Você está na página 1de 14

BASES DO

ACOLHIMENTO NO
ENSINO SUPERIOR
Como acompanhar e
fortalecer as trajetórias
estudantis
03
Apresentação

05
Acolhimento no Ensino
Superior

O7
Acompanhar as
trajetórias estudantis

10
Rede de Apoio
Institucional
ÍNDICE

13
Referências
APRESENTAÇÃO
O conteúdo deste guia destina-se a toda comunidade
universitária, em especial às equipes de serviços administrativos e
acadêmicos que constituem os espaços institucionais da
Universidade. Também pode ser útil para os estudantes
compreenderem em que medida o acolhimento pode fortalecer
suas trajetórias universitárias e profissionais.
O objetivo deste material é apresentar concepções de
acolhimento no ensino superior na relação cotidiana de diferentes
atores educativos (técnicos em educação e professores) diante do
acompanhamento da vida acadêmica dos estudantes. Os
fundamentos de base dessa produção estão centrados nas
contribuições da psicologia na interface com a educação e o
trabalho.
Para iniciar esse diálogo, adota-se como ponto de partida a
seguinte pergunta-desafio “Por que é importante oferecer espaços
de acolhimento e apoio específico à população estudantil da
Universidade?”.
Um dos pilares da vida universitária é se manter perfeitamente
integrada à comunidade, não bastando estar vinculada somente
aos/às estudantes e professores/professoras, e produzir
conhecimentos que sejam respostas às necessidades
locais/regionais/nacionais. Dentre as inúmeras formas de garantir
esse pilar, defende-se a necessidade de se construir espaços
acadêmicos cooperativos para o fortalecimento dos vínculos e
trajetórias de todos os atores que constituem a Universidade.
Adicionalmente, por meio desses espaços, defender uma
convivência pelo bem comum, respeitando e valorizando a
diversidade como um elemento garantidor de um ambiente
saudável e potente.
APRESENTAÇÃO
Nessa direção, entende-se que essa institucionalidade pode se
fazer presente no trabalho das equipes de serviços administrativos
e acadêmicos quando se promove: (a) uma comunidade
universitária atenta e comprometida com as questões históricas,
econômicas, de raça, de gênero e de território da sua população
estudantil; (b) espaços específicos para favorecer o apoio cultural e
o pertencimento na Universidade; (c) espaços físicos e de trocas
significativas; (d) serviços psicossociais na relação com as políticas
educacionais; (e) continuidade do apoio financeiro à população
estudantil; (f) suporte aos processos de aprendizagem e formação;
e (g) suporte à equipe técnica que atua com as diferentes
populações estudantis.
Com base nesse entendimento, a seguir, será apresentado o
que se define por acolhimento no ensino superior, com o objetivo
de evidenciar os princípios para a construção de uma comunidade
universitária acolhedora. Na sequência, a importância de
acompanhar as trajetórias estudantis, com vistas à promoção do
fortalecimento da vida universitária da população estudantil.
Também evidenciar, de modo breve, a importância da construção
da rede de apoio institucional, a fim de apresentar os processos de
trabalho presentes em uma instituição universitária que podem
auxiliar às equipes de serviços administrativos e acadêmicos para
acompanhar as trajetórias estudantis.
Espera-se que o guia “Bases do Acolhimento no Ensino
Superior: Reflexões sobre acompanhar e fortalecer as trajetórias
estudantis” seja um apoio à comunidade universitária no exercício
de tornar a Universidade acessível e rica em diversidade dos seus
saberes e fazeres. E que as equipes de serviços administrativos e
acadêmicos se sintam amparadas e preparadas para contribuir
com a oferta de serviços coadunados às políticas educacionais de
democratização ao acesso do ensino superior da população
estudantil.

Boa Leitura!
ACOLHIMENTO NO
ENSINO SUPERIOR
A vida universitária é constituída, de modo geral, pela produção
do conhecimento e pela formação profissional qualificada a partir
da relação sujeito e comunidade. Esse contexto faz com que se
defenda um espaço acadêmico que, mesmo não sendo sinônimo
de uniformidade, coopere efetivamente para que os diferentes
atores educativos se sintam integrados e pertencentes à
Universidade.

Trabalhar o conceito de acolhimento no ensino superior é


uma urgência tanto para as políticas institucionais quanto
para o cerne da atuação dos profissionais da educação
no ensino superior.

De acordo com Anselmo, Dias-Santos e Feitosa (2022), o


conceito de acolhimento pode assumir muitos matizes. No
contexto universitário brasileiro, as autoras evidenciam que o
acolhimento pode ser compreendido como um processo de apoio e
acompanhamento de estudantes na relação com os professores,
com a estrutura e com a cultura universitária.
No campo da psicologia, a temática do acolhimento tem sido
associada aos estudos acerca das vivências universitárias, da
adaptação universitária e das trajetórias de estudantes no ensino
superior sob diferentes aportes teórico-metodológicos (ANSELMO;
DIAS-SANTOS; FEITOSA, 2022). Entende-se que as rupturas que
acompanham a transição de estudantes para o ensino superior, os
novos códigos culturais presentes na formação universitária, as
expectativas acadêmicas em torno do ingresso nas IES podem ser
compreendidas quando se oferece suporte ao processo de
chegada e permanência da comunidade estudantil na Universidade.
ACOLHIMENTO NO
ENSINO SUPERIOR
Compreende-se que o conjunto das atividades oferecidas são
constituídas na e pela promoção do desenvolvimento humano da
comunidade acadêmica. Portanto, trabalhar com o processo de
acolhimento é reconhecer a importância de propor ações que
aproximem a comunidade estudantil de um percurso acadêmico e
profissional profícuo na Universidade.

Com base na concepção desenvolvimentista do


acolhimento no ensino superior, é importante que os
serviços de apoio aos estudantes na Universidade
considerem as seguintes dimensões para nortear sua
atuação profissional, são elas:

Relacional/Subjetiva. Entendendo aspectos, por


exemplo, de como o estudante tem sido apoiado; os
sentidos e os significados de ingressar no ensino
superior.
Institucional. Considerando as medidas utilizadas pelas
políticas educacionais e da gestão universitária para
promover o desenvolvimento acadêmico do estudante,
como por exemplo, no acompanhamento e suporte da
vida estudantil no ensino superior.
Formativas. Fortalecendo espaços de aprendizagem
específicos de modos diversos, inclusivos e criativos para
a comunidade estudantil.
Entendendo que processos educacionais podem ser
promotores de acolhimento e permanência, cabe à Universidade
dispor de serviços e equipe de profissionais para planejar,
acompanhar e fortalecer as trajetórias escolares e vivências dos
estudantes universitários. Mas, como?
Acompanhar as trajetórias
estudantis
Acompanhar as trajetórias estudantis deve ser uma agenda
prioritária e dinâmica da política educacional e da gestão de uma
Universidade. Entende-se que o contexto universitário pode ser
constituído por muitas especificidades, tais como de
infraestrutura, de força de trabalho, de perfil de estudantes e até
mesmo de orçamento para garantir o funcionamento de
serviços/setores na instituição.
Sabendo dessas condições diversas, algumas sugestões são
apresentadas como agendas a serem priorizadas para viabilizar o
suporte aos/às estudantes ao longo da vivência universitária, são
elas:
Dispor de espaços diversos para recepcionar a comunidade
estudantil.
Apresentar e dispor de informações sobre os serviços essenciais
que envolvem a organização da vida acadêmica e pessoal dos/as
estudantes.
Estimular espaços relacionais e horizontais para a condução de
reuniões entre os diferentes atores educativos.
8

Acompanhar as trajetórias
estudantis
Evidenciar e cultivar o respeito à língua materna de
estudantes indígenas e de estudantes estrangeiros no
contexto universitário, na tentativa de minimizar o efeito da
barreira linguística e promover a integração com a
comunidade universitária local.
Propor atividades culturais e sociais no calendário acadêmico
da Universidade, com o envolvimento de estudantes e equipe
técnica.
Compartilhar experiências positivas das realidades e de
trajetórias plurais de estudantes, que assim o desejarem, para
a comunidade universitária.
Promover ampla divulgação da oferta de serviços e de
programas dirigidos aos estudantes nos sites e redes sociais
da universidade.
Oferecer apoio por técnicos da educação que estejam cientes
dos problemas e realidades de estudantes, tanto do ponto de
vista pedagógico quanto psicossocial.
Identificar medidas claras para erradicar o racismo e a
discriminação, bem como para proteger as vítimas desses
crimes na Universidade.
9

Acompanhar as trajetórias
estudantis
Divulgar de modo amplo os programas de bolsas e
financiamento para estudantes permanecerem na
Universidade.
Tornar o suporte disponível e acessível de comunicação entre
estudantes e os serviços institucionais da Universidade.
Garantir a acessibilidade aos serviços de apoio à
aprendizagem presenciais e virtuais.
Propor um serviço de orientação acadêmica e profissional
para estudantes interessados.
Oferecer um serviço de apoio à redação e revisão de
trabalhos, considerando que o português pode não ser a língua
materna do/a estudante.
Sugerir a criação de um comitê institucional intersetorial
específico para garantir a consistência das iniciativas e
proposições de acolhimento para a comunidade universitária.
Manter relacionamentos e vínculos entre as pessoas
envolvidas nos diferentes departamentos para garantir que as
questões e realidades da população estudantil sejam
atendidas.
Assegurar que a comunidade estudantil esteja representada
nos diferentes projetos e atividades da instituição.
10

Rede de Apoio institucional


A comunidade universitária também é constituída por
diferentes setores administrativos que representam elos
importantes entre as políticas institucionais e a relação com a
população estudantil. Esses setores são constituídos, em
geral, por servidores responsáveis pelo planejamento, pela
implementação e pela avaliação de políticas educacionais e
serviços de apoio a estudantes, professores e técnicos em
educação. A depender dos processos de trabalho na
Universidade, esses setores podem e necessitam apresentar
uma atuação em rede com e entre seus pares.
No cotidiano de trabalho dos servidores que constituem
setores específicos da Universidade, muitas são as
demandas e volumes de informações técnicas. Essas
informações são, por vezes, desconhecidas pelos próprios
atores que exercem funções diferentes. Para ilustrar esse
cenário, podem existir professores que não conhecem a
agenda de trabalho de uma coordenação de capacitação;
bem como técnicos que desconhecem os processos de
trabalho de uma clínica-escola e estudantes que não sabem a
especificidade do setor de psicologia escolar e educacional.
Para se contribuir com o fortalecimento da vivência
universitária, tanto de estudantes e de servidores, é
importante que a Universidade estimule e preveja a
construção de momentos coletivos e institucionais de
informações entre os setores e os servidores para que, de
modo sistematizado e relacional, consigam oferecer o devido
suporte às/aos estudantes diante de questões e
necessidades específicas.
11

Rede de Apoio institucional


A estrutura universitária, em geral, apresenta setores que
se responsabilizam pelo apoio acadêmico, apoio pedagógico,
apoio psicológico e psicossocial, apoio às ações afirmativas e
diversidade, apoio à internacionalização dos estudos.
Os setores referentes ao apoio acadêmico se dedicam
ao registro e acompanhamento da população estudantil a
cada semestre letivo. Podem ser representados por
secretarias de cursos; diretorias ou coordenações de
graduação e pós-graduação. Manter contato próximo a esses
setores permite que técnicos em educação e professores,
por exemplo, compreendam o perfil do estudante, o
quantitativo de entradas e saídas de estudantes de cursos e,
ainda, conhecer o que fazem os servidores dos respectivos
setores.
Os setores referentes ao apoio pedagógico se dedicam
ao acompanhamento da trajetória escolar da população
estudantil. Podem ser representados por setores que
prestam serviços educacionais, monitorias e tutorias por
pares, cursos e eventos sobre a formação acadêmica de
estudantes. Interessar-se pelo trabalho desses setores
permite que técnicos em educação e professores, por
exemplo, compreendam a quem consultar e o que a
instituição universitária tem a oferecer para complementar e
para fortalecer a formação de estudantes no ensino superior.
12

Rede de Apoio institucional


Os setores referentes ao apoio psicológico e psicossocial
se dedicam ao suporte psicológico e de assistência à
população estudantil em níveis preventivos da população
estudantil. Podem ser representados por setores que
prestam acolhimento e escuta psicológica, atividades
lúdicas e de mobilização da comunidade acadêmica,
orientações e cadastro para o recebimento de suporte
financeiro oriundo da política nacional de assistência
estudantil. Interagir com esses setores permite que técnicos
em educação e professores, por exemplo, compreendam o
que a instituição universitária tem a oferecer para dar suporte
à vida universitária ao longo do semestre letivo.
Os setores referentes ao apoio às ações afirmativas e
diversidade se dedicam à promoção da equidade e garantia
de direitos da população estudantil. Podem ser
representados por setores que prestam acolhimento, escuta
psicológica e psicossocial, atividades lúdicas e de
mobilização da comunidade acadêmica diante das questões
de gênero, raça, deficiências e territórios, orientações e
suporte à/aos estudantes vítimas de violências no contexto
acadêmico. Aproximar-se desses setores permite que
técnicos em educação e professores, por exemplo,
compreendam o que a instituição universitária tem a
defender e oferecer para uma vida universitária menos
desigual e acessível a todos/as.
13

Rede de Apoio institucional


Os setores referentes ao apoio à internacionalização dos
estudos se dedicam a informar e promover a disseminação
de oportunidades de estudos e formação para a população
estudantil nacional e internacional. Podem ser representados
por setores que recepcionam estudantes, orientam acerca
da vida universitária nacional e internacional e monitoram as
informações da trajetória escolar de estudantes junto às
coordenações de curso. Manter contato próximo a esses
setores permite que técnicos em educação e professores,
por exemplo, compreendam os diferentes perfis e trajetórias
estudantis que compõem a comunidade universitária e as
possibilidades de se oferecer uma formação acadêmica em
nível internacional.

Referências
ANSELMO, M. R.; SANTOS-DIAS, D.; FEITOSA, L. R. C.
Entrelugares para o acolhimento no ensino superior: Breve
reflexão acerca do estado da arte. In: SILVA, C. A.;
FERNANDES, A. G. N. Psicologia escolar e educacional:
ensaios da dimensão prática e da pesquisa. Parnaíba:
Acadêmica Editorial, 2022. p. 63-79.

FEITOSA, L. R. C. Bases do acolhimento no ensino superior:


Fortalecendo vivências universitárias., 2022 . Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=B3kiP5LDx7M

Você também pode gostar