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Metalurgia dos
Aços Fundidos
Itaúna
2011
Presidente da FIEMG
Olavo Machado Júnior
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI
Departamento Regional de Minas Gerais
CENTRO TECNOLÓGICO DE FUNDIÇÃO MARCELINO CORRADI
Metalurgia dos
Aços Fundidos
Itaúna
2011
© 2011. SENAI. Departamento Regional de Minas Gerais
SENAI/MG
CENTRO TECNOLÓGICO DE FUNDIÇÃO MARCELINO CORRADI
Ficha Catalográfica
CDU: 669.1
Sumário
Apresentação 09
5.1.2 Efeitos do Carbono 45
5.2 Efeito dos Elementos de Liga nos aços 48
5.3 Temperaturas Críticas 48
5.4 Perlita, Ferrita e Cementita - Transformação eutetóide 50
5.4.1 Estrutura Perlítica 51
5.5 Martensita 52
5.6 Bainita 56
7 Temperabilidade 61
7.1 Fatores que afetam a taxa de resfriamento 61
7.1.1 Difusividade térmica 61
7.1.2 Severidade do meio de têmpera 61
7.1.2.1 Método Jominy 64
7.1.2.2 Método Dilatométrico 65
10.3 Austêmpera 83
12 Aço Manganês 93
12.1 Aspectos Gerais 93
12.2 Influência da composição química 94
12.3 Elaboração 99
12.4 Microestrutura 100
Prefácio
Isto porque, nos embates diários, instrutores e alunos, nas diversas oficinas e
laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais
didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos.
O SENAI deseja, por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua
curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre os
diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada !
Apresentação
1 Definição de Termos e Conceitos
Alongamento: deformação observada até a ruptura tomando como base uma medida
inicial normalizada para o corpo de prova.
10
Ductilidade: propriedade que se refere à capacidade do material se alongar,
podendo sofrer deformação permanente sem se romper.
11
Alívio de tensões: recozimento no qual o aço é aquecido abaixo da temperatura de
transformação e mantido nela para eliminar tensões residuais causadas por
processo de fundição, forjamento, usinagem, soldagem, etc.
12
Sensitização: Fenômeno que ocorre nos aços inoxidáveis austeníticos, devido à
precipitação de carboneto de cromo nos contornos de grão, tornando-os suscetíveis
à corrosão intergranular, e logo fragilizando-os. A sensitização ocorre quando estes
aços são aquecidos entre 340 e 900 ºC.
13
2 Especificações para Aços Fundidos
Como exemplo citam-se especificações da ASTM que levam em conta todos estes
requisitos:
1. A 27/A 27M – 95 Steel Castings, Carbon, for General Application;
2. A 781/A 781M – 99 Standard Specification for Castings, Steel and Alloy,
Common Requirements, for General Industrial Use;
3. A 370/A 370M – 97 Test Method and Definitions for Mechanical Testing of
Steel Products;
4. A 128/A 128M – 93 (1998) Specification of Steel Castings, Austenitic
Manganese;
5. A 148/A 148M – 93 (1998) Specification Castings, High Strength, for
Structural Purposes;
6. A 297/A 297M – 97 (1998) Standard Specification for Steel Castings, Iron-
Chromium and Iron-Chromium-Nickel, Heat Resistant, for General Application.
14
2.1 Comentários Sobre as Normas
Figura 1: Dimensões de bloco fundido para obtenção de corpos de prova para aços
conforme norma ASTM A 781.
15
Apresenta-se na tabela 1 a faixa de propriedades mecânicas especificadas nas
normas ASTM citadas.
16
3 Classificações para Aços
17
as mais importantes encontram-se as designações ABNT (Associação Brasileira de
normas técnicas); AISI (American Iron and Steel Institute) e SAE (Society of
Automotive Engineers).
18
Fundido Estrutura dendrítica. Grãos colunares e Baixa resistência.
equiaxiais. Baixa densidade de Moderada
discordâncias. Presença de segregação. ductilidade.
Presença de tensões residuais. Presença Moderada
de porosidades em muitos casos. anisotropia.
Sinterizados Recristalizada (baixa densidade de Baixa resistência.
discordâncias) Heterogeneidade química. Baixa ductilidade.
Presença de poros. Moderada
anisotropia.
Citam-se:
• aços encruados: de microestrutura predominantemente ferrítica, com um
pouco de perlita, sendo resultantes de processos de deformação a frio, são
aços de baixo teor de carbono e baixa quantidade de elementos de liga;
• aços ferriticos-perliticos: são aços hipoeutetóides resultantes de processos
em que houve resfriamento lento, tais como materiais trabalhados a quente,
recozido ou normalizado;
• aços martensíticos: constituídos de martensita revenida, muito resistentes;
• aços bainíticos: constituídos de estrutura bainítica, preferíveis quando se
exige maior tenacidade que os martensíticos;
• aços austeníticos: aços de matriz austenítica estabilizada por elementos como
o Cr, Ni e Mn;
• aços duplex ou bifásicos: podem apresentar duas categorias distintas de
estruturas. Na primeira do tipo austenítico-ferrítica (delta) obtidos através do
balanceamento da composição química. Na segunda tem-se o tipo ferrítico-
martensítica, resultante da têmpera a partir da temperatura de dentro da zona
crítica (entre as linhas A1 e A3 do diagrama Fe-C).
19
3.5 Classificação Quanto à Composição Química
Aços carbono:
• Baixo carbono (abaixo de 0,3%);
• Médio carbono (entre 0,3 e 0,5%);
• Alto teor de carbono (acima de 0,5%).
Aços Ligados:
• Aços de baixa liga: aços com elementos de liga abaixo de 5% com a
finalidade de aumentar a temperabilidade e a resistência ao revenido. Os
elementos típicos são Cr, Mo, Ni, Mn e Si;
• Aços média liga: somatório dos elementos entre 5 e 10%. Para elevada
resistência mecânica em temperaturas elevadas como em matrizes. Exs.
Aços do tipo H (0,3%C, 5%Cr, 1,5%Mo, 1%Si);
• Aços alta liga: quantidade de elementos de liga acima de 10%. Exs. Aços
para elevada resistência à oxidação, %Cr > 12%; aços para elevada
resistência ao desgaste (ex. D6 2%C, 0,3%Mn, 0,82% Si, 12%Cr, 0,75%W);
aços com capacidade de corte, como os aços rápidos utilizados como
ferramentas de corte por manterem a dureza a quente (aços M1: 0,85%C;
0,3%Mn; 0,3%Si; 4%Cr; 1,5%W; 1%V; 8,5%Mo).
20
3.7 Classificação Quanto ás Aplicações
21
Figura 2: Draga para escavação em minas com dentes fabricados
em aço 12%Mn – 2%Mo.
Figura 3: Eixo fundido em aço ASTM A 148-60 classe 120-95, com flange
soldado para base de roda de caminhão.
22
Figura 4: Eixo travessão (peso aproximado de 400kg) para caminhão. Composição
nominal 0,32%C; 1,15%Mn; 0,50%Si; 0,25%Mo na condição temperado e revenido.
23
Figura 6: Hélice para propulsão de navio em aço inoxidável com 1,5m de diâmetro.
24
4 Elaboração de Aços Fundidos
25
de eletrodo, gusa. A pureza destes é variável sobretudo quanto ao teor de
enxofre;
• Desoxidantes: escolhidos conforme: o poder redutor; a ação que têm sobre o
metal e sobre as inclusões; a facilidade de utilização.
Elementos comburentes:
São utilizados para o refino do aço sendo empregados o oxigênio e o minério de
ferro:
• Oxigênio:
o É cada vez mais utilizado e muitas vezes em combinação com o
minério. Suas vantagens são: facilidade de utilização; aumento da
temperatura; economia de energia; obtenção e controle de C em níveis
muito baixos, especialmente importantes para certos aços. Sua
desvantagem é o custo. É injetado com auxílio de lanças de aço em
tubos;
26
• Minério de ferro: deve-se procurar minérios ricos em ferro ou óxidos de ferro,
pobres em elementos nocivos como S e P e contendo o mínimo de
escoreificantes (sílica). Tem a desvantagem de esfriar o metal e a maior
dificuldade de introdução e tem a vantagem do menor custo.
C = A + 0,30 – B (1 - δ) * P
β
onde:
• A = %C média ao final da oxidação;
• B = % C média da carga;
• δ = % C da carga que se queima na fusão;
• β = % C média recuperada da adição de C kg de carbono;
• P = peso da carga fundida em kg.
27
• β= 40 - 50%.
O teor em carbono do leito de fusão não está sempre relacionado ao teor desejado
no aço final, mais exatamente com o teor que se deseja após a oxidação. Isto
porquê é possível obter-se um aço de alto carbono por dois métodos diferentes, ou
seja, o primeiro partindo de uma carga com elevado teor de carbono e obtendo-se
no fim da oxidação um carbono próximo daquele desejado e, o segundo,
conduzindo-se a oxidação até um teor baixo de carbono e obtendo-se em seguida o
teor desejado através da insuflação de carbono em pó no banho.
Calcula-se para o níquel e molibdênio, cujas perdas durante a fusão e oxidação são
pequenas, um teor na carga o mesmo desejado para a composição final.
O silício não deve ser adicionado na carga sendo o seu teor aquele presente na
composição do carregamento inicial (sucata e gusa, etc).
Quanto ao cálculo da quantidade de CaO, admite-se que todo o silício será oxidado
para sílica a qual formará com a cal o composto SiO22CaO na escória. Considera-se
28
que o fósforo será eliminado na escória sob a forma de P2O53CaO. Admitindo-se um
excesso de cal de 80% sobre as citadas composições, com a finalidade de garantir-
se a obtenção de um índice de basicidade de CaO/SiO2 = 2,5 – 3,5, tem-se:
CaO necessária = 1,8 * (2,7 * %P + 4 * %Si)
Onde:
• P = porcentagem de fósforo na carga;
• Si = porcentagem de silício na carga;
• CaO necessária = peso de cal necessária para cada 100kg de carga, em kg.
Deve-se se iniciar a fusão com arco relativamente curto, a fim de evitar uma
irradiação térmica muito intensa para a abóbada, tendo em vista que a sucata
encontra-se ao nível desta após a operação do carregamento. A colocação da
sucata leve por cima favorece a rápida penetração do eletrodo, sem danos maiores
ao revestimento, aí a tensão deve ser aumentada para acelerar a fusão.
29
formação de um banho líquido, com o aumento deste banho, elevam-se os eletrodos
e aumenta-se a marcha de fusão. No final da fusão, novamente, deve-se diminuir a
marcha para evitar a irradiação na abóbada. Deve-se procurar na prática um
controle sobre o número e momento de cargas adicionadas através do cesto. É
comum em torno de duas a três cargas. Se o carregamento for efetuado muito tarde,
uma grande quantidade de energia será perdida sob a forma de irradiação pelas
paredes e abóbada. Se muito cedo, a operação será interrompida justamente no
momento em que o forno pode aplicar a máxima potência.
Instalação de despoeiramento:
A atmosfera do forno em condições normais não se presta muito para a combustão,
e o resultado de análises de diferentes amostragens indicaram a existência no
interior dos fornos de teores de oxigênio 5 a 20 vezes menores que no ar. Muitas
vezes, um abaixamento no consumo específico de energia (10 a 20kwth/t),
associado a um amento da produtividade, tem sido notados em fornos equipados
com instalação de despoeiramento. Neste caso o ar aspirado para o interior dos
fornos favorece a combustão e desde que se tenha uma quantidade suficiente de
carbono na carga, a velocidade de fusão pode ser nitidamente aumentada e o
consumo específico de energia reduzido.
30
4.1.2 Etapa de Oxidação
31
rapidamente antes que a desfosforação esteja concluída. Evita-se este
inconveniente adotando-se os procedimentos:
• Moderando a taxa de insuflação de oxigênio;
• Executando-se uma remoção de escória suficientemente rápida e
constituindo-se nova escória;
• Adicionando-se minério.
32
O nitrogênio, também nocivo para o aço, está presente no metal final sob a forma de
nitretos (de titânio, de alumínio, etc), mas durante a oxidação, a maior parte está no
estado livre em solução no banho. A oxidação bem conduzida permite eliminá-lo em
parte, alcançando-se no aço teores da ordem de 0,009%.
O teor de carbono é que na maioria dos casos decide o final da oxidação e não se
deve jamais descer a um teor de carbono muito baixo, a não ser por imposição da
análise.
O teor de carbono é que na maioria dos casos decide o final da oxidação e não se
deve jamais descer a um teor de carbono muito baixo, a não ser por imposição da
composição química alvo.
33
quase totalidade. Não se deve esquecer que todos óxidos existentes na escória são
suscetíveis de serem reduzidos pelas adições desoxidantes que virão em seguida.
Esta remoção de escória deve ser suficientemente rápida para evitar desproteção do
banho e conseqüente absorção de gases.
A fusão desta escória demanda em torno de 15minutos, após os quais tem-se início
a fase de desoxidação e dessulfuração.
34
ultrapassar muito o teor de 0,1% de C, porque o desconhecimento que existe sobre
o rendimento, poderia conduzir finalmente a um teor de C diferente do visado.
Quando a escória está sendo desoxidada, sua cor que era negra após fusão, torna-
se clara pouco a pouco e, uma boa escória desoxidada em forno a arco caracteriza-
se por uma cor cinza indicando a presença de C2Ca. O metal não tendo sido
desoxidado, a escória se reoxida pouco a pouco, e o Si, o C e o C2Ca da escória
diminuem, assim, ao fim de um certo tempo tem-se novamente uma escória oxidada,
em equilíbrio com o metal menos oxidado. Esta transferência dos óxidos do metal
para a escória mostra que é possível desoxidar completamente o metal fazendo-se
adições sucessivas, unicamente à escória. Na prática, não é necessário deixar a
escória se reoxidar e precisa-se proceder à desoxidação do metal sob escória
redutora.
35
Para uma desoxidação correta e idêntica de uma corrida para outra seria necessário
conhecer o teor de oxigênio do metal, com isto a dosagem dos redutores seriam
permitidas. Porém esta determinação não é usual em marcha industrial. Os resíduos
de desoxidação somente são eliminados por flotação. Eles têm uma densidade
muito menor que a do metal e devem teoricamente se elevar no banho líquido para
atingirem a escória, mas esta velocidade de ascensão, que é regida pela lei de
Stoke, varia conforme suas dimensões. Uma partícula pequena flota muito
lentamente em relação a uma maior. Esta velocidade de ascensão é igualmente
função da tensão superficial da inclusão, da viscosidade do metal e, portanto, da
temperatura. A decantação é facilitada quando se tem temperatura elevada.
36
O fato de que os desoxidantes utilizados continuam a reagir com o oxigênio
dissolvido quando a temperatura se abaixa, mostra que o metal sem inclusões é
praticamente irrealizável, porque mesmo que se tenha obtido no forno um aço com
esta qualidade, será impossível impedir as reações que se produzirão com o
resfriamento do metal.
Uma referência que se tem para os aços lingotados em aciaria em termos de
temperatura de vazamento (TV) é de se somar à temperatura de solidificação (TS) o
valor de 110oC. Sendo:
TV = TS + 110oC
37
Para C > 0,50%, tem-se:
TS = 1530,00 – 65,28(%C) + 6,92(%C)2 – 18,61(%Si) + 2,63(%Si)2 – 4,42(%Mn) +
0,02(%Mn)2 – 11,15(%Cu) – 2,67(%Ni) – 0,16(%Ni)2 – 2,01(%Cr) + 0,03(%Cr)2
– 2,7(%Mo) – 30(%P) – 37(%S)
b) Dessulfuração
Todas as condições favoráveis a uma efetiva remoção do S ocorrem geralmente ao
curso de uma desoxidação bem conduzida. Os sulfetos de Mn e Ca desempenham o
papel principal na dessulfuração. O Carbureto de Ca na escória contribui de forma
mais ativa. A fluorita e a bauxita, exercem uma influência igualmente favorável,
melhorando a fluidez na escória. A adição de CaSi em proporção suficiente e na
panela de corrida conduz a uma dessulfuração apreciável.
O acerto final consiste em adicionar ao metal os elementos que lhe faltam para
alcançar a composição final desejada. Estes elementos são de duas categorias:
• Elementos que já foram utilizados para desoxidar o metal mas que
necessitam de complementação;
38
• Elementos que não foram utilizados para desoxidação mas que podem estar
presentes no aço porque o leito de fusão os continha e necessitam de ser
conduzidos ao teor desejado.
Os segundos elementos, cujos principais são o Ni, Mo e Cr, foram dosados ao curso
da corrida. O Ni e Mo que praticamente não se oxidam, foram analisados ao final da
fusão e complementados geralmente ao fim da oxidação.
O Cr que se oxida mais facilmente, tem seu teor baixado durante a oxidação e em
parte é eliminado com a escória. A adição de Cr baseia-se na análise realizada após
a fusão da escória de desoxidação. O Fe-Cr pode ser colocado no forno antes,
durante ou após a desoxidação, mas sempre um tempo suficientemente longo do
vazamento, para se estar certo de sua fusão completa e para que as possíveis
inclusões causadas pela sua adição tenham oportunidade para separar.
Recomenda-se no mínimo 30 minutos antes do vazamento. Enfim, devem ser
citadas as adições especiais de Ti e V, as quais devem ser efetuadas há pouco
tempo antes do vazamento, devido tratar-se de elementos muito oxidáveis e que se
eliminam muito rápido do aço.
39
A qualidade do aço obtido depende essencialmente da qualidade das matérias-
primas utilizadas. Por outro lado este tipo de forno permite conservar a pureza da
matéria-prima, pois a simples fusão, sem contato dos eletrodos, gases de
combustão, menor contato com a atmosfera, evitam reações fora a ação do
refratário. A escória pode ser usada como proteção do banho.
40
Uma avaliação das inclusões pode ser feita em relação à quantidade, forma e
distribuição. Quando o teor de oxigênio é mais elevado formam-se inclusões
arredondadas de oxi-sulfetos, distribuídas de forma aleatória e denominadas de
inclusões do tipo I. Estas inclusões prejudicam menos as propriedades do aço, mas
indicam que o metal está muito oxidado e provavelmente apresenta porosidades
devido a gases.
4.3 Vazamento
41
Não eficiente Não suficiente Eficiente
42
5 Estruturas, Fases e Constituintes
43
corpo de uma célula unitária corresponde à direção mais compacta {111}, que é a
direção na qual os átomos de ferro estão em contato com a estrutura CCC, que tem
8 átomos vizinhos mais próximos, com d =a 3
2
.
d=
a 2
.
2
44
Figura 10: Diagrama de equilíbrio Fe-C até 7% C. Linhas sólidas indicam o diagrama
Fe-Fe3C. As linhas contínuas representam o diagrama Fe-grafita.
45
modificadas com a introdução de carbono. A austenita e a ferrita nas ligas de ferro-
carbono e nos aços são soluções sólidas intersticiais.
Figura 11: Vazios intersticiais tetraédrico (a) e octaédrico (b) numa estrutura CFC.
46
Figura 12: Vazios intersticiais tetraédrico (a) e octaédrico (b) numa estrutura CCC.
Na ferrita (CCC) os sítios intersticiais são menores, o que leva à menor solubilidade
de carbono (há pouco espaço e a rede fica pouca distorcida). Um sítio tetraédrico de
ferrita pode acomodar no interstício um átomo de 0,035nm em raio, e os sítios
octaédricos de ferrita podem acomodar nos interstícios átomos de somente 0,019nm
em raio (não simétricos). Os átomos de carbono preferem ficar nos sítios octaédricos
de ferrita, deslocando apenas 2 átomos de ferro na direção a
2
, produzindo grande
47
5.2 Efeito dos Elementos de Liga no Aços
48
como Angrews, desenvolveram fórmulas para calculá-las, como é apresentado nas
equações 1 e 2.
As transformações que ocorrem nas temperaturas A1, A3 e Acm são controladas por
difusão. Desta forma, as temperaturas críticas são sensíveis à composição e às
taxas de aquecimento e resfriamento. Normalmente as temperaturas críticas são
obtidas experimentalmente, entretanto, algumas fórmulas tem sido desenvolvidas
baseadas nas análises de regressão de uma grande quantidade de dados
experimentais.
49
5.4 Perlita, Ferrita e Cementita – Transformação Eutetóide
Resfriar
γ (Fe – 0,77C) ↔ (Fe – 0,02C) + Fe3C (Fe – 6,67C)
Aquecer
Esta equação mostra que as fases envolvidas na reação eutetóide tem composição
fixa, e que a reação é reversível dependendo se o calor é removido ou adicionado.
Sob condições de equilíbrio, a reação eutetóide ocorre isotermicamente a 727ºC. As
condições de equilíbrio, entretanto, raramente são obtidas na prática e a reação
eutetóide pode de fato ocorrer numa faixa de temperatura abaixo de A1 dependendo
da taxa de resfriamento.
50
Figura 14: Ilustração de microestrutura de aço hipoeutetóide no estado bruto de
fundição, á esquerda e normalizado, á direita.
51
A transformação de austenita em perlita ocorre isotermicamente em valores de
temperatura abaixo de A1 é controlada por difusão, sendo, portanto, dependente da
temperatura. Quanto maior o super-resfriamento, menor é a distância de difusão
como compensação à redução de difusividade. Assim, quando a temperatura é
reduzida, o espaçamento interlamelar vai ficando menor e o crescimento das
colônias de perlita é acelerado. Quanto maior o super-resfriamento, maior a força de
ativação para a reação (diferença de energia livre entre dois estados). No caso da
perlita, o aumento do superresfriamento resulta no desenvolvimento de um número
maior de colônias de perlita, com fino espaçamento interlamelar.
5.5 Martensita
52
As condições exatas de resfriamento que poderão resultar em martensita em um
dado aço são extremamente dependentes do teor de carbono, dos elementos de liga
e do tamanho de grão da austenita, que são fatores que determinam a
temperabilidade.
O termo martensita vem do metalurgista alemão Adolf Martens. Este termo foi
empregado primeiramente para designar a dureza da microestrutura encontrada
depois que os aços são temperados. Mais recentemente, a ênfase tem sido dada
mais para a natureza da transformação do que o para o produto da transformação.
Apesar da martensita, constituinte de alta dureza, ser típico dos aços, ocorre
também em ligas não ferrosas como o Cu-Al e o Au-Cd e ainda em óxidos como o
SiO2 e ZrO2. De fato, ceramistas e geologistas têm, independentemente, identificado
as características de transformação martensítica em sistemas não metálicos e
usando o termo “displacive” para descrever a transformação que os metalurgistas
chamariam de martensítica. Ressalta-se que há diferenças quando se compara as
martensitas citadas com as dos aços no que se refere à composição, estrutura
cristalográfica, indicada na figura 16, e propriedades.
Figura 16: Estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado de martensita em ligas Fe-C.
Os átomos de carbono estão situados nos interstícios octaédricos (z). Os
espaços x e y estão desocupados.
53
Nas ligas Fe-C e nos aços, a austenita é uma fase metálica que se transforma em
martensita quando resfriada bruscamente. A transformação da martensita é
adifusional (não tem difusão substitucional), e desta forma, a martensita tem
exatamente a mesma composição dos metais austeníticos até 2% de carbono
dependendo da composição da liga. Visto que a difusão não existe, usualmente
através do resfriamento rápido, os átomos de carbono não se repartem em ferrita e
cementita, mas em vez disto, são retidos nos sítios octaédricos da estrutura cúbica
de corpo centrado, então produzindo uma nova fase, a martensita. A solubilidade de
carbono em uma estrutura cúbica de corpo centrado (CCC) é exageradamente
grande quando se forma a martensita; daí assume-se uma estrutura tetragonal de
corpo centrado, como ilustrado na figura 5.8, na qual o parâmetro “c” da célula
unitária é bem maior que os outros dois parâmetros “a”. Com alta concentração de
carbono na martensita, mais sítios intersticiais são cheios, e aumenta a
tetragonalidade.
54
Figura 17: Progresso de transformação martensítica numa liga Fe-1.8C após
resfriamento para: (a) 24oC; (b) –60oC e (c) –100oC. Nital 500X com
redução de 26% na impressão.
Ms (oF) = 75 (14,6 - Cr) + 110 (8,9 - Ni) + 60 (1,33 - Mn) + 50 (0,47 - Si) + 3000
[0,068 - (C + N)]
(Equação 12.1)
55
5.6 Bainita
Similarmente à perlita, a bainita é uma mistura das fase ferrita e cementita, cuja
formação é controlada por difusão, sendo o carbono dividido entre a ferrita e a
cementita. Por outro lado, ao contrário da perlita, a ferrita e a cementita se
apresentam em configuração não lamelar, com características que dependem da
composição da liga e da temperatura de transformação. Similarmente à forma da
martensita, a ferrita na bainita pode assumir a forma de ripas ou placas contendo
deslocações estruturais, desta forma, o mecanismo da formação da bainita envolve
tanto cisalhamento, como na martensita quanto difusão, como na perlita. Existem
duas formas principais da bainita: bainita superior, que se forma na faixa de
temperatura logo abaixo da formação da perlita, e a bainita inferior, que se forma a
temperaturas abaixo de Ms.
Bainita inferior. A bainita inferior, que no caso dos aços 4360, por exemplo, se forma
a 300ºC, é composta de grandes lâminas, similares às observadas na martensita,
sendo caracterizada como acicular. Os carbonetos da bainita inferior são
responsáveis pelo ataque escuro, o que facilita a identificação, mas, por outro lado,
também são muito finos para serem observados em microscópio ótico. Em
comparação com a bainita superior, os carbonetos da bainita inferior são finos e se
formam dentro das lâminas, enquanto na bainita superior se formam entre as placas.
Em algumas formas de bainita inferior, os carbonetos finos tem sido identificados
como um carboneto de transição, tipo ε (épsilon), que, a baixas temperaturas, se
forma primeiro que a cementita.
Bainita superior. A bainita superior do mesmo aço 4360, por exemplo, é obtida entre
410ºC e 495ºC. Esta bainita aparece escura na observação ao microscópio, em
56
função da baixa reflexão, devido à rugosidade produzida pelo ataque ao redor das
partículas de carboneto. Uma importante característica da bainita superior é a forma
de pena do feixe de ripas de ferrita, observada no microscópio ótico. As partículas de
carboneto da bainita superior tendem a ser alongadas e localizadas entre as ripas de
ferrita, áreas na quais o carbono é rejeitado durante o crescimento da ferrita. Em
certos aços, em particular com alto teor de silício, a austenita enriquecida com
carbono entre as ripas de bainita permanece estável à temperatura ambiente,
ficando retida entre a ripas de ferrita.
Figura 18: Bainita obtida por tratamento isotérmico a (a) 495 e (b) 300oC.
57
6 Diagramas de Transformação Isotérmica e
Resfriamento Contínuo
58
perlita é à temperatura Ae1 é muito longo e diminui com o decréscimo da
temperatura. O diagrama IT para aços hipoeutetóides tem uma curva extra para
marcar o início da formação da ferrita proeutetóide. Na figura 19 nota-se que a
última curva aproxima-se da temperatura Ae3 para o aço com 0,5%C, com um tempo
de transformação maior. Aços hipoeutetóides, com baixo teor de carbono, podem
apresentar temperaturas de transformação superiores à temperatura Ac3, e, desta
forma, expandir a região da ferrita proeutetóide, coexistindo com a austenita. Outra
diferença observada na figura 19 entre os diagramas eutetóides e hipoeutetóides é
que quanto menores são os teores de carbono no aço, mais elevada é a
temperatura Ms.
Figura 19: Relação do diagrama Fe-C (a) com: (b) diagrama IT para aço eutetóide e
(c) aço contendo 0,5%C.
Muitos dos tratamentos térmicos aplicados a aços e a ferros fundidos não envolvem
as transformações isotérmicas, mas sim sob resfriamentos contínuos, o que torna
necessário conhecer como se dá a transformação da austenita em várias taxas de
resfriamento, de forma que, neste caso, um diagrama mais adequado é o do tipo
TRC (transformações em resfriamento contínuo). Geralmente, observa-se que, com
59
o aumento da taxa de resfriamento, a transformação da austenita se processa em
temperaturas mais baixas. A figura 20 apresenta um diagrama do tipo TRC derivado
de um diagrama do tipo TTT para um aço eutetóide, ilustrando, assim, as principais
diferenças. No topo desta figura apresenta-se um corpo de prova do tipo Jominy
ilustrando as diferentes taxas de resfriamento aplicáveis no diagrama TRC. A
amostra referente à ponta resfriada com água representa, obviamente, a curva de
maior taxa de resfriamento, sendo esta taxa diminuída com o distanciamento desta
extremidade. O decréscimo da dureza e os constituintes resultantes de cada taxa de
resfriamento também são ilustrados na figura. Encontra-se na literatura diversas
bibliografias com ábacos do tipo exemplificado, para diversas composições.
Figura 20: Relação entre diagrama do tipo TRC (linhas cheias) com diagrama do tipo
TTT (linhas finas) para um aço eutetóide.
60
7 Temperabilidade
A estrutura martensítica é a de mais elevada dureza que pode ser obtida após a
têmpera, mas este objetivo só pode ser alcançado, se a transformação da austenita
em misturas de ferrita e cementita for evitada. Neste caso é suprimida a
transformação dependente de difusão, através de um resfriamento suficientemente
rápido.
61
7.1 Fatores que Afetam a Taxa de Resfriamento
62
figura 21, através da curva obtida por medições da temperatura em função do
tempo, no centro da barra de uma polegada de diâmetro. São apresentados três
estágios de resfriamento. O primeiro estágio é associado com o desenvolvimento de
um filme de vapor de água adjacente à superfície da peça. O filme isola a superfície
e produz uma taxa de resfriamento baixa. No segundo estágio, o filme de vapor é
quebrado e a água entra em contato direto com a peça. A água evapora, mas o
vapor se distancia da peça pela formação de bolhas, então, continuamente, a água
pode entrar em contato com a peça. Por conseguinte, o resfriamento é mais rápido
neste estágio. Quando a temperatura da superfície da peça torna-se mais baixa do
que o ponto de ebulição, a evaporação cessa e o resfriamento é controlado pela
condução e convecção através da interface fluido-metal. O terceiro estágio é
caracterizado pela baixa taxa de resfriamento. A compreensão da variação da taxa
de resfriamento tem importante conseqüência prática. Por exemplo, se a baixa taxa
de resfriamento do primeiro estágio resulta em formação de ferrita e perlita, deve-se
esforçar para aumentar a taxa de resfriamento neste estágio. Agitação da peça ou
do meio de resfriamento ou o uso de soluções de salmoura são efetivos na
redução da duração do primeiro estágio.
63
A efetividade do meio de têmpera é explicitada por um parâmetro denominado
severidade de têmpera – identificado pela letra H, que classifica, dentro de uma
escala de 0 a 5, a capacidade do meio de promover o resfriamento ou têmpera. Tal
parâmetro H é determinado experimentalmente por uma série de têmperas feitas em
barras redondas de aço. Na tabela 5 são apresentados valores de H comumente
usados.
64
7.1.2.2 Método Dilatométrico
A dilatometria vem sendo utilizada no estudo das modificações estruturais, uma vez
que tais modificações estão associadas a variações dimensionais. O método
dilatométrico baseia-se no estudo da variação dimensional de um corpo-de-prova,
devido às transformações de fase que ocorrem quando o mesmo é submetido à um
ciclo térmico. Neste aparelho, o controle dos parâmetros do ensaio, a aquisição e a
armazenagem dos dados são todos computadorizados. Os parâmetros do ensaio
são definidos pelo usuário, sendo, pois, necessário informar:
• as velocidade de aquecimento e resfriamento,
• a temperatura e o tempo de manutenção,
• o comprimento do corpo-de-prova (normalmente cilíndrico com 2 mm de diâmetro
e comprimento variando entre 10 e 12 mm).
65
8 Tratamentos Térmicos para Produzir Ferrita e
Perlita
66
Figura 22 Porção do diagrama Fe-C com faixas de temperatura para recozimento
pleno, normalização, trabalho a quente e homogeneização.
67
hipoeutetóide. A baixa taxa de resfriamento característica de resfriamento no forno
garantem a transformação da austenita primeiramente para ferrita pró-eutetóide e
para perlita, à temperatura próxima do equilíbrio A3 e A1. Como resultado a ferrita
formada será equiaquixial e com grão relativamente grosseiro tendo a perlita um
espaçamento interlamelar grosseiro. A característica da microestrutura formada será
de baixa dureza e baixa resistência mecânica, mas com elevada dutilidade,
atingindo-se, assim, o objetivo do recozimento pleno. Uma vez que a austenita tenha
sido totalmente transformada em ferrita e perlita, a velocidade de resfriamento pode
ser aumentada para reduzir o tempo de tratamento e aumentar a produtividade.
8.2 Normalização
68
recozimento. Para aços hipereutetóides, a temperatura para normalização situa-se
acima de Acm. Na normalização, o resfriamento é ao ar enquanto no recozimento o
resfriamento é lento dentro do forno.
Em aços hipereutetóides a temperatura de austêmpera deve ser maior que Acm não
só para se refinar o tamanho de grão, mas também para se dissolver os carbonetos
em rede que tenham se desenvolvido durante processamentos anteriores. A
estrutura após normalização proporciona boas condições para um tratamento de
esferoidização, que, por sua vez, objetiva conferir boa usinabilidade ou tornar o aço
mais adequado para o tratamento de têmpera. Há a possibilidade de formação de
carbonetos em rede se desenvolverem no resfriamento, porém, numa
reaustenitização subseqüente, a rede de carbonetos tende a se aglomerar ou
esferoidizar, melhorando a tenacidade.
69
O resfriamento rápido na normalização provoca diferenças para a microestrutura
quando comparado com o resfriamento lento do recozimento. A estrutura torna-se
mais fina com maior resistência, porém com ductilidade um pouco menor.
8.3 Esferoidização
70
estrutura inicial for martensítica. A esferoidização a partir de martensita é muito
comum para aços ferramenta alta liga onde a martensita é formada por resfriamento
ao ar. A taxa de esferoidização é diretamente relacionada à difusão de carbono na
ferrita e diminui quando o tamanho médio das partículas aumenta. Elementos de liga
diminuem a difusão do carbono na ferrita e portanto a taxa de esferoidização. Os
elementos de liga agem ainda “engrossando” os carbonetos e também dificultando a
esferoidização.
71
9 Revenimento dos Aços
A martensita, estrutura obtida pela têmpera, é muito dura mas também é muito frágil.
A fragilidade da microestrutura martensítica pode ser atribuída a um elevado número
de fatores, que incluem a distorção da rede causada pelos átomos de carbono
presos nos sítios octaédricos da martensita, a segregação de átomos de impurezas
nos contornos de grão da austenita, a formação de carbonetos e gerações de
tensões residuais produzidas durante a têmpera. O revenimento é o tratamento
térmico dos aços temperados que tem como maior objetivo reduzir a fragilidade ou
aumentar a tenacidade. Qualquer temperatura abaixo da temperatura crítica pode
ser usada para o revenimento, assim, uma larga faixa de propriedades e
microestruturas, desde a martensita temperada até uma matriz ferrítica com
carbonetos esferoidizados, pode ser produzida no revenimento. Apresenta-se na
figura 9.1 uma curva que representa os valores de energia absorvida no impacto em
função da temperatura do ensaio, para uma aço com 0.4 a 0.5%C. A condição de
revenimento para uma dada aplicação é definida pelo balanço entre a dureza e
tenacidade requeridas.
72
O revenimento feito em temperaturas entre 150 a 200ºC, produz apenas um
pequeno aumento da tenacidade, sendo adequado para aplicações que requeiram
elevada resistência mecânica e elevada resistência à fadiga (nos aços de médio
carbono) ou onde o carregamento é principalmente compressivo (mancal e
engrenagens), para os quais usam-se aços de alto carbono, que promovem
elevados valores de dureza e resistência ao desgaste.
A figura 25 mostra que a tenacidade pode diminuir se os aços forem revenidos entre
260 a 370ºC. Esta diminuição de tenacidade se deve à fragilização da martensita
revenida, o que faz com o revenimento na faixa de 260 a 370ºC seja evitado. Um
outro tipo de fragilização, pode desenvolver em aços martensíticos revenidos acima
de 425ºC. O fenômeno de fragilização de revenimento ocorre mais comumente em
aços ligados.
73
Figura 25: Tenacidade ao impacto em função da temperatura de revenido.
74
Figura 26:Propriedades de aço AISI 4340 temperado em óleo e
revenido acima de 200ºC.
75
precipitação de carbonetos, a energia de deformação ativa o processo de
recuperação, a alta energia de interface impulsiona o engrossamento da matriz de
ferrita e a instabilidade da austenita possibilita sua transformação em misturas de
ferrita e cementita no revenido. Então, mesmo sem a ação dos elementos de liga
discutida anteriormente, muitos outros fatores contribuem para alterações
microestruturais e conseqüentemente para alterações de propriedades mecânica
após o tratamento de revenimento.
76
fragilização ocorre com a interação do aço temperado e revenido com o meio
ambiente. Exemplos do primeiro caso são: a fragilização devido à formação de
nitreto de alumínio; fragilização da martensita revenida e fragilização de revenido e
exemplos do segundo caso são a fragilização por hidrogênio e a fragilização metal
líquido. Freqüentemente os dois tipos de fragilização se sobrepõem.
77
alumínio é desejável para o controle do crescimento do grão, partículas de nitreto de
alumínio precipitada em forma de “lâmina” durante o resfriamento a partir da
solidificação ou após solubilização em elevada temperatura de solubilização, pode
reduzir significativamente a tenacidade. A fratura intergranular devido a precipitados
de nitreto de alumínio é mais freqüentemente encontrada em aços carbono fundidos
(19,20), e é também denominada fratura “rock-candy”, devido às facetas
intergranulares grosseiras que produzem uma aparência cristalina macroscópica.
78
10 Tratamentos Térmicos Especiais
79
não resfriado. Quando o centro chegar a resfriar sua contração será restringida
pela superfície já resfriada e com alta resistência. Dessa forma o centro da peça
ficará sob tensão e a superfície sob compressão.
80
das peças. Quebras durante o reaquecimento nos tratamentos de alívio de tensões
em aços baixo liga são um exemplo de dificuldades causadas pelo aquecimento de
tratamentos térmicos sub-críticos. Aparentemente os grãos grosseiros das zonas
afetadas termicamente têm menor ductilidade que a deformação requerida para
alívio da tensão residual que não pode ser acomodada.
10.2 Martêmpera
81
Figura 27: Diagrama esquemático de tratamento térmico de martêmpera superposto
a um diagrama de transformação isotérmica para aço de médio carbono.
82
evitar que a curva de resfriamento toque o "nariz" da curva de transformação).
Portanto, a martêmpera modificada é aplicada a um número maior de aços que a
martêmpera convencional, pois, nesta variante, a velocidade de resfriamento é mais
rápida e portanto aços "menos temperáveis" podem ser tratados. A maior restrição
ao tratamento de martêmpera é que a peça a ser tratada deve ter espessura fina
devido a necessidade de sofrer elevada taxa de resfriamento - no caso de aços
carbono de baixa temperabilidade, as espessuras máximas variam de 5 a 8 mm,
podendo chegar a espessuras maiores em aços ligados.
Entre os aços indicados para martêmpera os mais comuns são os aços ligados a Cr
e Mo, Cr-Ni-Mo, Ni-Mo, aços Cr e Cr-V, que são também martemperados após o
tratamento de cementação. A martensita proveniente da martêmpera apresenta um
menor nível de macro tensões provenientes de gradientes térmicos, no entanto, a
etapa de revenimento não é dispensada.
10.3 Austêmpera
83
portanto, a austêmpera pode ser mais vantajosa do que o tratamento têmpera-
revenimento em muitos casos. O tratamento consiste de:
1. Austenitizar o aço a uma temperatura adequada (geralmente na faixa de 790 a
870 oC);
2. Resfriar a peça em um banho mantido a uma temperatura constante acima de Mi
(em torno de 260 a 400 oC) em função da composição do aço;
3. Manter a peça no banho durante tempo suficiente para ocorrer isotermicamente a
transformação austenita - bainita;
4. Resfriar a peça até a temperatura ambiente em ar calmo.
84
aço tratado deve ter boa temperabilidade a fim de evitar a transformação em
produtos da transformação austenítica em alta temperatura quando a peça é
resfriada rapidamente. A grande limitação da austêmpera é a dimensão das peças
tratadas. Em aplicações industriais os aços carbono para austêmpera devem ter
espessura inferior a 5 mm se uma estrutura totalmente bainítica for exigida. Se o
projeto da peça permitir a presença de um pouco de perlita, poderão ser
austemperadas peças com espessuras bem superiores a 5 mm. O uso de aço ligado
pode compensar o problema de transformação nas partes mais espessas, porém,
aços de alta liga podem ser inviáveis no tratamento de austêmpera em virtude da
elevada duração do período de incubação da austenita na faixa de transformação
bainítica, o que exigiria um tempo excessivo de tratamento e outros aços ligados
podem provocar uma excessiva quantidade de austenita retida (da ordem de 10 a
20%), o que prejudica as propriedades mecânicas.
Os aços que vão sofrer austêmpera devem ser escolhidos em função da posição do
nariz da curva de transformação, do tempo necessário para a transformação
isotérmica da austenita em bainita e da posição do ponto Mi. Devido a sua
importância na indústria de arames, merece menção o tratamento de austêmpera
modificada, também conhecido como patenteamento. Este tratamento consiste em
austenitizar o arame e resfriá-lo numa operação contínua, em um banho de sal
mantido a uma temperatura constante, na faixa de 510 a 540 oC, durante um período
que varia de 10 a 90 s. Com o patenteamento obtém-se uma estrutura de perlita fina,
que apresenta uma combinação de resistência a tração moderada e elevada
ductilidade.
85
11 Definição e Aplicações do Aço Inoxidável
Aços martensíticos.
Apresentam os menores teores de cromo e níquel entre os aços inoxidáveis (11 a
14%Cr e entre 1 e 4,5%Ni) e teor de carbono relativamente baixo (entre 0,06 e
0,4%). O teor de cromo é suficiente para proporcionar boa resistência à corrosão
atmosférica bem como em meios orgânicos brandos. As composições com teor de
carbono mais elevado apresentam maior nível de dureza e resistência mecânica
após tratamento térmico e as classes com molibdênio são indicadas para trabalhos
86
em temperaturas elevadas. Os aços martensíticos são aplicados em vários tipos de
válvulas e bombas, calhas, turbinas de hidroelétrica, rotores, etc. Embora seja
classificado na categoria de aço resistente ao desgaste, é amplamente usado como
aço estrutural resistente ao desgaste.
Aços austeníticos.
Contêm carbono na faixa de 0,08 a 0,2% e apresentam as classes com os mais
elevados teores de elementos de liga (18 a 27% Cr e 8 a 22% Ni), que são
empregadas em meios corrosivos agressivos como ácidos sulfúricos. Os aços
austeníticos têm uma ampla faixa de aplicações como válvulas, bombas, rotores,
carcaças, buchas, facas, rotores, carcaças de turbinas a vapor para usinas
nucleares, componentes em geral que ficam em contato com ácidos, gasolina,
alimentos, água salgada, etc. Para cada aplicação existem as classes específicas de
composição mais adequada. De uma maneira geral, os aços com maior teor de
elementos de liga são indicados para aplicações de maior agressividade corrosiva.
87
área, cujos resultados estão na tabela 6, na condição de uso destes dois tipos de
aços, quais sejam:
• JIS SCS2 (ASTM CA 40): normalizado (resfriamento ao ar) e revenido,
• JIS SCS13 (ASTM CF 8): solubilizado (resfriamento em água).
88
Não se faz recozimento no aço inox austenítico, pois o resfriamento lento pode
intensificar a precipitação de carbonetos nos contornos de grão.
89
desmoldagem for feita a temperaturas elevadas, gerando um resfriamento não
uniforme.
90
Aço inoxidável austenítico bruto de fusão (figura 30a).
Apresentou matriz austenítica com carbonetos nos contornos de grão, resultantes do
lento resfriamento na solidificação, que reduzem as propriedades mecânicas e a
resistência à corrosão, em função do surgimento regiões pobres em cromo e
carbono adjacentes aos carbonetos. A dureza no estado bruto foi de 133 HB.
91
Figura 29: Aço austenítico (a) bruto, (b) normalizado, (c) normalizado e revenido
(d) temperado em óleo e revenido. 400x (fotos Japan Compapny – Kawasaki).
Figura 30: Aço austenítico (a) bruto (b) solubilizado. 400x (fotos Japan Compapny).
.
92
12 Aço Manganês
93
Figura 31: Linhas de deslizamento em matriz austenítica (após têmpera) próximo à
superfície de Aço-Mn fundido encruado.
a) Carbono
Um teor em carbono mais baixo minimiza o efeito de fragilização por precipitação de
carbonetos durante o resfriamento abaixo do limite de solubilidade, sobretudo em
ligas para serem soldadas por eletrodo. Apresenta-se na figura 32 o efeito do
aumento do teor em carbono nas propriedades de tração do aço manganês com
13% de Mn. Os ensaios foram realizados em uma barra tratada termicamente com
seção de 25 mm.
94
Figura 32: Efeito do carbono nas propriedades mecânicas do aço manganês
(13%Mn; 0,6% Si; 0,035% P) em barra de 25mm.
b) Manganês
O manganês apresenta contribuição vital na estabilização da austenita. Entre os
limites de 10 a 14%, não tem quase nenhum efeito sobre o limite de escoamento,
mas apresenta benefícios para o limite de resistência à tração e alongamento.
Abaixo de 10% as propriedades de resistência declinam rapidamente para, talvez,
metade dos valores normais até níveis de aproximadamente 8%. Um teor mínimo de
11% é desejável, o máximo é arbitrário até 20%, e depende, provavelmente, mais do
custo da liga do que dos resultados metalúrgicos, desde que propriedades aceitáveis
sejam obtidas. Na Figura 33 apresenta-se a variação das propriedades mecânicas
de tração em função do teor em manganês.
95
Figura 33: Variação das propriedades mecânicas de tração em função
do teor em manganês.
c) Silício
No final da elaboração, o aço pode conter óxido de manganês em silício, o que
diminui o alongamento e favorece a formação de trincas. Apesar de freqüentemente
não exceder 1%, pode ser empregado até 2%, para produzir um moderado aumento
96
de limite de escoamento e resistência ao escoamento plástico (deformação
permanente) sob impactos repetitivos. Em torno de 2,2% inicia-se uma redução
acentuada na tração e ductilidade. Abaixo de 0,10% causa redução da fluidez.
d) Fósforo
Apesar da norma ASTM A 128 permitir teor de até 0,07%, as fundições de aço
manganês mantém este elemento em nível mais baixo possível. O fósforo tem efeito
de aumentar a susceptibilidade a trincas durante a operação de retirada de
massalotes grandes e durante operações de soldagem. Apresenta também
influência na formação de trincas a quente. O fósforo deve ser limitado a 0,03% para
prevenir trincas. Existe um efeito sinérgico entre o fósforo e o alumínio na formação
de trincas, neste caso o residual máximo de alumínio deve ser de 0,06%.
e) Cromo
Conforme o trabalho de revisão, a adição de cromo ao aço Manganês Hadfield tem
sido feita com o objetivo de conferir à liga um aumento de dureza, quando sofre
deformação sob impacto, ou para reduzir a quantidade de deformação necessária
para atingir uma dada dureza. O cromo aumenta também o limite de escoamento em
relação às composições normais.
97
microestrutura. A prática tem demonstrado que a utilização do cromo torna o fundido
mais susceptível ao trincamento durante o processo de fundição e tratamento
térmico.
f) Molibdênio
A mais importante contribuição de adições de Mo é uma significante melhoria das
propriedades mecânicas no estado bruto e a realçada resistência para fragilização
por carbonetos, a qual ocorre quando o aço manganês é reaquecido. Em termos de
fundição, isto é traduzido em um manuseio mais fácil com menor propensão para
trincas, especialmente durante a remoção de canais e massalotes. É importante
lembrar que o carbono é um elemento fragilizador e o efeito benéfico do Mo somente
será percebido se o teor em carbono for baixo.
98
Figura 34: Efeito da adição de Mo ao aço Hadfield nas propriedades de tração em
corpo-de-prova de 25 mm após tratamento térmico (Austenitização a 1095ºC e
resfriamento em água).
12.3 Elaboração
99
Elementos de liga como o cromo, molibdênio, e vanádio são normalmente
adicionados como ferro ligas, enquanto elementos como o níquel, são utilizados
puros na forma metálica. A desoxidação do aço é com alumínio na primeira fusão. O
metal elaborado a partir de retornos de aço ao manganês mostra uma porcentagem
de refugo superior ao metal elaborado partir de cargas metálicas não ligadas. Este
refugo deve-se a trincas, bolhas e rechupes.
12.4 Microestrutura
100
• Carbonetos duplos de ferro e manganês que têm ductilidade e se repartem
geralmente nos limites dos grãos dos outros constituintes, aumentando a
fragilidade.
101
Os segmentos no gráfico representam:
102
Referências Bibliográficas
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térmico dos aços e ferros fundidos. Itaúna:SENAI/CETEF, 2004. . 144p., il.
HERSKOVIC, Jacques. Elaboração do aço: Fusão e Refino. São Paulo: ABM, s.d.
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Philadelphia, 2000.
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Common Requirements, for General Industrial Use. Philadelphia, 2000.
ASTM. A 370/A 370M – 97 Test Method and Definitions for Mechanical Testing of
Steel Products. Philadelphia, 2000.
103
ASTM. A 297/A 297M – 97 (1998) Standard Specification for Steel Castings, Iron-
Chromium and Iron-Chromium-Nickel, Heat Resistant, for General Application.
Philadelphia, 2000.
104