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COMPARAÇÃO DOS PERFIS RENAIS E HEPÁTICOS EM PRATICANTES DE


MUSCULAÇÃO QUE FAZEM O USO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS EM
ACADEMIAS

Bruno Prates Silva1, Gilvan Cardoso G.Aguiar1, Kaique Oliveira Fernandes1, Rodrigo
Marques Carneiro1, Valquíria Mendes Barreto1, Tarcísio Viana Cardoso2, Alcimeire
Lima Silva3

1
Graduando (a) do Curso de Biomedicina, CESG/FG, Guanambi – BA. Email: bruno.prs@hotmail.com
2
Fisioterapeuta, Especialista em Saúde Pública e Docência do Ensino Superior, CESG/FG, Guanambi – BA
3
Farmacêutica-Bioquímica, Hospital Hermenegildo Cardoso de Castro, Matina-BA.

RESUMO: A busca por suplementos nutricionais tem se tornado cada vez mais comum entre
os praticantes de atividade física. Muitas vezes, tal consumo é feito sem o acompanhamento
de um profissional da área e pode acarretar graves danos à saúde do usuário. O objetivo deste
trabalho foi comparar os perfis renais e hepáticos em praticantes de musculação do sexo
masculino que fazem uso ou não de suplementos nutricionais em academias. Para realização
da pesquisa foram aplicados questionários em 40 indivíduos, do sexo masculino, com idades
entre 15 e 35 anos em academias que ofereciam atividades físicas diferentes, nas cidades de
Guanambi-BA e Matina-BA. Depois do preenchimento do questionário, os indivíduos foram
separados entre usuários e não usuários de suplementos. As comparações foram feitas através
de exames que avaliam a função renal e hepática (aspartato aminotransferase (AST), alanina
aminostransferase (ALT), creatinina e uréia). Foi demonstrado que jovens adultos com faixas
etárias entre os 21 e 25 anos (52,50%) são os que mais praticam atividades físicas. Com
relação aos suplementos mais consumidos, foram respectivamente: Ricos em proteína (80%),
creatina (55%) suplementos ricos em carboidratos (20%). No que diz respeito à indicação, a
autoprescrição foi a que mais prevaleceu (40%), seguido por indicações de amigos (25%), e
indicação de um personal trainner (15%). Nesse estudo, observou-se um aumento
significativo nos valores sanguíneos de uréia e AST (TGO) e ALT (TGP) sendo que
creatinina não houve aumento significativo, sugerindo assim que a utilização destes
compostos pode alterar a função renal e hepática normal dos usuários estudados, mas não
ultrapassando o valor de referência.

Palavras-chave: Atividade física. Exames bioquímicos. Suplementos alimentares.

COMPARATION OF PROFILES IN RENAL AND LIVER PRACTITIONERS OF


STRENGTH THAT MAKE USE OF NUTRITIONAL SUPPLEMENTS AT GYM

ABSTRACT: The search for nutritional supplements has become increasingly common
among physically active. Frequently, this is absorption done without the use of a professional
monitoring of the area and can cause serious damagers to the health of the user. The aim of
this study was tocompare the profiles in kidney and liver bodybuilders males who do not use
or nutritional supplements at gyms. To conduct the survey questionnaires were administered
in 40 people healthy, male, aged between 15 and 35 years in bodybuilding gyms in cities
2

Guanambi-BA and Matina-BA. After completing the questionnaire, the participants were
divided between users and nonusers of supplements. Comparisons were made using methods
that evaluate renal and hepatic function (aspartate aminotransferase (AST), alanine
aminostransferase (ALT), creatinine and urea). It has been shown that young adults between
the ages of 21 and 25 (52.50%) are the most engaged in physical activities. With regard to
supplements, most consumed were: Rich in protein (80%), creatine (55%) and high in
carbohydrates (20%). With regard to the statement, the auto prescription was the most
prevalent (40%), followed by referrals from friends (25%), and indication of a personal trainer
(15%). In this study, we observed a significant increase in blood levels of urea and AST
(SGOT) and ALT (SGPT) whereas creatinine did not increase significantly, suggesting that
the use of these compounds can alter renal function and hepatic function of the users studied
but not exceeding the value of reference.

Keywords: Biochemical tests. Dietary supplements. Physical activity.

INTRODUÇÃO

As academias têm sido procuradas cada vez mais por indivíduos que pretendem
melhorar a sua saúde, perder peso, ganhar massa muscular ou melhorar aparência. No entanto,
os praticantes de atividades físicas procuram uma maneira mais rápida para conseguir esses
resultados, e fazem muitas vezes uso indevido de alguns suplementos.
Segundo a ANVISA (2012), o seu uso indiscriminado pode causar graves danos à
saúde por conterem nutrientes que não são seguros para serem consumidos como alimento, ou
ainda conterem substâncias com propriedades terapêuticas, que não podem ser consumidas
sem acompanhamento médico.
De Acordo com Mcardle (2008) recursos ergogênicos é um procedimento ou recurso
nutricional, físico, mecânico, psicológico ou farmacológico capaz de aperfeiçoar a capacidade
de realizar um trabalho físico ou um desempenho atlético.
Atualmente, a utilização de suplementos ergogênicos é um fato que cresce a cada dia,
diferentes produtos são colocados no mercado com a promessa de aumentar a massa
muscular, ‘‘queimar’’ excesso de gordura corporal e aumentar o desempenho esportivo
(TIRAPEGUI, 2009). A propaganda diária desempenha uma forte influência sobre as pessoas,
incentivando as ou fazendo as acreditar que há necessidade de complementar a dieta, no seu
dia a dia, com suplementos nutricionais (CORRIGAN; KAZLAUSKAS, 2003).
Em estudo feito por Rocha & Pereira (1998), alguns indivíduos relataram que, com o
consumo de suplementos obtiveram além do efeito desejado, também outros benefícios como
"mais disposição e resistência" e “mais saúde e confiança em si mesmos", no entanto, outros
afirmaram que tiveram "problemas renais e hepáticos", "diminuição do desempenho sexual",
"tonteira, enjoos, insônia e acne", entre outros distúrbios.
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De acordo com Carvalho (2010), a ingestão exagerada de proteínas na dieta está


diretamente relacionada com a produção de uréia e sabe-se que a excreção da mesma é
controlada pelo rim. Sendo assim, o uso inadequado desses suplementos pode ocasionar uma
sobrecarga renal ao ser excretada.
Segundo Carmo (2009) o uso indiscriminado de suplementos de natureza ergogênica
não é recomendado para indivíduos com problemas hepáticos, renais e hipertensos. Se forem
usados de forma excessiva e sem orientação profissional, os produtos podem causar
sobrecarga hepática e renal, desidratação, perda de cálcio e gota, além de efeitos
gastrointestinais, como diarréia e edema abdominal.
Moraes (2007) apud Oliveira et al. (2010), indica que a atividade física é qualquer
movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resultam em gastos
energéticos maiores do que o dos níveis de repouso.
A atividade física deve ser feita regularmente para a prevenção de doenças
coronarianas, bem como um controle rigoroso da pressão sanguínea, melhoria dietética para
diminuir o colesterol sérico, controle de peso e abandono no hábito de fumar (NIEMAN,
1999; THOMPSON, 2009 apud LEGNANI, 2011).
Há poucos trabalhos que oferecem informações sobre o consumo destes produtos
pela sociedade em geral. Sendo assim, espera-se que os resultados aqui encontrados sirvam de
apoio para profissionais que lidam com treinamento e consumo de suplementos alimentares.
O princípio da pesquisa consistiu nas análises das consequências que o uso de
suplementos nutricionais pode causar na saúde dos praticantes de atividades físicas. Neste
contexto, objetivou-se com a realização da presente pesquisa, comparar os perfis renais e
hepáticos dos praticantes de musculação que fazem o uso de suplementos nutricionais.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho está baseado em pesquisas realizadas nas cidades de Guanambi e


Matina, ambas situadas no sudoeste baiano, e com população 78.833 e 11.145 habitantes
(IBGE, 2010) respectivamente. A coleta dos dados foi realizada no período compreendido
entre os dias 16 de março a 27 de abril de 2013. Foram realizados estudos quantitativos e
descritivos que se valeram de um questionário semiestruturado com 12 perguntas
exclusivamente para os consumidores de suplementos alimentares.
As amostras foram selecionadas de forma aleatória e os indivíduos foram
classificados entre usuários e não usuários de suplementos nutricionais. Participaram dos
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estudos 20 indivíduos que fazem uso de suplementos alimentares e 20 que não fazem o uso,
sendo todos do sexo masculino, com idades entre 15 e 35 anos. Os responsáveis pelas
academias preencheram as fichas de identificação e os consentimentos de autorização das
coletas de dados para darem informações gerais sobre as mesmas.
A aplicação do questionário buscou analisar os perfis dos consumidores de
suplementos com questões pertinentes sobre os mesmos (faixa etária, tipos de suplementos
consumidos nas academias, a associação de um ou mais produtos simultaneamente, sua
frequência, quantidade e o tempo de uso, indicação de consumo, entre outras).
Os critérios utilizados para a escolha das acadêmicas foram: oferecer atividades
físicas como musculação e que tivessem uma maior quantidade de usuários de suplementos
alimentares.
Os praticantes de musculação foram abordados na entrada e na saída das academias,
em diferentes horários do dia e em diferentes dias da semana. Aqueles que preencheram
voluntariamente o formulário de pesquisa foram chamados de participantes neste estudo.
A coleta do material (sangue) para a realização dos exames aconteceu em um
laboratório clínico de uma instituição privada que serve como campo de estágio para os
alunos da referida instituição e no laboratório do Hospital Hermenegildo Cardoso de Castro
situado na cidade de Matina - BA.
Para Avaliação dos Soros Sanguíneos, os voluntários permaneceram em jejum nas
12 horas anteriores e não poderiam ingerir carnes vermelhas em excesso, fazer uso de bebidas
alcoólicas e de medicamentos antes da coleta do sangue (amostra de 05 ml) através da punção
venosa, no horário ocorrido entre as 07 e 09 horas da manhã, tomando assim todas as
preocupações de assepsia. O sangue foi coletado em tubos de ensaio a vácuo sendo os
mesmos identificados e posteriormente centrifugados a 3.500 rpm por 10 minutos para
separação dos soros.
Foram feitos 04 tipos de exames: Aspartato aminotransferase (AST), alanina
aminostransferase (ALT), Creatinina e uréia sérica todos foram realizados em duplicata e
usando controles. Sendo feito a pipetagem dos mesmos e dos soros de acordo com o manual
de instruções do kit da Bioclin, utilizando-se métodos espectrofotométricos, cujas
absorbâncias foram determinadas no aparelho bioquímico (Bioplus® 2000).
Após a coleta dos dados, houve uma sistematização dos resultados que foram
devolvidos para cada voluntário em estudo. Por se tratar de um estudo que envolve seres
humanos, foi aplicado um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), elaborado
segundo os aspectos relativos à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
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Foi realizada uma estatística descritiva (média) para comparar os perfis hepáticos e
renais dos voluntários do estudo. Utilizou-se de um programa de planilha eletrônica para
amostras independentes através do Office Excel 2007 da Microsoft® versão for Windows 7.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Observou-se no presente estudo para a variável idade que, entre praticantes de


musculação com idades entre 15 a 35 anos, houve uma maior predominância de jovens
adultos nas academias entre 21 a 25 anos, representando 52,50% do total de entrevistados.
Outra faixa etária de maior importância foi observada entre as idades de 15 a 20 anos no qual
foram preenchidos 27,50% (Figura 1).

Figura 1 - Variação da idade dos praticantes de musculação (%)

60,00% 52,50%

50,00%
40,00% 27,50%
30,00%
20,00% 12,50%
7,50%
10,00%
0,00%
15 ~ 20 21 ~ 25 26 ~ 30 31 ~ 35
Faixa etária

Fonte: Dados da pesquisa

As ocorrências na maior parte dos frequentadores entre as idades de 21 a 25 anos


podem indicar que esses jovens adultos são mais influenciados aos apelos da sociedade por
um corpo mais definido, e estariam mais preocupados com a estética. Confirmando dessa
forma o que dizem ( LOLLO & TAVARES, 2004; HIRSCHBRUCH & CARVALHO, 2002)
Estes dados corroboram com Pedrosa et al. (2010) onde expõem em seus estudos
que, a maior parte dos praticantes de atividades físicas em academias de Porto Velho
Rondônia tem entre 21 e 25 anos (34%).
Em outro estudo feito por Linhares & Lima (2006) em academias de Goytacazes no
Rio de Janeiro, foi possível verificar a predominância da utilização dos suplementos
alimentares por jovens entre 18 a 23 anos representando um percentual médio de 49%.
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Carvalho & Orsano (2006), na cidade de Teresina-PI, verificaram-se que (53%) dos
consumidores de suplementos tem entre 18 e 23 anos.
Esses dados fizeram parte de uma pergunta subjetiva, por tal fato os números
somados são maiores que o número da amostra, por existirem praticantes que fazem uso de
mais de um suplemento simultaneamente (Figura 2).
Observou-se que os principais suplementos utilizados entre os praticantes de
musculação, são suplementos alimentares à base de proteína com um percentual de (80%),
seguido por creatina (55%) (Figura 2).

Figura 2- Suplementos mais utilizados entre os praticantes de musculação (%)


80,00%
80,00% 55,00%
60,00%
40,00% 20,00% 20,00%
10,00% 5,00%
5,00%
20,00%
0,00%

BCAA - Aminoácidos de Cadeia Ramificada


Fonte: Dados da pesquisa

Segundo Haraguchi et al. (2006), as proteínas solúveis do soro do leite que se


encontram no whey protein apresentam um excelente perfil de aminoácidos, caracterizando-as
como proteínas de alto valor biológico. Além disso, o leite favorece a liberação de hormônios
anabólicos como, por exemplo, a insulina, que apresenta uma rápida absorção e digestão
intestinal, o que proporciona elevação na concentração de aminoácidos no plasma, que por
sua vez estimula a síntese protéica nos tecidos. Deve-se salientar que a Sociedade Brasileira de
Medicina do Esporte (SBME, 2009) recomenda um máximo de até 1,8g/kg/dia de proteínas.
Para Powers (2009), a alimentação a base de creatina pode aumentar a massa
corporal, devido, à provável retenção de água do que a síntese proteica. Peres (2009), afirma
que este é sem dúvida um dos suplementos alimentares mais estudados pela comunidade
científica ultimamente abordando os possíveis efeitos colaterais desta suplementação,
especialmente no que se refere à saúde renal.
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No estudo feito por Pereira & Cabral (2007), observou-se que o suplemento mais
utilizado foi à base de proteína e aminoácidos, talvez por acreditarem que suplementos à base
de proteínas aumentam a massa muscular.
Em outro trabalho, realizado por Goston (2008) na cidade de Belo Horizonte- MG
verificou-se que (38%) consumiam suplementos à base de proteínas. Gomes et al. (2008)
apontou em seus estudos que os mais consumidos foram BCAA, whey protein (proteína do
soro do leite) e maltodextrina. Alencar et al. (2010), em academias de Ouricuri-PE, observou
que proteínas e aminoácidos (28%) foram o mais consumido entre os praticantes de
musculação.

Figura 3 - Fonte de indicação suplementar (%)


40,00%
40,00%

30,00% 25,00%

20,00% 15,00%

5,00% 5,00% 5,00% 5,00%


10,00%

0,00%

Fonte: Dados da pesquisa

Quando se questionou sobre quem orientou o uso dos suplementos, as informações


foram diversas, sendo que a autoindicação foi a que prevaleceu (Figura 3).
Ao contrário do que se pensa seguir somente as instruções do rótulo não é o
suficiente, haja vista que cada indivíduo possui necessidades específicas que fazem muita
diferença. A quantidade de suplemento varia conforme o peso, a alimentação e a prática de
exercícios diários por pessoa, devendo ser assim prescritos por médicos ou nutricionistas.
De acordo com dois estudos realizados em academias de diferente regiões do país
Soares et al. (2010) e Goston (2008) constatou-se a predominância da autoprescrição.
Garrido et al. (2007) em academias de Vitória da Conquista-BA verificaram em seu
trabalho que 52% dos entrevistados utilizavam suplementos a partir da autoindicação. Ao
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passo que no estudo realizado com frequentadores de uma academia em Recife (Pereira &
Cabral, 2007), 48,2% foram indicados por instrutores da academia.
Pereira et al. (2003), ressaltam em seus estudos que as fontes mais utilizadas de
recomendações de suplementos foram a de instrutores e professores (31,1% das fontes de
indicação).
Em outro estudo similar, Pedrosa et al. (2010) afirma que (30%) dos entrevistados
foram indicados por instrutores da academia, refletindo assim um percentual preocupante,
visto que nenhum instrutor de musculação possui capacitação para prescrever a utilização dos
suplementos.
Neste estudo, observou-se que ocorreu um aumento significativo nos valores
sanguíneos de uréia (26,1mg/dL e 32,1 mg/dL) para grupo de não usuários e grupo usuário,
(Figura 4). Deve-se salientar que duas amostras ultrapassaram os valores de referência de
uréia que varia entre (10mg/dL a 50 mg/dL) e uma em creatinina (0.4mg/dL a 1.3mg/dL).

Figura 4 - Indicadores das funções renais (mg/dL)

Fonte: Dados da pesquisa

Segundo Fettman & Rebar (2004) apud Lanis et al, (2008) a uréia é um dos índices
que avaliam a filtração glomerular, logo a sua maior parte é excretada na urina através da
filtração nos glomérulos.
Para Lehninger et al. (2002) embora seja um marcador da função renal, a uréia é
considerada menos eficiente do que a creatinina pelos diferentes fatores não renais que podem
afetar sua concentração.
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Apesar dessas limitações, o nível de uréia ainda serve como um índice preditivo da
insuficiência renal sintomática e no estabelecimento de diagnóstico na distinção entre várias
causas de insuficiência renal. Avaliando a uréia juntamente com a creatinina, torna- se
favorável no diagnostico diferencial das causas de danos renais.
No exame de creatinina não foram evidenciadas diferenças significativas (0,91
mg/dL e 1,11 mg/dL) para não usuários e usuários. Para Motta (2009), a creatinina é
produzida como resultado da desidratação não enzimática da creatina muscular. Por sua vez, é
sintetisada no fígado, rim e pâncreas e é transportada para as células musculares e cérebro,
onde é fosforilada a creatina-fosfato (substância que atua como reservatório de energia).
Embora a creatinina seja um bom marcador renal, é necessário um acompanhamento
dos valores da mesma em longo prazo, já que seus valores aparecem aumentados somente
quando se tem um comprometimento de 50% da função da renal.
Ferreira (2008) avaliou a função renal de usuários de suplementos à base de creatina
e encontrou alterações significativas em uréia e creatinina.
Os dados obtidos neste estudo corroboram com Carvalho (2010), onde obteve
aumento significativo da uremia, em ratos Wistar que faziam ingestão oral de recursos
ergogênicos nutricionais.
Outro estudo, realizado por Gualano et al. (2008) utilizou altas doses de creatina (10
gramas/dia) durante três meses em indivíduos saudáveis praticantes de atividades aeróbicas.
Em nenhum dos indivíduos houve alterações em marcadores das funções renais.

Figura 5 - Indicadores das funções hepáticas (U/L)

Fonte: Dados da pesquisa


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Para avaliação de possíveis danos hepáticos, foram dosadas as atividades das


enzimas séricas AST e ALT, onde se observou variação significativa, nos valores sanguíneos
de AST (24,5U/L e 33,4U/L) e ALT (19,4U/L e 26,9U/L) para grupo de não usuário e grupo
usuário (Figura 5).
Deve-se ressaltar que três amostras saíram do valor de referência em AST que varia
entre (12U/L a 46U/L), e outra amostra em ALT, (03U/L a 50U/L).
As enzimas aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminostransferase (ALT),
são enzimas que estão em grandes quantidades no citoplasma dos hepatócitos. Quando há
uma lesão ou destruição das células hepáticas, há um aumento dessas enzimas na circulação.
Quando há um dano leve a forma predominante no soro é citoplasmática, elevando o
ALT, enquanto em lesões graves há liberação da enzima mitocondrial, com aumento do AST.
Esta diferença tem ajudado nos diagnósticos e prognósticos de doenças hepáticas (MOTTA,
2009).
Esses dados corroboram com Ferreira (2008) que expõe em seus estudos que teve um
aumento de AST e ALT, porém permaneceram na faixa de normalidade. Já Carvalho (2010),
não observou variância significativa entre AST e ALT em seu trabalho.

CONCLUSÕES

Embora a literatura apresente controvérsias e indiquem, de forma geral, que os


efeitos dos suplementos podem causar algum problema renal ou hepático, o presente estudo
não pôde chegar a essa conclusão, pois não houve um acompanhamento dos praticantes por
um período de tempo maior para avaliar, de fato, as alterações orgânicas.
Foram encontradas diferenças entre praticantes que fazem e os que não fazem uso de
suplementos, onde os que ingeriam diariamente apresentaram um aumento nos resultados de
creatinina, uréia, AST e ALT, comparados aos que não faziam o uso. Estudos mostram que
uma maior ingestão de aminoácidos promove aumento dos níveis de uréia sanguíneos, em
função da metabolização dos grupamentos amina. Os dados obtidos neste estudo corroboram
este fato, já que 80% dos entrevistados utilizavam Whey Protein, e foi observado um aumento
significativo da uremia. Apesar dessas diferenças, os resultados obtidos se encontravam
dentro dos valores de referências, porém a utilização desses suplementos de forma inadequada
e crônica pode causar um dano renal ou hepático em longo prazo.
Deve-se salientar que os usuários ainda não têm total conscientização sobre o
conteúdo dos suplementos e os efeitos colaterais da sua ingestão. Sugerindo assim um
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acompanhamento com implementação de programas de educação alimentar juntamente com


profissionais da saúde como médicos, nutricionista, educador físico, biomédicos entre outros,
como uma forma de proteção para os praticantes de musculação em academias.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, aos nossos familiares, à equipe do Laboratório do Hospital


Hermenegildo Cardoso de Castro, situado na cidade de Matina – BA, ao Laboratório de
análises clínicas de Guanambi-BA pelo suporte proporcionado e ao professor Tarcísio Viana
Cardoso pela seu empenho, dedicação e profissionalismo.
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