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CURSO DE POLICIAMENTO AMBIENTAL - 2018

LEGISLAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DE PROTEÇÃO À FLORA

TEN PM MENDES – 15º BPMA


Crimes e Infrações
Administrativas
CONSIDERAÇÕES GERAIS E INTRODUTÓRIAS
Módulo fiscal CAR PRA

Pequena propriedade
CRA

Área consolidada
Pousio

Infrações ambientais

Área de Uso Restrito Mata Atlântica


Área de Preservação Permanente – APP
Lei 9.605/98
• Art. 38. Destruir, danificar floresta considerada de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das
normas de proteção: detenção de 1 a 3 anos.

• Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação


permanente, sem permissão da autoridade competente. Detenção de 1 a 3
anos

• Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de


preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou
qualquer espécie de minerais. Detenção de 6 meses a 1 ano.

• Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais


formas de vegetação. Detenção de 6 meses a 1 ano

• Art. 60 da Lei 12.651/12. Termo de compromisso X suspensão e extinção da


punibilidade (arts 38, 39 e 48 da Lei 9605/98)
TJ-ES - Apelação APL 00011057320138080061 (...) Laudo Pericial que ateste a
ocorrência do delito previsto no artigo 38, da Lei n. 9.605⁄98, quando a materialidade
do crime ambiental pode ser comprovada por outros meios idôneos de prova, em
especial o boletim de ocorrência realizado por policiais ambientais, que gozam de fé
pública (...) Os elementos fáticos probatórios constantes nos autos, consubstanciados
nas provas testemunhais e documentais, demonstram a presença de elementos de
autoria e materialidade do crime ambiental previsto no artigo 38, da Lei n. 9.605⁄98.
Desta feita, para que fique configurado o delito em apreciação, deverá o agente:
a) destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que
em formação; ou b) utilizá-la com infringência das normas de proteção. Destaca-se
que este artigo constitui norma penal em branco, isto é, seu preceito incriminador
depende de outro dispositivo legal para sua aplicação. Assim, o elemento normativo
¿floresta¿ é a formação arbórea densa, de alto porte, que recobre área de terra mais
ou menos extensa. Já as florestas de preservação permanente são espécies do gênero
áreas de preservação permanente (APPs), que se encontram previstas na Lei n.
12.651⁄12, in verbis: Para os efeitos desta Lei, entende-se por Área
de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa. Ainda, destaca-se que, no caso em tela, as árvores cortadas são nativas da
mata atlântica. (Data de publicação: 15/06/2016)
Infrações ADM em APP
Decreto 6.514/08
• Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação, ou utilizá-las com
infringência das normas de proteção em APP, sem autorização do órgão competente,
quando exigível, ou em desacordo com a obtida: Multa de R$ 5.000,00 a R$ 50.000,00 por
hectare ou fração.
• Art. 44. Cortar árvores em APP ou cuja espécie seja especialmente protegida, sem
permissão da autoridade competente: Multa de R$ 5.000,00 a R$ 20.000,00 por hectare ou
fração, ou R$ 500,00 por árvore, m3 ou fração.
• Art. 45. Extrair de florestas de domínio público ou APP, sem prévia autorização, pedra,
areia, cal ou qualquer espécie de minerais: Multa de R$ 5.000,00 a R$ 50.000,00 por
hectare ou fração.
• Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas ou demais formas de
vegetação nativa em UC, APP, RL, ou demais locais cuja regeneração tenha sido indicada
pela autoridade ambiental competente: Multa de R$ 5.000,00 por hectare ou fração. (Par.
Ún. não se aplica para o uso permitido das APPS)
• Art 59, § 4º da Lei 12.651/12 (...) enquanto estiver sendo cumprido o termo de
compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por infrações cometidas
antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de
Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
CÓDIGO FLORESTAL
LEI 12.651/12 - Dec nº 7.830/2012
art 3º, II - Conceito de APP
TJ-PR - Ação Civil de Improbidade Administrativa: 9825478 (...) OBRAS
EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. CONCEITO LEGAL AMPLO.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO. NECESSIDADE DE
SUSPENSÃO DAS OBRAS. a) A Agravante estava realizando obras em
Área de Preservação Permanente, o que, inclusive, foi constatado pelo
Batalhão de Polícia Ambiental, que é o órgão ambiental competente
(com conhecimentos técnicos) para a verificação da área. b) Nos
termos da Lei nº 12651/2012, Área de Preservação Permanente - APP é
a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. d)
Nessas condições, considerando o princípio da prevenção, segundo o
qual os danos ambientais devem ser evitados, já que são de difícil
reparação, deve ser mantida a Decisão Recorrida, que suspendeu as
obras do condomínio residencial. Julgamento 21 de Maio de 2013 -
Publicação DJ: 1109 28/05/2013
Art 7º - Regime de Proteção da APP

 Pelo proprietário, possuidor ou


A vegetação em APP ocupante a qualquer título, pessoa
deve ser mantida física ou jurídica, de direito público
ou privado.

 Obrigação de promover a recomposição


Supressão de vegetação não
(propter rem)
autorizada (ou impedimento
de sua regeneração natural)
 Infração penal e administrativa

• As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao


sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou
posse do imóvel rural (Art. 2º, § 2º)
Art 8º - Hipóteses excepcionais de intervenção em APP

Utilidade pública
(art. 3º, VIII)

A regra é a não supressão


Interesse social
Admite-se exceções apenas no caso de: (art. 3º, IX)

Baixo impacto ambiental


(art. 3º, X)

• Art. 9o - É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente


para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental.
• Art. 52 - A intervenção e a supressão de vegetação em APP e RL para as atividades eventuais
ou de baixo impacto ambiental, exceto captação e condução de água e efluentes tratados e a
pesquisa científica, quando desenvolvidas na pequena propriedade, dependerão de simples
declaração ao órgão ambiental competente.
ADC 42 – Decisão 28/02/18

 por maioria, dar interpretação conforme a


Constituição ao art. 3º, VIII e IX, do Código
Florestal, de modo a se condicionar a intervenção
excepcional em APP, por interesse social ou
 Utilidade pública utilidade pública, à inexistência de alternativa
técnica e/ou locacional à atividade proposta
 Interesse social
(art. 3º, VIII e IX )  declarar a inconstitucionalidade das
expressões “gestão de resíduos” e “instalações
necessárias à realização de competições
esportivas estaduais, nacionais ou
internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei
12.651/2012 (Código Florestal)
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte,
sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos
Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão,
instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou
internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila,
saibro e cascalho;
Localização e delimitação das APPs

• Instituídas por Lei - Art. 4º • Instituídas pelo Poder Público - Art 6º


Considera-se Área de Preservação • Declaração de interesse social
Permanente, em zonas rurais ou urbanas,
para os efeitos desta Lei
i. Margens dos cursos d’água i. conter a erosão do solo e mitigar
ii. Entorno de lagos e lagoas naturais riscos de enchentes e deslizamentos
iii. Reservatórios d’água artificiais ii. proteger as restingas ou veredas
iv. Entorno de nascentes e olhos d’água iii. proteger várzeas
perenes iv. Abrigar fauna ou flora
v. Encostas superiores a 45º v. proteger sítios
vi. Restingas vi. formar faixas de proteção ao longo de
vii. Manguezais rodovias e ferrovias;
viii. Bordas dos tabuleiros ou chapadas vii. assegurar condições de bem-estar
ix. Topos de morro viii. auxiliar a defesa do território
x. Altitudes superiores a 1.800 metros ix. proteger áreas úmidas
xi. Margens das veredas
APPs - Margens dos cursos d’água

Faixas marginais de qualquer curso


d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda
da calha do leito regular, em largura
mínima de:

Art. 3º, XIX - leito regular: A calha


por onde correm regularmente as
águas do curso d’água durante o
ano.
APPs - Entorno de lagos e lagoas naturais
• 50 metros para corpos d’água com superfície inferior a 20ha;

• 100 metros para corpos d’água com superfície superior a 20ha;

• 30 metros para corpos d’água em zona urbana.

Obs. Nas acumulações naturais ou artificiais de


água com superfície inferior a 1,0 ha, a APP é
dispensada, no entanto é vedada nova
supressão da vegetação nativa.
APPs - Reservatórios d’água artificiais

 No entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de


barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida
na licença ambiental do empreendimento.

 Não será exigida Área de


Preservação Permanente no entorno
de reservatórios artificiais de água
que não decorram de barramento ou
represamento de cursos d’água
naturais.
APPs - Entorno de nascentes e olhos d’água
 As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que
seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 metros.

ADI 4903 - dar interpretação conforme a


Constituição ao art. 3º, XVII, do Código
Florestal, para fixar a interpretação de que os
entornos das nascentes e dos olhos d´água
intermitentes configuram área de preservação
permanente (28/02/18)

Conceitos – Art. 3º
• XVII – nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início
a um curso d’água.
• XVIII - olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente.
APPs – Encostas superiores a 45º
APPs – Bordas dos tabuleiros ou chapadas
 As bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do
relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções
horizontais
APPs – Topos de morros, montes e montanhas

 com altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25°
 as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3
da altura mínima da elevação sempre em relação à base, definida pelo
plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente
ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da
elevação
APPs – Margens das veredas

 Em veredas, a faixa marginal, em


projeção horizontal, com largura mínima
de 50 metros, a partir do espaço
permanentemente brejoso e
encharcado.

• Art. 3º, XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos,


usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa - buriti emergente, sem
formar dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas
APPs – pequena propriedade ou posse rural familiar

 É admitido o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante


de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante
dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de novas áreas de
vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do solo e seja
protegida a fauna silvestre.
 Art. 3º, V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada
mediante o trabalho pessoal do agricultor/empreendedor familiar rural,
incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária.

 Art. 3º, Par ún - estende-se o tratamento dispensado aos imóveis a que


se refere o inciso V às propriedades e posses rurais com até 4 (quatro)
módulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como às
terras indígenas demarcadas e às demais áreas tituladas de povos e
comunidades tradicionais que façam uso coletivo do seu território.

ADI 4903 - declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas”


e “tituladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único, do Código Florestal
APPs – imóveis rurais com até 15 módulos fiscais
 É admitida, nas margens dos cursos d’água e no entorno dos lagos
e lagoas naturais, a prática da aquicultura e a infraestrutura física
diretamente a ela associada, desde que:

• sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de


recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade;

• esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de


gestão de recursos hídricos;

• seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;

• o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.

• não implique novas supressões de vegetação nativa.


Módulo Fiscal -
 É uma unidade de medida agrária usada no Brasil, expressa em
hectares, sendo fixada para cada município, conforme anexo “A” da
Instrução Especial INCRA N.º 20/1980.

MUNICÍPIO QUANTIDADE

 Foi instituída pela Lei 6.746/79


Aquidauana 90 ha
Campo Grande 15 ha
 O tamanho varia de 5 a 110 ha Corumbá/Ladário 110 ha
Coxim 60 ha
Dourados 30 ha
Três Lagoas 35 ha
Art. 29 - Cadastro Ambiental Rural - CAR
• Registro público eletrônico de âmbito nacional; Obrigatório para todos os
imóveis rurais ; Finalidade: integrar as informações ambientais das propriedades e
posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento,
planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento
• Prazo p/ requerer a inscrição: até 31 de maio de 2018
• MS: 57.372 imóveis, 30.221.999 há, 99,83% da área (atualizado em 31/01/18)

Atividades que necessitam de CAR:


aquicultura em APP nos imóveis de até 15
MF; localização da RL; computo da APP na
RL; registro da RL no CAR desobriga
averbação no cartório; supressão de
vegetação nativa; emissão de CRA;
intervenção e supressão em APP e RL em
pequenas propriedades p/ atividades de
baixo impacto ambiental; adesão ao PRA;
continuidade de atividades
agrossilvipastoris, ecoturismo e turismo rural
em áreas rurais consolidadas; concessão de
crédito agrícola.
Art. 59 – Programas de Regularização Ambiental - PRAs
• Deverão ser implantados pela União, Estados e o DF

Decreto nº 7.830/2012
Conceito: conjunto de ações ou iniciativas a serem desenvolvidas por proprietários e
posseiros rurais com o objetivo de adequar e promover a regularização ambiental
• Regularização ambiental: conjunto de atividades desenvolvidas e implementadas
no imóvel rural visando atender ao disposto na legislação ambiental e, de forma
prioritária, garantam a manutenção e recuperação de APPs, AURs e RLs e a
compensação da RL, quando couber .

Instrumentos do PRA
• Cadastro Ambiental Rural – CAR (condição obrigatória);
• Termo de Compromisso - suspensão da punibilidade, autuações, sanções, multas
convertidas, regularização;
• Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas – PRADA ;
• Cotas de Reserva Ambiental - CRA, quando couber.
Art. 61-A - Recomposição da APP em áreas consolidadas

 Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada,


exclusivamente, a continuidade das atividades
agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em
áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.

 Art. 3º, IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação
antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações,
benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida,
neste último caso, a adoção do regime de pousio.
Recomposição obrigatória de APPs ao longo de
cursos d’água naturais

• Imóveis com área superior a 4 e de até 10 módulos fiscais: 20 metros nos cursos
d’água com até 10 metros de largura;
• Nos demais casos, extensão correspondente à metade da largura do curso d’água,
observado o mínimo de 30 e o máximo de 100 metros.
Recomposição da APP em nascentes

 ADI 4903 - os
entornos dos olhos d´água
intermitentes configuram
área de preservação
permanente (28/02/18)
Recomposição obrigatória de APPs no entorno de
lagos e lagoas naturais
Recomposição da APP em veredas
Reserva Legal – RL (conceito e regra geral)
 Art. 3º, III – área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos
ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a
proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

 Art. 12 Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação
nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as
Áreas de Preservação Permanente, observados os percentuais mínimos em relação à
área do imóvel (...)

 Art. 17 A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação


nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título,
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

 As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao


sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do
imóvel rural (art. 2º, § 2º)
Exceções a regra geral
Art. 67. Imóveis rurais com até 4 MF
 Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 MF e que
possuam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no
art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa
existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do
solo.

Art. 68. RL delimitada segundo a lei do tempo


 Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de
vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação
em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover a
recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei.
 Meios de prova: descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de
comercialização, dados agropecuários da atividade, contratos e documentos bancários
relativos à produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos.
Art. 12 - Inexigibilidade da Reserva Legal

• Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de


esgoto;

• áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de concessão, permissão


ou autorização para exploração de potencial de energia hidráulica nas
quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica,
substação ou seja instaladas linhas de transmissão de distribuição de
energia elétrica;

• áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e


ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.
Arts 15 e 16. Formas de composição da Reserva Legal

• Cômputo de APP no percentual da RL: desde que não implique em


conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; a área a ser
computada esteja conservada ou em processo de recuperação; o
proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no CAR; o
regime de proteção da ÁPP não se altera.
• Regime de condomínio: área de vegetação nativa que tem como dono
um grupo de proprietários/possuidores
• Coletiva: único dono que abriga RL de outros imóveis
• No parcelamento de imóveis rurais, a área de RL poderá ser agrupada
em regime de condomínio entre os adquirentes.
Localizacão e Registro da RL

Art. 14, § 1º. o órgão ambiental estadual deverá aprovar a localização da Reserva Legal após a
inclusão do imóvel no CAR.

Art. 14 - § 2º. Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de


Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção
administrativa, em razão da não formalização da área de Reserva Legal.

Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por
meio de inscrição no CAR, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de
transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento (...)

Art. 18, § 4º. O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de
Registro de Imóveis (...)

Somente muda o órgão em que se faz a inscrição da Reserva Legal, deixando de ser o
Cartório do Registro de Imóveis para ser o CAR.

Art. 55 do Decreto 6.514/2008 “Deixar de averbar a reserva legal”


Art. 20 do Dec 7830/12. Quem firmou Termo de Adesão e Compromisso não serão autuados
com base nos arts. 43, 48, 51 e 55 do Decreto no 6.514/2008.
Art. 66 - Déficit de vegetação em Áreas de RL
 O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área
de Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua
situação, adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente

 Art. 48, § 2º. A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural
situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.
 ADC 42 – por maioria, dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, do
Código Florestal, para permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica
(28/02/18)
Manejo e uso sustentável da Área de Reserva Legal
• admite-se a exploração econômica mediante manejo sustentável, previamente
aprovada pelo órgão ambiental competente (Art. 17, § 1o)
• Sem propósito comercial: independe de AA, mediante declaração prévia
motivada, consumo no próprio imóvel, limite 20 m3 ano. (art. 23)
• Com propósito comercial: depende de AA. (art. 22)
I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da
vegetação nativa da área;
II - assegurar a manutenção da diversidade das espécies;
III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que
favoreçam a regeneração de espécies nativas.

Pequena propriedade rural


• Sem propósito comercial para consumo no próprio imóvel: independe de AA;
Limitada a retirada anual de 23 de material lenhoso por há; não pode ser superior a 15
metros cúbicos de lenha por ano; não pode comprometer mais de 15% da biomassa da
Reserva Legal (art. 56)
• Com propósito comercial: depende de AA simplificada (Art. 57)
Crime na utilização da Área de RL sem AA

• Art. 60 da Lei 9.605/98: atividades potencialmente poluidoras


• “Agir ou tentar agir fazendo funcionar serviços comerciais e/ ou industrias utilizando a
vegetação nativa da Área de Reserva Legal, descaracterizar a cobertura vegetal da
Reserva Legal e prejudicar a conservação da vegetação nativa da Reserva Legal
constituem degradação ambiental e são atos potencialmente poluidores; e, se
cometidos sem autorização, constituem crimes.” (Paulo Affonso Leme Machado. Direito
Ambiental Brasileiro. 21ª ed. 2013, pág. 914)

• Art. 68 da Lei 9.605/98: deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental


• “O proprietário ou possuidor rural tem a obrigação legal de pedir autorização para as
atividades do manejo sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito
comercial (art. 22, caput, da Lei 12.651/2012). O comércio de espécies vegetais na
Reserva Legal precisa ser controlado pelo Poder Público, e essa obrigação tem caráter de
“relevante interesse ambiental”.” (Paulo Affonso Leme Machado. Direito Ambiental
Brasileiro. 21ª ed. 2013, pág. 915)
Crime ambiental em Área de Reserva Legal
• Art. 50 da Lei 9605/98. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas, objeto de
especial preservação. Detenção de 3 meses a 1 ano, e multa.

• “Neste dispositivo, como lembra Eladio Lecey, estão, ainda, tuteladas penalmente outras
florestas que não de preservação permanente, desde que objetos de especial proteção, como as
de Reserva legal (...)”. (Vladimir Passos de Freitas, Gilberto Passos de Freitas. Crimes contra a
natureza. 9ª ed. 2012, pág. 196)

• Art. 50 do Dec. 6.514/08. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de


vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação,
sem AA: Multa de R$ 5.000,00 por ha ou fração

• São consideradas de especial preservação as florestas e demais formas de vegetação


nativa que tenham regime jurídico próprio e especial de conservação ou preservação
definido pela legislação. (§ 2º do Art. 50 do Dec. 6.514/2008)

• Art. 51 do Dec. 6.514/08. Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou


qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, em área de
reserva legal ou servidão florestal, de domínio público ou privado, sem autorização
prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo com a concedida: Multa de
R$ 5.000,00 por ha ou fração.
Áreas de Uso Restrito – Pantanais e planícies pantaneiras

• Art. 10. É permitida a exploração


ecologicamente sustentável, devendo-se
considerar as recomendações técnicas dos
órgãos oficiais de pesquisa, ficando novas
supressões de vegetação nativa para uso
alternativo do solo condicionadas à
autorização do órgão estadual do meio
ambiente
AUR da planície inundável do Pantanal/MS
Dec Est 14.273/15

 Permitido o pastoreio extensivo pelo gado nas áreas de RL, se possuir em


seu interior pastagem nativa;
 Proteção especial das veredas, dos landis e das salinas.
 Identificada como área prioritária para compensação ambiental de RL
Atividades caracterizadas como de baixo impacto (dispensadas de AA)
 presença extensiva do gado, em pastagens nativas nas APPs dos rios,
corixos e baías, cujas métricas seguirão as definições dos inc. I e II do art. 4º
da Lei 12.651/12;
 limpeza de pastagens cultivadas, para o corte de plantas regeneradas ou
invasoras, com CAP inferior a 32 cm, e que, eventualmente, gerem material
lenhoso para utilização no local;
 limpeza de áreas de campo nativo dominadas por espécies florestais
invasoras e/ou dominantes em locais que antes eram, comprovadamente,
áreas de campo limpo;
Áreas de Uso Restrito - Áreas de inclinação entre 25º e 45º

• Art. 11. permitidos o manejo


florestal sustentável e o exercício
de atividades agrossilvipastoris,
bem como a manutenção da
infraestrutura física associada ao
desenvolvimento das atividades,
observadas boas práticas
agronômicas, sendo vedada a
conversão de novas áreas,
excetuadas as hipóteses de
utilidade pública e interesse
social.
Mata Atlântica- Lei 11.428/06
Dec 6.660/08

 utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlântica


 Art. 38-A da Lei 9.605/98. Destruir ou danificar vegetação primária ou
secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata
Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: detenção, de
1 a 3 anos, ou multa

RES CONAMA nº 388/2007 –


convalida as Resoluções
anteriores e define a vegetação
primária e secundária nos
estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da
Mata Atlântica

RES CONAMA nº 30/94 – define a


vegetação primária e secundária
nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da
Mata Atlântica no MS

Mapa da Área de Aplicação da


Lei 11428/06 – IBGE e MMA
Outras infrações contra a flora
Incêndio florestal
• Art. 41 da Lei 9.605/98 . Provocar incêndio em mata ou floresta: reclusão,
de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único Crime culposo.

• necessidade de comprovação
do nexo causal entre a atuação
do proprietário ou de seus
prepostos e o dano causado
pelo uso irregular do fogo (Art.
38, §§ 3º 4, da Lei 12.651/12)

• RES CONJ SEMAC-IBAMA/MS nº 01/ 2014


Uso de fogo em áreas agropastoris
• Art. 58 do Decreto 6.514/08: Fazer uso de fogo em áreas agropastoris
sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida:
Multa de R$ 1.000,00, por hectare ou fração.

Art. 250 do CP
• Causar incêndio expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem: reclusão de 3 a 6 anos, e multa.
• § 1º, inc. II, “h” em lavoura, pastagem, mata ou floresta

• “ (...) Em razão de previsão típica específica relativa a dano ambiental,


não mais estaria em vigor a causa de aumento prevista no art. 250,
caput, § 1º, II, h do CP, no que tange aos conceitos de mata ou floresta”.
(TJMG. APCR 00932126020028130069. DJ 7/5/10)c

• “ (...) é imprescindível expor a perigo a incolumidae pública, isto é, um


número indeterminado de pessoas” (TJDF. Rec. 2008101004591-6. DJ
16/8/10)
Madeira de lei
• Art. 45 da Lei 9.605/98. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei,
assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais,
energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em
desacordo com as determinações legais: Reclusão, de um a dois anos, e
multa.

• Decreto 6.514/08
• Art. 44. Cortar árvores em área considerada de preservação permanente ou
cuja espécie seja especialmente protegida, sem permissão da autoridade
competente: Multa de R$ 5.000,00 a R$ 20.000,00 por hectare ou fração, ou
R$ 500,00 por árvore, metro cúbico ou fração

Espécies ambientalmente protegidas/MS (art. 52 da Res SEMADE nº 9/2015)


• Peroba Rosa (Aspidosperma polyneuron); Aroeira do Sertão (Myracrodrun
urundeuva); Baraúna ou Quebracho (Schinopsis brasiliensis); Gonçalo
Alves (Astronium fraxinifolium); Pequi (Caryocar spp); Mangaba
(Hancornia speciosa); Cagaita (Eugenia dysenterica Dc.); Baru (Dpyterix
alata Vog.); Marolo (Annona Crassiflora).
Lei 9.605/98 - Motosserras

 Art. 51. Comercializar


motosserra ou utilizá-la em florestas e
nas demais formas de vegetação, sem
licença ou registro da autoridade
competente: Pena - detenção, de três
meses a um ano
 Obs. Portar motosserra é
apenas infração Administrativa
Lei 9.605/98 - Balões, Plantas de ornamentação e Floresta de
domínio público

 Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano: detenção de um a três anos ou multa

 Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio,
plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada
alheia. Detenção, de três meses a um ano

 Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta,


plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização
do órgão competente. Reclusão de 2 a 4 anos e multa.
Procedimentos básicos para fiscalização em APP
 Realizar a mensuração da área com uso de GPS;
 Verificar qual o tipo de APP foi atingida, (mata ciliar, nascentes, etc);
 Descrever qual tipo de intervenção foi realizada (Ex: corte de árvores
com destoca, supressão mediante uso de máquinas agrícola, etc), e a
distância do curso d’água ou da nascente, entre outros;
 Quando tratar-se de curso d’água, especificar sua largura e o tamanho
da faixa marginal da APP, de acordo com o Código Florestal.
 Quando tratar-se de APP de área com inclinação superior a 45º graus,
o valor aferido na medição deve ser citado no Laudo de Constatação (Ex:
desmatar em área com inclinação
superior a 47º graus);
 A intervenção e o uso das APP são possíveis mediante
autorização em procedimento autônomo, nos casos previstos no Código
Florestal.
Fiscalização em desmatamentos

 A exploração florestal deve ser autorizada pelo órgão ambiental.


 A Autorização Ambiental especifica o local, a área, o rendimento
lenhoso, quantidade de indivíduos que serão suprimidos, etc.
 Em regra, a Autorização Ambiental para supressão florestal especifica
que as espécies ameaçadas de extinção e protegidas por lei (madeira
de lei) não devem ser suprimidas. Todavia, é possível a autorização da
supressão dessas espécies pelo órgão ambiental competente.
Procedimentos para fiscalização em desmatamentos
 Solicitar a Autorização Ambiental para supressão vegetal;
 Percorrer com GPS toda área desmatada, verificando se corresponde ao
local exato que foi autorizado; se não atingiu APP, espécies imunes,
ameaçadas ou protegidas por lei; se está sendo dada destinação
adequada ao rendimento lenhoso, conforme especificado na
autorização, etc;
 Verificar se os instrumentos utilizados possuem registro junto ao órgão
ambiental competente (motosserra);
 Confeccionar levantamento fotográfico do local;
 O levantamento fotográfico deve retratar a formação florestal ainda não
suprimida na área do entorno, para possibilitar a caracterização do
estágio sucessional. Deve retratar ainda as espécies com detalhes de
diâmetro, textura da casca e madeira.

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