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23/12/2020 Carbonato de cálcio: saiba mais

Orientação Técnica

Carbonato de cálcio: saiba mais

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22/01/2020 | Atualizado em 22/01/2020

O cálcio é um elemento essencial para o organismo, tem função de regulador na liberação e


armazenamento de neurotransmissores e hormônios, na absorção e ligação de aminoácidos,
na absorção de vitamina B12 e na secreção gástrica. O cálcio é necessário para manter a
função do sistema nervoso, muscular e esquelético, a permeabilidade capilar da membrana
celular, a formação dos ossos e dentes. É ativador de muitas reações enzimáticas, sendo
essencial para a transmissão de impulsos nervosos; contração dos músculos cardíacos, liso e
esquelético; respiração; coagulação do sangue, e função renal.

Embora existam vários fármacos à base de cálcio para reposição do organismo, existem
diferenças entre eles nas vias de administração, proporção de cálcio por grama, velocidade e
quantidade absorvida, sendo às vezes, com indicação terapêutica diferente. Exemplos:

- A administração parenteral de cálcio é útil para corrigir hipocalcemia.

- A suplementação de cálcio oral, em conjunto com a terapia de estrogênio, é eficaz na


prevenção da perda óssea pós-menopausa.

- Em consenso, a Sociedade Norte-americana da Menopausa citou evidências de que, além de


reduzir o risco de osteoporose, a ingestão adequada de cálcio está associada com a pressão
arterial e redução do risco de câncer colorretal, obesidade e nefrolitíase.

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- Carbonato de cálcio é usado no tratamento de hiperfosfatemia em pacientes com


insuficiência renal grave ou associada a hiperparatireoidismo e em estados hipocalcêmicos.

- O uso de cálcio isolado é recomendado na prevenção de doença hipertensiva específica da


gravidez. Ele reduz o risco de pré-eclampsia, principalmente em mulheres com baixa ingestão
de cálcio e naquelas com elevado risco de hipertensão. Diminui também o risco de morte ou
morbidade grave materna. O suplemento de cálcio em crianças sadias não tem fundamento
científico.

Suplementos alimentares não são medicamentos e, por isso, não servem para tratar ou
prevenir doenças. Os suplementos são destinados a pessoas saudáveis. Sua finalidade é
fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à
alimentação. A categoria de suplemento alimentar foi criada em 2018 pela Anvisa para garantir
o acesso da população a produtos seguros e de qualidade. Nessa categoria foram reunidos
produtos que estavam enquadrados em outros grupos de alimentos e foram definidas regras
mais apropriadas aos suplementos alimentares, incluindo limites mínimos e máximos,
populações indicadas, constituintes autorizados e alegações com comprovação científica.

Com essa mudança, alimentos que eram enquadrados como ‘alimentos para atletas’,
‘alimentos para gestantes’, ‘suplementos vitaminicos e minerais’ foram reunidos nessa
categoria. A embalagem do produto deve trazer a expressão “SUPLEMENTO ALIMENTAR”,
seguida da forma farmacêutica que o produto é apresentado. Essa informação deve estar em
caixa alta e negrito. Já o medicamento é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou
elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico;

A Anvisa estabelece os critérios para enquadramento de um produto como medicamento ou


como suplemento alimentar. Por exemplo, a Instrução Normativa Anvisa nº 28/2018, Anexo IV
e V, descreve os limites máximos de cálcio para uso como suplemento alimentar e as
alegações permitidas para o suplemento com cálcio, respectivamente. É possível que haja
suplemento e medicamento contendo a mesma concentração de cálcio por unidade
posológica, mas apenas o medicamento poderá ter indicação terapêutica, pois somente este
produto preencheu os requisitos de segurança e eficácia para este fim, perante à Anvisa.
Portanto, são produtos diferentes.

O carbonato de cálcio possui registro na Anvisa como medicamento. No site da Anvisa é


possível consultar os medicamentos com registro válido: https://bit.ly/2Npe3j5.

Os usos aprovados pela Anvisa são:

- Complemento das necessidades orgânicas de cálcio, em estados deficientes e para o


tratamento de hipocalcemia.

- Prevenção e tratamento da osteoporose.

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Caso o medicamento seja usado fora de tais indicações, será configurado uso fora da bula,
não aprovado pelo órgão regulador, isto é, uso terapêutico do medicamento que a Agência não
reconhece como seguro e eficaz. Nesse sentido, o uso e as consequências clínicas de
utilização dessa medicação para tratamento não aprovado e não registrado é de
responsabilidade do profissional médico prescritor. Esse medicamento está incluído na lista de
Assistência Farmacêutica do SUS na forma de apresentação comprimido 1250 mg
(equivalente a 500 mg de cálcio), e pertence ao Componente Básico da Assistência
Farmacêutica.

Esse Componente é regulamentado pelo Ministério da Saúde; cabe à União, aos Estados e
aos Municípios o financiamento conjunto dos medicamentos fornecidos pelo referido
componente, sendo que os Estados e os Municípios são responsáveis pela seleção,
programação, aquisição, armazenamento, controle de estoque e prazos de validade,
distribuição e dispensação dos medicamentos e insumos desse Componente, constantes da
RENAME, conforme pactuação nas respectivas CIB.

Qual o critério de prescrição entre o medicamento e o suplemento alimentar? Em nenhuma


hipótese, um suplemento alimentar pode apresentar indicação de prevenção ou tratamento de
doenças. Esse tipo de alegação é restrita a medicamentos e precisa ser comprovada por
outros meios.

E o carbonato de cálcio medicamento possui preço registrado na Câmara de Regulação do


Mercado de Medicamentos – CMED? Sim, a CMED tem por finalidade a adoção,
implementação e coordenação de atividades relativas à regulação econômica do mercado de
medicamentos, voltados a promover a assistência farmacêutica à população, por meio de
mecanismos que estimulem a oferta de medicamentos e a competitividade do setor.

Mas no banco de preços público, como diferenciar o medicamento do suplemento alimentar? A


lista de preços máximos permitidos para a venda de medicamentos é disponibilizada para
consulta dos consumidores e é atualizada mensalmente. Além da lista publicada no site da
Anvisa, os consumidores podem consultar revistas especializadas na publicação de preços de
medicamentos, que devem ser disponibilizadas obrigatoriamente pelas farmácias e drogarias.
Essas revistas não devem ser confundidas com o material de publicidade do estabelecimento
e os preços nelas contidos podem ser menores que aqueles da lista da CMED, pois refletem
descontos concedidos pela indústria, mas jamais superiores. Seja consultando a lista da
CMED ou uma revista especializada, caso o consumidor perceba que o preço de um
medicamento em um estabelecimento está superior ao permitido, pode encaminhar denúncia à
CMED (https://bit.ly/2DjSzQN).

O que justifica a diferença de preços nas apresentações de carbonato de cálcio medicamento


e suplemento alimentar? No Brasil a carga tributária incidente sobre medicamentos é de 33,9%
do preço ao consumidor, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação
(IBPT). Um dos fatores que pode ser atribuído é a incidência de impostos sobre os
medicamentos.

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Fontes: Nota Técnica MS N° 271/2013, https://bit.ly/30FtJU1, Instrução Normativa Anvisa nº


28/2018, Anvisa (https://bit.ly/38wOXWR), Conselho Federal de Farmácia
(https://bit.ly/2Rfy6lG)

Consulte aqui normas sobre áreas temáticas da profissão farmacêutica.

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Equipe da Orientação Técnica do CRF/RS

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