Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISSN: 0104-7183
horizontes@ufrgs.br
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
Brasil
Lewandowski, Andressa
LATOUR, Bruno; LÉPINAY, Vincent Antonin. La economía, ciencia de los intereses
apasionados: introducción a la antropología económica de Gabriel Tarde. Buenos Aires:
Manantial, 2009. 128 p.
Horizontes Antropológicos, vol. 17, núm. 35, septiembre, 2011, pp. 393-399
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre, Brasil
Andressa Lewandowski
Universidade de Brasília* – Brasil
Mas isso quer dizer que cada coisa é uma sociedade e que todas as coisas são
sociedades. E é bastante notório que a ciência tenda, mediante uma sequência
lógica dos seus movimentos anteriores, a generalizar estranhamente a noção
de sociedade. Ela fala-nos de sociedades celulares, por que não de sociedades
atômicas? Isso para não falar das sociedades de estrelas, dos sistemas solares.
Todas as ciências parecem destinadas a tornarem-se ramos da sociologia. (Tarde,
1999, p. 58, tradução minha).
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 393-399, jan./jun. 2011
394 Andressa Lewandowski
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 393-399, jan./jun. 2011
La economía, ciencia de los intereses apasionados 395
dar conta de outros fenômenos sociais – o social poderia explicar o social – bem
como para fornecer um certo tipo de explicação daquilo que outras disciplinas
não conseguem dar conta – um apelo aos “fatores sociais” poderia explicar as
“dimensões sociais” de fenômenos não sociais.
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 393-399, jan./jun. 2011
396 Andressa Lewandowski
apenas os atos dos sujeitos que têm importância, mas toda uma rede de intera-
ções. Segundo Tarde o erro maior da economia é apenas levar em conta uma
preocupação com motivações exteriores.
Latour e Lépinay apontam que todas as interações e entrecruzamentos
tecem o mundo, e o transformam através de três etapas: repetição de uma
primeira diferença, oposição criada pela repetição (oposição seria uma contra
repetição, uma repetição inversa) e adaptação, que permite sair provisoria-
mente dessas oposições através de novas diferenciações. O fundamento do
mundo seria a imitação, uma mistura de repetição e invenção, duas forças que
mobilizam crenças e desejos.
O que está no centro da teoria de Tarde é a noção de inovação e uma se-
quência de invenções. As inovações são previamente repetidas e terminam por
combinar-se, ajustar-se se transformando. Nas palavras de Tarde:
1
Diferença e repetição são pontos-chave da argumentação tardiana, retomada no livro homônimo de
Gilles Deleuze (1968).
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 393-399, jan./jun. 2011
La economía, ciencia de los intereses apasionados 397
[…] a recuperação que esse autor faz da idéia “leibniziana” de “mônada” como
designadora do que constitui o mundo. Sua preocupação é o abismo que se ins-
taura entre sujeito e objeto, natureza e sociedade, sensível e inteligível, alma e
corpo após o advento da filosofia de René Descartes. Sua intenção é “restituir
a cada mônada sua própria potência de invenção e resistência”. Não tanto para
negar as oposições existentes (sujeito/objeto, natureza/cultura, capital/trabalho
etc.), mas para liberar suas potências e virtualidades. Dois importantes aspectos
quanto às mônadas “tardianas” dizem respeito ao fato de elas constituírem dife-
renças – existir, portanto, é diferir – e ao fato de sua ação referir-se ao sentir: agir
é modificar o modo de sentir junto. Compreende-se assim que o acontecimen-
to – ou seja, a criação e efetuação de mundos –, sob o prisma da monadologia
tardiana, significa uma ação sobre os afetos (crenças, desejos, vontades, inteli-
gências etc.). Se virmos a ação como criação e efetuação de mundos, a distinção
hierárquica entre fazer e dizer, entre produção material e ideologia, entre sujeito
e objeto, entre a coisa e o signo, não funciona mais.
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 393-399, jan./jun. 2011
398 Andressa Lewandowski
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 393-399, jan./jun. 2011
La economía, ciencia de los intereses apasionados 399
[…] entenderemos las relaciones que los hombres mantienen entre sí desde el
punto de vista de la propagación de sus necesidades semejantes, de sus trabajos
semejantes, de sus juicios semejantes acerca de la mayor o menor utilidad de
esos trabajos y de sus resultados, de sus transacciones semejantes. […] Con la
oposición económica, me propongo a comprender las relaciones de los hombres
desde punto de vista de la contradicción psicológica y desapercibida de sus ne-
cesidades y de sus juicios de utilidad, del conflicto más aparente de sus trabajos
mediante la competencia, las huelgas, las guerras comerciales. […] Con la de-
nominación adaptación económica se tratarán las relaciones que los hombres
mantienen entre si desde el punto de vista de la cooperación de sus antiguas
invenciones para la satisfacción de una necesidad nueva o para la mejor satis-
facción de una necesidad antigua […]. (p. 97, grifo do autor).
Referências
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 17, n. 35, p. 393-399, jan./jun. 2011