Você está na página 1de 6

Vol.29,n.2,pp.

75-80 (Jan – Mar 2017) Revista UNINGÁ Review

PLANTAS COM ATIVIDADE ANTIFÚNGICA NO


TRATAMENTO DA CANDIDÍASE: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
PLANTS WITH ANTIFUNGAL ACTIVITY IN THE TREATMENT OF CANDIDIASIS:
A LITERATURE REVIEW

JÉSSICA DA SILVA RAIMUNDO1*, CLEYTON EDUARDO MENDES DE TOLEDO2


1. Acadêmica do curso de graduação em Farmácia da Uningá - Centro Universitário Ingá; 2. Professor Doutor do Curso de Graduação em Farmácia do
Centro Universitário Ingá (UNINGÁ).

* Rua Octávio Sonni, 191, centro, Jandaia do Sul, Paraná, Brasil, CEP: 86900-000. jessica.raimundo@hotmail.com

Recebido em 06/10/2016. Aceito para publicação em 16/12/2016

RESUMO passing year are more resistant to antifungal front available.


This means that there is need for research on plants, in search
A candidíase consiste em uma infecção causada por leve- of antifungal activities. Herbal medicine for several years has
duras do gênero Candida. Essas infecções podem ser agu- been successfully used. In the pharmacological field, this is a
das ou crônicas, localizadas ou sistêmicas. O agente mais means promissory, because the adverse effects of medicinal
comum das candidíases é o fungo dimórfico Candida albi- plants and herbal medicines are inferior to synthetic medicines.
cans, que é a segunda causa mais frequente de vulvovagini- We describe in this article the main medicinal and related
te e candidose oral. Assim este trabalho objetivou investi- plants with antifungal activity in candidiasis, their respective
gar a produção cientifica sobre plantas com atividades an- pharmacological properties, popular names and main phyto-
tifúngicas sobre leveduras do gênero Candida. Durante os chemicals constituents. Among them are: cinnamon, pome-
últimos anos observou-se o crescimento das infecções cau- granate, rosemary, chile boldo, guava, basil, oregano, lemon,
sadas por fungos, cada ano que passa estão mais resistentes burdock, calendula, propolis, mastic and braúna.
frente aos antifúngicos disponíveis no mercado. Isto faz
com que haja necessidade de pesquisas em plantas, na KEYWORDS: Candidiasis, medicinal plants, antifungal
busca de atividades antifúngicas. A fitoterapia há vários activity.
anos vem sendo utilizada com sucesso. No campo farmaco-
lógico, este é um meio promitente, pois as reações adversas
das plantas medicinais e fitoterápicos são inferiores em 1. INTRODUÇÃO
relação aos medicamentos sintéticos. Descreve-se neste ar-
tigo as principais plantas medicinais e correlatos com ati- A candidíase consiste em uma infecção causada por
vidade antifúngica na candidíase, suas respectivas propri- leveduras do gênero Candida, constituído de aproxima-
edades farmacológicas, nomes populares e principais cons- damente 200 espécies. É a segunda causa mais frequente
tituintes fitoquímicos. Dentre elas estão: canela, romã, ale- de vulvovaginite no período máximo de menstruação da
crim, boldo do chile, goiabeira, manjericão, orégano, limão mulher, sendo ainda mais prevalente durante a gravidez.
siciliano, bardana, calêndula, própolis vermelha, aroeira e A espécie mais comum é a Candida albicans, responsá-
braúna.
vel por 85% dos casos de candidíase vulvovaginal1.
PALAVRAS-CHAVE: Candidíase, plantas medicinais, A infecção fúngica oportunista endógena mais fre-
atividade antifúngica. quente é a candidíase, por isso ocorre somente em teci-
dos de hospedeiros que apresentam comprometimento de
seus sistemas específicos e inespecíficos de defesa, cau-
ABSTRACT sando significante mortalidade e morbidade. Além des-
ses grupos, a infecção por Candida acomete crianças e
Candidiasis is an infection caused by yeast of the genus Can- idosos devido à maior sensibilidade1,2.
dida. These infections can be acute or chronic, localized or
Estudos comprovam que a candidíase possui maior
systemic. The most common agent of candidiasis is the di-
morphic fungus Candida albicans, which is the second most atração por pacientes imunocomprometidos, visto que a
frequent cause of vulvovaginitis and oral candidiasis. This baixa na imunidade, mesmo após tratamento, poderá
study aimed to investigate the scientific production of plants apresentar recidivas3. Os pacientes imunocomprometidos
with antifungal activities on Candida yeasts. During the last possuem uma maior probabilidade de serem acometidos
years have seen the growth of infections caused by fungi, each por infecções fúngicas, assim como os indivíduos por-

ISSN online 2178-2571


Raimundo & Toledo / Uningá Review V.29,n.2,pp.75-80 (Jan - Mar 2017)

tadores de leucemia, linfoma, diabetes mellitus e sín- de C. albicans como um modelo para o desenvolvimento
drome da imunodeficiência adquirida4. do estudo celular fúngico têm estimulado os avanços em
Atualmente houve um crescimento das resistências nossa compreensão da epidemiologia da candidíase, a
das leveduras do gênero Candida frente aos antifúngicos patogênese da doença, a genética e a bioquímica de C.
disponíveis no mercado. Isto faz com que haja necessi- albicans10
dade de pesquisas em plantas, na busca de atividades
antifúngicas. Sabe-se que os antifúngicos disponíveis no 3. DESENVOLVIMENTO
mercado, na maioria das vezes, apresentam limitação de
uso, demonstradas pelas reações indesejadas apresenta- Candidíase vaginal
das pelos usuários, também pelo aumento da resistência A maioria, se não todas as mulheres, apresenta o
dos microrganismos, ocasionada pelo uso indiscriminado fungo Candida na região vaginal em algum momento de
de antimicrobianos nos tratamentos de doenças infecci- suas vidas. Normalmente as leveduras, presentes na re-
osas, o que acaba procedendo em uma alta taxa de reci- gião vaginal, não manifestam sintomas ou sinais de va-
diva5. ginite e apresentam uma baixa concentração do fungo. A
Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi in- infecção causada por Candida spp. atinge 70-75 % das
vestigar a produção cientifica sobre plantas com ativi- mulheres pelo menos uma vez durante a vida, sendo
dades antifúngicas sobre leveduras do gênero Candida, mais frequente em mulheres jovens na idade reproduti-
além de verificar o mecanismo de ação e efeitos colate- va11. Cerca de 40 a 50 % das mulheres irão vivenciar
rais dos principais medicamentos em uso no tratamento uma recorrência, das quais 10 a 20 % com infecção mais
da candidíase. grave e 5 a 8% delas apresentarão candidíase vulvova-
ginal recorrente com quatro ou mais epsódios ao longo
2. MATERIAL E MÉTODOS do ano12,13. Entre 85 e 95 % das cepas isoladas da vagina
são pertencentes à espécie C. albicans. Das espécies
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada atra- não-albicans, C. glabrata e C. tropicalis são as mais
vés de revisão bibliográfica do tipo exploratória descri- comuns. Essas espécies não-albicans são frequentemente
tiva, baseada em pesquisa de livros, e artigos científicos, mais resistentes ao tratamento convencional e são res-
nas bases de dados EBSCO, SCIELO, LILACS, GOO- ponsáveis por mais de 33 % dos casos de recorrência da
GLE ACADÊMICO, referentes às plantas com atividade doença11,13.
antifúngica sobre leveduras Candida, mecanismo de Durante os últimos anos observou-se, então, o cres-
ação e efeitos colaterais de medicamentos atuais utiliza- cimento das infecções causadas por fungos. Desde os
dos no tratamento da candidíase. anos 90 tem-se observado que a maioria das infecções
As infecções fúngicas ou micoses abrangem algumas causadas por fungos vem do gênero Candida e cada ano
das doenças humanas mais comuns como as dermatofi- que passa está mais resistente frente aos antifúngicos
toses, até infecções sistêmicas mais graves e debilitantes. disponíveis no mercado14.
De forma geral, tais infecções podem ser divididas em A infecção mais comum do trato geniturinário femi-
cinco grupos principais: infecções superficiais ou mico- nino são as vulvovaginites, na qual a principal é a candi-
ses saprofitárias, cutâneas ou dermatomicoses, subcutâ- díase vaginal, ocasionada por leveduras comensais que
neas, sistêmicas e oportunistas que desenvolvem seu habitam a mucosa vaginal. A principal espécie envolvida
poder patogênico a partir de distúrbios do sistema imu- na etiologia das infecções fúngicas é a Candida albicans,
nodefensivo do hospedeiro6. Nesta última encontra-se a um fungo saprófita, que dependendo das condições pode
candidíase, cujo termo se refere a gama de infecções se mutltiplicar por esporulação, tornando-se patogênico,
causadas por espécies de fungos do gênero Candida, diante disto, hoje a candidíase não é considerada uma
pertencentes à classe Deuteromycetes. Essas infecções doença sexualmente transmissível. Ela pode ocorrer
podem ser agudas ou crônicas, localizadas ou sistêmicas quando o sistema imunológico está mais debilitado ou
e no caso de Candidíase disseminada, ela pode ser fatal6. quando ocorre um desequilíbrio da flora vaginal15,16.
O agente mais comum das candidíases é o fungo di- Os principais sintomas da candidíase vulvovaginal
mórfico C. albicans, que é um organismo comensal que são pruridos na região intima, ardência na vulva, inchaço
compõem parte da microbiota da pele, apêndices cutâ- leve dos lábios vaginais, corrimento espesso esbranqui-
neos, mucosas dos tratos digestivos e genitourinários dos çado, pode ocorrer também dor durante relação sexual,
seres humanos7. Algumas vezes, ela pode ser encontrada secreção grossa, dor ao urinar, lesões na região da vagina,
no ambiente, inclusive solo, bebidas e comidas, prova- ressecamento da pele da vulva. Esses sintomas são
velmente refletindo uma contaminação de fonte humana acentuados durante o período pré-menstrual. É impor-
ou animal8. C. albicans podem ser detectadas como mi- tante saber que esses sinais e sintomas não são específi-
crobiota normal em cerca de 50 % dos indivíduos9. A cos, pois, muitas infecções vaginais são assintomáti-
importância médica dessas infecções e o valor científico cas15,17.

ISSN online 2178-2571


Raimundo & Toledo / Uningá Review V.29,n.2,pp.75-80 (Jan - Mar 2017)

A candidíase pode ser desenvolvida por fatores pre- riáveis, desde quadros localizados, como as estomatites,
disponentes, tais como, a gravidez, diabetes, roupas até formas graves e generalizadas23,24.
apertadas ou de material sintético, uso de antibioticote- O tratamento da candidíase orofaríngea
rapia, anticoncepcionais hormonais, sabonetes íntimos não-complicada é normalmente fácil de ser realizado,
pois podem alterar o pH vaginal e ocasionar algumas diferentemente dos casos mais graves, particularmente,
doenças, dentre elas a candidiase, uso de duchas vaginais em pacientes com sistema imune comprometido, ou os
e até mesmo alguns fatores climáticos17. casos refratários. Recaídas são comuns e, a menos que
Diferentemente da candidíase oral, casos com C. al- condições subjacentes que predispõem à infecção sejam
bicans resistente são raros, entretanto, as espécies gerenciadas efetivamente, terapias longas ou intermiten-
não-albicans não seguem esse mesmo padrão. Cerca de tes são necessárias24. A terapia inicial da candidíase oral
metade das cepas de C. glabrata isolada de casos de é realizada com nistatina e miconazol de uso tópico.
candidíase vulvovaginal recorrente mostrou reduzida Caso não surta efeito, inicia-se o uso sistêmico de flu-
sensibilidade ao fluconazol em comparação à C. albi- conazol e anfotericina B25,26.
cans. C. krusei isolada da região vaginal, embora resis-
Antifúngicos tradicionais comercializados no
tente ao fluconazol e à flucitosina, responde bem ao
brasil para tratamento da Candidíase
ácido bórico e outros azóis13. Nos EUA, onde candidíase
vulvovaginal é a segunda causa de infecção vaginal, O Ministério da Saúde em 2010, sugeria como trata-
logo atrás da vaginose bacteriana, o diagnóstico e o tra- mento os seguintes medicamentos: isoconazol (nitrato),
tamento dessa doença resultam em gastos de mais de um como segunda escolha, tioconazol. Outras substâncias
bilhão de dólares/ano18. também são eficazes: Clotrimazol, Miconazol, Tercona-
O diagnóstico dessa infecção fúngica tem extrema zol, Nistatina, fluconazol, anfotericina B e voriconazol.
importância, sabendo-se que, deve evitar o tratamento Destaca-se que a escolha do antifúngico deve estar ba-
excessivo dessa patologia, pois a maioria das queixas de seada nos aspectos epidemiológicos da instituição, tendo
prurido genital e corrimento vaginal é tratado como uma em vista que, as espécies de Candida já apresentam um
vulvovaginite sem mesmo ter a certeza do diagnóstico 19. certo grau de resistência27.
Já Goodman & Gilman 2012, adverte uma terapia
Candidíase oral
atualizada em razão da resistência cada vez maior do
A candidíase ou candidose oral é uma infeção fúngi- fungo. Sendo ela, utiliza-se por via tópica: butoconazol,
ca, que incide devido à manifestação de leveduras do clotrimazol, miconazol, nistatina, tioconazol e terconazol,
gênero Candida, localizadas em condições habituais da e por via oral fluconazol28.
cavidade bucal. Dentre as espécies de Candida existen- A tabela 1 mostra os principais antifúngicos comer-
tes, a prevalente na cavidade bucal é a Candida albi- cializados no Brasil para tratamento da candidíase, seus
cans5,20. respectivos mecanismos de ação e efeitos tóxicos.
Na maioria das vezes, a candidíase oral é identificada Tabela l. Principais antifúngicos utilizados no tratamento da candidía-
através da descamação do epitélio bucal, acompanhada se.
de placas brancas sobre a mucosa. Essa infecção é co- FÁRMACO MECANISMO PRINCIPAIS EFEITOS
DE AÇÃO COLATERAIS
mum em idosos usuários de próteses dentaria, em crian- TÓXICOS
ças, mais conhecida como “sapinho”, em pacientes por- IMIDAZÓIS E Inibe a esterol Sensação de queima-
tadores de diabetes mellitus. O uso de antibióticos, cor- TRIAZÓIS 14-α-desmetilase que ção, irritação e prurido
(cetoconazol, tioco- consequentemente local, leves e transitó-
ticoides, quimioterapia, sondas e cateteres podem causar nazol, fluconazol, compromete a bios- rios.
modificações no sistema imunológico sendo favorável voriconazol, clotri- síntese do ergosterol Fluconazol é terato-
mazol, tercona- da membrana plama- gênico em animais e
para invasão fúngica desenvolvendo assim a candidía- zol)28,29. tica, prejudicando as foram relatados raros
se5,21. A disfunção das glândulas salivares, com pouca funções de alguns casos de hepatotoxi-
sistemas enzimáticos cidade. Voriconazol
secreção de saliva, também é uma importante causa de ligados a membrana, apresenta como efeitos
candidíase bucal22. O aumento da prevalência de outros inibindo dessa ma- adversos, distúrbios
grupos de pacientes imunocomprometidos, desordens neira o crescimento visuais transitório,
dos fungos. Os rash cutâneo e au-
endócrinas comuns como o diabetes mellitus e deficiên- triazóis sistêmicos mento na atividade das
cias nutricionais também contribuem para a ocorrência são metabolizados transaminases hepáti-
lentamente e exer- cas.
da candidíase bucal como um problema relativamente cem menos efeitos
comum23. sobre a síntese de
esteróis humanos que
Pacientes HIV positivo desenvolvem candidíase bu- os imidazóis15.
cal como uma das primeiras e mais comuns manifesta-
ções, sendo muitas vezes um indicador da presença da NISTATINA30 Mecanismo de Diarréia, distúrbios
ação é semelhante gastrintestinais, en-
AIDS e um marcador da progressão da doença. Os da anfotericina B joos e vômitos.
achados clínicos na candidíase da boca são bastante va- e é altamente Erupções cutâneas e
tóxica quando urticaria esporadi-

ISSN online 2178-2571


Raimundo & Toledo / Uningá Review V.29,n.2,pp.75-80 (Jan - Mar 2017)

usada por via camente foram re- linoleico.


sistêmica. latadas. É intensa-
mente tóxica quan-
do utilizada por via Ocimum Manjericão Inibe o crescimento de Tanino, flavonoides,
sistêmica. basilicum25,33 fungos. saponinas, cânfora,
no óleo essencial a
ANFOTERICINA Faz ligação com a Febre, calafrios, presença de euge-
B29,30. porção esterol, cefaléia, náusea, nol, cineol, pireno e
primeiramente o vômito, mal-estar, linalol.
ergosterol da flebite nos locais de
membrana dos infusão periférica, Origanun Orégano Tem ação no metabo- Óleo essencial com
fungos sensíveis, distúrbios gastrin- vulgare L.2,33,35 lismo do fungo. presença de carva-
onde os agentes testinais. Disfunção col, borneal, cineol e
polietilenicos renal durante o tra- terpineno.
formam poros ou tamento, redução
canais que au- permanente de fil- Citrus limon2,33 Limão Inibe crescimento de Bioflavonoides,
mentam a per- tração glomerular, siciliano fungos rutina, óleo essenci-
meabilidade da hepatotoxicidade. al rico em limoneno,
membrama, linalol, citral e
permitindo o furanocumarinas.
extravasamento
de constituintes Arctium lappa Bardana Inibe crescimento Inulina, óleo essen-
celulares e morte L.19,33 fúngico. cial, lapatina, fu-
celular. quinona e glicosí-
Fonte: Raimundo JS. deos.

Calêndula Calêndula Inibe crescimento Óleo essencial,


Plantas medicinais com atividade antifúngica e officinalis fúngico. carotenoides, fla-
L.19,33
vonoides, mucila-
potencial uso no tratamento da Candidiase gens, saponinas e
resinas.
Depois da descoberta dos antifúngicos da classe azois,
houve uma diminuição dos efeitos colaterais durante o Apis milife- Propulis Inibe a divisão celular, a Flavonoides
ra36,37 vermelha replicação do DNA.
tratamento das infecções fúngicas, porém, esse trata-
mento vem se fracassando com o tempo devido a resis- Schinus tere- Aroeira Ação anti-inflamatória, Taninos, biofla-
tência da Candida frente a esses antifúngicos. Diante binthifolia cicatrizante e antimi- vonoides, ácidos
raddi33,38 crobiana para fungos e triterpenicos e óleo
dessa resistência, houve a necessidade de pesquisadores bactérias. essencial formado
estudarem novas substâncias capazes de eliminar esses por sequiterpenos.
fungos, nestes estudos inclui-se as plantas medicinais30,31. Schinopsis Braúna Inibe crescimento Taninos, flavonoi-
A tabela 2 mostra as plantas medicinais com atividade brasiliensis fúngico. des, fenóis, triter-
Engl.16 penos, esteroides e
antifúngica na candidíase, suas respectivas propriedades polifenois.
farmacológicas, nomes populares e principais consti- Fonte: Raimundo JS.
tuintes fitoquimicos.
Tabela 2. plantas medicinais com atividade antifúngica na candidíase. 5. CONCLUSÃO
PLANTA NOME PROPRIEDADES PRINCIPAIS
MEDICINAL POPULAR FARMACOLOGICAS CONSTITUINTES
As espécies de Candida vem se apresentando cada
Cinnamomum Canela Tem ação do composto Eugenol. vez mais resistente frente aos antifúngicos sintéticos.
zeylanicum31 tras-cinamaldeido que
interage com a ace- Diante desse fato, a busca e pesquisas por produtos na-
til-CoAcarboxilase dos turais com ação antifúngica eficaz frente a esses micror-
fungos, promovendo
assim a morte celular.
ganismos resistentes vem aumentando e se mostrando
necessária para a terapia da candidíase. A fitoterapia há
Punica gra- Romã Inibição do crescimento Alcaloides, taninos vários anos vem sendo utilizada com sucesso. No campo
natum30,32,33 dos microrganismos. gálicos.
farmacológico, este é um meio promitente, pois as rea-
Rosmarinus Alecrim Sensibiliza a bicamada Terpenos, cineol, ções adversas das plantas medicinais e fitoterápicos são
officinalis fosfolipidica da mem- α-pineno e cânfora.
L.30,34 brana celular, causando inferiores em relação aos medicamentos sintéticos26,39.
um aumento na perme-
abilidade e perda de
constituintes intracelu- REFERÊNCIAS
lares vitais. Promovendo
uma redução no conte- [01] Peixoto JV, Rocha MG, Nascimento RTL, Moreira VV,
údo de ergosterol dos Kashiwabara TGB. Candidiase - uma revisão de literatura.
fungos. Revista BJSCR 2014; 8(2):75-82.
Peumus boldus Boldo do Inibição do crescimento Barbatusina, ciclo- [02] Abrantes MR, Lima EO, Medeiros MAP, Menezes,
Benth4,33 chile fúngico. barbatusina, cario- Guerra FQS, Milan EP. Atividade antifúngica de óleos
cal. essenciais sobre leveduras Candida não albicans. Rev.
Psidium gua- Goiabeira Inibe crescimento de Óleo volátil rico em
java20,33 fungos. bisaboleno, ses-
Bras. Farm 2013; 94(3):227–233.
quisterpenos e ácido

ISSN online 2178-2571 Openly accessible at http://www.mastereditora.com.br/review


Raimundo & Toledo / Uningá Review V.29,n.2,pp.75-80 (Jan - Mar 2017)

[03] Shiozawa P, Cechi D, Figueiredo MAP, Sekiguchi LT, [19] Glehn EAV, Rodrigues GPS. Antifungigrama para com-
Bagnoli F, Lima SMRR. Tratamento da candidíase vagi- provar o potencial de ação dos extratos vegetais hidro-
nal recorrente: revisão atualizada. Rev. Arq Med Hosp glicolicos sobre Candida sp. (Berkhout). Rev. Bras. Pl.
Fac Cienc Med Santa Casa 2007; 52(2):48-50. Med. 2012; 14(3):435-438.
[04] Lima IO, Oliveira RAG, Lima EO, Farias NMP, Souza [20] Menezes TOA, Alves ACBA, Vieira JMS, Menezes SAF,
EL. Atividade antifúngica de óleos essenciais sobre es- Alves BP, Mendonça LCV. Avaliação in vitro da ativi-
pécies de Candida. Rev. Bras. Farmacog. Brazilian dade antifúngica de óleos essenciais e extratos de plantas
Journalof Pharmacognosy 2006; 16(2):197-201. da região amazônica sob a cepa de Candida albicans. Rev.
[05] Abílio VMF, Mesquita BS, Silva ED, Carvalho FVQ, Odont. da UNESP 2009; 38(3):184-191.
Macêdo LLA, Castro RD. Atividade antifúngica de pro- [21] Castro RD, Lima EO. Atividade antifúngica dos óleos
dutos naturais indicados por raizeiros para tratamento de essenciais de sassafrás (ocotea odorífera vell.) e alecrim
candidíase oral. Rev. Cub. Est. 2014; 51(3):259-269. (rosmarinus officinalis L.) sobre o gênero de Candida.
[06] Gompertz OF, Gambale W, Paula CR, Corrêa B. Mico- Rev. Bras. Pl. Med. 2011; 13(2):203-208.
logia especial e clínica. In: Trabulsi, L.R., Alterthum, F. [22] Develoux M, Bretagne S. Candidiasis and yeast infec-
(eds.) Microbiologia. Atheneu 2004; 4(1):473-50. tions. EMC-Maladies Infectieuses 2005; 2(1):119-139.
[07] Galván B, Mariscal F. Epidemiología de la candidemia [23] Soysa NS, Samaranayake LP, Ellepola ANB. Cytotoxic
en UCI. Revista Iberoamericana de Micología 2006; drugs, radiotherapy and oral candidiasis. Oral Oncology
23(1):12-15. 2004; 40(1):971-978.
[08] Matthews R, Burnie J. The epidemiology and pathogene- [24] Epstein JB, Polsky B. Oropharyngeal Candidiasis: A
sis of candidiasis: applications in prevention and treat- Review of Its Clinical Spectrum and Current Therapies.
ment. Bulletin de l'Institut Pasteur 1998; 96(1): 249-256. Clinical Therapeutics 1998; 20(1): 40-57.
[09] Naglik JR, Challacombe SJ, Hube B. Candida albicans [25] Almeida LFD, Canti YWC, Viana WP, Lima EO. Scree-
secreted aspartyl proteinases in virulence and pathogene- ning da atividade antifúngica de óleos essenciais sobre
sis. Microbiology and Molecular Biology Reviews 2003; Candida albicans. Rev. Bras. Cienc. Saude 2011;
76(1):400. 14(4):51-56.
[10] McCullough MJ, Ross BC, Reade PC. Candida albicans: [26] Paiva LCA, Ribeiro RA, Pereira JV, Oliveira NMC.
a review of its history, taxonomy, epidemiology, vir- Avaliação clínica e laboratorial do gel da Uncaria to-
ulence attributes, and methods of strain differentiation. mentosa (unha de gato) sobre candidíase oral. Rev. Bras.
International Journal of Oral and Maxillofacial Surgery farmacog. 2009; 19(2A):423-428.
1996; 25(1):136-144. [27] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em
[11] Watson C, Cala BH. Management of recurrent vulvo- saúde. Departamento de vigilância epidemiológica. Do-
vaginal candidiasis: Comprehensive review of conven- enças infecciosas e parasitarias: guia de bolso / Ministé-
tional and non-conventional methods of management of rio da saúde, secretaria de vigilância em saúde, departa-
recurrent vulvovaginal candidiasis. Australian and New mento de vigilância epidemiológica – 8. Ed. rev. – Brasí-
Zealand Journal of Obstetrics and Gynaecology 2007; lia: ministério da saúde, 2010. 444 p.: ll. – (série B. Tex-
47(1):262–272. tos básicos em saúde).
[12] Battaglia F, Mariani L, Anglana F, Millite V, Quattrini M, [28] Brunton LL, Chabner BA, Knollmann BC. As bases
Plotti F, Tomao F, Plotti G. Vuvovaginal candidiasis: a farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman.
terapeutic appoach. Minerva Ginecologica 2005; AMGH editora ltda. 12 ed. 2012.
52(2):131-139. [29] Bergold AM, Georgiades S. Novidades em fármacos
[13] Sobel JD. Vulvovaginal candidosis. Lancet 2007; antifúngicos: uma revisão. Visão Acadêmica 2004;
369(1):1961–1971. 5(2):159-172.
[14] Silva V, Diaz MC, Febré N. Vigilancia de la resistencia [30] Castro TL, Coutinho HDM, Gedeon CC, Santos JM,
de levaduras a antifúngicos. Rev Chil Infect. 2002; Santana WJ, Souza LBS. Mecanismos de resistência da
19(1):149-156. Candida spp wwa antifúngicos. Infarma 2006; 18(9): 10.
[15] Dias OJQ. Avaliação da eficácia do fitoterápico a base de [31] Castro RD. Atividade antifúngica do óleo essencial de
cymbopogon citratus stapf em candidíase vaginal: estudo cinnamomum zeylanicum blume (canela) e de sua asso-
controlado, cego e randomizado. Dados internacionais de ciação com antifúngicos sintéticos sobre espécies de
catalogação na publicação. Universidade Federal do Ce- Candida. [Tese] João Pessoa: UFPB, João Pessoa, PB,
ará. Biblioteca de ciências da saúde. 68f.: il. Color., 2010.
enc. ;30 cm. Fortaleza, 2014. [32] Silva GS. Estudo da ação antimicrobiana de extratos de
[16] Guimarães GP. Atividade antifúngica de plantas medici- plantas medicinais sobre espécies de Candida de interes-
nais frente a espécies de Candida de interesse médico. se médico. [tese] Campina Grande: UEPB, Campina
[tese] Campina Grande: Universidade Estadual da Paraí- Grande, PB, 2012.
ba, centro de ciências biológicas e da saúde. Campina [33] Lorenzi H, Matos FJA. Plantas medicinais no Brasil na-
Grande; 2010. tivas e exóticas. Printed in brazil: gráfica IPSIS. 2 ed.
[17] LAGES AF. Ginecologia e obstetrícia. Rio de Janeiro: Nova Odessa, SP, 2008.
Medsi, 2000; p.512. [34] Cleff MB, Meinerz ARM, Madrid I, Fonseca AO, Alves
[18] Foxman B, Barlow R, D'arcy H, Gillespie B, Sobel JD. GH, Meireles MCA, Rodrigues MRA. Perfil de suscepti-
Candida vaginitis: Self-Reported Incidence and Associ- bilidade de leveduras do gênero Candida isoladas de
ated Costs. Sexually Transmitted Diseases 2000; animais ao óleo essencial de Rosmarinus officinalis L.
27(4):230-235. Rev. Bras. Pl. Med. 2012; 14(1):43-49.

ISSN online 2178-2571


Raimundo & Toledo / Uningá Review V.29,n.2,pp.75-80 (Jan - Mar 2017)

[35] Cleff MB. Avaliação da atividade antifúngica do óleo


essencial de Origanun vulgare L. frente a fungos de im-
portância em veterinária com ênfase em Candida spp.
UFRS, Porto Alegre. 2008.
[36] Abreu APL. Estudo comparativo da atividade an-
ti-inflamatória e antifúngica de extratos de própolis ver-
melha e verde. UFC, Fortaleza, CE, 2008.
[37] Almeida LFD, Cavalcante BYW, Junior BLR, Lima EO,
Castro RD. Efeito antifúngico de tintura de própolis e
romã sobre espécies de Candida. Rev. Cub. Est. 2012;
26(2):99-106.
[38] Dias JFG, Virtuoso S, Davet A, Cunico MM, Miguel MD,
Auer CG, Junior AG, Oliveira AB, Ferronato ML. Ati-
vidade antibacteriana e antifúngica de extratos etanolicos
de Aster lanceoatus Willd. Asteraceae. Rev. Bras. Far-
macog. 2006; 16(1):83-87.
[39] Cavalcanti YW, Almeida LFD, Padilha WWN. Atividade
antifúngica de tinturas de produtos naturais sobre Candi-
da spp. Int J Dent. 2011; 10(1):15-19.

ISSN online 2178-2571

Você também pode gostar