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RESUMO
Atualmente, um dos produtos mais consumidos pela população brasileira é o adoçante utilizado
para as doenças somáticas e/ou patológicas que necessitam de tratamento e manutenção de
peso. Este trabalho tem como objetivo revisar a literatura científica sobre estudos que assegurem
o consumo dietético dos adoçantes. Tendo sido descrito um plano de terapia para as doenças
crônicas (hipertensão, diabetes e obesidade), verificou-se que os adoçantes estão com
informações complexas e fórmulas associadas e que há poucos estudos encontrados na literatura
científica sobre o consumo do adoçante e a prática segura para prescrição. Tratando-se de um
produto utilizado para auxílio da redução de calorias, são necessárias orientações para o correto
consumo diário. Concluiu-se que as informações obtidas nos rótulos dos adoçantes não são
suficientes e que há pouca informação sobre o consumo indiscriminado.
Palavras-chave: adoçantes; consumo; artificial; sintético; natural; nutrição; prescrição.
ABSTRACT
Currently most of the products consumed by the Brazilian population is the sweetener is to
somatic diseases and / or pathological, requiring treatment and weight maintenance. The
objective of this paper is to review the scientific literature on studies showing that dietary intake of
sweeteners. It has been described as an individual plan therapy for chronic diseases
(hypertension, diabetes, and obesity), and it has been found that the sweeteners are associated
with complex information and formulas. There are few studies in the scientific literature about
sweetener consumption and safe practice for prescription. As it is frequently used to aid in the
reduction of calories, detailed guidelines are necessary for proper daily consumption. We conclude
that sweetener labels do not provide enough information for adequate use, leading people to
indiscriminate consumption.
Keywords: sweeteners; consumption; artificial; synthetic; natural; nutrition; prescription.
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_______________________
INTRODUÇÃO doenças crônicas epidêmicas, como:
hipertensão, diabetes e obesidade.
No Brasil, até meados dos anos 80, o
consumo de produtos dietéticos estava
apenas associado aos portadores de _______________________
distúrbios orgânicos, em especial, o diabetes.
Nessa época, alguns desses produtos eram METODOLOGIA
considerados fármacos pela legislação
brasileira, e, teoricamente, foram Para revisar a literatura, realizou-se busca
nas bases do Medline e Scielo, no período de
comercializados sob orientação médica. O
abril de 2015. Na estratégia de identificação, foi
consumo de adoçantes que, inicialmente, foi utilizada a palavra-chave “adoçante” ou sua
desenvolvido visando atender pessoas correspondente, em inglês. Para melhor
diabéticas, passou então a ser muito sistematização, os textos foram organizados,
consumido pela população em geral, em conforme a natureza de seus objetivos, em duas
busca de perda e controle de peso. Com categorias: composição dos adoçantes, consumo
estes produtos, é possível adoçar os dietético dos adoçantes na hipertensão, na
alimentos sem provocar no organismo efeitos diabetes e na obesidade.
indesejáveis como a obesidade, cáries
dentárias, no caso dos diabéticos a elevação _______________________
da taxa de glicose, na hipertensão arterial, na
RESULTADOS E DISCUSSÃO
regulação e manutenção de peso adequado
que asseguram o controle da pressão arterial 1 - Composição dos adoçantes
(COUTINHO, 2001).
De acordo com a Secretaria de Vigilância
Os adoçantes de mesa são produtos Sanitária, do Ministério da Saúde, normatiza-
formulados especificamente para conferir o se o uso dos "Adoçantes" quanto à
sabor doce aos alimentos, bebidas e produtos denominação e rotulagem. Aprova o
e os adoçantes dietéticos são produtos regulamento técnico referente a adoçante de
formulados para dietas com restrição de mesa e extensão de uso dos aditivos
sacarose, frutose e glicose (dextrose), para intencionais e coadjuvantes de tecnologia.
atender às necessidades de pessoas sujeitas Editou portarias que tratam da fabricação e
à restrição de ingestão desses açúcares que comercialização de adoçantes. Com a nova
devem atender também aos dispositivos do legislação, passou a ser obrigatório constar
Regulamento Técnico para Alimentos para na embalagem desses produtos, informações
Fins Especiais. Os Adoçantes devem ser básicas como a designação genérica de
preparados, manipulados, processados, "adoçante de mesa" para todos os produtos e
acondicionados e conservados conforme as "adoçante dietético" para os que não contém
Boas Práticas de Fabricação (BPF), atender sacarose, frutose ou glicose. Os adoçantes
aos padrões microbiológicos, microscópicos e dietéticos podem ser calóricos ou não
físico-químicos estabelecidos pela legislação calóricos, naturais ou artificiais (MS, 2010).
específica. Quando qualquer informação
nutricional complementar for utilizada, deve 1a) Adoçantes calóricos - contêm 4Kca/g e
estar de acordo com as normas de Informação são classificados em: frutose, manitol, xilitol e
Nutricional Complementar específica (MAHAN. sorbitol (MS, 2010).
L, 2002).
O consumo de adoçantes dietéticos A frutose é um adoçante natural
ainda não está devidamente esclarecido. O encontrado nas frutas e no mel e o consumo
presente trabalho tem por objetivo revisar a excessivo pode causar aumento de
literatura sobre o consumo de adoçantes, nas triglicérides (STELLA, 2010). Ao ser indicado
para dietoterapia de pacientes, deve ser
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ponderal é imprescindível e os indivíduos devem das pessoas com diabetes possuem o tipo 2, do
manter-se num peso de 10% abaixo de seu peso qual resulta sensibilidade diminuída à insulina e
ideal, de uma maneira preventiva. funcionamento prejudicado da célula beta,
resultando em produção diminuída de insulina
Na hipertensão, a dietoterapia consiste em uma (SMELTZER e QUINN, 2001)
dieta restrita em sódio, de baixo valor calórico, na
qual 50% das calorias provêm dos hidratos de As consequências físicas, sociais e econômicas são
carbono. Deve ser dada mais ênfase aos hidratos devastadoras na diabetes, sendo a principal causa
de carbono complexos (amido) do que aos de amputações não-traumáticas, cegueira entre
açúcares concentrados (MAHAN, L.K, 2002). O adultos em idade produtiva. Altas taxas de
conteúdo de proteínas da dieta é normal, com hospitalização para pessoas com diabetes são 2,4
proteínas de lato valor biológico. A dieta deve ser vezes maior entre os adultos e 5,3 vezes maior
moderadamente pobre em gorduras. Sabendo- entre as crianças do que na população em geral.
se que para indivíduos que estão acima do peso
Doenças renais em estágio terminal e diabetes
corporal, a perda de peso é fundamental para a
gestacional, ocorrem em até 14 % das mulheres
regulação e manutenção dos níveis pressóricos
(SMELTZER, CABRAL E CAREY, 2005). A grávidas e aumenta seus riscos de distúrbios
indicação para o consumo de adoçantes hipertensivos durante a gestação (SMELTZER,
dietéticos será um aliado na dietoterapia. USPHS, 2000).
Entretanto, deve-se recomendar a utilização de
adoçantes naturais, evitando os adoçantes com Existem casos de diabetes, que diferem
ciclamato de sódio e sacarina sódica, como forma quanto à causa, evolução clínica e tratamento. O
preventiva de desenvolver uma hipertensão diabetes tipo 1, caracteríza-se pela destruição
sensível ao sódio (AUGUSTO et al, 2002). das células beta, pancreáticas. Acredita-se que
os fatores genéticos, imunológicos e ambientais
combinados, contribuam para a destruição da
célula beta. As pessoas não herdam
2.b) Diabetes Melito propriamente o diabetes tipo 1. Ao invés disso,
elas herdam uma predisposição genética, ou
Diabetes melito é uma doença crônica tendência, no sentido de desenvolver o diabetes
caracterizada por níveis elevados de glicose no tipo 1 (AUGUSTO et al, 2000). Diabetes do tipo
sangue (hiperglicemia), decorrentes dos defeitos 2 é caracterizada pela resistência à insulina e
na secreção e/ ou diminuição da insulina pela secreção de insulina comprometida. A
(SMELTZER, CABRAL E CAREY, 2005). As resistência à insulina refere-se à redução da
pessoas com diabetes têm organismo que não sensibilidade tecidual à insulina. O mecanismo
produzem ou não respondem à insulina, um exato que leva à resistência à insulina e à
hormônio produzido pelas células beta do secreção prejudicada no diabetes do tipo 2, é
pâncreas, que é necessário para o uso ou desconhecido, embora se acredite que os fatores
armazenamento de combustíveis corpóreos genéticos desempenhem algum papel. A
(MAHAN E STUMP, 2002, p. 698-732). resistência à insulina está associada à
obesidade. O tratamento primário do diabetes do
Os efeitos da hiperglicemia a longo prazo, tipo 2 é a perda de peso.
contribuem para complicações macrovasculares
(doença da artéria coronária, doença vascular O exercício é importante na estimulação da
cerebral e doença vascular periférica), eficácia da insulina. Os agentes hipoglicemiantes
complicações microvasculares crônicas (doença podem ser adicionados quando a dieta e o
renal e ocular) e complicações neuropáticas exercício não são bem sucedidos no controle dos
(doença dos nervos) (BODINSKI, 1996). níveis sanguíneos de glicose (SMELTZER,
CABRAL E CAREY, 2005). O diabetes
A prevalência mundial desta doença e gestacional é caracterizado por qualquer grau de
frequencia, localiza-se entre 1% a 2% da intolerância à glicose com seu início durante a
população. Aproximadamente 5% a 10 % das gravidez. A hiperglicemia desenvolve-se durante
pessoas com diabetes possuem o tipo I, na qual a gravidez por causa da secreção de hormônios
a célula beta pancreática desenvolve um placentários, o que provoca resistência à insulina.
processo auto-imune (SMELTZER, CABRAL E Contudo, muitas mulheres que tiveram diabetes
CAREY, 2005). Aproximadamente, 90% a 95 % gestacional desenvolveram diabetes do tipo 2
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