Você está na página 1de 60

Sumário

INTRODUÇÃO  7

A ENERGIA DA MATA  13

PEDINDO LICENÇA/PERMISSÃO
PARA ENTRAR NA MATA  21

O BANHO DE FLORESTA  29

A BÊNÇÃO DAS PLANTAS  35

PRÁTICAS CASEIRAS DE CONEXÃO


COM OS ELEMENTOS  39

POTENCIALIZANDO PRÁTICAS
COTIDIANAS  47
Olá!

Estou muito feliz por você ter se interessado pelo


e-book “Espiritualidade pela Natureza”, um guia com
práticas simples para se conectar com o sagrado atra-
vés dos elementos naturais. Primeiramente, gostaria
de me apresentar para você.
Meu nome é Arthur Rehder da Cunha Patuci. Pra-
tico o contato com a espiritualidade mais diretamen-
te desde o ano de 2012. Mas os primeiros contatos
ocorreram desde a infância, uma vez que minha famí-
lia sempre incentivou tal busca.
Apesar de ter nascido e crescido em um ambien-
te rural e cercado por muito verde, eu só fui enten-
der conscientemente as interações energéticas que
ocorrem com a natureza mais pra frente, ao começar
a me dedicar ao estudo do Xamanismo. Trata-se de
uma visão de mundo a partir dos saberes de diversos
povos originários e engloba variadas práticas com os
elementos da natureza.
Após vários cursos, muito estudo e diversos en-
contros com pessoas que compartilham dessa visão,
embarquei em algumas viagens pelo nosso continen-
te, a fim de visitar locais com energia e aprender (e
sentir) um pouco mais sobre essa forma ancestral de
ver o mundo.
Nesse e-book trago um pouquinho de cada uma
dessas fases, pois o mesmo é direcionado tanto para
quem está iniciando no mundo da espiritualidade, ao
mesmo tempo em que pode ser útil para aqueles que
já estão em alguma fase desse percurso.

Boa leitura!
“De uma coisa sabemos.
A terra não pertence ao homem:
é o homem que pertence à terra,
disso temos certeza.”

Chefe Seattle
INTRODUÇÃO
A natureza é harmoniosa. Tudo que existe na natu-
reza tende ao equilíbrio, e ela encontra em si mesma a
resposta para tudo. E a humanidade é parte integrante
desse sistema natural que cobre nosso planeta.
Como disse o Chefe Seattle, um ancião nativo da
tribo Duwamish, do noroeste dos Estados Unidos, o
homem pertence à natureza; não é a natureza que
pertence ao homem. No entanto, tal noção foi inver-
tida há um bom tempo, e a maioria das pessoas en-
xerga em si próprio um ser externo à natureza. Com a
humanidade sendo “nós”, e a natureza na posição de
“outro”, distinguindo-nos de todas as outras formas
de vida que coabitam o planeta Terra.

7
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Faça um teste: se te pedissem pra listar elementos


da natureza, em qual posição da lista você colocaria a
si mesmo, à humanidade? Aliás, será que você citaria
os seres humanos nessa lista?
Tal distanciamento foi se tornando cada vez mais
“normal”, uma vez que o ser humano passou a se con-

8
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

centrar nas cidades, eliminando a cada dia mais os res-


quícios da natureza do seu ambiente. A consequência
dessa separação não poderia ser outra que não a sua
própria desarmonia. É como remover uma engrena-
gem de uma máquina super complexa e esperar que
ela funcione bem por si só.
O resultado desse movimento pode ser observado
atualmente, tendo em vista nossa sociedade (princi-
palmente mais ocidental) cada vez mais fragilizada e
doente, sofrendo pra além dos males físicos. Pra mui-
tos, a única forma de combater os problemas é através
de remédios, que nada mais são que substâncias natu-
rais isoladas de sua fonte produtora.
Mas como a natureza tende a ser equilibrada, cada
vez que damos um passo em direção à reconexão com
ela, experienciamos um aumento na harmonia. Quan-
to mais integrados estivermos, mais íntegros seremos.
E com a integralidade vem a saúde, a paz, a prospe-
ridade... todas as qualidades observadas na natureza.
Assim, se adicionarmos em nosso cotidiano algu-
mas práticas que nos tornem mais ligados às energias
naturais, já podemos observar melhoras em nosso ser,
sejam elas em relação à nossa energia, estado de espí-

9
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

rito, saúde física, atitude, emoções etc. Prova disso é o


fato de que geralmente nos sentimos bem em um am-
biente natural, com uma bela paisagem, em contato
com elementos como água, plantas, pedras, animais,
sentindo a brisa do vento ou o calor do fogo... Mesmo
quando estamos lidando com alguma dificuldade em
nossa vida, esses ambientes nos propiciam esse bem
estar quase que instantaneamente.
Para as pessoas, entretanto, que não se sentem
confortáveis nesses ambientes naturais, é válido ten-
tar distinguir se é questão de preferência (prefiro es-
tar num ambiente diferente, mas não tenho problemas
com o contato com a natureza) ou se essa relação te
causa um incômodo significativo (por exemplo, estar
em um lugar aberto ser algo insuportável, ou ter pavor
de animais etc). Se você se enquadra no primeiro caso,
tudo bem... sabemos que o sagrado pode ser acessado
de diversas maneiras, e você com certeza encontrará
uma forma para isso. Mas se o seu caso se aproxima
mais da segunda hipótese, é possível que haja algum
trauma, algum conflito interno não resolvido que se ex-
presse criando uma barreira. Assim, uma forma de ini-
ciar um processo de reconciliação interior é através de

10
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

algumas práticas que envolvam a energia natural, mas


não de maneira drástica a ponto de ser um bloqueio ao
processo em si. Pra esses casos, as práticas que men-
cionarei aqui podem ser de grande valia também.

11
A ENERGIA DA MATA

Você já teve aquela sensação de entrar na casa de


alguém e parece que você sente a energia do lugar?
Por exemplo, entrou na casa de uma determinada pes-
soa e imediatamente sentiu a paz daquele ambiente.
Ou quando visitou um parente que vive de mal com a
vida parecia que a irritação estava no ar? Isso ocorre
porque tudo no universo tem um campo de energia ou
aura, inclusive os objetos inanimados. Os objetos aca-
bam ficando impregnados com a energia do seu dono,
e é através da percepção dessa energia que o nosso
corpo faz uma leitura sutil daquele ambiente.

13
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Ora, se até os objetos inanimados possuem um


campo de energia, que dirá dos seres vivos? Cada
planta, cada animal, cada pedra, cada elemento da na-
tureza possui um campo energético ou áurico.
Sugiro aqui mais um teste rápido: num dia bem
iluminado, deite-se próximo a uma árvore, de prefe-
rência contra o sol, e observe por alguns instantes o
contorno dela. Aos poucos, torna-se perceptível uma
linha margeando a copa do vegetal, como se fos-
se uma névoa. Algumas pessoas têm mais facilidade
para observar que outras, mas todos podem enxergar
com certo treino. Essa energia pode ser observada em
tudo, desde quando olhamos o céu azul e percebemos
inúmeras partículas se movendo de um lado ao outro
(cuja velocidade varia de acordo com a temperatura
do dia), até ao olhar por sobre uma pessoa próxima a
uma parede clara.
Mas vamos voltar às questões da percepção da
energia dos seres. Ao conversar com um monge bu-
dista já é possível sentir uma calma natural decorrente
dessa aproximação, mas se entrarmos num mosteiro
com centenas de monges, objetos energizados e o
campo energético do lugar, a sensação de paz será in-

14
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

descritível. A mesma lógica se aplica ao ambiente de


natureza. Uma região de mata ou floresta possui um
campo de energia correspondente à energia somada
de todos os seres daquele ambiente (na verdade, o
efeito total da energia é ainda maior do que a soma de
todos os seres daquele espaço, mas vamos considerar
a forma mais simplificada que já nos é suficiente).
Esse campo formado em um ambiente natural vi-
bra na energia da harmonia, pois esse é o estado na-
tural de tudo. Por esse motivo, o contato com a natu-
reza nos transmite uma calma, uma paz de espírito,
uma sensação boa de forma geral. Ao relembrarmos
que somos parte desse todo chamado natureza, fica
mais claro que a energia desses lugares tenda a nos
harmonizar.

15
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Seres mágicos da floresta:


Mesmo parecendo contos de fadas, é cada vez
mais comum ouvirmos relatos sobre os seres mágicos
que habitam as matas e florestas. Mais além do que
apenas locais com árvores, seres que existem em ní-
veis extra-físicos também populam as águas (rios, ma-
res, lagos...), o ar, a terra e o fogo.
São elementais, formas de vida que estão em um
nível consciencial-evolutivo entre os animais e os hu-
manos, que habitam os ambientes naturais, mas que
também estão presentes nos quatro elementos (fogo,
água, ar e terra), onde quer que estejam.
Com alguns desses seres nós já estamos muito
bem familiarizados, apesar da mente adulta encará-
-los como seres mitológicos que não existem. São os
sacis, duendes, gnomos (elementais do elemento ter-
ra), as sereias e iaras (elementais da água), fadas e sil-
fos (elementais do ar). No fogo, existe um elemental
conhecido como salamandra.
Há também seres de consciência mais elevada que
existem nesse meio. São os elfos, os devas, entre ou-

16
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

tros. Eles ajudam a cuidar do espaço natural e da har-


monia desses locais.
Para quem se interessar por esse assunto, há uma
literatura crescente sobre esse tema atualmente,
cuja leitura eu recomendo. Já para o propósito des-
se e-book, o intuito é que tenhamos consciência da
existência desses seres (mesmo que a maioria de nós
não os enxerguemos), e que eles são guardiões dos
ambientes naturais, dos elementos e de todos os or-
ganismos que residem nesses espaços.
Particularmente, o mundo elemental é uma das
áreas mais bonitas do universo energético, ainda que
pouca gente tenha contato com essas informações.

Cuidados:
Independentemente de acreditarmos nesses seres
ou não, alguns cuidados para entrar em regiões de na-
tureza são recomendáveis. Como dito, são locais de
energia em equilíbrio superior ao que encontramos
nas cidades, em lugares modificados pelo homem etc.

17
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Assim, ao entrarmos nessas áreas, faz-se necessá-


rio um respeito por esse espaço. Se nos comportarmos
de modo desrespeitoso, qualquer atitude que seja,
isso trará um impacto direto sobre nosso ser. Pode se
tratar de uma sensação ruim, um mal estar, uma dor
física... Algumas pessoas podem não perceber, mas
certamente algum efeito resultará desse desrespeito.
Conheço relatos de pessoas que ao proferirem pala-
vras desrespeitosas nesses espaços ficaram com do-
res físicas inexplicáveis por vários dias.
Portanto, alguns cuidados simples podem tornar
nosso passeio pela natureza mais proveitosos e gerar
maior bem estar. Resumirei em alguns tópicos os cui-
dados que recomendo:

ff não ser desrespeitoso com o lugar ou proferir


palavras com energias negativas de forma geral;
ff respeitar todos os seres que coexistem nesses
locais (plantinhas, árvores, insetos, animais e
até os seres extrafísicos);
ff cuidar do ambiente como um local sagrado que
ele é, não deixar lixo ou objetos estranhos;

18
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

ff evitar de remover elementos do local desne-


essária ou exageradamente, tais como pedras,
plantas etc;
ff pedir licença/permissão para entrar num espa-
ço que não te pertence.

Apesar de todos os pontos serem igualmente im-


portantes, esse último eu acredito ser útil tecer al-
gumas explicações mais aprofundadas, que farei em
seguida.

19
PEDINDO LICENÇA/
PERMISSÃO PARA ENTRAR
NA MATA

Para entrar num ambiente natural de forma mais


respeitosa com os seres que habitam ali não é neces-
sário nada muito cerimonioso. Só é necessário que,
assim que for caminhar pela natureza, a pessoa aquie-
te um pouco, saia do modo padrão e automático que
vivemos para estar presente naquele momento. As-
sim, colocamos a consciência no fato de que estamos
acessando um espaço sagrado natural, que é a casa de
milhões de seres visíveis e invisíveis e que, portanto,
devemos ter o respeito.

21
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Podemos pedir licença para a mãe natureza, para


qualquer elemento que nos venha à mente, para Deus,
para Pachamama (ou Gaia), para os elementais e devas
que cuidem do espaço... enfim, da forma que for mais
natural para você. Podemos expressar nossa intenção
pacífica de contemplar as belezas, sentir a harmonia do
ambiente e também de nos sentirmos mais integrados.
Vou relatar duas formas de pedir licença para en-
trar em espaços naturais com os quais tive contato e
aprendi a fazer com povos nativos, e termino com a
forma que eu sempre utilizei para solicitar permissão
da força da natureza para poder passar momentos
agradáveis nesses ambientes.

Okintu andino:
Apenas a título de curiosidade, relato aqui como os
povos andinos fazem para pedir à Pachamama autori-
zação para entrar em solo sagrado, ou seja, nos espa-
ços naturais. Eles se utilizam do kintu, uma mini ofe-
renda feita com 3 folhas de coca (podendo chegar a
5, dependendo da tradição), que são posicionadas em

22
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

forma de leque, colocadas à frente da testa, e sobre as


quais eles proferem suas intenções de caminhar em
harmonia com a natureza, seus pedidos de proteção
para não sofrerem acidentes ou ataques de animais,
para reforçar seu respeito a essas energias etc. Termi-
nam com 3 sopros nas folhas (como símbolo de que
esse sopro complemente as orações com as palavras
que eles não conseguiram expressar) e depositam as
folhas em algum lugar protegido naquele ambiente.

Bagé (a forma tupi-guarani):


Com os tupi-guarani, aprendi o bagé (não sei a gra-
fia correta, mas pronuncia-se “badjé”). Como bagé em
tupi significa feiticeiro, acredito que remonte a algum
“feitiço”, ou seja, uma prática mágica.
De forma simplificada, trata-se de pegar aleato-
riamente algumas folhas de diferentes plantas, amas-
sá-las na mão, fazer pedidos de proteção e respeito
à natureza e a Nhanderú (“nosso pai”, a forma de se
referir a divindade) ou Tupã (também uma forma de se
referir à divindade). Feito isso, jogam as folhas amas-

23
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

sadas sobre a cabeça, espalham algumas pelo corpo, e


até colocam algumas nas vestimentas. Segundo essa
sabedoria, tal procedimento também evita as picadas
de insetos.

A forma como eu faço:


A maneira que peço permissão pra entrar em um
local natural é bem simples. Ao chegar, escolho uma
planta e encosto minha mão em suas folhas (geral-
mente segurando uma folha com cuidado). Se não há
plantas por perto ou se preferir, pode abaixar e colo-
car a mão na terra. De olhos fechados, peço licença
aos protetores desse lugar, esclareço que meu obje-
tivo é de apreciar as belezas do local, com respeito e
harmonia, tentando ao máximo não interferir no ecos-
sistema e na vida dos seres que ali habitam, e honran-
do todo o trabalho de todos os seres que colaboraram
pra que aquela paisagem se tornasse o que é.
Como disse anteriormente, você pode dirigir tal
pedido a qualquer espécie de autoridade energéti-
ca que você reconheça naquele ambiente: pode ser

24
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Deus, pode ser a força dos elementos, ao reino ele-


mental, aos devas, à Mãe Terra, Pachamama, Gaia, ao
universo, aos guardiões do local etc.

Um breve comentário sobre retirar


elementos da natureza:
Para muitas tradições, cada elemento da nature-
za tem um papel fundamental, e uma razão de existir.
Disso denota que cada pedra, planta, pena, animal,
concha etc, está em determinado local por alguma
razão. Da mesma forma, a maioria das tradições re-
conhece os usos desses elementos para a cura, para
o uso humano, para a harmonização de ambientes,
entre outros. Portanto, é permitido você colher algo
desses ambientes se isso for necessário/útil pra al-
gum propósito positivo, desde que feito com respeito
e, mais importante, desde que haja autorização para
isso, de forma que o elemento retirado não represen-
te uma perda para o local ou cause um desequilíbrio.

25
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Assim, o ideal é que não saiamos recolhendo tudo


o que achamos bonito ou interessante, pois ele está
cumprindo um papel naquele ambiente. No entanto,
caso um elemento te desperte uma necessidade de
levá-lo consigo, sugiro uma simples prática:
ff além de usar a razão para avaliar se a retirada
desse elemento não danificará demais o local,
feche os olhos, pergunte a si mesmo o propó-
sito de levá-lo consigo, pergunte ao elemento
se ele aceita ir com você e mentalize a força do
local, percebendo se ela concorda ou não com
isso. Caso você seja sensível e perceba uma res-
posta, recomendo seguir o que te for respondi-
do. Se você não sente, preste atenção ao seu
corpo e como ele reage: se ele reage positiva ou
negativamente (mesmo que de forma mínima),
e terá sua resposta.
Seja honesto com o que sentiu e não tente induzir
uma resposta. Vá por mim.
(Se não quiser acreditar, procure no Google sobre
como o Havaí tem problemas com o número de turistas
que fazem de tudo para enviar de volta às ilhas os peda-
ços de lava de vulcão que levaram de lá)

26
O BANHO DE FLORESTA

O Japão é um país conhecido por sua sabedoria mi-


lenar e o foco na medicina preventiva. E foi lá que sur-
giu uma técnica chamada de shinrin-yoku que, numa
tradução livre, significa literalmente “banho de flo-
resta”. Tal técnica foi baseada na filosofia milenar de
contato com a natureza do país. Atualmente, algumas
florestas estão recebendo um selo de “floresta certifi-
cada para tratamento”.
A partir dessa prática, no entanto, universidades ja-
ponesas passaram a estudar cientificamente as reações
do corpo humano após esse tipo de atividade. Mais de
50 estudos diferentes foram realizados com centenas

29
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

de voluntários, e os cientistas japoneses chegaram a


conclusões interessantes a respeito do assunto.
Foi descoberto que o corpo reage positivamente a
contatos relativamente curtos com os ambientes na-
turais. Os benefícios em geral são a redução do stress
e da ansiedade, diminuição do ritmo cardíaco e da
pressão arterial, relaxamento muscular, redução dos
pensamentos recorrentes e reforço do sistema imuno-
lógico. Medições apontaram uma redução de 16% nos
níveis de stress, uma queda de 2% de pressão arte-
rial, de 4% na frequência cardíaca, um aumento de até
100% nas atividades do sistema nervoso parassimpá-
tico (que mede o nível de relaxamento do corpo).

30
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Além disso, um estudo da Faculdade de Medicina


do Japão demonstrou que os praticantes da atividade
do Banho de Floresta apresentam níveis mais eleva-
dos das células NK, criadas na medula e que comba-
tem infecções e tumores, inclusive o câncer.
A sabedoria tradicional aponta que qualquer con-
tato com a natureza é benéfico. No entanto, para
aqueles que querem aliar essa sabedoria com os es-
tudos científicos, os pesquisadores fizeram algumas
recomendações: procurar uma floresta centenária (ou
o mais próximo disso possível tendo em vista a maior
riqueza e variedade de elementos presentes nelas),
desligar celulares e outros aparelhos eletrônicos (evi-
tando até mesmo usá-los para tirar fotos), caminhar
sozinho e em silêncio, esvaziar a mente ao caminhar e
- um detalhe importante - caminhar sem rumo prede-
terminado (não trace um caminho, e sim deixe-se ser
levado pelos seus pés).
Para sentir tais benefícios não são necessárias ho-
ras e horas de caminhadas pela natureza. Basta um
pequeno passeio de tempos em tempos para sentir a
melhora. As pesquisas aqui relatadas se basearam em
“banhos de floresta” bem rápidos, compostos por 20

31
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

minutos de observação da paisagem natural, seguida


por uma caminhada livre de 20 minutos pela floresta,
e terminando com mais um período de observação de
20 minutos.
E o melhor de tudo é que os efeitos curativos des-
sa prática são duradouros. Um único “banho de flo-
resta” produz efeitos sobre o sistema imunológico de
uma pessoa por um período de até um mês. Mais um
exemplo da ciência começando a comprovar a sabe-
doria milenar ancestral.
O intuito desse trecho não é trazer como regra
essa prática, mas sim demonstrar que o contato com a
natureza, da forma que for possível e preferível, com-
provadamente faz bem à saúde.

32
A BÊNÇÃO DAS PLANTAS

O que tratarei aqui não é uma prática especifica-


mente, mas sim um convite para um novo olhar. Não
se faz necessário nenhum ritual elaborado, apenas se
permitir, uma permissão de ser abençoado pelas plan-
tas do seu dia a dia.
Por mais que você viva numa grande cidade, há
sempre uma planta ou uma árvore no seu caminho,
próxima a você. As vezes ela é um pontinho verde no
meio de um sem fim de cinzas. No entanto, naquele
ser tem a força da natureza. Uma energia harmoni-
zadora, equilibradora, curativa... E quase ninguém se

35
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

permite o contato com essa criatura divina e os bene-


fícios que um simples toque, um momento rápido de
conexão com ela pode nos proporcionar.
A maioria das pessoas se abaixa, desvia, troca de
calçada ao ver um galho de uma árvore mais baixo
ou um arbusto mais comprido na calçada, evitando
qualquer contato com esses vegetais. Ao se permitir
ser tocado por uma árvore ou uma planta menor, ela
transferirá para o seu corpo e/ou pro seu campo aque-
la energia que ela não tem a oportunidade de compar-
tilhar com quase ninguém. Todo o potencial curativo e
harmonizador da planta não está encontrando meios
de se realizar efetivamente, mas você pode se abrir
para aceitar através do contato.
Essa mudança de olhar propõe que você continue
sua vida normalmente, e quando perceber que algu-
ma árvore está no seu trajeto e que você esbarrará
em suas folhas, apenas siga em frente permitindo
esse encontro momentâneo. Esteja consciente desse
contato. E com isso permita que um pouco da energia
dela fique com você. Imagine que a folhagem passan-
do pela sua cabeça, ombros ou braços seja como al-
guém te abençoando diretamente.

36
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Após o contato, reconheça e agradeça por esse


momento, da forma que preferir. Se quiser, pode ape-
nas dizer “AHOW”, uma palavra ancestral de várias
nações nativas da América do Norte, que significa “eu
vejo você”, “eu honro você”, “eu te agradeço”, “eu te
respeito”.

37
PRÁTICAS CASEIRAS
DE CONEXÃO COM OS
ELEMENTOS

Na visão da maioria dos povos ancestrais, os 4 ele-


mentos da natureza (fogo, água, ar e terra) tem rela-
ção com os nossos corpos sutis – os corpos que temos
além do corpo físico. Dessa forma, quando você se co-
necta com algum elemento, você está harmonizando
algum (ou alguns) desses corpos, mesmo sem saber
que existem ou como isso ocorre.

39
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Uma visão tradicional que me contempla é a de 4


corpos: físico (terra), emocional (água), mental (fogo)
e espiritual (ar). Variações dessa forma ou visões que
contemplam mais corpos sutis não são motivos para
discussões, uma vez que o mais importante é a essência
dessa sabedoria e o cuidado para além apenas do físico.
Portanto, os exercícios de conexão com os elemen-
tos ajudam a harmonizar os corpos e, consequente-
mente, a saúde física, emocional, mental e espiritual.
Proponho algumas formas bem simples, e ressaltando
a liberdade para cada um fazer da forma que mais res-
soar, podendo adaptar, modificar... O que funcionar é
o que vale.

Conexão com a terra: caminhar


descalço
Geralmente andamos sempre com calçados de bor-
racha ou outros materiais que isolam nosso corpo ener-
geticamente da Terra, fazendo com que não troquemos
energia com o solo. Caminhar descalço sobre a grama,

40
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

sobre a terra ou sobre pedriscos é uma forma muito


simples porém super efetiva de se conectar com o ele-
mento terra. É uma prática que equilibra o seu campo,
e faz com que o excesso de energia acumulada no dia a
dia seja absorvida e transmutada pela terra.
Além disso, aproveite esse momento de contato
direto com o elemento terra para se sentir mais firme
em seus propósitos, para se sentir mais focado no aqui
e no agora, e para sentir a alegria e o prazer de estar
vivo. Recomendo especialmente para os momentos
em que a cabeça está confusa, cheia de pensamen-
tos, quando nos sentimos até perdidos e precisando
de mais aterramento.

Conexão com a água: um bom banho


Todo mundo toma banho (eu espero) diariamente
(ou quase). No entanto, quando você entra num bom
banho de chuveiro, banheira, cachoeira ou rio e foca
a atenção no elemento água, o status desse banho se
modifica. Ao reconhecer a água que cai sobre sua pele
como esse elemento tão poderoso, com tantas pro-

41
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

priedades físicas, químicas e energéticas, você permi-


te que ela aja com mais profundidade sobre o seu ser.
Comece reconhecendo que essa água que está es-
correndo por você é um elemento da natureza e, por-
tanto, sagrado. Reconhecendo que você também é em
grande parte água, e sinta esse contato como natural.
Por ser um elemento com uma forte ligação com o
corpo emocional, peça a ela que harmonize também
as suas emoções e sentimentos, tornando-os mais pu-
ros e leves. Por fim, agradeça a ela pelo favor que ela
está fazendo a você ao lavar e levar embora toda a
sujeira, física e energética, que você acumulou.

Conexão com o fogo: observar uma


chama
O fogo é um elemento com um poder de atração
incrível. Sempre que várias pessoas estão próximas a
uma vela ou a uma fogueira, é inevitável que todos
passem a maior parte do tempo mirando o fogo. As
propriedades desse elemento são inúmeras, mas de

42
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

forma bem simplificada, ele tem a energia da trans-


mutação e dos inícios e términos de ciclos.
Quando puder ter um tempo em silêncio, acen-
da uma vela (se puder uma fogueira, melhor ainda),
e fique olhando para o fogo. Simples assim, podero-
so assim. Sinta o calor dele e honre a presença desse
elemento. Provavelmente você experimentará uma
clareza maior em seus pensamentos, sentirá que seu
foco está com maior acuidade, e talvez tenha ideias
de como começar novos processos ou encerrar pro-
cessos antigos.

Conexão com o elemento ar:


O elemento ar para os antigos representa o conta-
to com o espiritual. Fazer uma prece, orar, falar com o
sagrado, tudo envolve o elemento ar. Para os nativos,
tal conexão se dava através da fumaça do cachimbo,
e a resposta de uma oração podia ser ouvida através
do vento. Assim como mencionado na parte sobre o
kintu, soprar após uma oração é uma forma de com-
plementá-la. Cantar também é uma ferramenta uni-

43
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

versal para se conectar com o divino. Ou fazer uma


boa meditação focando na respiração também tem
esse potencial.
Sugiro, ao fazer qualquer prática com tal elemento,
estar consciente de que o ar sempre esteve e sempre
estará no nosso planeta. Esse ar pode ter estado pre-
sente num sermão de Jesus, ou numa meditação de
Buda, ou no alto de uma cordilheira, ou num conselho
tribal ao redor da fogueira... E ele carrega em si frag-
mentos de energia desses momentos, que podem ser
acessados por você. Respire profundamente e absor-
va toda a sabedoria que esse elemento nos traz, bem
como a paz que ele carrega em uma brisa suave. Por
fim, pode terminar agradecendo e honrando o papel
que ele tem na purificação do nosso sistema respira-
tório, bem como às plantas e árvores que são partes
importantes nesse processo.

44
POTENCIALIZANDO
PRÁTICAS COTIDIANAS

Cozinhar:
O ato diário de cozinhar envolve vários elementos
da natureza. O fogo que fornece o calor pro alimento,
a água que colocamos na panela, o elemento terra pre-
sente nos vegetais da comida... Sempre que notarmos
a presença de um elemento em alguma atividade que
estamos fazendo, já estamos fortalecendo-o. Quando
solicitamos seu poder curativo em qualquer desses mo-

47
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

mentos, transformamos essa atividade em uma medici-


na (algo que nos faz bem, com um propósito).
Ao cozinharmos, podemos solicitar ao fogo o seu
poder curativo, sua capacidade de transformação, pe-
dindo que ele ressalte as energias saudáveis do alimen-
to e transmute as energias um pouco mais tóxicas... Já
à água adicionada na panela podemos pedir que ela
conserve as propriedades nutritivas daquele preparo
da melhor forma possível, que ela carregue pelo nos-
so corpo os nutrientes para os destinos ideais... Para
os alimentos em si (elemento terra), podemos prestar
nosso agradecimento pelo fato de ele servir para nos
energizar, honrando seu propósito e seu papel no ci-
clo da vida... Quando focamos nossa atenção nesses
aspectos dos elementos, damos permissão para que
suas propriedades sejam mais efetivas, e para que os
alimentos sirvam não apenas para saciar a fome, mas
para que sejam medicina.

48
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Incensos:
Hoje em dia os incensos já estão no cotidiano de
muitas pessoas, e se você se interessou em ler esse
livro até aqui, provavelmente você também já acen-
deu algum incenso. Apesar de talvez ser mais óbvia a
questão dos elementos neste caso, e de que muitas
vezes acendemos os incensos conectando com algum
propósito, alguns detalhes podem aumentar o efeito
do incenso e da prática que talvez você realize duran-
te a queima do mesmo.
Um incenso, na grande maioria dos casos, já possui
naturalmente a presença de três dos quatro elemen-
tos: o fogo presente no acendedor e na brasa que o
consome; o ar, presente na fumaça que ele propicia;
a terra, presente na erva que deu origem àquele in-
censo. Se combinarmos algo do elemento água a esse
ciclo, teremos a força dos quatro elementos atuando
juntos, tornando seu potencial ainda maior. Essa é
a razão pela qual algumas tribos utilizavam conchas
como recipientes para a queima de incensos, de forma
a introduzir o elemento água nesse processo. O aba-

49
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

lone é uma das conchas mais utilizadas, cumprindo a


função de “incensário”.
Vale aqui também a conexão do seu pensamento e
a honra a cada um dos elementos presentes, também
aumentando a atuação do incenso, quer seja para lim-
peza de ambientes ou pessoas, quer seja para auxi-
liar na meditação. Independentemente do propósito,
tendo os quatro elementos participando do proces-
so e honrando-os (reconhecendo sua importância e
agradecendo-os), qualquer que seja o elemento mais
propício para auxiliar naquela atividade estará poten-
cializado.

Colhendo plantas:
Talvez alguém já tenha te dito sobre esse próximo
cuidado ao colher uma planta, ou até mesmo você te-
nha tido alguma intuição a esse respeito. Uma vez que
é possível intencionar um pensamento aos demais se-
res vivos e aos elementos da natureza, e como esta-
mos reaprendendo a respeitá-los e honrá-los (tendo
em vista que nossos ancestrais já sabiam disso por

50
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

muitos anos), podemos concluir quem realizar os mes-


mos passos dos exercícios anteriores pode funcionar
para colher folhas de uma erva para um chá ou para
um banho, ou ao retirar da terra raízes para o con-
sumo etc. Ou seja, podemos pedir para que aquela
planta potencialize o processo em que utilizaremos
ela ou parte dela, se fizermos com honra e respeito.
Ao colher, agradecemos pela doação que está sendo
feita, reconhecendo sua importância para nossa exis-
tência e bem estar. Com isso, já vimos que estaremos
aumentando sua energia e o benefício que ela já nos
proporciona.
No entanto, gostaria de sugerir uma prática ainda
mais harmoniosa. Mas antes, preciso voltar a falar so-
bre o campo energético ou aura das plantas. Há um
famoso processo reproduzido por alguns estudiosos
chamado “folha fantasma”, em que se mede a energia
da planta, corta-se um pedaço de uma folha, e após
mede-se novamente o campo energético daquela fo-
lha. Como resultado, ocorre que após o corte, a aura
da planta continua englobando aquele pedaço corta-
do, conforme mostrado na figura a seguir:

51
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Porém, Barbara Ann Brennan, em seu livro Mãos de


Luz, citando o mesmo fenômeno da “folha fantasma”,
tem uma percepção diferente. Ao cortar a folha (pri-
meira folha do desenho abaixo), ela cita uma mudança
na energia da planta, tornando-se mais retraída num
primeiro momento (segunda folha). Ao perceber isso,
ela se desculpa com a planta pela sua atitude, e após
isso nota um retorno da energia, em alguns minutos,
sobre a parte que foi cortada (terceira folha), mas não
de forma tão definida como no exemplo anterior:

52
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Imagem do livro Mãos de Luz, de Barbara Ann Brennan

Tendo em vista tais considerações, uma forma mais


harmoniosa que proponho é, alguns minutos antes de
colher a planta, dirigir-se até ela, explicar mentalmente
o seu propósito e o quanto você precisa dela (inclusi-
ve quantas folhas, galhos ou quais frutos serão neces-
sários), e depois de uns cinco minutos você volte para
apanhá-los. Assim, nesse intervalo, a planta tem a opor-
tunidade de recolher sua energia das áreas que serão
colhidas, para que ela não seja danificada energetica-
mente pela ação. Além de ser uma forma de você hon-
rar e respeitar esse ser vegetal, isso possibilita que ela
retenha as energias necessárias para sua recomposição
e potencialize as energias que lhe serão benéficas.

53
Espiritualidade pela Natureza
Arthur Rehder da Cunha Patuci

Retribuindo a gentileza:
Após ter feito essas e outras práticas que você já
conhece, sempre é válido retribuir a natureza pelo que
lhe foi oferecido. Quando você colhe algo, é aconselhá-
vel que seja exatamente a quantidade necessária. Caso,
por algum descuido, foi colhido um volume excedente,
devolva o que não foi utilizado para a terra, replantando
se for possível. Folhas utilizadas em chás, banhos, tem-
peros não precisam ir pro lixo. Se você as destinar para
um vaso ou algum lugar com um pouco de terra, elas
se tornarão matéria orgânica e voltarão ao ciclo natural.
Além disso, uma forma mais geral de retribuir
a gentileza com que a natureza nos trata é, sempre
que estiver em ambiente natural, recolher os lixos e
detritos que encontrar pelo caminho (principalmente
se não forem seus). Não estou dizendo que é preciso
recolher tudo o que já foi deixado. Mas uma sacoli-
nha vazia e um pouco de boa vontade bastam. Isso faz
com que os seres que habitam esses locais enxerguem
com bons olhos a sua presença, e possivelmente co-
laborem para que você passe momento agradáveis e
tenha ótimos benefícios decorrentes desse tempo.

54
FONTES
A maior parte do que foi colocado neste peque-
no livro são provenientes de estudos espiritualistas,
compartilhados por vários professores, mestres, cole-
gas de jornada. A todos eles, deixo aqui meu respeito
e agradecimento.
Este livro foi escrito a partir de uma cosmovisão
xamânica de vários povos ancestrais, os quais eu hon-
ro profundamente e dedico a maior parte do meu
tempo para manter vivas suas tradições.
Caso você se interesse mais por essa energia an-
cestral, deixo aqui abaixo as minhas redes sociais, nas
quais os assuntos abordados nesse livro são o foco,
principalmente sob um olhar a partir da visão nativa
do mundo.

Ahow!

57
Site: www.ahow.com.br
Facebook: www.facebook.com/ahowbr
Instagram: www.instagram.com/arthurrehder

Você também pode gostar