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2. Geometria de fio: fator essencial onde o cuteleiro deve adequar as dimensões e robustez do fio
para que determinada faca esteja em conformidade aos objetivos para os quais foi projetada.
Tratamento térmico: é o fator que confere “alma” ao aço, pois sem o tratamento
térmico criterioso o aço não apresentará nenhuma de suas virtudes como força,
resistência ao desgaste e tenacidade.
Tratamento Térmico 07
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2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO AÇO
A indústria metalúrgica moderna desenvolveu milhares de tipos diferentes de
aços, sendo cada um deles com as características essenciais para o qual foi
criado. Podemos dizer de maneira simplista que aço é a liga de ferro e carbono,
sendo esse último o elemento mais importante da liga.
Tratamento Térmico 09
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Cromo: Aumenta a temperabilidade dos aços e contribui para a
24 resistência ao desgaste e dureza. É o elemento essencial dos
Outros Componentes
Cr
51.9961
aços inoxidáveis pois em altos percentuais tem a capacidade
de evitar a oxidação, entretanto reduz a soldabilidade. Nos aços
Entretanto, existem diversos outros componentes químicos que alteram as Cromo inoxidáveis geralmente se apresenta em percentuais entre 12% e
características dos aços, tanto positiva quanto negativamente. Para um cuteleiro 18%.
profissional é importante conhecer alguns destes componentes e em quais pontos eles
influenciam na performance final dos aços. 42
Molibdênio: Aumenta a temperabilidade, portanto aumenta a
Mo 95.95
dureza e resistência e reduz a temperatura de têmpera. Também
ajuda a aumentar a dureza a quente e a resistência ao desgaste.
Molibdênio
25 Manganês: Tem a capacidade de aumentar a temperabilidade
Ni
54.938044
Manganês também para a melhora da resistência à oxidação. resistência à corrosão, porém reduz a sua soldabilidade
58.6934 (capacidade de ser soldado).
Níquel
Vanádio: Tem ação benéfica nas propriedades mecânicas dos
23 aços tratados termicamente, especialmente na presença de
V
Silício: Favorece a resistência mecânica, e a resistência à
outros elementos. O vanádio em pequenas quantidades aumenta 14
corrosão, porém reduz a soldabilidade.vEnxofre: É extremamente
Si
a tenacidade (resistência mecânica) pela redução do tamanho
50.9415
prejudicial ao aço, diminuindo a ductibilidade (capacidade de
Vanádio do grão do aço. Acima de 1% confere alta resistência ao desgaste
28.085 escoamento quando forjado), a soldabilidade e a resistência
especialmente para aços rápidos.
Silício
mecânica.
Tratamento Térmico 11
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OBSERVAÇÃO: Na metalurgia existem outras etapas e variáveis, entretanto vamos
abordar somente as que interessam a um Cuteleiro Profissional.
3. TRATAMENTO TÉRMICO
1. Objetivos do Tratamento Térmico 2. Etapas do Tratamento Térmico
Tratamento Térmico 13
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3.1. Recozimento
É o tratamento térmico realizado com o fim de alcançar um ou vários dos
seguintes objetivos: remover tensões devidas ao forjamento a frio ou a
quente, diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade do aço, alterar as
propriedades mecânicas como resistência, ductilidade etc., eliminar, enfim, os
efeitos de quaisquer tratamentos térmicos ou mecânicos a que o aço tiver sido
anteriormente submetido.
Tratamento Térmico 15
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3.1.2. Recozimento no Forno
de Temperatura Controlada
3.1.1. Recozimento na Forja forno). Após a estabilização da temperatura, basta desligar o forno, mantendo-o fechado e
aguardar o resfriamento lento da lâmina.
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Remoção das facas após estabilização da temperatura.
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3.2. Normalização
Consiste em aquecer o aço acima da temperatura crítica, com resfriamento em ar
tranquilo, à temperatura ambiente. Visa ajustar a estrutura molecular do aço, que
se organizará de modo que a granulação fique bem fina. Esses grãos finos irão
proporcionar à faca finalizada, uma alta retenção de fio e alta resistência mecânica.
Tratamento Térmico 21
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3.2.1. Normalização na Forja
Quando se perceber que o magnetismo parou (a lâmina não é mais atraída pelo
imã), deve-se retornar a faca para a mesma posição no interior da forja, contando-
se mentalmente, mil e um, mil e dois, mil e três, mil e quatro, mil e cinco. Após isso
deve-se retirar a faca da forja e esperar que ela resfrie em ar tranquilo (sem vento).
À medida que se resfria e atinge o limiar inferior à 727ºC, volta imediatamente a ser
atraído pelo imã. Esse é um artifício tem sido usado por ferreiros há séculos, para se
aferir com precisão as faixas de tratamento térmico. Após o aquecimento a lâmina
deve resfriar em ar tranquilo, ou seja, sem que haja vento.
Tratamento Térmico 23
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A lâmina aquecida deve ser resfriada até que perca a cor, ou seja, que desapareça a
emissão de cor pelo aço incandescente, sendo que a última cor visível é vinho escuro.
Após a perca da cor, pode-se retornar à forja para novo ciclo de normalização, não
sendo necessário o resfriamento até a temperatura ambiente para que se inicie outro
3.2.2. Normalização no
ciclo. Recomenda-se a realização de três ciclos de normalização na forja.
Forno de Temperatura
OBSERVAÇÃO: Todo e qualquer tratamento térmico realizado na forja deve ser feito
no escuro, sem a interferência de luz natural ou artificial, assim o cuteleiro tem
Controlada
precisão visual para determinar tanto a temperatura que a peça se encontra como
a sua respectiva distribuição de calor.
Deve-se aquecer a lâmina, preferencialmente
pendurada (forno vertical) até a faixa de
temperatura indicada para o aço.
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Após a estabilização da temperatura, basta remover a lâmina do forno,
mantendo-a preferencialmente pendurada pela espiga (com um ganchinho
atravessado por um furo no final desta) resfriando em ar tranquilo.
Tratamento Térmico 27
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3.3. Têmpera
Consiste no resfriamento brusco do aço, que deve estar a uma temperatura
superior à sua temperatura crítica, em um meio de resfriamento como óleo, água,
salmoura ou mesmo ar. A velocidade de resfriamento, dependerá do tipo de aço, da
forma e das dimensões das peças, bem como do meio de resfriamento escolhido.
Utilize sempre um recipiente com o fundo mais largo para não ocorrerem acidentes. 3.4. Têmpera Seletiva
É o processo de têmpera aplicado somente ao fio de uma lâmina. Ele visa prover
somente o endurecimento do fio, mantendo o dorso da lâmina mais macio, de
modo que a mesma tenha grande resistência mecânica.
Explicação: Quando uma lâmina sofre impacto, ainda que não consigamos
perceber, a mesma sofre torções. Caso o dorso da lâmina seja macio, este
proporcionará que a lâmina se torça temporariamente sem se romper, retornando
em seguida à sua forma original, o que na Metalurgia é chamado de Tenacidade. Ou
seja, a capacidade de sofrer deformação e voltar à forma original.
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3.4.1. Têmpera Seletiva na Forja
Forja convencional.
Magneticamente Visualmente
Tratamento Térmico 31
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3.4.1.1. Têmpera Seletiva na Forja Em se tratando de facas de aço damasco:
Aferida Magneticamente Uma lâmina de aço damasco, quando temperada seletivamente, apresentará dois
aspectos muito diferentes em termos estéticos: O fio (temperado) ficará muito
Deve-se aquecer a lâmina, com aparte mais fina (fio) voltada para a parte mais contrastante entre o preto e o prata e apresentará alto brilho após polimento. O
quente da forja (que sempre será a parede contrária à entrada de ar e gás) usando dorso (sem têmpera) apresentará muito menos contraste e pouco brilho após
um imã para se aferir a atração do fio da lâmina pelo mesmo. polimento.
Para um melhor resultado, o óleo diesel deve ser pré-aquecido a 60ºC. Desta forma não recomendo a aplicação de têmpera seletiva em facas de
damasco. Para estas prefiro a têmpera full hard e a subsequente destempera
Em se tratando de facas de aço carbono, temos duas variáveis: seletiva, que proporcionará boa resistência mecânica sem comprometer o aspecto
estético.
1. Lâminas com ricasso: devem ser mergulhadas até o choil, deixando-se o ricasso
de fora, para que não seja temperado, o que proporcionará melhor resistência
mecânica da faca. IMPORTANTE: Para facas de teste de performance nos moldes da American
Bladesmith Society, a destempera seletiva não proporciona a dobra da faca.
Embora ela aumente significativamente a resistência mecânica, suficiente para
2. Lâminas integrais com bolster (bombinha): devem ser mergulhadas até o choil qualquer uso convencional de faca, não resiste à dobra, pois a austenitização do
dorso reduz drasticamente a tenacidade, rompendo-se caso seja dobrada.
(ou gavião), deixando-se o bolster de fora, para que não seja temperado, o que
proporcionará melhor resistência mecânica da faca.
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3.4.1.2. Têmpera Seletiva na Forja
Aferida Visualmente
Deve-se aquecer a lâmina, com aparte mais fina (fio) voltada para a parte mais
quente da forja (que sempre será a parede contrária à entrada de ar e gás)
observando-se visualmente a distribuição de calor.
Pelo fato de o fio ser mais fino, ou seja, com menos aço, ele aquecerá muito Para um melhor resultado, o óleo diesel deve ser pré-aquecido a 60ºC.
antes do dorso, o que pode ser verificado pela presença de cor no fio. O objetivo é
uniformizar a cor laranja por todo o fio. A cor laranja indica exatamente a faixa de
Após este aquecimento, deve-se imediatamente mergulhar a faca no óleo diesel
temperatura de têmpera.
(comum e sem misturas com qualquer outro tipo de óleo).
O ideal para sua segurança é ter na oficina um extintor de incêndio de pó químico, capaz de apagar
qualquer tipo de incêndio possível em uma oficina de cutelaria. Assista ao vídeo de Aprenda sobre meio de Aprenda a fazer têmpera
têmpera seletiva em faca resfriamento para têmpera seletiva em faca de
de carbono na forja damasco na forja
Tratamento Térmico 35
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3.4.2. Têmpera Seletiva no Forno
Outra possibilidade é o aquecimento completo da peça no forno de temperatura
de Temperatura Controlada controlada, seguida da imersão parcial no óleo, mergulhando-se somente o fio.
É possível de se proceder a têmpera seletiva em forno de temperatura controlada, Ainda que o dorso esteja aquecido uniformemente ao fio, este (dorso) também não
mesmo que obviamente o ambiente interno do forno aqueça uniformemente toda a acompanhará a mesma velocidade de resfriamento do fio, o que da mesma forma,
lâmina. promoverá uma retração brusca e desigual do fio.
Pode-se fazer isso através da aplicação de uma pasta composta pela mistura de A tendência é o fio apresentar um empenamento côncavo, que pode ser observado
argila, carvão moído e bicarbonato de sódio e água (os percentuais variam, não quando visto linearmente. Além disso, há grande possibilidade de empenamento
há números exatos definidos) aplicada ao dorso da lâmina. Esta pasta quando se lateral. Isso exigirá uma nova usinagem para ajustar o perfil da faca e também
seca, adere ao dorso da faca. o desempenamento lateral, ou seja, um retrabalho dispensável. Também não é
incomum que este método provoque fraturas no fio, condenando a faca.
Quando o forno é aquecido, a lâmina é aquecida também, entretanto a parte
coberta pela pasta se aquecerá menos, por vezes não atingindo a temperatura de Já o processo de têmpera seletiva na forja convencional (de forjamento),
austenitização, por estar abrigada do calor. promove um resfriamento similar entre dorso e fio, ainda que o dorso não tenha
sido aquecido a ponto de austenitização e, portanto, não seja temperado. Esse
Quando o fio estiver na temperatura de têmpera e for mergulhado no óleo, este resfriamento mais uniforme previne muito as eventuais trincas no fio, bem como
será temperado, mas o dorso sofrerá um resfriamento muito mais lento, o que o empenamento, que é bem menos presente neste método (têmpera seletiva na
não proporcionará a formação de martensita (ferro mais carbono) portanto forja convencional).
não se endurecerá (não temperará). Ocorre que este processo de resfriamento
muito desigual das partes da lâmina, provoca uma retração extremamente forte Desta forma, contraindico totalmente qualquer processo de têmpera seletiva
do fio, não acompanhado do dorso (que está coberto tanto do calor como do no forno de temperatura controlada, seja através do uso da pasta refratária,
resfriamento). Esta retração desigual tende a produzir por vezes empenamentos ou através da imersão parcial da lâmina no óleo, pela frequência, ao meu ver
severos e muito frequentemente fraturas do fio, condenando a peça. Desta forma indesejada, com que os mencionados problemas se apresentam.
contraindico totalmente a têmpera seletiva no forno através do uso da pasta.
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3.5. Têmpera Full Hard
Trata-se do processo de têmpera que visa o endurecimento completo da lâmina,
buscando uniformidade de dureza por toda a sua extensão.
A têmpera full hard é muito indicada para lâminas de aço damasco. O aço
damasco temperado, responde melhor à revelação através do percloreto de ferro,
justamente por causa da maior presença de carbono resultante da têmpera. Display na temperatura de têmpera. Tirando as facas do forno de temperatura
controlada.
Também resultam em melhor resposta ao fosfato de manganês, pois as linhas
cobertas (de aço carbono), apresentam um tom profundamente negro. Bem como
o polimento posterior, resulta em brilho muito superior. Áreas não temperadas,
ficam foscas, menos contrastantes e com as linhas menos nítidas após a
revelação.
Sob o ponto de vista da performance, a têmpera full hard não possui nenhuma
vantagem com relação a têmpera seletiva. A principal vantagem é a estética, nas
lâminas de damasco.
Tratamento Térmico 39
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3.5.1. Têmpera Full Hard na Forja
Deve-se aquecer a lâmina, com a parte mais grossa (dorso) voltada para a parte A imersão da lâmina deve acontecer o mais perpendicularmente à superfície do
mais quente da forja (que sempre será a parede contrária à entrada de ar e gás). óleo, com a ponta virada para baixo, evitando-se qualquer inclinação e agitando-a
Isso proporcionará uma distribuição uniforme da temperatura por toda a lâmina. no sentido dorso/fio para acelerar o resfriamento. Para um melhor resultado, o
Pode-se aferir a temperatura adequada através de dois métodos distintos: óleo diesel deve ser pré-aquecido a 60ºC.
Magneticamente Visualmente
3.5.1.2. Têmpera Full Hard na Forja
Aferida Visualmente
3.5.1.1. Têmpera Full Hard na Forja
Aferida Magneticamente Deve-se aquecer a lâmina, com aparte mais grossa (dorso) voltada para a parte
mais quente da forja (que sempre será a parede contrária à entrada de ar e gás).
Deve-se aquecer a lâmina, com aparte mais grossa (dorso) voltada para a parte
Quando se conseguir que a lâmina esteja uniformemente na cor laranja, deve-se
mais quente da forja (que sempre será a parede contrária à entrada de ar e gás) o
levar a lâmina ao resfriamento no óleo diesel.
que proporcionará uma distribuição uniforme da temperatura.
Tratamento Térmico 41
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Teste de Lima
Quando fazemos uma têmpera, por qualquer um dos processos anteriormente
descritos, por alguns fatores, especialmente temperatura abaixo da ideal, pode
acontecer de o resfriamento não prover o endurecimento que desejamos para o
aço, ou como dizemos vulgarmente, a têmpera “não pegou”.
Para aferirmos isso com tranquilidade, basta pegar uma lima (devendo reservá-la
apenas para essa checagem), podendo ser uma lima chata bastarda, de 8 ou 10
polegadas e com ela passarmos por toda a extensão do fio da lâmina, logo após
retirada do óleo (antes do revenimento).
Caso o aço esteja adequadamente duro, a lima escorregará pelo fio, não
removendo material como acontece com o aço sem têmpera. Neste caso a
têmpera deu certo e o cuteleiro deve partir para o revenimento.
Tratamento Térmico 43
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Se os grãos estiverem com aspecto de ferro fundido quebrado (muito grossos), o cuteleiro
Teste de Grão
deverá fazer novamente a normalização e tentar em seguida nova têmpera.
3. Excesso de temperatura na têmpera (aquecimento acima da temperatura ideal) Teste de grão: grãos crescidos (aspecto de ferro fundido) que necessitam novamente de normalização e têmpera.
O problema do cuteleiro reside justamente em aferir o tamanho dos grãos internos de suas
Caso o aspecto seja de aço rápido quebrado (muito fino, como uma broca quebrada) esta
lâminas que receberam tratamento térmico.
lâmina poderá ir para o revenimento, onde na usinagem de acabamento, o cuteleiro poderá
rápida e facilmente remodelar a ponta quebrada e prosseguir com a confecção da faca.
Mas a solução é simples, basta pegar a lâmina, imediatamente após a têmpera e antes
mesmo do revenimento e prendê-la numa morsa, cujos mordentes estejam protegidos por
couro, deixando cerca de 3 ou 4 milímetros da ponta acima da linha dos mordentes.
Com um martelo, bater lateralmente na ponta, que por estar extremamente dura, se
quebrará facilmente. Após isto basta analisar visualmente o aspecto interno da área
fraturada.
Teste de grão: grãos pequenos (aspecto de aço rápido). Aspecto do aço rápido quebrado (brocas) Grãos finos.
Tratamento Térmico correto.
Tratamento Térmico 45
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Aparência de "pele de sapo" em lâmina de aço "queimado".
3.6. Revenimento
Isso por vezes gera dúvidas nos cuteleiros menos experientes, sobre a procedência ou não
de determinadas formações após o tratamento térmico. Para se ter certeza de que uma
lâmina teve seu aço queimado, basta lixá-la na lixadeira de cinta ou manualmente. Caso
haja a presença do pele de sapo, os círculos permanecerão visíveis nas laterais da lâmina,
mesmo após terem sido exaustivamente lixadas. Nesse caso, infelizmente não há nenhuma
manobra que nos permita resgatar esse aço e a lâmina deverá ser descartada, sem Resposta visual do aço ao revenimento.
Esse fenômeno pode ocorrer em qualquer etapa de tratamento térmico ou forjamento onde de duração, entre temperaturas de 180ºC e 210ºC.
houve um superaquecimento.
Tratamento Térmico 47
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Importante destacar que a maioria dos aços tem um parâmetro de revenimento,
entre uma temperatura mínima e uma máxima e que à critério do cuteleiro,
podem ser aplicadas de acordo com o objetivo final de cada projeto de faca. Como
explicado anteriormente as diferenças resultantes de dureza, serão sutis, mas
aferíveis.
Por critério do Cuteleiro, para facas de trabalho mediante impacto, como por Resfriamento em água entre ciclos de revenimento.
Em sentido contrário, uma faca de trabalho sem impacto, ou seja, que realizará
cortes deslizantes, como por exemplo uma faca de caça ou de cozinha, construída
com o mesmo aço SAE 5160, pode ser aplicado o revenimento de um ciclo, com
uma hora de duração na temperatura de 180ºC, que por ser menos quente,
resultará numa dureza final sutilmente maior, o que proporcionará maior retenção
de fio, sem prejuízo à integridade estrutural, pois estas não receberão choques nos
usos práticos a que se destinam.
Tratamento Térmico 49
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3.7. Destempera Seletiva
É o processo reverso à têmpera, baixando-se significativamente a dureza do
dorso de uma lâmina, afim de prover-lhe aumento de tenacidade. É feito após uma
têmpera full hard, onde a lâmina recebeu endurecimento completo e, de acordo
com o uso convencional dessa peça específica, se faça necessário um alto grau
de resistência mecânica, como por exemplo uma chopper (faca especialmente
desenhada para se cortar madeira), uma camp knife (faca de campo, destinada
Tabelas de Tratamento Térmico
aos mais variados trabalhos pesados), um cutelo (faca desenvolvida para cortar
ossos).
OBSERVAÇÃO: Nem todos os aços e ligas de aço damasco aqui mencionados, foram
É uma alternativa estratégica, epecialmente para facas de aço damasco, dos tipos utilizados por mim durante a minha carreira. Aqueles com os quais eu nunca
trabalhei, tiveram seus dados de tratamento térmico fornecidos gentilmente por
mencionados anteriormente, visto que apresentam uma resposta visual muito cuteleiros amigos, que querem colaborar com o crescimento e desenvolvimento
da Cutelaria Brasileira.
melhor quando tem seu damasco revelado após têmpera full hard.
Conforme pode-se notar, os dados das tabelas de composição química dos aços,
variam dentro de um parâmetro mínimo/máximo de cada componente químico, de
acordo com o fabricante.
Deve-se mergulhar cerca de um centímetro de fio na água (de uma bandeja, por
exemplo) e aquecer o dorso com um maçarico, que pode ser de qualquer tipo. Também é importante se considerar a aferição da temperatura dos fornos a serem
usados nos tratamentos térmicos, bem como a habilidade técnica dos cuteleiros
O aquecimento do dorso fará baixar significativamente a dureza, aumentando a que façam seus tratamentos térmicos nas forjas, de atingirem com precisão as
faixas corretas de temperatura.
tenacidade.
Todos esses fatores podem gerar sutis diferenças de resultado nas diversas
etapas de tratamento térmico e obviamente de desempenho final da faca. Desta
forma, os valores aqui expostos devem servir como referência, não devendo-se
dispensar testes de desempenho de corte e de quebra de ponta das lâminas para
aferição do tamanho dos grãos do aço.
Tratamento Térmico 51
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Tratamento Térmico dos Aços Carbono
Tratamento Térmico 53
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Tratamento Térmico dos Aços Ferramenta
Tratamento Térmico 55
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Tratamento Térmico dos Aços Inoxidáveis
Tratamento Térmico
OBSERVAÇÃO: As tabelas de composição química das ligas de damasco irão variar de acordo com a
composição de cada aço utilizado e suas respectivas percentagens utilizadas.
57
Eu já tive o prazer de formar milhares de
nobres cuteleiros, e agora eu quero ter o
prazer de formar você um Nobre Cuteleiro TRATAMENTO TÉRMICO
PARA CUTELARIA
pelo Instituto Berardo de Cutelaria!