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Tópicos de Angola 1961: o horror das imagens de Afonso Ramos

milhares de mortos de população civil angolana, na repressão da revolta dos plantadores de algodão da Baixa do
Cassange, centenas de mortos nos ataques aos musseques de Luanda e na repressão em Icolo e Bengo, na
sequência do assalto pelos nacionalistas às prisões e quartéis da capital angolana, ocorrido a 4 de Fevereiro.

5. Salazar e a PIDE conheciam os preparativos dos ataques? Fizeram alguma coisa para
impedi-los? (nota nº 15)

Sim, Salazar e a PIDE conheciam os preparativos dos ataques. O diretor da PIDE pediu de
falar com Salazar por muito tempo, mas só 15 dias depôs Salazar aceito. Na conversa o
diretor da PIDE avisou para o Salazar de que um levantamento se estava a preparar no Norte
da província. Salazar diz para ele que ele nada poderia fazer e que o ataque tenderia que
acontecer.

6. A estratégia de Portugal no Conselho de Segurança da ONU entre março e junho de


1961.

A ONU quer que Portugal abandone as suas colonias. Portugal toma uma estratégia de
silencio ate junho de 1961.

Um discurso de Vasco Garin 7 de Junho de 1961.


Enquanto o embaixador Vasco Garin discursa
perante as câmaras de tele-visão, os seus ajudantes erguem quatro ampliações
colossais de imagens de bébés mortos no berço, duma mulher violada e dos
cadáveres no capim de Madimba que foram enviados a Salazar, pondo-as depois
a circular perante o pasmo dos presentes: recusou medidas.

7. O tema da ênfase no “como” e não no “porquê” na propaganda do Estado Novo.

consistia em despolitizar o massacre, e desumanizar o inimigo,


concentrando-se no como do ataque e nunca no porquê, desligando-o do
contexto de quaisquer ódios acumulados ou violências políticas 32. Em
contradição a chefes militares que, em relatórios confidenciais, atribuíam a cruel
violência aos abusos laborais, à espoliação dos direitos, e como resposta à brutal
repressão da revolta da Baixa do Cassange dois meses antes e aos
acontecimentos de Luanda no mês anterior (ambos levando à morte de
milhares de negros), buscava-se apoio na autoridade da ciência colonial
portuguesa para validar ideias racistas sobre o primitivismo, atavismo ou
bestialidade do negro que, drogado e selvagem, se torna num ani-mal que mata,
viola e aterroriza.
8. On the morning of March 15: a propaganda nos EUA.

Pede a qualquer ex-correspondente de guerra para te descrever em detalhe a carnificina que


testemunhou nas praias da Normandia no Dia D. Considera que a sua descrição mais horrenda
é um mero eufemismo. Depois regressa aos tempos em que os americanos corajosos
conquista-ram o Oeste Selvagem, sob pena de serem torturados em fogueiras, ou escalpados
vivos pelos Índios Vermelhos. Acrescenta a esta visão imagi-nária do horror as torturas
inflingidas nas masmorras da idade média e o pior dos acontecimentos degradantes que
ocorreram nos campos de concentração europeus durante a guerra... e mesmo assim não vais
con-seguir imaginar o que cidadãos portugueses brancos, mulatos e negros, tiveram de passar
em Angola às mãos dos terroristas por quem a ONU exprime tanta simpatia!3

Estarão aptos a governar os que inspiraram e ordenaram estes actos? Estarão aptos a
merecer o apoio das Nações Unidas ou de qualquer sociedade civilizada e cristã?
Estarão aptos a ter o apoio dos Estados Unidos?23-Afonso Ramos.indd 41114/11/27 01:22

Se no caso português se apela ao sacrifício do sangue como sinal do glorioso


destino nacional, com intimações dos desastres que aguardam em caso contrário,
e certificando que a discussão colonial não passava do plano filosófico da história,
as versões em inglês vilificavam os grupos de libertação como sanguinários a soldo
soviético, e são enviadas obsessivamente para todos os cantos do mundo, à
mínima refe-rência a Portugal.

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