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08/07/13 História do Rio Grande do Norte n@ Web

História do Rio Grande do Norte n@ Web

Os Massacres

Por Maria Auxiladora O. Silva; Maria Zilda de Morais; Nara Ednah de Brito
e Neily Lopes Dutra – Alunas do período 99.2)

Massacre no Ferreiro Torto

Tantos massacres se sucederam por aqui, nas denominadas terra do Rio


Grande, que fica difícil não nos constrangermos com tantas barbaridades.
Esses atos de violência e enorme crueldade que caracterizou o domínio
holandês, aqui nessas terras, começou pelo ataque aos moradores do
engenho Ferreiro Torto. A expedição desembarcou no local conhecido por
" Passagem do Potigi" . Depois deles terem matado algumas pessoas
neste local, seguiram adiante por terra, para o já citado engenho. Hélio
Galvão assegura que os " atacantes fugiram e o major Cloppenburch
prosseguiu, andando mais três léguas, desde aquele ponto em que ele
com os outros companheiros desembarcara. Um trecho pantanoso do
caminho, já sendo tarde, impediu que atingissem o engenho, pelo que
decidiram regressar à fortaleza" . ( GALVÃO: 1979, p. 83). Ao mesmo
tempo corria o boato que forças portuguesas estariam a caminho, vindas
da Paraíba, para ajudar os que alí se encontravam. Mas os holandeses
não admitiam que se organizassem focos de resistência à sua autoridade.
"Convocaram, então, o cacique Janduí, inimigo mortal dos portugueses.
Na luta que se travou em ferreiro torto, morreram Francisco Coelho,
proprietário do engenho, sua mulher, cinco filhos e sessenta pessoas
que estavam lá refugiados". (CASCUDO: 1992, p. 14).

O Massacre de Cunhaú

No primeiro engenho construído no Rio Grande do Norte, foi palco de uma


das mais trágicas páginas da nossa história. " Este engenho era a menina
dos olhos dos holandeses por causa da fertilidade das suas terras"
(SOUZA: 1999, p. 40). O ano era 1634, e nesse fatídico dia, sem que
ninguém esperasse, pois foram enganados por Jacob Rabbi, o
comandante da tropa de tapuias, potiguares e holandeses que ali chegara
com a ordem de matar todos que ali se encontravam. Esse homem
indescritível, aportara por aqui para servir de intérprete entre os
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holandeses e os tapuias. Mas o ocorrido em Cunhaú, demonstrou que ele


foi mais que um simples intérprete.

Diversos historiadores nos relatam que esse engenho foi fundado pelos
irmãos Antônio e Matias de Albuquerque, na sesmaria que receberam do
seu pai Jerônimo de Albuquerque. Obedecendo a um pedido de Rabbi
para que comparecessem à Igreja para tratar de um certo negócio e
prometendo não ferir ninguém, muitas pessoas foram à capelinha no dia
marcado. Mas a intenção de Rabbi era outra. E, quando estavam todos ali
reunidos começou a matança iniciada pelos tapuias chefiados por
Jererera. Foram de uma crueza e violência sem par. "O oficiante voltou-se
para os algozes e lhes disse na língua deles, em que era perito, que se
tocassem em sua pessoa ou nos paramentos sagrados seriam
castigados. Alguns recuaram outros nem o escutaram e os abateram".
(GALVÃO : 1979, p.86). "Depois deste massacre, nunca mais os
holandeses tiveram paz em Cunhaú, sucessivos atos de vingança foram
realizados àquele engenho pelos portugueses"( CASCUDO: 1992, p. 35).

A chacina desse engenho promoveu uma tomada de consciência, por


parte da população portuguesa, fazendo-a empenhar-se , com redobrado
vigor, à tarefa de combater e expulsar os dominadores flamengos.

O Massacre na casa forte de João Lostão Navarro

Depois da matança no engenho Cunhaú, o pânico tomou conta da


população daquela região. Quem não se refugiou nas fronteiras da
Paraíba com o Rio Grande, dirigiu-se para a casa do sesmeiro João
Lostão, situada "no desaguadouro da lagoa de papari, barra do
camurupim" (CASCUDO: 1995, p. 69). Ele era sogro de Joris Garstman,
primeiro governador holandês do nosso estado.

Os holandeses temiam que aquele lugar viesse a se transformar em


perigoso núcleo de resistência; trataram de expulsar os pobres colonos.
Eles entendiam ( os holandeses), que esses colonos estavam se
preparando para uma rebelião. Sendo ameaçados e intimidados várias
vezes por Rabbi e sua tropa, eles argumentavam que estavam ali para se
protegerem pois temiam por suas vidas, ameaçadas pelos selvagens. Mas
o temível, o insaciável Rabbi não aceitou aquele argumento. Comandou e
ordenou mais uma vez o ataque, promovendo outra carnificina que foi
realizada pelos Janduís e Potiguares. " Assassinaram de quinze a
dezesseis pessoas, e trouxeram preso, para a fortaleza, João Lostão
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Navarro" ( SOUZA: 1999, p. 44).

O Massacre de Uruaçu

Espantados com o que aconteceu em Cunhaú e na casa de João Lostão


Navarro, alguns colonos " refugiaram-se nas margens do Rio Potengi,
três léguas de Natal, erguendo uma defesa murada de madeira rústica" (
CASCUDO: 1955, p.83). Depois de passarem por tantos massacres,
tanta carnificina, resolveram se defender erguendo essa fortaleza de
madeira. E mais uma vez foram enganados. Acreditando na conversa dos
holandeses que poderiam sair da fortaleza pois estavam a salvos dos
tapuias, os moradores acima citados caíram mais uma vez numa cilada. E
foram massacrados assombrosamente pelos brasilianos que os
esperavam no lugar em que foram levados pelos holandeses. E estes os
ajudaram a matá-los, arrancando os olhos a uns tirando as línguas de
outros, "cortando as partes vergonhosas e metendo-lhes nas bocas"
(CALADO: 1945, p. 151-2). Trazendo o restante que tinha ficado na cerca
para esse mesmo local, enganando-os também, iniciaram novo massacre
sem deixar nenhum vivo. E foi de uma barbaridade tão grande que " seus
membros foram divididos em partes que não se conhecia quais eram os
de cada um dos ditos mártires. No mesmo instante foram os mesmos
tiranos flamengos, e brasilianos à cerca, aonde somente ficaram as
pobres viúvas, e órfãos, e as acabaram de despojar de todos seus bens,
deixando-as a muitas nuas e com outros opróbrios, que passo em
silêncio"(CALADO: 1945, p.151– 2).

A morte de Jacob Rabbi

Não podemos terminar a descrição destes massacres, sem darmos uma


notícia sobre o final da vida do seu principal mentor: Jacob Rabbi. Ele, que
colecionou tantas mortes na terra Potiguar, morreu assassinado por dois
soldados, na madrugada de 5 de abril de 1646, a mando do comandante
Joris Garstman, que desta maneira, vingara a morte de João Lostão
Navarro ( SOUZA: 1999, p. 47).

Favor citar da seguinte forma:

SILVA, M. A O.; MORAIS, M. Z. de; BRITO, N. E. de e DUTRA, N. L.. Os


massacres. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide
Web: <URL: www.seol.com.br/rnnaweb/>

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Referências Bibliográficas

CALADO, Francisco Manuel. O Valoroso Lucídeno e triunfo da


liberação. São Paulo: Edições Cultura.

GALV ÃO, Hélio. História da Fortaleza da Barra do Rio Grande. Rio


de Janeiro: Conselho Federal de Cultura.

MEDEIROS FILHO, Olavo. Os holandeses na Capitania do Rio


Grande. Natal/RN: Instituto Histórico E Geográfico do Rn, 1998.

SUASSUNA, Luiz Eduardo Brandão; MARIZ, Marlene da Silva.


História do Rio Grande do Norte Colonial: 1597/1822. Natal: Natal
Editora, 1997.

SOUZA, Itamar de. Diário do Rio Grande do Norte. Projeto ler do


diário de natal. Natal: 1999.

GALVÃO, Hélio. História da Fortaleaza da Barra do Rio Grande. Rio


de Janeiro, Conselho Federal de Cultura.

CASCUDO, Luiz da Câmara. História do Rio Grande do Norte. Rio de


Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1984.

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