Você está na página 1de 15

MANUAL DE

MICRONUTRIENTES
FUNÇÕES, ALIMENTOS FONTE
E SUPLEMENTAÇÃO

E-BOOK

0
2
0
2

DESENVOLVIDO POR:
DANI SEIXAS
JÉSSICA REIS
Autoras

Daniela Seixas
Graduada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestrado e doutorado em
Bioquímica pela UFPR. Pós-doutorado pelo laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de
Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutorado pelo Scripps
Research Institute – SD – CA – Estados Unidos. Pós-doutorado pelo Depto. de Alimentos e
Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Autora do livro
“Compostos bioativos dos alimentos”.

Jessica Reis
Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo. Especialista em Oncologia pelo
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e Mestre em Ciências pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Nutricionista da Oncologia D'or - Rede São Luiz de
hospitais.

1
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

ADEQUAÇÃO NUTRICIONAL

Na análise da qualidade nutricional da alimentação e na elaboração do plano alimentar,


considera-se o atendimento às necessidades de nutrientes e energia, determinadas de acordo
com diversas características como o sexo, estágio de vida, atividade física e composição corporal
de indivíduos saudáveis. Tanto para a avaliação da dieta como para sua prescrição e eventual
suplementação, há valores de referência estabelecidos para cada nutriente.

Em 1941 as recomendações nutricionais (Recommended dietary allowances - RDAs) foram


estabelecidas pela Food and Nutrition Board/National Research Council. As RDAs são
conhecidas como níveis de ingestão de nutrientes essenciais e adequados para atingir as
necessidades nutricionais de indivíduos saudáveis de uma determinada faixa etária e sexo.

Para aperfeiçoar o uso do conceito das recomendações nutricionais, em 1997 O Institute of


Medicine dos Estados Unidos, em conjunto com a agência Health Canada desenvolveram um
conjunto de valores de referência para a ingestão de nutrientes (Dietary Reference Intakes -
DRIs), isto é, recomendações de “Ingestão Diária Recomendada”. Posteriormente, em 2001, as
DRIs foram atualizadas. Vale destacar que, conforme a ciência evolui no campo da nutrição,
essas referências podem sofrer alterações. As DRIs estão disponíveis gratuitamente para
download através do link https://www.nap.edu/download/9956.

A adequação nutricional se baseia em 4 níveis de ingestão:

a) RDA (Recommended Dietary Allowance): mantém o seu conceito inicial da quantidade de


nutrientes suficiente para atender às necessidades diárias da maioria da população (97 – 98%),
obtida pela avaliação do consumo médio e geralmente acrescidas de dois desvios-padrão. A
RDA de um nutriente é um valor a ser usado como meta de ingestão dietética para indivíduos
saudáveis.

b) EAR (Estimated Average Requirement): é o valor médio de ingestão diária, quantidade


suficiente para suprir às necessidades de 50% da população. A EAR é usada na determinação da
RDA e corresponde à mediana da distribuição de necessidades de um dado nutriente para um
dado grupo de mesmo gênero e estágio de vida.

c) AI (Adequate Intake): é também o valor médio de ingestão diária de um nutriente, mas que
ainda não existem evidências científicas suficientes para o estabelecimento de uma RDA/EAR.
“A AI representa uma ingestão (não uma recomendação), que provavelmente excede a atual
(mas não conhecida) necessidade de quase todos os indivíduos saudáveis em um mesmo estágio
de vida e sexo. Frequentemente é maior do que a RDA seria. Se a ingestão habitual de um
indivíduo excede a AI provavelmente está adequada, se estiver abaixo não se pode estimar
quantitativamente essa inadequação”.

2
d) UL (Tolerable Upper Intake Level): é o limite máximo de ingestão diária total de um nutriente,
pelo consumo de alimentos, alimentos fortificados, suplementos e a água. As ULs foram
estabelecidas em função dos efeitos adversos à saúde dos indivíduos e referem-se à ingestão
total de nutrientes ou à ingestão dietética conforme o caso.

PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS PELO NUTRICIONISTA

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) publicou no Diário Oficial da União, a Resolução CFN
nº 656, que trata sobre a prescrição dietética pelo nutricionista de suplementos alimentares e
dá outras providências.

Com a atualização do marco regulatório dos suplementos alimentares pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), o CFN, no exercício das competências previstas em lei, verificou a
necessidade de alinhamento de terminologia ao novo marco regulatório. A Anvisa adotou a
denominação suplementos alimentares para enquadrar seis categorias de alimentos e uma de
medicamento: suplementos de vitaminas e minerais; substâncias bioativas e probióticos; novos
alimentos e novos ingredientes; alimentos com alegações de propriedades funcionais e de
saúde; suplementos para atletas; complementos alimentares para gestantes e nutrizes e
medicamentos específicos sem prescrição médica.

A Resolução CFN nº 656 já está em vigor, revogando a Resolução CFN nº 390, de 27 de outubro
de 2006 e a Recomendação CFN nº 004, de 21 de fevereiro de 2016. A prescrição elaborada
pelo nutricionista pode incluir nutrientes, substâncias bioativas, enzimas, prebióticos e
probióticos, produtos apícolas (mel, própolis, geleia real e pólen), novos alimentos e novos
ingredientes autorizados pela Anvisa para comercialização. Podendo ser
acabados/industrializados ou manipulados. Além disso, a administração deve ser feita
exclusivamente por via oral e enteral (inclui mucosa, sublingual e sondas enterais) apresentados
em formas farmacêuticas.

Especificamente, no Art. 3º da Resolução CFN nº 656, da prescrição dietética de suplementos


alimentares, o nutricionista deve:

I. considerar o indivíduo na sua integralidade, respeitando suas condições clínicas,


biopsicossociais, socioeconômicas, culturais e religiosas;

II. realizar triagem e avaliação nutricional sistematizadas, envolvendo critérios objetivos e/ou
subjetivos que permitam a identificação de deficiências ou riscos nutricionais;

III. considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe


multidisciplinar, definindo com estes, sempre que pertinente, a conduta a ser instituída;

IV. considerar que a prescrição dietética de suplementos alimentares não pode ser realizada
de forma isolada, devendo fazer parte da adequação do consumo alimentar e ser avaliada
sistematicamente;

V. considerar os nutrientes e não nutrientes que possam contribuir para a redução do risco
e para o tratamento de doenças relacionadas à nutrição;

3
VI. considerar as possíveis interações entre nutrientes, não nutrientes, fármacos e plantas
medicinais, bem como reações adversas potenciais, toxicidade e contraindicações;

VII. respeitar os limites de UL para nutrientes e, em casos não contemplados, considerar


critérios de eficácia e segurança com alto grau de evidências científicas;

Conforme descrito em resolução, os nutricionistas podem prescrever suplementos alimentares


conforme sete categorias, são elas:

1. Suplementos de vitaminas e minerais;


2. Substâncias bioativas, enzimas, prebióticos, probióticos;
3. produtos apícolas, como mel, própolis, geleia real e pólen;
4. Novos alimentos e novos ingredientes;
5. Alimentos com alegações de propriedades funcionais e de saúde;
6. Suplementos para atletas;
7. Complementos alimentares para gestantes e nutrizes;
8. Medicamentos Isentos de Prescrição Médica (MIP) à base de vitaminas e/ou
minerais e/ou aminoácidos e/ou proteínas

Além disso, a resolução reforça que a prescrição de fitoterápicos deve ser feita somente por
profissionais habilitados, isto é, nutricionistas com título de especialista em fitoterapia,
conforme a resolução CFN nº 556, de 11 de abril de 2015. Portanto os fitoterápicos,
apresentados na forma isolada ou na forma de extrato são de prescrição exclusiva de
profissionais com título reconhecido pela Associação Brasileia de Nutrição (ASBRAN).

Por fim, o profissional deve respeitar as listas de constituintes autorizados para uso em
suplementos alimentares (anexos I e II da IN Anvisa nº 28/2018 e atualizações) e os insumos
autorizados pela Anvisa para comercialização. Para prescrição de enzimas deve-se indicar a
atividade enzimática em Unidades (Ui) e para probióticos deve-se indicar as Unidades
Formadoras de Colônia (UFC). Também é importante considerar a biodisponibilidade e
segurança na prescrição de substâncias que podem ser encontradas em diferentes formas
químicas.

4
CAPÍTULO 2 - FORMULAÇÃO MAGISTRAL
A formulação magistral diferencia-se do suplemento industrializado por ser preparado em uma
farmácia de manipulação, além de ter um cunho personalizado, isto é, específico para atender
às necessidades individuais do paciente, e devem atender as exigências de qualidade e pureza
para a sua finalidade básica, que é destinado ao tratamento eficaz e seguro, segundo órgãos de
regulamentação nacional.

A grande vantagem de se prescrever uma formulação magistral é poder individualizar o


suplemento conforme as necessidades e objetivos do paciente, levando em consideração:

→ Estilo de vida
→ Uso de medicamentos
→ Patologias
→ Genética (quando conhecida – polimorfismos)
→ Preferências e restrições alimentares
→ Exames laboratoriais
→ Dieta atual/padrão alimentar
→ Biodisponibilidade

Conforme regulamentação do CFN, o nutricionista pode prescrever suplementos, como


vitaminas e minerais, desde que administrador na forma oral. Pata isso, a formulação deve ser
baseada em um composto ativo associado a um coadjuvante, que pode seguir dois aspectos:

1. Coadjuvante terapêutico: auxilia na ação do princípio ativo, seja por sinergismo, reduzir os
efeitos adversos ou aumentar a absorção ou tempo de meia vida do suplemento;

2. Coadjuvante técnico: melhoramento dos aspectos químicos, físicos e físico-químicos


permitindo maior estabilidade das formulações;

Excipientes são substâncias presentes nos medicamentos e suplementos que completam a


massa ou volume especificado. Um excipiente é uma sustância farmacologicamente inativa
usada como veículo para o princípio ativo, ajudando na sua preparação ou estabilidade.
Conhecer os excipientes é de extrema importância no momento de prescrever um suplemento.

Quando o nutricionista não especifica nada, quem irá determinar qual o melhor excipiente é a
farmácia de manipulação. Caso haja alguma restrição (ex: intolerância à lactose), o nutricionista
deve informar à farmácia para que esta o substitua por outra substância.

5
TIPOS DE EXCIPIENTES
Tabela 1: exemplos de excipientes usados na formulação magistral

EXCIPIENTES CARACTERISTICA

• Concentração máxima: não há.


• Incompatibilidade: não há
AMIDO
• Contra indicação: não há
• Concentração máxima: 90%.
• Incompatibilidade: grupo amino (reação de Maillard)
LACTOSE
• Contra indicação: pacientes com intolerância à
lactose
• Concentração máxima: 90%.
MANITOL
• Incompatibilidade: ferro e cobre
• Concentração máxima: não definida.
FOSFATO DE CÁLCIO
• Incompatibilidade: fármacos sensíveis a pH alcalino
DIBÁSICO
derivados da tetraciclina.

Conforme mencionado na resolução CFN nº 656, o nutricionista está apto a prescrever formas
farmacêuticas para administração via oral. Dentre as opções para essa categoria, incluem-se as
formas sólidas, semissólidas e líquidas, conforme descrito na tabela abaixo:

TIPOS DE FÓRMULA MAGISTRAL


Tabela 2: tipos de apresentação para formulações magistrais

FORMA CARACTERISTICA

Cápsulas
Comprimidos
SÓLIDAS
Pó: sachês ou pote com dosador
Pó efervescente
Gomas
SEMISSÓLIDAS
Gel
Solução
LÍQUIDAS Suspensão
Xarope

Especificamente na categoria de formas sólidas, as cápsulas são as mais utilizadas na


suplementação.

6
CÁPSULAS

As capsulas são formas farmacêuticas sólidas no qual o princípio ativo e os excipientes estão em
um invólucro de diferentes tamanhos, que conforme a composição pode ser rígido ou mole.

As cápsulas mais utilizadas são constituídas de gelatina, corantes, antioxidantes e agentes


opacos: apresentam entre 8 a 16% de água. Atualmente existem diferentes tipos de como:
cápsulas de gelatina, cápsulas vegetais, cápsulas gastro-resistentes e sprinkle caps (fácil
abertura).

Dentre as vantagens do uso de capsulas estão:

→ Mascaramento de odor e sabor;


→ Fácil liberação do princípio ativo;
→ Possibilidade de revestimento;
→ Boa estabilidade: proteção contra luz, ar e umidade;
→ Ótima precisão e dosagem;
→ Fácil administração e boa aceitação pelos pacientes;
→ Rapidez na execução;
→ Possibilidade de obtenção de pequenas quantidades;
→ Baixo risco de contaminação cruzada.

Dentre as desvantagens:

→ Não são fracionáveis;


→ Aderem com certa facilidade à parede de esôfago;
→ Dificuldade de uso em crianças e idosos;
→ Incompatibilidade com substâncias higroscópicas

CÁPSULAS VEGETAIS: Vcaps

Vcaps são cápsulas de origem vegetal, ideais para formulações que contenham extratos secos
como fitoterápicos e aminoácidos. Possuem menor quantidade de água em sua composição (em
comparação às cápsulas tradicionais de gelatina).

Vale a pena destacar que a clorofila é um pigmento, se o prescritor colocar “cápsulas de


clorofila” estas podem ser de gelatina ou vegetais. Se for um paciente vegano, por exemplo,
deve-se especificar para a farmácia: “cápsulas vegetais de clorofila”. A principal desvantagem
que as Vcaps oferecem é seu alto custo quando comparada a outros tipos de cápsula.

TAPIOCAPS

As Tapiocaps são fabricadas a partir da fermentação do amido da tapioca. Frequentemente são


recomendadas para ativos altamente oxidáveis, como as vitaminas. Além disso, elas conferem
maior proteção contra a permeabilidade do oxigênio em comparação às cápsulas de gelatina.
Dentre as principais desvantagens estão uma maior susceptibilidade a quebra (as cápsulas são
mais frágeis) e também seu alto custo.

7
DRCAPS

As Drcaps são gastro-resistentes e portanto, seu conteúdo é liberado no intestino. Partindo


desse princípio, pode-se selecionar de modo mais efetivo, os ativos que são melhor absorvidos
pelo intestino e que necessitam de proteção ácido resistente. Comumente são indicadas para
pacientes com refluxo ou que tem efeitos colaterais quando ingerem alguns suplementos
específicos, como por exemplo, o cobre ou doses altas doses de magnésio, que podem ocasionar
sintomas como náuseas.

SPRINKLE CAPS

Em sua tradução, Sprinkle Caps quer dizer “cápsulas de fácil abertura”. Esse tipo de cápsula é
indicado especificamente para o mercado pediátrico, geriátrico ou pacientes com dificuldade de
deglutição. A Sprinkle Caps é uma alternativa à formulação em sachê e estão disponíveis em
polímeros de origem animal e vegetal.

TAMANHO DAS CÁPSULAS

Normalmente a farmácia escolhe o tamanho da cápsula para que o desdobramento não seja
muito alto. Mas é possível informar à farmácia, caso o paciente tenha dificuldade com
deglutição, que faça a escolha por cápsulas menores, mesmo que essa escolha implique em um
número maior de cápsulas.

Imagem 1: demonstração do tamanho das capsulas disponíveis para manipulação


magistral

8
Imagem 2: demonstração da capacidade média e volume médio das capsulas
disponíveis para manipulação magistral

PÓ – sachê

A apresentação na forma de pó é ideal para volumes muito grandes, isto é, quando o


desdobramento em cápsulas é muito alto. A principal desvantagem, dependendo do ativo de
escolha, é a dificuldade em mascarar o sabor, como por exemplo os aminoácidos e alguns
minerais.

PÓS-EFERVESCENTES

O pó efervescente normalmente é caracterizado por uma mistura de ácido tartárico ou ácido


cítrico associado com bicarbonato de sódio. A efervescência se dá através da reação químicas
dos componentes do pó onde o resultado é a formação de gás carbônico, que nada mais é do
que a fuga do gás de uma solução líquida.

Dentre as vantagens de se utilizar essa forma de apresentação, está a melhora do sabor, como
por exemplo, pode-se adicionar um sabor limão à solução, mascarando possíveis sabores dos
nutrientes usados. Além disso, o pó apresenta rápida absorção pois não é necessário a
desagregação da forma farmacêutica e o gás carbônico no epitélio intestinal facilita a
permeabilidade do princípio ativo devido à alteração causada nas junções paracelulares através
do aumento da absorção.

Além disso, com o pó efervescente é possível administrar altas de doses de um composto, pois
nessa forma podem ser colocadas quantidades superiores as que seriam colocadas em cápsulas.

O pó efervescente apresenta ainda uma característica que é a proteção de suplementos


sensíveis à luz, oxigênio e/ou humidade. O suplemento efervescente deve apresentar menos de
0,5% de humidade residual para ser estável. Adicionalmente, embalagens de alumínio também
bloqueiam a entrada de luz e oxigênio, protegendo o suplemento.

Interessantemente, quando há aumento do pH gástrico, especificamente em idosos e em


paciente que fazem uso de inibidores da bomba de prótons (como Omeprazol), os comprimidos
podem passar pelo estômago sem que haja a dissolução completa da forma farmacêutica,
comprometendo a absorção do fármaco. Já a matriz efervescente faz com que os suplementos

9
ingeridos já estejam na forma dissolvida e pronta para absorção, reduzindo a influência do pH
na absorção dos compostos prescritos.

Dentre suas desvantagens estão o custo mais elevado. Para manufatura do pó são necessárias
quantidades elevadas de matéria prima e condições especiais de manipulação. Além disso, os
materiais utilizados não podem ser os convencionais uma vez que estes são sensíveis à
humidade, que conduz à degradação dos suplementos.

Pacientes renais e/ou com restrições de sódio e potássio, não são indicados para receber essa
forma de manipulação pois em sua composição há um elevado teor desses nutrientes.

Por fim, o pó efervescente apresenta um grau instabilidade significativo: se o produto for


exposto à humidade ao longo do seu armazenamento ele se degrada devido à reação e
efervescência, portanto, o prazo de validade é reduzido.

FORMAS LÍQUIDAS

SOLUÇÃO

A solução líquida apresenta um ou mais suplementos/nutrientes dissolvidos em um meio


líquido. A grande vantagem dessa forma de apresentação se dá pela facilidade de administração,
especialmente crianças e idosos. Além disso, sua absorção é mais rápida, uma vez que o
composto já está dissolvido no meio, e isso facilita a absorção.

Dentre as desvantagens das formas líquidas destacam-se uma menor estabilidade dos
componentes da formulação, pois estes estão mais susceptíveis à hidrólise, influenciando
diretamente na estabilidade de prateleira, e adicionalmente é um meio propício para a
proliferação de micro-organismos.

Quando falamos em formulações líquidas, devemos tomar alguns cuidados:

→ Não colocar a dose total do suplemento em apenas 1 gota;


→ Quanto menor o número de gotas, maior a chance de erro;
→ Ideal que a dose seja distribuída em 5 gotas (especificar isto na suplementação) ou
deixar a farmácia escolher;

Um exemplo pode ser dado através da suplementação líquida de vitamina B 12. Quando
administrada na forma líquida, ocorre uma maior degradação da vitamina e dentre os fatores
que favorecem essa degradação estão: tempo de armazenamento, exposição à luz, temperatura
e vitamina C.

SUSPENSÃO

Já a suspensão é uma forma farmacêutica que apresenta duas fases: uma líquida e uma sólida,
também chamada de dispersa ou descontínua. As partículas sólidas são insolúveis na fase
líquida, tendendo a sedimentar. Esse sedimento formado deve ser facilmente redisperso com
agitação vigorosa.

A suspensão permite a viabilidade de um princípio ativo insolúvel na forma líquida, mascarar um


sabor desagradável e uma maior velocidade de absorção quando compara à forma sólida,

10
apresentando seu maior benefício nesse cenário. Quando comparada às soluções, como o
princípio ativo não está dissolvido, este apresenta maior resistência à hidrólise. A maior
desvantagem dessa apresentação é o risco maior de erro no momento de administração.

XAROPE

A apresentação na forma de xarope consiste em preparação aquosa que contém um açúcar


(geralmente sacarose) em concentração elevada. O açúcar confere ação conservante,
edulcorante e viscosidade. A sacarose pode ser substituída por edulcorantes como o sorbitol,
ciclamato de sódio ou sacarina. Os xaropes manipulados sempre têm um prazo de validade
inferior ao industrializado, de aproximadamente 30 dias.

Além disso, faz parte da conduta do profissional, avaliar ao prescrever um suplemento:

i. A quantidade a ser a administrada deve seguir as recomendações nutricionais em


vigência;
ii. Considerar as características do paciente, bem como seus sinais e sintomas clínicos após
avaliação nutricional;
iii. O suplemento deve estar de acordo com as individualidades do paciente;
iv. Deve-se levar em consideração na hora de elaborar ou sugerir uma formulação, as
condições socioeconômicas do paciente, bem como respeitar suas características
biopsicossociais, socioeconômicas, culturais e religiosas.

11
CAPÍTULO 3 - BIOSDISPONIBILIDADE

O termo biodisponibilidade vem da farmacologia e representa a fração de uma droga ou


composto terapeuticamente ativa que atinge a circulação sistêmica e está disponível no local de
ação. Deve-se destacar que diferentes fatores influenciam na absorção dessas drogas e
compostos, e por essa razão, apenas uma fração torna-se biodisponível. Portanto, um mesmo
micronutriente (exemplo: ferro) pode ter diferente biodisponibilidade dependendo da forma
química e características do paciente, como uso de medicamentos e estado nutricional.

BIOSDISPONIBILIDADE NA NUTRIÇÃO

O termo biodisponibilidade voltando ao campo da nutrição ainda não é um consenso, no


entanto, dentre as descrições destacam-se:

1984: “Proporção do nutriente nos alimentos que é absorvida e utilizada, por meio de processos
de transporte, assimilação e conversão para a forma biologicamente ativa”.

1997: “Fração de qualquer nutriente ingerido que tem o potencial para suprir demandas
fisiológicas em tecidos-alvo”.

2006: “Proporção do nutriente que realmente é utilizado pelo organismo”.

Para melhor compreendermos, o ferro se faz um bom exemplo: ao observamos que a DRI para
o ferro é de 8mg para homens com mais de 18 anos; dentro dessas 8mg já está considerada a
sua biodisponibilidade, ou seja, dos 8mg, considera-se que o total absorvido seja de
aproximadamente 2mg. Dessa forma, quando respeitamos essas recomendações, podemos
assegurar que, pela alimentação, esse homem receberá o ferro suficiente para manutenção de
sua saúde.

Vale destacar que, quando falamos de suplementação, deve-se levar em consideração a


biodisponibilidade do composto a ser administrado para garantir a efetividade e o objetivo da
suplementação.

Alguns fatores que interferem na biodisponibilidade dos nutrientes:

→ Genética, como a presença de polimorfismos


→ Fatores ambientais e hormonais
→ Estado nutricional
→ Uso de medicamentos como os inibidores da bomba de prótons, que atuam na
diminuição da biodisponibilidade de nutrientes como vitamina C, vitamina B 12, cálcio,
ferro e magnésio

Suplementos nutricionais comercialmente disponíveis:

O uso de suplementos comercialmente disponíveis contendo todos os micronutrientes que


precisamos e na dose certa é uma proposta comercial atrativa, porém ilusória. Apesar de ser
possível colocar todas as vitaminas e minerais em um único comprimido, sua presença no rótulo
não é sinônimo de biodisponibilidade.

12
Estudos mostram que muitos nutrientes presentes em suplementos prontos nem sequer são
absorvidos, devido à sua forma química (normalmente na forma de um sal inorgânico que é a
forma mais barata e que ocupa menor volume). Além disso, as informações apresentadas no
rótulo atestam apenas a presença do nutriente, o que, de fato, não garante sua
biodisponibilidade.

Nesse cenário, alguns pontos podem ser mais bem explorados, como a interação que ocorre
entre os próprios nutrientes. Algumas interações, especificamente entre os micronutrientes são
bem discutidas, como por exemplo, a presença de cálcio é capaz de diminuir a biodisponibilidade
do ferro, cobre e zinco; e o magnésio diminui biodisponibilidade do ferro.

Além disso, a forma química como esses nutrientes são administrados, também é de extrema
importância; um bom exemplo é o zinco. O zinco quando administrado na forma óxido é menos
biodisponível quando comparado a forma de citrato de zinco, que apresenta maior
biodisponibilidade. Ocorre que, o zinco na forma óxido apresenta massa molar pequena, isto é,
sua massa corresponde a 81,38g/mol, quando comparada a massa do citrato (574,338g/mol).
Nesse cenário, ao utilizar o zinco na forma óxido, a indústria consegue otimizar sua presença
dentro do suplemento, garantindo assim, a presença de praticamente todos os micronutrientes
em apenas uma cápsula.

Figura 1: Estrutura de diferentes formas de zinco

a. b.

O zinco possui diferente massa dependendo da forma química: a) zinco na forma citrato; b)
zinco na forma óxido de zinco. O zinco na forma óxido é mais barato e ocupa um menor
volume, entretanto possui biodisponibilidade menor quando comparado à forma citrato.

Por essa razão, se faz importante conhecer e aprender a manipular um suplemento da maneira
correta, levando em consideração a biodisponibilidade dos nutrientes e a forma química a ser
administrada, para garantir assim, o sucesso da suplementação conforme as necessidades e
particularidades do paciente.

13
Esta é apenas uma amostra do manual,
que na versão completa tem 229 páginas
sobre micronutrientes, suas funções,
avaliação laboratorial e suplementação! Se
você gostou em breve receberá uma oferta
de Black Friday para adquirir o material
completo do curso com um desconto
muito especial!!

14

Você também pode gostar