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Postado em 17/04/2014
Suplementos alimentares têm sido alvo de muita discussão e resoluções da Anvisa - Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Desde o início do ano, vários lotes de suplementos tiveram
sua comercialização proibida e levantaram a suspeita entre o público de consumidor de que
estes produtos podem se tornar vilões na batalha contra o peso.
Vários são os produtos comercializados como suplementos que, especialmente, tem um apelo
para a melhoria do desempenho físico e padrões estéticos. Nesta perspectiva, a Anvisa
publicou a RDC 18/2010, que atualiza a Portaria 222/1998, intitulada “Alimentos para
praticantes de atividade física”, agora denominada de “Alimentos para Atletas”. As novas
categorias de suplementos propostas são: suplementos hidroeletrolíticos para atletas
(destinado a reposição de eletrólitos e água), suplementos energéticos para atletas (que deve
conter no mínimo 75% do produto na forma de carboidrato), suplementos protéticos para
atletas (10g de proteína na porção e 50% do valor energético total proveniente de proteína),
suplemento para substituição parcial de refeições de atletas (300kcal, distribuídas entre 50-
70% de carboidrato, 13 a 20% de proteína e 30% de lipídios), suplemento de creatina para
atletas (pureza de 99,9% de creatina monoidratada e 1,5 a 3,0g na porção) e suplemento de
cafeína para atletas (grau de pureza de 98,5% de 1,3,7 – trimetilxantina e 210 a 420mg por
porção).
O público alvo deste tipo de produto, o atleta, é caracterizado pela Resolução como o
praticante de exercício físico com especialização e desempenhos máximos com o objetivo de
participação em esportes com esforço muscular intenso, o que restringe o uso deste tipo de
produto entre os praticantes de exercícios físicos diversos. A própria Diretriz da Sociedade
Brasileira de Medicina do Esporte (2009), já evidenciou que, para praticantes de exercícios
físicos sem preocupações com desempenho, uma dieta balanceada, que atenda as
necessidades dadas à população em geral, é suficiente para a manutenção da saúde e
possibilitar um bom desempenho físico.
Elaine lembra que desde o início de 2014 várias reportagens sobre suplementos têm sido
veiculadas na mídia e em janeiro a PROTESTE (Associação de Consumidores
(http://www.proteste.org.br)) divulgou o teste com 20 suplementos proteicos para atletas do
tipo Whey Protei, constatando que apenas seis produtos traziam os valores corretos de
proteína e carboidrato em seus rótulos.
Dos suplementos avaliados 25% (n=5) tinham menos proteínas, 65% (n=13) mais carboidrato e
5% (n=1) menos carboidrato do que os indicados nas embalagens. Considerando a proteína o
nutriente, de maneira geral, mais caro, estes suplementos estavam sendo vendidos por um
preço acima do real valor de mercado do produto, além da propaganda enganosa.
O teste ainda identificou que as maiores variações foram encontradas no Four Whey Protein
(Suplemente - Alimentação Avançada), que continha 844% a mais de carboidrato e 34% a
menos de proteína, no Triple Matrix Whey NO (Body Action) tem 320% a mais de carboidrato e
43% a menos de proteína e no Extreme Whey Protein (Solaris Sports Nutrition) tem 288% a
mais de carboidrato e 30% a menos de proteína. A divulgação ainda destacou que embora a
legislação permita uma variação de 20% para mais ou para menos nas quantidades dos
nutrientes declarados no rótulo, 14 produtos reprovados estavam fora dos parâmetros legais.
O suplemento 100% Whey Gold Standard (Optimun Nutrition) não apresentou a composição
alterada em relação ao informado no rótulo, mas não trouxe rótulo a frase: “Este produto não
substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou
médico”, o que contrataria a determinação da Anvisa. A ausência da frase também foi
encontrada nas embalagens das marcas Elite/Whey Protein Isolate (Dymatize Nutrition), Four
Whey Protein (Suplemente - Alimentação Avançada), Isofort/Whey Protein Isolate (Vitafor) e
100% Whey Xtreme (X-Pharma).
As cinco marcas bem avaliadas em todos os itens foram: Top Whey 3W (Max Titanium), 100%
Pure Whey (Probiótica), Isofusion (Gaspari Nutrition), Whey Protein Isolate (Now Sports) e
100% Whey Fuel (Twinlab).
Embora esta constatação não traga riscos à saúde, as alterações na composição nutricional
podem fazer com que o atleta não alcance o resultado esperado, principalmente se sua
ingestão alimentar for calculada em função dos valores nutricionais fornecidos no rótulo. Em
17 de Fevereiro a Anvisa proibiu quatro Alimentos comercializados para Atletas que continham
fórmulas não autorizadas no país, conforme define a resolução RDC 18/2010. Os produtos são:
Isofast- MHP, Alert 8-hour-MHP, Carnivor e Probolic –SR-MHP. O Carnivor, fabricado pela
empresa MuscleMeds, apresentou teores de Vitamina B12 e B6, acima da ingestão diária
recomendada, o que só é aceito para medicamentos. Desde 1998 a portaria de numero 32
determinou que somente podem ser considerados suplementos de vitaminas e/ou minerais
(combinados ou isolados) produtos que não ultrapassem 100% da ingestão diária
recomendada. Acima destas dosagens são considerados medicamentos.
Além disso, foram encontradas substâncias que não tem comprovação de segurança para o
uso em alimentos: a Glutamina (alfa-cetoglutarato) e a Ornitina (alfa-cetoglutarato e alfa-
cetoisocaproato). Já o Probolic –SR-MHP, fabricado pela Maximum Human Performance Inc.,
foi suspenso por possuir ácido linoleico conjugado, substancia não considerada segura para
uso em alimento. O ácido linoleico conjugado (CLA) foi proibido pela própria Anvisa e os
esclarecimentos publicados em seu Informe Técnico nº 23 de 2007, por existir evidências
científicas obtidas em animais e humanos demonstrando que a suplementação de CLA pode
levar a efeitos adversos como: aumento do fígado, esteatose hepática, hiperinsulinemia,
resistência à insulina, aumento glicemia jejum, aumento do estresse oxidativo, aumento de
marcadores da inflamação e redução de reduz HDL e leptina.
Assim, segundo este informe com o intuito de proteger e promover a saúde da população, o
ácido linoléico conjugado isolado ou como ingrediente alimentar para ser adicionado em
vários alimentos não devem ser comercializados no Brasil como alimento até que os requisitos
legais que exigem a comprovação de sua segurança de uso, mecanismos de ação e eficácia
sejam atendidos.
Além disso, a rotulagem original do Probolic –SR-MHP também indica que o produto possui
aminoácidos de cadeia ramificada, que não devem ser indicados para atletas. No caso do
Isofast- MHP e Alert 8-hour-MHP, também fabricados pela Maximum, os problemas foram a
presença de BCAA (aminoácidos de cadeia ramificada) e Taurina.
No dia 14 de Abril a Anvisa proibiu ainda a venda de lote do suplemento Whey Protein
Optimazer – Cyberform (Resolução RE Nº 1.367/2014, publicada no Diário Oficial da União
(DOU)). A proibição foi anunciada por causa de um aumento de 20% da quantidade de
carboidrato comparada à declarada no rótulo e da presença de fécula de Manihout utilissima
(mandioca) na composição do produto, sendo que o componente não é declarado na lista de
ingredientes, segundo o Instituto Adolfo Lutz que detectou a irregularidade. Sendo assim, a
Anvisa proibiu a distribuição e a comercialização, em todo território nacional, do lote L29 do
produto Suplemento Proteico para Atletas sabor Morango e Banana, marca Whey Protein
Optimazer -Cyberform, fabricado pela empresa JSE Alimentos LTDA, em São Paulo.
Desta forma, fica evidenciado, dois grandes problemas a serem enfrentados pelos órgãos que
legislam a respeito do tema, que fiscalizam a comercialização de suplementos, bem como
pelos profissionais de saúde, especialmente o prescritor nutricionista: a contradição entre a
informação do rótulo e composição nutricional real do produto comercializado como
suplemento e a adição de altas doses de nutrientes ou de substâncias não recomendadas com
segurança para alimentos. É preciso ter critérios rigorosos para a escolha de um suplemento.