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IPV. Escola Superior de Saúde de Viseu.

FARMACOLOGIA
1º ano 2º semestre
IPV. Escola Superior de Saúde de Viseu. 2023

1 – Nomes dos Fármacos: genéricos


– Um fármaco tem um NOME QUÍMICO, que identifica correctamente a
substância do ponto de vista químico.
– Trata-se, em geral, de uma designação complicada e por isso difícil de
utilizar na prática. Temos como exemplo o seguinte: 7-cloro-1,3-
dihidro-1-metil-5 fenil-2H-1,4-benzodiazepina-2-ona.
– A comunidade científica simplifica-o, tornando-o facilmente
transmissível como mensagem. Esta simplificação pode ser feita
utilizando apenas algumas letras e/ou sílabas do nome químico.
– No exemplo citado essa escolha resultou no nome “diazepan”.
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– A este nome simplificado chama-se NOME COMUM (Denominação


Comum Internacional - DCI) ou GENÉRICO que sendo reconhecido
pela OMS é um nome conhecido em qualquer país e que corresponde
a substâncias activas de medicamento de acordo com regras definidas
e que não pode ser objecto de registo de marca ou de nome.
– Os medicamentos genéricos são identificados pela sigla (MG). Na
maior parte dos hospitais a prescrição dos medicamentos é feita
indicando o nome comum.
– Outros exemplos: à 7-cloro-2 metilamina-5 fenil-1,4 benzodiazepina-
4 óxido, que deu o nome de Clorodiazepóxido (nome comercial de
Librium® e Nânsia®).
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– A maioria dos medicamentos que conhecemos tem outro nome que é o


nome escolhido pelo laboratório que comercializa o medicamento - NOME
COMERCIAL (marca registada com nomes mais fáceis de pronunciar,
soletrar ou relembrar e por vezes associado aos efeitos: Lopressor (diminui
a P.A; Gliclazida (diminui a açucar).
– Este fica registado como propriedade industrial ou comercial e não pode
ser usado por mais nenhum laboratório. No exemplo citado do diazepan
um dos nomes comerciais é Valium®
– Habitualmente escreve-se o nome comercial seguido dum asterisco ou ®:
Valium* ou Valium®.
– Todavia para o diazepan existem outros nomes comerciais - Bialzepan®,
Metamidol®, Unisedil®, etc.. Como o fármaco original é o diazepan da
Roche (valium®) chamam-se a estes últimos de SIMILARES.
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– Os similares têm a mesma composição qualitativa e quantitativa em


substâncias activas (mesma concentração) sob a mesma forma
farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica
de medicamento de referência.
– Em Portugal para que seja possível às empresas rentabilizar o
investimento realizado, estas usufruem de um período de tempo
(cerca de 6 ou 10 anos) em que comercializam o medicamento em
exclusividade.
– Medicamentos genéricos são medicamentos identificados pela DCI
e similares a um já introduzido no mercado com a mesma
composição qualitativa e quantitativa em substâncias activas, sob a
mesma forma farmacêutica e dosagem e cuja bioequivalência com
o medicamento de referência objecto de patente (inovador) haja
sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados.
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a) São identificados com sigla MG no exterior da embalagem e são


prescritos denominação internacional (DCI) das substâncias activas
ou pelo nome genérico, seguidos da dosagem e forma
farmacêutica;
b) Está dispensada a apresentação dos relatórios dos peritos sobre os
ensaios pré clínicos e clínicos;;
c) Pode ser necessária a demonstração de bioequivalência (BE) com
base em estudos de biodisponibilidade (BD) ou estudos de
farmacologia clínica apropriados;
– Por estas razões os genéricos têm um preço mais baixo que o medicamento
de referência.
– Eticamente se são equivalentes e mais económicos beneficiam o doente e
o estado deverão prescrever-se.
– É certo que os produtores de genéricos não investiram na pesquisa original
e vão beneficiar da sua comercialização mas o original esteve protegido
pela patente durante vários anos.
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– São prescritos pela Denominação Comum Internacional (DCI) ou no


– Presentemente os farmacêuticos podem propor a substituição, isto é, podem
propor aos pacientes medicamentos genéricos mais baratos que o prescrito
No mercado dos genéricos Portugal na 11ª posição entre 22 países europeus
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1 – ELABORAÇÃO DAS PRESCRIÇÕES E RECEITA MÉDICA


– A prescrição é uma ordem escrita por um médico, que deve ser aviada
por um farmacêutico, indicando a medicação necessária ao paciente e
contendo todas as indicações necessárias para o farmacêutico e para o
paciente
– Há medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e medicamentos
não sujeitos a receita médica (MNSRM).
– Os MSRM são medicamentos que podem constituir um risco
– (1) se usados sem vigilância médica,
– (2) se utilizados para fim diferente daquele a que se destinam
– (3) se administrados por via parentérica.
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– Existem vários tipos de receitas


– normal (RN) onde existe a não renovável, e a receita médica renovável (eletrónica) (1ª, 2ª e
3ª via)
– receita médica especial (RE) com modelo próprio (estupefacientes, psicotrópicos…)
– receita médica para medicamentos manipulados comparticipados (MM)
– medicamentos alergénicos para um doente específico (MA);
– prescrição de produtos dietéticos com caráter terapêutico (MDT)
– prescrição medicamentos para aquisição noutro estado membro (EU)
– produtos destinados a o autocontrolo da diabetes mellitus (MDB)
– A prescrição de outros produtos (OUT) (cosméticos, fraldas, sacos ostomias…)
– Desde 2011 existe a prescrição eletrónica de medicamento (PEM) e por via
manual (excecional ). O profissional regista-se num portal para o efeito.
– É valida por 30 dias mas podem ser emitidas receitas renováveis até 3 vias. Não
tem vinheta do local mas sim um código que garante a identificação do local
prescrição
– Agora também há a PEM desmaterializada enviada para telemóvel ou farmácia.
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– A receita inclui a indicação da denominação comum, a forma


farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia (dose unitária,
intervalo, duração)
– Na prescrição materializada
– Em cada receita podem ser prescritos até 4 medicamentos
distintos, num total de 4 embalagens por receita.
– No máximo, podem ser prescritas 2 embalagens por
medicamento.
– No caso dos medicamentos prescritos se apresentarem sob a
forma de embalagem unitária podem ser prescritas até 4
embalagens do mesmo medicamento.
– Os campos de um modelo de receita eletrónica são os seguintes:
– Número da receita – atribuído pelo Sistema Central de Prescrições (19 dígitos)
– Local da prescrição - Codificação identificativa do local de prescrição
– Identificação do prescritor – Nome clinico e especialidade, telefone e nº cédula
profissional
– Identificação do utente – Nome; nº de utente /Nº de beneficiário da entidade
financeira responsável
– Identificação do medicamento - DCI ou subst. ativa; a dosagem; a forma
farmacêutica, a dimensão da embalagem; a posologia: (ex: 1 comprimido, de
8/8horas durante 10 dias) e o nº de embalagens.
– Data da prescrição – aaaa-mm-dd.
– A prescrição desmaterializada – 2 emb validade 30 dias seguidos; 6 bem trat longa
duração validade 6 meses
– A prescrição materializada - validade 30 dias seguidos; pode ser renovável com
uma validade até 6 meses e contém até 3 vias,
– Assinatura do prescritor .
– Número único (19 dígitos) que é atribuído pela BDNP com a seguinte codificação:
Dígito(s) Representação Prescrição Prescrição materializada
desmaterializada
1.º Região de Saúde em 1 – Região Norte 2 – Região Centro 3 1 – Região Norte 2 – Região Centro 3 – Região
que se integra o local – Região de Lisboa e Vale do Tejo 4 – de Lisboa e Vale do Tejo 4 – Região do Alentejo
da prestação de Região do Alentejo 5 – Região do 5 – Região do Algarve 6 – Região Autónoma dos
cuidados Algarve 6 – Região Autónoma dos Açores 7 – Região Autónoma da Madeira
Açores 7 – Região Autónoma da
Madeira
2.º e 3.º Tipo de receita 01 01 – Receita não renovável
02 – Receita renovável
4.º a 6.º Proveniência – 100 100
sistema produtor
7.º a Numeração Fornecido pelo Sistema Central Fornecido pelo Sistema Central
17.º sequencial da receita
18.º Via da receita 0 0 – Receita não renovável 1 – Primeira via da
receita renovável 2 – Segunda via da receita
renovável 3 – Terceira via da receita renovável
19.º Check-digit – cf.
ISO/IEC 7064, MOD
11-2.
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– A prescrição de um medicamento deve basear-se em 4 aspectos


essenciais: eficácia, segurança, conveniência e custo
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Na análise do benefício/risco na prescrição devem ser


ponderados alguns factores:

§Gravidade da doença a tratar


§Gravidade e frequência de possíveis efeitos adversos
§Eficácia do fármaco a ser utilizado
§Perfil de segurança e a eficácia de outros fármacos alternativos
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POSOLOGIA
A posologia é o capítulo da farmacologia encarregado do estudo das doses: número de
doses, quantidade, intervalo e duração.
Dose unitária - dada de uma vez ou de uma toma (ex. 500mg)
Dose diária - respeitante ao total do dia(ex. 6/6 h ->2g/dia)
Dose total - total de todas as doses num determinado tempo (ex. durante 10 dias
à20g)

Em relação com a posologia há outros conceitos que convém reter:

Ø Dose mínima (eficaz) - é a menor dose de medicamento capaz de exercer


efeitos terapêuticos. Doses inferiores à dose mínima não têm efeito útil;
Ø Dose máxima (eficaz) - é a maior dose de medicamento com efeitos
terapêuticos. Doses superiores passam a dar efeitos tóxicos (dose tóxica) que
poderão ser mortais (dose letal);
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Ø Dose terapêutica - é toda a dose situada no intervalo entre a dose máxima


e a dose mínima (dose necessária para que se obtenham efeitos
terapêuticos);
Ø Margem terapêutica ou Janela terapêutica - é o intervalo existente entre a
dose mínima eficaz e a dose máxima eficaz.

Dose Doses terapêuticas Dose


mínima máxima
|_____|______|______|_______|_______|_______|_______|_______|______|
/----------------------------- Margem ou Janela terapêutica------------------------------/
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A referenciação mais comum das doses é em - mg/Kg. Existem contudo algumas


fórmulas em crianças e lactentes que utilizam outros dados
Na ausência de dose específica poder-se-á fazer uma aproximação com base na idade,
peso ou superfície corporal

Regra de Young - Válida até aos 12 anos:


= dose infantil = Idade da criança (anos) x dose média do adulto
idade +12
Regra de Clark:
dose de criança = Peso da criança (Kg) x dose média do adulto
70
Regra de Fried: (Para crianças com menos de 2 anos)
dose da criança = idade em meses x dose média do adulto
150
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O cálculo baseado na superfície corporal parece ser ainda o mais adequado


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Na prescrição da dose de medicamento a administrar devem ter-se em conta vários fatores

1 - Ligados ao próprio indivíduo


Idade - as crianças e os velhos são mais sensíveis do que o adulto à mesma dose.
Requerem por isso dose menor;
Peso corporal - os mais gordos atingem menos níveis plasmáticos com as mesmas
doses;
Sexo - o sexo feminino parece exigir doses em geral menores que o sexo masculino;
Gravidez /lactação - obriga a cuidados especiais na prescrição
Herança genética - o equipamento enzimático varia de indivíduo para indivíduo;
Factores psicológicos - a personalidade da pessoa interfere na resposta à droga. A
atitude e as expectativas podem interferir na adesão terapêutica – efeito placebo
Outras doenças/índice metabólico – algumas situações patológicas podem alterar o
grau de absorção, distribuição, metabolismo e excreção dos medicamentos.
2 - Ligados ao fármaco
Concentração, forma farmacêutica, via de administração, horário de administração, etc.
3 - Ligados à interacção medicamentosa
A utilização simultanea de vários medicamentos pode levar a interacções entre eles.
4 - Ligados ao ambiente
O ambiente e a atitude do enfermeiro que administra a medicação podem interferir nos
efeitos. A temperatura também pode afectar a resposta à droga.

Medidas “não graduadas” e que se utilizam com frequência para administrar


medicamentos

Colher de café - 2,5cc (ml)


Colher de chá - 5cc (ml)
Colher de sobremesa - 10cc (ml)
Colher de sopa - 15cc (ml)
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Abreviatura Significado Abreviatura Significado


- ad lib. - livremente (quanto desejar) - ml - mililitro
- cáps. - cápsulas - a.c. - antes das refeições
- cc - centímetros cúbicos - pc - depois das refeições
- comp. - comprimidos - per os - pela boca (via oral)
- id - ao dia (ex. 2id) - sol. - solução
- im -intra muscular - SOS - se necessário
- inj. - injectável - sc - subcutânea
-iv - intravenosa - susp. - suspensão
- mg - miligrama -U - unidade
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COMPARTICIPAÇÃO
O Estado português comparticipa no preço de alguns medicamentos nos vários
subsistemas e de acordo com escalões atribuídos em função do tipo de patologias e das
condições socioeconómicas dos utentes (regime especial de comparticipação).

O regime do preço dos medicamentos SRM e dos MNSRM bem como a comparticipação
do Estado no preço dos medicamentos têm sido alterados ao longo dos tempos em
função das políticas governamentais

O nível de comparticipação pode ainda ser especialmente graduado em função das


entidades que os prescrevem ou fornecem

A comparticipação é só para medicamentos prescritos em modelo de receita médica


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Escalões de comparticipação de medicamentos


A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos é fixada de acordo com os seguintes escalões:
a) O escalão A é de 90 % do preço de venda ao público dos medicamentos - Grupo 8 (Horm e med. trat.
doenças endócrinas); Grupo 15 (Medic afecções oculares); grupo 16 ( Med Antineoplásicos e
imunomoduladores).
b) O escalão B é de 69 % - grupo 1 grupo (Med anti-infeciosos); 2 grupo ( SNC); 3 Apar Cradiovascular)
c) O escalão C é de 37 % - Grupo 7 (Apar genitourinário); grupo 9 (Apar. Locomotor); grupo 10 (med
antialérgica)
d) O escalão D é de 15 % - novos medicamentos ou med em regime de comparticipação transitória)

Os escalões de comparticipação variam de acordo com as indicações terapêuticas do medicamento, a sua


utilização, as entidades que o prescrevem e ainda com o consumo acrescido para doentes que sofram de
determinadas patologias.

Para os pensionistas com baixo rendimento (< a 14 vezes o salário mínimo) o escalão A sobe 5% e o B, C e D
15%

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