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ADOÇANTES E DOENÇAS CRÔNICAS: REVISÃO DA LITERATURA SWEETENERS


AND CHRONIC DISEASES: REVIEW OF THE LITERATURE

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Thais Bessa Guerra


Instituto de Nutrição do Cérebro e Coração (INCCOR)
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ADOÇANTES E DOENÇAS CRÔNICAS:


REVISÃO DA LITERATURA

SWEETENERS AND CHRONIC DISEASES:


REVIEW OF THE LITERATURE

Thais de Rezende Bessa Guerra


Doutoranda em Ciências Cardiovasculares pela UFF
Universidade Federal Fluminense
Mestre em Ciências Médicas pela UFF
Graduação em Nutrição
Licenciatura em Ciências Biológicas
tcrezende34@gmail.com

RESUMO

Atualmente, um dos produtos mais consumidos pela população brasileira é o adoçante utilizado
para as doenças somáticas e/ou patológicas que necessitam de tratamento e manutenção de
peso. Este trabalho tem como objetivo revisar a literatura científica sobre estudos que assegurem
o consumo dietético dos adoçantes. Tendo sido descrito um plano de terapia para as doenças
crônicas (hipertensão, diabetes e obesidade), verificou-se que os adoçantes estão com
informações complexas e fórmulas associadas e que há poucos estudos encontrados na literatura
científica sobre o consumo do adoçante e a prática segura para prescrição. Tratando-se de um
produto utilizado para auxílio da redução de calorias, são necessárias orientações para o correto
consumo diário. Concluiu-se que as informações obtidas nos rótulos dos adoçantes não são
suficientes e que há pouca informação sobre o consumo indiscriminado.
Palavras-chave: adoçantes; consumo; artificial; sintético; natural; nutrição; prescrição.

ABSTRACT

Currently most of the products consumed by the Brazilian population is the sweetener is to
somatic diseases and / or pathological, requiring treatment and weight maintenance. The
objective of this paper is to review the scientific literature on studies showing that dietary intake of
sweeteners. It has been described as an individual plan therapy for chronic diseases
(hypertension, diabetes, and obesity), and it has been found that the sweeteners are associated
with complex information and formulas. There are few studies in the scientific literature about
sweetener consumption and safe practice for prescription. As it is frequently used to aid in the
reduction of calories, detailed guidelines are necessary for proper daily consumption. We conclude
that sweetener labels do not provide enough information for adequate use, leading people to
indiscriminate consumption.
Keywords: sweeteners; consumption; artificial; synthetic; natural; nutrition; prescription.

CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol.23, N˚49 (JUN 2019) – CIÊNCIAS DA SAÚDE / ISSN 2179-1562

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_______________________
INTRODUÇÃO doenças crônicas epidêmicas, como:
hipertensão, diabetes e obesidade.
No Brasil, até meados dos anos 80, o
consumo de produtos dietéticos estava
apenas associado aos portadores de _______________________
distúrbios orgânicos, em especial, o diabetes.
Nessa época, alguns desses produtos eram METODOLOGIA
considerados fármacos pela legislação
brasileira, e, teoricamente, foram Para revisar a literatura, realizou-se busca
nas bases do Medline e Scielo, no período de
comercializados sob orientação médica. O
abril de 2015. Na estratégia de identificação, foi
consumo de adoçantes que, inicialmente, foi utilizada a palavra-chave “adoçante” ou sua
desenvolvido visando atender pessoas correspondente, em inglês. Para melhor
diabéticas, passou então a ser muito sistematização, os textos foram organizados,
consumido pela população em geral, em conforme a natureza de seus objetivos, em duas
busca de perda e controle de peso. Com categorias: composição dos adoçantes, consumo
estes produtos, é possível adoçar os dietético dos adoçantes na hipertensão, na
alimentos sem provocar no organismo efeitos diabetes e na obesidade.
indesejáveis como a obesidade, cáries
dentárias, no caso dos diabéticos a elevação _______________________
da taxa de glicose, na hipertensão arterial, na
RESULTADOS E DISCUSSÃO
regulação e manutenção de peso adequado
que asseguram o controle da pressão arterial 1 - Composição dos adoçantes
(COUTINHO, 2001).
De acordo com a Secretaria de Vigilância
Os adoçantes de mesa são produtos Sanitária, do Ministério da Saúde, normatiza-
formulados especificamente para conferir o se o uso dos "Adoçantes" quanto à
sabor doce aos alimentos, bebidas e produtos denominação e rotulagem. Aprova o
e os adoçantes dietéticos são produtos regulamento técnico referente a adoçante de
formulados para dietas com restrição de mesa e extensão de uso dos aditivos
sacarose, frutose e glicose (dextrose), para intencionais e coadjuvantes de tecnologia.
atender às necessidades de pessoas sujeitas Editou portarias que tratam da fabricação e
à restrição de ingestão desses açúcares que comercialização de adoçantes. Com a nova
devem atender também aos dispositivos do legislação, passou a ser obrigatório constar
Regulamento Técnico para Alimentos para na embalagem desses produtos, informações
Fins Especiais. Os Adoçantes devem ser básicas como a designação genérica de
preparados, manipulados, processados, "adoçante de mesa" para todos os produtos e
acondicionados e conservados conforme as "adoçante dietético" para os que não contém
Boas Práticas de Fabricação (BPF), atender sacarose, frutose ou glicose. Os adoçantes
aos padrões microbiológicos, microscópicos e dietéticos podem ser calóricos ou não
físico-químicos estabelecidos pela legislação calóricos, naturais ou artificiais (MS, 2010).
específica. Quando qualquer informação
nutricional complementar for utilizada, deve 1a) Adoçantes calóricos - contêm 4Kca/g e
estar de acordo com as normas de Informação são classificados em: frutose, manitol, xilitol e
Nutricional Complementar específica (MAHAN. sorbitol (MS, 2010).
L, 2002).
O consumo de adoçantes dietéticos A frutose é um adoçante natural
ainda não está devidamente esclarecido. O encontrado nas frutas e no mel e o consumo
presente trabalho tem por objetivo revisar a excessivo pode causar aumento de
literatura sobre o consumo de adoçantes, nas triglicérides (STELLA, 2010). Ao ser indicado
para dietoterapia de pacientes, deve ser

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monitorado seu exame de sangue, aspartame, ciclamato de sódio, sacarina


acompanhando os níveis de triglicerídeos, e sódica, stévia e sucralose (ALVARES, M et
glicose (BODINKI, 1996). al, 2007).
O Sorbitol, ou “açúcar de álcool”, é O acesulfame-k é um sal de potássio
composto de álcoois de açúcar obtidos pela sintético obtido a partir de um composto
redução da glicose (sorbitol) e frutose ácido da família do ácido acético que possui,
(manitol). Apresenta o nome cientifico aproximadamente, 125 vezes mais poder
(Couma guianensis) e é utilizado como adoçante, se comparado à sacarose. Possui
alimento há meio século (FONTES, 2010). ainda um sabor residual que se assemelha à
Na indústria alimentícia, é utilizado como glicose. Foi descoberto em 1967 e aprovado
umectante em produtos que necessitam de pela FDA, em 1988. Este adoçante não é
proteção contra a perda de umidade. Na metabolizado pelo organismo humano. Uma
confecção de confeitos como adoçante, é o vez ingerido, ele é eliminado sem
adoçante geralmente utilizado nos chicletes degradação alguma. Pessoas que
"sem açúcar", e, na farmacologia, pode ser necessitam limitar a ingestão de potássio
usado como laxante, quando ingerido em devem ser orientadas pelo médico ou
doses maiores que 50 a 80 gramas, ao dia. nutricionista quanto ao consumo deste
Pode ser consumido por diabéticos (TOSI E produto, sendo monitorado através de exame
SILVA, 2010). bioquímico (COSTA, M. 2007).
Quimicamente, o aspartame é
representado por N-L-alfa-aspartil-L-
O xilitol é obtido pela hidrogenação da fenilalanina 1-metilester. Descoberto em
xilose e é um adoçante que não tem açúcar e 1965, produzido a partir dos aminoácidos
estimula a salivação, fazendo com que ajude fenilalanina e ácido aspártico. Diversos
na proteção contra a cárie. Isso vale estudos relatam sobre a segurança no
principalmente para o chiclete com xilitol, consumo de aspartame, sendo considerado
pois esse adoçante tem uma ação como neurotoxina e como carcinogênico. Por
antibacteriana (FIGUEIREDO, 2010). Este prevenção, recomenda-se que gestantes
adoçante é muito encontrado em goma de evitem o consumo de aspartame ou
mascar. Dificilmente, é encontrado consuma-o em pequenas doses. O
associado aos adoçantes líquidos. Podem metabolismo do aspartame já foi estudado
ser consumidos por diabéticos. em grupos da população, não havendo até o
O manitol é um tipo de açúcar que presente estudo evidências científicas de que
pode ter várias utilizações e características gestantes e crianças metabolizem o
de origem natural, pois é encontrado em aspartame diferentemente de um adulto.
frutas e algas marinhas. O poder do Estimativas de ingestão deste adoçante por
adoçante é a metade do poder do açúcar e diabéticos indicam um consumo considerado
seu consumo em excesso tem efeito laxante. seguro pela Organização Mundial de Saúde
Seu consumo deve acompanhado e (OMS), não prejudicando sua saúde. Os
preferível a outros tipos de adoçantes para refrigerantes “diet” utilizam, em geral, uma
uso diário e quando houver necessidade de mistura de aspartame, sacarina e ciclamato
uso associado a laxantes. Este não é um de sódio. A chance para atingir a dose
alimento encontrado no mercado como máxima desses componentes é,
adoçante dietético (TOSI E SILVA, 2010). praticamente, teórica (SACHS, 2006).
O ciclamato de sódio foi descoberto em
1b) Os adoçantes não calóricos, 1940 e produzido a partir de um derivado do
geralmente, são artificiais (com exceção da petróleo. É identificado na indústria
stévia) e “não fornecem calorias”, forma alimentícia com as siglas E 952, sendo
simbólica, de informar que o produto é de amplamente utilizado na indústria de
baixa caloria. Dentre eles: acessulfame-k, alimentos e farmacêuticos como edulcorante.
Ao ciclamato e a ciclohexilamina (seu

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principal metabolito), são atribuídos efeitos 2.a) Hipertensão


carcinógenos, sendo considerado um
alimento ilegal nos Estados Unidos (1969), A prevalência da hipertensão arterial
Inglaterra (1970), França e Japão, embora está entre 20% e 25% da população adulta,
seja, atualmente, aditivo autorizado pelo nos Estados Unidos (BURT et al., 1995b).
Parlamento Europeu, com restrições. Entre 90% e 95%, apresentam hipertensão
Pessoas com hipertensão e insuficiência primária, os 5% a 10% restantes apresentam
renal devem observar o consumo, devido ao hipertensão secundária (SMELTZER
sódio em sua composição (STELLA, B. KAPLAN, 2001). A incidência da hipertensão
2010). é mais alta no sudoeste dos Estados Unidos,
A sacarina sódica é quimicamente, uma principalmente entre os afro-americanos
Imida o-sulfobenzóica, descoberta em 1879. (SMELTZER, PARKOSEWICH, 2005).
utilizada desde 1900, e produzida a partir de A causa da hipertensão é
um derivado do petróleo (tolueno mais ácido desconhecida ou idiopática ou não
cloro-sulfônico). Este adoçante não é identificada na maioria dos casos
metabolizado: é excretado sem alterações (aproximadamente 92% a 94%), sendo
pelo organismo. Por isso, pessoas com apresentada como hipertensão primária. A
hipertensão e insuficiência renal devem ser hipertensão arterial secundária está
acompanhadas no consumo, devido também relacionada com causas mais específicas,
ao sódio em sua composição (TOSI E SILVA, como estreitamento das artérias renais,
2010). doença renal parenquimatosa,
Stévia é um produto nutracêutico, que possui hiperaldosteronismo (hipertensão
propriedade anti-oxidante, tornando um alimento mineralcorticóide), endócrina e causas
funcional. É extraído da Stevia rebaudiana, variadas. (SMELTZER, CUNNINGHAM,
planta originária da fronteira do Brasil e Paraguai. 2005). O aumento de peso está, com
Em 1887, já havia relatos de seu uso pelos frequencia, associado à elevação da pressão
nativos, mas foi industrializada a partir de 1970, arterial e à redução do mesmo, diminui os
no Japão. Em 1995, o FDA liberou a importação níveis tensionais. O uso de anticoncepcional
da stévia como suplemento dietético e foi aumenta o precursor da renina, em mulheres
aprovado pela vigilância sanitária em 1987, como acima de 35 anos. A obesidade aumentou
agente flavorizante e edulcorante, em várias
muito a incidência de hipertensão arterial
classes de alimentos. Estudos clínicos relatam
que não apareceu nenhuma reação adversa sistêmica de causa secundária. (AUGUSTO,
como a consequencia do consumo de produtos GERUDE, 2002).
com stévia e que atestam a segurança do extrato A meta para o tratamento da hipertensão
de stévia e seus glicosídeos adoçantes, para o consiste em evitar a morte e as complicações ao
consumo humano. Pode ser consumido por atingir e manter a pressão arterial 140/90 mmHg
diabéticos e por aqueles que queiram manter a ou mais baixa. Os achados de pesquisa
forma. Possui alto poder edulcorante e diminui demonstram que a perda de peso, ingesta
sensivelmente a quantidade de kcal dos reduzida de álcool e sódio e atividade física
alimentos e bebidas (ALVARES et al, 2010). regular são adaptações eficazes no estilo de vida
para reduzir a pressão arterial (SMELTZER,
A sucralose é um adoçante desenvolvido APPEL et al., 1997; CUSHUMAN et al., 1998;
em 1976 e aprovado pelo FDA em 1998. Resulta HAGBERG et al., 2001). Estudos mostram que
da troca de 3 átomos de cloro por 3 grupos de dietas ricas em frutas, vegetais e produtos
hidrogênio-oxigênio na molécula de sacarose. lácteos hipolipídicos podem evitar o
Não é metabolizado, sendo eliminado tal como desenvolvimento da hipertensão e reduzir as
ingerido. Pode ser consumido por diabéticos pressões elevadas (ORNELLAS, H, L, 2001).
(FONTES, 2010).
Segundo BODINSKI E MERSEERLI (1996), o
2- Consumo de adoçantes na débito cardíaco, o volume sistólico e o volume
hipertensão, diabetes e obesidade intravascular do obeso, estão elevados, devido
às exigências metabólicas da massa corporal
aumentada. Desta forma, o controle de peso

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ponderal é imprescindível e os indivíduos devem das pessoas com diabetes possuem o tipo 2, do
manter-se num peso de 10% abaixo de seu peso qual resulta sensibilidade diminuída à insulina e
ideal, de uma maneira preventiva. funcionamento prejudicado da célula beta,
resultando em produção diminuída de insulina
Na hipertensão, a dietoterapia consiste em uma (SMELTZER e QUINN, 2001)
dieta restrita em sódio, de baixo valor calórico, na
qual 50% das calorias provêm dos hidratos de As consequências físicas, sociais e econômicas são
carbono. Deve ser dada mais ênfase aos hidratos devastadoras na diabetes, sendo a principal causa
de carbono complexos (amido) do que aos de amputações não-traumáticas, cegueira entre
açúcares concentrados (MAHAN, L.K, 2002). O adultos em idade produtiva. Altas taxas de
conteúdo de proteínas da dieta é normal, com hospitalização para pessoas com diabetes são 2,4
proteínas de lato valor biológico. A dieta deve ser vezes maior entre os adultos e 5,3 vezes maior
moderadamente pobre em gorduras. Sabendo- entre as crianças do que na população em geral.
se que para indivíduos que estão acima do peso
Doenças renais em estágio terminal e diabetes
corporal, a perda de peso é fundamental para a
gestacional, ocorrem em até 14 % das mulheres
regulação e manutenção dos níveis pressóricos
(SMELTZER, CABRAL E CAREY, 2005). A grávidas e aumenta seus riscos de distúrbios
indicação para o consumo de adoçantes hipertensivos durante a gestação (SMELTZER,
dietéticos será um aliado na dietoterapia. USPHS, 2000).
Entretanto, deve-se recomendar a utilização de
adoçantes naturais, evitando os adoçantes com Existem casos de diabetes, que diferem
ciclamato de sódio e sacarina sódica, como forma quanto à causa, evolução clínica e tratamento. O
preventiva de desenvolver uma hipertensão diabetes tipo 1, caracteríza-se pela destruição
sensível ao sódio (AUGUSTO et al, 2002). das células beta, pancreáticas. Acredita-se que
os fatores genéticos, imunológicos e ambientais
combinados, contribuam para a destruição da
célula beta. As pessoas não herdam
2.b) Diabetes Melito propriamente o diabetes tipo 1. Ao invés disso,
elas herdam uma predisposição genética, ou
Diabetes melito é uma doença crônica tendência, no sentido de desenvolver o diabetes
caracterizada por níveis elevados de glicose no tipo 1 (AUGUSTO et al, 2000). Diabetes do tipo
sangue (hiperglicemia), decorrentes dos defeitos 2 é caracterizada pela resistência à insulina e
na secreção e/ ou diminuição da insulina pela secreção de insulina comprometida. A
(SMELTZER, CABRAL E CAREY, 2005). As resistência à insulina refere-se à redução da
pessoas com diabetes têm organismo que não sensibilidade tecidual à insulina. O mecanismo
produzem ou não respondem à insulina, um exato que leva à resistência à insulina e à
hormônio produzido pelas células beta do secreção prejudicada no diabetes do tipo 2, é
pâncreas, que é necessário para o uso ou desconhecido, embora se acredite que os fatores
armazenamento de combustíveis corpóreos genéticos desempenhem algum papel. A
(MAHAN E STUMP, 2002, p. 698-732). resistência à insulina está associada à
obesidade. O tratamento primário do diabetes do
Os efeitos da hiperglicemia a longo prazo, tipo 2 é a perda de peso.
contribuem para complicações macrovasculares
(doença da artéria coronária, doença vascular O exercício é importante na estimulação da
cerebral e doença vascular periférica), eficácia da insulina. Os agentes hipoglicemiantes
complicações microvasculares crônicas (doença podem ser adicionados quando a dieta e o
renal e ocular) e complicações neuropáticas exercício não são bem sucedidos no controle dos
(doença dos nervos) (BODINSKI, 1996). níveis sanguíneos de glicose (SMELTZER,
CABRAL E CAREY, 2005). O diabetes
A prevalência mundial desta doença e gestacional é caracterizado por qualquer grau de
frequencia, localiza-se entre 1% a 2% da intolerância à glicose com seu início durante a
população. Aproximadamente 5% a 10 % das gravidez. A hiperglicemia desenvolve-se durante
pessoas com diabetes possuem o tipo I, na qual a gravidez por causa da secreção de hormônios
a célula beta pancreática desenvolve um placentários, o que provoca resistência à insulina.
processo auto-imune (SMELTZER, CABRAL E Contudo, muitas mulheres que tiveram diabetes
CAREY, 2005). Aproximadamente, 90% a 95 % gestacional desenvolveram diabetes do tipo 2

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mais adiante na vida (SMELTZER, PORTH, epidemia de proporções globais (SILVA,


2002). 2005).
Os pacientes com obesidade estão em
A meta terapêutica para o tratamento do
diabetes é conseguir níveis sanguíneos normais
risco mais elevado para complicações da
de glicose (euglicemia) sem hipoglicemia e sem saúde, como a doença cardiovascular, artrite,
romper gravemente a atividade e o estilo de vida asma, bronquite e diabetes. Com frequência,
usual do paciente (CARVALHAL, 2003). As eles sofrem de baixa auto-estima, imagem
recomendações da “American Diabetes corporal prejudicada e depressão
Association” (1994) sublinham a importância do (SMELTZER, WANGSNESS, 2000).
cuidado nutricional individualizado. Adoçante com Segundo a Organização Mundial de
sucralose pode ser consumido por diabéticos Saúde (OMS), estima-se que haja mais de
(FONTES, 2005). 1,6 bilhões de adultos acima de 15 anos, no
Nutrição, dieta e controle de peso mundo, com excesso de peso, dos quais ao
constituem a base do tratamento do diabetes menos 400 milhões apresentam um quadro
(ORNELLAS, H.L, 2001). O objetivo mais de obesidade clínica. Com base nessa
importante no tratamento dietético e nutricional estimativa, no ano de 2015, 2,3 bilhões de
do diabetes é o controle de ingesta calórica total adultos estão acima do peso e destes, 700
para atingir e manter um peso corporal razoável e milhões são considerados obesos (SILVA,
controlar os níveis sanguíneos de glicose. O 2005).
tratamento nutricional do paciente diabético inclui
uso de adoçantes. Os adoçantes naturais como: O excesso de peso leva a alterações do
frutose, concentrado de suco de fruta, mel, estado de saúde do indivíduo,
xarope de milho. O melaço não tem nenhuma
comprometimento tanto do aspecto físico
vantagem sobre a sacarose, pois fornece 4kcal/
Kg assim como outros carboidratos,que têm ,como mental. A síndrome metabólica é um
apenas uma resposta glicêmica menor. Sorbitol, deles.
manitol e xilitol são polialcoóis comuns que
também têm uma resposta glicêmica menor que A prevalência de sobrepeso e obesidade foi
a sacarose e outros carboidratos. Já a Sacarina, definida a partir do índice de massa corporal,
Aspartame e acessulfame K são adoçantes não mediante a utilização dos pontos de corte,
calóricos, aprovados nos EUA. Todos os ajustados a idade e sexo. A prevalência de
adoçantes não nutritivos, aprovados pela FDA, sobrepeso e obesidade nas regiões é
podem ser usados por indivíduos com diabetes, preocupante a despeito do comportamento dos
inclusive mulheres grávidas. Entretanto, devido adolescentes para prevenir a obesidade
ao fato da sacarina poder cruzar a placenta, (TERRES, PINHEIRO E HORTA, 2006).
outros adoçantes são escolhas melhores
(STELLA, B, 2010). Em estudo realizado, Morgan (2005, p. 149),
constatou que 30% das crianças com excesso de
peso apresentaram perda de controle sobre
2.c) Obesidade alimentação, sintomas depressivos, ansiedade,
distorção do comportamento e insatisfação com o
corpo.
A obesidade é o excesso de tecido
adiposo associado ao aumento de peso A frequencia da obesidade parece depender
(MANNARINO E GERUDE, 2000). É o termo também de fatores sócio-econômicos. Na
aplicado às pessoas que possuem mais de população americana, a prevalência da
duas vezes o seu peso corporal ideal ou cujo obesidade é de quase 18% para famílias com
índice de massa corporal (IMC) excede a 30 renda maior que 150 dólares e ela cai para 8,5%
kg/m2. (MONTERFORTE & TURKELSON, nas famílias com renda menor que 35 dólares, o
2000). que ajuda a explicar a maior prevalência da
obesidade nos países desenvolvidos
A obesidade é considerada doença
(COUTINHO, 2001).
crônica relacionada ao acúmulo excessivo de
gordura corporal e entendida, hoje, como


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Para SMELTZER e HUSSAR (2000, p.1080), desenvolvidos e também nos países


observa-se maior prevalência de sobrepeso em subdesenvolvidos, sobretudo nas regiões
homens e de obesidade em mulheres. Encontra- urbanas, cabe tomar ciência que a melhor
se maior prevalência de obesidade nos homens maneira de reduzir índices de massa corporal, é
brancos e sem diferença no sexo feminino, tomar alguns cuidados com alimentação,
associação inversa com nível educacional em principalmente durante a primeira infância,
mulheres no trabalho e na região Sul. ensinando, por exemplo, que o consumo de
açúcar deve ser feito em pequenas quantidades
O aumento de peso está associado a causas e, se possível, somente após às refeições e,
hereditárias e/ ou genéticas como, por exemplo, quando necessário, iniciar-se o plano terapêutico
a deficiência de leptina-proteína encarregada de com uso de adoçantes naturais (FONTES, 2005).
ajudar o hipotálamo a interpretar que o
organismo está satisfeito. Outro fator que deve
ser considerado, por contribuir para o acúmulo
exagerado de gordura no organismo, é a _______________________
utilização de medicamentos, como corticóides,
psicotrópicos, antidepressivos, anti-histamínico e CONSIDERAÇÕES FINAIS
anticoncepcionais (SILVA, et al. 2005).
Este trabalho teve por objetivo identificar a
Vários estudos científicos já comprovaram composição dos adoçantes e consumo dietético
que a obesidade contribui para o dos adoçantes na hipertensão, diabetes e
desenvolvimento de outras doenças, obesidade. Após a identificação e leitura do
acarretando, portanto, sérios riscos à saúde. material selecionado, buscamos responder às
Dentre elas, diabetes melito tipo II (90% dos perguntas: (1) os adoçantes possuem em sua
portadores são obesos), hipertensão arterial, composição informações que possam ser
diminuição do HDL-c, doenças relacionadas à garantidas aos pacientes portadores de diabetes,
vascularização cerebral, osteoartrite e artroses hipertensão e obesidade?, (2) o consumo
em articulações inferiores e na coluna, dietético de adoçantes é considerado adequado
ocasionadas pelo excesso de peso suportado, por estes pacientes? Da análise dos estudos
fungos e infecções na pele e problemas podemos citar as seguintes evidências:
respiratórios, psicológicos, e distúrbios
(a) Não existem estudos em quantidade e
menstruais (MANNARINO E GERUDE, 2001).
qualidade suficientes que permitam avaliar a
Sendo a obesidade tratada como doença composição dos adoçantes,
multidisciplinar e, para que o quadro de aquisição
b) Ainda em função à composição do adoçante,
de peso reverta-se, é necessário que o paciente
observa-se que apenas as informações nos
tenha um acompanhamento com
rótulos é que asseguram a saúde desta
multiprofissionais entre eles: psicologia, nutrição,
população em estudo, porém muitos
educação física e endocrinologia (SILVA, 2005).
desconhecem suas fórmulas ou não são
O objetivo do tratamento pode ser alcançado orientados quanto ao consumo correto. A
pela redução de consumo de alimentos ou pelo população consome, em geral, a quantidade
aumento do gasto de energia (BONDISKI, 1996). diária que atende a seu paladar, e não à
É recomendado que o consumo de açúcar seja quantidade diária recomendada pelo fabricante,
reduzido, somente 10% das calorias totais sem saber dos riscos do produto se consumido
deverão ser cobertos por açúcares e 45 % em excesso, uma vez que, no rótulo, inexiste tal
destinados aos hidratos de carbono (BONDISKI e informação,
MAYER, 1979). É aconselhável o consumo de
c) Observamos que as patologias abordadas
adoçantes para que se obtenha-se uma dieta
utilizam quase sempre um destes adoçantes para
com menos calorias, podendo assim, oferecer
auxiliar no tratamento dietoterápico.
outros tipos de alimentos ricos em nutrientes,
diversificando alimentos e proporcionando uma d) Os adoçantes, são substâncias com fórmulas
dieta em que o paciente possa habituar-se, como associadas e necessitam de orientações para
forma de recompensa. Sabendo-se que a seu consumo diário seja saudável e adequado.
obesidade é uma epidemia nos países


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CADERNOS DE ESTUDOS E PESQUISAS / Vol.23, N˚49 (JUN 2019) – CIÊNCIAS DA SAÚDE / ISSN 2179-1562

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