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Prática Pedagógica: Abordagens Linguísticas e BNCC

A proposta da disciplina de “Prática Pedagógica: Abordagens Linguísticas e BNCC” é


aproximar os cursistas do campo de atuação do profissional docente, sobretudo no que se
refere ao ensino de Língua Portuguesa, bem como compreender a influência da nova Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) na prática pedagógica realizadas no contexto escolar. A
BNCC é um documento de caráter normativo, que determina as competências e habilidades
gerais e específicas que devem ser desenvolvidas ao longo da Educação Básica, visando
garantir aprendizagens comuns a todos os estudantes, tanto das escolas públicas, quanto das
escolas particulares. É importante perceber que a BNCC não deve ser vista como um currículo,
mas como um conjunto de orientações que deverão nortear a elaboração dos currículos locais.

Em relação ao componente Língua Portuguesa, a BNCC afirma que esta deve


“proporcionar aos estudantes experiências que contribuam para a ampliação dos letramentos,
de forma a possibilitar a participação significativa e crítica nas diversas práticas sociais
permeadas/constituídas pela oralidade, pela escrita e por outras linguagens”. (BRASIL, 2018, p.
67). Outro aspecto importante trazido pela BNCC em relação à Língua Portuguesa é o conceito
de cultura digital, uma vez que “as práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem
novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e multimidiáticos, como também novas
formas de produzir, de configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir”. (BRASIL, 2018,
p. 70). A área de Linguagens – Língua Portuguesa é estruturada em quatro eixos: Eixo Leitura,
Eixo Produção de Textos, Eixo da Oralidade e Eixo da Análise Linguística/Semiótica.

É importante destacar o avanço trazido pela BNCC por reconhecer a dinamicidade da


língua, rompendo com a noção até então vigente na qual o ensino da língua materna era
realizado de forma prescritiva, isto é, centrada na gramática normativa, sem considerar as
variedades linguísticas oriundas da realidade de cada aluno (FARACO, 2008; BAGNO, 2007).
Assim, a prática pedagógica em Língua Portuguesa, alinhada à BNCC, deve promover uma
formação significativa nos âmbitos profissional, pessoal e da cidadania, através de um ensino
crítico da leitura, da escrita e da produção de textos verbais e multissemióticos.

A fim de que a prática pedagógica esteja alinhada à BNCC, garantindo o


desenvolvimento das habilidades e competências previstas, bem como as aprendizagens
comuns, é fundamental a realização do planejamento de todas as atividades pedagógicas
propostas.

Planejar significa realizar ações de forma sistemática e organizada, pressupondo


uma intencionalidade, a mobilização de recursos e estratégias para atingir determinado
objetivo. Vários autores abordam a importância do planejamento no contexto educacional,
entre eles, o professor Celso Vasconcellos, que chama a atenção também para o fato de que
planejar é (ou deveria ser) inerente a toda ação humana. No contexto escolar especificamente,
o planejamento se faz presente em muitos momentos: na construção do Projeto Político-
Pedagógico, na construção dos planos de ensino ou de curso e na elaboração de planos de aula
e sequências didáticas. Um aspecto importante ao se realizar o planejamento no contexto
educacional, é considerar quais metodologias de ensino que serão utilizadas.
Metodologias de ensino podem ser definidas como o conjunto de técnicas e
processos utilizados na formação dos alunos, que envolvem também a utilização de recursos
pedagógicos e a didática do professor. De maneira resumida, podemos afirmar que existem
basicamente duas concepções pedagógicas: a pedagogia tradicional e a pedagogia renovada. O
alinhamento do professor a essa ou aquela concepção pedagógica acaba por influenciar quais
as metodologias de ensino serão escolhidas e utilizadas em sua prática pedagógica.
Professores alinhados à Pedagogia Tradicional tendem a utilizar prioritariamente metodologias
passivas (por exemplo: aulas expositivas, atividade de cópia, etc.), cujo foco é a transmissão de
conteúdo aos alunos, tendo em vista que o professor é considerado o portador do saber e os
estudantes, seu receptáculo. Por outro lado, professores alinhados à Pedagogia Renovada,
tendem a utilizar metodologias de ensino ativas, que colocam os alunos como sujeitos de seu
processo de aprendizagem.

São exemplos de metodologias ativas a sala de aula invertida, a utilização de jogos


(gamificação) e a aprendizagem por problemas, entre outros. Outro aspecto importante na
escolha didática e metodológica é a questão da contextualização. Conforme Cordeiro, a
educação escolar pressupõe a interação entre três elementos-chave: o professor, o aluno e o
objeto de conhecimento. Assim, a prática pedagógica deve ser pensada de forma reflexiva.
Seja qual for a metodologia de ensino utilizadas, é fundamental ter em mente o objetivo final,
que é garantir a aprendizagem. E não há dúvidas de que a utilização de metodologias mais
ativas e a utilização de recursos didáticos diversos e lúdicos tornam as aulas mais atrativas aos
estudantes, bem como as aprendizagens mais significativas.

Por fim, é importante destacar que no contexto atual, na chamada sociedade do


conhecimento, as questões metodológicas devem ser pensadas no sentido de garantir o
desenvolvimento de habilidades e competências, visando uma formação capaz de dar conta da
realidade em seus múltiplos aspectos e voltada ao que DELORS denominou de "quatro pilares
da Educação": saber ser, saber fazer, saber conhecer e saber conviver. E, acima de tudo, a
escola tem o papel de desenvolver no aluno a capacidade de "aprender a aprender', tendo em
vista que o processo de aprendizagem ocorre ao longo de toda a vida e cada vez mais, diante
das constantes, velozes e profundas transformações que ocorrem no mundo em que vivemos.

Um dos conceitos possíveis para a palavra "currículo", no contexto escolar é: "o


conjunto de experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento". Assim, o
currículo visa à organização do conhecimento escolar, de forma a garantir os objetivos de
aprendizagem pretendidos, ou seja, o desenvolvimento de conhecimentos, competências,
habilidades, valores e atitudes.

Durante muito tempo, o currículo escolar foi pensado como uma lista de conteúdos
a serem ensinados aos alunos. Tal era a rigidez dessa concepção, que os currículos eram
conhecidos como "grade curricular" e a preocupação central era "vencer os conteúdos" ao
invés de garantir a aprendizagem. Além disso, essa concepção ultrapassada de currículo era
centrada exclusivamente nos conhecimentos escolares, sem considerar a realidade de maneira
mais ampla, com todo o contexto social no qual a escola e seus sujeitos estão inseridos, a fim
de que se realize uma educação crítica, problematizadora e capaz de preparar os educandos
para situações da vida real. No sentido de auxiliar na organização dos currículos escolares a
nível nacional, foi elaborada a Base Nacional Comum Curricular, que prevê Dez Competências
a serem desenvolvidas ao longo da Educação Básica, as quais são desdobradas em diversas
habilidades, conforme a área do conhecimento, componente curricular e etapa de ensino. A
BNCC é pautada nos princípios da igualdade, da diversidade e da equidade, de modo que ao
mesmo tempo em que se preocupa com as aprendizagens essenciais, também abre espaço
para aspectos específicos de cada realidade, trazendo, por exemplo, a diversidade regional.

Pode-se dizer que a BNCC e os currículos escolares se complementam, sendo que


cabe à escola, dentro de uma concepção democrático-participativa de Educação, a construção
de seu currículo alinhado também ao Projeto Político-Pedagógico e demais marcos legais e
normativas que norteiam a Educação.

Caracterização da unidade escolar

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Luciana de Abreu está localizada no bairro Vila
Augusta, no município de Viamão/RS. A escola foi criada pelo Decreto 186, de 05/05/1953 e
seu nome homenageia a primeira mulher brasileira a ser aceita em uma academia literária: a
educadora Luciana de Abreu.

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