No convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, onde
atualmente fica o bairro de Nazaré, em Salvador, ocorreu uma
das mais emblemáticas mortes na luta pela Independência do Brasil na Bahia. Em fevereiro de 1822, a madre superiora do espaço religioso, Joana Angélica, se colocou à frente do templo para impedir a invasão por portugueses e foi morta com um golpe de baioneta. O episódio inflamou ainda mais o povo contra os colonizadores e aumentou o clima de tensão, que culminou com batalhas que viriam a seguir. O nome da Abadessa consta no Panteão da Pátria.
Maria Quitéria foi a primeira mulher a integrar o Exército Brasileiro.
Ela fugiu de casa e se fingiu de homem para se alistar e guerrear no recôncavo, sob a alcunha de soldado Medeiros. Não demorou para a farsa ser descoberta, no entanto, ela foi mantida porque era uma das melhores atiradoras da tropa. Por causa dela, a saia foi incorporada ao uniforme oficial e, com água na altura da cintura, comandou um grupo de mulheres na luta contra os portugueses na Barra do Paraguaçu, entre outros confrontos. Além de ter o nome reconhecido no Panteão da Pátria, ela é homenageada com uma estátua no Largo da Soledade, no bairro da Lapinha, em Salvador. O distrito de São José das Itapororocas, em Feira de Santana, mudou de nome para homenagear sua filha ilustre Maria Quitéria.
No antigo Arraial da Ponta das baleias, atual município de Itaparica,
nasceu Maria Felipa, uma das heroínas das lutas da Independência. Praticamente não há documentos e registros oficiais que comprovem a existência dela, entretanto, Maria Felipa está imortalizada a partir das memórias do povo e teve o nome gravado no Panteão da Pátria. Escravizada liberta, pescadora e marisqueira, comandou dezenas de mulheres, indígenas, negros livres, escravizados e até portugueses que eram a favor do movimento libertário. Junto com o grupo, ela construiu trincheiras, vigiou praias, queimou embarcações e participou de combates contra as tropas lusitanas.
João Francisco de Oliveira, conhecido como João das Botas, também
viveu em Itaparica e foi um dos fundadores da Marinha Brasileira. Segundo tenente da Tropa Imperial, João abandonou a armada portuguesa para lutar contra os compatriotas. Experiente, organizou grupos que atuaram nos combates nas águas da baía de Todos-os- Santos. Entre os destaques, estão a batalha do Canal do Funil, quando, em pequenas embarcações, ele atingiu navios portugueses. João também liderou uma tropa que impediu o desembarque de rivais que queriam tomar a Ilha de Itaparica. O reconhecimento por esses feitos está no mar, já que a regata mais famosa de Salvador leva o nome do tenente, e no Panteão da Pátria.
O cabo Luiz Lopes era português, mas aderiu às lutas locais e
enfrentou os compatriotas. Na decisiva batalha de Pirajá, em Salvador, quando a guerra parecia perdida, o comandante brasileiro Barros Falcão ordenou o recuo das forças nacionais. Era grande a diferença numérica das tropas, mas uma atitude ousada do cabo fez com que o jogo virasse. Em vez de acatar o pedido de recuo, Luiz Lopes soou a corneta para os oficiais avançarem com a cavalaria e degolarem os inimigos. Os invasores pensaram que as tropas brasileiras tivessem ganhado reforço e partiram em retirada, sendo perseguidos pelo exército libertador. Em Cachoeira, no recôncavo baiano, o soldado Manoel Soledade usava o tambor para alertar as tropas locais sobre a chegada dos inimigos durante as lutas da Independência, por isso, ele ficou conhecido como "Tambor Soledade". Sem documentos oficiais de nascimento e de morte, diversas versões sobre a vida do soldado são contadas por pesquisadores. Uma delas prevaleceu nas memórias popular: a de que morreu na Praça da Aclamação, atingido por um tiro de canhão disparado de uma embarcação portuguesa. A morte dele inflamou ainda mais as lutas, que se intensificaram de Cachoeira a Salvador, e tiveram fim em 2 de julho de 1823. Homem negro, do povo, Tambor Soledade morreu sem presenciar o triunfo contra as tropas lusitanas.
Tenente João Cabanas revolucionário, herói e mito: o bravo, intrépido e audacioso comandante da Coluna da Morte na Revolução dos Tenentes no Paraná (1924-1925)