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HEMOAÇO:
Hemonúcleo humanizado na cidade de Ipatinga
BETIM – MG
2022
TAISNARA ALVES SANTOS COSTA
HEMOAÇO:
Hemonúcleo humanizado na cidade de Ipatinga
BETIM – MG
2022
SUMÁRIO
(OSCAR NIEMEYER)
RESUMO
Through the research of concepts of sustainability, hospital architecture, well-being and health
in the humanization of spaces, it is possible to perceive the importance of these concepts in
the realization of projects for health areas since the beginning of their elaboration. Based on
these concepts, a study was carried out to implement a humanized Hemonucleus in the city of
Ipatinga/MG. To carry out this study, three topics were established. The first is the
contextualization of the theme based on the theoretical framework of three books. The second
is composed by the reading of the territory and its conditions. Finally, a case study and similar
works were carried out. Through this, it was possible to define a program that will serve as a
basis for the elaboration of the project.
After the study was completed, the architectural design of the building was developed. The
projects were prepared in accordance with the principles and studies demonstrated in this
research.
MG - Minas Gerais
OMS - Organização Mundial da Saúde
ONG - Organização Não Governamental
SUS - Sistema Único de Saúde
1. INTRODUÇÃO
1.1 Problema
A falta de sangue nos hemocentros é um problema na saúde brasileira,
conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) 3 a 5% da população de um país
deveria doar sangue pelo menos uma vez ao ano, para que se tenha um nível
satisfatório em estoques de bolsas de sangue (WHO, 2007). Infelizmente, a média
brasileira em 2020 foi de apenas 1,4% (BRASIL, 2022).
Apesar de sua grande importância, existem diversos motivos que impedem
os indivíduos a se tornarem doadores, mas o maior problema de coleta no Brasil está
relacionada às dificuldades estruturais, entre elas, dificuldade de acesso, problemas de
gestão e pouca abrangência do serviço, normas e proibições antiquadas (BARRUCHO,
2015).
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1.2 Justificativa
A busca por novos doadores e um espaço adequado para o atendimento
daqueles que precisam de um Hemocentro é a realidade da região de Ipatinga. Em
virtude disso, em 2013 foi doado através da Lei Municipal 3.317 um terreno localizado
no bairro Ferroviários para a construção do hemocentro, porém não houve evolução
em relação ao desenvolvimento de projeto para póstuma construção.
A proposta para o hemocentro atenderia em média 2 mil candidatos à
doação por mês, coletando 1,5 mil bolsas de sangue que produzem aproximadamente
4 mil hemocomponentes e seriam distribuídos a 35 estabelecimentos da região.
O hemocentro conterá ainda um ambulatório destinado ao atendimento de
pacientes com coagulopatias e hemoglobinopatias hereditárias provenientes de todo
Vale do Aço, sendo assim realizados mais de 400 atendimentos mensais.
Percebe-se que além da edificação é preciso pensar em estratégias para
atração e fidelização de novos doadores de sangue, para isso Rodrigues e Reibnitz
(2011) explanam 3 categorias, acolhimento, campanhas e estratégias educativas.
As campanhas desenvolvem eventos por um determinado tempo para um
objetivo específico, atraindo novos doadores. Já as estratégias educativas buscam
despertar a sensibilidade das pessoas para a necessidade da doação. Essas, são de
extrema importância (RODRIGUES E REIBNITZ, 2011), porém, o acolhimento é uma
das principais categorias que mantém os doadores.
Um dado relevante é que em entrevista realizada pelo Perfil do Doador de
Sangue Brasileiro da Anvisa, alegam que apenas 3,96% classificou os ambientes de
doação de sangue como agradável a ponto de retornarem para novas doações, o que
reafirma a necessidade de repensar os espaços dos hemocentros para espaços mais
humanizados (ANVISA, 2004).
No acolhimento, tem-se o atendimento aos doadores, a remoção das
barreiras que dificultam a doação, a acessibilidade a doação e a sensibilização do
doador (RODRIGUES E REIBNITZ, 2011). Percebe-se que o espaço, sua
humanização é um fator determinante para a manutenção do doador, tornando-o
assíduo.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Para o desenvolvimento arquitetônico dos espaços dos Hemocentros,
atualmente segue-se o Guia Para Elaboração de Projetos de Hematologia e
Hemoterapia (Imagem 02), onde o Ministério da Saúde em 2013 compilou informações
relativas a estruturas físicas, equipamentos, resíduos e recursos humanos relativos ao
funcionamento de um Hemocentro.
Para ambientes mal iluminados deve-se utilizar cores claras, pois locais
escuros deixam as pessoas mais cansadas e deprimidas. Grandjean (1988, p. 313 apud
CUNHA, 2004, p. 60) mostram alguns efeitos psicológicos de algumas cores no quadro
abaixo:
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isolamento por cortinas fixadas no teto, biombos ou até mesmo o mobiliário (ROCHA,
2011).
Outro fator de grande importância é o controle do ambiente por parte do
paciente, poder mudar o canal da TV, a temperatura do ar condicionado, o volume do
som, a luz, além de mais confortável, faz os pacientes se sentirem mais seguros. Malkin
(1991) ainda destaca a importância de jardins ou pátios acessíveis aos pacientes;
espaços onde os pacientes podem se dedicar a coisas do seu interesse ou hobby, e
também espaços de convivência.
Ressalta-se que não se deve forçar o contato social entre os indivíduos, pois
isso pode ferir a sua privacidade, tornando o ambiente um lugar estressante. Preza-se
por mobiliários móveis, espaços que possam ser reorganizados. Outro fator é o uso de
espaços com distrações positivas, ou seja, elementos que ajudam o paciente a se
distrair, uso de átrios, jardins externos, uso dos elementos como água e fogo (exemplo,
aquário e lareira), janelas baixas que permitem a visão pro espaço externo, iluminação
e cores adequadas, e a integração com a natureza (VASCONCELOS, 2004).
3. HEMOCENTROS
O Hemocentro é o edifício onde se englobam as funções relacionadas aos
tratamentos com a utilização da hemoterapia, coleta de sangue e também um espaço
de estudo e pesquisa do sangue.
A hemoterapia é um tratamento que faz o uso terapêutico do sangue,
tratando enfermidades como a perda massiva de sangue e hemofilia. O Hematologista
é o responsável por estudar a hematologia e também desenvolver os tratamentos
necessários. Um dos tratamentos da hemoterapia é a transfusão de sangue, seja ele
sangue total ou um de seus componentes: plasma, plaquetas, hemácias, leucócitos,
albumina, fatores de coagulação, entre outros (ABCMED, 2011).
Tudo começa com a doação de sangue e para esta é necessário preencher
alguns critérios (FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE, 20–):
● Ter entre 16 e 69 anos;
● Pesar no mínimo 50 kg;
● Estar em boas condições de saúde;
● Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas);
● Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que
antecedem a doação);
Destaca-se que há uma lista de impedimentos temporários e definitivos que
não permitem a doação de sangue, mas todos são solicitados durante o cadastro do
doador. O intervalo mínimo de doação é para homens 4 vezes ao ano, com intervalo
de 2 meses entre doações e para as mulheres 3 vezes ao ano com intervalo de 3 meses
para doação (FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE, 20).
Atualmente o perfil do doador brasileiro é mais masculino, sendo que do total
de doadores 65,67% são homens, de etnia branca (49,45%), com ensino médio
completo (39,70%) que possuem de 30 a 39 anos (28,25%) e que estão empregados
(35,77%). Um perfil de classe social baixa e média renda (43%) (ANVISA, 2004).
Dentro dos espaços que prestam serviços de hemoterapia existem 7 níveis
de complexidade, sendo dois deles denominados de hemocentro, um de caráter
regional e outro como coordenador. O presente trabalho desenvolverá um Núcleo de
Hemoterapia, no qual pode-se constatar as funções abaixo:
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NOME FUNÇÕES
UNIDADE DE entidade de âmbito local, de natureza pública ou privada, que realiza coleta
COLETA E de sangue total e transfusão, localizada em hospitais ou pequenos
TRANSFUSÃO - municípios, onde a demanda de serviços não justifique a instalação de uma
UCT estrutura mais complexa de hemoterapia. Poderá ou não processar o sangue
total e realizar os testes imuno-hematológicos dos doadores. Deverá
encaminhar para a realização da triagem laboratorial dos marcadores para as
doenças infecciosas a um Serviço de Hemoterapia de referência;
UNIDADE DE entidade de âmbito local, que realiza coleta de sangue total, podendo ser
COLETA - UC móvel ou fixa. Se for móvel, deverá ser pública e estar ligada a um Serviço de
Hemoterapia. Se fixa, poderá ser pública ou privada. Deverá encaminhar o
sangue total para processamento e realização dos testes imuno-
hematológicos e de triagem laboratorial dos marcadores para as doenças
infecciosas a um Serviço de Hemoterapia de referência;
CENTRAL DE entidade de âmbito local, regional ou estadual, pública ou privada, que tem
TRIAGEM como competência a realização dos exames de triagem das doenças
LABORATORIAL infecciosas nas amostras de sangue dos doadores coletado na própria
DE DOADORES - instituição ou em outras. A realização de exames para outras instituições só
CTLD será autorizada mediante convênio/contrato de prestação serviço, conforme a
natureza das instituições;
4. CONDICIONANTES
O município de Ipatinga está situado no estado de Minas Gerais e localiza-
se a leste de Belo Horizonte. A cidade é integrante da mesorregião geográfica do Vale
do Rio Doce, com população estimada em 261.344 habitantes (IBGE, 2018). A região
tem predominância de clima tropical úmido, com chuvas e temperaturas elevadas no
verão e amenas no inverno. Os comércios e serviços de Ipatinga oferecem
infraestrutura comparável à das principais cidades do país.
IMPLANTAÇÃO
SEM ESCALA
CORTE AA
CORTE BB
4.2 Bioclimática
A arquitetura bioclimática baseia-se na correta aplicação dos elementos
arquitetônicos com o objetivo de fornecer ao ambiente construído um alto grau de
conforto higrotérmico com baixo consumo de energia.
Em Ipatinga, a estação com precipitação é quente, abafada e de céu quase
encoberto. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 17 °C a 32 °C e raramente
é inferior a 14 °C ou superior a 36 °C. A direção média horária predominante do vento
em Ipatinga é do leste durante todo o ano.
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Com base em estudos climáticos nas fachadas pode ser destacado que as
fachadas Leste e Sul são as com temperaturas mais confortáveis durante o ano e as
fachadas norte e oeste são as fachadas mais quentes precisando de aplicação de
soluções para o controle da temperatura através de ventilação natural ou ar
condicionado dentro do edifício.
5. ESTUDO DE VIABILIDADE
6. ESTUDOS DE CASO
A apresentação de projetos análogos e estudos de caso tem como objetivo
servir de referência para a elaboração do Hemoaço. O alvo desta etapa é a análise de
conceito, inserção urbana, fluxo, setorização, programa, materialidade e solução
técnica das obras escolhidas, tendo em vista o fortalecimento do embasamento da
proposta projetual.
O terreno possui um desnível em relação à rua, o que faz com que haja uma
super valorização estética do térreo, que abriga as principais atividades hospitalares,
dentre elas as salas de tratamento de hemodiálise. O térreo abriga também a entrada
principal, sala de espera, consultórios, sala de enfermagem, além de áreas de suporte
para o funcionamento da clínica, como sala de arquivos, depósitos, banheiros e
também espaços de vestiários para pacientes e funcionários.
7. HEMOAÇO
O conceito do projeto parte da sustentabilidade e funcionalidade do edifício.
Tem como objetivo valorizar a localização se tornando ponto de referência que poderá
induzir o uso da população que circula pelo entorno do edifício, promover conforto
térmico e psicológico além de criar visuais de projeto com jardins, espaços de espera
confortáveis com vistas estratégicas, proteção solar com elementos que promovam o
conforto térmico.
O projeto Hemorrede Sustentável tem por objetivo a reabilitação ambiental
sustentável dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) que compõem a
Hemorrede Pública Federal. O projeto é fruto de uma parceria entre o Ministério da
Saúde e o Laboratório de Sustentabilidade Aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo –
LaSUS da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília - FAU
UnB. Dentre algumas diretrizes projetuais adotadas, podem ser citadas: Coleta,
processamento, qualificação e distribuição de sangue, hemocomponentes e
hemoderivados;
7.1 Fluxograma
Imagem 36 – Fluxograma
Fonte: Autora (2022)
7.2 Setorização
Imagem 37 – Setorização
Fonte: Autora (2022)
Imagem 38 – Volume
Fonte: Autora (2022)
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Como pode-se notar a partir da Imagem 42, foi criada uma praça pública na
região frontal com o objetivo de demonstrar a gentileza urbana aproximando a cidade
dos usuários, pacientes e funcionário do Hemonúcleo.
Tal estratégia é também um facilitador para a melhoria das condições
emocionais dos enfermos que necessitam frequentar o edifício, já que a praça permite
que haja uma quebra do tradicional ambiente hospitalar.
A brinquedoteca, localizada no primeiro pavimento, foi projetada para receber
crianças enfermas e também as que frequentam o edifício como acompanhantes. O
seu projeto de interiores, acompanha o projeto do Hemonúcleo valorizando iluminação
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I
Imagem 44 – Brinquedoteca
Fonte: Autora (2022)
Outro ambiente pensado para o bem estar das pessoas é a área de descanso
localizada no segundo pavimento, o espaço é aberto e proporciona condições
agradáveis para sua apropriação. No segundo pavimento estão localizados os
laboratórios e portanto, a área fica restrita aos funcionários do Hemonúcleo.
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8. CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
PERÉN, Jorge Isaac, GRECO, Paulo, e CARAM, Rosa Maria. Análise Computacional
dos sheds da Rede de hospitais Sarah Kubitschek utilizando o Software
AnsysCFX. In Anais do Congresso, 9, Ouro Preto, 2007. Ouro Preto : Universidade
Federal de Ouro Preto, 2007.
ABCMED. Transfusão de sangue: o que é: Como ela é feita? Quando ela deve ser
feita? Existe alguma complicação possível?
Disponível em:
https://www.abc.med.br/p/exames-e-
procedimentos/523844/transfusao+de+sangue+o+que+e+como+ela+e+feita+quando+
ela+deve+ser+feita+existe+alguma+complicacao+possivel.htm
Acesso em: 17/04/2022
BARRUCHO, L.G. “O que falta para o Brasil doar mais sangue?”. BBC Brasil. 2015.
Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150812 _sangue_doa
coes_brasil_lgb.
Acesso em: 19/04/2022
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2003/res0189_18_07_2003.html
Acesso em: 14/04/2022