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AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR,

NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL

Josenilda Barreto de Moura*

MOURA, J.B. de Avaliação do programa de alimentação do trabalhador, no Estado de


Pernambuco, Brasil, Rev. Saúde públ., S. Paulo, 20:115-28, 1986.
RESUMO: Foi avaliado o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), no
que se refere a implantação, funcionamento e resultados em empresas, no Estado de
Pernambuco, Brasil. O universo pesquisado abrangeu um total de 130 empresas, sendo
85 inscritas no PAT entre 1977 e 1980 e 45 não inscritas. Neste grupo, a coleta de
dados limitou-se ao ano de 1980 e teve como finalidade o estabelecimento de parâmetros
para avaliar os indicadores de impacto do Programa. A análise dos cardápios sugere
que um reduzido percentual de empresas fornece refeições conforme as exigências
mínimas de energia e proteína estabelecidas pela Lei 6.321/76, isto é, um mínimo de
1.400 cal e NDpCal% superior a 6. O exame dos indicadores de impacto nas empresas
dos dois grupos sugere que o PAT não modificou o número de acidentes de trabalho,
condições de saúde e rotatividade dos trabalhadores; tendo apenas influído no
absenteísmo.

UNITERMOS: Programas de nutrição. Estudos de avaliação. Trabalhadores

INTRODUÇÃO

Estudos desenvolvidos em várias par- volvimento resultou numa crescente de-


tes do mundo2,3,4,12,13 têm comprovado a fasagem entre salário real e poder de
inter-relação da ingestão calórica e pro- compra11. Essa diminuição do poder
dutividade, evidenciando as implicações aquisitivo tem ressonâncias negativas no
de um suprimento alimentar inadequado estado de nutrição do indivíduo e, con-
às necessidades vitais sobre o rendimen- seqüentemente, no desenvolvimento na-
to do trabalho. A produtividade aumenta cional.
até o ponto em que a dieta é considerada Face a grande parcela da população
adequada (para a superfície corporal, ida- economicamente ativa do país não al-
de, sexo, clima, atividade e estado de saú- cançar o nível de renda mínimo, o Go-
de), não existindo evidências de que a verno Brasileiro tem procurado suple-
adição de nutrientes melhore a saúde ou mentar esta renda através de programas
a eficiência de quem já está adequada- de ação, como forma indireta de distri-
mente alimentado. buição de renda e incremento ao cresci-
Isto evidencia a importância da ali- mento e desenvolvimento econômico1.
mentação no equilíbrio orgânico, não Consoante esta diretriz política foi
apenas como fator para a manutenção criado, em 1972, o Instituto Nacional de
da saúde mas, do ponto de vista econô- Alimentação e Nutrição (INAN), cujo
mico, como condição para maior dispen- objetivo básico consiste em "promover e
dio de energia e, conseqüentemente, organizar atividades de assistência ali-
maior capacidade de trabalho. mentar e nutricional, a cargo do Gover-
No Brasil, o modelo econômico ado- no, prioritariamente dirigidas ao atendi-
tado em busca do crescimento e desen- mento de grupos vulneráveis da popula-

* Da Delegacia Regional de Trabalho em Pernambuco. Av. Guararapes. 253/506 - 50.000 - Recife, PE.
- Brasil.
ção brasileira, no campo de abrangência MATERIAL E MÉTODOS
das finalidades sociais que inspiraram a Dois conjuntos de empresas constituí-
sua instituição"5. Em 30 de março de ram o universo em estudo, para fins de
1973, foi aprovado o I Programa Nacio- análise denominadas grupo experimental
nal de Alimentação e Nutrição (I PRO- (empresas inscritas no PAT) e grupo con-
NAN); em 1976, suge o II PRONAN, o trole (empresas não inscritas no PAT).
qual estabeleceu a política alimentar e
nutricional do país para o período de O grupo experimental foi composto
pelo universo das empresas inscritas en-
1976 a 1979".
tre 1977 e 1980, em Pernambuco, tota-
Integrando a programação básica do lizando 85 unidades com 4, 3, 2 e 1
PRONAN, destaca-se o Programa de ano de participação no Programa.
Alimentação do Trabalhador (PAT), ins- A coleta dos dados, no grupo experi-
titucionalizado pela Lei 6.321, de 14 de mental, foi realizada a partir do ano an-
abril de 197610, e que tem por objetivo6 terior ao da implantação do Programa
proporcionar facilidades para a alimen- (considerado ano 0) na empresa; enquan-
tação de trabalhadores de baixa renda, to no grupo controle limitou-se ao ano
visando: de 1980, desde que tais informações ser-
• melhorar as condições de saúde do vissem apenas de parâmetro para avaliar
trabalhador; os indicadores de impacto do PAT, ao
término do período pesquisado, 1976 a
• aumentar a produtividade no traba- 1980.
lho;
• reduzir os índices de absenteísmo e Critérios para Classificar as Empresas
de acidentes de trabalho. Atividade econômica
O PAT preconiza que as despesas com GRUPO A: Indústrias tecnologica-
a alimentação sejam divididas entre o mente mais sofisticadas
trabalhador (20%), o Governo Federal GRUPO B: Indústrias mais intensivas
(48%) e a empresa (32%), cabendo ain- em mão-de-obra: Empresas que utilizam
da a esta última o investimento nos ser- tecnologias menos sofisticadas, exigindo,
viços10. conseqüentemente, maior esforço mus-
Decorridos quase dez anos da criação cular
do PAT, pareceu oportuna a realização GRUPO C: Atividades de comércio e
de estudo para verificar seu funcionamen- prestação de serviços
to e resultados obtidos nas empresas be-
neficiadas no Estado de Pernambuco, Tamanho
Brasil. O número de empregados foi conside-
O levantamento de informações sobre rado a variável-chave para a mensuração
a atuação do Programa possibilitou, atra- do tamanho da empresa. A opção por
vés dos critérios e indicadores propos- este critério baseou-se em sua aparente
tos, avaliar a situação à época, verifican- consistência, quando relacionadas
7
com
do até que ponto o PAT definiu adequa- dados de ordem econômica . Assim sen-
damente seus objetivos, os progressos al- do, foi definida como pequena a empre-
cançados e prováveis áreas de estrangu- sa com até 99 empregados; média, de
lamento. Possibilitou, também, sugerir às 100 a 499 servidores, e grande, aquela
autoridades competentes as modificações cujo efetivo ultrapassava 499 trabalha-
necessárias à reformulação do Programa, dores.
visando aumentar a receptividade por O grupo controle foi formado por 45
parte das empresas. empresas considerando-se, para sua com-
posição, os critérios anteriormente cita- 76 estabelece um aporte mínimo de 1.400
dos. A previsão para esta amostra foi calorias e NDpCal% superior a 610.
de 15 empresas de cada ramo de ativi- O conteúdo de calorias e proteína bru-
dade (A, B e C), distribuídas em 5 em- ta foi obtido através da Tabla de com-
presas pequenas, 5 médias e 5 grandes. posición de alimentos para uso en Ame-
Portanto, o universo pesquisado atingiu rica Latina"8, enquanto a proteína líqui-
um total de 130 empresas (72 situadas da foi determinada conforme orientação
no Município do Recife, 46 na Região do PAT, ou seja, utilizando-se os fatores
Metropolitana e 12 no interior do Esta- de correção: cereais — 0,5; leguminosas
do de Pernambuco). — 0,6; e produtos de origem animal —
0,7.
Produtividade O tratamento estatístico dos dados foi
Admite-se que o aumento da produ- realizado mediante o teste ANOVA, e
tividade, mencionada entre os objetivos dois outros testes, baseados respectiva-
do PAT, refere-se ao aumento da pro- mente nas distribuições F e t-Student 9 .
dutividade média da mão-de-obra, a qual Cabe salientar que a zona de rejeição
é decorrente da ação de vários fatores, foi de 5%, tanto para os testes unicau-
e para ser medida exige que todos os dais quanto para os bicaudais.
fatores que a influenciam se mantenham RESULTADOS E COMENTÁRIOS
constantes. Entretanto, esses fatores di- Distribuição das Empresas não Inscri-
ficilmente podem ser controlados, daí re- tas no PAT, Conforme Atividade Eco-
sultando a dificuldade de mensuração. nômica e Tamanho
Neste caso, só seria possível quantificar
a produtividade média da mão-de-obra Nas empresas do grupo controle a dis-
mediante o emprego de fórmulas econo- tribuição por atividade econômica A, B
métricas bastante sofisticadas, as quais e C foi de 31,11, 35,56 e 33,33%, res-
não foram aqui utilizadas por fugirem ao pectivamente (Tabela 1), bem próxima
escopo do trabalho. à distribuição do grupo experimental.
Diante disto, procurou-se avaliar o
comportamento da produtividade média
da mão-de-obra através de alguns indi-
cadores indiretos, como sejam: licenças
médicas, acidentes de trabalho, absenteís-
mo, rotatividade e conteúdo energético/
protéico das refeições.
Quantificou-se os trabalhadores por
faixa de salário-mínimo, visando deter-
minar o percentual de baixa renda bene-
ficiado pelo PAT.
Os serviços de alimentação foram di-
vididos em próprio e de terceiros, este
último com as modalidades comodato,
refeição pronta e refeição convênio.
Com relação ao conteúdo energético/
protéico, determinou-se o consumo "per
capita" de calorias e respectivo NDpCal%
do almoço servido nas empresas do gru-
po experimental; visto que a Lei 6.321/
Considerando-se o tamanho das em- da Diretoria (28,89%); desconhecimento
presas deste estrato amostral, 35,56% da Lei 6.321/76 (17,78%), principal-
eram pequenas, 42,22% médias e mente entre as pequenas empresas; in-
22,22% grandes (Tabela 1). Esta distri- centivo fiscal e lucro não condizentes com
buição afastou-se um pouco dos critérios o investimento financeiro (13,33%); e
previamente estabelecidos de amostragem residência dos empregados próxima à
proporcional, em razão da dificuldade em empresa (4,44%). É importante consta-
se obter empresas, principalmente de tar que a maioria dos entrevistados não
grande porte, nos três ramos de atividade soube informar os motivos da não par-
econômica pesquisados. ticipação de suas empresas no Progra-
ma (35,56%).
Determinantes da Inscrição e não Ins-
Merece realce o desconhecimento dos
crição das Empresas no PA T, Segundo
Atividade Econômica e Tamanho incentivos fiscais à alimentação do tra-
balhador, nas empresas de pequeno por-
As empresas beneficiadas pelo PAT, te (37,50%) e de atividade econômica
em Pernambuco, ingressaram no Progra- C (20,00%), sugerindo a necessidade de
ma motivadas, em primeiro lugar, pelo maior divulgação do PAT entre as mes-
incentivo fiscal (70,59%). Em segundo mas (Tabela 3).
plano, encontra-se o benefício social pro-
Indicadores de Impacto do PA T
porcionado ao empregado (12,94%), se-
guido da redução de atrasos e faltas — Licenças médicas, acidentes de tra-
(3,52%) e atendimento a solicitação go- balho, absenteísmo e rotatividade,
vernamental (2,36%). Excluindo-se o se- nas empresas inscritas no PAT con-
gundo fator determinante da inscrição forme o ano cronológico.
das empresas, constata-se que 76,47%
estão ligados a benefícios para a própria A análise dos dias de licenças médicas
empresa (Tabela 2). sugere que não houve elevação da inci-
dência ou prevalência de alguma doen-
Vale ressaltar que, dentre as 85 empre- ça entre 1976 e 1980. Por outro lado,
sas inscritas, 61 (71,77%) já ofereciam a instabilidade do número de acidentes
alimentação aos empregados antes da em relação aos anos de estudo não per-
inscrição no PAT, mostrando que os in- mite afirmativas incisivas sobre o assun-
centivos fiscais não favoreceram a cria- to. Com relação aos dias perdidos por
ção de serviços de alimentação para tra- acidentes de trabalho e rotatividade, ob-
balhadores. servou-se um declínio, embora incons-
Entre os motivos da não participação tante, enquanto o absenteísmo apresen-
de empresas no Programa foram apon- tou uma redução ano após ano, ao lon-
tados, em ordem decrescente: indecisão go do período pesquisado (Tabela 4).
Licenças Médicas, Acidentes de Tra- Registrou-se um decréscimo na rota-
balho, Absenteísmo e Rotatividade nas tividade por ano de incentivo, exceção
Empresas Inscritas no PAT, por Anos feita àquelas empresas com apenas um
de Incentivo ano de benefício. É possível que a Lei
6.708/79, que normatizou a correção se-
A média de dias de licença variou en- mestral dos salários, tenha provocado
tre 2,81 e 5,67 por trabalhador/ ano (Ta- maior impacto na rotatividade das em-
bela 5), o que parece refletir a precária presas com apenas um ano de benefício,
situação de saúde do trabalhador, com já que 50% das mesmas eram de pe-
evidente prejuízo econômico para o Es- queno porte (economicamente mais frá-
tado, pela conseqüente redução na pro- geis).
dutividade; acresce a isto, o dado imen-
surável constituído pela redução da re- Salário dos Trabalhadores Conforme o
sistência física do homem. Tamanho das Empresas
Os achados sobre os acidentes de tra- Enfocando a situação salarial confor-
balho sugerem, aparentemente, que o me o tamanho das empresas, observa-se
PAT provocou impacto sobre o número maior concentração de trabalhadores
de eventos e dias perdidos por trabalha- com renda até dois salários-mínimos, nas
dor, o que não acontece com os dias empresas incentivadas de pequeno
perdidos por acidente. Convém observar (60,51%) e médio porte (62,60%); en-
que o Programa não se propôs reduzir quanto, nas grandes empresas, apenas
este último indicador (gravidade do aci- 37,73% dos trabalhadores estão nesta
dente), para o que seriam necessárias me- faixa salarial (Tabela 6). O grupo das
didas de minimização de riscos. não incentivadas mostra a mesma tendên-
cia, isto é, maior percentual de empre-
Por outro lado, os anos de incentivo gados das pequenas (59,16) e médias
parecem ter influído no absenteísmo, vez (65,33) empresas percebendo até dois sa-
que estas taxas sofreram redução ao lon- lários-mínimos; nas de grande porte, ape-
go do período. nas 42,78% estão nesta faixa salarial.
Licenças Médicas, Acidentes de Trabalho, controle (2,51), tendo os resultados dos
Absenteísmo e Rotatividade em Empresas testes estatísticos reforçado a hipótese da
Inscritas e não Inscritas no PAT, em 1980 redução deste indicador entre as empre-
sas incentivadas.
Comparando-se os dias de licença mé-
dica por trabalhador/ano nos grupos ex- A análise da rotatividade das empre-
perimental e controle, verifica-se um me- sas dos grupos estudados revelou, em
nor número de ausências no grupo con- média, maior prevalência deste indicador
trole, exceção das empresas de grande entre as não inscritas no PAT. Entretan-
porte e de atividade econômica B (Tabe- to, os testes estatísticos aplicados favo-
la 7); contudo, os testes estatísticos apli- recem a hipótese de inexistir diferença
cados não confirmam a hipótese de exis- significativa entre as médias dos grupos
tir diferenças significativas entre as mé- experimental e controle.
dias das inscritas e não inscritas no PAT. Conteúdo Energético/Protéico das
Observando a média de dias perdidos Refeições
em acidentes por trabalhador/ano, per- Em todas as refeições analisadas —
cebe-se que a mesma foi inferior ao gru- contendo abaixo, igual ou acima de 1 .400
po experimental, ou seja, 0,75 contra 0,95 calorias — observa-se um NDpCal% na
no grupo controle; todavia, tal diferença faixa ou acima da recomendada. Cons-
mostrou-se insignificante aos testes esta- tatou-se que 48 empresas fornecem me-
tísticos. nos de 1.400 calorias e, dentre estas, 26
A média do absenteísmo no grupo ex- apresentam NDpCal% acima de 12 (Ta-
perimental (1,59) foi inferior à do grupo bela 8).
Com referência às empresas que for- ve redução do número de trabalhadores
necem refeições com mais de 1.400 ca- cujo desconto/refeição incidia na faixa
lorias (28), verifica-se que 16 delas apre-de 0,5% do salário-mínimo, e conse-
sentam NDpCal% superior a 12 e, con- qüente elevação na faixa de 0,5 a 0,7%,
seqüentemente, cardápio de elevado sendo de notar ainda que algumas empre-
custo. sas determinaram preço superior a 0,7%,
Considerando-se o efetivo de empre- anteriormente inexistente (Tabela 9).
sas cujos cardápios foram analisados (76 Contudo, é possível que este efeito seja
empresas), verificou-se que apenas 12 conseqüência da queda real do poder
(15,78%) atendem às normas de energia/ aquisitivo do salário-mínimo.
proteína, preconizadas pela Lei 6.321/76. Por outro lado, se nas empresas do
grupo experimental forem considerados
Distribuição do Preço das Refeições os dias perdidos por trabalhador por
Servidas aos Trabalhadores motivo de licença médica (3,85), aciden-
Antes da inscrição no PAT, das em- tes de trabalho (0,75) e absenteísmo
presas que forneciam alimentação (almo- (1,59), chegar-se-á a um total de 6,19
ço) aos seus empregados, em 1976, dias por trabalhador/ano; enquanto que
22,22% cobravam valores inferiores a no grupo controle esses indicadores tota-
0,3% do salário-mínimo da época; lizam 6,55 dias, levando à hipótese de
66,67% entre 0,3 e 0,5% e 11,11% en- que o Programa ainda não alcançou os
tre 0,5 e 0,7%. Parece que a inscrição seus objetivos. É possível que o não
das empresas no Programa contribuiu cumprimento das normas referentes ao
para elevar o custo das refeições forneci- conteúdo energético-protéico das refei-
das aos trabalhadores, uma vez que hou- ções esteja contribuindo para tal situação.

CONCLUSÕES dades cadastradas pela Federação


A análise dos resultados possibilita al- das Indústrias do Estado de Per-
gumas inferências: nambuco;
1. Atuação muito limitada do PAT, 2. Incentivo fiscal como principal mo-
abrangendo apenas 2,01% das uni- tivador da participação no Progra-
ma, seguindo-se o benefício social às de pequeno porte, pela sua expres-
para o empregado e a redução de são numérica e reduzida participa-
atrasos e faltas; ção no Programa, objetivando esten-
3. Indecisão da Diretoria e desconhe- der os benefícios ao maior número
cimento da Lei 6.321/76 como prin- possível de trabalhadores;
cipais razões para a não inscrição 2. Realizar planejamento direcionado a
das empresas no PAT; uma maior divulgação dos benefícios
4. Papel irrelevante dos incentivos fis- oriundos da implantação do Progra-
cais na criação de serviços de ali- ma, não somente os diretamente re-
mentação (menos de 1/3 das em- lacionados ao trabalhador (saúde e
presas beneficiadas iniciaram o for- produtividade), como os concernentes
necimento de refeições concomitan- aos interesses da empresa (alternati-
temente à sua inscrição no Progra- vas a nível de incentivo fiscal);
ma); 3. Estabelecer estratégias adequadas pa-
5. Não interferência da participação do ra implantação do Programa nas em-
Programa quanto ao indicador dias presas de comércio e prestação de
perdidos em acidentes/trabalhador/ serviços, paralelamente à análise do
ano; tipo de serviço de alimentação a ser
6. Redução no absenteísmo nas empre- adotado;
sas após a participação no Progra- 4. Desenvolver estudo epidemiológico
ma; sobre a saúde dos trabalhadores;
7. Nenhuma influência da participação 5. Intensificar as atividades dos Servi-
no PAT quanto à rotatividade nas ços Especializados de Segurança e
empresas; Medicina do Trabalho da Comissão
8. Maior percentual de trabalhadores Interna de Prevenção de Acidentes
percebendo até dois salários-míni- (CIPA) e das Comissões de Fábrica
mos, principalmente nas empresas de cada empresa, de modo a acom-
do grupo controle; panhar a modernização das máquinas,
9. Correlação PAT/melhoria de níveis métodos e equipamentos;
salariais; 6. Adotar tratamento diferenciado pa-
10. Atendimento às normas energético- ra as empresas que utilizam serviço
protéicas estabelecidas pelo Progra- de alimentação próprio, tornando efe-
ma de apenas 15,78% das refeições tivo o financiamento para instalação
analisadas; de cozinhas e refeitórios, por ser
aquela modalidade a que melhor
11 . Elevação do preço das refeições ao atende às exigências do Programa,
que tudo indica coincidente com a em relação às quotas energético-pro-
inscrição das empresas no PAT. téicas;
7. Intensificar as ações de supervisão dos
RECOMENDAÇÕES
serviços de alimentação, objetivando
Algumas ações possivelmente resulta- maior controle qualitativo e quantita-
riam numa mais eficiente e eficaz atua- tivo das refeições servidas aos tra-
ção do PAT, entre as quais: balhadores;
1. Aprofundar estudos no sentido de 8. Fixar a contrapartida do trabalhador
viabilizar estratégias que realmente em função do(s) salário(s)-mínimo(s)
motivem as empresas a se inscreverem percebido(s), ao invés do custo da
no PAT, direcionados especialmente refeição.
MOURA. J,B. de [An evaluation of the Meals Program for Workers in Pernambuco State
Brazil]. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 20:115-28, 1986.

ABSTRACT: The establishment, implementation and impact of the Meals Program


for Worlkers (MPW) were evaluated in a total of 130 industries in the state of Per-
nambuco (Northeast Brazil). Of these, 85 had been enrolled in the Program from 1977
to 1980 (experimental group) and 45 had not (control group). The reasons for the
implantation or not of the Program, as well as the health conditions, the industrial-
accident, absenteeism and turn-over rates among employees, were determined, taking
into consideration the economic activity and the size of the industries. In the expe-
rimental group the analysis was made from one year before the enrolment in the Pro-
gram and covered industries which had enjoyed the benefits of 1, 2, 3 or 4 years of fiscal
incentive. The data for the control group were collected in 1980 only and were used as a
parameter for the evaluation of the impact indicators of the Program. The analysis of the
menus suggests that a small number of industries were serving meals in accordance with
the minimal amounts of energy and protein recommended by the Law n.° 6.321/76,
that is, a minimum of 1,400 cal and NDPcal% higher than 6. The increase in the
price of the meal/employee was also determined for the same period of time. It has
been demonstrated that government incentives were the motivation for the industries'
participation in the Program and that a high percentage of these industries already
offered meals to their employees before the Program began. Ignorance of the Law
and the administrative indecision were among the reasons for the non-implementation
of the Program. A significant number of employees in both groups received less t h a n
two legal minimum salaries although the industries of the experimental group offered
higher wages to their employees. The analysis of the impact indicators in both groups
leads to the conclusion that the number of industrial accidents, health conditions and
turn-over rate among employees have remained unchanged, but absenteeism had been
reduced by the Program.

UNITERMS: N u t r i t i o n programs. E v a l u a t i o n Studies, W o r k e r s .

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