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Sejam bem vindos ao Cientificando.

Aqui quem fala é o Guilherme Castro Sousa.


Coloca o fone que o dessa semana vem da Science Advances!

E hoje nós vamos falar sobre um golfinho com 3 metros e meio de comprimento que foi descoberto na
Amazônia peruana. Isso mesmo que você ouviu. Um golfinho, de agua doce, gigante.

Mas calma, na verdade o que os pesquisadores descobriram foi o crânio dele. O Pebanista yacuruna,
batizado em homenagem a um povo aquático mítico da bacia amazônica, viveu há 16 milhões de anos
num grande sistema de lagos e pântanos que se chamava Pebas, parecido com uma planície inundável,
à semelhança do atual Pantanal mato-grossense. Essa paisagem se estendia pelo que hoje são Brasil,
Colômbia, Equador, Bolívia e Peru.

E se você conhece um pouquinho sobre golfinhos de água doce da Amazônia já deve estar
imaginando um boto cor de rosa enorme. Mas surpreendentemente, os parentes mais próximos do
Pebanista não são os botos, mas sim os golfinhos das águas tropicais do sul da Ásia, do gênero
Platanista.

Essas duas espécies compartilham estruturas ósseas especializadas, que são associadas à
ecolocalização. Isso quer dizer que elas são capazes de “ver” emitindo sons de alta frequência e
ouvindo seus ecos. Ou seja, esses golfinhos dependiam (e ainda dependem) muito dessa ferramenta
para encontrar peixes.
[ efeito]

No caso do Pebanista, os cientistas acreditam que ele era um predador com problemas de visão, já
que tinha órbitas oculares pequenas e dentes grandes.

Em entrevista ao New Scientist, Aldo Benites-Palomino, paleontólogo da Universidade de Zurique, na


Suíça, afirmou que “sabemos que ele vivia em águas muito lamacentas porque seus olhos começaram
a diminuir de tamanho”.

Quando o sistema Pebas, aquele que o golfinho gigante vivia, começou a dar lugar à Amazônia
Moderna, 10 milhões de anos atrás, as presas do Pebanista começaram a desaparecer e,
consequentemente, ele desapareceu também.
[efeito]

Com essa extinção, o bioma amazônico necessitava de um novo predador aquático com características
semelhantes. Daí surgiram os ancestrais dos atuais botos cor-de-rosa que habitam a floresta.

A descoberta do nosso velho golfinho gigante aconteceu durante uma expedição de pesquisadores ao
Peru, em 2018. A equipe localizou um crânio fossilizado do animal saindo da margem de um rio e
souberam que era um golfinho na hora.

Esses pesquisadores investigam espécies amazônicas há mais de 20 anos e, segundo eles, esse tipo de
encontro é raro. Na verdade, esse golfinho foi o primeiro do gênero que eles encontraram. Isso
acontece porque a pesquisa paleontológica na selva tropical exige precisão e paciência. Afinal, os
paleontólogos precisam enfrentar uma vegetação muito densa e variações extremas no nível dos rios.
[efeito]
E aí fica a pergunta: será que vamos encontrar outro golfinho gigante em um futuro próximo? Isso não
sabemos responder, mas a expectativa que fica é que sim.

E que venham descobertas de diversas outras espécies, já que os rios escondem tesouros pré-históricos
que sempre nos deixam maravilhados…

Não entendeu? O link da matéria da Phys, que usei como fonte, está na descrição desse episódio.
Você também pode conferir o artigo original da Science Advances.

A locução desse episódio foi realizada por mim, Guilherme Castro Sousa, e o roteiro por Elaine
Borges.

Esse foi o Cientificando.

Até a próxima!

Matéria:
https://phys.org/news/2024-03-ancient-giant-dolphin-amazon.html#google_vignette

Artigo:
https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.adk6320

Tags - #Ciência #Paleontologia #GolfinhoGigante #AmazôniaPeruana #Pebanistayacuruna


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#BiomaAmazônico #RiosAmazônicos

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