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CÁLCULO DE LASTROS PARA MOLDES DE FUNDIÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Durante o vazamento de um molde o metal ou liga líquida exerce pressão


sobre todas as superfícies do molde. Esta pressão, denominada de pressão
metalostática, é muitas vezes responsável, total ou parcialmente, por defeitos de
fundição, como: penetração do metal, variação dimensional das peças (quando
acentuada denominada de "inchamento"), e em casos extremos o vazamento (fuga)
do metal pelo plano de apartação do molde, motivado pelo levantamento da caixa
(molde) superior, que em linguagem de fundição é denominada "caixa vazada".
A penetração do metal e a variação dimensional (inchamento),podem ser
contornadas por medidas que afetam diretamente à areia de moldar e ao processo
de moldagem.
O vazamento (fuga) do metal pelo plano de apartação pode ser evitado
aplicando-se uma força sobre a caixa superior, capaz de equilibrar a pressão
metalostática.
Uma das maneiras de equilibrar a pressão metalostática é grampear-se juntas
a caixa superior e a caixa inferior de forma a se ter um conjunto rígido. Isto, no
entanto, não impede que possam ocorrer deformações nas superfícies do molde, por
efeito da pressão metalostática.
Outra forma de se equilibrar a pressão metalostática, é a de se colocar lastros
sobre a caixa superior, com forma e peso adequados ao molde. (Em linguagem de
fundição os lastros são chamados também de "pesos" ou "contra-pesos").
Apresenta-se neste trabalho, de maneira sucinta as expressões físicas e
matemáticas que possibilitam determinar-se os esforços exercidos, pelo metal
líquido, sobre a caixa superior. Conhecidas estas esforços, pode-se, aplicando um
coeficiente de segurança, determinar o lastro necessário para equilibrar a pressão
exercida pelo metal líquido, evitando o vazamento ou fuga do metal pelo plano de
apartação do molde.
Apresenta-se também as expressões que permitem calcular os esforços
exercidos sobre as paredes laterais, bem como, sobre a superfície inferior do molde.
2 DETERMINAÇÃO DE LASTROS PARA MOLDES DE FUNDIÇÃO

Para a determinação de lastros os moldes podem ser divididos em dois


grandes grupos: moldes sem machos e moldes com machos. Além dessa divisão, os
moldes são classificados em função do formato da superfície de apartação, ou seja:
superfície de apartação plana, superfície de apartação plana e escalonada e
superfícies de apartação inclinadas ou curvilíneas. Apresenta-se a seguir o roteiro
de cálculo para cada um dos casos citados.

2.1 SUPERFÍCIE DE APARTAÇÂO PLANA SEM MACHO

O esforço P exercido sobre a caixa (molde) superior, de uma peça de


superfície de apartação plana, figura 1, é o produto da superfície S, de contato do
metal líquido com o molde superior, pela altura H da coluna de metal líquido e pela
densidade do metal líquido:

P = S. H.

P = esforço metalostático

S = área de contato do metal líquido com o molde superior

H = altura da coluna de metal líquido (distância desde a superfície de


contato até a borda superior do canal de descida)

= densidade do metal líquido

Fig. 1 – Esquema de um molde indicando a posição dos esforços.

Obs: Normalmente, na determinação da pressão metalostática, as superfícies de


canais e massalotes não são consideradas.
2.2 SUPERFÍCIE DE APARTAÇÂO PLANA ESCALONADA SEM MACHOS

Em peças que possuam superfícies de apartação planas escalonadas, figura


2, o esforço metalostático total, exercida sobre a caixa superior é, a soma dos
esforços parciais que atuam sobre cada uma das superfícies a serem consideradas.

P = P1 + P2 +.......+Pn

P1, P2 e Pn - pressões parciais resultantes das respectivas superfícies


de contato S1, S2 e Sn e das alturas H1, H2 e Hn.

Fig. 2 – Posição das forças envolvidas no caso de linha de apartação escalonada.

2.3 SUPERFÍCIE DE APARTAÇÃO INCLINADA OU CURVILÍNEA SEM


MACHOS

Neste caso a altura a ser considerada, no cálculo do esforço metalostático, é


a distância do centro de gravidade, da superfície inclinada ou curvilínea, até a borda
superior do canal de descida; e a superfície é a projeção da superfície real de
contato com o metal, sobre o plano horizontal.

P = Sp . Hg . 

P = esforço metalostático

Sp= superfície da projeção no plano horizontal da superfície real de


contato com o metal líquido (área).

Hg = altura até a borda superior do canal de descida, ao centro de


gravidade da superfície inclinada ou curvilínea.
Fig. 3 – Linha de divisão inclinada ou curvilínea.

2.4 DETERMINAÇÃO DO LASTRO

Nos itens anteriores (2.1, 2.2 e 2.3) apresentaram-se as expressões


que permitem a determinação do esforço metalostático, sobre a caixa superior, no
caso de moldes com peças de superfície de apartação plana, plana escalonada e
inclinada e curvilínea, respectivamente. Nas três situações apresentadas o lastro
necessário para equilibrar com segurança a pressão metalostática deve ser igual a
pelo menos 1,5 vezes o esforço total. O peso da caixa superior que em parte
equilibra a pressão metalostática não é levado em consideração e se constitui numa
segurança adicional.

Lastro = 1,5 . P

3 ESFORÇO EXERCIDO SOBRE A CAIXA SUPERIOR EM MOLDES COM


MACHOS

Em moldes com machos o esforço metalostático global exercida sobre a caixa


superior é composta pelo esforço exercido pelo metal líquido(P) e pelo esforço
exercido pelos machos (Pm):

Pg = P + Pmachos

O esforço Pm de um macho é diferença entre a pressão de flutuação


(princípio de Arquimedes) e o seu peso.

Pmacho = Pf - M;

onde: P f = esforço de flutuação e


M = peso do macho
Por sua vez, o esforço de flutuação é igual o peso do metal líquido deslocado, ou
seja:

Pf = volume do metal deslocado x densidade do metal líquido

O peso do macho, é igual ao volume total do macho, multiplicado pela sua


densidade.

Pm = Vmacho x macho

O volume do metal deslocado é obtido a partir das medidas do macho,


considerando-se apenas as partes do macho que realmente deslocam metal líquido.

Fig. 4 – Molde com machos.

O lastro necessário para moldes com machos, é pois, fazendo-se as


sucessivas substituições:

LASTRO = Pg .1,5

LASTRO = (PO + Pmacho) . 1,5

LASTRO = (SH.metal + Pmacho) . 1,5

LASTRO = (S.H.metal + (Pf - M) ] . 1,5

LASTRO = (S.H.metal + (Vmetal - metal ) – (Vmacho •macho)).1,5

LASTRO =1,5 (S.H. metal + metal .Vmetal -  macho. Vmacho)


4 ESFORÇO EXERCIDO SOBRE A SUPERFÍCIE INFERIOR DO MOLDE

O esforço exercido p elo metal líquido sobre a superfície inferior do molde é


determinada de modo idêntico, como para a pressão que atua sobre a caixa
superior. A única diferença é em relação à altura a ser considerada. Neste caso a
altura corresponde ao trecho desde a face inferior da cavidade do molde até a borda
superior do canal de descida, como se pode observar nos esquemas da figura 5.

Po = S. H . 

Fig. 5 – Esquema indicando a pressão exercida sobre o molde inferior.

5 ESFORÇO LATERAL SOBRE AS PAREDES DO MOLDE

O metal líquido também exerce pressão sobre as paredes laterais do molde, e


como nos casos anteriores a intensidade do esforço, também é dado por:

P=F.H

Nesta expressão, tem-se por praxe, considerar-se a altura como sendo aquela
referente ao centro de gravidade da face em consideração . Aplica-se a expressão
também para qualquer outro ponto situado na face em referência, adotando-se a
altura respectiva. Nos casos de superfícies inclinadas ou curvilíneas, a área a ser
considerada é a projeção destas superfícies, em um plano vertical.
Fig. 6 – Indicação dos esforços laterais no molde.

6 DENSIDADE DE DIVERSOS MATERIAIS NO ESTADO LÍQUIDO


Como na determinação da pressão metalostática necessita-se conhecer a
densidade no estado líquido do metal, apresenta-se na tabela abaixo a densidade
líquida de alguns metais e ligas de uso mais freqüente.

MATERIAL kg / dm3 MATERIAL kg/dm3


Alumínio 2,30 Bronze ao estanho-20 7,72
Liga Al - 225 DIN 2,35 Latão - 64 7,75
Chumbo 10,19 Cobre 7,92
Electron (Mg) 1,62 Bronzes Complexos 7,79
Ferro Fundido Cinzento Aço Fundido 7,00
Bronze Alumínio - 10 6,92 Ferro Maleável 6,75
Bronze ao Chumbo - 25 8,56 Metal Patente - 80 6,75

BIBLIOGRAFIA

FREDE,L. - Rechnen für Giesserei-facharbeiter - Verlag Julius Beltz-Berlim-1960,

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