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Curso Técnico em Mecânica

Tecnologia dos Materiais de Construção


Mecânica
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente da Confederação Nacional da Indústria

José Manuel de Aguiar Martins


Diretor do Departamento Nacional do SENAI

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI

Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do SENAI/SC

Antônio José Carradore


Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC

Marco Antônio Dociatti


Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
Confederação Nacional das Indústrias
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso Técnico em Mecânica

Tecnologia dos Materiais de Construção


Mecânica

Alcides Gavenda

Florianópolis/SC
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa.

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Coordenação de Educação a Distância Design Educacional, Ilustração,


Beth Schirmer Projeto Gráfico Editorial, Diagramação
Equipe de Recursos Didáticos
Revisão Ortográfica e Normatização SENAI/SC em Florianópolis
FabriCO
Autor
Coordenação Projetos EaD Alcides Gavenda
Maristela de Lourdes Alves

Fichacatalográfica
Ficha catalográfica elaborada
elaborada por
porLuciana
LucianaEffting
EfftingCRB14/937
CRB14/937- Biblioteca do do
- Biblioteca SENAI/SC Florianópolis
SENAI/SC Florianópolis

G282t
Gavenda, Alcides
Tecnologia dos materiais de construção mecânica / Alcides Gavenda. –
Florianópolis : SENAI/SC, 2010.
74 p. : il. color ; 28 cm.

Inclui bibliografias.

1. Materiais. 2. Aços. 3. Metalografia. 4. Metalurgia. 5. Mecânica. I.


SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. II. Título.

CDU 621.7

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Prefácio
Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado.
Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-
das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina.

No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as


necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas
teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação
por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-
senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho.

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futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.

Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de


ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-
mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos
de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces-
sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional,
oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu-
cação por Competências, em todos os seus cursos.

É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.

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do Conhecimento.
Sumário
Conteúdo Formativo 9 26 Unidade de estudo 4 46 Unidade de estudo 7
Diagrama de Materiais Metálicos
Apresentação 11 Equilíbrio das Ligas não Ferrosos
de Aço Carbono

12 Unidade de estudo 1 47 Seção 1 - Cobre


27 Seção 1 -Aço carbono 48 Seção 2 - Bronze
Noções Gerais
dos Materiais 31 Seção 2 - Condições práticas 49 Seção 3 - Latão
de tratamento térmico
51 Seção 4 - Alumínio e suas
ligas
13 Seção 1 - Noções gerais dos
34 Unidade de estudo 5 52 Seção 5 - Ligas leves
materiais
Ferro Fundido 53 Seção 6 - Outros metais e
ligas de uso comum
16 Unidade de estudo 2 54 Seção 7 - Ligas antifricção e
ligas para altas temperaturas
Propriedades dos 35 Seção 1 - Ferro fundido
Materiais 54 Seção 8 - Produtos metalo-
cerâmicos
Metálicos
54 Seção 9 - Polímeros
38 Unidade de estudo 6
Aços
17 Seção 1 - Propriedades físi-
cas e químicas 58 Unidade de estudo 8
18 Seção 2 - Propriedades Metalurgia do Pó
39 Seção 1 - Classificação e
mecânicas
composição dos aços SAE,
19 Seção 3 - Elemento químico ABNT E AISI
ferro e suas propriedades.
Seção 2 - Tipos de aços. 59 Seção 1 - Metalurgia do Pó
40
20 Seção 4 - Siderúrgica
41 Seção 3 - Influência dos ele-
mentos constituintes, do aço
60 Unidade de estudo 9
22 Unidade de estudo 3 ao carbono
Meios de
Fabricação dos Aços 42 Seção 4 - Aços para constru-
ção
Conformação dos
43 Materiais
Seção 5 - Aços inoxidáveis

23 Seção 1 - Aço de cadinho 43 Seção 6 - Aços para ferra-


61 Seção 1 - Laminação
mentas
24 Seção 2 - Processo Bessemer 66 Seção 2 - Extrusão
43 Seção 7 - Aços para aplica-
24 Seção 3 - Processo Thoma 67 Seção 3 - Trefilação
ções especiais
24 Seção 4 - Processo L. D. 68 Seção 4 - Fabricação de
44 Seção 8 - Ligas especiais de
(Linz-Donawitz) tubos
ferro e níquel
25 Seção 5 - Processo Siemens- Seção 5 - Forjamento
44 Seção 9 - Aços especiais: 69
Martin
influência dos elementos
25 Seção 6 - Fornos elétricos constituintes
para a produção do aço Finalizando 53
45 Seção 10 - Diferença entre
fagulhas e ramificações dos
materiais ferrosos
Referências 55
8 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Conteúdo Formativo
Carga horária da dedicação

Carga horária: 45 horas

Competências

Avaliar as características e propriedades dos materiais aplicados em componen-


tes mecânicos. Analisar os processos de conformação mecânica

Conhecimentos
▪▪ Obtenção dos materiais: mineração, processamento (siderurgia, metalurgia do
pó, sinterização), tipos (materiais ferrosos, não ferrosos, poliméricos e compósi-
tos), classificação e normalização, propriedades (mecânicas, térmicas, magnéti-
cas, químicas e elétricas), aplicação;
▪▪ Proteção superficial e conformação mecânica.

Habilidades

▪▪ Identificar e especificar os diversos tipos de materiais para a fabricação de peças


mecânicas;
▪▪ Aplicar normas técnicas e regulamentadoras;
▪▪ Selecionar materiais adequados para construção mecânica;
▪▪ Aplicar os conceitos de tecnologia mecânica dos materiais;
▪▪ Ler, interpretar e aplicar manuais, catálogos e tabelas técnicas;
▪▪ Aplicar normas técnicas de saúde, segurança e meio ambiente;
▪▪ Identificar os diversos tipos de conformação mecânica.

Atitudes

▪▪ Assiduidade;
▪▪ Proatividade;
▪▪ Relacionamento interpessoal;
▪▪ Trabalho em equipe;
▪▪ Cumprimento de prazos;
▪▪ Zelo com os equipamentos;
▪▪ Adoção de normas técnicas, de saúde, de segurança do trabalho e responsabili-
dade ambiental.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 9


Apresentação
A disciplina “materiais” é um dos assuntos mais importantes da me- Alcides Gavenda
cânica, visto que todas as peças que são fabricadas e que conhecemos
são obtidas, na maioria dos casos, a partir de material brutono estado É graduado em Engenharia
sólido, líquido ou mesmo gasoso. Quando no estado sólido, o material Mecânica pela UCB/SP e em
bruto pode ser um grão ou uma partícula fina. Sobre o material bruto Pedagogia pela UNISUL com es-
pecialização em Engenharia de
se desenvolve um ou mais processos de fabricação para que finalmente
Produção pela UDESC. Desen-
tenhamos o componente desejado, na forma correta, dimensional, con- volveu atividades na indústria
forme tolerância exigida pelo projeto, acabamento superficial, além de durante 25 anos e atualmente
várias propriedades intrínsecas ao material tais como: resistência mecâ- leciona unidades curriculares
nica, ductibilidade, tenacidade, propriedades térmicas e até mesmo ele- relacionadas aos temas Resis-
tromagnéticas. A escolha do material a ser utilizado depende muito da tência dos Materiais e Tecnolo-
aplicação requerida, mas também dos processos de transformação dis- gia dos Processos de Fabricação
poníveis para tal, além de uma análise custo-benefício onde se relaciona Mecânica.
as propriedades desejadas e os meios de produção a serem utilizados. Atua com educação profissional
Um técnico em mecânica deve conhecer os materiais, bem como suas há 15 anos, tendo lecionado em
diversos cursos de nível básico,
características e propriedades para que saiba associar a especificação
técnico e superior. No SENAI/
correta que garanta os requisitos do projeto e que sejam executáveis SC em Jaraguá do Sul, atua no
(usináveis moldáveis etc.). Núcleo Metalmecânica, no cur-
Aprenderemos aqui os principais tipos de materiais, os processos de so Superior de Tecnologia em
obtenção e as propriedades inerentes a cada um dos materiais apresenta- Fabricação Mecânica e nos cur-
dos. Preparado para começar? Vamos juntos! sos técnicos, cursos técnicos ar-
ticulados com o ensino médio e
aprendizagem industrial.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 11


Unidade de
estudo 1
Seções de estudo

Seção 1 – Noções gerais dos materiais


Noções Gerais dos Materiais

Seção 1
Noções gerais dos materiais
A matéria é constituída de pequenas partes, chamadas átomos. O átomo
constitui-se de um núcleo carregado de eletricidade positiva e em sua Átomo: O diâmetro dos áto-
volta giram os elétrons carregados de carga negativa. mos é muito pequeno, varia
entre 2 e 5 Å (Angstrom).
1 Å = 10-10 m =
O átomo é eletricamente neutro, enquanto a carga positiva concentrada 0,000.000.000.1 m
no seu núcleo é igual à carga negativa dos elétrons.

Figura 1 – Modelo Atômico de Rutherford - Modelo Planetário do Átomo


Fonte: Silva (2010).

Em muitas substâncias, os átomos se juntam em pequenos grupos, for-


mando as moléculas. Observe na imagem.

Figura 2 – Estrutura Cúbica de Corpo Centrado


Fonte: Callister (2002, p. 23).

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 13


Ductéis: Que se pode redu-
zir a fios, estirar e distender,
sem se romper; flexível, elás-
tico (FERREIRA, 2010).

Figura 3 – Estrutura Cúbica de Faces Centradas


Fonte: Callister (2002, p. 22).

Para compreender melhor como acontece a formação de moléculas, veja


um exemplo concreto.
Uma molécula de água (H2O) é constituída por dois átomos de hidro-
gênio e um de oxigênio. As substâncias sólidas podem se apresentar no
estado amorfo e no cristalino.
Nos corpos em estado amorfo, os átomos das moléculas se apresentam
desordenados, enquanto os corpos em estado cristalino apresentam os
átomos ordenados e ligados por determinados pontos.
No caso dos materiais metálicos, a disposição dos átomos no cristal ele-
mentar pode ser:
▪▪ Cúbica de corpos centrados (metais duros: ferro, cobre, níquel,
alumínio, ouro etc.).
▪▪ Cúbica de faces centradas (metais dúcteis: ferro, cobre, níquel,
alumínio, ouro etc.).
▪▪ Hexagonal (zinco e magnésio).

14 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 4 – Estrutura Hexagonal Compacta
Fonte: Callister (2002, p. 24).

No caso do ferro, na passagem de um estado para outro estado, temos


um acréscimo de átomos, ou seja, o aumento da densidade. O conheci-
mento da temperatura exata, onde se verifica tal fenômeno, tem particu-
lar importância para a execução dos tratamentos térmicos dos materiais
ferrosos; você sabia? Pois saiba que há muitas descobertas ainda pela
frente. Continue conosco!

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 15


Unidade de
estudo 2
Seções de estudo

Seção 1 – Propriedades físicas e


químicas
Seção 2 – Propriedades mecânicas
Seção 3 – Elemento químico ferro e suas
propriedades
Seção 4 – Siderúrgica
Propriedades dos Materiais Metálicos

Seção 1
Propriedades físicas e
químicas
São propriedades que o material
possui por natureza, independen-
tes de fatores externos.
A densidade ou massa específica é
a massa da unidade de volume de
certa substância, dada pela razão
da massa m, representada em g e
seu volume V em cm3.

m
p= 3
(g/cm )
v

Se multiplicarmos a mas-
sa específica(kg/ dm3) pela
aceleração da gravidade (g =
9,81m/s2) temos o peso espe-
cífico (kgf/dm3).

Acompanhe, nas imagens se-


guintes, a densidade de cada
elemento químico da tabela
periódica. Lembremos que atu-
almente, na tabela periódica, os
elementos químicos são orga- Gráfico 1 – Massa Específica ou Densidade
nizados em linhas que corres- Fonte: Metal Mundi (2010).
pondem aos períodos, colunas
e formam os grupos (FERREIRA,
2010). Em razão de massa específica, os materiais se distinguem em pesados
(ρ > 4 kg/ dm3) e leves (ρ < 4 kg/dm3).
O ponto de fusão é a temperatura na qual um metal passa do estado
sólido para o líquido ou vice-versa. Na tabela a seguir, temos o ponto de
fusão de algumas substâncias. Observe!

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 17


Cavacos: Cavacos são esti-
Número Elemento Químico Ponto
lhas ou lascas de materiais;
cavacas (FERREIRA, 2010). Atômico Designação Simbolo Fusão
13 Alumínio Al 660
29 Cobre Cu 1.083
26 Ferro Fe 1.536
24 Cromo Cr 1.875
5 Boro B 2.300
78 Platina Pt 1.769
2 Helio He -270
1 Hidrogênio H -259
8 Oxigênio O -219
7 Nitrogênio N -210
18 Argônio Ar -71
80 Mercúrio Hg -38

Tabela 1 – Temperatura de Fusão


Fonte: Adaptado de Metal Mundi (2010).

A condutibilidade térmica e elétrica refere-se à capacidade que o metal


apresenta ao conduzir o calor e a eletricidade. São bons condutores de
calor e eletricidade: a prata, o cobre e o alumínio.

Seção 2
Propriedades mecânicas
Como importantes propriedades mecânicas, apresentamos a resistência,
a ductilidade e a tenacidade.
A resistência à tração é a capacidade que o material possui em suportar
esforços em sentidos opostos, mais precisamente, no sentido do seu
alongamento.
A ductibilidade é a capacidade que os materiais possuem de sofrer de-
formação sem se romper, conforme descrito anteriormente. Nos pro-
cessos de usinagem, essa propriedade é bem visível, pois os materiais
dúcteis geram cavacos contínuos, formando espiral, enquanto os não
dúcteis geram cavacos curtos, cujo formato se aproxima de uma vírgula,
ou até mesmo se apresentam na forma de pó, como no caso do ferro
fundido, grafite e bronze.

O aço (sem tratamento), o cobre e o alumínio são exemplos de materiais


dúcteis.
A tenacidade é a capacidade que alguns materiais possuem de resistência
ao impacto. Muitas vezes, o material é bastante resistente em termos
de dureza, porém não resiste a esforços intermitentes. Como exemplo
de materiais tenazes, temos o aço e o cobre. O metal duro e a cerâmica
são exemplos de materiais não tenazes. Inclusive, nas últimas décadas,
houve uma tendência forte no desenvolvimento de insertos cerâmicos
para usinagem, porém, para fresamento, ela não é adequada, justamente
devido a sua baixíssima tenacidade.

18 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Seção 3
ferro: É importante levar em
Elemento químico ferro e suas propriedades conta que o ferro puro não
apresenta boas característi-
O ferro é um material muito importante para as indústrias mecânicas. cas mecânicas.
Com pequena porcentagem de carbono, temos o aço e o ferro fundido.

O aço se cristaliza no sistema cúbico. Variando a temperatura, é sujeito a


transformações estruturais ditas estados alotrópicos do ferro. As tempe-
raturas de transformação são ditas temperaturas críticas.
As principais características do ferro puro são:
▪▪ Temperatura de fusão – 1528 OC;
▪▪ Massa específica – 7,866 g/cm3;
▪▪ Resistência elétrica – 0, 099 ohm. mm2/m;
▪▪ Condutibilidade elétrica – (cu = 100) : 12,5%;
▪▪ Alongamento – 28%;
▪▪ Estricção % - máximo 80% - mínimo 70%;
▪▪ Dureza Brinell – 60 a 80 Kg/mm2;
▪▪ Resistência à tração – 200 a 300N/mm2.

Sendo o aço maleável e dúctil, estas propriedades podem ser obtidas


com o aquecimento do mesmo. As elevadas temperaturas do aço se dis-
tinguem pelas suas cores.
O aço não é um bom material para fusões; enquanto apresenta defeitos
e uma alta contração (1,6%). Já o ferro se solda muito bem por qualquer
método; passa do estado líquido para o sólido através de um intervalo
onde é possível a união de duas partes por efeito de ação molecular
como, por exemplo, na solda elétrica.

TEMPERATURAS E CORES DO AÇO PARA DETERMINADAS TEMPERATURAS

600 oC Vermelho bem escuro

700oC Vermelho escuro

750oC Vermelho vivo

800oC Vermelho-cereja

880oC Vermelho claro


950oC Laranja
1100oC Amarelo
1200oC Amarelo claro
1250oC Branco
Quadro 1 – Temperatura e Cores do Aço
Fonte: Cunha; Cravenco(2006).

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 19


Escória: Resíduo silicoso
que se forma juntamente
Seção 4
com a fusão dos metais (FERREI- Siderúrgica
RA, 2010).
A siderúrgica é parte da técnica que se ocupa da produção dos materiais
ferrosos. O minério de ferro, após oportunos tratamentos, é envidado
ao alto forno onde se obtém o ferro gusa, que é uma liga de ferro e
carbono. O ferro gusa pode ser também obtido nos fornos elétricos
chamados de baixos fornos.
O ferro gusa obtido nos baixos fornos pode ser empregado diretamente.
Neste caso, passa a ser refinado para a produção dos aços por meio de
vários processos. A porcentagem de carbono, no ferro gusa, pode variar
de 1,7% a 6,7%. A seguir, temos um esquema do processo siderúrgico
para obtenção da ação e ferro fundido. Acompanhe!

Figura 5 – Esquema do Processo Siderúrgico para Obtenção do Aço e do Ferro Fundido


Fonte: Silva (2000, p. 69).

O alto forno é um forno de combustão e pode superar até 30 metros de


altura. Num alto forno podem-se distinguir cinco partes principais: boca
de carga, cuba, ventre, bojo e cadinho.
O alto forno é carregado por camadas alternadas de minério de ferro,
carvão, cobre e calcário, sendo que o último aumenta a fluibilidade do
ferro gusa e favorece a formação da escória que absorve as impurezas.
O minério de ferro, antes de ser introduzido no alto forno, é sujeito a
operações preliminares de lavagem, seleção e enriquecimento.

20 CURSOS TÉCNICOS SENAI


As cargas de minério, carvão e de fundente são introduzidas no alto No alto forno, temos a fusão geral
forno por meio de esteiras. Na boca de carga do alto forno, temos uma de várias substâncias, a uma tem-
temperatura entre 150 oc. e 400oC que permite secar o minério. Na parte peratura de 1.800oC. O ferro se
sucessiva, formada pela cuba e pelo ventre, o minério encontra uma cor- combina com uma pequena parte
rente de óxido de carbono (CO), deixando neste gás o próprio oxigênio de carbono formando o carbone-
(CO2), e transformando-se em ferro espumoso. Isto porque o minério é to de ferro (cementita: Fe3C); esta
constituído essencialmente por óxido de ferro, composto de ferro com mistura de ferro com pequenas
oxigênio (Fe2 03, Fe3 04). Esta parte toma o nome de zona de redução partes de cementita e de carbono
indireta, enquanto a eliminação do oxigênio dos minerais ferrosos é feita livre forma o ferro gusa, que se
gradualmente e só em parte. A redução é completada na zona de redu- extrai no fundo do cadinho. No
ção direta, onde os óxidos de ferro são diretamente transformados em cadinho formam-se as escórias
aço e ferro fundido, por meio do carbono contido no carvão que se que são usadas como: pedra, areia,
combina com o oxigênio formando óxido de carbono. lã isolante, tijolos etc. Os gases
produzidos pelo alto forno como
o óxido de carbono, o dióxido de
Veja, a seguir, as partes que compõem um forno de combustão.
carbono, o azoto e o hidrogênio
são depurados e enviados para
especiais recuperadores de ca-
lor chamados torres de Cowper.
Os gases são queimados nestes
recuperadores de calor e o calor
produzido alimenta a combustão
no alto forno. A produção diária
de um alto forno pode chegar até
2.700 toneladas.
Os baixos fornos elétricos usam
energia elétrica como meio de
calor. Os fornos elétricos tam-
bém necessitam de uma carga de
carvão para as reações químicas
dos metais não ferrosos como o
carbono. A vantagem deste forno
é possibilitar a regulagem da tem-
peratura que permite um produto
de melhor qualidade.
Prepare-se para conhecer agora o
processo de fabricação dos aços.
Vamos! Continue junto. Estamos
apenas começando...

Figura 6 – Esquema de um Alto Forno


Fonte: Moreira (2003, p. 19).

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 21


Unidade de
estudo 3
Seções de estudo

Seção 1 – Aço de cadinho


Seção 2 – Processo Bessemer
Seção 3 – Processo Thomas
Seção 4 – Processo L. D. (Linz-Donawitz)
Seção 5 – Processo Siemens-Martin
Seção 6 – Fornos elétricos para a
produção do aço
Fabricação dos Aços

O aço é uma liga de ferro e carbo- se separam facilmente da fusão e


no com uma porcentagem média também, porque a fusão não tem Conversor: Bessemer, Tho-
de carbono entre 0,08% e 2,2%. contato com o ar e nem com os mas, LD.
Esta porcentagem não poderá ser gases da combustão.
superior a 2,2%. As elevadas ca-
racterísticas mecânicas e as boas
propriedades tecnologias do aço
Matéria-prima: Ferro gusa,
favorecem a aplicação do mesmo
sucata;
em toda a indústria. Normalmen-
te os aços são obtidos com os se-
guintes processos:
▪▪ Cadinho;
▪▪ Conversor;
▪▪ Siemens-Martin; Figura 7 – Fabricação de Aços Através
▪▪ Forno elétrico. do Uso do Cadinho
Fonte: Moreira (2003, p. 19).
Todos os processos de produção
de aço apresentam as seguintes
fases comuns: Para a fabricação do aço de cadi-
nho, pode-se proceder com um
▪▪ Fusão da matéria-prima; dos sistemas abaixo relacionados:
▪▪ Oxidação da fusão e redução ▪▪ Funde-se o ferro tecnicamente
do carbono;
puro e adiciona-se pó de carvão
▪▪ Formação de escórias onde se puro. A mistura do ferro com o
acumulam as impurezas; carbono contido no carvão dá
▪▪ Adição de elementos especiais origem ao aço.
como ligas, corretivos e desoxi- ▪▪ Funde-se o ferro gusa junta-
dantes; mente com óxido de ferro. Na
▪▪ Saída da fusão. redução do ferro gusa, elimina-se
parte do carbono.
▪▪ Funde-se 1/3 de ferro gusa e
Seção 1 2/3 de ferro doce, de tal maneira,
Aço de cadinho que o carbono seja distribuído
em porcentagem desejada.
Este processo não é muito usado
por ter um elevado custo, embora Os fornos com cadinho possuem
o produto seja de ótima qualida- uma capacidade média entre 40 e
de. Resulta numa boa homoge- 50 kg.
neidade, por efeitos dos gases que

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 23


trial de baixo custo para a produção em massa de aço a partir de fer-
Seção 2 ro gusa fundido. O processo foi nomeado em homenagem ao inventor
Processo Bessemer Henry Bessemer, que registrou patente em 1855.
Este revestimento é constituído de uma escória fortemente oxidante
Todos os conversores possuem que permite a desfosforatização do ferro gusa; isto é, a eliminação do
basicamente o mesmo princípio fósforo. O emprego dos ferros gusas fosforosos no conversor Thomas
de funcionamento. O oxigênio do permitem queimar o fósforo aumentando a temperatura. As escórias
ar queima o carbono e as outras Thomas são usadas na fabricação de adubo. O aço Thomas é mais ma-
substâncias, que devem ser elimi- leável e doce do que o do Bessemer.
nadas do ferro gusa para obter o
aço.
Neste conversor, é usado o ferro Seção 4
gusa silicoso porque o seu reves-
timento é constituído de material
Processo L. D. (Linz-Donawitz)
refratário ácido. No fundo do
A fabricação do aço pelo processo L. D. apresenta certa analogia com
conversor, existem numerosos
os tradicionais processos Bessemer e Thomas, que estão sendo substituí-
furos que injetam ar comprimi-
dos pelo L.D. Também nesse caso, usa-se um conversor semelhante aos
do. O oxigênio do ar queima o
precedentes. A diferença está no uso exclusivo de oxigênio injetado no
carbono, o manganês, o fósforo e
conversor a uma pressão de 8atm, por meio de um furo posto um metro
as outras substâncias, que devem
acima da fusão. A reação do oxigênio com a fusão eleva a temperatura a
ser eliminadas do ferro gusa, ob-
2.000oC. O revestimento é constituído por tijolos refratários.
tendo assim rapidamente um aço
doce. A duração desse processo é A capacidade dos conversores L. D. pode chegar em torno de 300 to-
de 15 a 20 minutos. No conversor neladas e uma produção anual de 2.000.000 toneladas. Por efeito da alta
de ferro gusa, é colocado a uma produção, é necessário o uso de computador, que determina a carga e o
temperatura de 1.300OC e numa oxigênio necessário a esta.
quantidade equivalente a 1/6 do
volume do conversor. O silício
concorre para o aumento da tem-
peratura, ao invés do enxofre e do
fósforo, que são prejudiciais ao
revestimento do forno e difíceis
de serem eliminados.

Seção 3
Processo Thomas
No processo Thomas, emprega-se
um conversor análogo ao Bessemer,
com a diferença do revestimento
que é constituído de material re-
fratário básico ao invés do ácido.
Esse é o primeiro processo indus-

Figura 8 – Conversor LD
Fonte: Silva (2000, p. 41).

24 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Seção 5 Com este forno, pode-se obter qualquer tipo de aço, juntando con-
Processo venientemente os elementos necessários. Os fornos Siemens-Martin
Siemens-Martin têm uma capacidade de 30 a 40 toneladas para o processo ácido e de
150 toneladas para o processo básico.

O forno Siemens-Martin é um
forno a gás constituído por uma
câmara de planta retangular cha-
mada de laboratório, onde acon- Seção 6
tece as reações para a produção Fornos elétricos para a produção do aço
do aço e de outras quatro câma-
ras, todas revestidas por material O calor nos fornos elétricos é produzido pela corrente elétrica. O forno
refratário. Duas câmaras servem é constituído de um cilindro de chapa revestido internamente por mate-
para o pré-aquecimento do gás rial refratário, na parte anterior existe um canal para a saída da fusão e, na
combustível e do ar e as outras posterior, outro canal para as eventuais juntas e para a saída das escórias.
duas, para a recuperação do calor O forno é montado num berço que permite obter várias inclinações por
produzido na combustão. O com- meio de um comando hidráulico.
bustível usado no forno Siemens-
A carga é constituída normalmente por sucata, óxidos de ferro e uma
Martin pode ser: óleo diesel, me-
quantia de cal. O oxigênio do óxido de ferro elimina o carbono, o silício
tano, gás natural, gás de coqueria
e o manganês, enquanto a cal elimina o fósforo.
ou de gasogênio.
Esse forno é particularmente indicado para a fabricação de aços espe-
O laboratório é ligado às câma-
ciais de alta resistência e, às vezes, é usado para melhorar os aços produ-
ras de pré-aquecimento e aos re-
zidos com o sistema Bessemer e Siemens-Martin.
cuperadores. Enquanto em duas
câmaras o material refratário res-
titui o calor para o gás e o ar que
vai para o laboratório, nas outras
duas chegam os gases quentes da
combustão. Numa fase sucessiva,
inverte-se o percurso dos gases da
combustão por meio de válvulas.
Esta sequência se repete nas câ-
maras, que tinham dado o calor
para os gases e o ar, e agora rece-
bem os produtos da combustão,
enquanto as câmaras aquecidas
pelos produtos da combustão re-
cebem o ar e o gás combustível. O
ar e o gás chegam ao laboratório
por meio de duas tubulações. Os
dois se combinam e elevam a tem-
peratura a 1.800oC.
O silício e o carbono queimam
enquanto o fósforo e o enxofre
Figura 9 – Forno Elétrico a Arco
são eliminados, como no proces-
Fonte: Silva (2000, p. 43).
so Thomas.

Com o tema “Fornos elétricos para a produção do aço”, concluímos


aqui a terceira unidade de estudos desta unidade curricular. Nosso estu-
do tem, como foco, agora o equilíbrio das ligas de aço carbono. Fique
antenado!

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 25


Unidade de
estudo 4
Seções de estudo

Seção 1 – Aço carbono


Seção 2 – Condições práticas de
tratamento térmico
Diagrama de Equilíbrio das Ligas de
Aço carbono

Seção 1
Aço carbono
O diagrama de equilíbrio representa esquematicamente a estrutura dos
cristais mais utilizados do aço carbono e permite conhecer melhor o
tratamento térmico (têmpera, revenimento e recozimento) da liga de aço
e sua estrutura correspondente.

Figura 10 – Diagrama Ferro-Carbono


Fonte: Pereira (2010).

No eixo das ordenadas (vertical), estão indicadas as temperaturas em


graus centígrados (°C). No eixo das abscissas (horizontal) estão indica-
das as porcentagens mais comuns dos teores de carbono contido no aço.
Antes de estudar o diagrama, é necessário conhecer o significado preciso
dos termos.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 27


▪▪ Ferrita: é o ferro praticamen- ▪▪ Ledeburita: é também uma mistura finíssima (eutética) de cementi-
te puro. Até 768 C encontra-se
°
ta e austenita.
no estado α e tem estrutura cris- Examinemos, como exemplo, um aço que contém 0,6% de carbono. A
talina cúbica de corpo centrado. 1.600 °C, o aço está no estado líquido. A 1.480 °C, inicia-se a solidificação,
À temperatura superior, o ferro com a formação dos primeiros cristais de austenita. Numa temperatura
perde as suas propriedades mag- inferior, tem-se a coexistência do aço líquido e de cristais sólidos de aus-
néticas. Mantém sempre a mesma tenita. Reduzindo a temperatura, temos toda liga solidificada sob forma
estrutura cristalina até 906 °C. de ausenta. Com a continuidade do resfriamento chega-se a um ponto
Nesta temperatura, transforma- onde encontramos a curva que delimita o campo: ferrita + austenita.
se em ferro e é caracterizado por Isto significa que, nesta temperatura (730 °C), a austenita transformar-
uma estrutura cristalina cúbica de se em ferrita.Acompanhe, na imagem, as mudanças de estado do aço, a
face centrada. partir da mudança de temperatura. Esteja antenado!

Figura 11 – Estrutura de Aço com


Baixíssimo Teor de Carbono, onde pre-
Figura 12 – Resumo de Fases no Diagrama FeC
domina a Ferrita uniformemente
Fonte: Pereira (2010).
Fonte: Cimm (2010).

▪▪ Austenita: é uma solução A 721°C, a quantidade de austenita que ainda não foi decomposta se
em estado sólido de cementita transforma numa finíssima mistura de ferrita e cementita. Essa mistura,
(carboneto de ferro) no ferro, ou como já vimos, recebe o nome de perlita. Este aço se apresenta consti-
seja, cristais mistos que contêm tuído de ferrita e perlita.
átomos de ferro, colocados Na escala do teor de carbono de 0% até aproximadamente 0,85%, o aço
segundo o retículo cúbico de face compõe-se de ferrita mais perlita (na figura, pode-se observar a estrutura
centrada e átomos de carbono. da ferrita mais perlita, vista ao microscópio):
▪▪ Perlita: é uma estrutura parti-
cular (eutetóide) constituída por
uma finíssima mistura de lâminas
ou esferas de cementita e ferrita.
▪▪ Cementita: é o carboneto de
ferro (Fe3C), isto é, uma combi-
nação química de ferro com o
carbono. A cementita pode ser
primária (formada no alto forno
durante a fabricação do ferro
gusa) ou secundária (formada
pela decomposição da austenita,
que dá origem à ferrita e cemen- Figura 13 – Ferrita + Perlita
tita). Fonte: Pereira (2010).

28 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Na escala do teor de carbono de 0,85% a 0,9% o aço é perlítico. Temos
caracterizado o ponto crítico inferior da temperatura de transformação
com 725 °C (a figura apresenta a estrutura perlítica vista ao microscópio);

Figura 14 – Estrutura Perlítica


Fonte: Adaptado de Pereira (2010).

Na escala do teor de carbono acima de 0.9%, o aço é composto de per-


lita e cementita (a figura apresenta a estrutura de um aço com 1,2% de
carbono). Há o excesso de carbonetos de ferro predominando. Nesse
caso, há dureza e maior possibilidade de ruptura da liga.

Figura 15 – Perlita + Cementita


Fonte: Frainer (2009).

No gráfico da temperatura de transformação, verifica-se que o aço com


1.7 °C atinge o ponto crítico superior de transformação à temperatura de
1145 °C. Observe.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 29


Figura 16 – Gráfico da Temperatura de Transformação
Figura 19 – Martensita
Fonte: Correa (2007).
Observa-se, pelo gráfico, que, a Num resfriamento muito lento
725 °C, inicia-se uma transforma- (20 °C por hora), de um aço que
ção que acaba a uma temperatura foi aquecido até 50 °C acima do Num aço temperado e submetido
indicada pelas linhas SG, SE e que ponto crítico de transformação, a um aquecimento lento (tempera-
varia conforme a porcentagem de as mudanças vão se repetindo em tura de 50 °C até 230 °C), o carbo-
carbono. sentido inverso, em temperatura no restitui carbonetos de ferro e,
Acima desta temperatura, o aço se bastante inferior, obtendo assim o na liga, uma pequena quantidade
transforma: o ferro α (alfa) torna- recozimento do aço. Nesta estru- de perlita tende a se reorganizar.
se ferro γ (gama) e o carbono está tura, o aço pode ser usinado no- Em relação a seus componentes,
em solução sólida. Nesta tempe- vamente ou submetido a outros o aço é normal, mas é anormal no
ratura, são produzidas reações tratamentos térmicos. que diz respeito à grossura das la-
físico-químicas em que o carbono melas, que se tornaram mais finas.
se dissolve no ferro, apresentando Temos então a estrutura troosti-
uma estrutura denominada auste- ta (escura) dispersa na martensita
nita. Os órgãos de aço engrossam, (clara), também chamada marten-
sendo necessário que o mesmo sita revenida.
permaneça o menor tempo pos-
sível nesta temperatura.

Figura 18 – Estrutura do Aço após


Recozimento
Fonte: Adaptado de Castro; Landgraf;
Campos (2006, p. 2649).

Quando o resfriamento for rá-


pido (100 °C por segundo), as
Figura 17 – Austenita
transformações não poderão ser Figura 20 – Martensita Revenida
realizadas ou serão parcialmente Fonte: Correa (2007).
Fonte: Cimm(2010).
realizadas. Os componentes da
No resfriamento, a transformação liga do aço corresponderão a um
se produz em sentido inverso e a estado sem equilíbrio, denomina-
mesma temperatura. O carbono do têmpera, formando a estrutura
se recombina com uma parte de martensita. O aço está temperado,
ferro. duro e frágil.

30 CURSOS TÉCNICOS SENAI


O aço foi temperado e revenido
para ferramentas sujeitas a panca-
das.
Ao alcançar a temperatura de 230
°
C até 400 °C, há precipitação dos
carbonetos, com tendência glo-
bular, que melhora a tenacidade
do aço e a resistência ao desgas-
te. Obtém-se então a estrutura
troostita-martensita, própria para Aspecto Micrográfico de Aço Coalescido: Esferoidita. Ataque: Reativo de Nital.
ferramentas sujeitas a pancadas. Ampliação: 1.000 vezes.

Figura 22 – Estrutura Esferoidita


Fonte: Embratecno (2010).

Seção 2
Condições práticas de tratamento térmico
Aspecto Micrográfico de um Aço
Temperado mostrando a Estrutura a. Pré-aquecimento
mista Troostita-Martensita. Ata-
Durante o aquecimento lento de um aço com 0,85% C, a estrutura dos
que: Reativo de Nital. Ampliação: grãos que constituem sua liga não varia enquanto não atingir a tempera-
200 vezes. tura de transformação (725 °C). O pré-aquecimento elimina, de qualquer
liga de aço, as tensões internas e as fissurações ou trincas provocadas
Figura 21 – Estrutura Troostita-Mar- pelo aquecimento rápido. Por essa razão, nunca se deve introduzir um
tensita aço frio bruscamente numa forja ou forno aquecido à alta temperatura.
Fonte: Embratecno (2010). Deve-se antes, aquecer a peça fria lentamente à temperatura até 500 °C
e, em seguida, colocá-la em outra fonte de calor (forno) até alcançar a
temperatura indicada ao tratamento térmico desejado.
Na continuidade do aquecimen-
to lento, desde 400 °C até 650
°
C, prossegue a precipitação uni-
forme dos carbonetos em forma
globular e a estrutura do aço de-
nomina-se sorbita (ou bainita), de
grande tenacidade e própria para
ferramentas sujeitas a choque,
torção e desgaste. O aço está tem-
perado, revenido e é tenaz.
Ao atingir 650 °C até 738 °C, os
carbonetos precipitados se agru-
pam em glóbulos maiores e sua
Figura 23 – Estrutura após Pré-Aquecimento
estrutura é denominada esferoidi-
ta. É de baixa dureza (de 5 a 20
Rockwell C), sendo utilizada para
peças de aços especiais-elásticos
(molas).

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 31


b. Superaquecimento
Aquecendo o aço acima da temperatura normal do tratamento térmico
a ser aplicado e do forjamento, temos o superaquecimento da liga que
provoca o crescimento dos grãos de aço. Crescimento este que será tan-
to mais acentuado, quanto mais alta for a temperatura utilizada. Todo
aço superaquecido deve ser submetido ao recozimento e o aço carbono,
ao tratamento térmico de normalização.

Figura 24 – Estrutura após Superaquecimento

c. Aço queimado
Aquecendo o aço muito acima da temperatura de transformação, pro-
duz-se uma fusão parcial nas junções de seus grãos. O ar que, a seguir,
penetra nestas junções, provoca, por sua vez, uma oxidação que atinge
a parte interna dos grãos. A altíssima temperatura, essa oxidação muito
rigorosa, constitui uma queima. O aço queimado é um aço inútil, pois
não poderá ser regenerado.

Figura 25 – Estrutura após Queima

32 CURSOS TÉCNICOS SENAI


d. Encruamento
Trabalhando o aço a frio na laminação de chapas, na trefilação de fios e
no forjamento, a estrutura dos grãos de sua liga será modificada. Tere-
mos então o aço encruado.

Figura 26 – Aço Encruado depois Recristalizado por Recozimento


Fonte: Gonçalves e Martins (2008, p. 89).

O encruamento aumenta a dureza e a resistência à tração, diminui a por-


centagem de alongamento e a resiliência. Estas modificações são pro-
venientes do esmagamento dos cristais. Os grãos do metal tornam-se
alongados. Para uniformizar novamente a estrutura do aço trabalhado
a frio, ele deverá ser submetido ao tratamento térmico de recozimen-
to. Este recristaliza, alivia as tensões internas e consegue normalizar os
grãos que constituem a liga do aço.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 33


Unidade de
estudo 5
Seções de estudo

Seção 1 – Ferro fundido


Ferro Fundido

Seção 1
Ferro fundido
O ferro fundido é um material me- ▪▪ Muito resistente à compressão, Estas características podem ser
tálico refinado em forno próprio, não resiste bem à tração. melhoradas mediante tratamentos
chamado forno Cubilô. Compõe- ▪▪ Fácil de ser trabalhado pelas térmicos. Uma das características
se, na sua maior parte, de ferro, ferramentas manuais e de ser que servem para classificar o tipo
pequena quantidade de carbono usinado nas máquinas. de ferro fundido é a carga de rup-
e de manganês, silício, enxofre e tura. Na tabela americana ASTM-
fósforo. Define-se o ferro fundi- ▪▪ Peso específico: 7,25% A A 48, são classificados 7 tipos de
do como liga ferro-carbono que 7,8% kg/dm3. ferro fundido que apresentam
contém de 2,21% a 4,7% de car- ▪▪ Funde-se a 1.200oC, apresen- cargas de rupturas variáveis entre
bono. O ferro fundido é obtido tando-se muito líquido, condição 14 e 43 Kg/mm2. Os ferros fun-
na fusão do ferro gusa; é portanto que é a melhor para a boa molda- didos com baixa carga de ruptura
um ferro de segunda fusão. gem de peças. são mais econômicos, enquanto
As impurezas do minério de fer- aqueles de alta carga de ruptura,
ro e do carvão deixam, no ferro Pelas suas características, o ferro oferecem dificuldades de fundi-
fundido, pequenas porcentagens fundido cinzento presta-se aos ção nas pequenas espessuras.
de silício, manganês, enxofre e mais variados tipos de construção
fósforo. O silício favorece a for- de peças e de máquinas. Sendo
mação de ferro fundido cinzen- assim, é o mais importante, do c. Ferro fundido maleável
to e o manganês favorece a for- ponto de vista da fabricação me- Geralmente o ferro fundido não é
mação de ferro fundido brando. cânica. maleável, porém podem-se mudar
Tanto o silício como manganês Para melhor resistência à tração, as características com oportunos
melhoram as qualidades de ferro é necessário adicionar alguns ele- tratamentos. Na Europa, obtém-
fundido. O mesmo não acontece mentos especiais como: níquel, se um ferro fundido maleável de
com o enxofre e o fósforo, cujas cromo, molibdênio, vanádio e ti- interior branco. O tratamento
porcentagens devem ser as meno- tânio. Estes ferros fundidos espe- usado para esse tipo é a cemen-
res possíveis para não prejudicar ciais têm uma resistência à tração tação oxidante. O ferro fundido
sua qualidade. superior a 50 Kg/mm2 e são em- maleável branco é soldável e em-
Vejamos algumas características pregados na fabricação de: anéis pregado na fundição de peças de
do ferro fundido. elásticos, cilindros laminadores e pequenas espessuras.
eixos distribuidores. São resisten- Com o tratamento chamado de
tes à corrosão e às altas tempera- grafitização do carbono, obtém-
a. Ferro fundido cinzento: turas. se o ferro fundido maleável de
interior preto, “americano”. Por
▪▪ O carbono, neste tipo, apre-
causa da sua elevada característi-
senta-se quase todo em estado b. Ferro fundido cinzento ca de usinabilidade,é usado para
livre, sob a forma de palhetas comum: construção de armas, chaves para
pretas e grafita.
Apresenta características variáveis fechaduras, porcas, peças de má-
▪▪ Quando quebrado, a parte fra- em função da composição quími- quinas agrícolas, ferroviárias etc.
turada é escura, devido à grafita. ca, sistema de fabricação e trata-
▪▪ Apresenta elevadas porcenta- mentos térmicos. OBS: O ferro fundido maleável não
gens de carbono (3,5% a 5%) e
é soldável.
do silício (2,5%).

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 35


d. Ferro fundido esferoidal (NODULAR)
A presença da grafita em forma de lâmina no ferro fundido comum cau-
sa fragilidade e pouca resistência mecânica. Com oportuno tratamento,
a grafita toma forma esferoidal, apresentando menor superfície em volu-
me igual e o material torna-se mais resistente, dúctil e tenaz. A formação
de esferas de grafita é provocada pela introdução de ligas de magnésio.
▪▪ Os ferros fundidos esferoidais apresentam ótimas características
mecânicas. A carga de ruptura varia em torno de 60 a 70 Kgf/mm2.
▪▪ Após o tratamento de recozimento são semelhantes ao ferro fun-
dido maleável, são temperáveis soldáveis, tenazes e resistem às altas
temperaturas. Estes ferros fundidos são empregados para fundições
complexas e substituem, em muitos casos, o ferro fundido maleável e o
ferro fundido comum.

e. Ferro fundido branco

▪▪ O carbono, neste tipo, é inteiramente combinado com o ferro, cons-


tituindo um carboneto de ferro (cementita);
▪▪ Quando quebrado, a parte fraturada é brilhante e quase branca;
▪▪ Tem baixo teor de carbono (2,5% a 3%) e de silício (menor de 1%);
▪▪ Muito duro, quebradiço e difícil de ser usinado. Peso específico: 7,1
g/cm3;
▪▪ Funde-se a 1.160 °C e não é bom para a moldagem, porque perma-
nece pouco tempo em estado líquido.

36 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Concluímos assim que o ferro fundido cinzento é menos duro e frágil,
sendo o branco, de elevada dureza e frágil. O ferro fundido cinzento é
trabalhado com ferramentas comuns de oficina, isto é, sobre acabamen-
to posterior como: aplainamento, torneamento, perfuração, roscamento
etc. O branco só pode ser trabalhado com ferramentas especiais e, assim
mesmo, com dificuldades ou com esmeril. Além disso, o ferro cinzento
apresenta ainda apreciável resistência à corrosão. Possui também, mais
capacidade de amortecer vibrações do que o aço.
O emprego do ferro fundido branco se limita aos casos em que se busca
dureza e resistência ao desgaste muito alto, sem que a peça necessite
ser ao mesmo tempo dúctil. Por isso, dos dois tipos de ferro fundido, o
cinzento é o mais empregado.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 37


Unidade de
estudo 6
Seções de estudo

Seção 1 – Classificação e composição


dos aços SAE, ABNT E AISI
Seção 2 – Tipos de aços
Seção 3 – Influência dos elementos
constituintes nos aços ao carbono
Seção 4 – Aços para construção
Seção 5 – Aços inoxidáveis
Seção 6 – Aços para ferramentas
Seção 7 – Aços para aplicações especiais
Seção 8 – Ligas especiais de ferro e
níquel
Seção 9 – Aços especiais: influência dos
elementos constituintes
Seção 10 – Fagulhas e ramificações dos
materiais ferrosos
Aços

Seção 1
Classificação e composição dos aços SAE, ABNT e
AISI
ASAE: Society of Automotive
Normas da SAE, ABNT e AISI Engineers
ASAE - Sociedade de Engenheiros de Automotores, a ABNT - Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas e a AISI - Instituto Americano de
Ferro e Aço estabeleceram normas que indicam a composição e classi- AISI: American Iron and Steel
ficação dos aços. Institute.

O sistema numérico das formas SAE compõe-se de 4 ou 5 algarismos


que significam o seguinte:
▪▪ O 1º algarismo indica a classe do aço conforme o quadro abaixo.
Veja.

CLASSE DO AÇO DESIGNAÇÃO


1 Aço Carbono
2 Aço Níquel
3 Aço Cromo Níquel
4 Aço Molibdênio
5 Aço Cromo
6 Aço Cromo Vanádio
7 Aço Tungstênio Cromo
8 Aço Níquel Cromo Molibdênio
9 Aço Silício Manganês.
Quadro 2 – Classes do Aço.

▪▪ O 2o algarismo indica a porcentagem aproximada do elemento pre-


dominante na liga. Os últimos algarismos indicam a média do conteú-
do de carbono com centésimos de porcentagem.

Exemplo 1: SAE 1055


▪▪ Porcentagem de carbono = 0,55%;
▪▪ Como a numeração inicia-se com 10, trata-se de um aço comum,
onde apenas carbono e ferro encontram-se presentes;
▪▪ Aço carbono.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 39


Exemplo 2: SAE 2345 Seção 2
▪▪ Porcentagem de carbono = Tipos de aços
0,45%;
▪▪ Elemento predominante: ní- O quadro 4 cita os principais tipos de aços e seus respectivos números,
quel = 3% (conforme quadro); de acordo com a norma ABNT/SAE/AISI. Observe-o!
▪▪ Concluímos que se trata de
aço níquel. TIPOS DE AÇOS Nº ABNT/SAE/AISI
Aço comum 10 xx
Aço de cavaco curto ressulfurado 11 xx
Exemplo 3: SAE 3310
Aço refosforado e ressulfurado 12 xx
▪▪ Porcentagem de carbono = Aço manganês 13 xx
0,10%; Aço níquel 20 xx
▪▪ Elemento predominante: Aço níquel 23 xx
níquel = 3%; Aço níquel 25 xx
▪▪ Concluímos que se trata de Aço cromo níquel 30 xx
aço níquel cromo. Aço cromo níquel 31 xx
Aço cromo níquel 32 xx
Exemplo 4: SAE 52100 Aço cromo níquel 33 xx
Aço carbono molibdênio 40 xx
▪▪ Porcentagem de carbono = Aço cromo molibdênio 41 xx
1,00%;
Aço cromo níquel molibdênio 43 xx
▪▪ Elemento predominante:
Aço níquel molibdênio 46 xx
cromo = 2%;
Aço níquel molibdênio 48 xx
▪▪ Concluímos que se trata de
Aço de baixo teor de cromo (para rolamentos) 501 xx
aço cromo.
Aço de médio teor de cromo (para rolamentos) 511 xx
Aço de alto teor de cromo (para rolamentos) 521 xx
Aços inoxidáveis 52 xx
Aço cromo vanádio 60 xx
Aço de tríplice liga – Cromo níquel molibdênio 86 xx
DICA
Aço de tríplice liga – Cromo níquel molibdênio 87 xx
Frequentemente surgem,
na indústria, novidades em Aço silício manganês 90 xx
ligas de aço, tornando-se ne- Aço silício manganês 92 xx
cessário inserir novos núme- Aço de tríplice liga – Cromo níquel molibdênio 93 xx
ros representativos de ligas
Aço de tríplice liga – Cromo níquel molibdênio 94 xx
na escala anterior. Por esta
razão, devem-se consultar Aço de tríplice liga – Cromo níquel molibdênio 97 xx
os quadros, a fim de obter Aço de tríplice liga – Cromo níquel molibdênio 98 xx
a classificação exata do tipo
Aço fundido inoxidável 60 xx
de aço.
Aço fundido refratário 70 xx
Quadro 3 – Tipos de Aços e seus Respectivos Números Conforme Normas
Fonte: Adaptado de Gonçalves e Martins (2008, p. 39).

40 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Aços ao Carbono: os aços podem ▪▪ Aço semi-duro: a resistência ▪▪ Manganês (Mn): no aço
ser divididos em duas grandes ca- mecânica à tração pode chegar a doce, o manganês, em pequenas
tegorias - aços ao carbono e aços até 80 kg/mm2 e dureza Brinell porcentagens, torna-o dúctil e
especiais. de até 240 kgf/mm2. O teor de maleável. No aço rico em carbo-
Os aços ao carbono são ligas que carbono vai de 0,25% a 0,50%, no, o manganês, endurece o aço e
têm como elementos fundamen- sendo usado para peças destina- aumenta a resistência.
tais o ferro e o carbono, apresen- das ao tratamento de beneficia- ▪▪ Silício (Si): o silício faz com
tando pequenas porcentagens de mento: engrenagens, eixos, pinos que o aço se torne mais duro e
outros elementos: silício, manga- etc. Designação: SAE 1030 – AS tenaz, evita a porosidade e con-
nês, enxofre, fósforo, cobre etc. E 1040 – SAE 1045. corre à remoção dos gases e dos
Tais elementos não foram intro- ▪▪ Aço duro: apresenta notável óxidos. Influi para que não apare-
duzidos na liga, mas se encontram resistência mecânica à tração çam falhas ou vazios na massa do
como resíduos dos processos de (90 kg/mm2) e elevada dureza aço. É elemento purificador.
fabricação. Os aços ao carbono (270HB), mas pouca resiliência e ▪▪ Fósforo (P): quando existe
podem ser classificados em razão tenacidade. É empregado em ór- um teor elevado no aço,torna-o
da quantidade de carbono, sendo gãos de máquinas destinadas ao frágil e quebradiço, motivo pelo
denominados: aços extra-doce, beneficiamento: molas e engrena- qual deve ser reduzi ao mínimo
doces, semi-duros, e extra-duros. gens. Designação: SAE 1050. possível, já que não pode ser
▪▪ Aço extra-duro: tem por- eliminado integralmente.
centagem de carbono de 0,60% ▪▪ Enxofre (S): é também preju-
As propriedades mecânicas a 0,86%. A resistência mecânica dicial ao aço, tornando-o granu-
e tecnológicas variam como pode chegar a 110 kg/mm2, po-
segue: aumentando progres-
loso e áspero, devido aos gases
rém é frágil. Usado para constru- que produz na massa metálica. O
sivamente a resistência me-
ção de cilindros, estampos, matri- enxofre enfraquece a resistência
cânica e a dureza diminuem
zes, ferramentas, punções, molas do aço.
a tenacidade, a resiliência e a
plasticidade. etc. Designação: SAE 1060, SAE
1070, SAE 1080.
Além dos elementos presentes nos
aços ao carbono (carbono, silício,
Abaixo, veja a variação das pro- Seção 3 manganês, enxofre e fósforo), os
priedades mecânicas e tecnológi- Influência dos elemen- aços especiais contêm elementos
cas dos aços e carbonos. introduzidos na liga, com a finali-
tos constituintes nos dade de melhorar as propriedades
▪▪ Aço extra-doce: apresenta
elevada resiliência e tenacidade,
aços ao carbono. mecânicas e tecnológicas.
mas pouca dureza e resistência
mecânica. Contém de 0,10% a ▪▪ Ferro (Fe): é o elemento Os aços especiais podem ser clas-
0,15% de carbono. São empre- básico de todos os aços. sificados como:
gados para construção de pinos, ▪▪ Carbono (C): constitui,
tubos e rebites. Designação. SAE ▪▪ Aços para construção;
depois do ferro, o elemento mais
1010 – SAE 1015. importante. Pode-se dizer que é ▪▪ Aços inoxidáveis;
▪▪ Aço doce: apresenta uma o elemento determinativo do aço. ▪▪ Aços para ferramentas;
média resistência mecânica ( de A quantidade de carbono deter- ▪▪ Aços para aplicações especiais.
40 a 55 Kg/mm2) e uma resiliên- mina ou define o tipo de aço. A
cia suficiente. Contém de 0,15% influência dele sobre a resistência
do aço é maior que qualquer Vejamos, nas seções que seguem,
a 0,20% de carbono, sendo usado
outro elemento. as características e peculiaridades
para construção de engrenagens
de cada um deles.
a serem cemetadas e órgãos de
máquinas mediante solicitado.
Designação: SAE 1020.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 41


▪▪ SAE 4320: apresenta excelen- d. Aços para molas: estes aços
Seção 4 tes propriedades. Os elementos apresentam elevadas caracte-
Aços para construção são: 0,20% de carbono, 1,80% rísticas de elasticidade, tratam-
de níquel, 0,50% de cromo e se normalmente de aços ao
a. Aços típicos para cemen- 0,25% de molibdênio. A resis- manganês, silício, cromo ní-
tação: para reduzir os custos tência mecânica chega a 140 kg/ quel e cromo-vanádio. A por-
e obter mais qualidade, foi mm2 e a dureza é muito elevada. centagem de carbono varia em
necessária a criação de aços Esse aço é usado para grandes torno de 0,5%. Os mais em-
exclusivos para cementação e e médias peças: engrenagens e pregados são:
beneficiamento. As pesquisas eixos ranhurados para máqui-
nas operatrizes, engrenagens de ▪▪ SAE 9255, usado nas constru-
de mercado chegaram à con- ções automobilísticas, temperado
clusão que, para resolver os redutores etc.
em óleo.
problemas dos consumidores, b. Aços típicos para benefi-
são suficientes três aços para ciamento: SAE 4140 contém ▪▪ SAE 9262, usado para molas
cementação (cromo-molibdê- 0,40% de carbono, 0,95% de em geral.
nio, níquel-cromo-molibdênio cromo, 0,20% de molibdênio. ▪▪ SAE 6150, usado para molas
e cromo) e dois para beneficia- Aços de temperabilidade mé- sujeitas a solicitações de fadiga
mento (cromo-molibdênio e dia, alta resistência e elevada (molas para válvulas de motores
níquel-cromo-molibdênio). tenacidade. de aviões).

▪▪ SAE 5115: contém 0,15% de ▪▪ SAE 4340: é o mais usado na e. Aços para rolamento: trata-se
carbono e 0,8% de cromo. A indústria automobilística, aero- de aços que apresentam eleva-
resistência mecânica chega a 120 náutica e mecânica. Os elementos díssima resistência ao desgaste
kgf/mm2. Apresenta uma boa principais são: 0,40% de carbono, e à compressão. Normalmente
usinabilidade e após o recozi- 0,80% de cromo, 1,80% de níquel os elementos destes aços são o
mento torna-se bom para os tra- e 0,25% de molibdênio. Empre- cromo e o manganês. O tipo
tamentos térmicos. É empregado gado para órgãos que pedem usado é o SAE 52100 com 1%
para peças a serem cimentaras de uma elevada dureza e tenacida- de carbono e 15% de cromo,
média dimensão: eixos, engre- de, usado para eixos e bielas de utilizado para esferas, rolos e
nagens, etc., é também usado na motores, virabrequim de tratores, anéis de rolamentos.
construção de máquinas operatri- engrenagens de máquinas opera-
zes para engrenagens das fresa- trizes. Enfim, qualquer órgão de
doras e mandris dos tornos. máquina de grande dimensão.
▪▪ SAE 8620: contém: 0,20% de c. Aços para nitretação: são
carbono, 0,55% de níquel, 0,50% aços de baixo conteúdo de
de cromo, 0,20% de molibdênio carbono ligados com cromo,
e a resistência mecânica chega a molibdênio e alumínio. São
140 kgf/mm2. Usado para peças endurecidos superficialmente
de média dimensão, onde pede por difusão de azoto (nitreta-
uma elevada dureza juntamente ção), tem núcleo tenaz e são
a uma boa tenacidade e quando resistentes aos choques. Desig-
se quer evitar deformações na nação: DIN 41CrA1Mo7.
têmpera. Usado nas construções
automobilísticas.

42 CURSOS TÉCNICOS SENAI


c. Aços inoxidáveis austeníti- b. Aços super-rápidos: possuem
Seção 5 cos: são fortemente ligados elevadas porcentagens de co-
Aços inoxidáveis com cromo e níquel. Estes ele- balto que permitem alta velo-
mentos provocam a redução cidade na usinagem. O mais
Resistem à oxidação a quente, dos pontos críticos e permitem usado é o SAE T – 5 (0,75% de
apresentam uma elevada resistên- uma estrutura austenítica. São carbono, 18% de tungstênio,
cia aos corrosivos químicos e at- aços muito resistentes à cor- 10% de cobalto, 4,25% de cro-
mosféricos. Os elementos carac- rosão e ao calor; são dúcteis, mo e 0,90% de molibdênio).
terísticos destes aços são o cromo tenazes, maleáveis e soldáveis.
e o níquel. A inoxibilidade é devi- Bons para estampagem e trefi- c. Aços para trabalho a quente:
da a um fino extrato de óxido que lação. nestes aços, o elemento princi-
se forma na superfície, protegen- pal é o tungstênio. O tipo mais
do o material de uma oxidação em ▪▪ SAE 304: 0,08% de carbono, empregado é o SAE H-2O
profundidade. 195 de cromo e 9,5% de níquel. (9% de tungstênio), usado em
É muito usado na indústria quí- ferramentas para trabalhos
a. Aços inoxidáveis ferriticos: mica, farmacêutica e alimentar; contínuos em alta temperatura
são aços fortemente ligados empregado também para cons- (punções, discos de prensa de
com cromo e a estrutura é trução de aparelhos científicos, extrusão e matrizes para pren-
constituída pela ferrita (ferro material para cirurgia etc. sar).
no estado µ). O teor de carbo-
▪▪ SAE 321: 0,06% de carbono,
no é muito baixo. Esses aços d. Aços para trabalho a frio:
18% d cromo, 10% de níquel e
têm uma estrutura estável, são são aços ao cromo-tungstênio-
0,3% de titânio. É usado para
dúcteis, imbutíveis, soldáveis, silício ou ao cromo. Os mais
palhetas de turbinas e aparelhos
mas não são temperáveis. usados são:
soldáveis destinados à indústria
▪▪ SAE 430: 0,80% de carbono e química.
▪▪ SAE S-1: 1,9% de tungstênio,
17% de cromo. Resiste à oxi- d. Aços inoxidáveis martensíti- 1% de cromo e 1% de silício,
dação até 800, é empregado na cos: estes aços têm uma estru- empregado em ferramentas
indústria petrolífera, química e tura martensítica, são duros e pneumáticas e talhadeiras.
alimentar. têm boa resistência mecânica e ▪▪ SAE D3: 12,5% de cromo,
▪▪ SAE 405: 0,06% de carbono, ao desgaste. O elemento carac- empregado para fabricação de
14% de cromo e 0,2% de alumí- terístico é o cromo. São aços matrizes de corte e ferramentas
nio. Resiste à oxidação até 550, difíceis de ser tratados (para de estampagem.
empregado na indústria petrolí- temperá-los, precisa de tempe-
fera e para fabricação de palhetas ratura de 980º a 1.000ºC), não
das turbinas de vapor. podendo ser forjados. Seção 7
b. Aços inoxidáveis semifer- Aços para aplicações
ríticos: aços de elevado teor
Seção 6 especiais
de cromo e baixo teor de car-
bono, em alguns casos com Aços para ferramentas
pequenas porcentagens de ní- a. Aços resistentes ao calor:
quel. A estrutura é, em parte, Estes aços têm elevada dureza, UNI X 12 Cr Al 23, trata-se
ferrítica. São aços tenazes e resistência ao calor, tenacidade e de um aço inoxidável ferrítico
resistentes, empregados para capacidade de corte. Os elemen- de alto teor de cromo (23%) e
órgãos mediamente solicitação tos mais empregados são o tungs- baixas porcentagens de moli-
em ambiente corrosivo. tênio e o cromo. bdênio e alumínio. Resiste até
1.200°C e à ação da oxidação.
▪▪ SAE 410: 0,15% de carbono a. Aços rápidos: são aços de alto Empregado para partes de cal-
e 12,5% de cromo. Pode ser teor de tungstênio. O mais em- deiras de fornos, para tubos de
trefilado e embutido, empregado pregado é o SAE T – 1 (0,75% aquecedores de vapor e para
para construção de elementos de carbono, 18% de tungstê- caixas de recozimento.
rosqueados, eixos, bielas, bombas nio, 4,3% de cromo e 1,1% de
e palhetas de turbinas. vanádio). É usado para ferra-
mentas em geral, brocas e fre-
sas.
TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 43
b. Aços de altíssima resistên- ▪▪ Permalloy: 78% de níquel. ▪▪ Cobre (Cu): empregado para
cia (aços maraging): esses Empregado nas construções aumentar a resistência à corrosão,
aços substituem os tratamen- elétricas por sua elevada permea- em porcentagem não superior a
tos tradicionais pelo envelhe- bilidade magnética. 0,5%.
cimento martensítico, que se ▪▪ Titânio (Ti): favorece a esta-
efetua mantendo a liga por 16 bilidade dos aços a quente.
horas a uma temperatura de Seção 9
▪▪ Níquel (Ni): aumenta a re-
650°, passando, em seguida, a Aços especiais: influên- sistência e a tenacidade dos aços,
uma temperatura de 1.000° e
deixando resfriar no ar.
cia dos elementos con- eleva o limite de elasticidade, dá

Os elementos principais são 18%


stituintes boa ductibilidade e boa resistên-
cia à corrosão. Os teores de 12%
de níquel, titânico e alumínio. A a 21% de níquel produzem aços
porcentagem de carbono deve ser ▪▪ Silício (Si): aumenta a elas- inoxidáveis que apresentam gran-
muito baixa (de 0,01% a 0,03%). ticidade e a resistência dos aços. de dureza e alta resistência.
As propriedades mecânicas des- Está sempre presente em todos
os aços com porcentagem de ▪▪ Cromo (Cr): dá ao aço: alta
ses aços são excepcionais: a resis-
0,2% até 3%. É empregado em resistência, dureza, elevado limite
tência à tração chega até 217 kg/
porcentagens maiores nos aços de elasticidade e boa resistência à
mm2. São empregados para cons-
para molas. O silício tem o efeito corrosão.
truções aeronáuticas e aeroespa-
ciais: guinchos para aviões, parte de isolar e suprir o magnetismo. ▪▪ Tungstênio (W): é geral-
de carrinhos de helicópteros, ei- ▪▪ Manganês (Mn): quando mente adicionado aos aços com
xos ocos e pequenos foguetes. adicionado em quantidade con- outros elementos. Aumenta a
veniente, aumenta a resistência resistência ao calor, a dureza, a
c. Aços ao chumbo: trata-se de do aço ao desgaste e ao choque, resistência à ruptura e o limite de
aços usados para usinagem mantendo-o dúctil. elasticidade.
em máquinas automáticas. O ▪▪ Molibdênio (Mo): sua ação
chumbo permite o aumento ▪▪ Alumínio (Al): desoxida o
aço. No tratamento de nitreta- nos aços é semelhante a do
da velocidade de corte (30%) tungstênio. Geralmente emprega-
e o aumento da velocidade de ção, combina-se com o azoto,
favorecendo a formação de uma se adicionado ao cromo, pro-
avanço (50%). Permitem tam- duzindo grande resistência aos
bém maior duração das ferra- camada superficial duríssima.
esforços repetidos.
mentas. ▪▪ Boro (B): empregado em
porcentagem muito baixa (de ▪▪ Vanádio (V): Melhora, nos
0,01% até 0,04%) para aumentar aços, a resistência à tração sem
perder a ductibilidade. Eleva os
Seção 8 a temperabilidade dos aços. Em
limites de elasticidade e fadiga.
porcentagens maiores, provoca
Ligas especiais de ferro uma perigosa fragilidade. Muito usado na construção de
e níquel ▪▪ Cobalto (Co): influi favo-
chaves.
ravelmente nas propriedades
▪▪ Invar: 36% de níquel. Empre- magnéticas dos aços. Em associa-
gado em instrumentos científicos ção com o tungstênio, aumenta a
pelo seu baixo coeficiente de dila- resistência dos aços ao calor, em-
tação térmica. pregado nos aços super-rápidos
▪▪ Platinite: 46% de níquel. Em- em porcentagem de 2% a 12%.
pregado para fiação das lâmpa-
das, seu coeficiente de dilatação
térmica é igual ao do vidro.

44 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Seção 10
Fagulhas e ramificações dos materiais ferrosos
A figura abaixo mostra as fagulhas e ramificações obtidas para materiais,
quando atritamos contra um esmeril de óxido de alumínio.

Figura 27 – Ensaio de Análise de Centelhas


Fonte: Colpaert (2000).

Chegou a hora de conhecermos os materiais metálicos não ferrosos!


Continue atento!

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 45


Unidade de
estudo 7
Seções de estudo

Seção 1 – Cobre
Seção 2 – Bronze
Seção 3 – Latão
Seção 4 – Alumínio e suas ligas
Seção 5 – Ligas leves
Seção 6 – Outros metais e ligas de uso
comum
Seção 7 – Ligas antifricção e ligas para
altas temperaturas
Seção 8 – Produtos métalo-cerâmicos
Seção 9 – Polímeros
Materiais Metálicos não
Ferrosos

No trabalho a quente, deve-se ele- Na indústria de construção civil,


Seção 1 var a temperatura a 900oC e ter- o cobre é usado para tubulações
Cobre minar o trabalho antes de 650oC, hidráulicas e coberturas de tetos.
enquanto abaixo desta última se Nas construções mecânicas, é
O cobre é um metal vermelho manifestam rupturas parciais. O empregado para tubulações em
claro, dúctil, maleável, dobrável. cobre tem boas características de motores e caldeiras. Na indústria
Suas características principais são: resistência à corrosão que variam química, para produção de sul-
com o estado da superfície. Ha- fato de cobre e catalisadores. As
▪▪ Massa específica 8,9 Kg/dm3;
vendo o contato com a atmosfe- ligas de cobre: bronze e latão têm
▪▪ Temperatura de fusão 1.083 ra, surge uma camada de sulfato grande importância. Comercial-
°
C; básico que serve como proteção. mente o cobre é encontrado nas
▪▪ Resistência elétrica a 20 °C, As propriedades tecnológicas são seguintes formas: lingotes (barras
0,0176 ohm mm2/m. boas: como o cobre é maleável redondas, quadradas, sextavadas e
e dúctil, pode ser facilmente re- retangulares), chapas de 0,1 a 10
A característica mais importante duzido em chapas, fios e tubos. mm de espessura, fitas em geral,
do cobre puro é sua alta condu- Podem-se fabricar fios de até 0,03 discos, tubos, cabos flexíveis e
tibilidade elétrica. As proprieda- mm. A fundição do cobre é difícil, fios de até 80 mm2 de seção.
des mecânicas do cobre variam seja para o absorvimento de ga- A maior parte do cobre se encon-
segundo o tratamento térmico: a ses, ou seja, para a formação de tra nos seus minerais, constituídos
resistência à tração do cobre nor- óxidos. Com oportunas precau- por óxidos e sulfuros. Os sulfuros
malizado varia entre 21 a 24 kg/ ções e por meio de substâncias são minerais de maior importân-
mm2, o módulo de elasticidade é desoxidantes, obtêm-se boas fun- cia na extração do cobre.
de 12.500 kg/mm2, a dureza Bri- dições.
▪▪ Calcotita - Cu2 S ( ~80% Cu);
nell é igual a 50 kg/mm2, o alon- O cobre é mais empregado nas in-
gamento varia entre 38% a 50%, a dústrias elétricas e eletrônicas pela ▪▪ Covelita - Cu S ( ~66% Cu);
resiliência é de 8 kg/cm2 e o limite sua elevada condutibilidade elétri- ▪▪ Bornita - Cu5FeS4( ~63%
de fadiga à flexão é de 7 a 9 kg/ ca e térmica. As aplicações mais Cu);
mm2, por cem milhões de ciclos. importantes são:
▪▪ Calcopiritas - CuFeS2 ( ~35%
O cobre aquecido entre 200 °C e ▪▪ Condutores de linhas de distri- Cu).
600 °C perde a ductibilidade e en- buição e transmissão;
fraquece.
▪▪ Fios para máquinas elétricas; O mineral mais abundante é o cal-
cocita, que contribui para 50% da
▪▪ Condutores de para-raios;
produção mundial.
▪▪ Chapas e tubos para disper-
sões de terra;
▪▪ Eletrodos para soldas e pontos
elétricos.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 47


Figura 28 – Esquema para Extração do Cobre
Fonte: COFIC (2008).
A solda do bronze é feita usando
desoxidantes.
Os minerais oxidantes são ricos em cobre, mas são raros.
Os principais são: Os bronzes para trabalhos
▪▪ Cuprita – Cu2 O ( ~89% Cu); plásticos são:
▪▪ Malaquita – Cu (OH)2 – CUCO2( ~57% Cu); ▪▪ Sn 8% – para aparelhagem
▪▪ Azurita – CU (OH)2 – 2 Cu Co3( ~55% Cu). elétrica;
▪▪ Sn 7% – resistente à água do
mar;
Seção 2
▪▪ Sn 6% – para molas e fios;
Bronze
▪▪ Sn 2% – para partes de apare-
Por bronze se entende normalmente a liga cobre-estanho. lhagem elétrica;
Características mecânicas do bronze: ▪▪ Sn 0,2% – para fios telefôni-
cos e chapas.
▪▪ A resistência aumenta de acordo com o aumento da porcentagem de
Sn (até 18%), depois há uma redução. A ductibilidade diminui com o
aumento do Sn. Bronze ao estanho para
▪▪ A dureza Brinell aumenta rapidamente até 28% de Sn, para o bronze fundição:
de laminação ( 6% a 10% de Sn).
▪▪ Sn 20% – para rolamentos;
▪▪ Carga de ruptura à tração varia de 30 a 40 kg/mm2.
▪▪ Sn 14% – para válvulas, rola-
▪▪ O alongamento é de 40 a 50. mentos, guias e engrenagens;
▪▪ Dureza Brinell está em torno de 70 kg/mm2. ▪▪ Sn 10% – para engrenagens e
partes de máquinas.
Para o bronze cru, tem-se:
▪▪ Carga de ruptura à tração de 50 a 60 kg/mm2.
▪▪ Alongamento de 5% a 12%.
▪▪ Dureza Brinell 120 a 140.

48 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Bronze especial: Seção 3
a. Bronze com zinco: contém,além do estanho, o zinco (2% a 8%) Latão
que deixa a liga mais dura e fusível. A liga mais usada contém 10%
de Sn e 4% de Zn empregados em fundições difíceis e de paredes Indica-se geralmente com o nome
finas: partes de máquinas, aparelhagem elétrica etc. de latão, a liga cobre-zinco, dividi-
da em latão comum e latão espe-
b. Bronze com chumbo: a quantia de 4% até 20% de chumbo melhora cial. O latão pode ser classificado
as características mecânicas e as propriedades antifricção. Os bronzes segundo o emprego em: latão fun-
ao chumbo são empregados para bronzinas e rolamentos. O bronze dição e latão de trabalho plástico.
ao chumbo mais usado na fundição é o que contém 12% de chumbo.

c. Bronze Fósforo: não contém fósforo, mas é chamado assim porque,


durante a fabricação, é desoxidado com estanho, cobre e estanho pas-
sa escórias, onde se obtém um bronze de qualidade muito boa, livre
de óxidos e fósforos. Esse bronze apresenta resistência superior, de
30% em relação aos demais. É muito fluidos, ótimo para fundição e
usado na fabricação de buchas.

d. Bronze de alumínio: contém alumínio no lugar de estanho em por-


centagem de 5% a 11%. É fusível e pode ser forjado. Tem elevadas
características mecânicas, sobretudo a resistência à fadiga e resiste
bem contra a corrosão. As propriedades mecânicas podem ainda ser
melhoradas colocando silício ou fero, obtendo-se assim bronzes com
resistência à tração de até 80 kg/mm2. Os bronzes de alumínio são
usados para a fabricação de elementos rosqueados, torneiras, peças
inoxidáveis de alta resistência, bombas, válvulas e engrenagens. Usa- Figura 29 – Latão Comum ao Zinco.
do em substituição do aço nas peças expostas à oxidação.

Outros bronzes especiais: O zinco funde-se com o cobre


formando soluções sólidas indi-
a. Bronze ao Berílio: cadas pelos símbolos α e β. Até
Be de 1% a 2,4%. Apresenta boas características mecânicas, particular- 35% de zinco, têm-se na solução
mente de dureza, e é também resistentes à corrosão. sólida α, estes latões que podem
ser trabalhados a frio. No interva-
b. Bronze ao Cádmio: lo de 35% a 40% de zinco, têm-se
Cd de 0,5% a 1%. Usado em substituição ao cobre, para fiações telefôni- ligas constituídas por soluções só-
cas e telegráficas. Resistência à tração de 50 a 60 kg/mm2. lidas α e β, que só podem ser tra-
balhadas a quente. Os latões co-
c. Bronze ao Silício: muns apresentam boa resistência
mecânica e à corrosão. Nos latões
Constituído por cobre, silício e manganês (si de 1,5% a 3%, Mn de 0,25%
trabalhados a frio, podem-se veri-
a 1%). Apresenta boas propriedades mecânicas, é resistente à corrosão e
ficar fenômenos de encruamento
pode ser trabalhados a quente.
que se manifestam com o aumen-
d. Bronze ao Níquel-Alumínio: to da dureza, da fragilidade e com
uma perigosa corrosão intercris-
Contém níquel, alumínio e ferro. É resistente à corrosão da água do mar, talina. Os efeitos do encruamen-
soldável e resiste bem à fadiga. to podem ser eliminados com o
tratamento do recozimento. A
fundição do latão não apresenta
dificuldade. É bom usar desoxi-
dantes. Causa perda de zinco de-
vido à evaporação e a oxidação.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 49


Na solda do latão, precisa-se ter cuidado com a evaporação do zinco, por ▪▪ Cobre 58%, zinco 40%
isto é preciso um metal básico rico de zinco e latões. e chumbo 2% – é um latão
chumbo usinável que apresenta
Latão comum para trabalhos plásticos: discreta resistência mecânica (R
= 35 A 40 kg/mm2). Também é
a. Latões alfa usado para peças estampadas a
quente, para peças acabadas nas
▪▪ Cobre 65% e zinco 35% – É soldável, pode ser trabalhado a frio e máquinas operatrizes com furos,
usado para chapas. roscas etc.
▪▪ Cobre 67% e zinco 33% – é resistente à corrosão, soldável e pode ▪▪ Cobre 60%, zinco 38% e
ser trabalhado a frio. Usado para laminados de embutição profunda e chumbo 2% – é um latão ao
elementos rosqueados chumbo para fundição com
▪▪ Cobre 80% e zinco 20% – pode ser trabalhado a frio, é soldável e discreta resistência mecânica (R
resistente à corrosão. Usado para laminados de embutição profunda, = 37 kg/mm2). Resistente à cor-
contatos elétricos e molas. rosão. Usado para fundição em
coquilha; usinável nas máquinas
b. Latão alfa e beta
operatrizes e utilizado em peças
▪▪ Cobre 60% e zinco 40% – Pode ser trabalhado a frio ou a quente como torneira de água e gás.
e é soldável. Encontra-se nas seguintes formas: laminados, forjados, ▪▪ Latão ao silício – o silício
trefilados, extrorsos e é empregado para estampagem a quente de frios. melhora a resistência à corrosão
e às altas temperaturas. O mais
c. Latões comuns de fundição
usado é o zinco 39% e silício 1%,
▪▪ Cobre 60 e zinco 40% – É um latão soldável e resistente à corro- com resistência entre 50 e 60 kg/
são, usado para fundição em areia e coquilha. mm2.
▪▪ Zinco 36% – latão para fundição. É soldável, resistente à corrosão e
usado para artigos hidráulicos.

Latões especiais:

a. Latões ao níquel
São ligas ternárias (cobre, zinco e níquel) muito usadas em eletrotécnica.
Os mais importantes são:
▪▪ Argentão – cobre 60%, zinco 25% e níquel 15%, usado para resis-
tência elétrica.
▪▪ Reótomo – cobre 54%, zinco 16%, níquel 25% e ferro 5%, usado
para reostatos.
▪▪ Niquelina – cobre 60%, níquel 20% e zinco 20%, usado para resis-
tência.
▪▪ Packfong – cobre 63%, zinco 23% e níquel 14%.
▪▪ Constatam – cobre 60% eníquel 40%, usado para reostato e termo-
cópias.
▪▪ Cupro-níquel – cobre 70% e níquel 30%, resistente à corrosão e
pode ser trabalhado a frio.
b. Latões ao chumbo
O chumbo, usado em quantidade 2%, deixa o latão seco, isto é, usinável
nas máquinas operatrizes. Os mais usados são:

50 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Tratamentos térmicos do Seção 4
cobre e suas ligas:
Alumínio e suas ligas
a. Recozimento do cobre e suas
ligas: tem a finalidade de eli- O alumínio apresenta uma estrutura cristalina cúbica de faces centradas.
minar a fragilidade e o en- O peso específico é de 2,7 kg/dm3. A temperatura de fusão é de 658ºC.
durecimento produzido pelo A fundição do alumínio não é difícil, basta proteger o metal da oxidação.
encruamento. O recozimento O alumínio é muito ávido de oxigênio e, por isso, usado na indústria
efetua-se aquecendo o material como redutor. Ao contato com o ar, forma-se um leve extrato de óxido
a uma temperatura que depen- na superfície, que protege toda a massa. Apresenta um elevado poten-
de do grau de encruamento e cial eletro-químico e condutibilidade elétrica. A resistência mecânica do
do tipo da liga que é tratada alumínio não é elevada.
por determinado tempo. Em ▪▪ Resistência à tração: recozido de 7 a 11 kg/mm2, com encrua-
seguida a peça é resfriada em mento de 12 a 18 kg/mm2.
água. A temperatura de reco-
zimento do cobre varia entre ▪▪ Alongamento: recozido de 35% a 45%, com encruamento de 7% a
550ºC, para o material mais 10%.
duro, a 650º, para o mais ma- ▪▪ Dureza Brinell: recozido igual a 25 kg/mm2, com encruamento
cio. igual a 45% a 60%.
▪▪ Resistência elétrica: 0,28 ohm mm2/m.
b. Normalização dos latões: tem
a finalidade de tirar as tensões
internas e de reduzir o peri- O alumínio é um metal maleável, dúctil e dobrável. Pode ser soldado,
go de rupturas que se verifica usando apropriados desoxidantes. O emprego do alumínio puro é limi-
após certo tempo de trabalho. tado. Pela variedade de ligas leves que se obtém, o alumínio é considera-
A normalização dos latões se do o mais importante dos materiais não ferrosos. Geralmente é obtido
efetua aquecendo o material à da bauxita, formado de óxido de alumínio.
temperatura variável de 200º a O alumínio é extraído da bauxita pelo processo “BAYER”: onde a bau-
300ºC, por determinado tem- xita é secada e triturada. Em seguida, é tratada com solda cáustica à
po. O resfriamento é feito ao alta temperatura e sob pressão. A soda cáustica se combina sob pressão
ar. com a bauxita formando um sal, que é sucessivamente transformado em
óxido de alumínio. Posteriormente, o alumínio é extraído por eletrólise.

Figura 30 – Processo de Obtenção do Alumínio (Extração da Bauxita)


Fonte: Adaptado de ABAL (2010).

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 51


a. Ligas leves para fundição:
caracterizam-se pelo baixo
peso específico e pela discreta
resistência mecânica, após o
beneficiamento. As mais usa-
das são:

▪▪ Termafond (alumínio e cobre):


empregada para pistões.
▪▪ Silafont (alumínio e silício):
para fundições de paredes finas.
Figura 31 – Processo de Obtenção do Alumínio
Fonte: ABAL (2010). ▪▪ Corrofond (alumínio e
magnésio): para peças sujeitas à
corrosão.
▪▪ Lubral (alumínio e estanho:
usada para rolamentos, guarni-
ções e antifricção.

b. Ligas leves para usinagem:


entre estas ligas, a mais usada
é o avional, que é à base de
alumínio e pequenas porcen-
tagens de cobre, magnésio e,
às vezes, manganês. Após o
tratamento de beneficiamen-
to, o avional atinge uma carga
de ruptura à tração de 50 kg/
mm2. Outras ligas leves para
usinagem são:

▪▪ Ergal(alumínio e zinco) –
Figura 32 – Processo de Obtenção do Alumínio após o beneficiamento, a resis-
Fonte: ABAL (2010). tência à tração atinge até 68 kg/
mm2.
▪▪ Peraluman(alumínio e mag-
Seção 5 nésio) – resistente à corrosão, é
Ligas leves soldável e deformável a frio.
▪▪ Anticorroidal (alumínio e
Toma o nome de ligas leves uma série de ligas que contém como ele- silício) – resistente à corrosão.
mentos principais: alumínio, cobre, silício, magnésio, manganês e zin- ▪▪ Racidal – ótimo para a usina-
co. Quase todas as ligas leves apresentam boas propriedades mecânicas, gem.
pelo efeito do beneficiamento, bem diferente daqueles estudados no aço.
O beneficiamento das ligas leves compreende um tratamento de têm-
pera elevando à temperatura até 500oC e resfriando em água, seguido
por um envelhecimento natural ou artificial. A têmpera das ligas leves é
negativa, ou seja, o material temperado fica mais macio. O encruamento
é tirado com o tratamento do recozimento, como no cobre e suas ligas.

52 CURSOS TÉCNICOS SENAI


f. Molibdênio (Mo): é usado
Seção 6 nos aços especiais de alta resis-
Outros metais e ligas de uso comum tência, inoxidáveis e resisten-
tes às altas temperaturas. Tem
a. Estanho (Sn): é um metal de cor prata, funde-se a 233oC e tem peso peso específico de10,2 kg/dm3
específico de 7,3 kg/dm3. Obtém-se da cassiterita (bióxido de esta- e ponto de fusão a 2600OC.
nho), por redução, seguida por elaboradas operações de refinação Extrai-se da molibdenita.
eletrolítica. É encontrado sobre várias ligas que são as do bronze e Também é usado na indústria
as ligas antifricção. O estanho puro é empregado na solda do fio de elétrica, na fabricação de fios
cobre. É muito maleável, por isso pode-se obter chapas muito finas. para lâmpadas, válvulas, lâmi-
nas, fios, anéis e guinchos para
b. Zinco (Zn): é um metal cinza-azul com peso específico de 7,1 kg/ sustentação de fios de tungstê-
dm3 e o ponto de fusão é de 419oC. A resistência mecânica não é ele- nio.
vada e a dureza é inferior a do cobre. O zinco é extraído geralmente
da blenda (sulfeto de zinco), com processo de aquecimento à alta g. Níquel (Ni): tem peso espe-
temperatura é reduzido com o carvão e refinado com eletrólise. Ao cífico de 8,85 kg/dm3, com
contato com o ar, forma-se, na superfície, um fino extrato de carbo- ponto de fusão a 1.450OC.
no de zinco, que protege o interior do metal. O zinco puro é normal- Geralmente se extrai da pir-
mente para coberturas de tetos ou galvanização do ferro. Também é rotita (sulfito de ferro, cobre
usado na fabricação do latão e das ligas antifricção. e níquel) ou da garnierita (si-
licato hidratado de níquel e
c. Chumbo (Pb): é um metal cinza, brilhante quando cortado (com o magnésio), por procedimentos
tempo perde o brilho pela formação do óxido). Tem elevado peso complexos de aquecimento,
específico (11,3 kg/dm3) e baixa temperatura de fusão (327OC). É redução e refinação. O níquel
muito maleável, dúctil e dobrável, mas tem baixa resistência mecâni- apresenta boa resistência me-
ca e dureza. O chumbo se extrai normalmente da galena (sulfeto de cânica e elevada resistência à
chumbo), com processos de aquecimento e fusão em fornos apro- corrosão. Seu principal em-
priados. No estado puro, é empregado para o revestimento de cabos prego é na fabricação dos aços
elétricos, fusíveis, chapas de acumuladores, revestimento de tanques especiais e aços inoxidáveis,
destinados à indústria química, nas ligas antifricção, nas ligas para onde a resistência mecânica e a
estampas e ligas para solda doce. É também empregado na fabricação resistência à corrosão são ele-
de algumas tintas. vadas.

d. Magnésio (Mg): é um metal de cor branca-prata, semelhante ao alu- h. Antimônio (Sb): peso especí-
mínio, porém mais leve. Seu peso específico é 1,744 kg/dm3 e sua fico de 6,7 kg/dm3. Tempera-
temperatura de fusão a 650OC. O principal mineral do magnésio é tura de fusão a 630OC. É em-
a dolomita (carbonato de cálcio e de magnésio) de onde é extraído, pregado na fabricação das ligas
transformando o mineral em sais e, em seguida, a eletrólise em solu- antifricção e de estampas. Ele
ções salinas. O magnésio puro é usado para proteger o ferro contra a endurece o chumbo.
corrosão da água. O magnésio, ligado com alumínio, zinco e manga-
nês, dá origem às ligas ultraleves, usadas nas construções aeronáuti- i. Titânio (Ti): peso específico
cas. Uma dessas ligas é o elétron, com 94% de magnésio e pequenas de 4,5 kg/dm3. Temperatura
porcentagens de alumínio, manganês e silício. de fusão a 1660OC. Apresenta
elevada resistência mecânica e
e. Tungstênio (W): tem o peso específico de 19,3 kg/dm3 e é mui- à corrosão. Pelo seu baixo peso
to resistente às altas temperaturas, com ponto de fusão a 3370OC. específico, é usado em veículos
Extrai-se do Wolframite. Esse material tem muita importância na in- de alta velocidade.
dústria elétrica, onde é empregado nos fios de lâmpadas, nas válvulas
termo-iônicas, nas válvulas de vidro duro, nos computadores e tubo j. Cromo (Cr): peso específico
rontagem. Também é usado em aparelhos elétricos, interruptores de de 7,2 kg/dm3 e temperatura
alternadores elétrodos de velas. Utilizado na fabricação dos aços rá- de fusão a 1920OC. É usado
pidos e super-rápidos e nos aços para válvulas. para revestimento de proteção
(cromagem) e na fabricação
dos aços especiais.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 53


monômero: Do grego k. Manganês (Mn): peso específico de 7,4 kg/dm3. Temperatura de fu-
“mono”,”um” e “meros”, são a 1.230OC. É usado como corretivo na fabricação de ferro fundi-
“parte”. do e do aço. Pela sua ação desfosforante e desoxidante, é empregado
também na fabricação de alguns aços especiais.

l. Mercúrio (Hg): peso específico de 13,6 kg/dm3. Encontra-se líqui-


do à temperatura ambiente. De cor prata, é usado na fabricação de
contatos móveis de alguns interruptores.

m. Vanádio (Va) e Cobalto (Co): usados na construção dos aços espe-


ciais de construção e de ferramentas.

Seção 7
Ligas antifricção e ligas para altas temperaturas
As ligas antifricção são empregadas em partes que devem resistir ao
desgaste como: rolamentos e suportes. Essas ligas podem ser à base
de chumbo ou de estanho. Na construção de turbinas a gás e turbo-
reatores, são necessários materiais resistentes à temperatura muito ele-
vada. Esses materiais são chamados de ligas para altas temperaturas ou
superligas, tipo: Nimnnia, Estelita e Vitallun.

Seção 8
Produtos métalo-cerâmicos
Esses materiais metálicos e sintéticos são obtidos misturados a pó de
metais e metalóides. A sinterização consiste em comprimir os pós em
apropriados estampos e elevá-los às altas temperaturas. Obtêm-se assim
carbonetos de tungstênio, titânio etc. Esses produtos são usados para
ferramentas de corte e rolamentos autolubrificantes.

Seção 9
Polímeros
São materiais orgânicos ou inorgânicos, sintéticos ou naturais, cuja es-
trutura é definida a partir de várias unidades moleculares, denomina-
das “meros”, com alto grau de repetição ao longo de toda a estrutura.
Existem os polímeros naturais como: proteína, celulose, amido e borra-
cha, entre outros; além dos polímeros artificiais, obtidos em laboratório
como: isopor, polietileno, poliestireno etc.
Podem ser obtidos pela adição de um único monômero.

54 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo: Termoplásticos
São polímeros capazes de serem
repetidamente amolecidos e en-
durecidos pelo efeito da tempera-
tura. Os seus constituintes funda-
mentais são polímeros de cadeias
lineares ou ramificadas. Apresen-
tam estrutura de polímeros linea-
res, conforme figura abaixo, sen-
do que podem ser transformados
em tridimensionais por meio do
Também podem ser obtidos pela adição de dois ou mais polímeros dis-
aquecimento.
tintos (copolímero).
E existem os polímeros obtidos por condensação,por meio da elimina-
ção de substância inorgânica (geralmente gás amoníaco ou água). - CH2- CH2- CH2- CH2- (exemplo
de polímero linear – termoplásti-
co)
Exemplo:
Termofixos
São materiais plásticos que, quan-
do curados, com ou sem amoleci-
mento, não podem ser novamente
amolecidos por aquecimento. Es-
truturalmente apresentam liga-
ções cruzadas entre as moléculas.
Figura 33 – Exemplo de Polímero Obtido por Condensação
São os polímeros tridimensionais.

Exemplo:
Monômero
▪▪ Elastômeros: são polímeros
É uma molécula simples, que dá origem à unidade de repetição (mero) que, na temperatura ambiente,
de um polímero. podem ser estirados repetida-
mente a, pelo menos, duas vezes
Plásticos o seu comprimento original,
São materiais formados a partir de um polímero sintético, geralmente sendo que, após a retirada do
orgânico, sólido em sua condição final. Como exemplos temos o isopor esforço, retorna ao seu compri-
(poliestireno), obtido através da adição do estireno, e o PVC (cloreto de mento original.
polivinila), obtido através da adição do cloreto de vinila. Exemplo: borrachas (naturais ou
sintéticas)
Polimerização Obtenção do polímero:
É o conjunto de reações que caracteriza a união de moléculas que for- ▪▪ Refinaria:
marão o polímero. Na maioria dos casos o tipo de ligação química pre- Petróleo → Nafta
dominante é a covalente. ▪▪ Petroquímica 1ª geração:
Nafta → Monômero
▪▪ Petroquímica 2ª geração:
Monômero → Polímero
▪▪ Petroquímica 3ª geração:
Polímero → Produto

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 55


Obtenção do polímero (fase As forças intermoleculares são
estrutural) responsáveis por manter as molé-
culas unidas.
Os polímeros são produzidos sin-
teticamente por meio da reação ▪▪ As forças intermoleculares
de polimerização de seus monô- influem diretamente nas proprie- Figura 37 – Poli (Cloreto de Vinila)
meros. Um dos métodos mais uti- dades dos materiais poliméricos (PVC)
lizados nas indústrias para a pro- tal como no ponto de ebulição de
dução de polímeros de vinilas é a substâncias orgânicas.
polimerização em emulsão. Esse ▪▪ Fortes interações dipolo-dipo-
processo envolve uma emulsão lo atraem as moléculas de police-
estável de água, monômeros dos tona → alto ponto de fusão.
polímeros e um surfactante (sa-
bão ou detergente) como o agen- Figura 38 – Politetrafluoretileno (PTFE)
te emulsificante. Os surfactantes ou Teflon
Classificação dos polímeros
formam micelas, que dissolvem quanto à origem:
os monômeros, geralmente hidro-
fóbicos. Os iniciadores de radicais ▪▪ Naturais: celulose, borracha
livres, quando jogados na fase natural, naturais modificados,
aquosa, também migram para a acetato de celulose, nitrato de
fase micelar, iniciando a polime- celulose etc.
rização. ▪▪ Sintéticos: PVC, poliestireno
e ABS.
Exemplos de ligações para alguns
As vantagens deste método dos polímeros mais conhecidos:
incluem o baixo consumo de
energia (a reação pode ser
feita mesmo em temperatu-
ra ambiente) e a obtenção
de polímeros com grande
massa molar. A maior desvan-
tagem é que a formulação é
relativamente complexa, se
comparada com os outros
métodos, e requer uma eta- Figura 34 – Polietileno
pa depurificação do polímero
que, algumas vezes, pode ser
problemática.

Aplicações de polímeros na for-


mação de cada um dos materiais
abaixo relacionados: Figura 35 – Polipropileno

▪▪ Plásticos;
▪▪ Borrachas;
▪▪ Fibras;
▪▪ Adesivos;
▪▪ Tintas;
▪▪ Cosméticos; Figura 36 – Poliestireno (PS)
▪▪ Alimentos.

56 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Quanto ao comportamento térmico, os polímeros se classificam em:

a. Termoplásticos

▪▪ Escoam quando aquecidos.


▪▪ Solidificam quando resfriados.

▪▪ Termoplásticos escoam
▪▪ Amorfos
▪▪ Semicristalinos

b. Termofixos

▪▪ Não escoam quando aquecidos.


▪▪ Solidificam quando aquecidos pela primeira vez, pois são forma-
dos por pré-polímeros, oligômeros ou monômeros tri funcionais que
reagem e reticulam.

Quanto ao comportamento mecânico, os polímeros se classificam em:

a. Plásticos

▪ Pouca elasticidade → deformação predominantemente plástica.


▪ Podem ser rígidos ou flexíveis.
b. Elastômeros

▪▪ Grande elasticidade → deformação predominantemente elástica.


▪▪ Fibras
▪▪ Pequena deformação e alta resistência.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 57


Unidade de
estudo 8
Seções de estudo
Seção 1 – Metalurgia do pó
Metalurgia do pó

Seção 1
Metalurgia do pó
Trata-se da tecnologia que consis- ▪▪ A metalurgia do pó permite: sinterização: A sinterização
te na fabricação e preparação de ▪▪ Diminuição dos custos com é uma operação metalúrgi-
pós-metálicos e de sua confor- ca na qual se executa a compac-
energia e matéria-prima.
mação mecânica, visando obter tação, porém abaixo do ponto
objetos de forma semiacabada, ▪▪ Substituição do complexo de fusão do metal em questão.
mediante as operações de com- ciclo de usinagem, incidindo em
pactação e sinterização. menor custo de fabricação.
▪▪ Redução do investimento,
▪▪ Vantagem do processo: tanto com maquinário como com
baixo custo em função da rapidez locais industriais, permitindo
do processo de compactação em funcionamento em série.
matrizes, uma vez que não há
perda de material e não requer Vantagens técnicas:
operações posteriores de usina-
gem. ▪▪ Tolerâncias iguais ou inferiores
as das peças usinadas.
Operações secundárias: ▪▪ Obtenção de formas mais
▪▪ Usinagem. complexas.
▪▪ Conformação (a quente ou a ▪▪ Boa reprodutibilidade de peças
frio). em série.
▪▪ Recompactação (reduzir ▪▪ Muito boa resistência ao des-
porosidades e aumentar resistên- gaste, baixo coeficiente de atrito
cia mecânica juntamente com a e bom acabamento superficial.
ductibilidade).
Técnicas existentes na meta-
▪▪ Infiltração (reduzir porosi- lurgia do pó:
dades e aumentar resistência
mecânica). ▪▪ Sinterização com fase líquida
▪▪ Tratamento térmico (aumentar de materiais compósitos: W-Ni-
dureza e resistência mecânica). Cu e W-NiFe. Metais pesados
contém 90 a 97 % de W e o resto
▪▪ Solda – união (por brasagem, Ni-Cu ou NiFe.
infiltração ou soldagem).
▪▪ Técnicas de soldagem por
▪▪ Acabamento superficial (rebar- feixe de elétrons, arco pulsado e
bação, polimento, impregnação, laser.
eletrodeposição).
▪▪ Forjamento de peças pré-sin-
terizadas, principalmente visando
a indústria automobilística.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 59


Unidade de
estudo 9
Seções de estudo

Seção 1 – Laminação
Seção 2 – Extrusão
Seção 3 – Trefilação
Seção 4 – Fabricação de tubos
Seção 5 – Forjamento
Meios de Conformação dos
Materiais

Após a obtenção do material conforme processo já descrito, é necessá- Existem equipamentos que pos-
rio que se reproduza perfis diversos para a matéria-prima visando sua suem vários pares de rolos justa-
utilização. Para tal, existem os meios de conformação tais como: lamina- postos, constituindo um trem de
ção, forjamento, trefilação, extrusão etc. laminação, onde a distância entre
os rolos é reduzida de um par de
rolos para outro. Esse tipo de
equipamento é útil somente para
altos níveis de produção. Existem
também equipamentos de lamina-
ção mais simples, constituídos de
apenas um par de rolos. A suces-
são de passes pode ser efetuada
de 2 formas: na primeira delas, a
distância entre os rolos vai sendo
reduzida entre um passe e outro,
enquanto na segunda, a distância
é mantida e aumenta-se o diâ-
metro dos rolos para efetuar um
novo passe. O processo de lami-
nação pode ocorrer a quente ou
a frio.
A laminação a quente é a mais
usada pôr se obter grandes quan-
Figura 39 – Processos de Conformação Mecânica
tidades de aço semi trabalhado.
Na laminação a quente, os lin-
Fonte: Chiaverini (1986, p. 56).
gotes que provém da aciaria são
aquecidos a uma temperatura que
dê a máxima maleabilidade. Su-
Seção 1 cessivamente passam nos trens de
Laminação laminação. Terminadas as opera-
ções de estiramento, efetuam-se
A laminação é um processo de obtenção de perfis que consiste em pas- os cortes a quente dos produtos
sar uma peça entre dois cilindros girantes, com o intuito de reduzir a área laminados nas medidas desejadas.
da seção transversal. Normalmente, não é possível obter a dimensão Em seguida, deixa-se esfriar o
final através de uma única passagem entre os rolos, requerendo, portan- produto em apropriadas placas de
to, mais de uma passada. O número de passadas depende da resistência esfriamento. Observe na imagem.
interna do material a esforços de compressão. Sendo assim, o equipa-
mento usado para a laminação deve ser de tal forma que possibilite a
execução de uma sequência de passes.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 61


▪▪ Força da laminação: a resul-
tante de R das forças aplicadas
nos cilindros laminadores pode
ser decomposta em um compo-
nente horizontal S e um vertical
P, indicando, com o símbolo µ, o
ângulo da resultante R.
Os componentes S e P tomam os
seguintes valores:

S = R . sen α
P = R . cos α

Figura 40 – Laminação
Fonte: Adaptado de Corrêa (2003). A força de esticamento Ft, gerada
pelo avanço do lingote, é forneci-
Com ∆h < D da pelo produto da força vertical
A laminação a frio efetua-se ge- P e pelo coeficiente de atrito f.
ralmente nas ligas não ferrosas e 5
particularmente nas ligas leves. onde D é o diâmetro dos cilindros
Esse processo não tem o aqueci- laminadores.
Ft = P . f
mento, mas o procedimento é o O lingote tem também uma varia-
mesmo da laminação a quente. ção na largura de b1 para b2. No
▪▪ Coeficientes da redução e caso da laminação livre, tal varia-
ção é positiva (aumenta). É preciso que o valor Ft seja
esticamento: o lingote laminado maior que a componente hori-
é submetido a uma redução de zontal S, que se opõe ao avanço.
secção, que pode ser expressa em
porcentagem, indicando com S1 ∆b = b1 - b2
e S2, a seção do lingote antes e
depois da laminação, e com r, o Portanto, devemos ter:
coeficiente de redução. ft > S e P . f > S
Assim temos: Para o aço temos: ∆b = 0,35 . ∆h Simplificando, temos:
O lingote, pôr efeito da lamina- f . R . cosα > sen α
ção, aumenta o seu comprimento fcosα > senα
r = (S1 – S2) . 100 (%)
inicial de L1 para L2, que se repre- E finalmente:
senta com o coeficiente de estica- f > tg α
mentos.
Para os passos de desbastes, o r
não supera 30%, para os de aca-
bamento, é inferior a 15%. Consi- s = L2
Para obter um valor mais exato da
derando o lingote de forma retan- L1 força de laminação, deve-se con-
gular, tem-se uma redução de h1 siderar o cálculo da pressão de la-
para h2. Tal redução não deve ser minação. A força da laminação P
superior a 1/15 do diâmetro dos resulta, neste caso, da razão entre
O valor de s diminui com a tem-
cilindros laminadores. o valor da pressão de laminação
peratura segundo uma progressão Pm e a superfície de contato.
aritmética.

∆h = h1 - h2

62 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪▪ Modificações estruturais: a laminação deixa o material fibroso
orientado na direção da laminação. Essas estruturas melhoram as
propriedades mecânicas quando a temperatura for adequada. Uma tem-
peratura muito elevada provoca grãos grossos, enquanto muito baixa
provoca fenômeno de encruamento.

Forno de aquecimento:

a. fornos de poços: são usados para o aquecimento de lingotes de


grandes dimensões (25 tons), constituídos pôr celas (prisão). Este
aquecimento é feito pôr gás de coqueiria. Os lingotes são introdu-
zidos nas celas, por apropriados carrinhos provenientes das aciarias.
A regulagem da temperatura é feita pôr meio de dispositivos eletrô-
nicos.

b. fornos empurrados: são empregados para o aquecimento de lingo-


tes de média dimensão. Constituídos pôr um caixão de chapa reves-
tido de materiais refratários. A combustão pode ser feita com gás de
coqueria, metano ou óleo diesel. Os lingotes são empurrados gradu-
almente pôr meio de apropriados dispositivos. Cada lingote atravessa
o forno em um tempo necessário para o seu aquecimento.

c. Fornos rodantes: esses fornos são constituídos pôr uma grande câ-
mara aquecida com óleo diesel. Os lingotes são depositados no fundo
dessa câmara, que roda lentamente até aquecer cada lingote.

Figura 41 – Processo em Forno Rodante


Fonte: Metal Mundi (2010).

▪▪ Trem de laminação: a parte principal da laminação é constituída


pelo trem de laminação, que se compõe das seguintes partes:
a. Gaiolas de laminação;

b. Órgãos de transmissão;

c. Equipamento elétrico;

d. Gaiolas de laminação.

É constituído pôr uma robusta estrutura, onde são colocados os cilin-


dros de laminação que rodam sobre rolamentos de rolos. A forma dos
cilindros de laminação varia segundo a seção de passagem do lingote.
Os cilindros podem ser constituídos pôr diversos materiais, conforme
o uso.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 63


Os órgãos de transmissão do mo-
tor até os cilindros de laminação
compreendem os seguintes ele-
mentos:
▪▪ Volante: tem a finalidade de
aumentar (acumular) a energia
cinética, que compensa a tempo-
rária insuficiência do motor nos
seguintes esforços máximos de
laminação.
▪▪ Gaiolas e pinhões: têm a
Figura 42 – Laminação
função de transmitir o movimen-
Fonte: Corrêa (2007).
to do motor para os eixos e são
constituídos pôr uma série de
Normalmente, para grandes seções, usam-se cilindros de ferro fundido, engrenagens helicoidais.
enquanto cilindros lisos para chapas são feitos com ferro temperado,
▪▪ Eixos: são constituídos de aço
incluindo níquel e cromo. A regulagem do cilindro é feita pôr meio de
que ligam as engrenagens com os
parafusos que abaixam o cilindro superior.
cilindros de laminação.
As disposições dos cilindros mais usados são:
▪▪ DUO – Constituído pôr dois cilindros, onde a rotação pode ser
reversível ou irreversível (a, b). Equipamentos elétricos
▪▪ TRIO – Constituído pôr três cilindros (c).
▪▪ DUPLO DUO – Compõe-se de dois duos, colocados um seguido
São importantes, pela quan-
do outro (d). tidade das potências instala-
▪▪ QUÁDRUO – Compõe-se de quatro cilindros sobrepostos. Os que das. A potência global de um
efetuam a laminação, são os do meio (e). centro de laminação pode
chegar a 242.000 CV.
▪▪ SENDZIMIR – Constituído por 12 cilindros.

A aparelhagem principal do equi-


pamento elétrico compreende:
▪▪ Os motores: são do tipo
de corrente contínua que apre-
sentam a vantagem de regular a
rotação ou invertê-la.
▪▪ Grupos retificadores:
fornecem corrente contínua aos
motores.
▪▪ Os transformadores: abai-
xam a tensão da rede para valor
pedido dos circuitos de lamina-
ção.
Figura 43 – Tipos de laminação
Fonte: Corrêa (2010).

64 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Dispositivos e acessórios Laminação a frio:
Os laminadores podem ter outros dispositivos auxiliares: Para produção de chapas de fina
espessura e de ótima qualidade,
▪▪ Vias de rolos: são constituídas pôr uma serie de rolos que levam o
efetua-se a laminação a frio sobre
lingote em direção à laminação.
laminadores contínuos. A veloci-
▪▪ Manipulação: tem a função de movimentar os lingotes. Compre- dade de laminação é muito eleva-
endem os manipuladores propriamente ditos que deslocam o lingote da e pode chegar até 110 km/h.
lateralmente. Os basculantes giram os lingotes a 90ºC. Em retorno do
próprio eixo, os empurradores empurram os lingotes e os elevadores
deslocam os lingotes em posição vertical. Antes da laminação, é necessário
efetuar um tratamento de decapa-
▪▪ Dispositivos para o corte dos laminados a quente: estes cortam
o produto nas medidas desejadas e pode ser constituído pôr guilhotinas gem e, no término da laminação,
circulares ou serras circulares para o corte de perfilados. efetua-se o recozimento.
▪▪ Placas de resfriamento: recebem os produtos da laminação ainda
quentes e, além do resfriamento, fazem o primeiro empilhamento.

Dispositivos das gaiolas de laminação:


▪▪ Trens de uma só gaiola: são trens a duo ou trio reversível pôr
laminadores desbastadores.
▪▪ Trens abertos de uma só linha: um único motor movimenta vá-
rias gaiolas de laminação. Os lingotes passam de uma gaiola para outra
pôr meio de manipuladores
▪▪ Trens escalados: as gaiolas de laminação são colocadas sobre duas
ou mais linhas escaladas entre si.
▪▪ Trens contínuos: nestes trens, as gaiolas são colocadas umas atrás
das outras e o lingote é trabalhado simultaneamente pôr mais gaiolas.
Normalmente um trem contínuo se divide em desbastador e acabador.
▪▪ Trens semicontínuo: compreende uma série de gaiolas desbastado-
ras em continuidade, enquanto as gaiolas acabadoras estão escaladas.
▪▪ Trens zig-zag: as gaiolas são dispostas em Z.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 65


a. Extrusão direta: o material
aquecido é introduzido num
cilindro que termina com um
furo correspondente à seção
desejada. O pistão aciona-
do pôr uma prensa hidráulica
comprime o material do cilin-
dro, obrigando-o a passar pelo
furo.

b. Extrusão inversa: a matriz


Figura 44 – Laminação a Frio é colocada no pistão, o atrito
Fonte: Corrêa (2007). diminui e como consequência,
também a pressão. Nas moder-
nas prensas, pode-se efetuar
Seção 2 um ou outro de extrusão. Ge-
ralmente prefere-se a extrusão
Extrusão direta, enquanto que, na extru-
são inversa, a seção da extru-
A extrusão consiste em forçar o material convenientemente aquecido, a
são é limitada.
passar através de um furo de forma determinada (matriz). Obtém-se as-
sim um produto que tem certa analogia com os laminados. Tem a vanta-
gem de poder obter formas (seções) muito complexas. O procedimento
é muito rápido e econômico. A extrusão é particularmente indicada para
fabricação de perfilados de ligas leves ou outros materiais não ferrosos.

Figura 45 – Extrusão
Fonte: Corrêa (2007).

66 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Seção 3
Trefilação
A trefilação é uma operação baseada na ductibilidade do material, que
obriga certa barra a passar através de um furo de seção inferior. Segundo
a seção, podemos ter trefilação de barras ou de fios. A trefilação permite
obter um produto já com tolerância em acabamento da superfície.
Figura 47 – Fieira
Fonte: Corrêa (2007).
▪▪ Trefilação de barras: para fabricação de barras, usam-se bancos de
trefilação onde o material é trefilado barra por barra. A barra é empur- Para produção de arames e barras
rada através do comando de corrente ou hidráulico. de pequeno diâmetro, recomen-
da-se o uso de máquinas rotati-
vas, onde inclusive podemos ter
vários conjuntos, operando em
série para possibilitar a produção
de arames de diâmetros menores.

▪▪ Trefilação de fios: para a


trefilação de fios, começa-se com
barras laminadas a quente com
diâmetro de 6 a 12 mm, reduzin-
do-o, em seguida, até 0,03 mm. O
fio, antes de passar na trefilação,
é desoxidado e secado. Depois de
3 ou 4 passos, temos o encrua-
mento de fio, por isso, é neces-
sário fazer o recozimento. Para
obter fios muito finos, usam-se
Figura 46 – Processo de Trefilação matrizes de diamante.
Fonte: Corrêa (2007). Como resultado do processo de
trefilação, o material é deforma-
do à medida que atravessa a fieira;
Na trefilação, é necessário efetuar uma adequada lubrificação. Os furos
assim o seu diâmetro é reduzido
de passagem do material trefilado podem ser de ferro fundido especial,
e obviamente, o comprimento au-
aços especiais ou vídia (carbureto de tungstênio). Essa trefilação efetua-
mentado. Geralmente emprega-
se gradualmente, diminuindo a seção a cada passo.
se o processo de trefilação para
É importante observar que, antes de colocar a barra na máquina de ex- obter perfis simétricos como, por
trudar, a mesma deve ser apontada para que essa ponta sofra o primeiro exemplo, perfil circular, sextavado
esforço. Sendo assim, a barra é inserida através da fieira e, em seguida, etc.
presa por garras de tração que sofrerão o impulso gerado pela corrente
sem fim. Existem bancos capazes de desenvolver até 100 toneladas de
tração e velocidades de até 100 m/min, cujas distâncias percorridas po-
dem variar até 18 m.
As fieiras de trefilação são geralmente fabricadas de carboneto de tungs-
tênio, devido a sua grande durabilidade. O que caracteriza uma fieira é o
seu diâmetro de entrada, o diâmetro de saída e o ângulo do cone ou de
trefilação, sendo que é maior na zona de entrada do ângulo, para facilitar
a lubrificação. Já na saída, deve-se ter seção cilíndrica por razões de fa-
bricação, manutenção da matriz e para reduzir a velocidade do desgaste
do diâmetro de saída da fieira.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 67


Seção 4
Fabricação de tubos
Tubos laminados Mannesmann: no processo Mannesmann, um aço de
seção circular é aquecido até 1.300ºC e transformado em tubo pôr meio
de um laminador constituído pôr dois cilindros de eixos inclinados.

▪▪ Tubos trefilados: a trefilação pode ser aplicada também para a


fabricação de tubos de pequenos diâmetros, partindo de tubos mais
grossos. O tubo é preso pôr uma extremidade pôr meio de um alicate
de tração, que obriga o mesmo a atravessar uma matriz de diâmetro
inferior. Uma guia colocada internamente no tubo, em correspondência
à matriz, regulariza a parte interna dos tubos.

Figura 48 – Tubos Trefilados


Fonte: Corrêa (2007).

▪▪ Tubos extrusos: o processo de extrusão é aplicado para a fabri-


cação de tubos de ligas leves, cobre e latão. Geralmente opera-se com
extrusão direta na disposição vertical da prensa que garante a concen-
tricidade do produto. O mandril prensador tem uma haste (mandril
furador), cujo diâmetro é igual ao diâmetro interno do tubo. Abaixando
o mandril prensador, o material passa pela cavidade delimitada do man-
dril prensador e pelo mandril furador. Assim se obtêm também seções
não circulares.
▪▪ Tubos soldados com costura: os tubos soldados se obtêm enro-
lando uma fita de chapa pôr meio de bobinas. A linha de junção pode
ser direta ou helicoidal. O tubo é aquecido eletricamente e soldado pôr
pressão, em correspondência da junção.

68 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Para executar as operações de for-
Seção 5 jamento, contamos com os marte-
Forjamento los e as prensas. No caso do forja-
mento com martelo, a massa que
A operação mais antiga de obtenção de formas é possível que seja o varia entre 200 e 3500 kg. No tipo
forjamento, que consiste em deformar o material por martelamento ou de processo por martelo pneumá-
por prensagem. Normalmente o forjamento é feito a quente, porém atu- tico, a massa que cai é impulsio-
almente o forjamento a frio também tem sido executado. nada por ar comprimido, sendo
que, por meio desse processo,
produzem-se peças de até 50 kg
A ferramenta principal relativa ao processo de forjamento é a matriz, e o processo é mais fácil de ser
sendo esta responsável por caracterizar o formato e as dimensões ne- controlado quando comparado ao
cessárias na peça. A matriz, na maioria dos casos, é fabricada a partir caso dos martelos que funcionam
de aço-ferramenta. em queda livre.
As prensas usadas no forjamento
podem ter acionamentos mecâ-
O forjamento pode ocorrer com matriz fechada ou aberta. Para o caso nicos ou hidráulicos. As prensas
de forjamento com matriz aberta, a restrição ao escoamento lateral do mecânicas são acionadas por ex-
material é pequena e por isso sua construção é relativamente simples. cêntrico e tem capacidade máxi-
Esse tipo de forjamento é usado quando o número de peças a ser forjada ma de aplicação de carga de 100
é pequeno e o comprimento é grande, como no caso de eixos de navios a 8.000 toneladas, sendo que seu
e turbinas, virabrequins etc. curso é limitado. Já as prensas hi-
dráulicas são acionadas por pis-
Já no caso do forjamento com matrizes fechadas, o metal deve adquirir
tões hidráulicos e assim podem
a forma inversa da matriz e, portanto, existe forte restrição ao espalha-
apresentar um curso maior, sendo
mento do material. Este tipo de processo é devido à resistência interna
que a aplicação máxima de carga
do material e não é possível que seja feita em uma só etapa. A matriz tem
varia de 300 a 50.000 toneladas.
uma série de cavidades, com medidas diferentes, partindo da geometria
do material bruto até a dimensão final desejada e a peça vai sendo grada-
tivamente comprimida contra estas cavidades, cada vez se aproximando
mais das dimensões finais.
Em forjamento com matrizes fechadas, temos o efeito indesejado da
formação da rebarba devido ao escoamento lateral do material. Sendo
assim, ao final do processo, as peças devem passar por um processo de
rebarbação. Em alguns casos, justifica-se a construção de calhas para
restringir o alongamento exagerado da rebarba.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 69


Finalizando
Os materiais utilizados nos mais diversos componentes projetados na indústria mecânica
possuem diversas características e propriedades. Estas características e propriedades podem
ser benéficas ou maléficas ao funcionamento do componente de acordo com a sua aplicação.
Apenas citando como exemplos têm o caso do aço que possui uma determinada resistência
mecânica dependendo do teor de carbono e demais constituintes. Se o componente a ser
fabricado de aço for uma ferramenta de corte esta resistência deve ser aumentada para me-
lhorar o desempenho e a durabilidade ao máximo, sendo necessário para tal a execução de
tratamento térmico, superficial, alteração da composição química ou até mesmo trabalhos
a frio visando o encruamento. Porém se este componente for um chaveta responsável pela
transmissão de movimento de rotação entre eixo e coroa, esta resistência deve ser menor que
a do eixo e da coroa, para que numa situação de colapso a chaveta seja rompida primeira, uma
vez que seu custo é muito mais baixo que o dos demais componentes.
Cabe ao técnico mecânico, analisar os componentes mecânicos e selecionar o material ade-
quado, de forma a possibilitar o funcionamento requerido com uma vida útil otimizada e
obviamente buscando uma relação custo-benefício plausível.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA 71


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