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Faculdade de Tecnologia de São Paulo


Laboratório de Tecnologia do Vácuo – LTV

ROTEIRO DE ESTUDOS E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 2 – REEF 2


19º Versão – Primeiro Semestre de 2020

Comportamento dos Gases Reais – Fenomenologia e Teoria Cinética dos Gases


O modelo de gás ideal, não obstante a sua simplicidade, lança luz sobre o entendimento
de muitas características físicas importantes e fundamentais dos sistemas gasosos. Apesar de o
modelo de gás ideal, ou ainda chamado de gás perfeito, elucidar muitos fenômenos observados
nos sistemas gasosos, há uma série de imperfeições neste modelo. Esta é uma situação
interessante a ser explicitada, cuja melhoria no modelo de gás ideal se deu considerando
aspectos inerentes à teoria atômica da matéria. Os trabalhos de van der Waals consideraram
interações entre os átomos ou moléculas que compõe o gás. Explicitamente ele levou em
consideração as forças que agem entre as moléculas do gás e também supôs a existência de um
volume próprio dessas moléculas. Assim, essas partículas minúsculas começavam a tomar a
forma de uma estrutura mais complexa.

Este modelo se deu em um momento da história da física em que muitos avanços


estavam ocorrendo, por exemplo, as equações de Maxwell do eletromagnetismo estavam dadas
e com isso o modelo da luz como sendo uma radiação eletromagnética. A distribuição de
energia de Maxwell-Boltzmann em um gás. A definição de entropia e o início dos estudos de
descarga elétrica em gases. Vamos, a seguir, estudar em detalhe o modelo de gás real. Essas
novas ideias e teorias abriram as portas para a grande revolução na física do século XX. O
modelo de gás ideal vale para uma faixa relativamente estreita de valores de pressão e
temperatura, e ainda depende do tipo de gás. Abaixo da temperatura crítica e para densidades
crescentes o modelo de gás ideal falha. O motivo físico está no fato de serem as forças de
interação entre os átomos e moléculas importantes frente à energia cinética das partículas.
Temos a proposição atualmente de mais de 200 equações de estado para os gases e vapores,
algumas, ou melhor, uma boa parte delas ainda é puramente fenomenológica. Para as
condições que usualmente encontramos nos sistemas de vácuo, podemos adotar o modelo de
gás ideal em muito boa aproximação. Nos casos que temos os gases interagindo com as paredes
do sistema de vácuo, deveremos levar em consideração o potencial de Lennard-Jones, que é
utilizado no gás de van der Waals.

Um aspecto importante tanto na ciência como na tecnologia é a identificação do sistema


físico em estudo, ou seja, qual é exatamente o nosso objeto de estudo e trabalho. Em geral, esta
etapa da modelagem de sistemas físicos é fundamental. Para poder ter uma primeira e boa
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compreensão do comportamento do estado da matéria, podemos considerar a parte relativa da


energia cinética em comparação a quantidade de energia potencial. No caso do estado da
matéria sólido, a energia potencial é mais significativa que a energia cinética.

Representação esquemática dos estados da matéria com a apresentação do Potencial de


Lennard-Jones. Podemos ter uma boa compreensão dos estados da matéria, considerando a
energia cinética das moléculas e sua energia potencial.

Devemos ter sempre em mente que qualquer problema real, por mais simples que possa
parecer, é de solução impossível! Isto se levarmos em consideração todas as interações
possíveis com o sistema físico em questão. Este é o caso que pode ocorrer com uma pedra em
queda próximo à superfície da Terra, se levarmos em conta todas as interações possíveis da
pedra com os corpos do Universo, mal conseguiríamos sequer montar o problema. Assim,
reforçando da ideia, pense em todos os corpos do Universo interagindo com essa pedra. Talvez
seja impossível para uma mente humana! E se fosse possível montar o problema, depois de
pronto, uma grande parte dos corpos teriam mudado de lugar, muitos sóis teriam se apagado
etc. Assim, devemos ter claro que sempre precisaremos fazer simplificações, sempre, não tem
como escapar. Parece paradoxal: para fazer simplificações, você precisa conhecer muito sobre
o assunto, justamente para desprezar certas ocorrências supérfluas. Veja que este assunto já
foi bastante explorado nos REEF 0 e REEF 1. A construção de modelos físico-matemáticos é
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um assunto muito importante e procuramos desenvolver de forma suficientemente


aprofundada na disciplina de Tecnologia do Vácuo.

Continuando, o conhecimento da teoria é fundamental para que possamos trabalhar de


forma segura com o nosso objeto de estudo e pesquisa, mas devemos praticar a sua aplicação à
realidade. Ou seja, devemos aprender a fazer modelos de sistemas físicos, ou mais ainda,
adequar o nosso conhecimento teórico à realidade da aplicação. Na disciplina de Tecnologia do
Vácuo, teremos a oportunidade de estudar e modelar sistemas reais, encontrados em
laboratórios e em linhas de produção. Veremos que dependendo da forma que montamos um
problema, ela dirá se o problema é solúvel ou não. Em física dizemos que o problema deve ser
bem posto, ou seja, o problema deve ser enunciado de forma clara e com as perguntas bem
formuladas. Na vida real, nos montaremos os problemas e em seguida deveremos resolvê-los.
Dependendo da forma como montarmos os problemas a sua solução poderá quase que emergir
naturalmente da modelagem.

Em seguida, em geral, nos resta obter a solução matemática do problema, que pode ser
analítica, raramente conseguirá ser desta forma, ou pode ser numérico-computacional, que é a
forma a qual quase sempre a conseguiremos. Não há outra maneira senão fazermos para
conseguir obter experiência em qualquer que seja o assunto. Se a solução realmente representa
o fenômeno somente a experiência poderá nos dizer. Comparando os dados experimentais com
os resultados da modelagem poderemos dizer se fizemos um bom modelo, se as hipóteses e os
detalhes introduzidos no modelo foram suficientes e representam bem a realidade. Vamos ao
estudo dos gases reais.

Retomando algumas ideias apresentadas anteriormente, vemos na figura abaixo que


temos representado esquematicamente uma quantidade fixa de gás em recipiente cujos valores
de volume, de temperatura e de pressão podem ser variados. Caso a experiência seja realizada
e verificamos que para uma dada temperatura, observamos a validade da equação que reflete
a chamada lei de Boyle-Mariotte, estamos diante de um gás ideal ou perfeito, cuja expressão
matemática é mostrada a seguir,
p V  cte, para uma temperatura fixa T .

Como já afirmamos, é um fato experimental que bastam a especificação da pressão


exercida pelo gás, do volume do recipiente que contém o gás (volume que o gás está confinado)
e a da temperatura do gás, para uma dada quantidade de gás, para descrever por completo o
comportamento termodinâmico do gás. Assim, a lei básica que inclusive define um gás ideal é a

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lei de Boyle-Mariotte. Em palavras, ela declara que dada uma porção de gás fixada à
temperatura constante, terá a sua pressão multiplicada pelo seu volume constante.
Descrevendo em mais detalhe, podemos dizer que, mantendo a temperatura fixada, fazemos o
produto do volume que o gás está confinado e multiplicamos pela pressão medida, em seguida
fazemos variar o volume disponível para o gás e verificamos o novo valor de pressão.
Repetimos este procedimento para vários valores de volume, medindo os respectivos valores de
pressão. Verificamos a obediência das seguintes igualdades,
p1  V1  p 2  V2  p3  V3  p 4  V4  p n  Vn , para uma temperatura fixa T .

Caso isso se verifique, definimos o gás como sendo gás ideal. Para muitos tipos de gases
dentro de uma faixa de pressão e temperatura, verificamos bastante bem, com muita precisão,
a lei de Boyle-Mariotte e assim verificamos que estamos diante de um gás ideal. À medida que
diminuímos a temperatura e aumentamos a densidade do gás no volume disponível,
verificamos o distanciamento de modelo de gás ideal. Diante destes casos devemos lançar mão
de novas relações matemáticas que melhor descrevam o comportamento dos gases e vapores.

pressão temperatura temperatura


temperatura

Recipiente contendo uma quantidade fixa de gás. A uma temperatura fixada,


fazemos variar a pressão em função do volume.

Neste caso, as curvas abaixo são conseguidas e para cada temperatura fixada, temos as
chamadas curvas isotermas. Cujas formas podemos ver na figura seguinte.

Por mais que diminuamos o volume disponível pelo gás, sempre teremos a matéria
confinada no recipiente em forma de gás. Teremos certamente um aumento correspondente
da pressão, de tal forma que observaremos a validade da igualdade p1 x V1 = p2 x V2.

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Curvas isotermas para várias temperaturas, considerando um gás ideal ou perfeito.

Vamos considerar agora a observação de um fenômeno bastante presente em nosso


cotidiano. Seja um recipiente com uma porção de líquido a uma dada temperatura.
Verificamos que a quantidade de líquido diminui com o passar do tempo. Mais, observamos
que quanto mais alta for a temperatura mais rápido ocorre a diminuição da quantidade de
líquido e verificamos um correspondente aumento de pressão no recipiente fechado. Veja a
figura abaixo.

Quantidade de líquido em um recipiente cujo fenômeno da evaporação é observado.


Aumentando a temperatura observamos um aumento da taxa de evaporação no tempo.
Aumentando mais ainda a temperatura verificamos o fenômeno da ebulição.

Vemos na figura à esquerda acima uma quantidade de líquido sendo evaporado, isto é,
passando do estado líquido para o estado gasoso. O fenômeno da evaporação é intensificado
aumentando a temperatura. Como podemos interpretar este fato à luz da teoria cinética dos

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gases? Os átomos e moléculas estão em incessante movimento caótico na porção líquida,
algumas com velocidades maiores outras com velocidades menores em um dado instante.
Podendo a velocidade maior ceder energia cinética para outra molécula e com isso diminuir a
sua velocidade. Aquelas moléculas que estão na interface líquido-gás podem sofrer um choque
e com isso ganhar energia suficiente para escapar do potencial que atraem as moléculas no
meio líquido e com isso passarem para o estado gasoso. Assim, de forma sistemática podemos
medir quanto de material líquido passa o estado gasoso. Seja um recipiente com uma
quantidade de líquido a uma dada temperatura, como mostrado na figura a seguir.
Verificamos que a quantidade de líquido diminui com o passar do tempo. Mais, nós
observamos que quanto mais alta for a temperatura mais rápido ocorre a diminuição da
quantidade de líquido e verificamos um correspondente aumento de pressão no recipiente
fechado. A pressão que se estabelece acima do líquido formada exclusivamente pelo mesmo
material do líquido é chamada de pressão de vapor a uma dada temperatura. A uma dada
temperatura a pressão de vapor está em equilíbrio dinâmico com a fase líquida. Isso significa
que olhando o fenômeno de pressão de vapor nada vemos acontecer depois que o equilíbrio foi
alcançado. Porém, do ponto de vista microscópico “vemos” que há uma atividade bastante
vigorosa entre as moléculas que estão na fase líquida e que estão na fase gasosa.

Quantidade de líquido a uma dada temperatura em um recipiente com um monômetro.

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As considerações sobre a dinâmica microscópica é aceita desde que aceitemos também a
hipótese atômica da matéria. Assim, certo número de moléculas que estão na fase líquida vai
para a fase gasosa, e igual número de moléculas da fase gasosa vai para a fase líquida, de
forma que macroscopicamente, não há mudança nas quantidades da fase líquida e da fase
gasosa. Isso mantendo a temperatura constante. Se mudarmos a temperatura, o novo
equilíbrio será estabelecido depois de certo intervalo O fenômeno de pressão de vapor depende
do tipo de material – composto químico – e também é fortemente dependente da temperatura.

Como podemos interpretar o fenômeno observado? Veja que em primeiro lugar o que
observamos é a diminuição da porção líquida e quanto mais quente o dia, ou seja, maior a
temperatura, mais rápido ocorre a diminuição do nível de líquido no recipiente e
consequentemente observamos um aumento na pressão. Verificamos ainda que existem certos
líquidos que mais rapidamente vemos “desaparecerem” do recipiente. Dizemos que os líquidos
estão evaporando. Por exemplo, a acetona evapora mais rapidamente que água a uma dada
temperatura. Se aumentarmos a temperatura tanto a água como a acetona evaporarão mais
rapidamente. Isto nós observamos quer o recipiente esteja aberto ou fechado. Assim, a
explicação física do aumento de pressão no recipiente fechado é exatamente a mesma daquela
da evaporação do recipiente aberto. Na figura abaixo temos mais uma vez representada
esquematicamente uma quantidade fixa de gás em recipiente cujos valores de volume, de
temperatura e de pressão podem ser variados. Vamos realizar uma experiência do mesmo tipo
da descrita anteriormente cuja conclusão foi da constatação da chamada lei de Boyle-Mariotte.

temperatura temperatura
temperatura
pressão LÍQUIDO
(termômetro)
(manômetro)
Recipiente com volume, temperatura e pressão ajustáveis.
Quantidade de matéria no estado gasoso fixa.

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Mantemos a temperatura fixa e fazemos variar o volume do recipiente pela ação do
pistão do êmbolo. Verificamos que diminuindo o volume temos o aumento da pressão, como
era de se esperar. Mas, a partir de um valor de volume, observamos que mesmo diminuindo o
volume não constatamos mais o aumento da pressão e verificamos sim que esta se mantém
constante a uma dada temperatura. Mais, nós notamos o surgimento de líquido no recipiente.
Na figura abaixo temos um gráfico da pressão em função do volume ocupado pela matéria no
estado gasoso. Vemos que temperaturas abaixo de um certo valor de temperatura, chamada
temperatura crítica – isoterma (em linha azul) com temperatura Tc –, sempre teremos a
formação de líquido desde que diminuamos o volume disponível para a matéria no estado
gasoso. Para temperaturas acima da temperatura crítica nunca observaremos a formação de
líquido, por menor que seja o volume assumido pelo recipiente. Assim, chamamos de vapor, a
matéria no estado gasoso, cujas temperaturas estejam abaixo da temperatura crítica. E,
chamamos de gás, a matéria também no estado gasoso, com as temperaturas acima da
temperatura. Veja que tanto to vapor como o gás estão na fase gasosa.

Curvas isotermas de um gás real. Abaixo da temperatura


crítica Tc observamos a formação de líquido.

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Veja que a pressão que observamos e medimos com a temperatura abaixo da
temperatura crítica é a pressão de vapor do material a uma dada temperatura. Cabe realçar
que verificamos que a pressão de vapor é dependente do tipo de composto químico e também
dependente fortemente da temperatura. Agora, se estivermos trabalhando com o gás acima da
temperatura crítica, podemos com muito boa aproximação utilizar a lei de Boyle-Mariotte. Ou
seja, as isotermas devido a equação de estado dos gases de van der Waals se aproximam
bastante bem das isotermas de gás ideal.

A equação de estado de van der Waals pode ser escrita como

 n2a 
 p  2 V  nb  nRT ,
 V 

onde p é a pressão do gás ou vapor, V o volume ocupado pelo gás ou vapor, T a temperatura
absoluta, e sendo as grandezas a e b dependentes do tipo de composto químico. Estas
grandezas em geral podem depender da temperatura.

Curvas de um fluido homogêneo real. Na figura da esquerda temos o caso de um composto que
se dilata ao congelar e na figura da direita o caso de um composto que se contrai ao congelar.
Para complementar nosso estudo sobre a matéria no estado gasoso, vamos apresentar a
distribuição de velocidades das moléculas de Maxwell-Boltzmann. A partir dela conseguimos
encontrar, para um dado tipo de composto químico, ou seja, tipo de gás, a uma certa
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temperatura fixa, a distribuição de velocidades dos átomos ou moléculas. Veja que podemos
excursionar desde a velocidade bem próxima de zero, isto é, as moléculas praticamente no
repouso, até velocidades altas.

Podemos ver que para o N2 a temperatura de 27 ºC – 300 K – a velocidade média está


em torno de 400 m/s. Aumentando a temperatura para 327 ºC – 600 K – temos que a
velocidade média sob para aproximadamente 750 m/s. A distribuição de velocidade ou de
energia de um gás ideal tem inúmeras aplicações, e quando foi desenvolvida, introduziu um
avanço muito grande na física e em suas aplicações. Por exemplo, os coeficientes de transporte
(dos fenômenos de transporte) puderam ser obtidos de forma teórica a partir desta
distribuição. É interessante observar que a curva mostrada a seguir (ou curvas do tipo)
somente obteve confirmação experimental quase 70 anos após a proposição teórica. Cabe
mencionar que o arranjo experimental para a obtenção das curvas do tipo mostrado a seguir
teve a participação ativa da tecnologia do vácuo, no caso para produzir o feixe de partículas
dos átomos ou moléculas a serem usados na construção das curvas.

Curvas de distribuição de velocidade das moléculas em função


da temperatura para o gás nitrogênio – N2.
O estudante que quiser maiores informações sobre o assunto, ele deverá procurar bons livros
de físico-química. Certamente terá fontes de informação seguras e aprofundadas.

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PROBLEMAS E QUESTÕES:
1. Em que situação falha o modelo de gás ideal ou perfeito? Faça um gráfico, para várias
temperaturas, no plano p-V. Explique o fenômeno de condensação. Quando podemos aproximar um
gás real por um gás ideal?

2. O que são forças de van der Waals? Quais são os dois ingredientes introduzidos na Equação de
Estado dos Gases Reais? No limite, mostre que recai na Equação de Estado dos Gases Ideais. À luz
da teoria atômica da matéria como você explica a origem das forças de van der Waals. Ainda, como
explicar os estados de agregação da matéria considerando esta importante força. Considere o
potencial de Lennard-Jones.

3. Descreva em detalhe o princípio físico dos seguintes dispositivos, ações ou equipamentos


bastante presentes em nosso cotidiano:
- Dificuldade em abrir uma geladeira logo após ter sido fechada, isto em um dia úmido.
- Botijão de gás de cozinha.
- Secar uma toalha. Ela fechada. Ela aberta. Com vento. Com aquecimento. Fale da eficiência de
cada forma de secagem.
- Uma queijeira na geladeira apresenta condensação não uniforme de água em sua superfície.
- Panela normal e panela de pressão.
- Cheirar um perfume a uma distância de alguns metros dele em uma sala sem ventilação.
- Água colocada em recipientes guardando um salgadinho que foi frito, como nas padarias.

Estas questões também parecem simples – talvez sejam! –, mas mais uma vez, acredito que não são
simples. Tudo vai depender de como encaramos o que seja uma explicação convincente e feita a
partir de princípios físicos básicos. Assim, explique os seus mecanismos físicos de funcionamento a
partir de primeiros princípios. Este tipo de exercício é bastante instrutivo, pois possibilita entender o
que significa realizar o primeiro passo para a construção de um modelo físico de um fenômeno. Isto
é essencial para aplicarmos o nosso conhecimento à realidade. Existem muitas aplicações industriais
da tecnologia do vácuo sustentadas em conceitos exatamente os mesmos referentes aos casos acima.
Ainda há bombas de vácuo cujo princípio de funcionamento é o mesmo do exemplo da queijeira.

4. Sempre e de forma enfática dissemos que a propriedade mais marcante que os gases e vapores,
isto é, a matéria no estado gasoso tem é o fato de ocupar totalmente o espaço ou o volume onde elas
estão. Sendo que tanto a forma como o volume dos gases e vapores são totalmente determinados
pelo recipiente que eles estão. Sendo assim, por que os vários tipos de gases e vapores que compõem
a nossa atmosfera não escapa da Terra e procura ocupar o espaço de todo o Universo? Mais, na Lua
a pressão na sua superfície é da ordem de 10-7 torr. Por que lá temos vácuo, mais precisamente alto-
vácuo?

5. Diante da questão referente a atmosfera do nossa Terra, podemos nos aprofundar um pouco mais.
Discuta e pesquise a questão sobre como varia a pressão em relação à altitude. Veja que sabemos
que a pressão ao nível do mar é maior de a pressão na cidade de São Paulo, que por sua vez é maior

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que a pressão em Campos do Jordão. Pesquise sobre o assunto desta questão. Diga e interprete
fisicamente a equação da lei da atmosfera isoterma.

Comentário: Este roteiro não é tão extenso como o roteiro anterior, mas é tão importante como ele.
Muitos conceitos, aplicações e equipamentos da tecnologia do vácuo estão apoiados neles. Nesta
temos a oportunidade de estudar os princípios e aplicações de inúmeros processos que ocorrem em
baixas pressões. Veja que retomamos em algumas questões o assunto referente aos gases perfeitos.
O estudante deve se convencer que apesar do nome gás perfeito, ele ocorre em condições de
temperaturas relativamente altas e em baixas densidades. Por temperaturas relativamente altas
queremos dizer acima da temperatura crítica. Sabemos que cada tipo de gás tem sua temperatura
crítica. Mas cabe mencionar que mesmo que o gás esteja a temperatura abaixo da sua temperatura
crítica se ele estiver em densidades bastante baixas poderemos ter a observância bastante boa da lei
de Boyle-Mariotte. Os processos em vácuo relativos a secagem, tratamento de óleos de
transformadores e ampolas de alta-tensão, empacotamento de alimentos a vácuo, fabricação de
vacinas, e muitas outras aplicações do vácuo fazem uso do conceito de pressão de vapor. Assim,
este REEF 2 tem por objetivo marcar a presença no estudo dos gases reais, no mínimo de forma
bastante simples e rápida, sem perder os pontos principais. Tendo a oportunidade aprofunde-se no
assunto.

BOM TRABALHO!!!

Disciplina de Tecnologia do Vácuo – Curso de Microeletrônica


DSE - FATEC-SP
Prof. Francisco Tadeu Degasperi

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Trabalho Adicional: Traduza e Estude o Texto a Seguir.


TEXTO SOBRE PRESSÃO DE VAPOR
Extraído da monografia de H. G. Tompkins, An Introduction to Fundamentals of Vacuum
Technology - American Vacuum Society – AVS.

A “vapor” is a gas near its condensation temperature. The concept of “vapor pressure” is
equally valid when the condensed phase is a solid or a liquid, although in vacuum technology, the
solid form is usually the one encountered. We shall use the liquid form as an example simply
because it is easy to understand. Suppose we have a closed container held at constant
temperature and we put a liquid in the bottom, at suggested in figure 24. For simplicity let us
suppose that we remove the gases above the liquid. Molecules from the liquid evaporate and
become gas molecules at a rate, which is dependent on the surface area and the temperature. Let
us suppose these to be constant, thus the rate of molecules leaving the liquid is a constant.

At the same time, molecules from the gas phase strike the liquid surface and go from the
gas phase to the liquid phase (condense). The number of molecules condensing depends on how
many there are in the gas phase. In the beginning, there are very few molecules in the gas phase
hence the number going from liquid to gas is much greater than the number going from gas to
liquid, and the pressure of the molecules (the partial pressure) will increase. When the pressure
has increased to the point that there are as many molecules going into the liquid as going out of the
liquid, equilibrium has been reached and the gas phase is satured. Note also that the gas phase
molecules are striking the other surface of the container and forming a condensed layer there also.

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To be absolutely correct, the term “vapor pressure” refers to the partial pressure of the
vapor at any time. At saturation, the proper term is “saturation vapor pressure” or “equilibrium vapor
pressure”. Actually, common practice is to use the term “vapor pressure” when what is meant is
“saturation vapor pressure”. We shall follow the common practice and use the term “vapor
pressure”.

Suppose we now heat our closed container to a higher temperature. The rate of molecules
going from one phase to the other changes and as the pressure change, equilibrium is again
reached. The increased temperature affects both processes, liquid to gas, and gas to liquid. It does
not affect the processes equally, however, and the net effect is that increased temperature causes
higher vapor pressures.

Although we have used a liquid for illustration, the same phenomena occur for solids. The
process of atoms or molecules leaving the surface is called sublimation rather than evaporation but
it is essentially the same.

Figures 25 and 26 show the vapor pressure for several materials. If one were to insert a
piece of solid CO2 (dry ice) into an evacuated chamber, at 100 K, it would sublime until the partial
pressure of CO2 close to 10-4 Torr or until the dry ice were gone whichever came first. On the other
hand, at the temperature of 1500 K, tungsten has a vapor pressure below 10-11 Torr and very little
sublimation occurs. These are equilibrium curves and not kinetic curves. They say nothing about
how vapor pressures sublime faster than materials with low vapor pressure.
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Of more practical interest is the fact that zinc, which is a constituent of brass, has somewhat
higher partial pressure. At 100 °C or 373 K and below, the vapor pressure of zinc is below 10 -11
Torr. A system which is being baked sometimes reaches 250 °C or 523 K, the vapor pressure at
this temperature is about 10-4 Torr and one would probably find zinc at rather unexpected places
inside the system. Cadmium plated screws are to be avoided for the same reason.

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TAREFA
Este texto expõe muito bem o fenômeno de pressão de vapor e o seu enfoque é voltado à
tecnologia do vácuo. Aqui está uma boa oportunidade de reforçar o aprendizado sobre o assunto,
bastante discutido e enfatizado em sala de aula e nos exercícios. Como dissemos, exaustivamente, o
fenômeno de pressão de vapor é muitíssimo importante para entender inúmeros processos que
ocorrem em vácuo e também para entendermos o princípio de bombeamento e limitações de algumas
bombas de vácuo. Os materiais que usamos na construção de sistemas de vácuo devem ter a sua
pressão de vapor verificada em função da temperatura.
Veja que também temos aqui a oportunidade de praticar a língua inglesa. Como tarefa, traduza
o texto e faça comentários sobre o assunto.
BOM TRABALHO!!

Disciplina de Tecnologia do Vácuo – Curso de Microeletrônica


DSE - FATEC-SP
Prof. Francisco Tadeu Degasperi

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