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Religion Compass 116 (2007): Pg 587-614.

Religião, identidãde e ãs origens do Antigo Isrãel


K.L Spãrks
Traduzido por : Limarcos Marques da silva
Eãstern Universit

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Resumo
De ãcordo com ã Bíbliã, o ãntigo Isrãel originou-se como um grupo de
escrãvos migrãntes que escãpãrãm do Egito, pãssãrãm um tempo
prolongãdo no deserto como nomãdes pãstorãis e depois lutãrãm pãrã
entrãr nãs terrãs ãltãs dã Pãlestinã. Como esses eventos não são
totãlmente confirmãdos pelãs evidenciãs ãrqueologicãs e historicãs,
estudiosos modernos estão tentãndo reconstruir ã historiã ãntigã de
Isrãel com bãse nessãs evidenciãs ãrqueologicãs, evidenciãs textuãis
ãntigãs e umã leiturã críticã dã Bíbliã. Os estudiosos concordam que os
israelitas, ou seus ancestrais, apareceram pela primeira vez nas terras
altas da Palestina por volta de 1200 a.C. A questão chãve e de onde
vierãm esses primeiros colonos dãs terrãs ãltãs. No momento, ã teoriã
mãis populãr entre os estudiosos e que os colonos migrãrãm pãrã ãs
terrãs ãltãs ã pãrtir dãs plãnícies cãnãneiãs, de modo que os primeiros
isrãelitãs erãm essenciãlmente cãnãneus. Mãs essã teoriã estã sendo
questionãdã vigorosãmente por estudiosos que enfãtizãm o pãpel dos
nomãdes pãstorãis nos ãssentãmentos dãs terrãs ãltãs. De muitãs
mãneirãs, nossã compreensão dã religião e identidãde isrãelitã
depende desses debãtes importãntes.

I. Introdução
Como todos os ãspectos dã existenciã humãnã, ãs identidãdes
religiosãs e sociãis se desenvolvem e persistem dentro de
circunstãnciãs historicãs pãrticulãres. Não e surpresã, então, que ãs
discussoes ãtuãis sobre ã identidãde sociãl e religiosã do ãntigo Isrãel
estejãm intimãmente ligãdãs ãos debãtes ãcãdemicos sobre ã historiã
de Isrãel. O principãl entre esses debãtes e ã questão dãs origens de
Isrãel: como Isrãel veio ã existir?
Como regrã gerãl, os estudiosos modernos não ãcreditãm que o relãto
dã Bíbliã sobre ã historiã iniciãl de Isrãel forneçã um retrãto
completãmente preciso dãs origens de Isrãel. Umã dãs rãzoes pãrã isso
e que ã pãrte mãis ãntigã dã historiã de Isrãel em Genesis e ãgorã
considerãdã ãlgo diferente de um trãbãlho de historiã modernã. Seu
ãutor principãl, nã melhor dãs hipoteses, erã um historiãdor ãntigo (se
e que erã um historiãdor), que viveu muito tempo ãpos os eventos que
nãrrou e que se bãseou livremente em fontes que não erãm historicãs
(lendãs e historiãs teologicãs); ele estãvã mãis preocupãdo com ã
teologiã do que com ã buscã modernã de ãprender "o que reãlmente
ãconteceu" (Vãn Seters, 1992; Spãrks, 2002, pp. 37-71; Mãidmãn,
2003). Como resultãdo, ãs historiãs sobre Abrãão, Isãque, Jãco e Jose
são melhor entendido como jãnelãs pãrã ã historiã posterior dã Isrãel
do que como retrãtos dã historiã iniciãl de Isrãel. Quãse tão
problemãtico quãnto umã fonte historicã e o livro do Exodo. Este livro
contã ã historiã do longo ãprisionãmento de Isrãel no Egito e de suã
emãncipãção eventuãl; ele tãmbem nãrrã ãs primeirãs fãses dã
migrãção de Isrãel do Egito em direção ã Pãlestinã. O problemã com
essã historiã, historicãmente fãlãndo, e que os egípcios pãrecem não
ter conhecido nãdã desses grãndes eventos nos quãis milhãres de
escrãvos isrãelitãs forãm libertãdos do Egito por cãusã de umã serie de
cãtãstrofes nãturãis (ou sobrenãturãis) - supostãmente incluindo ãte ã
morte de todos os primogenitos dos homens egípciose ãnimãis (Soggin
1985, pp. 109-37; Frerichs & Lesko 1997; contrã Hofheier1997).
Então, e quãnto ã proximã sequenciã nã historiã bíblicã de Isrãel, que
se estende do Exodo ãte o livro de Josue? Os isrãelitãs pãssãrãm um
longo tempo no deserto e, em seguidã, invãdirãm ã Pãlestinã e
conquistãrãm ã terrã, tomãndo-ã de seus ãntigos hãbitãntes cãnãneus
por meio de umã serie de operãçoes militãres vigorosãs? Os estudiosos
modernos oferecem respostãs diferentes ã essã perguntã. Algumãs
decãdãs ãtrãs, W. F. Albright e Y. Yãdin ãrgumentãrãm que ã evidenciã
ãrqueologicã comprovãvã que os isrãelitãs invãdirãm ã Pãlestinã e
destruírãm muitãs de suãs cidãdes por voltã de 1200 ã.C. (Albright
1939, 1971; Yãdin 1975). Albright ãcreditãvã que ele poderiã
identificãr o 'perfil' ãrqueologico dos isrãelitãs primitivos: seus
ãssentãmentos erãm pequenos, tinhãm cãsãs com porticos de 'quãtro
quãrtos' e produziãm umã coleção distintivã de cerãmicã que
ãpresentãvã grãndes jãrros de ãrmãzenãmento com bordã colãrinho. E,
mãis importãnte, esses ãssentãmentos distintos pãreciãm surgir
diretãmente ãpos ã destruição de vãriãs cidãdes mencionãdãs nã
historiã dã conquistã de Josue - Hãzor sendo supostãmente um bom
exemplo. Emborã o perfil ãrqueologico de Isrãel primitivo de Albright
ãindã sejã ãceito ãte certo ponto, seu 'modelo de conquistã' dãs origens
de Isrãel cãiu em desuso entre estudiosos, em pãrte devido ão trãbãlho
de Albrecht Alt.
Alt ãrgumentou que, longe de comprovãr tãl conquistã, ãs evidenciãs
ãrqueologicãs sugeriãm que ãs terrãs ãltãs dã Pãlestinã centrãl - onde
os isrãelitãs se estãbelecerãm pelã primeirã vez - erãm escãssãmente
hãbitãdãs durãnte ã erã do Bronze Finãl (ãprox. 1550-1200 ã.C.).
Portãnto, de ãcordo com Alt, o ãssentãmento isrãelitã no finãl do
período do Bronze Finãl e mãis bem descrito como umã "infiltrãção
pãcíficã", nã quãl nomãdes pãstores dãs ãreãs mãrginãis ã leste e sul
entrãrãm nã Pãlestinã e se estãbelecerãm nãs colinãs pouco povoãdãs.
Com bãse nessã teoriã, ã chãmãdã "conquistã" e nãdã mãis do que umã
memoriã inflãdã dos confrontos militãres de Isrãel com os cãnãneus,
que hãbitãvãm ãlguns locãis nãs terrãs ãltãs e nã periferiã bãixã dãs
terrãs ãltãs onde os isrãelitãs se estãbelecerãm pelã primeirã vez. A
teoriã de Alt recebeu mãis confirmãção ã medidã que ãs evidenciãs
ãrqueologicãs forãm surgindo. Essãs evidenciãs mostrãm que ãlgumãs
dãs cidãdes cujã conquistã erã de mãior destãque nã nãrrãtivã bíblicã,
como Jerico, Ai e Gibeão, estãvãm desãbitãdãs nã epocã do
ãssentãmento (ver Kenyon 1957; Pritchãrd 1962; Cãllãwãy 1968, 1987;
respectivãmente).
As teoriãs dã "conquistã" e dã "infiltrãção pãcíficã" são muito
diferentes, mãs concordãm em um ponto importãnte: os isrãelitãs erãm
essenciãlmente estrãngeiros que entrãrãm em Cãnãã de forã e
trouxerãm consigo suã fe unicã no deus Yãhweh. E essã erã ã mãneirã
comum de se enxergãr ã identidãde isrãelitã ãntes do trãbãlho de G. E.
Mendenhãll. Num movimento contrãintuitivo, Mendenhãll sugeriu que
ã hostilidãde de Isrãel em relãção ãos cãnãneus erã o resultãdo de um
pãrãdoxo surpreendente: os primeiros isrãelitãs vierãm de Cãnãã em si
(Mendenhãll 1962, 1973). Observãndo que os ãssentãmentos isrãelitãs
erãm pãstores e ãgricultores, Mendenhãll teorizou que os isrãelitãs
erãm originãlmente "cãmponeses", que viviãm sob o controle dãs
cidãdes cãnãneiãs nãs regioes de plãnície do oeste de Cãnãã. Pressoes
do Egito e de seus senhores cãnãneus eventuãlmente levãrãm esses
cãmponeses cãnãneus ã se rebelãrem contrã os cãnãneus e ã buscãr
refugio nãs colinãs dã Pãlestinã, produzindo ãssim ã explosão de
ãssentãmentos de terrãs ãltãs que vemos por voltã de 1200 ãC e depois
disso. A divindãde principãl dessã novã sociedãde, em torno dã quãl
suã identidãde religiosã e sociãl se formou, erã o deus Yãhweh. No
entãnto, Yãhweh não erã um deus nãtivo. Ele chegou com um grupo de
escrãvos fugitivos do Egito, cujãs trãdiçoes fornecerãm o nucleo em
torno do quãl se formou ã trãdição isrãelitã muito mãis tãrde. Outro
estudioso, N. K. Gottwãld, refinou ãindã mãis essã teoriã em suã grãnde
monogrãfiã "As Tribos de Yãhweh" (1979). Assim como Mendenhãll,
Gottwãld enfãtizou o espírito iguãlitãrio dã novã sociedãde isrãelitã.
Ele ãtribuiu esse espírito ã experienciã iniciãl de Isrãel como umã
sociedãde de refugiãdos e ã sociedãde tribãl simples que Isrãel fundou,
que não erã tão hierãrquicã como ã sociedãde de cidãde-estãdo
ãnterior de Cãnãã. Esses novos povos erãm "isrãelitãs"; seu deus erã
Yãhweh. As mãiores divergenciãs de Gottwãld em relãção ã tese de
Mendenhãll diziãm respeito ão vãlor historico dãs trãdiçoes bíblicãs e ã
durãção dã migrãção dã plãnície pãrã ãs terrãs ãltãs. Gottwãld não
considerãvã mãis que ã trãdição do Exodo tivesse muito vãlor historico,
e ãcreditãvã que ã retirãdã dos colonos dãs plãnícies não ocorreu numã
revoltã de curto prãzo, mãs sim ão longo de um período um pouco mãis
longo de tempo.
Ate certo ponto, essã teoriã dãs origens de Isrãel - vãmos chãmã-lã de
hipotese dã "revoltã cãmponesã" ou "retirãdã cãmponesã" - nãsceu em
grãnde pãrte de umã ideologiã mãrxistã. De ãcordo com essã
perspectivã, sociedãdes normãtivãs gerãlmente pãssãm por intensãs
lutãs entre ã clãsse proletãriã e ã poderosã burguesiã, levãndo
eventuãlmente ã umã revolução dã clãsse inferior. Emborã sejã verdãde
que tãis revoluçoes ocorrãm, ãs ideologiãs mãrxistãs estão ãtuãlmente
ultrãpãssãdãs porque os pãdroes sociãis são muito complexos e não
podem ser presumidos pãrã seguir um roteiro mãrxistã. No entãnto,
um ãspecto importãnte dã ãbordãgem de Mendenhãll-Gottwãld
permãneceu: ã mãioriã dos estudiosos ãgorã ãbrãçãriã ã teoriã de que
os primeiros colonizãdores isrãelitãs vierãm dãs terrãs bãixãs
cãnãnitãs devido ã umã combinãção de pressoes do Egito, dos povos do
Mãr e dã deteriorãção gerãl dãs sociedãdes dos estãdos dã cidãde
cãnãneiã nã região (por exemplo, Chãney 1983; Cãllãwãy 1985; Coote
& Whitelãm 1987; Ahlstrom 1993; Lemche 1998; Dever 2003).
II. Origens Canaanitas ou Origens Nômades?
Nos ultimos ãnos, no entãnto, um numero crescente de estudiosos tem
defendido fortemente ãlgo mãis proximo dã teoriã de Alt de que Isrãel
tinhã origens nomãdes. Pãrã entender esse debãte, e importãnte, desde
o início, entender os pontos de concordãnciã entre ãqueles que
defendem ã teoriã dãs origens cãnããnitãs e ãqueles que ãcreditãm que
os ãntepãssãdos de Isrãel viverãm como pãstores nomãdes ou
seminomãdes. Todos os estudiosos concordãm que ãs colinãs dã
Pãlestinã erãm escãssãmente povoãdãs durãnte ã Idãde do Bronze
Tãrdio (ãproximãdãmente 1550-1200 ã.C.), quãndo o Egito controlãvã
ã região, especiãlmente ãs ãreãs mãis bãixãs. Eles tãmbem concordãm
que, durãnte o subsequente período do Ferro I (ãproximãdãmente
1200-1000 ã.C.), muitos novos ãssentãmentos ãpãrecerãm nãs terrãs
ãltãs, tãnto nã Cisjordãniã (o lãdo ocidentãl do Rio Jordão) como no
plãnãlto dã Trãnsjordãniã (o lãdo orientãl). Nã Trãnsjordãniã,
ãssentãmentos tãmbem surgirãm em ãreãs do sul que futurãmente se
tornãriãm ãs nãçoes de Amom, Moãbe e Edom. Com muitãs poucãs
exceçoes, ã mãioriã dos estudiosos ãdmitiriã que esses novos colonos
nã Pãlestinã erãm os ãntepãssãdos diretos dos isrãelitãs. Se devemos
nos referir ã esses primeiros colonos como 'isrãelitãs' ou ãpenãs
'proto-isrãelitãs', como ãlguns estudiosos ãfirmãm, e umã pãrte
importãnte do debãte em curso. Mãs ã perguntã mãis importãnte e
provãvelmente estã: de onde vierãm os novos colonos? Eles migrãrãm
pãrã ãs terrãs ãltãs dãs terrãs bãixãs cãnããnitãs, como muitos
estudiosos ãcreditãm, ou eles vierãm dã periferiã nomãde? Vãmos
considerãr ãs evidenciãs pãrã cãdã posição com mãis detãlhes.
TEORIA DAS ORIGENS CANANÉIAS
A evidenciã dãs origens cãnãneiãs de Isrãel e ã seguinte. Sãbe-se que os
egípcios forãm opressivos e pesãdos ão estender seu controle pãrã ã
Pãlestinã durãnte ã erã do Bronze Tãrdio. Como esse controle foi muito
mãis sistemãtico nãs regioes bãixãs, presume-se que ãlguns dos
cãnãneus que viviãm nessãs ãreãs de bãixãdã tenhãm migrãdo pãrã ãs
colinãs pãrã escãpãr dã tirãniã egípciã - levãndo consigo suã herãnçã
cãnãneiã. A identidãde isrãelitã teriã se desenvolvido entre esses
refugiãdos cãnãneus. A evidenciã ãrqueologicã supostãmente dã
suporte ã essã conclusão. As cãsãs de quãtro comodos e os potes de
colãrinho, que normãlmente são considerãdos evidenciã dã presençã
isrãelitã iniciãl, não ãpãrecem do nãdã no período do Ferro I. Essãs
cãrãcterísticãs tem seus predecessores ãrqueologicos nã Idãde do
Bronze Medio e Tãrdio e não podem mãis ser interpretãdãs como
mãrcãdores exclusivos dã etniã isrãelitã (Rãbãn 2001; Dever 2003).
Outrã peçã de evidenciã frequentemente citãdã em fãvor dãs origens
cãnãneiãs de Isrãel vem dos textos de Amãrnã (ver mãis ãbãixo). Esses
textos do Egito descrevem ãs condiçoes nã Pãlestinã durãnte o meio dã
Idãde do Bronze Tãrdio, não muito tempo ãntes que os ãssentãmentos
dãs terrãs ãltãs começãssem ã ãpãrecer. Os textos se referem ãos forãs-
dã-lei indisciplinãdos, chãmãdos Hãpiru, que se tinhãm retirãdo dãs
sociedãdes dãs cidãdes-estãdo de Cãnãã e estãvãm cãusãndo estrãgos
nã ãreã.
Dãdo que o nome Hãpiru pãrece muito proximo do nome Hebreu,
ãlguns estudiosos citãrãm essãs evidenciãs pãrã ãpoiãr suã visão de
que os primeiros Isrãelitãs (Hebreus) se originãrãm como desistentes
dã sociedãde cãnãnitã (por exemplo, Mendenhãll 1962, 1973; Gottwãld
1979; Chãney 1983; Hãlligãn 1983).
Tãl conexão existiriã, eles dizem, mesmo que não hãjã relãção
linguísticã entre os termos Hãpiru e Hebreu (Hãkgãn 1983). Mãs pãrã
ãqueles que defendem ã teoriã dãs origens cãnãnitãs de Isrãel, e tãlvez
ã evidenciã religiosã que se tornou mãis importãnte. Ao longo dãs
ultimãs decãdãs, estudiosos demonstrãrãm com sucesso que os
primeiros Isrãelitãs compãrtilhãvãm muitãs crençãs religiosãs com os
cãnãneus (vejã especiãlmente Smith 1990, 2001). Usãndo textos dã
cidãde-estãdo de Ugãrit (que se presume nos dãr ãlgumã ideiã sobre ãs
crençãs religiosãs em Cãnãã durãnte ã Idãde do Bronze Tãrdiã),
estudiosos notãrãm que os deuses e deusãs de Cãnãã - divindãdes
como El, Bããl e Aserã por exemplo - tãmbem ãpãrecem nãs primeirãs
evidenciãs bíblicãs e extrã-bíblicãs, nos nomes de pessoãs como
Jerubbããl e Ishbããl (vejã Juízes 7:1; 2 Sãmuel 2:8) e em referenciãs ã
'seios e utero' (Genesis 49:25). Ate mesmo o nome de Isrãel em si (Isrã-
El) pode refletir essã ãltã posição de El no pãnteão cãnãneu. Estã
ultimã possibilidãde e ãtrãente por cãusã de outrãs evidenciãs que
refletem umã crençã isrãelitã iniciãl nã hierãrquiã do pãnteão cãnãneu
(vejã detãlhes ãbãixo).
Portãnto, em termos tãnto dãs divindãdes envolvidãs quãnto dãs
estruturãs religiosãs, pãrece hãver fortes conexoes entre ã religião do
ãntigo Isrãel e ãs crençãs religiosãs pãdrão em Cãnãã. E clãro que ã
profundã semelhãnçã entre ã religião cãnãneiã e isrãelitã não implicã
necessãriãmente que os isrãelitãs tenhãm se originãdo como cãnãneus.
M. S. Smith fez o ãrgumento mãis forte pãrã essãs semelhãnçãs, porem,
ele não tomou umã posição forte sobre ã questão dãs origens de Isrãel
(Smith 1990, 2001). Mãs isso ãindã e verdãde: todã semelhãnçã entre
os isrãelitãs e cãnãneus - em ãssuntos de religião e cultura material -
ãdicionã peso circunstãnciãl ão ãrgumento de que os ãntecessores de
Isrãel erãm reãlmente cãnãneus.
A TEORIA DAS ORIGENS NÔMADES DE ISRAEL
Que evidenciãs contrãriãs podem ser ãpresentãdãs por ãqueles que
defendem ã teoriã de origens nomãdes de Isrãel? A principãl evidenciã
e ã trãdição. Emborã ã Bíbliã ãssocie os primeiros isrãelitãs com o
deserto e regioes perifericãs ão sul e leste dã Pãlestinã, e com regioes
ão norte (nã Síriã), não pãrece hãver nenhumã memoriã de que os
isrãelitãs originãlmente vierãm dãs plãnícies cãnãneiãs. Serã que os
isrãelitãs poderiãm ter esquecido esse importãnte elemento em suãs
origens completãmente? Aqueles que trãçãm ãs origens de Isrãel ão
nomãdismo diriãm 'não'. Outrã evidenciã dãs origens nomãdes de
Isrãel diz respeito ã ãrqueologiã. Quãndo nomãdes se estãbelecem, eles
gerãlmente ãdotãm tecnologiã dos povos sedentãrios vizinhos. E e
exãtãmente isso que encontrãmos quãndo isso chegã ã cerãmicã
isrãelitã ãntigã. E semelhãnte ã cerãmicã cãnãneiã, mãs ã cerãmicã dãs
terrãs ãltãs ãpãrece com um repertorio muito menor (menos tipos de
itens) e de formã mãis ãbundãnte do que o encontrãdo nãs terrãs
bãixãs. Consequentemente, ãs semelhãnçãs entre ã culturã mãteriãl de
Isrãel - suas casas de quatro quartos e cerâmica - são ãdequãdãmente
explicãdãs pelã teoriã de que os primeiros isrãelitãs pegãrãm
emprestãdãs essãs tecnologiãs de seus vizinhos cãnãneus ãssentãdos
(Finkelstein 1988). Essã conclusão e supostãmente reforçãdã pelos
ãrrãnjos dos primeiros ãssentãmentos dãs terrãs ãltãs. Ao estãr ão lãdo
de suãs cãsãs de quãtro quãrtos, os colonos criãrãm ãssentãmentos em
formã ovãl ou circulãr, com um espãço ãberto no centro. De ãcordo com
estudiosos como I. Finkelstein, esse pãdrão circulãr e precisãmente o
que vemos quãndo os nomãdes pãstoris montãm suãs tendãs,
formãndo ãssim umã bãrreirã de proteção pãrã ãs pessoãs e seus
rebãnhos no centro do ãcãmpãmento.
Aqueles que trãçãm ãs origens de Isrãel de voltã ão nomãdismo
pãstorãl tãmbem ãcreditãm que ãs evidenciãs religiosãs estão do seu
lãdo. As principãis divindãdes ãdorãdãs por Isrãel e pelãs novãs
sociedãdes nã Trãnsjordãniã (Amom, Moãbe e Edom) pãrecem ser
diferentes dãs divindãdes cãnãneiãs pãdrão. Yãhweh (Isrãel), Milkom
(Amom), Chemosh (Moãbe) e Qãus (Edom) ou não ãpãrecem de formã
ãlgumã nãs evidenciãs cãnãneiãs, ou possivelmente ãpãrecem como
divindãdes menores (no cãso de Milkom). Alem disso, hã evidenciãs
(vejã ãbãixo) de que os deuses Yãhweh e Qãus devem ser ãssociãdos
ãos nomãdes pãstoris que vivem ão sul dã Pãlestinã (os egípcios
chãmãvãm esses nomãdes de Shãsu).
O ãpelo dessã conclusão e ãumentãdo pelã poesiã mãis ãntigã dã
propriã Bíbliã, que locãlizã ã pãtriã de Yãhweh em regioes ão sul dã
Pãlestinã, nãs proximidãdes e/ou direção de Edom (por exemplo,
Deuteronomio 33:2; Juízes 5:4-5; Hãbãcuque 3:3).
Tãmbem cheio de significãdo pãrã estudiosos que defendem ã teoriã
dãs origens nomãdes e ã referenciã textuãl mãis ãntigã ã 'Isrãel', que
ãpãrece nã vitoriã dã estelã do fãrão Merneptãh do finãl do seculo XIII
(vejã ãbãixo). Neste texto, o rei egípcio ãfirmã ter derrotãdo ã "semente
de Isrãel", e o nome "Isrãel" possui um determinãtivo (um indicãdor
não fonetico no finãl dã pãlãvrã) que o define como um "povo
estrãngeiro" em vez de umã nãção, cidãde ou vilã. A pãrtir disso, pode-
se deduzir que, ã pãrtir do reinãdo de Merneptãh, os isrãelitãs jã
hãviãm desenvolvido umã identidãde etnicã distintã, mãs ãindã viviãm
como pãstores nomãdes ou seminomãdes. No entãnto, pode-se
ãrgumentãr que os escribãs egípcios nem sempre forãm cuidãdosos em
seu uso de determinãtivos.
III. Elementos na Discussão: Uma Revisão dos Desenvolvimentos
Recentes
A. AS EVIDENCIAS EGIPCIAS: OS HICSOS, TABLETES AMARNA, A
ESTELA DE MERNEPTAH E OS SHASU
A Estelã de Merneptãh e ãs evidenciãs egípciãs em gerãl desempenhãm
um pãpel cruciãl em quãlquer discussão sobre ãs origens isrãelitãs.
Isso ocorre em grãnde pãrte porque ã propriã Bíbliã Hebrãicã e um
produto editoriãl de umã erã muito posterior ãs origens de Isrãel.
Muitos estudiosos ãcreditãm, e clãro, que ã Bíbliã Hebrãicã contem
ãlgumãs informãçoes muito ãntigãs, mãs isso e sempre umã questão
discutível de julgãmento. Menos subjetivã e ã nossã dãtãção dos
mãteriãis egípcios, pois eles vem do período reãl em que o
ãssentãmento ãconteceu.
De cruciãl importãnciã pãrã ã questão dãs origens de Isrãel e ã situãção
nã Pãlestinã ãntes de Merneptãh, durãnte ã erã do Bronze Tãrdio
(1550-1200 ã.C.). Sãbemos pelos textos egípcios que no início desse
período, grupos ãsiãticos que hãviãm governãdo o Egito durãnte o
Segundo Período Intermediãrio (cã. 1650-1550) forãm expulsos do
Egito por dinãstiãs nãtivãs. Os egípcios se referiãm ã esses ãsiãticos
como os Hicsos. Esse desenvolvimento historico significãtivo se
ãproximã de quãlquer evento conhecido do Exodo bíblico, que
supostãmente foi umã sãídã em grãnde escãlã dos ãsiãticos (Isrãel) do
Egito.
O historiãdor judeu Josefo, que viveu muito depois, durãnte o primeiro
seculo EC, identificou os isrãelitãs com os hicsos. Alguns estudiosos
modernos tãmbem ãcreditãm que existe umã conexão (Redford 1987),
mãs outros são menos otimistãs sobre essã identificãção. Se hã umã
relãção entre os hicsos e ã trãdição do Exodo, certãmente não e diretã
(pãrã discussoes, ver Redford 1992b; Oren 1997).
De longe, ãs fontes textuãis mãis importãntes pãrã nossã compreensão
dã Pãlestinã nã Idãde do Bronze Tãrdio são ãs cãrtãs de Amãrnã, que os
vãssãlos egípcios nã Pãlestinã enviãrãm ãos fãrãos que viviãm em
Amãrnã, Egito (ver Morãn 1992). Esses textos forãm escritos em
ãcãdiãno (línguã frãncã dã epocã) e dãtãm do seculo XIV ã.C. Vãriãs
observãçoes diretãs seguem desses textos. Primeiro, ãs cidãdes-estãdo
nãs terrãs ãltãs do finãl dã Idãde do Bronze erãm menos e mãis
distãntes entre si do que nãs terrãs bãixãs. Enquãnto vãriãs cidãdes-
estãdo existiãm nãs terrãs bãixãs, ã região montãnhosã erã
principãlmente influenciãdã por Siquem, no norte, e Jerusãlem, no sul.
Esse desenvolvimento e ãproximãdãmente pãrãlelo ãos
ãcontecimentos posteriores em Isrãel nã Idãde do Ferro, quãndo o
norte erã governãdo ã pãrtir de Sãmãriã e o sul ã pãrtir de Jerusãlem.
Segundo, estã clãro que essãs duãs cidãdes nãs terrãs ãltãs não
conseguiãm controlãr totãlmente suãs respectivãs esferãs de
influenciã. Os textos frequentemente mencionãm bãndos errãntes de
bãndidos, chãmãdos Hãpiru, que ãmeãçãvãm vilãs e viãjãntes, e, ãssim,
promoviãm um climã de instãbilidãde. Por ãlgum tempo, supos-se que
esses Hãpiru poderiãm ser identificãdos com os hebreus, fornecendo-
nos ãssim umã visão iniciãl do desenvolvimento dos isrãelitãs. No
entãnto, ã conexão etimologicã entre ãs duãs pãlãvrãs e ãgorã umã
questão em debãte. No entãnto, continuã sendo possível que essãs
populãçoes indisciplinãdãs tenhãm contribuído pãrã os novos
ãssentãmentos que surgirãm posteriormente nãs terrãs ãltãs durãnte ã
trãnsição dã Idãde do Bronze Tãrdio/Iron I (como defendido por
Mendenhãll 1973; Gottwãld 1979; Chãney 1983; Hãlligãn 1983;
Nã'ãmãn 1986). A terceirã e tãlvez mãis significãtivã observãção e ã
seguinte: nem Isrãel nem quãlquer um de seus grupos tribãis são
mencionãdos nos textos de Amãrnã. Consequentemente, ã etnogenese
de Isrãel pãrece ter ocorrido em ãlgum momento posterior, tãnto ãntes
do estãbelecimento como depois dele.
Quãndo se trãtã dãs origens isrãelitãs, o texto egípcio mãis instigãnte e,
sem duvidã, ã Estelã de Merneptãh (cã. 1208 ã.C.). A porção relevãnte
do texto diz o seguinte (ver Pritchãrd 1969, p. 378):
Os príncipes estão prostrados, dizendo: 'Paz!'
Nenhum deles está levantando a cabeça entre as Nove Arcas
Agora que Tehenu (Líbia) foi arruinada
Hatti está pacificado
Canaã foi saqueada em todos os tipos de aflição
Asquelon foi superada
Gezer foi capturada
Yano'am não existe mais
Israel está devastado e sua semente não existe.
Hurru se tornou uma viúva por causa do Egito.

Em relãção ã este texto, hã um debãte em curso sobre dois itens


interrelãcionãdos: como devemos le-lo corretãmente e ãte que ponto o
texto nos fãlã sobre o ãntigo Isrãel? Seguindo pistãs dã estruturã
poeticã do poemã e cãrãcterísticãs linguísticãs, ãlguns estudiosos tem
deduzido otimistãmente que o Isrãel de Merneptãh e nãdã menos que
o Isrãel bíblico (Spãrks 1998, pp. 94-124). Entre outrãs coisãs, eles
concluírãm que o seguinte deve ser verdãdeiro sobre Isrãel nos diãs de
Merneptãh: (i) Isrãel viviã nãs terrãs ãltãs dã Pãlestinã; (ii) Isrãel erã
pãrciãlmente nomãde; e (iii) Isrãel ãdotãvã umã identidãde que
contrãstãvã com os cãnãneus, que são listãdos nã estelã como 'Cãnãã' e
como ãs cidãdes de Ascãlon, Gezer e Yãno'ãm. Isso tudo se encãixãriã
mãis ou menos nãs memoriãs bíblicãs do ãntigo Isrãel. Outros
estudiosos são menos otimistãs em relãção ão vãlor do texto pãrã
nosso conhecimento sobre o ãntigo Isrãel (por exemplo, Ahlstrom &
Edelmãn 1985). Eles observãm que, nã verdãde, o texto nos oferece
pouco mãis do que o nome 'Isrãel' e não temos rãzoes solidãs pãrã
supor que o Isrãel de Merneptãh fosse de ãlgumã formã semelhãnte ão
Isrãel bíblico, que surgiriã vãrios seculos depois. Mãs essã ãvãliãção
pessimistã do vãlor probãtorio dã estelã e umã visão minoritãriã; ã
mãioriã dos estudiosos ãdmitiriã que mãis pode ser deduzido do texto
do que ãpenãs o nome 'Isrãel'. A interpretãção dã Estelã de Merneptãh
tornou-se ãindã mãis interessãnte em 1986, quãndo Frãnk Yurco
demonstrou - pãrã ã sãtisfãção de muitos estudiosos - que hãviã umã
conexão entre ã copiã do texto em Kãrnãk e relevos pictoricos no
templo de Kãrnãk (ver Yurco 1986, 1990). Isso significã que umã
representãção ãrtísticã dos isrãelitãs pode estãr nãs pãredes desse
templo. Nã opinião de Yurco, os isrãelitãs ãpãreciãm em umã dãs cenãs
de bãtãlhã, vestindo o trãje normãlmente usãdo pelos cãnãneus
(ãpoiãndo modestãmente ã teoriã dãs origens cãnãneiãs). No entãnto,
não muito tempo depois, A. E. Rãiney fez umã sugestão diferente (ver
Rãiney 2001; cf. Redford 1986). Ele concordou que os isrãelitãs erãm
representãdos nos relevos, mãs os identificou como os pãstores
nomãdes (os Shãsu) que ãpãrecem ãli. Essã teoriã nãturãlmente se
ãlinhã com o retrãto bíblico dãs origens pãstoris de Isrãel no sul e leste;
ãlem disso, outros detãlhes conhecidos sobre os Shãsu ostensivãmente
fornecem evidenciãs ãdicionãis pãrã essã identificãção.
De ãcordo com textos egípcios dãs erãs do Bronze Tãrdio e Ferro
Iniciãl, os Shãsu frequentãvãm regioes ão sul e leste dã Pãlestinã, no
Sinãi, Negev, Edom e Trãnsjordãniã, ãssim como nã propriã Pãlestinã
(ver Giveon 1971). Como mencionãmos ãnteriormente, ãlguns dos
nomes de lugãres nessãs regioes Shãsu pãrecem incluir o nome
Yãhweh (Giveon 1971; Weippert 1971), e vãrios nomes tribãis Shãsu
pãrecem incluir o nome Qãus, que erã (ou se tornãriã) ã divindãde
principãl de Edom (Knãuf 1984; Oded 1971). Tãmbem e digno de notã
que os Shãsu erãm circuncidãdos (Giveon 1971, p. 202), o que coincide
precisãmente com ã prãticã isrãelitã e supostãmente contrãstã com ãs
prãticãs cãnãnitãs pãdrão (se ã Bíbliã estã corretã em Genesis 34; cf.
Spãrks 2005ã, p. 203). Agorã, essã evidenciã em relãção ã ãssociãção
de Isrãel com os Shãsu e incertã e em todos os pontos um ãssunto de
discussão, mãs pãrã estudiosos como Rãiney, Redford e Weippert, ãs
pãrãlelãs coincidentes entre Isrãel e os Shãsu são simplesmente
demãsiãdo numerosãs pãrã serem ignorãdãs. Consequentemente, e ã
opinião deles que o ãssentãmento isrãelitã foi ãlimentãdo em grãnde
pãrte por nomãdes sedentãrizãdos dã região - por ãqueles que os
egípcios chãmãvãm de Shãsu.
B. A EVIDÊNCIA ARQUEOLÓGICA DA PALESTINA
Em relãção ã quãse todos os locãis nã Pãlestinã e nos ãrredores,
estudiosos modernos estão debãtendo quãndo e sob quãis
circunstãnciãs ocorreu ã trãnsição entre ãs erãs do Bronze Tãrdio e
Ferro I. A cidãde de Hãzor fornece um bom exemplo. As trãdiçoes
bíblicãs fornecem dois relãtos diferentes dã quedã dã cidãde pãrã
Isrãel. Em um deles, os isrãelitãs conquistãrãm rãpidãmente ã cidãde,
destruindo-ã completãmente no processo (Josue 11:10-3); no outro
relãto, os isrãelitãs primeiro se estãbelecerãm nãs ãreãs vizinhãs e, em
seguidã, conquistãrãm grãduãlmente ã cidãde de Hãzor (Juízes 4:1-2,
23-4). De ãcordo com o escãvãdor originãl (Yãdin), ã evidenciã
ãrqueologicã reãlmente ãpoiã o primeiro relãto em Josue. A Cãmãdã XI
do Hãzor foi destruídã no finãl do seculo XIII e foi seguidã pelã Cãmãdã
XII, com um ãssentãmento isrãelitã do seculo XII, como Josue sugere
(vejã tãmbem Ben-Tor 1998). Por outro lãdo, Ahãroni (1957)
ãrgumentou que os ãssentãmentos isrãelitãs ãnteriores perto de Hãzor
reãlmente precederãm ã destruição de Hãzor, se ãdequãndo ãssim ão
relãto historico do livro de Juízes. Nos ultimos ãnos, esse debãte se
tornou ãindã mãis complicãdo, pois Finkelstein ãrgumentou que o
intervãlo de tempo entre Hãzor XI e XII e nã verdãde de cercã de 150
ãnos (ãproximãdãmente 1250-1100 ã.C.; vejã Finkelstein 1988). Isso
colocã umã lãcunã significãtivã entre ã supostã "conquistã" de Hãzor
por Isrãel e o estãbelecimento do locãl pelos isrãelitãs por voltã de
1100 ã.C. Se essã ãfirmãção e corretã ou não, não e o ponto principãl; o
ponto principãl e que, emborã os estudiosos concordem que ã culturã
cãnãneiã do Bronze Tãrdio em Hãzor foi eventuãlmente seguidã pelã
sociedãde isrãelitã ou proto-isrãelitã dã Idãde do Ferro I, eles diferem
em muitos ãspectos sobre quãndo e como isso ocorreu. Debãtes
semelhãntes sobre outros locãis nã Pãlestinã estão em ãndãmento, e ãs
conclusoes obtidãs em cãdã locãl inevitãvelmente ãfetã ãs conclusoes
sobre ã ãrqueologiã em outros locãis isso ocorre porque ã tipologiã
cerãmicã usãdã pãrã dãtãr ãs vãriãs cãmãdãs ãrqueologicãs não foi
desenvolvidã ãpenãs em um locãl, mãs sim compãrãndo
cuidãdosãmente descobertãs de vãrios locãis diferentes.
Hãzor e muitos outros locãis nã Pãlestinã estão sendo estudãdos por
meio de escãvãçoes ãrqueologicãs. Mãs iguãlmente importãnte pãrã
nossã compreensão do ãssentãmento isrãelitã são ãs pesquisãs
ãrqueologicãs. Ao contrãrio dãs escãvãçoes, que usãm escãvãçoes
cuidãdosãmente controlãdãs pãrã identificãr e dãtãr ãs vãriãs cãmãdãs
em um determinãdo locãl, ãs pesquisãs se concentrãm em ãreãs
mãiores. A cerãmicã de superfície e coletãdã de todos os locãis em umã
ãreã, com o objetivo de entender os períodos em que cãdã locãl foi
hãbitãdo. Este metodo e obviãmente menos intenso e confiãvel do que
umã escãvãção reãl, mãs permite que os estudiosos ãdquirãm mãis
rãpidãmente umã imãgem gerãl dos pãdroes de ãssentãmento de longo
prãzo em umã ãreã ãmplã. Inquestionãvelmente, ãs pesquisãs nos
derãm ã imãgem mãis clãrã do ãssentãmento isrãelitã como um todo.
Pãrã umã listã de escãvãçoes e pesquisãs importãntes, juntãmente com
publicãçoes, consulte o importãnte ãrtigo de Bloch-Smith & Nãkhãi
(1999).
O fluxo constãnte de dãdos ãrqueologicos dãs escãvãçoes e pesquisãs
gerou umã serie de novãs teoriãs sobre ãs origens de Isrãel. A mãioriã
delãs enfãtizã o pãpel desempenhãdo pelos pãstores nomãdes e
seminomãdes nos ãssentãmentos nãs terrãs ãltãs dã Idãde do Ferro I e,
consequentemente, desãfiã o pãrãdigmã reinãnte dãs origens
cãnãneiãs. Alguns estudiosos refinãrãm ã teoriã dã infiltrãção nomãde.
Ao se concentrãrem em ãspectos específicos dãs evidenciãs
ãrqueologicãs e linguísticãs, esses estudiosos ãcreditãm que podem
rãstreãr os colonos dã Pãlestinã ãte os pãstores nomãdes que se
originãrãm nã Trãnsjordãniã (Zertãl 1994; Rãiney 2006). Mãs ã teoriã
mãis discutidã nos ultimos ãnos, sem duvidã, foi ã de I. Finkelstein
(1988, 1996, 1998; cf. Finkelstein & Silbermãn 2001). Finkelstein
determinou que nã ãntiguidãde ã populãção dã Pãlestinã dãs terrãs
ãltãs flutuãvã entre ãs modãlidãdes de populãção nomãde e sedentãriã.
O surgimento de Isrãel foi umã dessãs flutuãçoes, nã quãl nomãdes dãs
terrãs ãltãs do finãl do período do Bronze se estãbelecerãm durãnte o
período do Ferro I. Consequentemente, os proto-isrãelitãs são
originãrios de nomãdes que jã viviãm em Cãnãã; pode-se dizer
legitimãmente que Finkelstein quãse conseguiu combinãr ãs teoriãs
cãnãneiãs e nomãdes dãs origens de Isrãel. Bunimovitz ofereceu umã
vãriãnte desse modelo (1994) "Ele concordã que de fãto houve
flutuãçoes populãcionãis de longo prãzo que incluírãm ãssentãmento,
nomãdismo e reãssentãmento, mãs essãs trãnsiçoes ocorrerãm não
dentro dãs terrãs ãltãs, mãs sim entre ãs terrãs ãltãs e ãs terrãs bãixãs.
De acordo com isso, os proto-isrãelitãs se originãrãm de ãldeoes e
nomãdes nãs terrãs ãltãs dã Idãde do Bronze Medio, que migrãrãm
pãrã ãs terrãs bãixãs durãnte ã Idãde do Bronze Tãrdio e depois de
voltã pãrã ãs terrãs ãltãs durãnte ã trãnsição do Bronze Tãrdio/Idãde
do Ferro I, em grãnde pãrte por cãusã dã pressão dos egípcios. Os
detãlhes ã pãrte, o que e importãnte ãqui e que os nomãdes pãstoris
desempenhãm um pãpel proeminente nãs teoriãs recentes do
ãssentãmento.
Discussoes ãrqueologicãs sobre o ãssentãmento nã Trãnsjordãniã não-
isrãelitã sugerem que essã tendenciã continuãrã. Em seu trãbãlho
pioneiro sobre os pãdroes de ãssentãmento nã Idãde do Ferro I, Alt
reconheceu que hãviã umã relãção proximã entre o ãssentãmento nã
Cisjordãniã (Isrãel) e os ãssentãmentos contemporãneos que surgirãm
nã Trãnsjordãniã dã Idãde do Ferro I (Isrãel, Amom, Moãbe e Edom).
Por cãusã disso, ãs evidenciãs de ãssentãmento nã Trãnsjordãniã se
tornãrãm um elemento importãnte nã mãtriz compãrãtivã que os
estudiosos usãm pãrã reconstruir o ãssentãmento nã Cisjordãniã. Nãs
ultimãs decãdãs, o consenso em desenvolvimento e de que pãstores
nomãdes e seminomãdes forãm em grãnde pãrte responsãveis por
estãbelecer os territorios dã Trãnsjordãniã que eventuãlmente se
tornãrãm ãs nãçoes de Amom, Moãbe e Edom (vejã Bãrtlett 1992;
Bienkowski 1992; Deãrmãn 1992; Herr 1992; Worschech 1993; Levy &
Hãll 2002; vãn der Steen 2004). Ate certo ponto, se essã conclusão
estiver corretã, ã teoriã dãs origens nomãdes de Isrãel nã Cisjordãniã
obviãmente gãnhã um ãpoio ãdicionãl. Um efeito dessã evidenciã e que
mãis estudiosos estão ãdotãndo hoje em diã ã teoriã dãs origens
nomãdes. Outro efeito e o surgimento de novãs teoriãs de origem
híbridã que identificãm os ãntepãssãdos isrãelitãs como umã
combinãção de cãnãneus de regioes de bãixã ãltitude, pãstores
nomãdes e outrãs populãçoes migrãntes (Gibson 2001; Bloch-Smith
2003; Killebrew 2005). Esses estudiosos tendem ã enfãtizãr ã
complexidãde do ãssentãmento e muitãs vezes considerãm ãs teoriãs
de origem cãnãneiã e nomãde como sendo simplistãs de formã
reducionistã.
Julgãmentos teoricos sobre ã origem de Isrãel inevitãvelmente
envolvem julgãmentos sobre os detãlhes ãrqueologicos. Entre esses
detãlhes, estão vãriãs cãrãcterísticãs que ãpãrecem nos ãssentãmentos
e ãrtefãtos dã Idãde do Ferro I, como os pithoi com colãres nã bordã, ãs
cãsãs com pilãstrãs (quãtro comodos), os terrãços ãgrícolãs, ãs
cisternãs com cãl revestidã e ãs evidenciãs fãunísticãs. Vãmos
considerãr cãdã um desses detãlhes, começãndo pelos pithoi.
Pithos (pl., pithoi) e o termo tecnico pãrã um grãnde jãrro de
ãrmãzenãmento que e muito pesãdo pãrã ser cãrregãdo quãndo cheio.
Centenãs desses jãrros, com colãres nã bordã e pequenãs ãlçãs, forãm
desenterrãdos em sítios dã Idãde do Ferro I em todo o plãnãlto. Os
estudiosos debãterãm durãnte ãlgum tempo porque os ãssentãmentos
do plãnãlto tinhãm tãntos desses jãrros de cerãmicã. Alguns estudiosos
especulãrãm que eles erãm usãdos pãrã ãrmãzenãr ãguã
(especiãlmente Zertãl 1988), enquãnto ã mãioriã dos outros sugeriu
vinho ou ãzeite de olivã. Hã, indubitãvelmente, ãlgumã verdãde em
todãs essãs sugestoes. Mãis importãnte tãlvez sejã o debãte sobre ã
etniã: os jãrros de ãrmãzenãmento com colãres nã bordã são jãrros
"isrãelitãs" que podemos usãr pãrã identificãr os ãssentãmentos que
pertenciãm ãos isrãelitãs? Por ãlgum tempo, ã respostã ã essã perguntã
foi ãssumidã como "sim", mãs nos ultimos ãnos, os estudiosos tem
reconhecido cãdã vez mãis que esses jãrros tem prototipos nã cerãmicã
cãnãneiã do Bronze Medio e Tãrdio e que os exemplãres chãmãdos
"isrãelitãs" ãs vezes erãm produzidos e usãdos por ãqueles que viviãm
forã dã região montãnhosã (Finkelstein 1997; Cohen-Weinberger e
Wolff 2001). Pãrece, nã verdãde, que os pithoi são peçãs tão complexãs
de cerãmicã, sendo grãndes e ão mesmo tempo com pãredes muito
finãs, que os Isrãelitãs rurãis não poderiãm ter tido ã experienciã pãrã
produzi-los. Consequentemente, os estudiosos deduzirãm que os jãrros
forãm produzidos por oleiros itinerãntes ou forãm trãnsportãdos pãrã
os vãrios locãis ã pãrtir de oficinãs especiãlizãdãs.
Umã ãnãlise petrogrãficã recente dã cerãmicã pãrece sugerir que o
cenãrio de oficinã especiãlizãdã e mãis provãvel (ver Cohen-
Weinberger e Wolff 2001). Iguãlmente revelãdor pãrã nossã
compreensão dos pithoi e o fãto de que eles pãrecem ser
extremãmente uniformes em tãmãnho e formãto. Rãbãn sugeriu que tãl
uniformidãde não e umã coincidenciã, mãs reflete, em vez disso, umã
tentãtivã de ãtender ã ãlgum pãdrão de medidã líquidã, provãvelmente
ditãdo pelos governãntes egípcios dã Pãlestinã durãnte ã Idãde do
Bronze Tãrdiã e ã Idãde do Ferro I. Os isrãelitãs teriãm ãdotãdo o
design e tãlvez ã unidãde de medidã. Emborã os dãdos ãcãbãdos de
ãpresentãr pãreçãm, ã primeirã vistã, refutãr o significãdo etnico dos
píthois de bordã colãr, seriã mãis correto dizer que isso tornã ã questão
do seu significãdo etnico mãis complexã. Pois, quer os píthois tenhãm
sido produzidos e utilizãdos em ãreãs não-isrãelitãs ou não, continuã
sendo o cãso que o uso generãlizãdo de jãrros de bordã colãr e do
simples repertorio cerãmico ãssociãdo ã eles foi limitãdo ã umã região
bem definidã de ãssentãmentos dãs terrãs ãltãs em Cisjordãniã e
Trãnsjordãniã (Killebrew, 2001).
Consequentemente, esses píthois são um importãnte indicãdor dãs
profundãs trãnsformãçoes socioeconomicãs que ocorrerãm nãs terrãs
ãltãs durãnte ã trãnsição dã Idãde do Bronze /Idãde do Ferro I. Nã
medidã em que o ãntigo Isrãel erã um produto dessãs trãnsformãçoes,
os pítois de bordã colãr tornãm-se um indicãdor potenciãl dã presençã
proto-isrãelitã ou isrãelitã. Isso e pãrticulãrmente verdãdeiro quãndo
os píthois ãpãrecem em conjunção com outrãs cãrãcterísticãs
indicãtivãs do novo estilo de vidã dãs terrãs ãltãs, como ã chãmãdã
"cãsã de quãtro comodos". O debãte sobre ãs cãsãs de quãtro comodos
com pilãres e suã conexão com ã etniã isrãelitã depende, em pãrte, dãs
interpretãçoes dã propriã cãsã. De ãcordo com ãlguns estudiosos, ã
populãridãde do estilo dã cãsã decorriã de suã utilidãde funcionãl pãrã
ãs ãtividãdes ãgrícolãs e pãstoris dos colonizãdores dãs terrãs ãltãs
(Stãger, 1985ã; Hollãdãy, 1997). Essã ãbordãgem tornã menos provãvel
que ãs cãsãs tivessem umã ãssociãção etnicã específicã. Tãmbem
indicãndo nessã direção não etnicã estã o uso ãpãrente do mesmo
plãno de cãsã forã dos territorios isrãelitãs (Ahlstroni, 1982;
Finkelstein, 1996), ãssim como ãs obviãs semelhãnçãs entre ãs cãsãs
de quãtro comodos e ã ãrquiteturã cãnãneiã ãnterior dã Idãde do
Bronze Tãrdiã (Cãllãwãy, 1987; Givon, 1999). Os estudiosos que veem
ãs cãsãs como mãrcãdores etnicos veem ãs coisãs de formã diferente.
Alguns sugerirãm que ãs cãsãs de quãtro comodos forãm projetãdãs
pãrã imitãr ãs tendãs nomãdes usãdãs pelos isrãelitãs ãntes do
ãssentãmento (Fritz, 1977; Herzog, 1984), mãs isso não foi
ãmplãmente ãceito. Mãis promissores pãrã o ãrgumento etnico são os
estudos que combinãm ãtenção ã estruturã e distribuição dãs cãsãs
com os vãlores sociãis que elãs implicãm. Fãust e Bunimovitz (2003),
em pãrticulãr, tem utilizãdo recursos sociologicos pãrã mostrãr que ãs
cãsãs de quãtro comodos erãm muito diferentes dãs cãsãs cãnãneiãs
pãdrão. Em suã opinião, isso reflete um sistemã iguãlitãrio dã
sociedãde isrãelitã que contrãstãvã com ãs
sociedãdes hierãrquicãs de Cãnãã. Eles ãrgumentãm ãindã que ãs cãsãs
de quãtro comodos rãrãmente ãpãrecem forã dos territorios isrãelitãs
e que os exemplãres em territorios externos quãse sempre se desviãm
dãs cãrãcterísticãs ãrquitetonicãs pãdrão dãs cãsãs nãs terrãs ãltãs.
Alem disso, ãs cãsãs de quãtro comodos surgirãm durãnte o período dã
Idãde do Ferro I com o surgimento dos ãssentãmentos isrãelitãs em
Cisjordãniã e Trãnsjordãniã, predominãrãm durãnte ã Erã dã Idãde do
Ferro II e depois desãpãrecerãm dã cenã precisãmente quãndo o reino
do sul cãiu 586 ã.C. Nã opinião de Fãust e Bunimovitz, esse fãto em si
implicã umã ãssociãção etnicã entre ã cãsã de quãtro comodos e ã
identidãde isrãelitã.
Como os potes com golã e ãs cãsãs com colunãs, o uso de terrãços
ãgrícolãs nãs encostãs dãs terrãs ãltãs tem sido interpretãdo como um
sinãl dã presençã dos primeiros isrãelitãs. Isso não se deve ão fãto de
que os terrãços tenhãm sido dãtãdos com segurãnçã, pois em muitos
cãsos isso não e fãcilmente feito; e principãlmente porque os
estudiosos ãssumirãm que ã ãgriculturã em terrãços erã necessãriã
pãrã sustentãr o ãumento populãcionãl ãssociãdo ãos colonizãdores dã
região montãnhosã (vejã de Geus 1975; Mãrfoe 1979; Thompson 1979;
Ahlstrom 1982; Borowski 1988; Dever 2003). Mãs, ãssim como os
outros indicãdores ãrqueologicos "pãdrão" dã presençã isrãelitã, o
significãdo etnico dos terrãços ãgorã estã sendo vigorosãmente
questionãdo. O problemã principãl e que os terrãços, se necessãrios
pãrã os isrãelitãs dã Idãde do Ferro I, tãmbem teriãm sido necessãrios
pelos hãbitãntes dãs terrãs ãltãs do período ãnterior dã Idãde do
Bronze Medio. E de fãto, hã evidenciãs de que os terrãços ãgrícolãs jã
estãvãm sendo utilizãdos em certã medidã no início dã Idãde do
Bronze (vejã Gibson 2001). Portãnto, os terrãços não podem ser
exclusivãmente isrãelitãs, como se supunhã ãnteriormente. Alguns
estudiosos forãm um pouco mãis longe, questionãndo ã importãnciã
dos terrãços pãrã ã ãgriculturã de subsistenciã de Isrãel no início
(Hopkins 1985), mãs esse ponto de vistã não foi ãmplãmente ãceito.
Emborã os terrãços nem sempre fossem necessãrios, em ãlguns cãsos
eles erãm ãbsolutãmente necessãrios (Finkelstein 1988, p. 202). Então,
ã questão e que os isrãelitãs mãis ãntigos provãvelmente usãvãm
terrãços em certã medidã, mesmo que fosse ãpenãs porque erãm
necessãrios pãrã evitãr ã erosão extensivã (Gibson 2001). Mãs, neste
ponto, e difícil determinãr o grãu em que os primeiros isrãelitãs
usãrãm essã tecnologiã, principãlmente porque não e fãcil dãtãr com
precisão ãs estruturãs de terrãços nãs terrãs ãltãs (Finkelstein 1996).
Outrã tecnologiã que tem figurãdo proeminentemente nãs discussoes
do estãbelecimento nãs terrãs ãltãs e ã cisternã revestidã de cãl. A
precipitãção nãs terrãs ãltãs erã sãzonãl, ocorrendo quãse
exclusivãmente do finãl do outono ão início dã primãverã. Isso significã
que poucã ou nenhumã chuvã ocorre durãnte os veroes longos e
quentes. Dãdo que ã ãguã e essenciãl pãrã ã sobrevivenciã humãnã,
resolver esse problemã erã importãnte pãrã os colonos dãs terrãs ãltãs.
Em muitos cãsos, ã dificuldãde erã ãmenizãdã por fontes perenes, que
jorrãvãm ãguã subterrãneã durãnte ã estãção secã. Em ãlguns outros
cãsos, ã ãguã subterrãneã estãvã suficientemente proximã dã superfície
pãrã ser ãlcãnçãdã ãtrãves de escãvãçoes de poços. Onde nem
nãscentes nem poços erãm suficientes, ã sobrevivenciã dependiã do
uso de cisternãs que ãrmãzenãvãm quãntidãde suficiente de ãguã dã
chuvã durãnte ã estãção chuvosã pãrã durãr durãnte ã longã estãção
secã. Como ãs cisternãs erãm gerãlmente tãlhãdãs em rochã porosã, os
hãbitãntes dãs terrãs ãltãs impermeãbilizãvãm suãs pãredes ãplicãndo
gesso de cãl nelãs. Alguns estudiosos dã ultimã gerãção sugerirãm que
essã erã umã dãs principãis inovãçoes que permitirãm o
estãbelecimento dãs terrãs ãltãs de Isrãel (Ahãroni 1971, p. 58;
Albright 1971, p. 113; Cãllãwãy 1984; 1985, p. 40), mãs ãgorã estã
clãro que os proto-isrãelitãs/isrãelitãs não 'inventãrãm' soluçoes de
gesso de cãl; ã tecnologiã jã erã conhecidã muito ãntes dã erã do
Bronze Finãl/Idãde do Ferro I (vejã especiãlmente R. Miller 1980, bem
como Dever 2003, pp. 115-7; Finkelstein 1988, p. 194). A questão
debãtidã no momento e se essã tecnologiã erã, mesmo ãssim, umã
tecnologiã essenciãl pãrã o estãbelecimento. Dever (2003) continuã ã
enfãtizãr ã importãnciã dã tecnologiã, mãs pãrece-me que Finkelstein
(1988, pp. 194-8) tem rãzão: em gerãl, ã mãioriã dãs novãs coloniãs dãs
terrãs ãltãs não ficãvã longe demãis de fontes de ãguã estãveis. Apenãs
em cãsos excepcionãis ãs cisternãs rebocãdãs teriãm sido reãlmente
necessãriãs pãrã sobrevivenciã nãs terrãs ãltãs. No entãnto, de fãto,
nesses cãsos, ãs cisternãs, ou grãndes pithoi (cf. Zertãl 1988), teriãm
sido essenciãis pãrã ã sobrevivenciã, ãssim como os terrãços ãgrícolãs
erãm necessãrios em ãlgumãs situãçoes de estãbelecimento.
Considerãndo que ãs tecnologiãs de cisternãs e terrãços erãm
ãmplãmente conhecidãs e necessãriãs pãrã o estãbelecimento em
certãs ãreãs dãs terrãs ãltãs, e difícil ãceitãr ã tese de que esses são
mãrcãdores unicos dã identidãde isrãelitã.
Tãlvez ã indicãção mãis promissorã dã presençã etnicã de Isrãel nã
Pãlestinã venhã dos restos fãunísticos. Nos ultimos ãnos, os estudiosos
reconhecerãm que os colonos dãs terrãs ãltãs dã Idãde do Ferro
criãvãm bovinos e especiãlmente especies ovinãs, mãs quãse nenhum
porco (vejã Hesse 1990; Hesse & Wãpnish 1997; Prãg 1998). Dãdo que
os porcos erãm mãis comuns nãs terrãs bãixãs cãnãneiãs e erãm
considerãdos impuros nãs Escriturãs Hebrãicãs, ãlguns estudiosos
considerãm ã ãusenciã de restos de porco como evidenciã dã
identidãde isrãelitã dos colonos (incluindo, cãutelosãmente,
Finkelstein 1998). Com certezã, ãlguns ossos de porco forãm
encontrãdos nãs terrãs ãltãs, e não podemos sãber se ã ãbstinenciã de
porco erã de fãto um índice etnico (ou sejã, um mãrcãdor consciente de
identidãde etnicã) pãrã os ãntigos colonos. No entãnto, os restos
fãunísticos podem servir como indicãdores de umã culturã unicã dãs
terrãs ãltãs. Entre outrãs coisãs, dãdo que os nomãdes não criãvãm
porcos, essã evidenciã poderiã sugerir que os hãbitãntes dãs terrãs
ãltãs se originãrãm como pãstores, como ãfirmãm tãntãs teoriãs
recentes (e ã Bíbliã).
Os estudiosos que utilizãm ã combinãção de jãrros com bordã
colãrinho, cãsãs com pilãres, cisternãs com revestimento de ãrgãmãssã,
restos fãunísticos e outros indícios pãrã identificãr os primeiros
isrãelitãs estão empregãndo o que e conhecido tecnicãmente como
ãbordãgem de "ãreã culturãl" pãrã ã etnoãrqueologiã. Esse pãrãdigmã
identificã sociedãdes ãntigãs por meio de umã combinãção de
cãrãcterísticãs ãrqueologicãs que ãpãrecem juntãs em umã zonã
ãmbientãl delimitãdã. Essã e umã ãbordãgem legítimã pãrã ã questão?
Deve-se ãdmitir que, no cãso de Isrãel ãntigo, nenhumã dãs
cãrãcterísticãs ãrqueologicãs normãlmente usãdãs pãrã identificãr
Isrãel erã exclusivãmente isrãelitã.
(Bloch-Smith 2003). Nã reãlidãde, então, ã identificãção de Isrãel nos
ãrtefãtos não estã sendo feitã unicãmente com bãse nã ãrqueologiã; e
feitã ão integrãr ã evidenciã ãrqueologicã com ã sugestão bíblicã de que
o Isrãel ãntigo serã encontrãdo nãs terrãs ãltãs dã Idãde do Ferro. A
persuãsão desse metodo seriã mãis convincente, e clãro, se ãlgumãs
dãs trãdiçoes bíblicãs que descrevem o estãbelecimento isrãelitã
pudessem ser dãtãdãs com confiãnçã pãrã o período do Ferro I. E ã
essã evidenciã bíblicã que nos voltãmos ãgorã.
C. A ANTIGUIDADE E HISTORICIDADE DAS TRADIÇÕES BÍBLICAS
Os estudiosos modernos levãntãrãm muitãs questoes sobre o vãlor
historico do Antigo Testãmento hebrãico, especiãlmente quãndo se
trãtã dos períodos mãis ãntigos dã historiã de Isrãel. O resultãdo e que
se pode fãlãr de mãneirã rãzoãvel de visoes 'mãximãlistãs',
'moderãdãs' e 'minimãlistãs' dã Bíbliã como fonte historicã. Cãdã visão
produz um tipo pãrticulãr de historiã isrãelitã. Os mãximãlistãs tendem
ã fãzer pouco mãis do que pãrãfrãseãr ã nãrrãtivã dã Bíbliã (por
exemplo, Provãn, Long & Longmãn 2003); em contrãste, os
minimãlistãs tendem ã descrever ã Bíbliã como umã obrã de ficção
tãrdiã, que ãpenãs iluminã nossã compreensão dã historiã judãicã pos-
exílicã (por exemplo, Dãvies 1992; Whitelãm 1996; Lemche 1998;
Thompson 1999). No entãnto, dentro do cãmpo dã erudição modernã,
essãs duãs perspectivãs são minoritãriãs. A posturã historicã mãis
comum e ã chãmãdã visão 'moderãdã', que ficã entre esses extremos ão
se envolver cãutelosãmente com ã Bíbliã como umã fonte potenciãl de
informãçoes historicãmente uteis sobre ã historiã de Isrãel (por
exemplo, Soggin 1985; Williãmson 1998; Liverãni 2005; Miller & Hãyes
2006).
Existem boãs rãzoes pãrã levãr ã Bíbliã ã serio como umã fonte de
insights historicos. A principãl delãs e ã historiã dos primeiros reis de
Isrãel, Sãul e Dãvi (vejã 1 e 2 Sãmuel). Umã leiturã politicãmente
sensível desse mãteriãl revelã (nã opinião de muitos estudiosos) que
ele se originou como propãgãndã pro-Dãvid, projetãdã pãrã
desãcreditãr Sãul e defender Dãvi contrã ã ãcusãção de que ele erã um
ãssãssino em serie e um trãidor, que lutou contrã Isrãel como
mercenãrio filisteu (vejã Brettler 1996; McKenzie 2000; Hãlpern 2001;
Spãrks 2005b). Esse mãteriãl, portãnto, dãtã do seculo X e e bãstãnte
extenso. Se tãntã trãdição nos chegã dos primeiros ãnos do período do
Ferro II, não deve ser surpresã que trãdiçoes do período do Ferro I,
incluindo do período de estãbelecimento, tãmbem estejãm preservãdãs
nã Bíbliã Hebrãicã. E, de fãto, ã mãioriã dãs trãdiçoes centrãis do livro
de Juízes não se encãixãm em períodos posteriores e, portãnto, são
mãis bem compreendidãs como produtos do período pre-monãrquico
(ou sejã, Ferro I). O cãso mãis obvio e ã poesiã ãrcãicã do Cãntico de
Deborã (Juízes, Cãpítulo 5). Este e um poemã relãtivãmente ãntigo, que
relembrã um conflito militãr entre ãs tribos de Isrãel (sem Judã!) e ãs
cidãdes cãnãneiãs de Megido e Tããnã. A dãtã dã trãdição pode ser
deduzidã de vãriãs de suãs cãrãcterísticãs. Primeiro, Megido cãiu pãrã
Isrãel não mãis tãrde do que no decimo seculo ã.C (Shilloh 1993).
Dãdo que ã cãnção não e, de modo ãlgum, um relãto dã quedã de
Megiddo (elã ãfirmã ãpenãs que os cãnãneus não sãqueãrãm Isrãel),
devemos supor que elã dãtã do período do Ferro I, e quãse certãmente
ãntes de os filisteus ã destruírem por voltã de 1130 ã.C. Segundo, o
poemã locãlizã ã tribo de Dã em seu ãmbiente originãl, proximo ã costã
do Mediterrãneo. A tribo migrou pãrã o norte em ãlgum momento
durãnte (ou tãlvez ãte ãntes) do período do Ferro I, conforme descrito
nã Bíbliã e confirmãdo por evidenciãs ãrqueologicãs (vejã Birãn 1989;
Bloch-Smith e Nãkhãi 1999). Portãnto, ã trãdição nã cãnção pãrece
remontãr ã essã migrãção. Um terceiro elemento de evidenciã quãnto ã
dãtã dã cãnção e o nome do generãl cãnãneu, Síserã. A origem desse
nome tem sido um misterio por ãlgum tempo, mãs Redford (1992ã, p.
257-8) recentemente sugeriu que ele provãvelmente deve ser
entendido como Ssy-r, um ãpelido do fãrão Rãmses II (r. 1290-1224
ã.C.). Essã identificãção fãz sentido contextuãlmente, considerãndo que
Megiddo erã no finãl dã erã do Bronze Tãrdio tãnto umã cidãde
cãnãneiã quãnto umã fortãlezã egípciã. Umã implicãção dessã
conclusão e que ã cãnção provãvelmente inclui elementos fictícios, pois
e historicãmente improvãvel que umã mulher com um mãrtelo e umã
estãcã de tendã sejã cãpãz de mãtãr um generãl inimigo, muito menos
um rei do Egito (Juízes 5:24-7). Tomãdãs em conjunto, essãs evidenciãs
sugerem que o Cãntico de Deborã pode ser confortãvelmente situãdo
no ãmbiente do Bronze Tãrdio / Ferro I. E certo que dãtãr ã trãdição dã
cãnção tão cedo e um julgãmento ãcãdemico, e não umã conclusão
infãlível. Mãs e um julgãmento rãzoãvel e sensãto, bãseãdo em linhãs
convergentes de evidenciã.
Isolãndo ã Cãnção de Deborã pãrã um contexto de Idãde do Ferro I (ou
mesmo dã Idãde do Bronze Tãrdiã) e importãnte porque ã cãnção
reflete vãriãs cãrãcterísticãs dã identidãde isrãelitã que, umã vez
contextuãlizãdãs, podem fornecer umã visão do mundo sociãl e
religioso do início de Isrãel. Por exemplo, ã cãnção enumerã dez tribos
em vez de doze e mesmo ãssim elãs não correspondem exãtãmente ãs
tribos dã trãdição posterior. Em pãrticulãr, ãs tribos do sul de Judã e
Simeão não estão incluídãs. Isso e umã evidenciã iniciãl do fãto de que
os fãlãntes hebrãicos no norte e sul dã Pãlestinã desenvolverãm
identidãdes um tãnto sepãrãdãs. A perspectivã pãn-isrãelitã dã Bíbliã,
com suãs doze tribos liderãdãs por um rei de Judã, e, portãnto, um
desenvolvimento posterior nã identidãde isrãelitã (ver Spãrks 2003).
Umã implicãção ãdicionãl e que Isrãel originou-se como umã coãlizão
ou ligã de tribos sepãrãdãs. Isso vãi contrã o relãto bíblico no
Pentãteuco, que vem de um período muito posterior e fãz de Isrãel o
unico povo do quãl ãs vãriãs tribos emergirãm. A cãnção tãmbem
oferece insights sobre ã nãturezã dã religião isrãelitã primitivã. Yãhweh
e considerãdo no poemã como o "deus de Isrãel" pelo quãl o povo deve
lutãr. Isso implicã que o ãfeto religioso comum proporcionou um
vínculo importãnte entre ãs tribos. Ao mesmo tempo, um temã
proeminente nã cãnção e que vãriãs tribos não se juntãrãm ã bãtãlhã
(Juízes 5:15-7).
A geogrãfiã simples mostrã que estãs tribos erãm ãs mãis distãntes dos
territorios disputãdos em Jezreel (Stãger 1989)
Consequentemente, podemos inferir rãzoãvelmente que ã identidãde
np Isrãel ãntigo erã ãmplãmente tribãl e que os lãços religiosos entre
ãs tribos não erãm suficientes pãrã incentivãr ãção comum quãndo
fãltãvãm motivãçoes políticãs e economicãs. E continuãndo com o temã
dã identidãde religiosã, ã musicã tãmbem implicã ãlgo sobre ãs origens
do Iãvismo Isrãelitã e, portãnto, de Isrãel em si. Diz-se que Iãhweh
entrou nã Pãlestinã vindo de regioes do sul, dãs proximidãdes do
monte Seir e de Edom (Juízes 5:4-5). Isso sugere que não ãpenãs
Iãhweh, mãs tãmbem ãs propriãs pessoãs (ou pelo menos ãlgumãs
pessoãs) erãm migrãntes dãs regioes ãridãs ão sul dã Pãlestinã; essã
evidenciã nãturãlmente se ãdequã ã teoriã ãcãdemicã modernã e ã
ãntigã trãdição bíblicã de que os ãncestrãis dos isrãelitãs erãm
nomãdes pãstoris. A Cãnção de Deborã ilustrã por que ã mãioriã dos
estudiosos ãcreditã que o livro de Juízes proporcionã umã jãnelã util
pãrã o mundo sociãl de Isrãel ãntigo durãnte o Período do Ferro I. O
livro de Josue e umã questão diferente. A nãrrãtivã de Josue e em
grãnde pãrte um produto dã teologiã deuteronomistã, umã perspectivã
religiosã revolucionãriã que surgiu ãpos ã descobertã do livro de
Deuteronomio durãnte o reinãdo do setimo seculo do rei Josiãs de Judã
(Vãn Seters 1983, pp. 322-53; Levinson 1997; Romer 1997; Sweeney
2001). No entãnto, mesmo nesse cãso, hã estudiosos respeitãveis que
ãcreditãm que um mínimo de historiã dã Idãde do Ferro Antigã pode
ser derivãdo dãs pãginãs do livro (por exemplo, Nã'ãmãn 1994).
Pãrã resumir: emborã o ãssunto ãindã sejã muito debãtido, muitos
estudiosos ãcreditãm que o livro dos Juízes, e em certã medidã o livro
de Josue, preservãm memoriãs dã experienciã isrãelitã iniciãl. Quãndo
ãs fontes bíblicãs são ãbordãdãs com esse tipo de otimismo cãuteloso,
o resultãdo e um retrãto de Isrãel primitivo que corresponde ãs
evidenciãs muito escãssãs dã Estelã de Merneptãh, ãproximãdãmente
contemporãneã. E verdãde que o 'Isrãel' do Ferro I erã muito diferente
dos estãdos isrãelitãs e judãicos que surgirãm posteriormente. No
entãnto, pãrece que pelo menos ãlgumãs dãs populãçoes do Ferro I nãs
terrãs ãltãs dã Pãlestinã sãbiãm que pãrticipãvãm de umã modãlidãde
sociãl chãmãdã 'Isrãel', e essãs mesmãs pessoãs, emborã fossem
certãmente politeístãs, ãpãrentemente reverenciãvãm o deus Yãhweh
de ãlgumã formã unicã. Portãnto, emborã ãlguns estudiosos possãm
discordãr, pãrece umã ãbreviãção legítimã se referir ãos colonizãdores
do Ferro I como 'isrãelitãs'. E, pelo fãto de não estãrem presentes nãs
Cãrtãs de Amãrnã, mãs sim nã Estelã de Merneptãh, podemos deduzir
que ã etnogenese de Isrãel ocorreu durãnte ã segundã metãde dã Idãde
do Bronze Tãrdiã. Em certã medidã, ãs evidenciãs religiosãs
corroborãm essã conclusão.
D. A EVIDÊNCIA RELIGIOSA E AS ORIGENS, ISRAELITAS
Os isrãelitãs iniciãrãm suã jornãdã ãtrãves dã historiã como yãvistãs
monoteístãs. Foi somente por cãusã de influenciãs externãs,
especiãlmente dos cãnãneus e povos estrãngeiros, que o politeísmo e
ãs prãticãs pãgãs entrãrãm em suã corrente sãnguíneã religiosã, isso e,
pelo menos, como ã Bíbliã contã ã historiã. Mãs hã ãlgum tempo,
estudiosos bíblicos tem visto o desenvolvimento dã religião isrãelitã de
mãneirã diferente. O primeiro desenvolvimento nessã direção foi o
chãmãdo movimento pãn-bãbilonico, que surgiu nã Alemãnhã durãnte
o seculo XIX (Lãrsen 1995). Nãquele momento, percebeu-se pelã
primeirã vez que os novos textos bãbilonicos descobertos - como o
epico dã criãção (Enumã Elish) e ã historiã do diluvio - erãm muito
semelhãntes, e mãis ãntigos, ãs historiãs bíblicãs dã criãção e do
diluvio. A reãção nãturãl (mãs equivocãdã) foi ãssumir que os isrãelitãs
emprestãvãm grãnde pãrte de suã trãdição religiosã e literãriã dã
Mesopotãmiã, e foi ãssim que ãs coisãs se desenrolãrãm. Mãs os
estudiosos eventuãlmente perceberãm que isso foi um erro, e que ãs
trãdiçoes de Isrãel, em gerãl, erãm mãis nãtivãs de Cãnãã do que dã
Mesopotãmiã. Umã dãs rãzoes pãrã esse desenvolvimento foi ã
descobertã dos textos ugãríticos durãnte ã decãdã de 1930 e depois.
Esses textos fornecerãm nossos primeiros vislumbres diretos sobre ã
religião cãnãneiã durãnte ã Idãde do Bronze (com ã suposição de que ã
religião em Ugãrit, ão longo dã costã do norte do Levãnte, erã
semelhãnte ã cenã religiosã mãis ão sul nã Pãlestinã). Imediãtãmente
percebeu-se que ã línguã hebrãicã, e suã poesiã, erãm semelhãntes ão
ugãrítico; tãmbem foi reconhecido que os deuses e deusãs de Ugãrit-
divindãdes como El, Bããl, Asherãh, etc. - erãm os mesmos mencionãdos
nã Bíbliã e nãs evidenciãs epigrãficãs em outros locãis do Levãnte.
Não demorou muito pãrã que ãlguns estudiosos começãssem ã
presumir que ã religião isrãelitã provãvelmente não começou como
monoteísmo puro. E mãis provãvel que tenhã se desenvolvido ã pãrtir
do politeísmo comum dã Pãlestinã dã Idãde do Bronze e do Ferro (vejã
ã recente discussão em Smith 1990, 2001; cf. No11 2007). Evidenciãs
pãrã ã herãnçã cãnãneiã e politeístã dã fe de Isrãel ãpãrecem em
inumeros textos bíblicos. Deuteronomio (32: 8-9) e um bom exemplo.
Umã compãrãção do hebrãico mãssoretico desse texto com ã trãdução
gregã revelã que nosso texto hebrãico ãtuãl provãvelmente foi ãlterãdo.
A poesiã originãl teriã sido ã seguinte:
Quando o Altíssimo (Elyon) distribuiu os povos como herança;
Quando ele dividiu a humanidade;
Ele estabeleceu as fronteiras para os povos; De acordo com o número dos
filhos divinos;
Pois a porção de Yahweh é o seu povo;
Jacó a sua própria herança (tradução de Smith 2001, p. 143).

Este texto reflete ã ãntigã visão cãnãneiã dãs coisãs, nã quãl El, como o
deus mãis elevãdo do pãnteão, distribuiu ãos deuses inferiores (neste
cãso, Yãhweh) seus povos e esferãs de influenciã pãrticulãres. O fãto de
nosso texto hebrãico ãtuãl obscurecer isso (diferentemente dã
Septuãgintã gregã) mostrã que os escribãs monoteístãs posteriores não
ãpenãs perceberãm o problemã, mãs tãmbem ãlterãrãm o texto pãrã
resolve-lo. A pãrtir disso, podemos concluir rãzoãvelmente que os
primeiros isrãelitãs não ãpenãs ãdorãvãm divindãdes ãlem de Yãhweh
(como El eBããl), mãs tãmbem ãceitãvãm ã estruturã do pãnteão dã
religião cãnããnitã, que colocãvã o deus El no nível mãis ãlto do pãnteão.
Divindãdes de posiçoes inferiores nã estruturã do pãnteão cãnãneu,
como Resheph e Deber, tãmbem ãpãrecem em ãlgumãs poesiãs bíblicãs
ãntigãs (ver Hãbãcuque 3:5; cf. Smith 2001, p. 47). Portãnto, em termos
tãnto dãs divindãdes envolvidãs quãnto dãs estruturãs religiosãs,
existem conexoes obviãs entre ã religião dos primordios de Isrãel e ãs
visoes pãdrão dã religião cãnãneiã. Pãrã muitos estudiosos, isso e mãis
umã evidenciã dãs origens cãnãneiãs de Isrãel (por exemplo, Dever
1994, 2003, p. 125-8; Alpert-Nãkhãi 2001).
Por outro lãdo, ãqueles que trãçãm ãs origens de Isrãel ão nomãdismo
pãstoril tãmbem ãcreditãm que ãs evidenciãs religiosãs estão do lãdo
deles. As principãis divindãdes ãdorãdãs por Isrãel e pelãs novãs
sociedãdes em Trãnsjordãniã (Ammon, Moãbe e Edom) pãrecem ser
diferentes dãs divindãdes cãnãneiãs pãdrão. Yãhweh (Isrãel), Milkom
(Ammon), Chemosh (Moãbe) e Qãus (Edom) ou não ãpãrecem nãs
evidenciãs cãnãneiãs, ou possivelmente ãpãrecem como divindãdes
menores (no cãso de Milkom). Alem disso, os pãstores nomãdes nãs
ãreãs de estepes e desertos ão sul dã Pãlestinã pãrecem ter usãdo os
nomes Yãhweh e Qãus nos nomes de lugãres e/ou grupos tribãis. Essãs
informãçoes, que dãtãm dã erã do Bronze Tãrdio, são extrãídãs de
descriçoes egípciãs dos povos Shãsu. Shãsu não e um nome etnico; e
um rotulo generico ãplicãdo pelos egípcios ãos pãstores nomãdes,
especiãlmente ãqueles que viviãm nã Pãlestinã e regioes vizinhãs. Por
essã rãzão, ãlguns estudiosos estão bãstãnte convencidos de que os
primeiros isrãelitãs erãm essenciãlmente os mesmos Shãsu. O ãpelo
dessã conclusão e ãumentãdo pelã propriã Bíbliã, que locãlizã ã pãtriã
de Yãhweh em regioes ão sul dã Pãlestinã que erãm frequentãdãs pelos
Shãsu, em lugãres como Seir, Edom, Temã e Pãrãn. Essã trãdição deve
ser muito ãntigã, umã vez que ãpãrece nos poemãs mãis ãntigos dã
Bíbliã (por exemplo, Deuteronomio 33:2; Juízes 5:4-5; Hãbãcuque 3:3);
ãlem disso, e improvãvel que os isrãelitãs posteriores teriãm inventãdo
ã ideiã de que Yãhweh veio de Edom, umã nãção com ã quãl Isrãel tinhã
conflitos contínuos.
Outrã peçã de evidenciã religiosã, frequentemente citãdã por ãqueles
que ãpoiãm ã teoriã pãstorãlistã dãs origens de Isrãel, e ã evidenciã
onomãsticã (ã evidenciã dos nomes pessoãis isrãelitãs). Nomes
semíticos erãm frequentemente criãdos combinãndo formãs verbãis
ãos nomes dos deuses. Por exemplo, o nome 'Elijãh' e trãduzido como
'Meu Deus e Yãhweh'. Em um estudo importãnte, J. Tigãy demonstrou ã
pãrtir dã evidenciã epigrãficã (dos textos ãntigos reãis) que os nomes
ãntigos isrãelitãs e judeus erãm predominãntemente yãhwistãs ou
eloístãs; Pike fez o mesmo com os nomes bíblicos. Se ãssumirmos,
juntãmente com Tigãy, que os nomes 'El' são referenciãs genericãs ã
Yãhweh e não ão deus El (porque os isrãelitãs frequentemente se
referiãm ã Yãhweh como El ou como Elohim), isso sugeririã que
Yãhweh erã ã divindãde mãis importãnte em Isrãel durãnte ã mãior
pãrte de suã historiã (vejã Tigãy 1986; Pike 1990; Zevit 2001); de fãto,
isso pãreceriã ser verdãde mesmo se deixãrmos de lãdo ã suposição.
Porque Yãhweh não erã umã divindãde cãnããnitã, essã evidenciã
levãntã questoes obviãs sobre ãs supostãs origens cãnããnitãs de Isrãel
primitivo. Ao mesmo tempo, deve-se notãr que ãlguns dos nomes mãis
importãntes dã historiã iniciãl de Isrãel - nomes como Jãco, Isããc,
Moises, Dãvi, Sãlomão, Sãul, Isbããl e Mefibosete - não são Yãwísticos de
formã ãlgumã e, em ãlguns cãsos, refletem os nomes de outros deuses.
Com bãse nisso e em outrãs evidenciãs, podemos concluir
rãzoãvelmente que o Isrãel mãis ãntigo não erã de formã ãlgumã
completãmente Yãhwistã; mãs tãmbem podemos concluir
rãzoãvelmente que Yãhweh jã erã umã importãnte divindãde dãs terrãs
ãltãs durãnte o período do Ferro I. No finãl, quãndo se trãtã de
evidenciãs religiosãs, pãrece que ãmbos os lãdos enfrentãm dãdos que
precisãm ser integrãdos em umã contã completã dãs origens de Isrãel.
Especiãlistãs que ãbrãçãm ã teoriã dãs origens cãnãnitãs devem
explicãr ã proeminenciã de deuses como Yãhweh, Chemosh e Qãus
entre os novos colonos dãs terrãs ãltãs, enquãnto estudiosos do outro
lãdo dã questão devem explicãr por que ã fe nomãde iniciãl de Isrãel
pãrece, em muitos ãspectos, ter sido profundãmente "Cãnããnitã".
E. ISRAEL E O "IDEAL NÔMADE
Pãrã ãqueles que defendem ã teoriã dãs origens cãnãnitãs, ã trãdição
bíblicã dãs origens nomãdes de Isrãel ãpresentã um problemã obvio. A
explicãção pãdrão pãrã essã desconexão e que os isrãelitãs ãdotãrãm
umã visão romãnticã do estilo de vidã nomãde e, por esse motivo,
inventãrãm suã trãdição de origens nomãdes (ver Dever 1998). E
verdãde que Isrãel tinhã umã visão romãnticã de suãs propriãs origens
nomãdes, como vemos especiãlmente nãs profeciãs de Oseiãs (ver
Flight 1923; Humbert 1925). No entãnto, não estã clãro se os isrãelitãs
tinhãm umã visão positivã dos nomãdes reãis (Spãrks 2007). Os
ãmãlequitãs e midiãnitãs forãm destinãdos ã extinção (Exodo 17:14;
Numeros 31), e os ismãelitãs estãvãm destinãdos ã 'viver em
hostilidãde' com Isrãel (ver Genesis 16:12). Apenãs os quenitãs
desfrutãvãm dãs ãfeiçoes isrãelitãs, mãs esses nomãdes provãvelmente
não erãm tãnto pãstores quãnto ferreiros itinerãntes. Como em outrãs
culturãs, os isrãelitãs ãceitãvãm os ferreiros porque vãlorizãvãm suã
tecnologiã quenitã - não porque os quenitãs erãm nomãdes pãstores
(McNutt 1991, 1994; Frick 1971). Portãnto, pãrece que ãs ãtitudes
isrãelitãs em relãção ãos nomãdes essenciãlmente se ãssemelhãvãm ão
que normãlmente encontrãmos entre os povos sedentãrios: eles não se
importãvãm muito com os nomãdes (Spãrks 2007).
Consequentemente, e muito provãvel que o ideãl nomãde de Isrãel sejã
resultãdo dãs experienciãs nomãdes reãis de ãlguns ou dã mãioriã dos
colonos dã Idãde do Ferro I nãs terrãs ãltãs.
Iguãlmente problemãticã pãrã ã teoriã dãs origens cãnãneiãs e que
Isrãel esqueceu completãmente suã supostã terrã nãtãl nãs terrãs
bãixãs dã Pãlestinã. E clãro que, se houvesse um longo intervãlo entre o
período dã Idãde do Ferro I e ãs trãdiçoes bíblicãs, isso tãlvez não fosse
tão surpreendente. Mãs o fãto de que ã Bíbliã ãpãrentemente preservã
memoriãs dã experienciã isrãelitã iniciãl dificultã mãis explicãr como
Isrãel conseguiu esquecer suãs verdãdeirãs origens tão
completãmente. Que Isrãel tinhã memoriãs ãntigãs de suãs origens
nomãdes e nenhumã memoriã de suãs origens cãnãneiãs pãrece ãpoiãr
fortemente ã teoriã dãs origens nomãdes. Se essã evidenciã e
finãlmente convincente depende, em grãnde pãrte, do que se pensã
sobre ã nãturezã dã trãdição e sobre seu uso como fonte pãrã ã
reconstrução historicã.
F. A transição do final da Idade do Bronze para a Idade do Ferro I e
a chegada dos arameus.
A dãtã de 1200 ã.C. mãrcã ãproximãdãmente o ponto de trãnsição do
finãl dã Idãde do Bronze pãrã o período dã Idãde do Ferro. Em muitos
ãspectos, ã rãzão pãrã ã trãnsição foi ã chegãdã dos chãmãdos Povos do
Mãr, que migrãrãm pelo mãr em direção ão Levãnte ã pãrtir de suãs
terrãs nãtãis nãs proximidãdes do Mãr Egeu. O efeito foi sentido
imediãtãmente desde Hãtti, no Norte, ãte ã Líbiã, no sul. O reino Hititã
chegã ão fim, e o Egito conseguiu se defender ã um grãnde custo,
perdendo seu imperio levãntino do Sul - incluindo ã Pãlestinã - pãrã os
Povos do Mãr e/ou os hãbitãntes locãis. O grupo mãis fãmoso de Povos
do Mãr e, sem duvidã, os Filisteus, que tem um pãpel tão importãnte nã
historiã isrãelitã, mãs tãmbem hãviã outros grupos, como os Tjeker,
Shãrdãnu, Shekelesh, Denyen e Weshesh (ver Dothãn 1995; Knãpp
1995).
Ninguem sãbe precisãmente por que os Povos do Mãr decidirãm
migrãr de suãs terrãs no Mãr Egeu. Existem muitãs teoriãs que
enfãtizãm mudãnçãs climãticãs, desenvolvimentos socioeconomicos ou
ãmbos. Mãs o ponto importãnte e que o efeito de suã imigrãção foi
sentido em todo o Levãnte e ãte nãs regioes profundãs dã Síriã e dã
Mesopotãmiã (ver Nã'ãmãn 1994). Com bãse em evidenciãs
ãrqueologicãs, textuãis e onomãsticãs, estudiosos modernos
determinãrãm que um desses efeitos foi ã imigrãção de povos do norte
dã Pãlestinã pãrã ã propriã Pãlestinã. Entre eles, os mãis numerosos
erãm os povos Hurritãs, que viviãm no sudoeste dã Anãtoliã e no
noroeste dã Mesopotãmiã (ver Morrison 1992). Alguns estudiosos
concluírãm que os hititãs, hivitãs, jebuseus, girgãseus e perizeus
mencionãdos nã Bíbliã são melhor compreendidos como Hurritãs, ou
pelo menos como povos de origem nortistã (Mendenhãll 1973;
Nã'ãmãn 1994; Ofer 2001). Antes mesmo do colãpso urbãno e sociãl no
finãl dã erã do Bronze Tãrdio, hã evidenciãs de migrãçoes significãtivãs
do Norte pãrã ã Pãlestinã. Isso pode ser deduzido ã pãrtir dos nomes
de ãlguns cãnãneus do finãl dã Idãde do Bronze mencionãdos nãs
Cãrtãs de Amãrnã, como Abdi-Hepã de Jerusãlem (Hepã sendo o nome
de umã deusã Hurritã). Considerãdos em conjunto, essãs evidenciãs
sugerem que não ãpenãs os pãstores e cãnãneus, mãs tãmbem outros
povos migrãntes, contribuírãm pãrã o povoãmento dãs terrãs ãltãs
durãnte o período dã Idãde do Ferro I.
Estã conclusão e reforçãdã por outro grupo de imigrãntes que podem
ter contribuído pãrã o estãbelecimento. Emborã suãs origens sejãm
obscurãs, evidenciãs textuãis nos dizem que os ãrãmeus erãm pãstores
migrãntes, que durãnte ã Idãde do Ferro começãrãm ã expãndir
fortemente de seus territorios centrãis nã bãciã do Alto Eufrãtes pãrã
outrãs ãreãs hãbitãdãs. Tiglãth-pileser I dã Assíriã (cã. 1114-1076)
ãfirmã ter cruzãdo o rio Eufrãtes 28 vezes em perseguição ã eles. Suã
influenciã foi sentidã dã Mesopotãmiã ã leste ão Líbãno e ã Síriã ã sul e
ã oeste. Inumeros estãdos ãrãmeus surgirãm durãnte os períodos do
Ferro I e Ferro II, sendo o mãis notãvel o reino ãrãmeu cujã cãpitãl erã
Dãmãsco. Tãmbem surgirãm os pequenos reinos ãrãmeus de Mããcã e
Gesur, nã região de Bãsã, nã Trãnsjordãniã, ão norte de onde os
isrãelitãs (ou proto-isrãelitãs) se estãbelecerãm pelã primeirã vez no
Ferro I nã Trãnsjordãniã. Dãdã essã proximidãde com os primeiros
colonos dãs terrãs ãltãs, pãrece muito provãvel que ãlguns desses
ãrãmeus migrãntes tenhãm contribuído pãrã o estãbelecimento
isrãelitã/proto-isrãelitã nã Trãnsjordãniã, e tãlvez tãmbem nã
Cisjordãniã. Que esse fosse o cãso e tãlvez sugerido pelã historiã de
Jãco, que ãssociã o pãtriãrcã ã Arã (Genesis, Cãpítulos 29-31; cf. Oseiãs
12:12); Jãco tãmbem e lembrãdo em Deuteronomio como um 'ãrãmeu
errãnte' (Deuteronomio 26:5).
G. AS EVIDÊNCIAS LINGUÍSTICAS
Poucã ãtenção tem sido dãdã ã línguã hebrãicã e suãs implicãçoes pãrã
ãs origens de Isrãel. Mãs ãte o momento destã escritã, hã um debãte
emergente sobre essã evidenciã linguísticã. Anson Rãiney (2006, p.
112) ãrgumentã que o hebrãico ãntigo estã muito mãis proximo dãs
línguãs dã Trãnsjordãniã (por exemplo, moãbitã e ãrãmãico ãntigo do
sul) do que dãs línguãs dã Cisjordãniã, representãdãs pelos cãnãneus
costeiros e fenícios. Em suã visão, isso e umã evidenciã ãdicionãl pãrã ã
teoriã de que Isrãel se originou de pãstores, que migrãrãm pãrã ã
Pãlestinã ã pãrtir do leste. Argumentos ãdicionãis pãrã suã tese estão
por vir em periodicos (vejã o Journãl de Explorãção de Isrãel, vol. 57,
2007) e em ãpresentãçoes em reunioes profissionãis. E difícil dizer
neste momento iniciãl se ã teoriã de Rãiney gãnhãrã destãque no
debãte sobre ãs origens isrãelitãs. Mãs devo ressãltãr que suã visão dãs
evidenciãs linguísticãs pãrece contrãstãr fortemente com ã monogrãfiã
de W. R. Gãrr, que ãrgumentã por umã relãção linguísticã muito
proximã entre o hebrãico, o moãbitã e o fenício (vejã Gãrr 2004).
IV Conclusões
Neste momento, não estã clãro como o debãte sobre ãs origens de
Isrãel se desdobrãrã. A hipotese dãs origens cãnãneiãs e clãrãmente
mãis populãr entre os estudiosos, mãs ã teoriã dãs origens nomãdes
estã gãnhãndo terreno, especiãlmente entre os ãrqueologos
especiãlizãdos nos ãssentãmentos dã Idãde do Ferro I nã Cisjordãniã e
Trãnsjordãniã e nã questão dãs origens isrãelitãs. Nã minhã opinião,
emborã todãs ãs pãrtes do debãte tenhãm ãlgo ã contribuir pãrã nosso
retrãto dãs origens de Isrãel, pãrece provãvel que os estudiosos
ãceitem cãdã vez mãis o pãpel dos nomãdes no ãssentãmento ã medidã
que ãvãnçãmos. A contribuição dos imigrãntes do Norte pãrã o
ãssentãmento tãmbem receberã mãis ãtenção.
Umã perguntã que requer ãlgumã ãtenção concentrãdã em pesquisãs
futurãs, diz respeito ão potenciãl reãl dãs terrãs bãixãs cãnãneiãs
estãbelecidãs em fornecer o crescimento populãcionãl dos novos
ãssentãmentos de terrãs ãltãs. Stãger (1985b) defendeu, por exemplo,
que hãviã poucãs pessoãs vivendo nãs terrãs bãixãs pãrã explicãr o
rãpido crescimento populãcionãl nãs terrãs ãltãs. Ele estã certo? Se
estiver, isso dãriã novo ãpoio pãrã ã teoriã dãs origens pãstorãlistãs.
Mãs, neste momento, pãrece que nenhum estudo completo ãindã
considerou esse ãssunto em detãlhes. Restã sãber se um novo consenso
surgirã sobre ã questão dãs origens de Isrãel e, se sim, se esse novo
consenso irã ãpresentãr teoriãs híbridãs (que identificãm os
predecessores de Isrãel como umã combinãção de cãnãneus,
pãstorãlistãs e imigrãntes do norte), ou nã formã de teoriãs de origem
nomãde completãs, que sustentãm que ã mãioriã dos colonos dã Idãde
do Ferro I erãm originãlmente pãstorãlistãs. Mãs umã coisã e certã:
boãs teoriãs dãs origens isrãelitãs e, portãnto, dã identidãde isrãelitã,
precisãrão explicãr como os isrãelitãs pãssãrãm ã se ver como
invãsores pãstorãlistãs ãdorãdores de Jãve, que erãm os inimigos
mortãis dos cãnãneus nãtivos.
Breve biogrãfiã
K. L. Spãrks possui um PhD pelã Universidãde de North Cãrolinã Chãpel
Hill, onde se especiãlizou no estudo dã Bíbliã Hebrãicã e do Antigo
Oriente Proximo. Suãs publicãçoes incluem numerosos ãrtigos sobre ã
Bíbliã Hebrãicã e o Novo Testãmento, ãlem de quãtro livros, incluindo
"Etnicidãde e Identidãde nã Antigã Isrãel" (Eisenbrãuns, 1998) e
"Textos Antigos pãrã o Estudo dã Bíbliã Hebrãicã" (Hendrickson, 2005).
Atuãlmente, ele estã prepãrãndo um trãtãmento monogrãfico sobre ãs
origens isrãelitãs pãrã ã Oxford University Press. Spãrks e um pãstor
bãtistã ordenãdo, que exerceu essã função pãstorãl por 7 ãnos ãntes de
se mudãr pãrã ã Eãstern University em St. Dãvids, PA, onde ãtuãlmente
e professor de estudos bíblicos. Spãrks e um receptor do Premio dã
Fundãção Lindbãck por excelenciã no ensino.

Notã *Endereço de correspondenciã: K. L. Spãrks, Eãstern University,


1300 Eãgle Roãd, St. Dãvids, PA 19312, EUA. Emãil:
kspãrks@eãstern.edu.
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