políticos estadunidenses


aconteceram. Os sionistas objetivavam trocar o apoio britânico pelo americano. Em 1945,
Harry Truman aprovou a imigração de 100 mil judeus para a Palestina. Foi neste ano que, a
partir da influência de David Ben Gurion, Israel começou sua própria indústria de fabricação
bélica. Em fevereiro de 1946, o Reino Unido decidiu evacuar as famílias britânicas da
Palestina. Os sionistas Irgun performavam ataques terroristas contra a presença britânica ao
explodirem trens e bases. Em 22 de julho de 1946 o Hotel Rei Davi em Jerusalém, que
abrigava o QG da administração britânica foi alvo de um ataque de demoliu parte significativa
do prédio e matou 91 pessoas. Em 1 de março de 1947 foi a vez do Goldsmith Official Club
(clube britânico) ser a vítima. Depois, em 30 de julho de 1947 o sequestro e assassinato de
dois sargentos britânicos acelerou o final do mantado. O líder dos Irgun era Menachem Begin,
e se tornaria o primeiro ministro de Israel em maio de 1977, além de vencedor do prêmio
Nobel da Paz em 1978. Em 1947 o Reino Unido abriu mão da Palestina e entregou o assunto
para a ONU29

A partir de 1948

Entre 1947 e 1949 aproximadamente 800 mil árabes saíram da Palestina. Entretanto,
no começo de 1948, “palestinos árabes constituíam mais de dois terços da população do país.
Eram maioria em quinze dos dezesseis subdistritos e possuíam 90% da terra” 30. A versão
israelense que tenta justificar esta incongruência é que os palestinos saíram por ordem das
lideranças (que haviam sido aniquiladas antes de 1940), ou que foram “inelutável efeito

29 Idem.
30 CLEMESHA, Arlene. Palestina, 1948-2008, 60 Anos de Desenraizamento e
Desapropriação. Fórum, 2008, p. 171.
colateral da guerra de 1948-49”31. Entretanto, segundo Rashid Khalidi, “os ataques decisivos à
coesão da sociedade palestina foram produzidos ainda antes de 15 de maio, no início da
primavera de 1948”32, antes dos árabes participarem do conflito.

Em 29 de novembro de 1947, judeus não possuíam mais que 5% das terras palestinas,
porém a Assembleia Geral das Nações Unidas, através da UNSCOP (United Nations Special
Committee on Palestine), aprovou a Resolução 181, que partia o território do Mandato
Britânico da Palestina em dois estados, um judeu e um palestino, sendo 55% do território
atribuído aos 700 mil judeus, e 45% aos 1 milhão e 400 mil árabes 33. Essa decisão foi
fortemente motivada como recompensa pelo sofrimento que os judeus haviam passado com o
Holocausto, entretanto, vinha às custas de vidas árabes inocentes. A resolução da ONU
deliberadamente ignorou a palavra “Palestina” de seu texto oficial e tornou “o
estabelecimento de um estado Árabe impossível, já que Jaffa estava separada do resto do
estado e Gaza estava separada de suas terras agrícolas”34

Entretanto, em 15 de maio de 1948 aconteceu a proclamação do Estado de Israel, “ela


marca o primeiro êxodo, envolvendo possivelmente a metade do total de 750-800.000
palestinos que se tornaram refugiados em 1948”, isso porque desde antes da proclamação
oficial, os sionistas já tinham maquinado a invasão e expulsão de pontos estratégicos e
grandes cidades. Apenas a partir de 15 de maio, os exércitos árabes intervieram em favor dos
palestinos, “quando o país já estava imerso em guerra civil” 35. Segundo Rashid Khalidi, “o
quinze de maio de 1948 marcou não apenas o nascimento do Estado de Israel, mas também a
derrota definitiva dos palestinos pelos seus inimigos sionistas, após décadas de lutas pelo
controle do país”36.

O Plano Dalet foi o principal passo para o planejamento da expulsão sistemática dos
palestinos árabes, através do mapeamento dos vilarejos, ideia de Ben-Zion Luria e realizado

31 Ibidem, p. 175.
32 KHALIDI, Rashid, 2007, p. 13.
33 «Palestine question/Establishment of UN Special Committee on Palestine (UNSCOP) –
GA first special session – Resolution» [Questão da Palestina/Estabelecimento do Comitê
Especial da ONU sobre a Palestina (UNSCOP) – primeira sessão especial da AG –
Resolução]. Organização das Nações Unidas. 15 de maio de 1947.
34 ALJAZEERATALK. Al Nakba Portuguese Subtitle (2/2). Youtube, 29 de julho de 2012.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-M9Hm49sS7Y
35 CLEMESHA, Arlene. Palestina, 1948-2008, 60 Anos de Desenraizamento e
Desapropriação. Fórum, 2008, p. 176.
36 Idem.
pelo Fundo Nacional Judeu (FNJ-KKL), permitiu com que o recém proclamado Estado de
Israel obtivesse informações sobre a qualidade da terra, aspector físicos e naturais dos
vilarejos, além do “nível de hostilidade ao sionismo”, quantidade de homens e suas idades, até
quantar frutas as árvores rendiam, filiações políticas e tudo que se podia saber sobre os
vilarejos. Em 1947 esses arquivos foram utilizados para criar uma lista de procurados de cada
vilarejo, estes, muitas vezes homens em idade de combate, eram constantemente fuzilados no
local, “entre os critérios para inclusão na lista, além da participação em ações contra
britânicos e sionistas, havia o envolvimento no movimento nacional palestino (o que poderia
se aplicar a vilarejos inteiros) e, principalmente, com o líder do movimento, o Mufti Hajj
Amin Al-Husayni”37.

Em 9 de abril de 1948, 254 pessoas foram massacradas no vilarejo de Deir Yassin


pelas milícias sionistas, mesmo que ali não houvesse nenhum indício de guerra ou resistência.
Segundo John Kimche “o massacre de Deir Yassin foi executado sob o pretexto de que o
pânico gerado faria com que os árabes fugissem do país, diminuindo as baixas às forças
judaicas”38. Segundo Teddy Katz, em 22 e 23 de maio de 1948 cerca de 200 habitantes de
Tantura também foram vítimas de um massacre.

No dia da proclamação do Estado de Israel, quase 400.000 palestinos já tinham sido


expulsos e centenas estavam mortos39. Neste momento, os estados árabes mandaram uma
quantidade apenas simbólica de exércitos para simbolizar a defesa da Palestina, entretanto, se
reservaram profundamente e essa resistência foi, sobretudo, sufocada. Segundo Arlene
Clemesha

Não havia unidade de objetivos e quase nenhuma coordenação na ação. Os


Estados árabes enviaram apenas forças expedicionárias à Palestina, mantendo o
grosso de seus exércitos em casa. Em meados de maio de 1948 o total de tropas
árabes, entre regulares e irregulares, operando na Palestina, era inferior a 25.000,
enquanto a composição do exército israelense (denominado Força de Defesa de Israel,
FDI, formado pelas milícias sionistas, das quais a Haganá –“defesa” em hebraico– era
a principal) ultrapassava 35.000 homens. Em meados de julho, a FDI tinha 65.000
homens em armas, e em dezembro, 96.441. Os exércitos árabes também
incrementaram suas tropas, mas jamais chegaram a esse ritmo de crescimento (2008,
p. 183)

37 Ibidem, p. 177-8.
38 Sepal, s.d.p, p. 13.
39 CLEMESHA, Arlene. Palestina, 1948-2008, 60 Anos de Desenraizamento e
Desapropriação. Fórum, 2008, p. 182.
A Liga Árabe era, então, um grupo dividido internamente que não representava
unidade politicamente que, “Curiosamente, permaneceu obstinadamente contrária a deixar
que os palestinos assumissem o controle de seu próprio destino” 40. Ainda, segundo Clemesha
“nota-se em que medida a luta foi local e segmentada para os palestinos, enquanto
centralizada e nacional para os sionistas” 41. O General John D’arcy, quando questionado sobre
a situação militar da Palestina após a retirada do exército britânico, afirmou que “o Haganah
poderia tomar toda a Palestina. Eles podem defendê-la contra todo o mundo árabe” 42. Segundo
Ilan Pappe, “um grupo de líderes sionistas e comandantes militares se encontrava
semanalmente, de fevereiro de 1947 até fevereiro de 1948 planejando a limpeza étnica da
Palestina (...) e a cada semana foram se convencendo de que esta era a melhor maneira de
avançar”43. Eles desenvolveram lança-chamas para tornar a destruição de vilas mais prática.
Ben Gurion escreveu em suas memórias: “Em cada ataque um golpe decisivo deverá ser
aplicado, resultando na destruição de casas e expulsão da sua população” 44. Um mês antes da
declaração do Estado de Israel, as tropas britânicas começaram a se retirar do país, deixando
para os sionistas os tanques de guerra e outros equipamentos, assim como os edifícios e bases
militares que utilizavam. Glubb Pasha chamou a guerra de 1948 de “a guerra falsa”.

Em 1949 Israel já ocupava 78% da Palestina Histórica. Os palestinos perderam então a


imensa maioria de suas propriedades, além do direito de administrarem suas próprias vidas.
Segundo Edward Said “após 1948, os palestinos estavam dispersos, e os poucos que
permaneciam em sua pátria histórica mergulharam em um novo Estado que, decididamente,
não lhes pertencia”45. No dia 11 de dezembro de 1948, a ONU adotou a Resolução 194, que
diz que “Os refugiados que desejarem retornar a seus lares e viver em paz com seus vizinhos
devem ter permissão de fazê-lo na data mais próxima praticável”, e dispõe que eles sejam
compensados se escolherem não retornar.46, entretanto, essa resolução nunca foi posta em
prática e até hoje Israel segue expandindo suas fronteiras por intermédio do uso de violências
40 Shlaim, 2007, p. 82
41 CLEMESHA, Arlene. Palestina, 1948-2008, 60 Anos de Desenraizamento e
Desapropriação. Fórum, 2008, p. 183.
42 ALJAZEERATALK. Al Nakba Portuguese Subtitle (2/2). Youtube, 29 de julho de 2012.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-M9Hm49sS7Y
43 Idem
44 GURION, Davin Ben. Memórias. 1970
45 SAID, Edward A. A Questão da Palestina. UNESP, 2011, p. 43.
46 Entre os palestinos, nem todos pensam em retornar. O Estado de São Paulo,
31/03/2007, Internacional, p. A28
improcedentes na história da humanidade. Na data de 11 de maio de 1949, Israel foi admitido
como membro das Nações Unidas, a partir da resolução 69 que passa a considerar Israel como
um “estado amante da paz”. A partir do acordo de armistício, Israel dividiu o restante ínfimo
que representada o território palestino em duas áreas, a porção oriental se tornou parte da
Jordânia em abril de 1950 e foi chamada de Cisjordânia, a estreita faixa costeira do sul, sob
liderança egipcia seria conhecida como a Faixa de Gaza. Qualquer citação oficial que
carregasse o nome “Palestina” fora apagado, numa tentativa de expandir os efeitos da limpeza
étnica para o apagamento de qualquer lembrança dessa região milenar.

Em 15 de maio de 1967 uma parada militar para celebrar o nascimento do estado de


Israel tomou lugar em meio a um conflito iminente, já que há alguns dias, o presidente do
Egito, Gamal Abdel Nasser, havia dado ordens para suas tropas se posicionarem nas fronteiras
de Israel. Em 5 de junho, Israel respondeu a isso declarando guerra, e lançando “um ataque
aéreo que incapacitou as forças aéreas egípcias e jordanianas” 47 e a venceu em apenas seis
dias, derrotando o Egito, Jordânia, Síria e Iraque. Muitos afirmam que esse foi um ataque de
Israel contra exércitos que não avançavam, utilizado apenas como uma desculpa para
cumprirem seu objetivo de conquistar os territórios de Cisjordânia, Gaza, Península do Sinai e
Jerusalém Oriental. Em dezembro de 1967, o governo israelense decidiu apagar dos livros e
documentos o acordo de armistício de 1949, Greenline 48, entretanto, não anexou esses
territórios, pois isso significaria assumir a obrigação de fornecer direitos básicos àquela
população, além de reconhecer que existiam muitos árabes no estado judeu.

A Primeira Intifada aconteceu fruto da falta de apoio e esperança que os palestinos


percebiam de seus vizinhos árabes para sua libertação. Liderados pela OLP (Organização para
a Libertação da Palestina), em dezembro de 1987, buscaram lutar pela expulsão dos
israelenses da Cisjordânia e de Gaza. Segundo Ilan Pappe, “a insurreição forçou Israel a
interromper temporariamente aquilo que os sociólogos chamam de anexação rastejante” 49 que
se instalava a partir de bases “neutras” nesses territórios, principalmente com o intuito de
contratar mão-de-obra palestina a baixos custos. “Em 1987, Israel já tinha transformado sua
economia em um sistema capitalista de livre mercado, à moda de Reagan ou Tatcher” 50, que
tem uma roupagem neo-colonialista a fim de acelerar o processo de acumulação, a partir da
precarização máxima do trabalho e máxima extração de mais-valia. “A insurreição tinha todos
47 Weizman, Eyal. Hollow Land, p. 17.
48 Ibidem, p. 18.
49 PAPPE, Ilan, A History of Modern Palestine, 2004, p. 231.
50 Ibidem, p. 232
as características de um movimento anticolonialista” 51. Nessa intifada, as mulheres assumiram
papel central. “Para todos os territórios ocupados, a insurreição foi bem sucedida enquanto a
estrutura descentralizada dos comitês se manteve intacta”. A intifada acabou intensificando a
atenção internacional para as questões da região.

Os Acordos de Oslo, assinados em 1993 entre Israel e a Organização para a Libertação

da Palestina (OLP), buscaram estabelecer uma estrutura para a paz, concedendo à Autoridade

Palestina certos poderes e uma administração limitada sobre partes da Cisjordânia e da Faixa

de Gaza. Embora tenham representado um avanço inicial, as negociações subsequentes

enfrentaram obstáculos significativos, incluindo questões territoriais, o status de Jerusalém e a

gestão de refugiados, evidenciando a complexidade e os desafios persistentes no caminho para

uma resolução duradoura.

Os Acordos de Oslo em relação aos interesses palestinos foram, em grande parte,

decepcionantes. Alguns argumentam que esses acordos trouxeram benefícios iniciais, como o

estabelecimento da Autoridade Palestina e uma forma de autogoverno em algumas áreas da

Cisjordânia e da Faixa de Gaza. No entanto, Arlene Clemesha observa que essa criação de um

proto-governo agiu mais como beneficiador para Israel do que para os palestinos, além disso,

os acordos criaram outras condições, tais quais:

Território Limitado: Os acordos dividiram a Cisjordânia em áreas A, B e C, com


diferentes níveis de controle palestino. A área C, que inclui a maioria das terras férteis
e recursos naturais, permaneceu sob controle israelense, limitando significativamente a
autonomia palestina.
Assentamentos Israelenses: Durante e após os Acordos de Oslo, houve um aumento no
número de assentamentos israelenses na Cisjordânia, o que complicou ainda mais a
situação e tornou mais difícil a criação de um estado palestino contíguo.
Status de Jerusalém: A questão do status de Jerusalém, uma das áreas mais disputadas, foi
adiada para negociações futuras, deixando um problema crucial sem solução
definitiva.

51 Idem
Questão dos Refugiados: Os acordos não abordaram de forma abrangente a situação dos
refugiados palestinos, uma questão central para os palestinos que foram deslocados
durante os conflitos anteriores.
Falhas nas Negociações Posteriores: As negociações subsequentes não conseguiram
resolver questões fundamentais, levando a impasses contínuos e ao aumento das
tensões na região.

A Segunda Intifada, iniciada em setembro de 2000, foi um período de intensificação


do conflito. O estopim ocorreu com a visita do líder israelense Ariel Sharon à Esplanada das
Mesquitas, gerando protestos que se transformaram em confrontos violentos.

Durante a Intifada, Israel, como potência militar, empregou forças significativas,


resultando em um número substancial de vítimas palestinas, incluindo civis, que enfrentaram
bombardeios, operações militares e a construção do controverso muro de separação. A
assimetria de poder entre as partes se refletiu nas disparidades de baixas, com um impacto
devastador na população palestina.

As estimativas de vítimas durante a Segunda Intifada variam, mas indicam que


milhares de palestinos perderam a vida, incluindo muitos civis, enquanto centenas de
israelenses também foram mortos em ataques suicidas e confrontos. Essa escalada de
violência deixou cicatrizes profundas.

Conclusão

Israel segue seu plano de genocídio e limpeza étinica até hoje. De 7 de outubro até 31
de dezembro de 2023, Israel matou mais de 20 mil palestinos. A Nakba jamais teve fim. Ela
continua, graças ao lobby que Israel tem nos Estados Unidos, que o garante apoio das Nações
Unidas e cobertura midiática tendencionista. A catástrofe palestina teve inicio no século XIX
e continua. O ocidente não tem interesse em parar o genocídio, porque não possui interesses
economicos com os palestinos.

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