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Purim vem da palavra persa não hebraica pur, que significa “sorteio”.

Foi o método usado por Haman, primeiro-ministro do rei Assuero da Pérsia , para escolher a data na qual ele pretendia
massacrar os judeus. É uma festa que comemora a salvação dos judeus persas do plano de Haman, para exterminá-los, no
antigo Império Aquemênida. O império persa do século IV AEC abrangia mais de 127 “cidades-Estados”, e todos os judeus
eram seus súditos desde a destruição do Templo de Salomão pelos babilônios e da dispersão do Reino de Judá. A Babilônia,
por sua vez, foi conquistada pela Pérsia. Quando o rei persa mandou executar sua esposa, por recusar-se a cumprir suas
ordens, ele organizou um desfile de beleza para encontrar uma nova rainha. Uma moça judia, Esther, foi a escolhida e
tornou-se a nova rainha.
Paralelo a isso, Haman foi nomeado primeiro-ministro do império. Mordechai, o líder dos judeus, e primo de Esther,
desafiou as ordens do rei e se recusou a inclinar-se perante Haman. Haman ficou ofendido e convenceu o rei a emitir um
decreto ordenando o extermínio de todos os judeus em 13 de Adar, data escolhida por um sorteio feito por Haman.
Mordechai reuniu todos os judeus, convencendo-os a se arrepender, jejuar e rezar a Deus. Enquanto isso, Esther pediu ao
rei e a Haman que fossem com ela a um banquete. Esther revelou ao rei sua identidade judaica. Haman foi enforcado,
Mordechai foi nomeado primeiro-ministro no lugar dele, e foi emitido um novo decreto, - concedendo aos judeus o direito
de se defenderem contra seus inimigos.
Purim é celebrado no dia seguinte à vitória dos judeus sobre os seus inimigos, que foi o dia escolhido, por Haman, para a
destruição de todos os judeus do Império Persa. A festa de Purim é caracterizada pela recitação pública do Livro de Ester
por duas vezes, distribuição de comida e dinheiro aos pobres, presentes e consumo de vinho durante refeição de celebração.
Outros costumes incluem o uso de máscaras e fantasias e comemoração pública. Assim como em todas as festas judaicas,
tem início no pôr-do-sol da véspera do dia do calendário comum. Em Israel, se parece bastante com o carnaval brasileiro.
Como parte da alegria desta festa, há o hábito de preparar a meguilah, cestas com presentes, e mandá-las a seus amigos e
vizinhos, e também de dar dinheiro aos pobres. O costume de vestir máscaras e fantasias desenvolveu-se na Idade Média,
aparentemente influenciado por carnavais locais. As crianças pequenas têm um especial interesse neste aspecto da festa e
podem ser vistas nas ruas vestindo suas fantasias. Uma tradicional comida de Purim são as oznei Haman, feita com massa
triangular, semelhante a orelhas, recheadas com sementes de papoulas e muitos outros tipos de recheios doces.
A Pérsia era o mais poderoso império do mundo. Também se vangloriava de ser a civilização mais avançada daqueles dias.
Por outro lado, o povo judeu naquela época estava em desespero. A Terra Santa e o Templo Sagrado estavam em ruínas. A
opinião geral era que Deus tinha abandonado Seu povo. Isso era apoiado por cálculos equivocados tentando mostrar que o
período de 70 anos de exílio profetizado pelos profetas estava no fim, porém a libertação não chegava.
Quando o chefe do império e da civilização mais poderosos do mundo organizou o festim real, convidando representantes
de todas as nações, entre eles os judeus, muitos judeus não puderam resistir à tentação. Não se desencorajaram com o fato
de que este banquete era para marcar o início de uma nova “era” de completa assimilação e foram iludidos pelo amigável
slogan de “nenhuma obrigação”. Assim, eles participaram da profanação dos vasos sagrados.
Simbolicamente, a profanação dos vasos sagrados do Templo Sagrado marcaram também a profanação da alma Divina que
forma o santuário de todo judeu ou judia. O propósito e missão dessa centelha Divina é iluminar o ambiente imediato da
pessoa e sua parcela no mundo em geral com a luz dos mais elevados ideais Divinos. Longe de cumprir a missão de sua
alma sobre essa terra, aqueles judeus fracos proporcionaram ajuda e conforto às forças da assimilação e das trevas. Ao
partilhar a “comida”, eles contaminaram tanto o próprio corpo quanto a própria alma.
Purim, portanto, nos lembra a não nos deixarmos levar pela centelha externa das civilizações e culturas estranhas, e não
sermos levados à assimilação pela noção de que isso parece não estar em conflito com nosso legado espiritual.
Somos um povo único. Temos preservado nossa unidade e singularidade apesar de estarmos dispersos pelo mundo, porque
preservamos nossas leis. Foi através dessa preservação que podemos contribuir melhor com o esclarecimento do mundo em
geral e trazer verdadeira felicidade para si mesmos, nosso povo e para a humanidade como um todo.
Essa é uma das máximas do judaismo, o Tikkun Olam, - reparação do mundo -, que é um conceito interpretado no Judaísmo
Ortodoxo como a perspectiva de superação de todas as formas de idolatria, e por outras denominações judaicas como uma
aspiração para se comportar e agir de forma construtiva e benéfica. É importante no judaísmo e frequentemente usada para
explicar o conceito judaico de justiça social.
Não é preciso procurar longe para encontrar os herdeiros modernos de Haman. Hoje, como antigamente, há maquinadores
perversos que procuram fazer dos judeus bodes-expiatórios e erradica-los da face da Terra. Cada vez que tentam destruir o
povo judeu, seus planos são frustrados. O exemplo mais claro foi a Guerra do Golfo, que terminou com vitória em Purim,
5751 (1991). E mais recentemente foi o projeto genocida posto em prática por terroristas palestinos, a “Nakba” do dia
07/10/2023 que, ao contrário de destruir, unificou uma sociedade que estava extremamente dividida.
O grande Haman da história mundial contemporânea é o governo iraniano, patrocinador do terrorismo mundial e que já
deixou bem claro sua intenção de eliminar Israel e os judeus. No entanto, esse Haman contemporâneo não é um problema
específico de Israel e dos judeus, como o foi na Antiguidade. Esse Haman é um problema mundial que precisa ser
interrompido urgente.
A história de Purim é diretamente relevante para o mundo contemporâneo. Ao celebrarmos Purim a cada ano, seus eventos
milagrosos são "lembrados e comemorados" em nossa vida. Durante toda a História presenciamos milagres. Apesar de
séculos e séculos de perseguição, sobrevivemos e prosperamos.

Sugestão de leitura

Link para acesso à Meguilah de Esther <https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1090135/jewish/Meguilat-Ester-


Inteira.htm>

Referências
BAR-ITZHAK, Haya. Encyclopedia of Jewish folklore and traditions, New York: M.E. Sharpe, Inc., 2013.
CHABAD. Chabad.org. O que é Purim? Disponível em: <
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1078681/jewish/Oque-Purim.htm>. Acesso em 13/01/2023.
FRANKEL, Ellen. The Encyclopedia of Jewish Symbols. New York: Rowman & Littlefield Publishers, Inc., 1992.
MORASHÁ. Uma dimensão mística do Purim. Disponível em: <http://www.morasha.com.br/purim/uma-
dimensaomistica-do-purim.html>. Acesso em 13/02/2022.
UNIDOS POR ISRAEL. Festa de Purim, um carnaval em Israel. Disponível em:
<https://unidosporisrael.com.br/festapurim-carnaval-israel/>. Acesso em 13/01/2023.

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