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Proposta de Redação

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos

construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-

argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema

“A desvalorização das ciências humanas no Brasil”, apresentando proposta de

intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de

forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

Ciências humanas para quê?

Tales de Mileto e Pitágoras são considerados os responsáveis por organizar e sistematizar

o conhecimento matemático na Grécia Antiga. O mais interessante é que esses dois

grandes pensadores eram na verdade, filósofos. Tales, foi considerado pelo próprio

Aristóteles o primeiro filósofo grego, cujo conhecimento adquirido por meio das trocas

comerciais com os povos da mesopotâmia foi fundamental no desenvolvimento da

geometria. Por sua vez, Pitágoras com base em seu entendimento abstrato e ao mesmo

tempo filosófico desenvolveu o seu famoso teorema, que afirma que a soma dos

quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Ainda na Grécia Antiga, Heródoto começou a registrar sistematicamente a história da sua

própria época. Ele assim inaugurava de forma organizada um dos principais ramos das

ciências humanas, a História. A palavra provém do grego e significa pesquisa, investigação.

O historiador é, portanto, um investigador das relações humanas e sociais através do

tempo e dos eventos por elas produzido. No contexto atual, muito se indaga sobre a

“utilidade” desse conhecimento para a nossa vida, mas sempre com a perspectiva de

fornecimento de soluções imediatas perante as mudanças cada vez mais efêmeras

produzidas pelo uso da tecnologia, quando na verdade o que esse campo do

conhecimento humano faz é fornecer as ferramentas necessárias para uma análise crítica

do mundo, das civilizações, etc.

Ao final do século XVIII, o alemão Alexander Von Humboldt ajudou a desenvolver as bases

para que hoje conhecemos como Geografia. Suas expedições pela América Central, do Sul

e Ásia central resultaram em estudos sobre a geologia e a climatologia dos lugares por
onde passou. Sem saber Humboldt contribuía para hoje tivéssemos um conhecimento tão

vasto sobre o comportamento dos elementos geográficos e principalmente da maneira

como eles se relacionam e impactam as nossas vidas. Para além de Humboldt, o

conhecimento geográfico nos permite compreender como o mundo está organizado nas

suas mais diversas dimensões, política, econômica, ambiental e social, bem como atuam os

atores que produzem o espaço geográfico e de como esses interagem entre si.

Não faz muito tempo que um ataque generalizado e sem embasamento foi iniciado em

relação ao ensino de ciências humanas na educação básica brasileira. A despeito de uma

pretensa necessidade de valorizar mais as “ciências exatas”, tão importante aos rankings

mundiais e do combate a “ideologização” manipuladora. O que na verdade está em jogo

nessa abordagem é uma interpretação equivocada da construção do conhecimento,

calcada em impressões superficiais e sem embasamento científico. Ao mesmo tempo há o

desconhecimento da construção do pensamento nas ciências humanas, que entre outros

métodos vale-se da dialética ou confrontação de perspectivas teóricas do mundo em seu

processo de desenvolvimento. Diante dos constantes ataques e da desvalorização das

ciências humanas, cabe a pergunta: o que seriamos sem elas?

Hoje em Dia. Disponível em: <https://www.hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/educa%C3%A7 %C3%A3o-

1.333457/ci%C3%AAncias-humanas-para-qu%C3%AA-1.801428>. Acesso em: 29 abr. 2021.

TEXTO II

'Ciências humanas são tão importantes quanto exatas e biológicas', diz professora

de Harvard

Sem os conhecimentos das ciências humanas "não é possível entender a sociedade", diz a

cientista política Danielle Allen, professora da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Em entrevista à BBC News Brasil, Allen disse ver como "um erro" o plano do governo

brasileiro de reduzir investimentos em faculdades de ciências humanas - como filosofia e

ciências sociais - e se concentrar, segundo um tuíte do presidente, Jair Bolsonaro, em

"áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e

medicina".

O presidente escreveu que "a função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte,

ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere

renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta".
Para Allen, que dirige o Centro de Ética Edmond J. Safra de Harvard, a capacidade de uma

sociedade de alcançar uma boa governança depende de ciências humanas como ciência

social e filosofia, "porque são estas disciplinas que fazem esse tipo de trabalho".

BBC News. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48070180>. Acesso em: 29 abr. 2021.

TEXTO III

Ciências humanas e sociais: redes sociais abordam desvalorização

Em setembro do ano passado, o site de notícias do Terra divulgou uma matéria sobre o

cancelamento dos cursos de ciências humanas no Japão. Segundo a notícia, o Ministro de

Educação do país enviou cartas a mais de 50 universidades pedindo que tomassem

medidas para a anulação dos cursos. A justificativa foi a afirmação de que o ambiente

acadêmico deveria “servir apenas áreas que contemplem as necessidades da sociedade”.

O setor que compreende o campo de atuação das ciências humanas entrou na lista dos

que têm menor probabilidade de garantia de emprego neste ano. A ManpowerGroup –

agência de emprego e de negócios – apresentou uma pesquisa sobre os índices mais

baixos de contratação em 2016. O setor de serviço apareceu entre as cinco áreas com a

menor oferta de trabalho.

Profissionais da área de ciências humanas e sociais que já atuaram em diferentes períodos

do mercado têm relatos semelhantes sobre as oportunidades que encontraram. Formada

há mais de 20 anos em Direito, Jornalismo e Letras, Maribel Felippe conta que apesar de

amar os cursos que escolheu, “a profissão não tem o mesmo glamour dos filmes. Se

trabalha muito e se ganha pouco”. Vinicius Colares, formado em Jornalismo há pouco mais

de seis meses, tem uma perspectiva parecida sobre a valorização do setor. “A área não é

exatamente desvalorizada, mas existe uma espécie de preconceito. O senso comum diz

que os cursos de exatas dão um retorno financeiro e profissional mais interessante”,

afirma.

Em Pauta. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/empauta/ciencias-humanas-e-sociais-redes-sociais-abordam-

desvalorizacao-e-trazem-diversao-online/>. Acesso em: 29 abr. 2021. (Adaptado).

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