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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA


UNIDADE BETIM
BACHARELADO ARQUITETURA E URBANISMO

TAISNARA ALVES SANTOS COSTA

HEMOAÇO:
Hemonúcleo humanizado na cidade de Ipatinga

BETIM – MG
2022
TAISNARA ALVES SANTOS COSTA

HEMOAÇO:
Hemonúcleo humanizado na cidade de Ipatinga

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade UNA como requisito para obtenção do
título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Ana Karolina Oliveira

BETIM – MG
2022
SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................ 7


LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 9
LISTA DE QUADROS ................................................................................................. 10
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS ........................................................................ 11
1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
1.1 Problema ........................................................................................................ 12
1.2 Justificativa ..................................................................................................... 14
1.3 Objetivo Geral ................................................................................................. 15
1.4 Objetivos Específicos ..................................................................................... 15
2.CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA .......................................................................... 16
2.1 Arquitetura Hospitalar Humanizada .............................................................. 18
2.2. Gentileza Urbana .......................................................................................... 21
3. HEMOCENTROS .................................................................................................... 24
3.1 O Hemocentro em Ipatinga - MG .................................................................. 27
4. CONDICIONANTES ............................................................................................... 29
4.1 Parâmetros Urbanísticos ............................................................................... 32
4.2 Bioclimática ................................................................................................... 34
5. ESTUDO DE VIABILIDADE ................................................................................... 37
6. ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 38
6.1 Hospital Sarah Kubitschek - Salvador ........................................................... 38
6.2 Clínica de Hemodiálise Nefrodouro ............................................................... 46
6.3 Hospital Satkhira da Friendship .................................................................... 52
7. HEMOAÇO ............................................................................................................. 56
7.1 Fluxograma .................................................................................................... 57
7.2 Setorização .................................................................................................... 58
6.3 Análise Projetual ............................................................................................ 60
8. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 67
Dedico este trabalho ao meu esposo Rômulo, pelo
estímulo, carinho e compreensão.
AGRADECIMENTOS

Certamente não será possível agradecer a todos que contribuíram para


este momento da minha vida.
Primeiramente agradeço à minha orientadora Professora Ana Karolina
Oliveira, pelo conhecimento e direcionamento no desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço a minha família, meu esposo, meus filhos que sem o apoio,
dedicação e a paciência não seria possível superar este desafio.
Agradeço também a Prefeitura Municipal de Ipatinga, por ter disponibilizado
material para o estudo.
Por fim, a todos que estiveram envolvidos de forma direta ou indireta na
realização desta pesquisa.
“O mais importante não é a arquitetura,
mas a vida, os amigos e este mundo
injusto que devemos modificar.”

(OSCAR NIEMEYER)
RESUMO

Através da pesquisa de conceitos de sustentabilidade, arquitetura hospitalar, do bem estar e


saúde na humanização de espaços, pode-se perceber a importância desses conceitos na
realização de projetos para áreas de saúde desde o princípio de sua elaboração. Com base
nestes conceitos foi realizado um estudo para implantação de um Hemonúcleo humanizado
na cidade de Ipatinga/MG. Para a realização deste estudo foram estabelecidos três tópicos.
O primeiro é a contextualização do tema com base no referencial teórico de três livros. A
segunda é composta pela leitura do território e suas condicionantes. Por fim foi realizado um
estudo de caso e obras análogas. Através disso foi possível definir um programa que serviu
de base para a elaboração do projeto.
Finalizado o estudo, foi desenvolvido o projeto arquitetônico do edifício. Os projetos foram
elaborados em concordância com os princípios e estudos demonstrados nesta pesquisa.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Arquitetura Hospitalar. Saúde e Bem Estar.


ABSTRACT

Through the research of concepts of sustainability, hospital architecture, well-being and health
in the humanization of spaces, it is possible to perceive the importance of these concepts in
the realization of projects for health areas since the beginning of their elaboration. Based on
these concepts, a study was carried out to implement a humanized Hemonucleus in the city of
Ipatinga/MG. To carry out this study, three topics were established. The first is the
contextualization of the theme based on the theoretical framework of three books. The second
is composed by the reading of the territory and its conditions. Finally, a case study and similar
works were carried out. Through this, it was possible to define a program that will serve as a
basis for the elaboration of the project.
After the study was completed, the architectural design of the building was developed. The
projects were prepared in accordance with the principles and studies demonstrated in this
research.

Keywords: Sustainability. Hospital Architecture. Health and Wellness.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 - Mapa da Localização do Município de Ipatinga 3


Imagem 2 - Livro: Hematologia e hemoterapia: guia para elaboração de
projetos.
Imagem 3 - Fluxo geral do doador, sangue e paciente
Imagem 4 - Fluxo Geral do doador de sangue, bolsa de sangue e
amostra de sangue
Imagem 5 - Localização de Ipatinga
Imagem 6 - Localização do Terreno
Imagem 7 - Visualização do Terreno em Satélite
Imagem 8 - Topografia do Terreno
Imagem 9 - Corte Esquemático do Terreno
Imagem 10 - Esquemas de ocupação do terreno
Imagem 11 - Carta Bioclimática de Ipatinga
Imagem 12 - Estudo de Fachadas
Imagem 13 - Simulação de Insolação
Imagem 14 - Inserção Hospital Sarah Kubitschek - Salvador
Imagem 15 - Inserção Hospital Sarah Kubitschek - Salvador
Imagem 16 - Área Externa NefrodouroHospital Sarah Kubitschek -
Salvador
Imagem 17 - Painéis Hospital Sarah Kubitschek
Imagem 18 - Esquema térmico de sheds
Imagem 19 - Sistema de ventilação na sala do arquiteto no Hospital
Imagem 20 - Sistema de ventilação adotados
Imagem 21 - Sistema de ventilação adotados
Imagem 22 - Vista dos Jardins Hospital Sarah Kubitschek
Imagem 23 - Corredor Hospital Sarah Kubitschek
Imagem 24 - Clínica de Hemodiálise Nefrodouro
Imagem 25 - Sala de Tratamento
Imagem 26- Área Externa Nefrodouro
Imagem 27- Planta Térreo
Imagem 28 - Planta subsolo
Imagem 29 - Esquema de implantação e acessos do projeto
Imagem 30 - Inserção Clínica de Hemodiálise Nefrodouro
Imagem 31 - Inserção Clínica de Hemodiálise Nefrodouro
Imagem 32- Hospital Satkhira da Friendship
Imagem 33 - Planta Térreo
Imagem 34 - Inserção Hospital Satkhira da Friendship
Imagem 35 - Vista Canal
Imagem 36 - Fluxograma
Imagem 37 - Setorização
Imagem 38 - Acessos, Volumes e Intenções
Imagem 39 - Isométrica explodida
Imagem 40 - Planta Térrea
Imagem 41 - Corte Perspectivado
Imagem 42 - Perspectiva Externa
Imagem 43 - Planta do Primeiro Pavimento
Imagem 44 - Brinquedoteca
Imagem 45 - Planta do Segundo Pavimento
Imagem 46 - Área de descanso
Imagem 47 - Planta do Terceiro Pavimento
Imagem 48 - Fachada principal
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Índice Urbanístico 2


Tabela 2 - Uso e Ocupação do Solo 2
Tabela 3 - Programa de Necessidades
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Efeitos das cores


Quadro 2 - Serviços de Hemoterapia conforme nomenclatura e
conceituação
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MG - Minas Gerais
OMS - Organização Mundial da Saúde
ONG - Organização Não Governamental
SUS - Sistema Único de Saúde

Fonte: Brasil (2013, p. 20)


12

1. INTRODUÇÃO

Os Hemocentros são instituições que realizam atividades de hemoterapia e


hematologia, tendo como objetivo o fornecimento de sangue e seus hemoderivados,
além do atendimento ambulatorial das patologias relacionadas ao sangue.
Nos Hemocentros da Rede Pública as doações são de caráter voluntário,
por isso, a preocupação com este espaço e sua humanização, são de grande
relevância, visto que espaços com maior qualidade podem levar a uma maior adesão
por parte da população a doação de sangue (BRAGA, SANTOS, BURSZTYN, 2011).
Os hemocentros têm como peculiaridade o recebimento de pessoas não-
enfermas, ou seja, pessoas saudáveis, ao contrário de muitos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde (EAS). Apesar disso, as edificações ainda são reproduzidas
com um caráter hospitalar monótono, desconfortável e pouco humanizado.
O conceito de humanização na arquitetura hospitalar, assim, deve ser
aplicada também nesses espaços, buscando através da cor, conforto, iluminação,
propagação visual de elementos colaborar com os processos terapêuticos e qualidade
de vida dos pacientes, profissionais e doadores.
Assim este trabalho desenvolve como proposta a implantação de um
Hemocentro no município de Ipatinga, Minas Gerais, prezando por uma arquitetura
humanizada que se integre ao espaço da cidade, através do uso da gentileza urbana e
que seja eficiente energeticamente.

1.1 Problema
A falta de sangue nos hemocentros é um problema na saúde brasileira,
conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) 3 a 5% da população de um país
deveria doar sangue pelo menos uma vez ao ano, para que se tenha um nível
satisfatório em estoques de bolsas de sangue (WHO, 2007). Infelizmente, a média
brasileira em 2020 foi de apenas 1,4% (BRASIL, 2022).
Apesar de sua grande importância, existem diversos motivos que impedem
os indivíduos a se tornarem doadores, mas o maior problema de coleta no Brasil está
relacionada às dificuldades estruturais, entre elas, dificuldade de acesso, problemas de
gestão e pouca abrangência do serviço, normas e proibições antiquadas (BARRUCHO,
2015).
13

No Brasil existem 107 hemocentros, 32 hemocentros coordenadores e 430


serviços de unidades de coleta distribuídos pelo país. Em Minas Gerais existem apenas
7 hemocentros e 23 unidades de apoio à coleta e transfusão de sangue.
O sangue doado é utilizado desde tratamentos para doenças hematológicas
variadas, doenças crônicas como câncer, e também para cirurgias eletivas de grande
porte, transplantes, situações de urgência, emergências e calamidades (BRASIL,
2022).
Um dos exemplos do uso do sangue é para o tratamento de pessoas com
Hemofilia tipo A, o Brasil, possui a quarta maior população mundial de pacientes
hemofílicos com 12.983 pessoas diagnosticadas que realizam tratamentos no Sistema
único de Saúde (SUS) por meio dos hemocentros. O Estado de Minas Gerais é o
terceiro com maior número de 1.154 pacientes cadastrados em todo estado.
A cidade de Ipatinga possui uma população estimada de 265.409 habitantes,
sendo que apenas o Hospital Márcio Cunha realiza coleta de sangue, cerca de 25
bolsas/dia, atendendo apenas a demanda própria. Destaca-se que além da coleta de
sangue ser insuficiente na cidade, também os hemofílicos da cidade precisam se
deslocar para Governador Valadares para atendimento.

Imagem 01 - Mapa da Localização do Município de Ipatinga


Fonte: Autora (2022)
14

1.2 Justificativa
A busca por novos doadores e um espaço adequado para o atendimento
daqueles que precisam de um Hemocentro é a realidade da região de Ipatinga. Em
virtude disso, em 2013 foi doado através da Lei Municipal 3.317 um terreno localizado
no bairro Ferroviários para a construção do hemocentro, porém não houve evolução
em relação ao desenvolvimento de projeto para póstuma construção.
A proposta para o hemocentro atenderia em média 2 mil candidatos à
doação por mês, coletando 1,5 mil bolsas de sangue que produzem aproximadamente
4 mil hemocomponentes e seriam distribuídos a 35 estabelecimentos da região.
O hemocentro conterá ainda um ambulatório destinado ao atendimento de
pacientes com coagulopatias e hemoglobinopatias hereditárias provenientes de todo
Vale do Aço, sendo assim realizados mais de 400 atendimentos mensais.
Percebe-se que além da edificação é preciso pensar em estratégias para
atração e fidelização de novos doadores de sangue, para isso Rodrigues e Reibnitz
(2011) explanam 3 categorias, acolhimento, campanhas e estratégias educativas.
As campanhas desenvolvem eventos por um determinado tempo para um
objetivo específico, atraindo novos doadores. Já as estratégias educativas buscam
despertar a sensibilidade das pessoas para a necessidade da doação. Essas, são de
extrema importância (RODRIGUES E REIBNITZ, 2011), porém, o acolhimento é uma
das principais categorias que mantém os doadores.
Um dado relevante é que em entrevista realizada pelo Perfil do Doador de
Sangue Brasileiro da Anvisa, alegam que apenas 3,96% classificou os ambientes de
doação de sangue como agradável a ponto de retornarem para novas doações, o que
reafirma a necessidade de repensar os espaços dos hemocentros para espaços mais
humanizados (ANVISA, 2004).
No acolhimento, tem-se o atendimento aos doadores, a remoção das
barreiras que dificultam a doação, a acessibilidade a doação e a sensibilização do
doador (RODRIGUES E REIBNITZ, 2011). Percebe-se que o espaço, sua
humanização é um fator determinante para a manutenção do doador, tornando-o
assíduo.
15

1.3 Objetivo Geral


Desenvolver um estudo de implantação para um Hemocentro para o
município de Ipatinga, Minas Gerais embasado na arquitetura humanizada e na
eficiência energética, promovendo integração com o espaço urbano através do uso das
gentilezas urbanas.

1.4 Objetivos Específicos


a) Entender os conceitos de arquitetura humanizada e gentilezas urbanas, a
fim de embasar o desenvolvimento projetual do Hemocentro.
b) Analisar dois estudos correlatos de obras com temática hospitalar que
tenham como característica a arquitetura humanizada.
c) Compreender as características urbanísticas do terreno que será
desenvolvido o projeto, avaliando seus potenciais, condicionantes e
deficiências para conseguir o melhor aproveitamento no processo projetual.
d) Desenvolver as diretrizes projetuais abordando o programa de
necessidades, organograma, fluxograma e pré-dimensionamento conforme as
normativas e legislação vigentes.
16

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Para o desenvolvimento arquitetônico dos espaços dos Hemocentros,
atualmente segue-se o Guia Para Elaboração de Projetos de Hematologia e
Hemoterapia (Imagem 02), onde o Ministério da Saúde em 2013 compilou informações
relativas a estruturas físicas, equipamentos, resíduos e recursos humanos relativos ao
funcionamento de um Hemocentro.

Imagem 02 - Livro: Hematologia e hemoterapia: guia para elaboração de projetos.


Fonte: Brasil (2013)

Destacamos assim alguns pontos de grande relevância para o


desenvolvimento projetual e compreensão de um Hemocentro:
a) Público: Servidores em geral para o funcionamento do Hemocentro, Doadores
de Sangue, Visitantes (Pessoas relacionadas à Pesquisa e Extensão
Universitária ou de Empresas, ONG´s e Empresas). Além de atendimento ao
paciente portador de hemofilia e HIV positivo.
b) Funções e Setores: Conforme o Guia é necessário dividir os Hemocentros em
Setores destacamos aqui 6 setores base:
i) ATENDIMENTO AO DOADOR: Recepção ao doador e visitante, Registro
de pessoas, Espera, Triagem Clínica, Coleta de Sangue, Coleta de
Sangue por Aférese, Lanchonete e Descanso;
17

ii) ATENDIMENTO AO PACIENTE: Recepção, Espera, Consultórios, Coleta


de Amostra, Transfusão, Apoio ao portador de coagulopatia.
iii) ANÁLISE LABORATORIAL: Laboratórios de Análise Sanguínea,
Laboratório de Processamento das Bolsas de Sangue;
iv) ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS: Escritório e Espaço para Reuniões;
v) ENSINO, PESQUISA E TREINAMENTO: Palestras, Reuniões,
Confraternizações, Estudos, Coordenação;
vi) ATIVIDADES DE APOIO: Depósitos, Arquivos, Central de material,
Central de Manutenção, Central de Resíduos.
c) Fluxos: São 4 os principais fluxos organizacionais a ser utilizados em projeto do
edifício aconselhados pelo guia, Administração e apoio, Sangue, Doador,
Paciente, conforme a Imagem 03:

Imagem 03 - Fluxo geral do doador, sangue e paciente


Fonte: Brasil (2013, p. 19)
18

Imagem 04 - Fluxo Geral do doador de sangue, bolsa de sangue e amostra de sangue


Fonte: Livro: Hematologia e hemoterapia: guia para elaboração de projetos.

O Guia ainda conta com pré-dimensionamento dos ambientes, diretrizes


gerais e especificações que devem ser seguidas para o desenvolvimento projetual.
Salienta-se aqui a importância de pensar estes espaços de uma forma humanizada,
para que tanto o doador, pacientes e servidores tenham sensação de acolhimento e
bem-estar.

2.1 Arquitetura Hospitalar Humanizada


A arquitetura hospitalar nos últimos anos tem como característica a
preocupação com o bem-estar dos pacientes, buscando espaços com maior qualidade
ambiental e afastando o aspecto hostil e institucional que sempre predominou neste
tipo de edificação (VASCONCELOS, 2004).
19

Neste sentido o conceito de Humanização dos Ambientes Hospitalares vem


ganhando maior notoriedade, onde busca-se a humanização associada ao ambiente
físico dos valores humanos, tratando o homem como o foco do projeto.
Além de conhecer toda a complexidade do funcionamento de um hospital no
desenvolvimento projetual o arquiteto deve propor soluções que atendam as
necessidades técnicas e de humanização, ou seja, o edifício deve ser flexível e
expansível para atender as demandas que sempre surgem em espaços hospitalares,
mas também olhar para a subjetividade que compõe os espaços que proporcionem o
bem estar (MARTINS, 2004) .
Para humanizar os espaços envolve-se muitos aspectos, como o uso da cor,
de revestimentos, texturas, iluminação, relação com o exterior, vegetação, mobiliário e
objetos de decoração (BOING, 2003).
Nos espaços hospitalares deve-se buscar a harmonia visual em relação às
cores, buscando o equilíbrio cromático, relacionando com o tamanho e formato da área
revestida. As cores podem provocar sensação de calor ou de frio, agitar ou inibir as
pessoas (CUNHA, 2004).
Deve-se utilizar combinação de cores nas unidades
de saúde. As tonalidades quentes ou frias devem ser
equilibradas. Com a predominância das tonalidades
quentes, quando não excessivamente estimulantes,
mas o suficiente para manter os pacientes despertos
e os funcionários com uma boa produção, o local fica
com aspecto vivo e animado, e pode-se dizer o
mesmo dos pacientes e funcionários. CUNHA, 2004,
p. 60)

Para ambientes mal iluminados deve-se utilizar cores claras, pois locais
escuros deixam as pessoas mais cansadas e deprimidas. Grandjean (1988, p. 313 apud
CUNHA, 2004, p. 60) mostram alguns efeitos psicológicos de algumas cores no quadro
abaixo:
20

Quadro 01 - Efeitos das cores


Fonte: Grandjean (1988, p. 313 apud CUNHA, 2004, p. 60)

Em relação à textura é importante garantir qualidades táteis ao espaço, caso


contrário, pode-se desenvolver estresse e ansiedade, por passar a sensação de
insegurança e dependência. Destaca-se a busca por texturas que remetem a um
ambiente acolhedor e agradável, além de texturas naturais. As plantas, proporcionam
um ambiente menos frio, mais humanizado, o uso em corredores é indicado pois quebra
a hostilidade deste espaço (ROCHA, 2011).
O aroma é um ponto característico dos espaços hospitalares devido ao
cheiro forte dos produtos farmacêuticos. Este aroma característico dos hospitais deve
ser evitado, por isso nos últimos anos os espaços de saúde investem em
aromatizadores e diversas plantas (ROCHA, 2011).
Em relação ao som, evita-se ecos, sons diretos, reverberação e busca-se a
boa audição e o um timbre harmonioso. Prevalece-se e busca o silêncio, mas podendo
ser articulado com sons mais quietos e tranquilos, como os derivados de fontes e jardins
internos. “Sons naturais possuem efeito calmante e relaxante, possibilitando a melhoria
do bem-estar dos pacientes'' (ROCHA, 2011, p. 61).”
A forma atua direta ou indiretamente no processo do tratamento dos
pacientes, podendo inibir ou estimular o seu desenvolvimento. Alguns pacientes
necessitam de privacidade para os momentos de tensão, por isso, deve-se garantir
espaços privados, quando estes não puderem acontecer de forma fixa, utiliza-se o
21

isolamento por cortinas fixadas no teto, biombos ou até mesmo o mobiliário (ROCHA,
2011).
Outro fator de grande importância é o controle do ambiente por parte do
paciente, poder mudar o canal da TV, a temperatura do ar condicionado, o volume do
som, a luz, além de mais confortável, faz os pacientes se sentirem mais seguros. Malkin
(1991) ainda destaca a importância de jardins ou pátios acessíveis aos pacientes;
espaços onde os pacientes podem se dedicar a coisas do seu interesse ou hobby, e
também espaços de convivência.
Ressalta-se que não se deve forçar o contato social entre os indivíduos, pois
isso pode ferir a sua privacidade, tornando o ambiente um lugar estressante. Preza-se
por mobiliários móveis, espaços que possam ser reorganizados. Outro fator é o uso de
espaços com distrações positivas, ou seja, elementos que ajudam o paciente a se
distrair, uso de átrios, jardins externos, uso dos elementos como água e fogo (exemplo,
aquário e lareira), janelas baixas que permitem a visão pro espaço externo, iluminação
e cores adequadas, e a integração com a natureza (VASCONCELOS, 2004).

2.2. Gentileza Urbana


O “Amor pela cidade” e as atitudes que o estimulem, é o que leva ao termo
que Jaime Lerner cunhou em seu livro “Acupuntura Urbana” como Gentileza Urbana. A
gentileza urbana é derivada de ações, ideias que refletem a consciência das pessoas
sobre a cidade e o quanto ela é importante para a vida da cidade (LERNER, 2011).
São atos, pequenas ações e transformações que carregam diversos
significados e auxiliam na melhora da qualidade de vida das cidades. Um exemplo que
o autor trás é o caso de Maripá, onde o embelezamento da cidade foi mantido e
admirado pela população: “Em Maripá, uma pequena cidade no oeste do Paraná, a
prefeitura plantou orquídeas nas ruas. A flor é tão bonita que a população devolveu a
gentileza do governo com outra gentileza urbana: ninguém mexe nas orquídeas
(LERNER, 2011, p.29)”.
Pensar no espaço arquitetônico associado ao espaço urbano é de grande
importância para termos cidades mais atrativas. A cidade é o cenário do encontro, um
espaço onde se integram as mais diversas funções, por isso, quanto mais você misturar
as funções mais vida você terá (LERNER, 2011).
22

Pequenas praças, pequenos espaços de encontro fazem a cidade ter vida.


No livro Cidade para Pessoas, Jan Gehl relata a importância de pensar em espaços
pequenos. Espaços que possuam a proporção entre altura e largura dos edifícios no
seu entorno, que apresentem plano de fechamento e que passem a sensação de
acolhimento (GEHL, 2013). Speck (2017, p.77) complementa o quanto pequenos
espaços podem levar as pessoas aos espaços urbanos:

As pessoas gostam de espaços abertos e áreas


livres. Mas também gostam e precisam de uma
sensação de fechamento para se sentirem
confortáveis como pedestres. Espaços públicos são
tão bons quanto seu entorno e muito cinza ou verde
- estacionamentos e parques - pode fazer com que o
possível pedestre fique em casa.

O Instituto de Arquitetos Brasileiros (IAB) relata a Santos (2015) que a


gentileza urbana é definida por obras privadas que pensam na relação com o espaço
urbano, favorecendo o urbanismo e o paisagismo urbanos e relacionando obra e
entorno.
Um prédio que agrega uma praça ao seu projeto
paisagístico, e a torna um espaço público, está
praticando gentileza urbana. Em tempos de
sustentabilidade, uma construção que capta água da
chuva e fornece parte do que é armazenado para
regar um espaço público também age com gentileza
urbana. (SANTOS, 2015, [s.p.])

Ao pensar em praças e espaços públicos de estar associados, relembra-se


da importância do seu tamanho, para Lerner (2011) para praças você vai, num parque
você se perde. Uma praça é para você ver o que está em volta, num parque é para
você ver o que está dentro dele. Assim, espaços urbanos como pequenas praças
associadas a equipamentos urbanos, podem auxiliar a fazer com que o público o
visualize.
Para levar as pessoas a um determinado lugar é importante pensar em
espaços agradáveis, um dos pontos relevantes para desenvolver espaços urbanos
agradáveis é a arborização, melhoram a paisagem e dão sombra, melhorando o
conforto ambiental. “Árvore é a acupuntura que cura a dor da ausência da sombra, de
vida, de cor, de luz (LERNER, 2011, p. 75)”.
23

Relacionar espaços arquitetônicos e urbanos, pensando em pequenas


praças urbanas pode auxiliar a desenvolver pontos de encontro, estimular olhares e
fazer os espaços mais atrativos e agradáveis.
24

3. HEMOCENTROS
O Hemocentro é o edifício onde se englobam as funções relacionadas aos
tratamentos com a utilização da hemoterapia, coleta de sangue e também um espaço
de estudo e pesquisa do sangue.
A hemoterapia é um tratamento que faz o uso terapêutico do sangue,
tratando enfermidades como a perda massiva de sangue e hemofilia. O Hematologista
é o responsável por estudar a hematologia e também desenvolver os tratamentos
necessários. Um dos tratamentos da hemoterapia é a transfusão de sangue, seja ele
sangue total ou um de seus componentes: plasma, plaquetas, hemácias, leucócitos,
albumina, fatores de coagulação, entre outros (ABCMED, 2011).
Tudo começa com a doação de sangue e para esta é necessário preencher
alguns critérios (FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE, 20–):
● Ter entre 16 e 69 anos;
● Pesar no mínimo 50 kg;
● Estar em boas condições de saúde;
● Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas);
● Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que
antecedem a doação);
Destaca-se que há uma lista de impedimentos temporários e definitivos que
não permitem a doação de sangue, mas todos são solicitados durante o cadastro do
doador. O intervalo mínimo de doação é para homens 4 vezes ao ano, com intervalo
de 2 meses entre doações e para as mulheres 3 vezes ao ano com intervalo de 3 meses
para doação (FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE, 20).
Atualmente o perfil do doador brasileiro é mais masculino, sendo que do total
de doadores 65,67% são homens, de etnia branca (49,45%), com ensino médio
completo (39,70%) que possuem de 30 a 39 anos (28,25%) e que estão empregados
(35,77%). Um perfil de classe social baixa e média renda (43%) (ANVISA, 2004).
Dentro dos espaços que prestam serviços de hemoterapia existem 7 níveis
de complexidade, sendo dois deles denominados de hemocentro, um de caráter
regional e outro como coordenador. O presente trabalho desenvolverá um Núcleo de
Hemoterapia, no qual pode-se constatar as funções abaixo:
25

NOME FUNÇÕES

HEMOCENTRO entidade de âmbito central, de natureza pública, localizada preferencialmente


COORDENADOR na capital, referência do Estado na área de Hemoterapia e/ou Hematologia
- HC com a finalidade de prestar assistência e apoio hemoterápico e/ou
hematológico à rede de serviços de saúde. Deverá prestar serviços de
assistência às áreas a que se propõe, de ensino e pesquisa, formação de
RH, controle de qualidade, suporte técnico, integração das instituições
públicas e filantrópicas, e apoio técnico à Secretaria de Saúde na formulação
da Política de Sangue e Hemoderivados no Estado, de acordo com o Sistema
Nacional de Sangue e Hemoderivados - SINASAN e o Plano Nacional de
Sangue e Hemoderivados - PLANASHE e em articulação com as Vigilâncias
Sanitária e Epidemiológica;

HEMOCENTRO entidade de âmbito regional, de natureza pública, para atuação macro-


REGIONAL - HR regional na área hemoterápica e/ou hematológica. Deverá coordenar e
desenvolver as ações estabelecidas na Política de Sangue e Hemoderivados
do Estado para uma macro-região de saúde, de forma hierarquizada e acordo
com o SINASAN e o PLANASHE. Poderá encaminhar a uma Central de
Triagem Laboratorial de Doadores as amostras de sangue para realização
dos exames.

NÚCLEO DE entidade de âmbito local ou regional, de natureza pública ou privada, para


HEMOTERAPIA - atuação micro-regional na área de hemoterapia e/ou hematologia. Deverá
NH desenvolver as ações estabelecidas pela Política de Sangue e
Hemoderivados no Estado, de forma hierarquizada e de acordo com o
SINASAN e o PLANASHE Poderá encaminhar a uma Central de Triagem
Laboratorial de Doadores as amostras de sangue para realização dos
exames.

UNIDADE DE entidade de âmbito local, de natureza pública ou privada, que realiza coleta
COLETA E de sangue total e transfusão, localizada em hospitais ou pequenos
TRANSFUSÃO - municípios, onde a demanda de serviços não justifique a instalação de uma
UCT estrutura mais complexa de hemoterapia. Poderá ou não processar o sangue
total e realizar os testes imuno-hematológicos dos doadores. Deverá
encaminhar para a realização da triagem laboratorial dos marcadores para as
doenças infecciosas a um Serviço de Hemoterapia de referência;

UNIDADE DE entidade de âmbito local, que realiza coleta de sangue total, podendo ser
COLETA - UC móvel ou fixa. Se for móvel, deverá ser pública e estar ligada a um Serviço de
Hemoterapia. Se fixa, poderá ser pública ou privada. Deverá encaminhar o
sangue total para processamento e realização dos testes imuno-
hematológicos e de triagem laboratorial dos marcadores para as doenças
infecciosas a um Serviço de Hemoterapia de referência;

CENTRAL DE entidade de âmbito local, regional ou estadual, pública ou privada, que tem
TRIAGEM como competência a realização dos exames de triagem das doenças
LABORATORIAL infecciosas nas amostras de sangue dos doadores coletado na própria
DE DOADORES - instituição ou em outras. A realização de exames para outras instituições só
CTLD será autorizada mediante convênio/contrato de prestação serviço, conforme a
natureza das instituições;

AGÊNCIA Fiscalização preferencialmente intra-hospitalar, com a função de armazenar,


TRANSFUSIONAL realizar testes de compatibilidade entre doador e receptor e transfundir os
- AT hemocomponentes liberados. O suprimento de sangue a estas agências
realizar-se-á pelos Serviços de Hemoterapia de maior complexidade.
Quadro 02 - Serviços de Hemoterapia conforme nomenclatura e conceituação:
Fonte: BRASIL (2001, adaptado pela autora)
26

É importante que o espaço de Hemoterapia tenha seu projeto aprovado pelo


órgão de vigilância sanitária competente e que seus fluxos, estrutura,
dimensionamento, segurança, higiene, conforto e funcionalidade estejam de acordo
com as normas existentes. Salienta-se o uso:
a) RDC 50/02 que dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,
programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde - (BRASIL, 2002);
b) RDC 189/03 que dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos de análise,
avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2003);
c) O Guia Para Elaboração de Projetos de Hematologia e Hemoterapia (BRASIL,
2013;
Conforme a Associação Brasileira de Bancos de Sangue - ABBS o processo
de doação de sangue ocorre em 5 etapas em um Hemocentro, Doação,
Processamento, Exames, Armazenamento, Distribuição
1º Doação: Primeiro é realizado um cadastro do doador e em seguida o
mesmo passa por uma triagem médica individual onde são investigados fatores
relativos à segurança do doador e receptor. Após a aprovação do doador é feita a
coleta de aproximadamente 500 ml de sangue, onde alguns tubos de amostra já são
separados para os exames de segurança.
2º Processamento: O sangue é encaminhado para o processamento onde
gera-se até 4 componentes desta doação, lembrando que os componentes são:
plasma, plaquetas, hemácias, leucócitos, albumina, fatores de coagulação, entre
outros.
3º Exames: As amostras de sangue são encaminhadas para a realização de
exames sorológicos, para identificar por exemplo hepatite, HIV, Chagas, Sífilis, etc., e
também testes Imunohematológicos, exemplo para identificar a tipagem ABO e RH.
4º Armazenamento: Depois da coleta e processamento o sangue é
armazenado de acordo com as exigências legais, até que sejam liberados todos os
resultados dos exames para o mesmo ser distribuído.
5º Distribuição: Após a liberação do sangue o mesmo é rotulado e
encaminhado para os hospitais para o seu devido uso.
27

Para o desenvolvimento arquitetônico dos espaços dos Hemocentros,


atualmente segue-se o Guia Para Elaboração de Projetos de Hematologia e
Hemoterapia (Imagem 01), onde o Ministério da Saúde em 2013 compilou informações
relativas a estruturas físicas, equipamentos, resíduos e recursos humanos relativos ao
funcionamento de um Hemocentro.

3.1 O Hemocentro em Ipatinga - MG


A construção de um Hemocentro em Ipatinga/MG é uma demanda antiga da
população. O Hemocentro mais próximo fica localizado no município de Governador
Valadares, há uma distância de 100 km de Ipatinga. Apesar de o município dispor de
transporte gratuito para os doadores se deslocarem até o Hemocentro de Governador
Valadares, o trajeto é cansativo, demorado e muitas vezes desestimulante.
Em 2012 foi aprovado pela Câmara dos Vereadores de Ipatinga a doação de
um terreno localizado no bairro Ferroviários para a construção do Hemocentro. A
doação do terreno foi concluída em 2013 por meio da Lei Municipal 3.317. Em 2021 foi
levado à Câmara de Vereadores de Ipatinga, como pauta, a necessidade de construção
do hemocentro que não foi iniciada até o momento.
Atualmente, apenas o Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, tem banco de
sangue e faz coleta de cerca de 25 bolsas/dia, atendendo apenas a demanda própria.
No período de junho de 2014 a junho de 2015, foram realizadas 10.047 transfusões de
hemocomponentes nos municípios de Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Caratinga,
Coronel Fabriciano, Dionísio, Inhapim, Ipatinga e Timóteo.
Neste sentido, apresenta-se necessário o projeto de um Hemonúcleo para a
cidade de Ipatinga, que contribuirá para a melhoria da infraestrutura da Hemorrede
pública, beneficiando de forma significativa toda a população do Vale do Aço com os
serviços e produtos ofertados pela Hemorrede.
O Hemonúcleo será projetado com a capacidade de atender a demanda da
região, em média, a 2 mil candidatos à doação por mês, coletando cerca de 1,5 mil
bolsas com as quais se produz aproximadamente 4 mil hemocomponentes. Os
hemocomponentes produzidos: concentrado de hemácias, plasma fresco congelado,
concentrado de plaquetas e crioprecipitado serão distribuídos para 35
estabelecimentos de saúde da região.
28

O hemocentro manterá ainda um ambulatório destinado ao atendimento de


pacientes com coagulopatias e hemoglobinopatias hereditárias provenientes de todo o
Vale do Aço, no qual serão realizados mais de 400 atendimentos mensais.
29

4. CONDICIONANTES
O município de Ipatinga está situado no estado de Minas Gerais e localiza-
se a leste de Belo Horizonte. A cidade é integrante da mesorregião geográfica do Vale
do Rio Doce, com população estimada em 261.344 habitantes (IBGE, 2018). A região
tem predominância de clima tropical úmido, com chuvas e temperaturas elevadas no
verão e amenas no inverno. Os comércios e serviços de Ipatinga oferecem
infraestrutura comparável à das principais cidades do país.

Imagem 5 – Localização Ipatinga


Fonte: Autora (2022)

Para a implementação do projeto foi escolhido um terreno localizado na


Avenida José Júlio Costa na cidade de Ipatinga. O entorno imediato ao terreno tem
predominância em áreas verdes e áreas residenciais.

Imagem 6 – Localização Terreno


Fonte: Autora (2022)
30

O terreno fica em localização estratégica ao lado do Hospital Márcio Cunha


Oncologia, é cercado por vegetação nativa (na maioria mangueiras) em uma de suas
laterais e fundo.

Imagem 7 – Visualização do Terreno em Satélite


Fonte: Google Mapas (2022)

A topografia do terreno é regular, sendo plana em sua maior parte e acentuada


somente na parte posterior.
31

IMPLANTAÇÃO
SEM ESCALA

Imagem 8 – Topografia do Terreno


Fonte: Autora (2022)

CORTE AA

CORTE BB

Imagem 9 – Corte Esquemático do Terreno


Fonte: Autora (2022)
32

4.1 Parâmetros Urbanísticos


O plano diretor do município de Ipatinga está devidamente regulamentado
pela Lei 3.408 de 27/11/2014. O terreno está inserido na Zona de Grandes
Equipamentos, compatível com o porte da proposta.

Art. 21. Na Zona de Grandes Equipamentos - ZGE


serão permitidos o uso institucional, o comércio e os
serviços de grande porte, desde que observado o uso
coletivo.( Lei 3.408, 2014).

Tabela 1 – Índice Urbanístico


Fonte: Prefeitura Municipal (2014)
33

Tabela 2 – Uso e Ocupação do Solo


Fonte: Prefeitura Municipal (2014)
34

Imagem 10 – Esquemas de ocupação do terreno


Fonte: Autora (2022)

4.2 Bioclimática
A arquitetura bioclimática baseia-se na correta aplicação dos elementos
arquitetônicos com o objetivo de fornecer ao ambiente construído um alto grau de
conforto higrotérmico com baixo consumo de energia.
Em Ipatinga, a estação com precipitação é quente, abafada e de céu quase
encoberto. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 17 °C a 32 °C e raramente
é inferior a 14 °C ou superior a 36 °C. A direção média horária predominante do vento
em Ipatinga é do leste durante todo o ano.
35

Imagem 11 – Carta Bioclimática de Ipatinga


Fonte: Prefeitura Municipal (2014)

Com base em estudos climáticos nas fachadas pode ser destacado que as
fachadas Leste e Sul são as com temperaturas mais confortáveis durante o ano e as
fachadas norte e oeste são as fachadas mais quentes precisando de aplicação de
soluções para o controle da temperatura através de ventilação natural ou ar
condicionado dentro do edifício.

Imagem 12 – Estudo de Fachadas


Fonte: Autora (2022)
36

Imagem 13 – Simulação de Insolação


Fonte: Autora (2022)
37

5. ESTUDO DE VIABILIDADE

Os hemocentros têm uma peculiaridade como prédios de saúde: recebem


doadores de sangue absolutamente saudáveis. Isso se reflete na necessidade de um
espaço que não se assemelhe a um hospital, mas apresenta uma atmosfera e um toque
humano para receber e acolher os usuários.
Os funcionários que são restringidos por seu ambiente de trabalho ao longo
do dia também precisam ser considerados. Por isso, a humanização do espaço deve
ser pensada para estadias de pequena, média e longa duração. Para criar soluções
espaciais para qualquer unidade de enfermagem especializada, é necessário um
entendimento mínimo das condições de tratamento, funções e motivação clínica.
Embora a Hemoterapia e Hematologia tenham como foco a saúde, o
desenho de seus espaços exige uma maior compreensão das complexidades de seu
ambiente, especialmente dos fluxos que ali ocorrem.
O hemocentro é um edifício eficiente, flexível, que respeita as normas da
Anvisa e do Plano Diretor do município, e que oferece atividades e usos diversificados
além dos serviços de hemoterapia e hematologia.
A busca por um edifício preocupado com a responsabilidade ambiental
resultou em uma importante iniciativa do Ministério da Saúde, a política da Hemorrede
Sustentável. O projeto tem por objetivo levar o conceito de requalificação ambiental a
outros hemocentros no Brasil buscando a otimização dos fluxos, a humanização dos
espaços e a eficiência energética em um serviço público de saúde.
38

6. ESTUDOS DE CASO
A apresentação de projetos análogos e estudos de caso tem como objetivo
servir de referência para a elaboração do Hemoaço. O alvo desta etapa é a análise de
conceito, inserção urbana, fluxo, setorização, programa, materialidade e solução
técnica das obras escolhidas, tendo em vista o fortalecimento do embasamento da
proposta projetual.

6.1 Hospital Sarah Kubitschek - Salvador

Sarah Kubitschek é o nome de uma rede hospitalar constituída por nove


unidades estabelecidas no Brasil. O seu nome foi escolhido em homenagem à esposa
do Presidente Juscelino Kubitschek na época da fundação de Brasília, local de
construção da primeira unidade. A rede Sarah atende enfermidades como
politraumatismo e problemas locomotores, objetivando sua reabilitação. Este estudo
pretende demonstrar as características e qualidades do projeto concebido pelo
Arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé.
O arquiteto é reconhecido por valorizar e dominar questões referentes a
conforto térmico aplicado principalmente em construções hospitalares, que
tradicionalmente seguiam uma lógica de ambientes fechados e ganharam estilos e
layouts aplicados de forma mais natural possível a partir dos projetos de Lelé.
Em relação à inserção do projeto, pode-se afirmar que está situado
adjacente a uma grande via de Salvador, que possui alto tráfego de veículos, além de
possuir uma passarela elevada para o acesso de pedestres, o que é justificado também
pela topografia do terreno, que mostra-se mais alta no ponto de inserção do hospital.
Outra característica importante é a predominância de equipamentos residenciais e
comerciais no entorno, além da relevante e densa área verde.
39

Imagem 14 e 15 – Inserção Hospital Sarah Kubitschek - Salvador


Fonte: Google Mapas (2022)
40

Imagem 16 – Hospital Sarah Kubitschek – Salvador


Fonte: Nelson Kon (2012)

O projeto do ano de 1994 foi construído em Salvador na Bahia e é


posicionado de forma isolada no terreno. O hospital de Salvador foi um dos primeiros
a ser construído dentre a rede hospitalar Sarah Kubitschek. Sua materialidade é
composta por metal e utiliza estruturas de aço em sua composição.

Imagem 17 – Painéis Hospital Sarah Kubitschek


Fonte: Nelson Kon (2012)
41

Um único elemento dá forma ao projeto: um shed


metálico curvo, de grandes e diferentes extensões, e
repetidos em dezenas de linhas paralelas. Suas
únicas variações, além do formato padrão, são uma
gerada por um maior vão da estrutura de aço que o
sustenta, repercutindo na maior dimensão do shed; e
outra criada pelo fechamento do shed a partir da
continuidade da sua curva, quando não há a
necessidade de ventilação. ( Igor Fracalossi, 2012).

Imagem 18 – Esquema térmico de sheds


Fonte: Acervo CTRS (2003)

A qualidade espacial encontrada nos Hospitais da Rede Sarah é verificada


pela integração entre o procedimento terapêutico e as soluções arquitetônicas, que
refletem o comprometimento com o bem estar de seus usuários. Lelé, dessa forma,
além de buscar soluções funcionalmente corretas, tem o cuidado de humanizar os
hospitais, produzindo ambientes que estimulem o processo de cura. As soluções
arquitetônicas estão determinadas por critérios e diretrizes de projeto relativo à
flexibilidade e extensibilidade da construção, criação de espaços verdes, flexibilidade
das instalações, padronização de elementos da construção, iluminação natural e
conforto térmico dos ambientes (LATORRACA, 2000). Nos hospitais construídos por
Lelé, os ambientes flexíveis estão sempre adjacentes a jardins e a espelhos d’água,
pois estes amortecem a radiação solar e, consequentemente, evitam o rápido
42

aquecimento do ar. Ao mesmo tempo, os jardins internos favorecem a integração do


paciente as áreas externas de reabilitação

Imagem 19 – Sistema de ventilação na sala do arquiteto no Hospital


Fonte: Acervo CTRS (2003)
43

Imagens 20 e 21– Sistema de ventilação adotados


Fonte: Acervo CTRS (2003)
44

Imagem 22– Vista dos Jardins Hospital Sarah Kubitschek


Fonte: Nelson Kon (2012)

O edifício é rodeado por jardins externos que em alguns momentos


conectam-se a jardins internos a partir de aberturas, o que reforça o caráter da
valorização de iluminação e ventilação naturais, além de o Hospital estar situado numa
área de Mata Atlântica nativa.

O fechamento interno da abertura é feito por dois


módulos verticais de esquadrias: o inferior é, em
geral, uma veneziana metálica, e o superior, uma
basculante de vidro. Porém, em certos ambientes,
ambos módulos são basculantes de vidro, permitindo
a completa interrupção da ventilação, mas sem privar
o espaço de iluminação. (Igor Fracalossi, 2012).
45

Imagem 23 – Corredor Hospital Sarah Kubitschek


Fonte: Nelson Kon (2012)
46

6.2 Clínica de Hemodiálise Nefrodouro

Com a intenção de ser um espaço clínico diferente do tradicional, a Clínica


Nefrodouro, localizada em Santa Maria da Feira, Portugal, possui 759 m² e foi projetada
pelos arquitetos Ventura+Partners, em 2018.
A concepção projetual consiste em dois pavimentos de forma retangular,
reforçando a pureza geométrica e destacando vãos em sua fachada.

A métrica é também visível na estrutura modular


contida entre dois planos horizontais, reforçados pela
austeridade do betão que, embora sendo um material
robusto, combina harmoniosamente com a
delicadeza do vidro e do alumínio. Simples e sóbrios,
estes materiais atribuem ao edifício um caráter
contemporâneo, mas simultaneamente intemporal. A
horizontalidade do volume é, ainda, frisada pela
estrutura de pilares de ferro, que destaca e dignifica
a zona da entrada. (Susanna Moreira,2022)

Imagem 24 – Clínica de Hemodiálise Nefrodouro


Fonte: Nelson Garrido (2018)
47

Como característica principal do projeto pode-se destacar a intenção de


tornar o ambiente agradável e confortável ao usuário, priorizando a humanização do
espaço. A serenidade do espaço é reforçada arquitetonicamente pela cor branca, que
conecta quem está no espaço interno com o colorido da natureza no exterior.
A tranquilidade é também reforçada pela maneira como é utilizada a
iluminação dos espaços, valorizando a iluminação natural a partir dos rasgos verticais,
localizadas em áreas em que os pacientes permanecem por um longo tempo, como por
exemplo salas de tratamento, visando trazer um maior conforto psicológico e físico.

Imagem 25 – Sala de Tratamento


Fonte: António Teixeira (2018)
48

Imagem 26 – Área Externa Nefrodouro


Fonte: Nelson Garrido (2018)

Imagem 27 – Planta Térreo


Fonte: Ventura+Partners (2018)
49

O terreno possui um desnível em relação à rua, o que faz com que haja uma
super valorização estética do térreo, que abriga as principais atividades hospitalares,
dentre elas as salas de tratamento de hemodiálise. O térreo abriga também a entrada
principal, sala de espera, consultórios, sala de enfermagem, além de áreas de suporte
para o funcionamento da clínica, como sala de arquivos, depósitos, banheiros e
também espaços de vestiários para pacientes e funcionários.

Imagem 28 – Planta subsolo


Fonte: Ventura+Partners (2018)

O subsolo é responsável por abrigar o estacionamento, além de possuir


acessos alternativos para a clínica de hemodiálise, abriga também uma parte servidora
como áreas de expurgo e ambientes nos quais pode haver contaminação, local
necessário em projetos destinados à saúde, principalmente para o descarte de
materiais. O subsolo possui também mais algumas áreas de armazenamento e
distribuição, que faz com que esse andar tenha um caráter mais funcional para a obra
da Clínica de Hemodiálise Nefrodouro.
50

Imagem 29– Esquema de implantação e acessos do projeto


Fonte: Ventura+Partners (2018)
51

Em relação ao espaço de inserção da obra, pode-se descrever que é uma


área predominantemente residencial na qual o gabarito não ultrapassa 2 pavimentos,
com exceção de um edifício residencial na parte posterior da clínica, que possui 5
pavimentos.
As vias que circundam o hospital são calmas, contam com áreas de
estacionamento e possuem pavimentação e calçamento, o que facilita a
caminhabilidade dos usuários, além de demonstrar um local calmo para os enfermos.

Imagens 30 e 31 – Inserção Clínica de Hemodiálise Nefrodouro


Fonte: Google Mapas (2022)
52

6.3 Hospital Satkhira da Friendship


Localizado em uma área que anteriormente foi destruída por um ciclone, está
instalado o Hospital Satkhira da Friendship, em Shyamnagar Upazila, Bangladesh. O
projeto dos arquitetos Kashef Chowdhury e URBANA conta com 3387m² e foi feito no
ano de 2018.
O hospital conta com 80 leitos e foi construído pela ONG Friendship, em
meio a uma paisagem natural devastada pela própria natureza.

Imagem 32 – Hospital Satkhira da Friendship


Fonte: Asif Salman (2018)

Dentre os principais partidos adotados, pode-se destacar a composição de


layouts que valorizam iluminação e ventilação naturais, além de ser um edifício
eficiente. Pátios são alocados em espaços que valorizam esse aspecto, e salas de
cirurgia, que necessitam de ventilação artificial, são alocadas em regiões mais
reservadas do edifício.
53

Imagem 33 – Planta Térreo


Fonte: Kashef Chowdhury e Urbana (2018)
54

Em uma análise da planta térrea pode-se observar a divisão de alas


femininas e masculinas, além da ala de recepção, emergência, maternidade, área
pediátrica, além das acomodações para pacientes e suas famílias.

Imagem 34 – Inserção Hospital Satkhira da Friendship


Fonte: Google Mapas (2022)

É necessário destacar que o hospital está localizado em uma região muito


pobre, sendo um polo de atendimento para diversas necessidades, e também está
localizado em uma região na qual não é possível captar informações facilmente, um
exemplo é que não há variedade de georreferenciamento disponibilizado com facilidade
para consulta. Pode-se destacar que há proximidade com um grande rio além de ser
circundado por áreas densas de vegetação.
Entre os dois blocos de edifícios está situado um canal, que retém água
pluvial, controla termicamente a temperatura do local e também serve como uma
barreira entre os distintos acessos do hospital. A água da chuva coletada é direcionada
para dois tanques localizados nas extremidades, que favorecem o reaproveitamento, já
que a água potável na região é escassa.
55

Imagem 35 – Vista Canal


Fonte: Asif Salman (2018)
56

7. HEMOAÇO
O conceito do projeto parte da sustentabilidade e funcionalidade do edifício.
Tem como objetivo valorizar a localização se tornando ponto de referência que poderá
induzir o uso da população que circula pelo entorno do edifício, promover conforto
térmico e psicológico além de criar visuais de projeto com jardins, espaços de espera
confortáveis com vistas estratégicas, proteção solar com elementos que promovam o
conforto térmico.
O projeto Hemorrede Sustentável tem por objetivo a reabilitação ambiental
sustentável dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) que compõem a
Hemorrede Pública Federal. O projeto é fruto de uma parceria entre o Ministério da
Saúde e o Laboratório de Sustentabilidade Aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo –
LaSUS da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília - FAU
UnB. Dentre algumas diretrizes projetuais adotadas, podem ser citadas: Coleta,
processamento, qualificação e distribuição de sangue, hemocomponentes e
hemoderivados;

● Área externa: Criação de passeios e locais de permanência protegidos do sol e


seguros;
● Estudo de cada fachada e esquadrias com proposição de estrutura de brise
soleil e captação da ventilação;
● Humanização e otimização dos fluxos de doadores, pacientes e funcionários;
● Acessibilidade universal;
● Eficiência energética;
● Humanização e adequação dos espaços de trabalho;
O conceito chave da proposta consiste na criação de um edifício contemporâneo
com ambientes confortáveis integrados com espaços verdes, visando também tornar o
edifício um ponto de referência na cidade. Para isso divide-se este conceito em três
objetivos específicos:
● Proposta de espaços verdes para integração do público com o edifício.
● Conforto térmico dos ambientes utilizando aberturas, vegetação e elementos de
fachada
● Aproveitar o potencial máximo construtivo permitido de acordo com o terreno
escolhido e implantar um programa funcional.
57

Partindo dos princípios expostos, elabora-se o programa de necessidades


que irá nortear o projeto para a construção do Hemocentro de Ipatinga, acompanhado
de um quantitativo de áreas base.

Tabela 3 – Programa de Necessidades


Fonte: Autora (2022)

7.1 Fluxograma

O programa apresentado anteriormente foi distribuído de maneira funcional


posicionando todos os setores destinados aos pacientes fossem posicionados no térreo
a fim de facilitar o acesso e circulação entre eles.
58

Imagem 36 – Fluxograma
Fonte: Autora (2022)

7.2 Setorização

O programa apresentado anteriormente foi distribuído de maneira funcional


posicionando todos os setores destinados aos pacientes fossem posicionados no térreo
a fim de facilitar o acesso e circulação entre eles.
59

Imagem 37 – Setorização
Fonte: Autora (2022)

Imagem 38 – Volume
Fonte: Autora (2022)
60

Imagem 39 – Isométrica Explodida


Fonte: Autora (2022)

7.3 Análise Projetual

A partir da determinação de fluxos e setores necessários e desejados, pode-


se avançar para a etapa de projeto arquitetônico em nível de estudo preliminar.
Utilizando-se da construção de alvenaria convencional e estrutura em concreto armado,
o Hemonúcleo da cidade de Ipatinga traz em sua concepção os valores de
humanização e aproveitamento natural.
O acesso principal de pedestres acontece no andar térreo com o objetivo de
facilitar o deslocamento e chegada dos pacientes, assim como nesse pavimento estão
alocadas as salas na qual deve-se atender uma maior quantidade de pacientes, como
o ambulatório e salas de coleta.
61

Imagem 40 – Planta Térrea


Fonte: Autora (2022)

O acesso de veículos ocorre pela lateral do edifício que destina-se à rampa


de acesso do estacionamento localizado no subsolo. A circulação vertical é alocada de
forma levemente central no projeto, contando com escada e elevadores.
A utilização de ventilação e iluminação natural são também base para a
elaboração do projeto arquitetônico, o que justifica as grandes aberturas e o
posicionamento das alas, que priorizam a melhor insolação assim como o
aproveitamento das correntes de vento, como pode ser observado na Imagem 41. Outro
ponto que valoriza as características naturais do projeto é a inserção do paisagismo
não apenas na área externa do edifício, principalmente em seu amplo acesso, mas
também no pátio central, o que contribui com a humanização e sensação de frescor do
espaço. Na cobertura são utilizadas placas fotovoltaicas para que haja um auto
abastecimento elétrico do prédio utilizando-se de uma energia renovável e sustentável.
Tais placas foram projetas para que seu posicionamento atue da forma mais eficaz
possível e são alocadas de forma não prejudicial à composição estética do
Hemonúcleo.
62

Imagem 41 – Corte Perspectivado


Fonte: Autora (2022)

Imagem 42 – Perspectiva Externa


Fonte: Autora (2022)

Como pode-se notar a partir da Imagem 42, foi criada uma praça pública na
região frontal com o objetivo de demonstrar a gentileza urbana aproximando a cidade
dos usuários, pacientes e funcionário do Hemonúcleo.
Tal estratégia é também um facilitador para a melhoria das condições
emocionais dos enfermos que necessitam frequentar o edifício, já que a praça permite
que haja uma quebra do tradicional ambiente hospitalar.
A brinquedoteca, localizada no primeiro pavimento, foi projetada para receber
crianças enfermas e também as que frequentam o edifício como acompanhantes. O
seu projeto de interiores, acompanha o projeto do Hemonúcleo valorizando iluminação
63

e ventilação naturais além de um ambiente lúdico e colorido, com fechamentos em vidro


cria a interação com outros ambientes e jardins.

Imagem 43 – Planta do Primeiro Pavimento


Fonte: Autora (2022)

I
Imagem 44 – Brinquedoteca
Fonte: Autora (2022)

Outro ambiente pensado para o bem estar das pessoas é a área de descanso
localizada no segundo pavimento, o espaço é aberto e proporciona condições
agradáveis para sua apropriação. No segundo pavimento estão localizados os
laboratórios e portanto, a área fica restrita aos funcionários do Hemonúcleo.
64

Imagem 45 – Planta do Segundo Pavimento


Fonte: Autora (2022)

Imagem 46 – Área de descanso


Fonte: Autora (2022)
O terceiro pavimento foi projetado para o setor administrativo. Abrigando
cantina, vestiários e as salas de reunião. O local possui biblioteca e auditório para 100
pessoas.
65

Imagem 47 – Planta do Terceiro Pavimento


Fonte: Autora (2022)

Como toque final de avaliação projetual, destaca-se a utilização de brises


em aço cortém como uma homenagem a região do Vale do Aço, local onde o
Hemonúcleo está inserido. Sua principal função é a de controle ambiental, regulando a
insolação, mas aproveita-se como um elemento arquitetônico de destaque com sua
chamativa cor vermelha, que forma uma composição com o verde natural da vegetação.

Imagem 48 – Fachada principal


Fonte: Autora (2022)
66

8. CONCLUSÃO

Diante de toda a análise presente neste estudo, podemos concluir que a


implantação de um Hemonúcleo em Ipatinga é uma solução viável e necessária para
melhorar a qualidade dos serviços de saúde pública e que irá beneficiar não
apenas a população do município de Ipatinga mas de toda a região do Vale do Aço.
A proposta de implantação de uma edificação humanizada, com gentileza
urbana e eficiência energética vai de encontro às pesquisas recentes de arquitetura
hospitalar e de iniciativas publicadas pelo Laboratório de Sustentabilidade Aplicado à
Arquitetura e Urbanismo - LaSUS da Universidade de Brasília.
O estudo do terreno doado pela prefeitura e destinado à implantação do
Hemonúcleo é apropriado para a finalidade e suas características são compatíveis com
o plano de necessidades, além de atender aos parâmetros urbanísticos definidos no
plano diretor do município.
É frustrante perceber que embora o terreno esteja legalmente destinado
ao Hemonúcleo há quase uma década, o poder público estadual permanece inerte e
não empenha esforços para a execução da obra. Esta demora está impactando
diretamente na vida das pessoas que, quando doadoras ou portadoras de doenças do
sangue, precisam percorrer mais de 200 km no trajeto de ida e volta ao hemocentro
mais próximo. O poder público estadual é o agente responsável por fornecer a estrutura
de saúde necessária e acessível à população.
Ao Arquiteto e Urbanista fica o dever de projetar espaços que acolha o
usuário, que transmita segurança e conforto, que seja inclusivo, que respeite o meio
ambiente e que cumpra o programa de necessidades estabelecidos para sua finalidade.
67

REFERÊNCIA

PERÉN MONTERO, Jorge Isaac. Ventilação e iluminação naturais na obra de João


Filgueiras Lima, Lelé: estudo dos hospitais da rede Sarah Kubitschek Fortaleza e Rio
de Janeiro. 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006.
doi:10.11606/D.18.2006.tde-12032007-225829. Acesso em: 27/03/2022.

PERÉN, Jorge Isaac, e CARAM, Rosa Maria. Interação da Ventilação Natural,


Mecânica e Climatização: Estudo do hospital Sarah Kubitschek Fortal. In ENCAC 2007
- Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído (ENCAC), 9, Ouro Preto,
2007. Ouro Preto : Universidade Federal de Ouro Preto, 2007

PERÉN, Jorge Isaac, GRECO, Paulo, e CARAM, Rosa Maria. Análise Computacional
dos sheds da Rede de hospitais Sarah Kubitschek utilizando o Software
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