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Nubor Orlando Facure

> O cérebro e a mediunidade

Devo esclarecer que vou abordar a mediunidade meio na contra mão do que vocês
ouviram até agora.

Nosso amigo e veterano nas palestras aqui em Juiz de Fora, Dr. Jorge Andréa, abordou
conceitos e generalidades “navegando” pelo plano espiritual para nos colocar uma
interpretação muito doce sobre a mediunidade. Sou obrigado agora a aterrissar no
cérebro. Vou tentar equacionar as suas vias, as suas conexões, sem que isso se torne
enfadonho, difícil e árduo para quem não é especialista na área de neurologia. Posso
lhes dizer que com o mesmo encantamento que o Dr. Andréa identificou e desenhou
para nós o Espírito, sou um apaixonado pelo cérebro e creio que posso traduzir uma
mensagem para que vocês também se enamorem de toda esta riqueza de gestos, de
significados e de expressões que esse aparelho, aqui dentro da nossa caixa craniana, nos
permite realizar, vivenciando a realidade do mundo físico, no plano dos encarnados,
onde nós estamos inseridos.

Quero destacar que "a mediunidade é um fenômeno que se processa através do


cérebro do médium". Nós podemos ler esta frase no Livro dos Médiuns, pelo menos
cinco ou seis vezes.

Dentro desta perspectiva eu imagino que não podemos fazer qualquer outra
interpretação. Temos que identificar no cérebro do médium como é que se processa o
fenômeno mediúnico.

Para iniciar nosso estudo e principalmente por uma questão pedagógica, precisamos nos
situar dentro do propósito da aula, expondo, para nossa identificação, os principais
pilares que sustentam a expressão da mediunidade ou seja, o que é, a mediunidade.
Depois, ao entrarmos no capítulo específico da neurofisiologia, poderemos
correlacionar a fisiologia do cérebro que aprendemos, com aquilo que nós todos
aceitamos como sendo fenômeno mediúnico.

Histórico

A História da humanidade, quando estudada nos livros sagrados das mais variadas
civilizações, é muito rica de demonstrações da ocorrência de comunicação entre o plano
espiritual e o homem encarnado. Em todos os povos, estas histórias que estão aí
registradas, podem ser, eventualmente, recapituladas, demonstrando que nunca
estivemos sozinhos ou desamparados pela espiritualidade.

Entretanto, foi só após os estudos de Allan Kardec, o “Codificador do Espiritismo”, que


tivemos um texto definitivo que nos permitiu compreender o mecanismo envolvido
neste processo de comunicação entre os dois mundos. Ele foi de uma competência
inigualável para equacionar os aspectos fundamentais do fenômeno mediúnico de
maneira extremamente didática. Seu trabalho revela-se compreensível para os diversos
níveis da nossa escolaridade, para que todos pudéssemos, de alguma maneira, lidar com
esta fronteira entre o mundo físico e o mundo espiritual.

No Livro dos Médiuns, temos as principais definições da mediunidade confirmando o


quanto Kardec foi didático e apropriado na linguagem que usou no século passado e
que, para mim, permanece muito adequada até hoje.

Observando a metodologia de investigação da mediunidade, adotada por Kardec, vamos


encontrar, no próprio texto do Livro dos Médiuns, os fundamentos básicos que estão
envolvidos no processo mediúnico. Antes de mais nada, a mediunidade é vista ali como
um processo de comunicação entre um plano e o outro. Poderíamos dizer, entre uma
dimensão e a outra, ou, como repeti ao Dr. Andréa anteontem: com os estudos da
moderna física, estou preferindo usar a expressão “entre uma realidade e a outra”, uma
“realidade” do mundo físico e a outra do mundo espiritual.

O fenômeno mediúnico

O fenômeno mediúnico é um processo de comunicação que atravessa a fronteira que


delimita estas duas realidades, estas duas dimensões. Participam desse processo, uma
determinada “aparelhagem”, que inclui o corpo físico do médium, o Espírito
comunicante e o perispírito de ambos.

O Perispírito

O corpo espiritual ou perispírito, processa a comunicação entre um plano e o outro mas,


é o cérebro do médium quem vai nos dar o texto final da linguagem usada nesta
comunicação.

Assim como nós precisamos de um determinado programa para a acessar as


informações da internet, que daqui navega por todo o mundo, a partir do que é filmado
nesta sala, nós precisamos de um outro corpo que nos permita acessar aquelas
informações que estão numa outra realidade, num outro plano, numa outra dimensão.

Esse corpo espiritual, a que eu me referia, tem propriedades que transitam de um plano
ao outro, de uma dimensão a outra.

As ligações do corpo espiritual com o corpo físico não estão permanentemente estáveis,
rígidas, aprisionadas, células por células ou átomo por átomo. De alguma maneira, nós
estamos sabendo que a nossa mente participa continuamente deste processo de
interação.

Em determinados momentos, o conjunto de elementos estruturais do corpo físico, estão


mais assentados sobre o corpo espiritual ou vice-versa e, em outras situações, há um
distanciamento, um deslocamento, uma separação tênue entre um campo de força do
corpo físico e do corpo espiritual.
Quero reforçar para vocês os aspectos, que eu diria, do nível atômico desta ligação entre
estes dois corpos. Ora este contato é mais forte, ora mais tênue, preso apenas por um
feixe brilhante, o que permite distanciar um corpo do outro.

Desdobramentos da Alma

Vocês mesmos podem perceber a flutuação da nossa consciência se pedirmos, a cada


um, anotar como está a sua concentração aqui do nosso ambiente, informando se está
sintonizado na nossa aula continuamente ou se as vezes se distraem com alguma coisa.

Com um exercício de meditação poderemos nos deslocar espiritualmente para as


dimensões mais próximas dos planos espirituais. Vamos procurar excluir todas as
nossas preocupações aí de fora. Vamos centralizar o nosso pensamento nos propósitos
mais nobres, dentro deste ambiente tão agradável, como o que foi criado hoje cedo.
Vamos evitar que ruídos perturbem nossa sintonia psíquica. Apaguem as perturbações
que estão lá do lado de fora, os atritos com familiares ou pessoas que nos incomodam.
Vamos realizar um momento de paz, de concentração, de tranqüilidade aqui entre nós e,
daqui a pouco cada um vai perceber, por si mesmo, aquela nítida sensação de leveza, de
bem estar interior, de sintonia com propósitos mais nobres. Esta “viajem” é
extremamente comum para que cultiva o hábito da oração. Por outro lado, a presença de
determinadas pessoas nos põe de sobressalto pela hostilidade com que a sua aparência
ou a sua aproximação nos provocam. Diante deles, exatamente como um animal acuado,
a gente se “recolhe” no corpo físico, num mecanismo de defesa. É a viajem inversa na
qual o corpo de carne nos serve de refúgio.

O momento mais importante do desdobramento do perispírito ocorre quando nós


estamos dormindo. Gradativamente, ao iniciar o sono, vamos nos desligando, ponto por
ponto dessa ligação e projetando o nosso corpo espiritual para um outro ambiente.

Nesta situação, estamos informado que o corpo espiritual, pode se desdobrar, quase que
por inteiro, e fazer o que podemos chamar de “navegação” pelos planos espirituais. Esta
“navegação astral” nos permite deslocar, atraídos para aqueles ambientes nos quais nós
estamos, de alguma maneira, aprisionados pela sintonia dos nossos propósitos. O
conteúdo dos nossos pensamentos irá contatar os espíritos que nos vão fazer companhia.

Qualquer um de nós, aqui presente, sabe que os tarefeiros da "Casa do Caminho",


mesmo tendo ido para casa dormir, estiveram “espiritualmente” aqui, de novo, tentando
reorganizar o ambiente, para as próximas reuniões, Eles estão de tal maneira
aprisionados, psiquicamente, a este contato com a Dª Isabel, que a noite, retornam a esta
psicosfera da "Casa do Caminho", que os atrai, provocando o deslocamento das suas
casas de volta para esse ambiente.

O corpo espiritual nos permite desfrutar deste processo de navegação, em que nos
deslocamos, conforme a sintonia de nossos propósitos.

O Fluido cósmico
Um outro elemento, ligado ao fenômeno mediúnico são os fluidos. Vocês podem
perceber que, aos poucos estou acrescentando informações para nós montarmos o
quebra-cabeça da mediunidade por inteiro.

Qualquer objeto material, assim como cada átomo, cada elemento que nós
identificarmos na nossa dimensão física, está mergulhado numa substancia fluídica. É
chamado de fluido cósmico universal na sua expressão mais genérica. Ele se condensa e
forma o nosso perispírito, quando encarnado nesse planeta e se modifica, quando daqui
nos deslocamos para uma outra esfera, de outras populações. Todo o Universo é
preenchido por este fluido e toda matéria se origina dele.

Gosto de ressaltar isso porque é inédito em todas as outras ciências o que o Espiritismo
fala sobre o fluido cósmico universal. Na minha opinião, a fisiologia deste fluido vai
constituir uma Teoria futura para explicação de todos os fenômenos que nós
observamos, tanto na área física, quanto na área espiritual. As atuais Teorias da física,
baseadas na existência exclusivamente da matéria que conhecemos, deverão ser
superadas pela Teoria do Fluido cósmico.

É oportuno que nós, espíritas, nos detenhamos no estudo das propriedades deste
chamado fluido cósmico universal, antes que os físicos, que estão estudando e
especulando nesse campo, não comecem a falar em massa quântica ou matéria
psiquântica e, daqui a pouco, nós espíritas ficaremos para trás.

Sempre que vem um físico fazer alguma proposta para nós, eu fico receoso: vai ver que
ele já descobriu isso e vai achar que foi ele que inventou. Tenho reforçado
sistematicamente que Allan Kardec já nos ensinou no Livro dos Espíritos, que há um
fluido, no qual nós todos estamos mergulhados. Os filósofos da antiga Grécia já falavam
deste fluido, mas, a doutrina espírita nos confirma e revela algumas de suas
propriedades. É exatamente este fluido, que constitui o meio de transporte do nosso
pensamento e, por conseqüência, de toda a comunicação mediúnica.

Quando um Espírito se comunica com outro, seus pensamentos mergulham nas


“ondulações” e “corpúsculos” do fluido cósmico universal.

A expressão mais adequada que para mim define o fluido universal é a de André Luiz,
quando o definiu como sendo o "Hálito de Deus". Não tem coisa mais graciosa da gente
entender, exatamente, o que é isto, porque na Gênese consta que Deus pegou o barro da
terra, fez o homem e soprou em suas narinas para que ele vivesse. É esse sopro de Deus,
que habita todo o Universo, o hálito divino, cósmico, no qual nós estamos mergulhados.
Este fluido vai participar, obviamente, de todo o processo mediúnico, conforme vocês
vão acompanhar comigo.

Os mentores espirituais

Vamos agora à outro domínio do campo mediúnico. O processo de comunicação que se


faz de um plano para o outro é acessorado por uma equipe que está no plano espiritual.
Nós sempre estamos destacando a existência dos mentores nas reuniões espíritas. Eles
são os nossos orientadores, são apoiadores, são protetores, são os missionários que nos
auxiliam. Nós nunca poderíamos caminhar sozinhos no exercício da mediunidade.
Imaginem comigo uma situação médica comum. Estamos aqui, com o nosso
queridíssimo Dr. Didier. De repente, hoje, já são quatro horas da tarde, e ele é chamado
para fazer um parto. Jamais ele irá sozinho apoiar uma criança que vai nascer, sair do
meio líquido, ali, dentro da cavidade uterina da mãe e se projetar para esse meio gasoso,
aéreo, onde nós estamos. Há toda uma equipe de apoio no hospital onde ele trabalha.

Quando ocorre o processo mediúnico, como a gente vê nos trabalhos da casa espírita,
nós precisamos sempre do auxílio desses orientadores.

Precisamos agradecer esta proteção, este carinho, esta tolerância incansável que eles
demonstram com a nossa invigilância. Eles estão participando caridosamente com o
nosso crescimento espiritual. O comando, a ordem, o controle, do fenômeno mediúnico
é sempre exercido por eles.

Intercorrências com a mediunidade

Podemos ler no Livro dos Médiuns que a mediunidade é um dom, uma aptidão, é uma
predisposição orgânica especial. Pode ocorrer, também, que um determinado indivíduo
deixe de produzir o fenômeno mediúnico de que era possuidor. Por que será que
acontece isso? Por que, em determinados momentos, cessou o seu dom?. Determinados
médiuns, que vinham tendo vidência expressiva, de repente, mudam. Não vêm mais e
passam a ser médiuns de uma outra categoria. São inúmeros os exemplos desse tipo de
ocorrência.

A mim parece que tudo isso obedece uma pré-determinação dos nossos mentores
espirituais e não só , especificamente, uma mudança na biofisiologia do cérebro do
médium. Nossos protetores espirituais têm, seguramente, um papel extremamente
importante na qualidade e na quantidade da expressão mediúnica que se manifesta em
nós.

No momento em que há passagem da informação ou da comunicação ou do processo de


materialização entre um campo a outro, especialmente, casos de comunicação de jovens
ou de crianças que relatam, dali, alguma observação de carinho e de apoio para os pais,
que estão aqui encarnados, eles só podem produzir esta fenomenologia através do apoio
desses protetores a quem estou me referindo.

Quero registrar enfaticamente o agradecimento aos mentores que têm apoiado,


carinhosamente, todos os nossos médiuns.

Classificação dos fenômenos mediúnicos

Pretendo discorrer agora sobre à “clínica” do processo mediúnico. Como nós médicos
quando discutimos nossos casos: Quero ver um paciente com epilepsia. Deixe-me ir lá
na enfermaria testemunhar sua queixa e o tipo de crise que apresenta.

Allan Kardec foi levado a estudar a mediunidade nas reuniões das chamadas mesas
girantes. As mesas demonstravam uma inteligência nas respostas que escreviam aos
participantes das reuniões.. A partir daí, Allan Kardec fez nascer um novo mundo! Tão
ou mais espetacular quando Pasteur e outros cientistas, ao utilizarem o microscópio,
descobriram a existência das bactérias e dos germes produtores de doenças. O impacto
da descoberta dos micróbios trouxe um gigantesco avanço para a medicina, pelo mundo
novo que revelou.

Allan Kardec descortinou, na Doutrina dos Espíritos, um novo paradigma, a dimensão


espiritual que convive entre nós, com elementos mais ativos que as bactérias.
Eventualmente, nos perturbando, mas é um novo mundo, que vivencia conosco todas
nossas experiências tanto do ponto de vista físico, quanto do ponto de vista intelectual e,
principalmente, do ponto de vista emocional.

Allan Kardec fez uma leitura do fenômeno mediúnico com uma didática excepcional.
Ele classificou os fenômenos dentro de dois grupos: os chamados fenômenos de efeitos
físicos e fenômenos de efeitos intelectuais, que estão ligados à produção de
conhecimento.

Os Fenômenos de efeitos físicos, são caracterizados pela suas propriedades materiais.


São de tal ordem que podemos quantificá-los, medindo, por exemplo, a duração, a
extensão e a densidade do fenômeno. Ou seja, todas as propriedades físicas que o
fenômeno expressa.

Quanto às propriedades e significados dos fenômenos de efeito psíquico ou intelectual,


o próprio neurologista tem dificuldade de quantificá-las, porque os fenômenos de efeitos
intelectuais são vividos como experiência psíquica do médium e portanto dependemos
dele para sentir a sua extensão.

Posso apresentar a vocês alguns símbolos. Isso vai provocar em vocês fenômenos
psicológicos. Cada um de nós estará realizando uma observação especial, particular e
subjetiva. Vamos dar uma olhada, por exemplo, nos sinais de trânsito, depois num ponto
de interrogação, num homem desenhado nos muros de uma construção e, finalmente,
numa cruz, a cruz que simboliza os hospitais. Para mim ocorrerá maior impacto,
justamente aquela cruz, pela minha ligação com a vida hospitalar, para outro,
seguramente, os sinais de trânsito, para um engenheiro de construção de obra, aquele
outro que sinaliza a presença de um trabalhador.

Vamos observar agora este detalhe: no fenômeno físico eu posso dispor de uma régua
para medir ou um relógio para cronometrar, podendo, com estes instrumentos, observar
a densidade material do fenômeno.

Por outro lado, os fenômenos intelectuais, precisam ser quantificados individualmente.


Cada um de vocês observou os sinais que eu apresentei e fizeram interpretações
específicas. Cada um viu melhor o que despertava mais interesse em suas mentes.

Anteontem, eu dizia para Dona Isabel : Observe o meu relógio. Um objeto comprado
numa relojoaria comum. Um relógio que vale muito pouco em termos de preço, de
custos, de qualidade, mas, foi-me ofertado num dia de aniversário pela minha esposa.
Simbolicamente, para mim, ele tem um valor que não é estimado pelo relojoeiro que o
analisa.
O fenômeno mediúnico, de efeito intelectual, pela afetação psíquica que provoca, tem
que ser, especificamente, individual. Não podemos fugir dessas regras. Com estes
conceitos, posso adiantar, que já estou, aos poucos, introduzindo vocês na fisiologia do
cérebro.

Os fenômenos de efeito físicos

Os fenômenos de efeitos físicos freqüentemente servem para afrontar as Ciências


materialistas. Infelizmente eles se prestam muito para apresentação na televisão, para
produzir impacto, para atiçar a mídia, que, se promove na produção desse tipo de
quadro.

Não são tão raros os casos de “poltersgate” (espírito brincalhão), nem os fenômenos de
combustão espontânea, de deslocamento de pedras que são atiradas no telhado, de livros
que são rasgados, de porta do guarda-roupa que é queimada e de pessoas que são
projetadas à distância. Já houve indivíduos que se queimaram gravemente. conforme
relatos na literatura espírita, vítimas de uma combustão espontânea, levando, inclusive,
a morte pelas queimaduras. Esta combustão tem particularidades curiosíssimas. Quando
se põe fogo, por exemplo, num pedaço de madeira, ela se queima de fora para dentro.
Nesse tipo de combustão, nos fenômenos da mediunidade. o fogo é de dentro para fora .

Cada um de vocês, eu acredito, tem também suas estorinhas para contar. Os fatos que
ouviram dizer de casas assombradas, de ruídos dentro de casa, de pedras que são
atiradas no telhado, objetos que aparecem dentro dos cômodos e nos armários, são
muito comuns.

Na interpretação destes fenômenos, encontramos no Livro Dos Médiuns a seguinte


explicação: "A combinação de fluidos do médium e do espírito desencarnado podem
mudar a propriedade da matéria". Nessa frase percebe-se claramente que Kardec trouxe-
nos uma nova ciência que será melhor compreendida no próximo milênio. Deve existir
algum elemento que a Física de hoje ainda não identificou que modifica as propriedades
da matéria. A água, como esta que está aqui, pode ficar extremamente, corrosiva, se for
submetida a alguma alteração provocada pelo fluido cósmico universal. Magnetizando
esta água podemos conseguir este efeito através dos fluidos emitidos pelo magnetizador.

Certa ocasião pediram para o nosso Chico Xavier explicar o efeito da medicação
prescrita nas receitas ditadas pela mediunidade. Para nós médicos, a “Thiaminose” é
uma vitamina, injetada na veia, que traz muito pouco beneficio para os pacientes em
geral e, as gotas da homeopatia, em termos médicos, teria um valor discutível e nem
sempre bem aceito.

Ele nos dizia que, na verdade, estas substâncias servem de veículos, que permitem aos
protetores espirituais colocarem os elementos adequados, retirados do fluido cósmico,
que estão aí, esparsos por toda a nossa natureza e, na verdade, as propriedades físicas
das substâncias que vão na receita são potencializadas pelos fluidos. Não é,
especificamente, uma injeção de vitamina ou umas gotinhas de um xarope que estão
produzindo o efeito.
Podemos, portanto, perceber, que está aí uma proposta terapêutica muito interessante,
merecendo estudo da nossa parte. Toda esta matéria que nós estamos vendo, registradas
pelo nosso cérebro, é possível de sofrer modificações por completo em suas
propriedades. Qual é a teoria que explica isso? A teoria dos fluidos . Está lá no Livro
dos Espíritos, nos primeiros capítulos quando Allan Kardec fala dos fluidos e das
propriedades da matéria.

Há possibilidade de nós termos curas de qualquer tipo de doença, através de uma água
fluidificada. Não estranhem se isto é ou não possível. Ainda não conhecemos os
mecanismos que nos permitirão manipular com mais propriedade o fluido cósmico e no
futuro talvez isto não será mais segredo.

Com os recursos que a energia proveniente das emissões fluídicas fornece, um


determinado objeto , um papel, ou um lenço que jogo aqui no chão, pode se deslocar
obedecendo as leis de combinações fluídicas do fenômeno mediúnico. Os fluidos
condicionam esta propriedade. Esse lenço, que está atirado no solo, deverá ser
envolvido pelo fluido cósmico para obedecer ao comando da mente que sugere o seu
deslocamento. É indispensável a combinação de dois tipos de fluido, um que é
fornecido pelo perispírito do médium e outro pelo espírito que se comunica.

Qualquer objeto “imantado”, por esta combinação de fluidos, adquire uma propriedade
especial que o “vitaliza”.

Aqui está, por exemplo, a minha mão que eu movimento e que tem vitalidade orgânica.
Facilmente a faço obedecer ao meu comando. Estou ligada à ela pelos meus nervos que
transmitem o comando do meu cérebro. Esse livro, enquanto ele estiver aqui na mesa,
ele não se movimenta, mas se o pegar na minha mão, vejam o que acontece. Ora, quem
achava que o livro não se movimentava? Desde que eu encoste nele. Basta eu colocar a
minha “carne” nele.

Aquele lenço que joguei no chão, se o impregnamos de fluido do perispírito do médium


em associação com o fluido do espírito comunicante, ele adquire uma “vitalidade” e
obedecerá as ordens do médium mesmo estando distante de suas mãos.

Vocês nunca imaginaram que esse livro obedeceria às minhas ordens. E viram Obedece
sim! Salte, livro! Pronto. Ele saltou.Se vocês não acreditavam, eu o fiz saltar! Mas tive
que usar um instrumento: a minha mão, mas quem a comandou foi a minha mente.

A mesma coisa ocorreria para este lenço que com o fluidos ele passa a obedecer a
mente. Nesse caso vai ocorrer uma dualidade interessante. Tanto o médium pode
determinar mentalmente que o lenço se desloque para um lado, como o espírito que está
produzindo o fenômeno pode dizer : quero que vá para o outro lado. Pode ocorrer uma
perturbação nesta brincadeira, que, com freqüência, os espíritos zombeteiros,
brincalhões e arruaceiros produzem nesse tipo de atividade mediúnica. O que eles
querem, na verdade, é provocar confusão. Que produzem o fenômeno produzem; e que
o lenço obedece, obedece. Faço este livro aqui me obedecer, desde que eu tenha contato
com ele.
Os fenômenos mediúnicos intelectuais

Podemos rever agora, a fenomenologia mediúnica, no que se refere ao domínio dos


fenômenos intelectuais. Já lhes falei de uma das características deles. Por serem
processados pela mente e o cérebro, ele vai ser especifico para cada médium e cada um
deles fará a sua interpretação particular. É como alguém que vai transmitir um recado, o
tema é de quem transmite a mensagem, mas, a ênfase da entonação fica por conta de
quem anuncia.

O médium psicógrafo, ao redigir um texto revela certas particularidades interessante


para o nosso estudo. Vocês já perceberam que ele escreve em alta velocidade? Não
precisa nem abrir os olhos. Podem apagar as luzes e ele vai escrevendo, freqüentemente
com letras grandes, um texto que ele mal sabe dar conta.

Um médium falante, incorporado por um espírito, faz um discurso, numa linguagem


que, às vezes, o médium em si, não demonstra conhecer. Pode, inclusive, falar numa
outra língua (Inglês, Alemão ou Russo), que o médium não demonstra conhecer.

É perfeitamente possível percebermos estas particularidades da expressão do fenômeno


mediúnico. Tanto na escrita psicográfica como na fala mediúnica. São justamente para
estas características que nós queremos chamar a atenção.

Quem já o assistiu o médium Francisco Cândido Xavier psicografando, nota que ele fica
com uma das mãos sobre os olhos, pega o lápis, escreve com rapidez, com letras
grandes e que para quem sabe, não é essa a letra dele. Normalmente, sua letrinha é
redondinha e bem elaborada. Escreve com letras grandes páginas e mais páginas e dá
aquela impressão de que não se cansa, mesmo quando vara a noite escrevendo. Esse
processo de escrita, é nitidamente uma habilidade automatizada.

Do ponto de vista da expressão do fenômeno, tanto da escrita, quanto da fala, quero


insistir em destacar estas características: o processo se desenrola com gestos puramente
automáticos. Um automatismo motor para a escrita e para a fala.

No médium falante incorporado, ele fala, e se expressa com velocidade, num texto que,
freqüentemente, não se dá conta, é muito produtivo, sem qualquer exaustão física e sem
comprometimento físico aparente.

A mesma coisa ocorre na pintura mediúnica. Observem que ela se processa numa
velocidade incrível e surpreendente para qualquer um que conheça as dificuldades
naturais de se pintar uma tela. O médium, no entretanto, realiza a pintura de uma tela
em um minuto e meio, dois minutos ou três minutos. Aqui, também, é muito fácil se
perceber que os movimentos, em toda sua gesticulação motora, por parte do médium, é
nitidamente automática.

A obsessão

Vamos observar outro fenômeno. Num processo, perturbador, através da obsessão, nota-
se que a presença do espírito obsessor modifica a fisionomia do médium. As expressões
passam, com freqüência, a ser tão inapropriadas, que a gente nem o reconhece. Parece
muito estranho para quem não conhece o fenômeno. Alguns indivíduos obsidiados,
adquirem, quando muito perturbados, uma energia, uma força tamanha, que, com
freqüência, duas ou três pessoas não conseguem contê-los. Aqui também o quadro
motor sugere o envolvimento de automatismos.

A neurofisiologia da mediunidade

A apresentação que estou lhes fazendo do fenômeno mediúnico está mostrando para nós
algumas características semiológicas que já podemos destacar para nossas
interpretações.

Nos exemplos que citei constatamos que o médium é possuído de uma força estranha.
Ele é capaz de trabalhar horas seguidas. Mal precisa da visão para escrever. O texto sai
com muita velocidade. A fala é fluente. O tema ele, com freqüência, não se dá conta e
não tem alcance intelectual para expressa-lo por si. Pode até falar numa outra língua.
Transparece aquela impressão de que tudo está sendo feito automaticamente. É
exatamente como qualquer atividade mecânica que a gente já aprendeu, de cor, e não
nos toma conta, nem tempo para sua realização.

Para analisar estes dados que a mediunidade nos fornece, temos, agora, de voltarmos
para o domínio da neurologia. Qual é o programa que está inserido nos dezesseis
bilhões de neurônios, que organiza e estrutura a fisiologia do nosso cérebro?

Tem que haver um programa específico, no cérebro, onde deve ser processada a
comunicação mediúnica transmitida de uma dimensão a outra. Aqueles, que têm esse
programa, são competentes para a comunicação. Serão chamados de médiuns. Estou
fazendo esta metáfora usando a linguagem dos computadores, porque isso facilita muito
o nosso entendimento. É questão de ter ou não o programa que vai permitir o acesso
entre uma dimensão e a outra.

Quando falamos de incorporação, fica aquela sensação de que incorporar é um corpo


sobre outro, um corpo dentro do outro. O que não é verdade. Pode até ocorrer uma
aproximação carinhosa entre o espírito que, afetivamente, se acerca do médium. Mas, o
processo de comunicação é de sintonia entre as duas mentes.

Posso fazer com vocês, um exercício de sintonia. Começo a contar uma história ou
começo a cantar uma música. Daqui a pouco, vocês todos, quando saírem para o café,
estarão com aquela música na cabeça. Vocês sintonizaram comigo ou com o coral ou
com a história que eu contei. É muito comum isso. A gente vai assistir a uma peça
musical ou um conserto e quando retornamos para casa, ainda ressoa em nossos ouvidos
aquela sonoridade que acabamos de escutar. Estamos, de certa forma, sonorizados
ainda, com aquela mensagem que a música nos provocou.

Falar de sintonia é falar em ondas; ondas têm comprimento específicos; maiores ou


menores, dentro de uma determinada faixa . Posso estar sintonizado com um
determinado espírito, com outro, não. Há uma determinada faixa que capto mais, com
mais facilidade na minha sintonia, com outro, não. Vejam: estou pretendendo montar
para vocês um raciocínio que precisa de alguma maneira justificar o fenômeno
mediúnico. As boas teorias têm que explicar toda fenomenologia. Não posso inventar
uma que explique só a materialização ou só a psicografia. Dentro deste texto que estou
falando, estou inicialmente pinçando alguns dos elementos que vão compor nossa
proposta.

Mentalmente, posso sintonizar-me harmoniosamente com todos vocês. Somos espíritas


e estamos num ambiente amigável, fraterno e comungando os mesmos ideais. Se
estivesse num lugar estranho, não vai ocorrer a mesma sintonia comigo. O fenômeno
mediúnico também ocorre dentro desse clima. O ambiente precisa ser receptivo e
favorável ao médium. No contexto neurológico, que é a nossa proposta de estudo,
quando nós falamos de mente, que realiza uma sintonia, de alguma maneira, temos que
consolidá-la no cérebro, cristalizá-la na expressão física do cérebro.

Precisamos ver agora o que existe na anatomia do cérebro, que pode produzir esta
sintonia de que estou falando, quando me refiro à mente. Esta expressão, sintonia, pode
nos parecer um tanto abstrata, para ocupar lugar na anatomia do cérebro. Vamos direto
ao assunto, por pingos nos "is". Vamos descer para o plano material.

Se nós observarmos o cérebro, podemos ver uma superfície externa que é o nosso
córtex, rico em neurônios. Existe, também, um conjunto de núcleos, de situação mais
profunda que são os chamados núcleos da base. Preenchidos por uma concentração
muito grande de neurônios pequenos. A neurologia já identificou muitas funções das
áreas do córtex e funções dos neurônios curtos dos núcleos da base.

Vejam aqui comigo estes garotos, são os netos lá de casa. Esparramei alguns objetos na
mesa da sala bem na frente deles. São porcelanas que a avó pinta. Digo para eles: vamos
abrir estas caixinhas, sem a vovó ver, porque acho que tem alguma coisa guardada aí.

Provoco esta tentação neles. Deixo-os com de vontade de abrir as caixas.

Eles ficam em dúvida:

E se acontecer alguma coisa, uma delas pode se quebrar e depois o avô não me defende,
não é?

É preciso que eles criem coragem e assumam uma atitude intencional, voluntária.
Mesmo que eu provoque neles alguma curiosidade, eles têm que tomar uma iniciativa.
Nesses casos é preciso atuar sobre o córtex cerebral para agir voluntariamente.

Passo para uma outra tarefa:

Érick, você vai pegar o telefone e aprender a digitar. Vamos conversar lá com a sua mãe
ou com a vovó na outra sala.

Aos poucos, vocês percebem, ele vai aprender este gesto e logo estará sabendo digitar o
teclado do telefone. Foi, inicialmente, um gesto voluntário quando ele colocou o
telefone no ouvido. Depois, com o aprendizado, ele vai treinando e consegue fazer as
ligações automaticamente.

Vamos desenvolver agora, uma tarefa mais complexa. A criança vai aprender a escrever
. O texto vai devagar no começo. Ele rabisca cada letra com lentidão.
O que ele quer escrever ?

_ Bola!

_ B-O-L-A . Ele pode ter um problema com L e com R . A professora insiste: repita
estas palavras. Ela reprograma o seu cérebro para fazer a escrita com correção. Aos
poucos, com o passar dos dias, está pronto, já está correta a sua escrita. Já automatizou
os seus gestos e os faz com correção gramatical. Toda dificuldade inicial foi superada
pelo treinamento repetitivo dos gestos apropriados.

Os automatismos

Existem atividades cerebrais mais complexas ainda. Utilizam a motricidade e o


equilíbrio, dentro de um contexto mais complexo. Para dirigir uma bicicleta, por
exemplo, temos que obedecer uma direção, segurar com os braços, movimentar as
pernas e manter equilibrado o meu corpo sobre as rodas. No início do aprendizado é
preciso que alguém nos apoie auxiliando o equilíbrio. Depois já podemos ir sozinhos.
Aprendemos a combinar automaticamente todos os gestos que nos permite deslocar com
a bicicleta. A mesma coisa acontece com que vai iniciar seu aprendizado para dirigir um
automóvel. Temos que superar as dificuldades iniciais e depois, as custas do
treinamento insistente, vamos automatizar os gestos e desempenhar a tarefa com
tranqüilidade. Percebam que quando dirigimos, atentos ao desenrolar do trânsito, ainda
nos sobra condições para outras atividades paralelas que nos permite, por exemplo, ligar
o rádio, conversar com a pessoa que está do lado, dar seta, etc.

Nos exemplos que citei, ficou claro que nós aprendemos com dificuldade, tomamos
iniciativas, optamos por determinado gesto que parte dos estímulos do córtex cerebral.
Depois que a gente aprende fica tudo mais fácil porque está automatizado. Nós
transferimos o cortejo de gestos para o subcórtex, onde estão aqueles núcleos da base.

Quando vim para cá estava preocupado, pensando como é que vai ser minha aula lá na
Dª Isabel, mas estou dirigindo o automóvel. Um piloto automático passa a tomar conta
da direção e eu mal percebi que, vejam, já cheguei e ... nem notei a quilometragem que
a gente teve que percorrer para vir até aqui. O desempenho de todo este automatismo é
feito corretamente e sem muito esforço pelos núcleos da base.

Desde criança, o nosso sistema nervoso vai sendo programado para deixar o córtex livre
para os gestos novos e, tudo que se aprender no decorrer da vida, se automatiza nos
núcleos da base favorecendo a economia de neurônios.

A fisiologia dos gestos

Quero repassar com vocês os três tipos básicos de movimentos que nosso sistema
nervoso nos põe à disposição. Os reflexos, os voluntários e os movimentos automáticos.

Aqui está um bebezinho que pisa no chão e movimenta as suas pernas como se estivesse
andando. Uma atitude puramente reflexa é a marcha reflexa do recém-nascido.

Quando pretendo, intencionalmente, movimentar alguns dos meus músculos, utilizo


uma determinada área do cérebro. Podemos ver que há um cruzamento das fibras
nervosas. Para um de nós erguer o braço direito, temos que utilizar o cérebro do lado
esquerdo e vice-versa. É a partir, lá do córtex cerebral, no lobo frontal, que nós
dispomos de células para tomar estas decisões. São os movimentos ditos voluntários,
intencionais. Eles são muito elaborados e dispendiosos.

Com o decorrer do tempo, tudo aquilo que automatizamos a partir do aprendizado, é


memorizado núcleos da base (nós os chamamos de memória de procedimentos). Aqui é
que se localizam os pilotos automáticos, que programam os gestos automáticos : o
automatismo de dirigir, de digitar no computador, de utilizar o telefone, de dedilhar o
piano ou o violão, a escrita que redige um texto, o que tiver automatizado, está se
processando nesses núcleos da base.

Convém vocês saberem que não estou apresentando uma novidade. Quero me referir a
Pièrre Janet. No século passado, no ambiente da escola neurológica de Charcot, na
Salpatriérre, ele foi um dos neurologistas contemporâneos de Charcot, aluno de Charcot,
colega bem próximo de Freud pelos estudos que fizeram sobre a histeria. Pièrre Janet,
deve ter acompanhado Charles Richet e Ernesto Bozzano nas sessões de materialização
de Willian Crooks e nos trabalhos mediúnicos de Euzápia Paladino. Ele se formou em
Filosofia, numa universidade próxima a Paris. Depois se formou em Medicina, dedicou-
se a neurologia.

Numa de suas Teses, Pierre Janet dizia que a mediunidade seria um automatismo
psicológico, sem a interferência de entidades espirituais ou de inteligências estranhas e
sim do próprio cérebro do indivíduo. É muito semelhante a tudo aquilo que falei para
vocês sobre automatismo. Quando nós temos um gesto, que se faz repetidamente, como
aprender a utilizar uma impressora, uma máquina numa fábrica ou equipamento novo
que chega no escritório, a gente primeiro aprende com o uso do córtex cerebral, num
looping superior de neurônios corticais. É uma atitude voluntária, intencional. Abre-se a
máquina, põe o papel, desce a alavanca, imprime, confere se ficou bem feito. É uma
tarefa cansativa neste início de aprendizado.

Depois de um mês, o operador da máquina já está sabendo de cor como realizar cada
uma dos seus gestos. A partir daí sua atividade se torna puramente automática.

Alguém que está aprendendo a tocar o violão, quando vai tirar a primeira música, tem
uma certa dificuldade natural. Está se processando um aprendizado bem em cima, no
córtex. Depois que ele sabe de cor, ... o nosso músico toca o violão de olho fechado!

Por que a gente fala de cor? Vocês sabem? Significa, literalmente, de coração. Porque
os filósofos gregos achavam que a nossa Alma estava localizada no coração. A gente
aprende a música de coração. Por isso eu falo que gosto do fundo do meu coração.
Como neurologista, quero ensinar que, na verdade, a gente ama é no fundo do cérebro.
Não tem ninguém gostando do outro pelo coração, porque no coração não tem onde
gostar. É aqui, no cérebro.

O looping inferior dos neurônios basais, é o looping dos automatismos.


Vejam como nosso sistema nervoso é didático. Existe um campo superior, no córtex
cerebral, que é específico do gesto voluntário. Sou eu que quero fazer. Eu que quero
escrever. Eu que peguei no lápis. Eu que vou ligar a chave do carro. Eu que vou ligar a
tomada do computador. Uso para isso a alça superior.

Agora, no campo debaixo (looping inferior), o compromisso é com os núcleos da base.


Aqui, o gesto é automático. Nós podemos ir conversando, enquanto eu vou falando e
vocês vão perguntando o que vocês quiserem. Eu falo três horas seguidas sem me
cansar. Faço isto enquanto dirijo 4 ou 6 horas seguidas.

Vejam porém um detalhe: há um determinado ponto, um determinado momento, que as


duas alças estão juntas. O gesto voluntário se mistura com o automático. Um sistema se
reverte no outro com facilidade. Na direção do automóvel isto é muito comum, nós nos
distraímos estrada a fora mas temos que escolher os gestos quando o trânsito nos obriga
a fazer a escolha das marchas apropriadas para cada instante.

O fenômeno mediúnico e a consciência

Perguntaram hoje ao Dr. Andréa:

No fenômeno mediúnico consciente e no inconsciente, como é a participação do


médium e da entidade espiritual?

O propósito desta pergunta é questionar: será que o médium inconsciente não interfere
no fenômeno?

A meu ver, exclusivamente, pela anatomia das alças neurológicas que acabo de mostrar,
não tem jeito !

Os dois, tanto o médium como o Espírito comunicante, estão atuando juntos. A


participação é sempre “associativa”. Coloquei essa expressão para ser carinhoso com os
médiuns. Nosso cérebro é feito assim. Tudo que você se comprometer com a entidade
espiritual para transmitir a mensagem, é um processo de parceria. É uma coisa
lindíssima ! Porque isso demonstra, com mais precisão, a fisiologia cerebral na
produção do fenômeno mediúnico.

Temos no cérebro áreas específicas capazes de nos permitir falar. Uma outra para
compreendermos o que se está falando. Com freqüência, o médium pode ficar na
dúvida, por sua própria insegurança : o Espírito o faz falar numa determinada área (área
de Brocá, no lobo frontal) e ele acompanha, ouvindo o que é falado em outra área( de
Wernick no lobo parietal).

Todos nós temos duas áreas no cérebro: uma que utilizamos para a expressão da fala e,
a outra, que se presta para a compreensão da linguagem falada. O Espírito comunicante
não precisa usar as duas.

Já ouvimos alguns médiuns dizerem assim: “não sei o que eu falo! Estou totalmente
inconsciente. Não me lembro de absolutamente nada. Acredito que não participo do que
é falado. Acho que o Espírito me toma e pronto. Faz o que quer de mim !”

A meu ver, não é bem assim! O médium participa, atua, se envolve e altera a
mensagem. Como a comunicação tem de ser transmitida através do cérebro do médium,
haverá sempre esta “contaminação” por parte da sua interpretação e da sua cultura.

Quando o médium afirma não ter qualquer conhecimento da ocorrência do fenômeno


mediúnico, isto não quer dizer que ele esteve inconsciente durante a comunicação. O
que se passa é que ele tem amnésia do ocorrido, tão logo termine a expressão da
mensagem.

É muito semelhante ao que ocorre durante o sono. Nós estamos aqui com quinhentas ou
seiscentas pessoas. São meio dia. À meia noite, a maioria de nós estava dormindo.
Chegando a madrugada, lá pelas quatro ou cinco horas, todos estavam sonhando.
Perguntamos para vocês:

- Sonharam mesmo?

- Não. Eu não sonhei nada nessa noite, vão dizer alguns.

Sonhou, sim. Vocês é que não se lembram. Todos os que dormiram, nesta madrugada
estavam sonhando. Nem todos estão se lembrando. Um ou outro que lembra com certa
nitidez. Principalmente as mulheres que têm uma memória melhor para sonhos. Quase
todas elas lembram o que estavam sonhando.

Mas façam este exercício. Vocês mesmos. Tentem recapitular. Essa madrugada, antes
de vir para cá, das quatro até às seis da manhã, que é a fase mais produtiva do sono,
vocês estavam sonhando e a maioria de nós não se lembra. Isto não é “inconsciência”, é
amnésia.

O mesmo ocorre com o médium. Ele também está escrevendo pela psicografia, ou se
comunicando verbalmente. Assim que desperta, terminada a comunicação nada será
lembrado, é simplesmente um fenômeno de amnésia. Não houve registro na memória
física. Estas lembranças ficam num outro corpo. O corpo espiritual de todos nós
também tem o seu hipocampo, que registra essas memórias do que ocorre no plano
espiritual.

Os fenômenos de psicometria

Vamos continuar no cérebro com outro fenômeno corriqueiro que qualquer um de nós
pode perceber. Estando de olhos fechados, toco um objeto e percebo suas
características, de olho fechado, percebo que é um copo de vidro.

Peço a minha filha para tocar alguns objetos:

Kátia, fique de olhos fechados. Não abra os olhos! Ponho na sua mão alguns objetos e
ela os identifica todos.

Com o toque das mãos, o tato informa ao nosso cérebro um conceito do objeto. Basta
um estímulo leve do tato. Elaboramos com ele uma informação complexa reunindo
vários dados sensoriais. Eu estou tocando aqui. Olhem aqui, é um objeto liso de couro!
Já sei que é minha carteira. Agora estou tocando uma caneta. Percebo que ele é de
plástico. Tem uma tampinha. Só não vou saber dizer a cor. Mas, o nosso cérebro, o de
todos vocês, se eu colocar esta caneta, mesmo de olhos fechados, vocês identificam a
textura, o peso, a consistência. Vão poder informar até para que serve cada objeto que
lhes for oferecido.

Vamos repisar esta propriedade do cérebro. Basta dar uma única pista sensorial que o
cérebro amplia o contexto e completa a imagem por inteiro. Basta uma informação pelo
tato e o cérebro processa o restante da identificação.

O Dr. Ney, está aqui presente e já fazia uns quinze ou vinte dias que eu não o via. Bati
os olhos só no seu rosto e o reconheci imediatamente.

Dr. Ney, vire de costas para eu ver se é o senhor mesmo.

Meu cérebro não precisa disso para identificar as pessoas que conheço.

O nosso cérebro tem competência para completar a imagem. A imagem é elaborada por
inteiro, pela minha mente utilizando uma pista inicial. Isto se chama reconhecimento ou
gnosia, em termos neurológicos.

Quero contar-lhes um caso muito interessante. Um cliente nosso teve uma trombose
cerebral, e ficou com o lado direito comprometido.

Daí a um mês, ele se recuperou da paralisia, mas, passou a revelar um quadro de


negligência corporal. Isto é, uma expressão clássica da neurologia. Ele não reconhecia
que aquele lado do seu corpo era dele. Aquele braço que esteve paralisado não é mais
dele. Essa negligência, em termos cerebrais, expressa para nós, neurologistas, que ele
não reconhece mais o braço como dele. Um determinado dia, estando no quintal de sua
casa, estava ali, lidando com a enxada e, quando terminou de roçar uma graminha,
recostou a enxada numa árvore próxima. O seu braço doente tocou nas suas costas com
certa força. O paciente achou que era um ladrão que estava pegando nele por traz. O que
ele fez? Com rapidez ele jogou o ladrão em cima da árvore.

A mulher dele está rindo da estória que ele está nos contando. Ele que se machucou.
Não era ladrão coisa nenhuma. Era a mão dele que estava ali atrás.

O neurologista testa estes pacientes, com muita facilidade, e constata que o paciente não
reconhece mais que aquele lado é parte do seu corpo. Ele não faz reconhecimento da
própria paralisia, nem dos objetos situados naquele lado. Posso colocar uma caneta, na
sua mão comprometida. Se olhar, ele sabe e reconhece que é uma caneta. Com os olhos
fechados, não reconhecerá mais o que é aquilo.

Alguns médiuns desenvolveram a psicometria. É uma forma de mediunidade


fundamentada neste tipo de reconhecimento cerebral que estou comentando. Utilizando-
se de objetos de uso pessoal, uma foto, um relógio, um lenço, um azulejo e assim por
diante, esses médiuns conseguem revelar detalhes relacionados com as pessoas que de
certa forma estiveram evolvidas com tais objetos.
O médium também consegue elaborar outros elementos do objeto que tem em suas
mãos.. Pelo tato, ele faz toda reconstituição. Este retrato é de fulano, de uma mulher,
por exemplo, com tal aparência e assim por diante. Sabemos que o espírito não precisa
de luz para ver, ele identifica os objetos pela vibração que cada partícula deste objeto
emite. O mundo espiritual dispensa por completo a nossa costumeira luminosidade. Eles
penetram na essência das coisas, na intimidade da matéria, porque nossa matéria vibra
em seus sentidos.

Todos os elementos físicos aqui a nossa frente estão em movimento. A impressão nossa
é de que este livro aqui está parado, o que não é verdade, todos os átomos que formam
este livro estão em grande movimento, e movimento produz vibração. É essa vibração,
que atinge diretamente a mente do Espírito, por isso, ele não precisa dos dois olhos para
ver.

Nós, humanos, estamos encarnados e, de certa maneira, mergulhados num equipamento


que tem as suas limitações. Temos que ver através de duas estruturas: os olhos, que nos
permitem identificar os objetos através de ondas luminosas. O Espírito, além de não
precisar das ondas luminosas, porque ele vê diretamente a vibração do átomo de cada
objeto que ele se aproxima, ele não precisa dos olhos. Ele enxerga até mesmo com os
dedos. Ele identifica as letras e lê um texto com os dedos. Passando a mão sobre uma
tela, ele é capaz de descrever o que está pintado ali e, de que material é feita a tela.

O nosso cérebro também tem condições de produzir esse tipo de percepção. Através do
transe magnético ou hipnótico podemos libertar a Alma de certos limites que o corpo
físico lhe impõe e termos suas faculdades exaltadas.

São várias as experiências que podem demonstrar que o hipnotizado pode perceber
sensações usando os recursos do seu perispírito. Podemos colocar uma letra, como a que
escrevi aqui neste livro, a letra A, por exemplo, e encostar nas costas dele sem que ele a
veja. Estando em transe hipnótico profundo, ele poderá identificar para nós a letra "A",
com precisão, porque, o corpo mental do indivíduo hipnotizado, registra este estímulo,
independente do corpo físico. Ele tem acesso aos estímulos sensoriais através do corpo
mental.

Posso sugerir que ele esteja enxergando pelo lóbulo da orelha:

Feche os olhos!

Em seguida, acendo uma lanterninha perto da sua orelha e ele pisca. Isto comprova que,
sob hipnose, ele deslocou sua percepção visual para outra área, o que no corpo mental é
perfeitamente possível.

Tornou-se conhecida uma menina, na Rússia, que com os olhos fechados, toca numa
tela com vários quadriculados coloridos e consegue ir dizendo, um por um, as cores que
cada quadradinho está pintado.

Expansões da consciência
Com muita freqüência, na história da humanidade, tentamos determinar a sede da Alma
em algum lugar do nosso corpo. Atualmente a nossa tendência é localiza-la no cérebro.
A neurologia de hoje não aceita a existência da Alma, mesmo assim localiza no cérebro
todas as nossas aptidões e, inclusive nossas paixões.

Vou tentar mostrar que nossa mente, atua além do meu cérebro. Vamos usar alguns
exemplos:

Se tentar passar correndo aqui no meio das pessoas, meu corpo, às custas de uma
imagem corporal construída pela minha mente, vai me desviando permitindo acertar as
distâncias e a direção por onde tenho que caminhar. Nesta corrida, a mente, o corpo e o
espaço a sua volta estão conjugados com se fossem uma coisa só.

Sabemos, como neurologistas, que cada um de nós se apresenta ao mundo com o


conteúdo mental de que dispõe. A minha própria roupa é a expressão da minha maneira
de ser e de querer vestir, do que eu tenho de conteúdo psíquico, e que está organizado
na minha mente .

Quero dizer, com estes exemplos, que a mente é maior que o cérebro. Os neurologistas,
atualmente, já estão percebendo isto com uma certa facilidade. Refiro-me àqueles
neurologistas que têm uma visão espiritualista, não os que permanecem cristalizados na
perspectiva apenas materialista.

Se podemos nos expandir, psiquicamente, expandir a consciência, demonstrar que o eu


pode se projetar, às vezes, até para fora da estrutura física, e aquele lenço, impregnado
do fluído cósmico universal, pode receber os influxos da mente, não há porque limitar
as dimensões da mente aos limites do cérebro físico..

Vou dar agora um exemplo caseiro : vou brincar com os meus dois netos .

Se eu pedir para eles: Vocês vão ali e se escondam.

Um de vocês vai ficar escondido atrás desta mesa. Eles gostam da idéia porque a mesa é
toda fechada e esconde bem.

Mas, se eu falar: O outro vai se esconder atrás deste vaso !

É claro que eles não vão aprovar. Sabem que atrás do vaso podem ser encontrados com
muita facilidade. Como que eles fazem isso? Eles se projetam, para o lado de fora do
vaso e sabem que na hora em que eu chegar eu os vejo imediatamente.

Uma criança de quatro anos, se vier brincar conosco, já sabe fazer isso. Vamos dizer
que o “eu” dela, escondido aqui atrás, sabe se deslocar para a minha posição na hora da
minha chegada.

É perfeitamente possível, para a criança, realizar essas expansões da mente ou da


consciência, como queiram.

É uma propriedade da própria mente ser maior do que o cérebro e maior do que o corpo.
Muitas das nossas atitudes são assumidas porque ocupamos o lugar do outro, uma outra
posição no espaço.

Como a mente se projeta, com facilidade, não há o que estranhar, quando aquele lenço
que eu disse estar impregnado pelos fluidos, passa a obedecer o meu comando.

O fenômeno de transporte

Quero mostrar um caso de transporte de objetos, realizado por uma médium que nós
tivemos ocasião de ver. Vários objetos são trazidos ali no meio de um amontoado de
algodão que são dispostos em cima de uma peneira.

Há uma participação fluídica de todo público que está presente. O nosso ambiente, em
todo fenômeno mediúnico é susceptível a esse contágio. Os meninos que estão aqui
ligando os aparelhos de rádio sabem disso. Estando um microfone perto do outro, ou
conforme você pega em um deles, o outro microfone que está perto produz um ruído
desagradável. Eles chamam isto de microfonia. Se isto existe ao nível da atividade
eletrostática desses microfones, imaginem, quando nós estivermos querendo sintonizar
mentes. Os médiuns e os Espíritos vêm se comunicar conosco e contam com nossas
próprias mentes. É natural que ocorra um ruído psíquico, e que às vezes, é
tremendamente desagradável para o médium. Quando assistimos a uma sessão
mediúnica, se não controlarmos o que estamos pensando, a microfonia psíquica que
estamos produzindo reflete no médium com muito desconforto.

É comum ouvirmos esta queixa dos médiuns. Perguntei a uma pintora mediúnica, com
quem conversei durante algumas horas, o que ela sentia diante do público. Enquanto ela
estava pintando, conseguia ver as pessoas que conversavam por ali, via sem muita
nitidez, sem olhar, sem saber direito quem é, mas, o ruído da conversa fica marcado na
sua mente. E, segundo ela, a perturbam muito.

Nós devemos respeitar o ambiente mediúnico, porque a sintonia ocorre, também com a
nossa participação.

Nós ouvimos perguntas ao Dr. Andreia referentes ao fenômeno mediúnico e sua relação
com as várias idades. São clássicas as descrições. A criança, num extremo, tem muita
vidência. Depois, o idoso, quando está se desprendendo, costuma ver os familiares que
vão assisti-lo no desencarne. Já na vida adulta, prevalece a manifestação da psicografia
ou dos médiuns falantes. Tanto o idoso como a criança sentem com mais freqüência a
presença de entidades espirituais com quem eles se comunicam.

Conclusão

Do ponto de vista da expressão da fenomenologia mediúnica, o que eu gostaria de


passar para vocês sobre a participação do cérebro pode ser resumido com a afirmação de
que a mediunidade é uma expressão de automatismo cerebral com a participação das
duas mentes em sintonia, a do médium e a do Espírito comunicante. Estão envolvidos
os núcleos da base com os automatismos, e uma atividade superficial do córtex,
estabelecendo duas alças que compartilham suas junções fisiológicas. A cortical fica por
conta do médium e a atividade profunda relacionada com os núcleos da base, fica por
conta do espírito comunicante.

O animismo

Há um outro capítulo que gostaria de abordar. Quero falar sobre o que se chama em
medicina de “diagnóstico diferencial”. Afinal de contas, tudo isso que expressei até
agora, está dentro do contexto de atividade mediúnica. Podemos então perguntar: e
aquilo que não for mediúnico?

Em que tipo de fenomenologia se enquadra?

Afinal de contas, nós somos, cada um de nós, uma entidade espiritual. Estamos
incorporados no corpo físico, que nos permite também produzir expressões no campo da
transcendência e da espiritualidade. As forças universais que estão por aí não são
patrimônio exclusivo dos desencarnados. Nós também, enquanto encarnados, podemos
assumir uma determinada autonomia espiritual. Posso me assentar aqui, nesta mesa de
trabalho e, me deslocar pelas dimensões espirituais e me servir de um médium para
transmitir uma mensagem.

Conta-se que, Eurípedes Barsandulfo, um extraordinário médium de Sacramento, MG,


ao dar aula, pedia, às vezes, licença aos seus alunos, assentava- se, recostava-se e
voltava depois de alguns minutos. Mais de uma vez, ele descrevia que tinha estado na
Europa, socorrendo soldados que estavam precisando de ajuda na vigência da primeira
grande guerra mundial.

Este relato foi passado por parentes de ex-alunos de Eurípedes Barsandulfo. Há uma
série de histórias lindíssimas, desse médium extraordinário de Sacramento.

O fenômeno mediúnico pode ocorrer, com o próprio espírito encarnado que vai
incorporar em um médium e produzir a sua informação ou a sua comunicação. Não
temos ainda conhecimento para entender a complexidade deste fenômeno.

Há uma outra fenomenologia que faz parte da nossa dinâmica física, que é o fenômeno
anímico. Minha alma vai produzir, atuar no mundo das ondas ou na mente das pessoas
ou dos objetos que nos cercam.

Podemos ter acesso ao inconsciente através do transe sonambúlico ou pela hipnose.


Podemos provocar um quadro de hipnose que se aprofunda e leva o indivíduo a um
transe ou uma crise, um transe sonambúlico profundo e, a partir daí, podemos produzir
manifestações extraordinárias. Com as propriedades da Alma exaltadas o indivíduo
revela outras extensões da sua personalidade.

Na situação de letargia, catalepsia e sonambulismo, é comum ocorrer a emancipação da


Alma e desenvolver-se espontaneamente uma produção fenomenológica muito próxima
do fenômeno mediúnico.

A grande questão é sabermos como reconhecer quando é uma ou a outra situação?

O conteúdo do fenômeno mediúnico é, quase sempre, conhecido pelo indivíduo quando


acordado e consciente. Ao passo que aquele indivíduo que está em transe sonambúlico
pode trazer informações que ele desconhece, enquanto consciente.

Estou expondo um ponto de vista, mas, proponho esta avaliação para vocês, para
sentirem as dificuldades desta triagem de seleção.

O mesmo ocorre quando algumas pessoas vêem questionar sobre suas percepções. Vão
até ao centro onde costumam ouvir : É mediunidade! Você precisa se desenvolver!

Há todo um texto dentro do Livro dos Médiuns capaz de orientar- nos.

Kardec ensina que a mediunidade é uma disposição orgânica especial e que ela não se
desenvolve pelo exercício.

Cada um que se sentir envolvido por manifestações espirituais, pode fazer sua própria
experiência. Freqüente e acompanhe as reunião num grupo espírita, estude, "conheça -
te a ti mesmo ", observe se as idéias são suas, ou é possível a presença ou a participação
do mundo espiritual.

Cada um dos nossos centros tem os seus orientadores, os doutrinadores, os envocadores,


como diz o Livro dos Médiuns, que vão adquirindo experiência e colocando você no
caminho, onde, sua mediunidade pode desabrochar.

Histeria e mistificação

Na área neurológica e psiquiátrica é muito comum uma certa dificuldade no diagnóstico


diferencial.

São inúmeros os pacientes em que o médico faz o diagnóstico de histeria e, confirma-se


depois que era um quadro de esclerose múltipla. É uma grande surpresa para o médico
mas, só lhe resta pedir desculpas para o doente.

Na área médica é muito comum o erro de diagnóstico no início dos sintomas. No campo
da mediunidade onde a histeria, por exemplo, pode contaminar as manifestações
espirituais, percebe-se que certos médiuns tem manifestações nestes dois domínios da
mente.

Quero comentar, ainda, os sintomas do que entendo como sendo “Mediunismo”.

Coloco aqui aquelas manifestações orgânicas que o médium apresenta no início dos
seus primeiros contatos ostensivos com a espiritualidade. Freqüentemente aparece
insônia, mal estar indefinido, sem causa aparente, dores atípicas, sonolência excessiva,
sonhos patológicos entre vários outros sintomas.

Fazer o diagnóstico diferencial entre as expressões do Mediunismo e da histeria é,


freqüentemente, muito difícil, tanto dentro do ambiente médico, como dentro dos
nossos centros espírita.

Algumas vezes ocorre um outro agravante: no atendimento médico é comum


percebermos certas pessoas falsificando as expressões dos seus sintomas. No ambiente
espírita ocorre igualmente a “mistificação” dos fenômenos. Pessoas que tentam enganar,
estão, freqüentemente, enganando até a si mesmo, de uma maneira imperceptível. Vale
dizer, inconscientes do que fazem. A mistificação é um componente sério no ambiente
do centro espírita. Médiuns habituados a se comportarem corretamente, com sua
dignidade sempre preservada, de repente, são envolvidos por um certo deslumbramento
das suas aptidões e acabam por se comprometerem com o processo de mistificação.

O ser humano é de uma complexidade inimaginável. Diziam os filósofos gregos que "o
homem é a medida das coisas". Por isso, temos que ter cautela e bom senso para saber
corrigir sem magoar aqueles que estão iniciando a tarefa mediúnica. Foi o caso dessa
senhora que trouxe-me dois ou três cadernos com texto muito rabiscado. Achava que era
mediúnico e me perguntava: - Doutor, o senhor pode ficar com este caderno porque,
quem sabe no futuro, ele poderá ser traduzido e, o que está escrito aí pode ser uma
grande revelação. Será que isso não seria sanscrito?

Como ela insistisse, maravilhada com o que via em seus cadernos, sugeri o seguinte:
“Me dê um recado a este Espírito, quando ele se manifestar. Peça para ele se alfabetizar.
Quem sabe assim, a gente o entende melhor”.

Meus amigos, está aí a contribuição dos estudos sobre mediunidade, que eu queria lhes
apresentar. Muita paz a todos!

Perguntas:

Dra Mirna: Vamos passar às perguntas.

As primeiras três perguntas se referem à vidência . São três casos.

"Quando vou dormir, ouço barulhos na cozinha, alguém mexendo em pratos e quando
vou até lá, não há ninguém. Será imaginação?

Às vezes, vejo algumas coisas. Não sei se é imaginação ou se são espíritos. Como posso
distinguir?

Às vezes, à noite, quando vou dormir, vejo vultos. O que é isto? São espíritos?"

Dr. Nubor

Vou responder carinhosamente a estes “videntes”. Está escrito no Livro dos Médiuns
que é melhor que a gente não acredite noventa e nove vezes, para não errar.

Prefiro imaginar que nós todos temos possibilidade de nos enganar e ter aquela vontade
de ver espíritos, mas como homem de ciência, procurando uma verdade sempre muito
consistente, prefiro optar por dúvida. Se realmente acontecer de nós termos aptidão para
a vidência, os Espíritos que nos orientam, os nossos protetores, vão, no momento
adequado, nos amadurecer e permitir que a gente tenha esse acesso ao mundo espiritual.
Mas por esses dados que estão relatados nas perguntas, ainda prefiro ficar no imaginário
que a nossa mente permite.
Dra. Mirna:

"Existe alguma droga, medicação, que pode provocar a mediunidade?"

Dr. Nubor:

Acredito que esta pergunta foi feita, porque a literatura leiga tem um lixo literário muito
grande sobre essas drogas. Inventam que seria possível termos acesso a outras
dimensões, utilizando chás ou pílulas com estas substâncias. Isso teve início a partir da
década de sessenta, com o LSD e a mescalina. Creio que todos aqui já leram alguma
coisa sobre estas duas drogas. O fenômeno mediúnico tem esse "quê" de sagrado, que
eu quis transmitir a vocês, pelo envolvimento com a espiritualidade. Peço desculpas até
por ter usado esta expressão. O que quero dizer é que a mediunidade tem uma
complexidade, tem uma seriedade, tem um mecanismo neurofisiológico, e tem a
participação destas entidades que com freqüência nos comove pelo seu envolvimento.

Por outro lado, o que acontece com as drogas, os chás, ou as medicações a que nos
referimos. é que elas alterarem a fisiologia do cérebro mudando principalmente a sua
química. No Livro dos Médiuns Allan Kardec sugeriu que , quando existe uma lesão
cerebral , portanto uma expressão orgânica de doença, o espírito desta pessoa, pode se
projetar para fora do corpo e registrar o conteúdo de imagens do seu próprio cérebro. É
uma das explicações que Allan Kardec dá para as alucinações.

Sabemos hoje, que há um risco seríssimo no uso de qualquer droga que afete o cérebro.
Curiosamente devemos lembrar que estas substâncias, do tipo LSD surgiram junto com
a invenção da bomba atômica. No momento que o homem aprendeu a fragmentar o
átomo e explodir a matéria, ele também descobriu as drogas que implodem a mente.
Provoca-se um desastre biológico, as vezes irreversível, com o uso deste tipo de droga,
principalmente, com a intenção de produzir fenômenos tidos como transcendentes.

Dra. Mirna:

"Existe algum método de aprendizagem de estado psíquico, ao qual se tornaria


mecânico com o tempo e, com isto, poderia ser atingido a parte mais remota da mente?"

Dr. Nubor

Vou tentar simplificar. Não sei se é isso que quer dizer a pergunta. Estão muito em
moda os exercícios de meditação. São tentativas de se produzir estados alterados da
consciência. Há, realmente, alguma coisa de muito valor neste propósito, que se presta
muito para as terapias de relaxamento, de expansão da consciência, de acesso a
experiências de vidas anteriores, entre outros benefícios. Mas o texto da pergunta para
mim ficou um pouco complicado. Não sei se é bem isso que questiona. No sentido de
nós fazermos um treinamento e produzirmos um fenômeno mediúnico mecânico, isto, a
meu ver não tem sentido. Caso se refira a uma busca interior para se alcançar estágios
mais profundo de conhecimento da mente, isto é sabido que os grandes mestres tem
total domínio. Não foi nem uma nem duas vezes que nos Evangelhos está escrito que
Jesus, em certos momentos da sua peregrinação, se retirou de perto da multidão para
meditar e orar s, seguramente entrar em contato com a Espiritualidade Maior que Lhe
acompanhava.

Dra. Mirna :

"Podem sintomas ditos mediúnicos e não trabalhados ou tratados, com o passar do


tempo, tornarem - se sintomas físicos?"

Dr. Nubor:

Analisando a chamada psicopatologia da mediunidade, se nós pudermos introduzir esta


expressão na nosologia médica, observamos que ela está muito próxima de
manifestações psíquicas de uma série de comprometimentos da esfera orgânica. Tanto é
que já me expressei a respeito, mostrando que, as vezes, é muito difícil o diagnóstico
diferencial entre um quadro histérico e uma manifestação mediúnica. Quantas vezes a
gente sabe que determinadas enxaquecas, dor nas costas, indisposição, mal estar,
realmente, podem estar ligadas à presença de entidades perturbadoras. Este campo da
doença física e do "mediunismo" será o tema que nós vamos abordar na aula de amanhã.
Será que existe uma chamada doença espiritual? Esta é a proposta da discussão de
amanhã.

Dra. Mirna :

Se a mediunidade está ligada ao automatismo e à aquisição de várias experiências, o que


ocasiona o medo e o temor da confusão mental?"

Dr. Nubor:

Estou meio embaralhando com esta pergunta , mas acredito que isto lembra muito bem
aquela história, que nós comentamos na aula de anteontem.

Falamos sobre as causas da loucura. No passado, ela era atribuida aos astros, ao ar
corrompido, a masturbação, a desvios alimentares, a condutas imorais de várias ordens.
Condutas imorais para aquela época, podia ser assim: Alguém, ao passar numa rua,
deixou de pedir a bênção para o padre que cruzou com ele. O indivíduo era condenado
para a fogueira, na inquisição, se produzisse um pecado mortal desse tipo.

No livro de um grande médico romano, Celsus, que viveu 150 a 200 anos depois de
Jesus Cristo, está escrito a sua sugestão para a cura da doença mental. Ele recomendava
para este doente a tortura, as correntes, o fogo entre outras maldades. Ele dizia que uma
das causas muito comuns de doença mental era o estudo da Filosofia.

Na minha época de garoto lá em Uberaba, ouvia-se dizer: - “Não fique estudando muito
estas coisas de espiritismo, que você fica doido”.

Não é raro a gente imaginar as crises dos psicóticos serem confundidas com
manifestação mediúnica. Afinal eles deliram, ouvem vozes e dizem enxergar espíritos.
Aliás, pode-se perguntar: E por que não é? Com muita freqüência na verdade eles são
realmente médiuns. Associar loucura com espiritismo é muito comum e compreensível.
Isso não me afeta mais.
Dra. Mrina :

"O fenômeno mediúnico, físico e intelectual utiliza o mesmo espaço cerebral ou existem
caminhos específicos para cada um deles?"

Dr.Nubor:

No fenômeno físico, como nós vimos é uma expressão que exige a somatória de forças
do fluído do perispírito do médium e de fluídos do perispírito do espírito comunicante.
A partir desta combinação fluídica, o comando do fenômeno se conduz pelas duas
mentes em parceria.

Por outro lado, o fenômeno intelectual, que analisei com vocês, e isto na minha opinião,
tem suas vias de produção nos automatismos cerebrais.

No meu entendimento, o fenômeno mediúnico daquele psicógrafo, que pega a caneta,


daquele que pega as tintas e pinta rapidamente ali na tela é um fenômeno de
automatismo cerebral. É claro que há muito mais coisa envolvida no fenômeno
conforme discorri no decurso da nossa aula.

Certa ocasião estava assistindo uma médium, em Águas de Lindóia, a Valderice,


pintando. Ela mistura aquelas tintas, aquelas massas de tintas, o vermelho e o branco...
Eu acho que se fosse eu quem as misturasse, tenho certeza que iria fazer um borrão de
tremendo mal gosto. A médium, no entanto, sob ação de Van Gogui simplesmente toca
a tinta daquele jeito, assim meio automaticamente, muito rápido, mas nunca faz nenhum
borrão com as tintas. A câmera que a filmava tão de pertinho, nos dava a sensação de
que a tinta seguia para o lugar certo, obedecendo alguma ordem que deve vir do pintor.
É incrível como isso acontece. Não tenho qualquer habilidade para pintar, mas a minha
esposa pinta e a vejo nesta tarefa criando uma folha ou as florzinhas que vão ali
enfeitando a paisagem que ela imaginou por na tela. É um trabalho produtivo,
consciente e eu estou vendo de perto.

Na produção do fenômeno mediúnico, dessa médium pintora que eu me referi. vejo nos
seus gestos um automatismo motor, enquanto o fenômeno está se processando. Por
outro lado, na hora em que aquela tinta está caindo na tela, ela parece estar viva, ela
obedece ao pintor espiritual. Aqui parece um fenômeno de efeitos físicos. Por Deus, eu
não tenho expressão para dizer:

Parece um milagre!

O neurocirurgião Nubor Orlando Facure é professor aposentado da Unicamp, presidente


e fundador do "Instituto do Cérebro", na cidade de Campinas. Embora afastado da
Universidade, Nubor continua clinicando em consultório próprio e no Instituto do
Cérebro, escrevendo e publicando livros e também fazendo palestras nas casas espíritas
e instituições acadêmicas.
Nubor Orlando Facure
> O Cérebro e a Mente (uma conexão espiritual)

Há um grande fosso entre as considerações acadêmicas sobre as bases da consciência e


os postulados espiritualistas. Esses últimos colocam como origem e destino das
manifestações da consciência o Espírito ou princípio inteligente, independente da
matéria. Já as academias - nas chamadas 'neurociências' - procuram explicar as
manifestações de inteligência e consciência como subprodutos da atividade
neuroquímica do cérebro. Esse assunto certamente ainda precisa ser muito
desenvolvido, e o que as crenças acadêmicas sugerem são explicações para o
funcionamento de muitas funções cognitivas elementares, que se construiu a partir de
uma visão fundamentalmente descritiva dessas funções, bem como sua localização no
cérebro (ou seja, há um mapa que liga essas funções com partes específicas da massa
encefálica). Não obstante a existência desse mapa, inexiste uma 'teoria da consciência'
como muitos poderiam pensar que explique de forma satisfatória as manifestações
superiores da consciência (além disso, é preciso ainda compreender o mistério que
existe na chamada 'plasticidade neural').

O neurologista Dr. Nubor Facure é autor do livro 'O Cérebro e a Mente - uma conexão
espiritual' onde procura abordar o tema do ponto de vista espírita (e não apenas
espiritualista). O livro é formado por vários capítulos (que não são numerados)
conforme a sequência abaixo:

 A Evolução do Cérebro
 O Mapa do Desenvolvimento. Os Sistemas.
 O Mapa do Desenvolvimento. As Funções.
 Reconhecendo a Mente.
 O Inconsciente Neurológico.
 O Cérebro e a Mediunidade.
 A Neurologia do Bem-Estar.
 Revelações da Alma.
 Psicognosia. O Reconhecimento da Alma.
 O Homem Mediúnico. Uma perspectiva para o Ser Humano no
futuro.
 Ciência e Espiritualidade.
 Doença Espiritual.
 Eventos Históricos na Pesquisa do Cérebro e da Mente.

De início já comentamos que uma das grandes deficiências do livro é inexistência de


gravuras ou imagens que acompanhe as descrições feitas pelo autor (principalmente nos
capítulos iniciais). O livro não contém, de fato, nenhuma ilustração exceto pela bela
imagem da Nebulosa de Órion em sua capa. Uma vez que a neurologia definiu e
especificou a existência de um mapa entre funções cognitivas elementares e partes do
cérebro, seria muito mais didático se a descrição do autor fosse acompanhada de
figuras. Isso considerando a grande variedade de áreas e funções existentes. A figura
abaixo é uma imagem extraída de um modelo aberto em Sketchup (cortesia de Fussolia)
para o cérebro humano que pode ser útil para os leitores acompanharem a interessante e
bem feita descrição de Facure das funções cerebrais.
Modelo 3d do cérebro segundo Fussolia (via sketchup), com algumas das áreas
discutidas por Facure em seu livro.

Em 'A Evolução do Cérebro' o autor se baseia nos relatos arqueológicos sobre a


evolução do volume da massa do cortex, desde os símios até o chamado Homo Sapiens.
Nessa descrição, o autor não se aventura a fazer qualquer 'conexão' com o princípio
inteligente ou Alma que irá aparecer apenas no capítulo 'Reconhecendo a Mente'. O
estilo do autor é bastante livre, ele consegue descrever de forma simples muitos dos
conceitos. Há certa semelhança na maneira de apresentar cada conceito entre o que
escreve o autor e André Luiz em vários dos livros sob psicografia de Francisco Cândido
Xavier. Isso se caracteriza pelo uso do presente do indicativo para se referir a
acontecimentos passados e fatos históricos na forma de curtos parágrafos.

Duas passagens do 'O Cérebro e a Mente' me chamaram a atenção. Na página 41, ao


descrever o gigantesco número de conexões neurais existentes no cérebro e a quantidade
de informação genética supostamente necessária para descrever detalhadamente tais
descrições, Facure reconhece uma impossibilidade:

Ainda não se tem uma interpretação adequada para explicar quais os mecanismos que
direcionam essas ligações. Não sabemos, por exemplo, como os neurônios do olho se
estendem pelas vias corretas até a parte de trás do cérebro, onde suas terminações têm
que se distribuir por camadas de alta complexidade e com a exigência de impecável de
que cada fibra deve ocupar com precisão o seu devido lugar. Acredita-se que a célula
alvo contenha as substâncias químicas que exercem o papel de atrair a 'fibra certa'
com a qual se deve ligar. Convém registrar que, enquanto temos milhões de gens, as
ligações entre os neurônios são de tal forma numerosas que, para desligá-las, uma a
uma, a cada segundo, seriam necessários 32 milhões de anos para completar a tarefa.
Portanto, temos muito pouco material genético para, por si só, direcionar todas essas
informações.

Em outras palavras, a quantidade de informação contida no código genético é muito


menor do que a necessária para descrever (ou mapear) as conexões neurais. De onde
vem essa informação adicional? O problema aqui é que, embora se possa ter ideia
dessas diferenças de informação, ninguém consegue quantificá-las corretamente. Mas, a
necessidade de perfeição no concerto dessas ligações indica que alguma força adicional
está em operação. Como a neurologia é conhecimento essencialmente descritivo,
inexiste qualquer evidência sobre como essa força poderia operar, é como se apenas
dispuséssemos da descrição de prédios e ruas do centro de uma metrópole sem poder
saber absolutamente nada sobre as forças subjacentes que os utilizam durante a maior
parte do tempo.

Outra parte interessante está na pagina 47. O autor considera que as estruturas
encefálicas necessárias para a inteligência do homem moderno já estavam prontas a 100
mil anos atrás. Ainda assim, ele considera:

Podemos questionar, então, porque só tão recentemente fomos capazes de construir


cidades, as pirâmides, a esfinge e redigir livros sagrados, considerando que a
disponibilidade do cérebro já podia nos permitir desempenhar essas funções muito
tempo antes. Pressuponho que a magnitude e a rapidez desse avanço, que ocorreu
nesses últimos 250 séculos, deve ter sido precipitado ela vinda de criaturas, mais
desenvolvidas, que vieram habitar entre nós, exercendo um papel de enxertia para a
espécie humana.

Uma observação pode ser válida aqui: é possível que a história que conhecemos seja
apenas um esboço precário da verdadeira história pregressa dos últimos 100 mil anos. É
possível que nossa história verdadeira tenha começado muito tempo antes dos 6 mil
anos a. C. De qualquer forma, é interessante considerar que a arqueologia e
antropologias modernas especifiquem um 'surto' evolutivo para a cultura humana apenas
nos últimos 25 mil anos, enquanto que o cérebro moderno já estava disponível 100 mil
anos antes. Isso pode corroborar a noção de nossa cultura tenha sido auxiliada pela
vinda em massa de Espíritos mais evoluídos. Essa 'vinda' em nada teve de
extraordinária: ela se deu pelas vias normais do nascimento comum e nada teve a ver
com uma 'invasão' extraterrestre. Assim, nenhuma evidência física dela será encontrada,
apenas um surto de desenvolvimento, que é assinalado pelos estudos arqueológicos sem
nenhuma explicação aparente.

Em 'Reconhecendo a Mente', é feita a primeira abordagem da necessidade de se incluir a


Alma ou Espírito no quadro puramente descritivo das ciências neurológicas. Isso é feito
pelo autor evocando-se tratados antigos de diversas culturas que reconheciam a
existência de uma individualidade que é preservada além da morte. É importante
considerarmos aqui que a postulação da existência da Alma não parte de uma
necessidade meramente neurológica. De fato, podemos ter dificuldades em explicar a
falta de informação no código genético para explicar as ligações neurais, mas o Espírito
(sua existência e sobrevivência) vem como base independente dessas considerações. De
uma maneira diferente dos capítulos iniciais, Facure descreve conceitos como Tempo,
Matéria e Energia adentrando em conceitos primitivos de Relatividade e Física Quântica
para justificar aparentemente a incompletude das descrições neurológicas da mente.

O Cérebro e a Mediunidade

O que também chama a atenção em 'O Cérebro e a


Mente' é a tentativa de desenvolvimento da noção de
Kardec de que a mediunidade tem a ver com a
organização física do médium que, para Facure,
sugere uma ligação estreita com a estrutura cerebral
(o que daria origem a uma 'neurologia da
mediunidade'). Nesse sentido, todos os tipos de
mediunidade (mesmo aqueles que se poderiam
considerar os mais 'físicos') passam pelo filtro do
cérebro para que possam se manifestar. Isso contrasta
fortemente com a opinião algo generalizada de que mediunidade deva ser algo 'místico'.
E, também, sugere não se poder falar em mediunidade absolutamente mecânica, quando
o médium apenas transmite o que recebe sem nenhum tipo de interferência. Esboços em
direção ao desenvolvimento dessa ideia podem ser encontrado na pag. 84 ('Psicografia e
Pintura Mediúnica'):

Com o desenvolvimento mediúnico, a psicografia e a pintura mediúnica manifestam-se


claramente como expressões de automatismos cerebrais, nos quais o Espírito
comunicante se utiliza dos núcleos da base e das áreas motoras complementares para
executar a tarefa. Por isso, ambos, a psicografia e a pictografia, são executados com
extrema rapidez; a caligrafia com frequência é ampliada e não há necessidade de
acompanhamento da visão por parte do médium, porque ele já está treinado para
execução do texto ou da pintura.

E não apenas isso. O conhecimento da maneira como o cérebro opera a codificação dos
sinais visuais para fornecer ao Espírito a visão integral de um objeto (1) parece ser
essencial para compreender as diferenças que existem entre descrições de diversos
médiuns videntes. Mais recentemente, em seu blog, Facure discute uma possível
explicação para esse fenômeno (2). Ele fala, por exemplo, que um paciente epilético
pode descrever uma maçã sem cor. Isso acontece porque diferentes parcelas de
informação de uma imagem vão para áreas diferentes do cérebro. Portanto, como a
mediunidade está essencialmente ligada a estrutura física do cérebro, então diferentes
médiuns poderão descrever diferentes aspectos de uma cena exterior, uma vez que essa
faculdade dificilmente estará uniformemente desenvolvida entre eles (trata-se de uma
nova faculdade em desenvolvimento na espécie Homo Sapiens). A Psicometria
(capacidade de certos médiuns de conhecer a história pregressa de objetos físicos
simplesmente ao tocá-los) é uma extensão das funções do tato ordinário que são
processadas no lobo parietal. Dessa forma, prevê-se que as variedades (e intensidades)
mediúnicas seriam tão grandes quanto as variedades de funções cognitivas
disponibilizadas pelas diversas estruturas do cérebro. A nós parece que o Dr. Nubor
Facure é um pioneiro na extensão desses conceitos oriundos de modernas descobertas
da neurologia para indicar uma caminho a ser seguido na pesquisa da mediunidade no
futuro.
O leitor poderá encontrar ainda vários neologismos usados pelo autor no livro (tal como
a palavra psicognosia com significado específico dado por ele), além do conceito do
inconsciente neurológico. Na parte final do livro há um instrutivo quadro cronológico
sobre as descobertas da neurologia, onde não deixam de figurar as contribuições de
Kardec e de outros investigadores para a compreensão integral do ser humano. Não é
possível estabelecer uma ciência da Mente onde o Espírito seja dela derivado a partir de
observações da neurologia, assim sendo:

Estando presos à realidade física que nos limita, não poderemos explicar a fisiologia
dessas aptidões. Todas elas estão ligadas a uma capacidade da Alma que utiliza
também o cérebro, mas transcende a sua fisiologia. (pag. 97)

Pelo menos, isso ainda não ocorreu. Mas, certamente, o livro do Dr. Nubor Facure nos
ajuda a aprender um pouco mais sobre o assunto.

Dados da obra

Título: O Cérebro e a Mente, uma conexão espiritual.


Autor: Dr. Nubor O. Facure
Na nossa edição, não pudemos encontrar o ISBN dessa obra.
Número de páginas: 174.
Editora: FE Editora Jornalística Ltda.

Referências
1. Com relação à maneira como o cérebro interpreta inicialmente a informação visual,
uma descrição para os leigos pode ser encontrada no Capítulo 4 do livro 'Fantasmas no
Cérebro' de V. S. Ramachandran (Ed. Record, Rio de Janeiro, 2004). Segundo este
autor, existem cerca de 30 áreas no cérebro associadas ao processamento separado da
informação visual.

2. Ver 'Mediunidade a visão das cores' postado em 26/11/11 no blog do Dr. Nubor
Facure. Há outros posts sobre o assunto mediunidade também.

Fonte: https://eradoespirito.blogspot.com/2012/01/livro-iv-o-cerebro-e-mente-uma-
conexao.html

O neurocirurgião Nubor Orlando Facure é professor aposentado da Unicamp, presidente


e fundador do "Instituto do Cérebro", na cidade de Campinas. Embora afastado da
Universidade, Nubor continua clinicando em consultório próprio e no Instituto do
Cérebro, escrevendo e publicando livros e também fazendo palestras nas casas espíritas
e instituições acadêmicas.
Nubor Facure
> Ciência Espírita : reflexões filosóficas

Religião – milagres, profecias, prodígios e dogmas irracionais

Na condenação de Galileu ele foi obrigado a refugiar-se em sua própria casa e renunciar
aos princípios científicos que divulgava. A Igreja da época estava dando o recado de
que não suportaria a perversão dos fundamentos aristotélicos que ela adotava. O sistema
do mundo criado por Deus correspondia ao que Aristóteles e Ptolomeu haviam
decifrado. Deus, como Ser supremo e onipotente, criou e pôs o mundo em movimento e,
desde então, tudo funciona com perfeição e harmonia, com ou sem a sua presença. Ele
estabeleceu a ordem para o Universo e nada pode mudá-la. As estrelas que estão fixadas
e imóveis nas abóbadas do firmamento são formadas de uma substância divina diferente
da que existe no mundo sublunar. A Terra ocupa o centro do Universo e o Sol, que vai
de um extremo ao outro do horizonte, serve de lâmpada que ilumina o céu. Tudo que é
perfeito e escapa ao entendimento humano é obra de Deus.

Galileu, que usou o raciocínio matemático


para comprovar a tese de Copérnico

O círculo é tido como figura perfeita impondo aos planetas uma órbita circular nas suas
trajetórias em volta do Sol. Não há qualquer ligação entre a vida do homem e a dos
animais, eles fazem parte da criação para povoarem o mundo. O Homem conhecido na
época era o homem branco, criado no paraíso, de onde foi expulso por ceder à tentação
do sexo. Condenado a viver na Terra, terá de seguir os mandamentos da Lei de Deus,
que só a Igreja é competente para revelar, podendo ser salvo ou condenado a penas
eternas conforme sua submissão. Como doutrina que esclarece o início e o fim do
Homem, a Religião da época era um sistema acabado, pronto e que não admitiria
mudanças desnecessárias. Seu conteúdo era completo e suficiente para consolar e aliviar
nossas dores, ensinar a tolerância aos nossos sofrimentos, justificar a incoerência
aparente da Justiça divina e garantir a salvação para os fiéis submissos aos seus
sacerdotes. As desigualdades também ocorrem por obra e vontade de Deus e não nos
compete desafiá-Lo em seus desígnios.

Conseguindo “explicar” os mistérios do mundo e da vida, as concepções religiosas


desempenhavam um papel superior ao da ciência iniciante da época. A religião fornece
segurança, conforta no sofrimento, alivia nossos medos, faz troca com nossos “pecados”
e assegura a esperança numa vida futura, onde conseguiremos obter o que a Terra não
nos privilegiou.

Ciência – o estatuto do conhecimento verdadeiro, racionalidade, indeterminação,


pensamento livre para criar a sua verdade

Galileu usa o raciocínio matemático para comprovar a tese de Copérnico deslocando o


Sol para o centro e colocando a Terra no cortejo dos planetas ao seu redor. Num mundo
tido como regular e perfeito ele descobre as irregularidades da superfície lunar onde viu
suas crateras. Num sistema imutável ele acrescentou luas a Júpiter que não foram
descritas por Aristóteles.

O alicerce da Igreja viu-se abalado por novas descobertas que sucederam rápidas. Ticho
Brahe testemunhou por dois meses a passagem de uma estrela nova no firmamento que
a Igreja supunha fixo e invariável. Johanes Kepler comprovou matematicamente que as
órbitas dos planetas são elípticas e não círculos perfeito como se supunha. René
Descartes construiu um sistema filosófico que permitiria separar o corpo da alma, e
André Vessálius inaugurou o estudo da anatomia humana num corpo que lhe parecia
comportar-se como uma máquina, capaz de mover-se com músculos sem a ajuda do
espírito.

Mais tarde, Isaac Newton identificou a “força atrativa” que mantém os astros em suas
órbitas, que movimenta as águas dos oceanos no sobe e desce das marés e provoca a
queda os corpos.

Gradativamente as forças imateriais que produziam o movimento e a ordem do


Universo foram reconhecidas como forças da gravidade. As Leis divinas que mantém a
regularidade dos fenômenos físicos foram substituídas por princípios matemáticos.

Os mistérios que sustentam a vida foram compreendidos como combustão do oxigênio,


fermentação dos alimentos ou metabolismo celular. Os “espíritos animais” que
transitam pelo corpo humano produzindo seus reflexos e movimentos foram
identificados quimicamente como neurotransmissores. A regularidade dos
acontecimentos foi violada pelo princípio da incerteza. O determinismo linear de uma
causa para cada efeito foi abalado pela casualidade circular em que o padrão de resposta
determina a intensidade da causa.

O paradoxo “ciência como religião” – dogmas, rituais, hierarquia, o sagrado e o profano


Historicamente a Religião tem base na tradição cultural dos seus seguidores. Seu
conteúdo, que orienta o comportamento dos fiéis, está redigido em textos sagrados que
persistem inalterados por séculos. A linguagem ai empregada é quase sempre simbólica
permitindo interpretações conflitantes. Daí a importância do sacerdote e do sistema de
hierarquia que os classifica. Entre esses sacerdotes são distribuídas as regalias materiais
e o poder divino que os pressupõem representantes de Deus na Terra.

Por outro lado, a construção do saber produzido pela ciência é uma conquista do esforço
individual ou de um grupo de pesquisadores. Seus textos, embora redigidos em
linguagem técnica, procuram ser o mais claro possível para compreensão dos
interessados. A verdade é procurada exaustivamente pela observação ou pela
experimentação. Textos escritos ou opiniões pronunciadas por personalidades
hierarquicamente destacadas, têm importância relativa e, para serem aceitas, precisarão
submeter-se a comprovação realizadas por experimentadores independentes.

O conhecimento científico tem duração relativamente curta, costuma se reunir em um


conjunto de proposições teóricas que constituem um paradigma e, de tempos em
tempos, os cientistas envolvem-se na tentativa de propor novos e mais adequados
paradigmas.

A Ciência não deixou de ocupar-se, também, com dilemas que sempre estiveram sob o
domínio das religiões. Ela tem, a seu modo, uma proposta para a origem do Universo e
da vida na Terra. É apropriado para a Ciência pesquisar o mecanismo que desencadeia
os fenômenos, como eles acontecem, mais do que tentar explicar porque eles
acontecem. Ela se ocupa minuciosamente com a causa da dor e muito pouco com o
porquê do sofrimento humano. A opção da Ciência é esclarecer, mais do que consolar.

Já é aceito por todos que para fazer ciência é preciso adotar o método científico.
Classicamente a pesquisa precisa estar enquadrada na liturgia do método. Usa-se a
dedução ou a indução, a observação ou a experimentação. Os fenômenos estudados
fornecem os elementos que, aplicados a raciocínios matemáticos, fornecem o valor da
verdade descoberta.

Algumas proposições científicas já estão de tal forma comprovadas e aceitas que


deverão ter a duração eterna das verdades sagradas das religiões: a gravidade existe
como força de atração em todo universo; a energia tem valor inviolável, ela se
transforma, mas não se cria nem se perde; o calor tende a se dispersar, assim como toda
energia do universo onde a tendência é o caos; a luz é um fenômeno eletromagnético; a
matéria visível em todo o Universo é da mesma natureza da matéria existente na Terra;
as moléculas de todas as substâncias estão em constante movimento; a variedade das
espécies se deve à evolução pela seleção natural.

A Ciência Espírita - Fundamentos teóricos, controle experimental, filosofia


espiritualista e conteúdo moral
O texto da doutrina espírita teve início com as revelações transmitidas por Espíritos
desencarnados de natureza superior, com o propósito de esclarecerem e orientarem a
humanidade.

Os objetos de estudo da doutrina espírita incluem o mundo espiritual, os seres que o


habitam, suas relações com o mundo material e as conseqüências dessa relação.

Para o Espiritismo, a grandiosidade do Universo e as leis inteligentes que o governam


são provas suficientes para comprovar a existência de Deus.

Deus é criador de tudo o que existe e sua criação é incessante. Na situação evolutiva em
que se encontra a humanidade, ainda não temos condições de compreender a origem do
Universo e da vida na Terra. O que se tem como certo é que Deus sempre criou e
sempre continuará criando.

Existem dois elementos fundamentais no Universo, o espiritual e o material. O elemento


espiritual tem início como “princípio inteligente”. Essa “centelha espiritual” transita do
mundo espiritual ao mundo material ocupando corpos que lhe permite evoluir na escala
da vida inteligente na Terra. O Universo é preenchido por um “fluido” de natureza sutil,
com propriedades que ainda escapam ao nosso entendimento. É dele que se origina toda
matéria conhecida. As propriedades das substâncias só existem em função desse fluido e
pela sua atuação essas propriedades podem sofrer as mais diversas alterações. A acidez
ou a alcalinidade é dada pela presença desse fluido e por sua atuação um copo de água
pode curar ou produzir malefícios.

Existe um propósito divino na criação. Estamos todos destinados a caminhar pela


extensa fieira das existências, na Terra ou em outros mundos, buscando a condição de
espíritos angélicos que um dia atingiremos.

Deus atua através de Leis que a inteligência humana irá gradativamente descobrindo.
Estamos todos mergulhados no pensamento de Deus e nada que ocorre no Universo
escapa ao seu consentimento. Somos livres para agir e obrigados a arcar com as
conseqüências dos nossos atos. Cada um é responsável pelo seu próprio destino. As Leis
morais são pressentidas pela consciência de todos nós e à medida que a humanidade
avançar na sua evolução o Homem será cada vez mais conscientes da aplicação dessas
Leis.

O mundo espiritual está permanentemente em íntimo contato com o mundo material.


Um e outro processam trocas fluídicas entre si e exercem influência sobre o outro. Essa
interferência recíproca é tão intensa que não há como permanecer sem sua convivência.
Uma multidão de espíritos desencarnados transita com cumplicidade em todos
ambientes da Terra. Eles nos acompanham e nós os atraímos compartilhando com eles
nossa intimidade. Os pensamentos que freqüentemente temos como sendo nossos são,
muitas vezes, o pensamento deles. Dentro das Leis divinas está estabelecido que
atraímos para nossa companhia aqueles com quem sintonizamos nossos propósitos. O
bem atrai os bons e o mal conviverá com a ignorância.

Por envolver o mundo espiritual e os Espíritos que aí habitam, não temos controle da
comunicação espiritual, e os métodos da ciência humana, seu sistema de controle e
experimentação, não se aplicam à ciência do Espírito. Entretanto, alguns homens têm
em sua constituição uma disposição especial que lhes permite entrar em contato lúcido
com os espíritos desencarnados. Trata-se do fenômeno da mediunidade que se registra
em todos os povos e em todas as épocas da humanidade. A mediunidade é o grande
campo de experimentação em que a doutrina espírita se apóia para revelação e
comprovação dos seus postulados.

A expectativa futura é de que no decorrer dos séculos todos os homens possam estar
conscientes do seu intercâmbio com o mundo espiritual. Os fenômenos mediúnicos
explicam uma série de ocorrências freqüentemente tidas como sobrenaturais ou
produzidos por uma energia desconhecida. A transmissão do pensamento, a visão à
distância, as premonições, a xenoglossia, a psicometria, a psicografia e a psicofonia são
exemplos já bem estudados e esclarecidos pelo Espiritismo.

Nubor Orlando Facure, de Campinas-SP.


Nubor Orlando Facure
> Fenômenos psico-físicos de natureza espiritual

A doutrina espírita contém em seus fundamentos uma série de informações que nos
permitem identificar uma classe especial de fenômenos que sugerimos tratar-se de
fenômenos “psico-físicos de natureza espiritual”. Correspondem ao processo de
atuação da alma no corpo físico.

É muito fácil reconhecermos os fenômenos da realidade física e da esfera psicológica


que fazem parte de toda nossa vida. Queremos, no entanto, pôr em destaque, uma outra
classe de fenômenos que só a atuação do Espírito é capaz de explicar.

No mundo físico conhecemos a natureza da matéria e os processos que regem seu


movimento e suas combinações.

No mundo psicológico identificamos os mecanismos inconscientes que impõem nossos


comportamentos e aprisionam nossos desejos.

No domínio espiritual a literatura, especialmente de Kardec, André Luiz e Emmanuel, já


nos indicaram mecanismos interessantes que atuam na interface corpo/alma.

O paradigma atual da Medicina, embora tenha esclarecido grande parte da anatomia e


da fisiologia do organismo humano, não tem abrangência suficiente para perceber ou
interpretar o complexo mecanismo de atuação do Espírito sobre o corpo. Essa será,
possivelmente, a maior descoberta da Ciência.

Um modelo interessante para exemplificar a extensão dessa dificuldade é visto na


glândula pineal. Conhecemos sua anatomia minúscula, sua relação com os ritmos
biológicos, sua sensibilidade à luz, sua precária ligação com o cérebro, sua produção
química modesta e sua expressão clínica pouco significativa.

É por isso que causaram surpresa os relatos que nos chegaram da espiritualidade,
apontando expressivas atividades da glândula pineal, que ultrapassam o que até hoje
fomos capazes de constatar com nossos estudos macro ou microscópicos.

Precisamos deixar claro que o que enxergamos “do lado de cá”, é apenas a expressão
anátomo-funcional da glândula. Por não termos os instrumentos de acesso ao mundo
espiritual, não sabemos como é que se processa sua atividade na interação
cérebro/mente.

Podemos identificar as células da pineal e sua microestrutura, registrarmos suas trocas


metabólicas, identificarmos as secreções dos humores e a transmissão dos influxos
nervosos. Entretanto, no domínio da atividade espiritual, os possíveis componentes e
como atuam, são ainda indetectáveis pelos nossos instrumentos. Extrapolar nosso
conhecimento “daqui para lá” ainda permanece no campo da metafísica.

Não seria prudente imaginarmos que “por aqui” poderemos um dia conhecer toda
extensão desse fenômeno que chamamos de “psico-físico de natureza espiritual”.
Pressupondo, de antemão, que “do lado de lá” a dinâmica espiritual do fenômeno é
muito mais ampla e significativa do que nossa anatomia pode registrar.

Aprendemos com a doutrina espírita que existem três elementos fundamentais que
direcionam a fisiologia dos processos orgânicos que nos condicionam a vida: o
Espírito, o perispírito e os fluidos que intermedeiam a intercessão corpo/alma.

Parece-nos ser desnecessário anotar os detalhes já bem conhecidos dos três. Os livros
básicos da Doutrina são suficientes. Nosso propósito será o de apontar alguns
fenômenos que nos parecem ilustrativos para a apresentação da fisiologia metafísica que
estamos interessados em estudar.

 A fixação do pensamento
 A coesão da população celular
 Os Centros de força
 A corrente sangüínea e a energia vital
 A glândula pineal e sua fisiologia espiritual
 A ectoplasmia
 A respiração restauradora

Nossa sugestão é que fenômenos desse tipo sejam rotulados de


“fenômenos espírito-somáticos” . Seu estudo abrange uma grade de
fenômenos que pode nos levar conhecer leis gerais da fisiologia que
integra o corpo à alma.

A fixação do pensamento

A neurofisiologia sugere que o pensamento é um processo contínuo que


se expressa na atividade dos neurônios do cérebro. Nossas idéias nascem
a partir de estímulos externos que atingem os órgãos dos sentidos ou por
mecanismos internos de percepção e memórias acumuladas no decorrer
da vida.

O neurônio foi identificado como célula fundamental a partir do


momento que técnicas de coloração permitiram o reconhecimento da sua
estrutura. Quando Camillo Golgi em 1873 usou uma tintura de prata
para corar o cérebro, foi possível perceber que alguns neurônios se
impregnavam com essa coloração revelando o corpo celular e seus
prolongamentos, inaugurando, a partir daí, uma revolução extraordinária
no conhecimento do cérebro.
Nessa mesma época (final do século XIX), Franz Nissl, consegui corar
os neurônios com o violeta de cresil, descobrindo no citoplasma o
amontoado de uma substância de aparência “tigróide” que ficou
conhecida como “corpúsculos de Nissl”. Os estudos atuais revelaram que
esses corpúsculos correspondem a uma estrutura membranosa
denominada Retículo Endoplasmático Rugoso que tem a função de
construir proteínas dentro dos neurônios. Algumas dessas proteínas farão
parte das membranas celulares e outras participarão de enzimas que
atuam na produção de nurotransmissores.

A membrana que reveste os neurônios é formada por duas camadas de


uma substância gordurosa fosfolipídica. Essa camada é impermeável,
isolando o conteúdo interno dos neurônios dos fluidos extracelulares. Ela
é, porém, interrompida por “portões” de proteínas que constroem os
canais que permeabilizam as membranas. É através desses canais de
constituição protéica que entram ou saem íons e substâncias que afetam a
atividade dos neurônios (sódio, potássio, cálcio, neurotransmissores,
tranqüilizantes, antidepressivos e drogas como a cocaína, para citar
exemplos mais conhecidos) .

Por outro lado, as enzimas são indispensáveis para a produção dos


neurotransmissores que realizam toda transmissão da informação entre os
neurônios.

Pode-se depreender que os corpúsculos de Nissl, estando diretamente


ligados a produção de proteínas, exercem um papel fundamental na
fisiologia cerebral.

André Luiz, em psicografia de 1958 (Evolução em dois Mundos),


destacou a importância dos corpúsculos de Nissl ensinando que aí a
mente fixa seus propósitos transmitindo pelo pensamento as idéias que o
Espírito projeta no cérebro. A partir das percepções dos sentidos, o
Espírito renova suas idéias, projeta na rede de neurônios sua energia que
resulta em pensamentos capazes de se adequarem no cérebro, produzindo
nossos atos.

Um neurônio, em constante atividade, vai expandindo suas sinapses


fixando o aprendizado que a experiência vai lhe fornecendo. Em cada
sinapse se ajustam os canais de transporte químico fundamentais a troca
de informações entre os neurônios. Tanto esses canais, como os
neurotransmissores, são construídos a partir de proteínas montadas,
principalmente, dentro dos corpúsculos de Nissl. Portanto, afirmar que o
Espírito exerce atuação direta nos corpúsculos de Nissl, como ensinou
André Luiz, nos permite supor que é o Espírito que em última análise
constrói o tipo de neurônios que estrutura o cérebro de cada um de nós.

A coesão da população celular

O organismo humano é formado por mais de 300 trilhões de células em


constante renovação. Os diversos órgãos que o compõem, se estruturam
em diferentes camadas de tecidos que reúnem células típicas e variadas.
Temos em nosso corpo para mais de 250 tipos diferentes de células,
incluindo os neurônios, as células da glia que sustentam o cérebro, os
hepatócitos, as células musculares, as gordurosas, as epiteliais que
revestem a pele e assim por diante.

A Ciência atribui ao programa impresso no genoma todo esse projeto de


distribuição e organização do gigantesco universo celular que constrói
nosso corpo. Falta-nos, entretanto, uma teoria adequada ao gigantismo
dessa tarefa, já que, só de neurônios temos dezenas de tipos
morfológicos, num total de 100 bilhões de células, exigindo conexões
sinápticas que ultrapassam a trilhões de ligações absolutamente precisas.
Precisamos lembrar que no útero materno o embrião constrói 250 mil
neurônios por minuto. Torna-se uma tarefa espantosa para os poucos 33
mil genes que trazemos como patrimônio genético.

A doutrina espírita ensina que o molde que nos estrutura o corpo físico é
função do perispírito que nos ajusta ao mundo espiritual. Estão nesse
perispírito todos os traços que identificam nosso mundo mental.
Entretanto, a feição física que aparentamos e os estigmas de doenças nos
marcam não se reproduzem como uma cópia fotográfica fiel do nosso
perispírito. As pessoas de aparência simples mas de Espírito nobre
irradiam uma tessitura espiritual que se sobressai diante das imagens de
beleza que a mídia costuma dar destaque, especialmente para o corpo
feminino. A presença de deformidades físicas está ligada aos nossos
méritos e necessidades, adequadas aos débitos pretéritos que
acumulamos, mais do que a aparência do perispírito. Nem sempre os
aleijões acompanharão o Espírito após a desencarnação.

Allan Kardec sugere que o conhecimento do perispírito tem muito a


colaborar com a Medicina para esclarecimento de nossas doenças. Mas
recorremos de novo a André Luiz para nos surpreender com suas
revelações. Ele ensina que pela atuação de nossa mente, mantemos
coesas as trilhões de células que compõem o nosso corpo. Essa atividade
dá às nossas atitudes uma responsabilidade enorme no compromisso que
temos em zelar pelo nosso equilíbrio físico. Porém, as surpresas não
param por aqui. André Luiz afirma que cada uma dessas células é um
universo microscópico onde estagia o princípio inteligente, constituindo
cada célula que abrigamos em nosso corpo uma unidade com
individualidade própria, sobre as quais temos imensa responsabilidade de
sustentar e conservar. São “almas” irmãs, que em estágio primitivo,
percorrem conosco as lutas da vida física, emprestando ao Espírito
humano a dádiva do seu metabolismo.

Os centros de força

A cultura milenar do oriente registra em seus livros sagrados a existência


de centros de força, ou chacras, de localização constante no corpo
espiritual de todos nós. Eles se localizam no cérebro e em plexos
distribuídos pelo nosso corpo nas regiões da laringe, do estômago, do
baço, do plexo celíaco relacionado com o trato digestivo e região genital.

São em número de dois no cérebro, o chacra cerebral localizado na


região frontal e o chacra coronário nas regiões centrais do cérebro.

Os lobos frontais passaram por um processo extraordinário de expansão


quando se iniciou a evolução do ser humano na Terra. O lobo frontal é a
região que mais nos distingue do cérebro de um chimpanzé. Estão
relacionados com nossos pensamentos abstratos, com nossa capacidade
de classificar os objetos, de organizar nossos atos e programar nosso
futuro. Sem o lobo frontal o homem se torna irresponsável, perde a
capacidade de organizar as coisas num ambiente, deixa de se preocupar
com os outros, pode se tornar jocoso e não percebe a gravidade da
situação em que vive. É o lobo frontal o que mais nos torna humanos.

André Luiz nos diz que o chacra cerebral, de localização frontal, nos
permite estar em união com as esferas mais altas que direcionam nossos
destinos na Terra. Através da oração, projetando a súplica piedosa ou o
agradecimento sincero, mantemos contato com os seres sublimes que nos
orientam e protegem.

Na região coronária podemos apontar três níveis estratificados


anatomicamente. O córtex, os núcleos da base e o diencéfalo. O córtex
cerebral da região coronária se relaciona com a atividade motora que nos
facilita os movimentos voluntários. Nos núcleos basais (tálamo,
putamem, globo pálido e caudado) são organizados nossos movimentos
automáticos, que nos permitem realizar a respiração, a deglutição, a
mastigação e a marcha, para citar exemplos fáceis de compreendermos.
E, finalmente, o diencéfalo reúne um agrupamento de células que
desempenham papel importantíssimo no controle de nossas funções
metabólicas, intimamente associadas a nossa sobrevivência. No
hipotálamo, que compõe parte importante do diencéfalo, são produzidas
dezenas de substâncias que controlam a atividade das nossas glândulas,
funcionando como estimuladores da produção de hormônios na hipófise,
na tireóide, na supra-renal, nos ovários e nos testículos entre tantas outras
glândulas.

André Luiz ensina que no chacra coronário estão situadas as forças que
mantém em equilíbrio a atividade dos trilhões de células que obedecem
nosso comando mental, mantendo a forma e as funções do nosso corpo
físico.

Os milhares de anos que nos separam do espiritualismo oriental não


trouxeram maiores esclarecimentos à ciência médica, que não consegue
identificar em seus fundamentos qualquer sinal da existência dos chacras.
Mesmo assim, convém considerarmos alguma hipótese para tentarmos
relacionar os chacras com a atividade cerebral. É clássico estudarmos o
cérebro em seu aspectos modulares destacando as funções motoras,
sensoriais, linguagem, memória, calculo, emoções entre tantos outros.
Essas atividades são processadas por circuitos limitados a uma
determinada área cerebral. Existe, porém, um outro arranjo funcional que
a neurologia destaca como um conjunto de agrupamentos neurais que
exercem sua ação de modo difuso, incluindo múltiplas vias neurais e suas
áreas de repercussão. É o caso, por exemplo, dos sistemas de ativação
ascendente que tem a propriedade de nos manter alertas ou em pleno
sono.

De maneira simplificada, podemos considerar pelo menos três sistemas


de atuação global, habitualmente rotulados de “sistemas modulatórios
de projeção difusa”. O sistema hipotálamo-secretor, o sistema
neurovegetativo e, o sistema de relação com neurotransmissores como o
dopaminérgico, o seratoninérgico e o noradrenérgico, estando os três
fortemente relacionados com transtornos mentais diversos. São eles que,
nesse artigo, queremos sugerir, com hipótese, estarem relacionados com
os chacras cerebral e coronário.

Considerando os chacras que se expressam no cérebro, podemos notar


sua coincidência com os “sistemas de atuação difusa”. No chacra
frontal, predomina o sistema dopaminérgico responsável pela expressão
do pensamento abstrato e insersão na realidade física. Doenças como a
epilepsia e as demências frontais levam a uma deteriorização da mente
desses pacientes que se tornam completamente dissociados do mundo
físico em que vivemos. Na região do chacra coronário, vimos o
significado do controle endócrino realizado pelo eixo diencéfalo-
hipofisário. Essa atividade glandular orquestrada é indispensável para a
manutenção do nosso metabolismo, sem o qual a vida nos seria
impossível.

A corrente sanguínea e a energia vital

É muito fácil de se aceitar a idéia de que nossa vida está intimamente


ligada ao coração. Aristóteles afirmava que a Alma aí se localiza porque
qualquer ferimento nele leva imediatamente à morte.

Nos dias de hoje, alunos do primário já aprendem que os batimentos do


coração impulsionam o sangue pelas aterias, que depois se difundem
pelos capilares e retorna pelas veias. Nesse retorno o sangue passa pelos
pulmões de onde retira o oxigênio que a respiração fornece. Temos cerca
de seis litros de sangue circulando pelo nosso corpo e mais ou menos
vinte por cento dele vai para o cérebro. Enquanto entra pelas artérias e
sai pelas veias, o sangue circula dentro do cérebro em exatos seis
segundos.

Assim que ocorre a morte, as artérias do cadáver estão vazias, já que a


última batida impulsiona todo sangue para as veias. Essa observação
levou Galeno a sugerir que as artérias estariam sempre cheias de ar. Ele
propunha, também, que circula junto com o sangue um elemento
imaterial que denominou pneuma vital. Esse fluido nasce no coração,
distribui-se pelo corpo e, se transforma no pneuma animal ao atingir o
cérebro, nos permitindo perceber o mundo pelos sentidos e a reagir com
os nossos movimentos aos seus estímulos. A idéia de um “espírito
animal” produzindo nossos reflexos, foi também adotada por René
Descartes e por Thomas Willians, tendo aceitação médica por muitos
séculos. Para Willians, os corpúsculos do “espírito animal”, percorreriam
os nervos para pôr em ação os nossos movimentos.

Nos dias de hoje, sabemos da importância da circulação sanguínea


distribuindo por todo organismo não só o oxigênio que nos sustenta a
vida mas um número insuspeitável de substâncias ligadas à manutenção
do metabolismo celular e de todo sistema imunológico.

André Luiz nos traz conhecimentos novos nessa área também. Diz o
conhecido Espírito que junto com a circulação sanguínea circula o
“princípio vital” indispensável à sustentação da vida. Ensina Kardec
que é o princípio vital quem dá vida à matéria orgânica. Cada um de
nós o tem disponível enquanto encarnados, consumindo nossa cota com
o decorrer dos anos. Ele procede do “fluido cósmico universal” que nos
abastece conforme nossas atitudes nos compromissos da vida. A
meditação, a prece e o impulso que nos predispõe a amar ao próximo,
fornecem a substância e a renovação do princípio vital. Ele nos penetra
pela respiração, o que nos faz lembrar um dos mais belos versos da
Bíblia – E Deus fez o Homem do barro da Terra e soprou em suas
narinas o sopro da vida.

Anaxágoras considerava que o ar era a substância primitiva de onde


procede tudo que existe. A relação do ar com a vida sempre foi aceita em
muitas culturas. Nos livros de Galeno, as expressões espíritos e pneumas
(ar) são equivalentes.

Aprendemos com André Luiz que o princípio vital é absorvido pela


respiração e percorre todo organismo acompanhando a circulação do
sangue.

A Glândula Pineal e sua fisiologia espiritual

Essa glândula situada no meio do cérebro já é conhecida há mais de dois


mil anos e, mesmo assim, o que sabemos sobre ela é tão pouco que, nos
tratados clássicos da neurologia, ela ainda não despertou interesse para
merecer mais que citações curtas de algumas linhas sobre o hormônio
que ela secreta - a melatonina.

A pineal é o relógio biológico que sinaliza um dos momentos mais


importantes da vida, o despontar da sexualidade. Por ocasião da
adolescência a pineal reduz a produção da melatonina ocorrendo, a partir
daí, o desenvolvimento dos órgãos externos ligados a atividade sexual.
Até hoje é possível de se perceber, em determinados animais, que a
pineal pode se comportar funcionalmente como um terceiro olho. Nesses
animais a pineal está situada acima do crânio funcionando a modo de um
periscópio que exerce um papel de vigilância para o animal. Não se deve
estranhar, portanto, a forte sensibilidade que a nossa pineal tem para com
a luz. A entrada da luz, que atinge a pineal pelas fibras nervosas que
nosso nervo óptico conduz, reduz a produção de melatonina. No
ambiente escuro, aumenta acentuadamente a produção do hormônio.
Todos sabemos que os ursos hibernam em cavernas durante meses de
escuridão e, nessa ocasião, o aumento da melatonina produz o
entorpecimento do seu interesse sexual, que depois volta a se revelar no
alvorecer da primavera.

O hormônio da pineal tem ligação direta com o depósito de melanina na


nossa pele. Ele tem um efeito clareador diminuindo a pigmentação da
pele. Isso justifica, por exemplo, a cor esbranquiçada dos bagres que
vivem nas profundezas de águas escuras.

A melatonina tem sido utilizada como tranqüilizante produzindo


relaxamento e sonolência. Foi experimentada também no tratamento de
dores de cabeça e de epilepsia, mas em todos esses quadros o efeito da
melatonina é muito pobre.

André Luiz, através de Chico Xavier, trouxe-nos informações inéditas e


surpreendentes sobre o papel da pineal quando observada a partir do
plano espiritual.

Sensível às irradiações eletromagnéticas, nossa pineal é sintonizador dos


fenômenos de comunicação mental, mantendo-nos em permanente
ligação com todos aqueles que compartilham conosco a mesma faixa de
vibração.

Nos processos mediúnicos, a aproximação espiritual se vale da pineal


para difundir sua mensagem até as diversas áreas cerebrais que ressoam
sua transmissão.

Nas encarnações, que a misericórdia divina nos permitiu transitar pela


Terra, nos enredamos em situações onde tivemos oportunidade de
cultivar relações afetivas profundas, ao mesmo tempo em que
fomentamos rivalidades e discórdias das mais variadas conseqüências.
Como a Lei divina não exclui ninguém dos reajustes necessários, será
através da pineal que iremos encontrar, mais cedo ou mais tarde, aqueles
mesmos amores sinceros que nos incentivarão a progredir e os inimigos
do passado que nos exigirão saldar as dívidas e os compromissos.

Entretanto, por mais que a anatomia cerebral possa nos revelar, não
reconhecemos nas vias que emergem da pineal qualquer indicação dessa
extraordinária participação da glândula em nossa vida mental. Como
explicar, em vista disso, o que nos esclarece André Luiz? Pressuponho
que será necessário conhecermos qual é o mecanismo de atuação do
Espírito sobre o cérebro. Daí, nosso propósito de reunirmos esse
conjunto de fenômenos que sugerimos sejam tratados de fenômenos
“espírito-somático”.

No quadro dessa notória “fisiologia espiritual” que André Luiz dá


destaque, creio que a chave para sua compreensão está na participação do
chamado “fluido universal”, tão conhecido no meio espírita.

Ensinam os Espíritos que elaboraram a doutrina com Allan Kardec que


os fluidos servem de veículos para a transmissão do pensamento.
Derivado do fluido cósmico universal, ele inunda o Universo, nos
envolvendo a todos, nos permitindo compartilhar do “Hálito Divino” que
nos alimenta.

Na vida física, atuamos pelas vias nervosas que nos estrutura os


neurônios, suas imensas redes de comunicação e sua extraordinária
química que sintetiza e conjuga os neurotransmissores. Na dimensão
espiritual estaremos usando esse elemento sutil, fluídico, que obedece a
vontade que a mente direciona, permitindo-nos criar através da fisiologia
espiritual uma dispersão muito mais ampla nos seus efeitos fisiológicos.

Quando Louis Pasteur, descortinou o imenso campo da microbiologia,


esse conhecimento novo nos permitiu esclarecer a dinâmica da etiologia
das doenças infecciosas. A descoberta do DNA abriu novas áreas para
esclarecimento das chamadas doenças de origem genética. Entretanto, o
estudo dos fluidos e suas propriedades poderá nos revelar uma nova
fisiologia e, como conseqüência, as doenças que seus desvios provocam.
A presença desses fluidos, está intimamente relacionada com nosso
padrão de atividade mental. A literatura espírita é farta em afirmar que,
todos nós, somos expressão da vida mental que nós mesmos escolhemos
construir e refletimos em nossa aparência a composição fluídica que
selecionamos.

Os desequilíbrios mentais, que a neurobiologia de hoje entende como


decorrentes das alterações em neurotransmissores, com certeza, iniciam
sua perturbação a partir dos fluidos que permitimos nossa mente projetar
no cérebro, desviando a química que nos preside o equilíbrio do
pensamento.

A Ectoplasmia

A partir dos fenômenos das mesas girantes, a mediunidade proporcionou


aos pesquisadores do século XIX uma imensa variedade de
manifestações físicas, entre elas a materializações de entidades
espirituais. Nessa fenomenologia é mobilizada uma grande quantidade de
ectoplasma permitindo o estudo da sua elaboração e constituição
química. Todos os que estão presentes no ambiente da experimentação
estarão doando uma cota maior ou menor de fluidos mas é do médium
que sae, por todos seus poros e orifícios de excreção, o material mais ou
menos denso que permitirá a presença das silhuetas que se corporificarão
no ambiente onde o público aguarda.

No âmbito do estudo que estamos abordando, interessa anotar que o


conteúdo bioquímico do ectoplasma procede na esfera física, do
citoplasma das células do aparelho mediúnico. Em conjugação com os
fluidos dos dois planos da vida é que o fenômeno adquire as
propriedades de transição que permitem aos espíritos adentrarem a nossa
dimensão.

A Respiração restauradora

O ar, como fonte insubstituível de vida, é percepção do senso comum a


qualquer de nós. O ato de respirar está intimamente ligado a nossa
sobrevivência. Anaxágoras atribuía ao ar a origem de tudo. A Bíblia
registra que recebemos a vida a partir do sopro de Deus. Nos textos de
Galeno, como já notamos, as expressões espírito e pneuma (ar) eram
equivalentes. Para ele o pneuma vital era absorvido pelos pulmões e
circulava do coração até ao cérebro para nos manter vivos. Na cultura
oriental os exercícios respiratórios têm indicação mais importante que a
atividade muscular.

Um dos fundamentos da doutrina espírita é de que a vida decorre da


presença do principio vital que vivifica a matéria orgânica dando-lhe a
propriedades de reagir.

A atividade constante dos nossos órgãos se faz as custas desse princípio


vital e seu esgotamento leva o corpo a morte. Por outro lado, nossa
atividade mental nos permite absorver da espiritualidade os fluidos que
agregam elementos para sustentação do principio vital. Mais atividade
corresponde a mais vida, tanto do ponto de vista físico como espiritual.

André Luiz nos aponta em seus textos que a respiração é porta de entrada
restauradora para a realimentação de nossas energias vitais.
Nubor Orlando Facure
> Doenças Espirituais

O Espiritismo é uma doutrina que introduz ao nível do conhecimento médico um


vastíssimo campo de estudo ampliando diagnósticos e introduzindo uma nova
compreensão para justificar a razão do sofrimento que a doença nos traz.

Entretanto, o Espiritismo não veio para competir com qualquer especialidade médica e
sua principal atuação não é a de produzir curas. Com muita freqüência, seus adeptos, o
utilizam com esses propósitos, sugerindo na sua busca, o consolo e a cura das doenças.
Seu papel, primordial, é o de iluminar e esclarecer, para que cada criatura promova por
si próprio, sua reeducação espiritual. Sem reforma íntima não vai ocorrer progresso nem
cura. Neste sentido, as doenças são compreendidas como lições com grande potencial de
transformação e trazem oportunidades de renovação e crescimento espiritual.

Uma Anamnese Voltada para a Espiritualidade

A maioria dos nossos pacientes aceita muito bem um diálogo com o médico sobre sua
espiritualidade. De maneira geral nosso povo, por crendice ou sabedoria mesmo,
reconhece que muitas doenças tem alguma coisa a ver com a espiritualidade, ou como
causa, ou como processo benéfico para sua cura. Podemos explorar o interrogatório
médico de tal modo que o paciente perceba que, falar sobre a espiritualidade não
implica em se comprometer com uma religião e que uma e outra podem ser
perfeitamente separadas.

Método de Avaliação.

Aprendemos a adotar um critério arbitrário em que a espiritualidade do paciente é


avaliada em três domínios (1):

O Domínio da crença: aqui, o paciente revela suas crenças ou não, na existência de


Deus, na existência e imortalidade da Alma, no mundo invisível onde habitam os
espíritos, na possibilidade de sua comunicação com o seu Deus, na reencarnação, na
comunicação dos espíritos conosco.

Esta relação com a espiritualidade que os pacientes costumam se referir é, quase


sempre, muito específica e individual sendo, as vezes, muito difícil de serem expressas
em palavras, já que está ligada a uma crença que é intransferível, sagrada para cada um
que a aceita e implica, como exigência máxima, o respeito que cada um espera ter para
sua convicção própria.

O Domínio da prática: refere-se ao comportamento que cada um desenvolve em relação


as suas crenças ou a religião que diz adotar. Assim, identificaremos os freqüentadores
ocasionais e os assíduos, os participantes e os indiferentes, os curiosos e os inquiridores,
todos eles com maior ou menor empenho em por em prática o que ouve das lições que
sua religião se dispões a ensinar.

O Domínio da experiência transcendente: é a participação, freqüentemente


“traumática”, episódica, ocasional ou persistente e controlada que certas pessoas
desfrutam com a espiritualidade. Temos os exemplos de pessoas que são surpreendidas
pela visão de uma entidade espiritual, coisa que possa ter-lhe acontecido apenas uma
vez na vida ,mas, que lhe marcou profundamente. Outros, num momento de forte stress,
como um acidente de automóvel ou a queda de avião, em que são os únicos
sobrevivente, se sentiram, a partir daí, tocados por uma atuação privilegiada das
divindades que o protegem. Estão neste grupo, também, aqueles casos de relatos das
experiências fora do corpo, que traduzem um desdobramento do corpo espiritual, com
um deslocamento mais ou menos demorado pelo mundo espiritual. Nestes casos, pode
ou não haver consciência de contatos com entidades que os amparam nestes
deslocamentos “fora do corpo”. Entre tantos outros exemplos, precisa ser destacada,
também, com ênfase, toda a fenomenologia mediúnica que a doutrina espírita tem o
privilégio de esclarecer em seus pormenores, revelando os insondáveis caminhos da
mediunidade cujos canais de comunicação nos põe em contato com a espiritualidade.
Na experiência transcendente da mediunidade, a disciplina moral exerce um papel
produtivo no grau de elevação espiritual do fenômeno

A Fsiopatogenia

A possibilidade de existir uma doença espiritual só pode ser aceita com a crença em um
novo paradigma que a doutrina espírita introduz em seus fundamentos (2).

O Espiritismo ensina que Deus é a “Inteligência Suprema do Universo” e tudo que


existe faz parte da sua criação.

Cada um de nós é um espírito encarnado que está em processo de aprendizado que,


necessariamente, vai nos levar a perfeição. depois de um número inimaginável de
reencarnações, neste, e em outros mundos onde também existe a vida.

Quando o corpo perece, a Alma que o anima passa a viver no mundo espiritual onde
estão todos dos outros espíritos que nos precederam. Este mundo espiritual está em
estreita ligação com o mundo material que habitamos e os Espíritos que aí vivem
exercem constantemente uma forte interferência em nossas vidas.

Além do corpo físico, cada um de nós se serve de outro corpo de natureza intermediária
entre a nossa realidade física e o mundo espiritual. Este corpo espiritual ou perispírito é
consolidado pelo “fluido cósmico” disponível em cada um dos mundos habitados.

O pensamento é força criadora proveniente do Espírito que o impulsiona. Mesmo


conhecendo muito pouco de suas propriedades, sabemos que a energia mental que o
pensamento exterioriza, exerce total influência no corpo espiritual, modificando sua
forma, sua aparência e sua consistência. É por isto que, Allan Kardec, afirmou que,
situa-se no perispírito a verdadeira causa de muitas doenças e a Medicina teria muito a
ganhar quando compreendesse melhor sua natureza (3).
Cada um de nós vive em sintonia com o ambiente espiritual que suas atitudes e seus
desejos constróem para si próprio.

Diagnóstico da Doença ou Manifestação Espiritual

A mim parece que temos no meio espírita dois vícios de interpretação das manifestações
da espiritualidade. Quase sempre, aquele que busca no centro espírita uma orientação
diante seus problemas, vai ouvir que seu caso é de “obsessão” ou no mínimo de
“mediunidade” e que ele “precisa se desenvolver”.

É preciso reconhecer que, enquanto criaturas humanas que somos, percorrendo mais
uma encarnação no planeta, pertencemos a um vastíssimo grupo de espíritos que, sem
exceção, ainda está muito endividado e comprometido com seus resgates para
imaginarmos que algum de nós possa se aventurar a dizer que não tem qualquer
problema espiritual. No meio médico os alemães costumam dizer que “só tem saúde
aquele que ainda não foi examinado”. Do ponto de vista espiritual uma afirmação deste
tipo, longe de ser um exagero da exigência minuciosa dos germânicos, é uma verdade
que só aquele que não se deteve em examinar sua consciência pode contestar.

Classificação:

Considerando a fisiopatogenia das doenças espirituais costumamos adotar o seguinte


conjunto de diagnósticos (4):

1 - Doenças espirituais auto-induzidas:


Desequilíbrio vibratório
auto-obsessão

2 - Doenças espirituais compartilhadas:


Vampirismo
Obsessão

3 - Mediunismo

4 - Doenças cármicas

Desequilíbrio Vibratório

O perispírito é um corpo intermediário que permite ao espírito encarnado exercer suas


ações sobre o corpo físico. Sua ligação é feita célula a célula atingindo a mais profunda
intimidade dos átomos que constitui a matéria orgânica do corpo físico. Esta ligação se
processa as custas das vibrações que cada um dos dois corpos, o físico e o espiritual
possuem (5). Compreende-se então que este “ajuste” exige uma determinada sintonia
vibratória. O perispírito não é prisioneiro das dimensões físicas do corpo de carne e
pode manifestar suas ações alem dos limites do corpo físico pela projeção dos seus
fluidos. A sintonia e a irradiação do perispírito são dependentes unicamente das
projeções mentais que o espírito elabora. Assim, a aparência e a relação entre o corpo
físico e o corpo espiritual são dependentes exclusivamente do fluxo de idéias que
construímos.

Devemos reconhecer que, de maneira geral, o ser humano ainda perde muito dos seus
dias comprometido com a crítica aos semelhantes, o ódio, a maledicência, as exigências
descabidas, a ociosidade, a cólera e o azedume entre tantas outras reclamações levianas
contra a vida e contra todos. O orai e vigiai ainda está distante da nossa rotina e a
tentação de enumerar os defeitos do próximo ainda é muito grande.

São estes os motivos que desajustam a sintonia entre o corpo físico e o perispírito. É
esta desarmonia que desencadeia as costumeiras sensações de mal estar, de “estafa”
desproporcional, a fadiga sistemática, a dispnéia suspirosa onde o ar parece sempre
faltar, os músculos que doem e parecem não agüentar o corpo (6). A enxaqueca que o
médico não consegue eliminar, a digestão que nunca se acomoda e tantas outras
manifestações tidas a conta de “doenças psicossomáticas”. São tantos a procurarem os
médicos, mas muito poucos a se dedicarem a uma reflexão sobre os prejuízos de suas
mesquinhas atitudes.

A Auto-obsessão

O pensamento é energia que constroi imagens que se consolidam em torno de nós


desenhando um “campo de representações” de nossas idéias. A custa dos elementos
absorvidos do “fluido cósmico universal”, as idéias tomam formas, sustentadas pela
intensidade com que pensamos no que esta idéia propõe. A matéria mental (7) constrói
em torno de nós uma “atmosfera psíquica” (psicosfera) onde estão representados os
nossos desejos. Neste cenário estão os personagens que nos aprisionam o pensamento
pelo amor ou pelo ódio, pela inveja ou pela cubiça, pela indiferença ou pela proteção
que projetamos para os que queremos bem.

Da mesma forma, os medos, as angústias, as mágoas não resolvidas, as idéias fixas, o


desejo de vingança, as opiniões cristalizadas, os objetos de sedução, o poder ou os
títulos cobiçados, também se estruturam em “idéias-formas”. A partir daí seremos
prisioneiros do próprio medo, dos fantasmas da nossa angústia, das imagens dos nossos
adversários, da falsa ilusão dos prazeres terrenos ou do brilho ilusório das vaidades
humanas.

A matéria mental produz a “imagem” ilusória que nos escraviza. Por capricho nosso,
somos “obsidiados” pelos próprios desejos.

As Doenças Espirituais Compartilhadas

Incluímos aqui o vampirismo e a obsessão. Dizemos compartilhada porque, são


produzidas pela associação perturbadora de um espírito desencarnado e sua vítima,
estando ambos sofrendo de um mesmo processo psicopatológico. A participação como
vítima ou réu, freqüentemente se alterna entre eles.

Vampirismo (8)
O mundo espiritual é povoado por uma população numerosíssima de espíritos que
segundo informes deve ser 4 a 5 vezes maior que os 6 bilhões de Almas encarnadas em
nosso planeta. Como a maior parte desta população de espíritos, deve estar habitando as
proximidades dos ambientes terrestres onde flui toda vida humana, não é de estranhar
que, estes espíritos, estejam compartilhando conosco todas as boas e más condutas do
nosso cotidiano (9).

Contamos com eles como guias e protetores que constantemente nos inspiram, mas, na
maioria das vezes, nós os atraímos pelos vícios e eles nos aprisionam pelo prazer.

Contam-se aos milhões os homens envolvidos com o álcool, o cigarro, as drogas ilícitas,
os soporíferos, os desregramentos alimentares e os abusos sexuais.

Para todas estas situações as portas da invigilância estão escancaradas permitindo o


acesso de entidades desencarnadas que passam a compartilhar conosco o elixir das
satisfações mundanas da carne.

Nestes desvios da conduta humana a mente do responsável agrega em torno de si


elementos fluídicos que aos poucos vão construindo “miasmas psíquicos” com extrema
capacidade corrosiva do organismo que a hospeda. O alcoolista, o drogado ou o viciado
de qualquer substância constrói para si mesmo os germens que passam a lhes obstruir os
funcionamentos das células hepáticas, dos glomélulos renais, dos alvéolos pulmonares,
dos dúctos prostáticos, cronificando lesões que a medicina tem a conta de processos
incuráveis.

As entidades espirituais viciadas compartilham os prazeres do vício que o encarnado


lhes favorece e ao seu tempo o estimula a permanecer no vício. Nesta associação há
uma tremenda perda de energia por parte do responsável pelo vício, daí, a expressão,
vampirismo, ser muito adequada para definir esta parceria.

Obsessão

No decurso de cada encarnação a misericórdia de Deus nos permite usufruir das


oportunidades que melhor nos convém para estimular nosso progresso espiritual. Os
reencontros ou desencontros são de certa maneira planejados ou atraídos por nós para os
devidos resgates de compromissos que deixamos para traz ou as facilidades aparecem
para cumprimos as grandes promessas que desenhamos no plano espiritual.

É assim que, pais e filhos, se reencontram como irmãos, como amigos, como parceiros
de uma sociedade comum na atividade humana. Marido e mulher que se desrespeitaram,
agora se reajustam como, pai e filha, chefe e subalterno ou como parentes distantes que
a vida dificulta a aproximação. Mães que desprezaram os filhos, hoje passam de
consultório a consultório numa peregrinação onde desfilam dificuldade para terem de
novo seus próprios filho. A vida de uma maneira ou de outra vai reeducando a todos. Os
obstáculos que à primeira vista parecem castigo ou punição trazem no seu emaranhado
de provas a possibilidade de recuperar os danos físicos ou morais que produzimos no
passado.
Com freqüência, ganhamos ou perdemos na grande luta da sobrevivência humana.
Nenhum de nós percorre esta jornada sem ter que tomar decisões, sem deixar de
expressar seu desejos e sem fazer suas escolhas. É aí que muitas e muitas vezes
contrariamos as decisões, os desejos e as escolhas daqueles que convivem próximo de
nós.

Em cada existência amontoamos pessoas que não nos compreenderam, amigos que nos
abandonaram por se contrariarem com opiniões diferentes da nossa, sócios que não
cumpriram seus compromissos conosco, parentes ou simples conhecidos que difamaram
gratuitamente nosso nome.

Em muitas outras ocasiões do passado, já tivemos oportunidade de participar de grandes


disputas financeiras, de crimes que a justiça terrena não testemunhou, de aborto
clandestino que as alcovas esconderam e de traições que a sociedade repudiou e
escarneceu

Nos rastros destas mazelas humanas, nós todos, sem exceção, estamos endividados e
altamente comprometidos com outras criaturas, também humanas e exigentes como nós
mesmos, que, agora, estão a nos cobrar outros comportamentos, a nos exigir a quitação
de dívidas que nos furtamos em outras épocas e a persistirem no seu domínio
procurando nos dificultar a subida mais rápida para os mais elevados estágios da
espiritualidade.

Embora a ciência médica de hoje ainda não a traga em seus registros nosológicos, a
obsessão espiritual, na qual uma criatura exerce seu domínio sobre a outra, este é de
longe o maior dos males da patologia humana.

Nas obras básicas do Espiritismo, Allan Kardec, esclareceu que a obsessão se estabelece
em três domínios de submissão crescente : a “obsessão simples”, a “fascinação” e a
“subjugação”. Os textos clássicos de Kardec e toda literatura espírita subsequente,
principalmente de André Luiz e seus abnegados interpretes como Marlene Rossi
Severino Nobre ( A obsessão e suas máscaras) são mais do que suficientes para nos
esclarecerem sobre este tema.

Mediunismo

Pretendemos, com esta denominação, discutir os quadros de manifestações sintomáticas


apresentadas por aqueles que, incipientemente, inauguram suas manifestações
mediúnicas (10). Com muita freqüência, a mediunidade, para certas pessoas, se
manifesta de forma tranqüila e é tida como tão natural que, o médium, quase sempre
ainda muito jovem, mal se dá conta de que, o que vê, o que percebe e o que escuta, de
diferente, são comunicações espirituais e que só ele está detectando estas manifestações,
embora, lhes pareçam ser compartilhadas por todos.

Outras vezes, os fenômenos são apresentados de forma abundante e o principiante é


tomado de medos e insegurança, principalmente, por não saberem do que se trata e
costumam se retraírem, por perceberem que são diferente das pessoas com quem
convivem.
Em outras ocasiões, temos a mediunidade atormentada por espíritos perturbadores e o
médium, sem contar com qualquer proteção que o possa ajudar, se vê as voltas com uma
série de quadros da psicopatologia humana. Freqüentemente ocorrem crises do tipo
pânico, histeria ou manifestações somatiformes que se expressam em dores, paralisias,
anestesias, “inchaço” dos membros, insônia rebelde, sonolência incontrolável etc.

Uma grande maioria tem pequenos sintomas psicossomáticos e se sentem influenciados


ou acompanhados por entidades espirituais (11). São médiuns com aptidões ainda muito
acanhadas que estão em fase de aprendizado e domínio de suas potencialidades. Trata-
se de uma tenra semente que precisa ser cultivada para se desabrochar.

Doenças Cármicas

Sempre que pelas nossas intemperanças desconsideramos os cuidados com o nosso


corpo e nas vezes que por agressividade gratuita atingimos o equilíbrio físico ou
psíquico do nosso próximo, estamos imprimindo estes desajustes nas células do corpo
espiritual que nos serve.

É assim que, na patologia humana, ficam registrados os quadros de “lúpus” que nos
compromete as artérias, do “pênfigo” que nos queima a pele, das “malformações” que
deformam o coração ou o cérebro, da “esclerose múltipla” que nos imobiliza no leito ou
das demência que nos compromete a lucidez e nos afasta da sociedade.

Precisamos compreender que estas e todas as outras manifestações de doença não


devem serem vistas a conta de castigos ou punições.

O Espiritismo ensina que estas e todas outras dificuldades que enfrentamos, são
oportunidades de resgate, as quais, com freqüência, fomos nós mesmos quem as
escolhemos para acelerar nosso progresso e nos alavancar da retaguarda que as vezes
nos mantém distantes daqueles que nos esperam adiante de nós.

Mais do que a cura das doenças, a medicina tibetana, há milênios atrás, ensinava que,
médico e pacientes, devem buscar a oportunidade da iluminação. Os padecimentos pela
dor e as limitações que as doenças trazem, nos possibilitam o esclarecimento se nos
predispormos a buscá-lo. Mais importante do que aceitar o sofrimento numa resignação
passiva e pouco produtiva, faz-se necessário, superar qualquer limitação ou revolta, para
promovermos o crescimento espiritual, através desta descoberta interior e individual.

Tratamento da Doenças Espirituais

Corrigir os problemas espirituais implica em reeducar o espírito. Os tratamentos


sintomáticos podem trazer um socorro imediato ou um alívio importante, mas,
transitório.

Percorrer as casas espíritas em busca de alívio pelo passe magnético, pela água fluida
magnetizada com os fluidos revitalizadores ou para desfrutar de alguns momentos de
saudável harmonia com a espiritualidade, apenas repetem as buscas superficiais que a
maioria das pessoas fazem em qualquer consultório medico ou recinto de cura de outras
instituições religiosas que prometem curas rápidas.

Trabalhar para conhecer e tratar a doença espiritual exige uma reforma interior que
demanda esforço, disciplina e dedicação.

Neste sentido o médico não está ali para controlar a doença de quem o procura, mas,
deve se comprometer em desempenhar o papel de orientador seguro, com atitudes
condizentes com as que propõe ao paciente.

O postulado número um neste tratamento deve ser, portanto, um código de conduta


moral, que deve partir do compromisso que o médico e qualquer outro terapeuta deva
assumir.

São de grande sensibilidade os conselhos de Allan Kardec:

“...Dome suas paixões animais; não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme, nem
orgulho; não se deixe dominar pelo egoísmo; purifique-se, nutrindo bons sentimentos;
pratique o bem; não ligue às coisas deste mundo importância que não merecem (12)”.

No nosso ambiente de trabalho temos adotado conduta simples que até agora tem nos
parecido de grande repercussão no tratamento:

Desde a sala de espera, criamos um ambiente onde o paciente já começa a perceber que
nosso trabalho está comprometido com a espiritualidade. Sem qualquer ostentação de
misticismo vulgar ou crenças supersticiosas, na sala de espera, o paciente lê um convite
para participar da nossa reunião de “diálogo com o evangelho” feita no período da
manhã. Entre outras mensagens, as quais ele pode retirar e levar para uma leitura mais
demorada, fizemos constar a presença de um “livro de preces” onde pode ser colocado
nomes e endereços para serem encaminhadas as “vibrações” nos dias da leituras do
evangelho, que são sempre precedidas e encerradas com meditação e prece.

Os quadros de obsessão e outras patologias nos quais se supõe interferências mais


graves de entidades espirituais, devem ser obrigatoriamente referidos para as casas
espíritas, que estão preparadas adequadamente para lidarem com estes dramas.

01- Ver: Willian Miller: Integrating Spirituality into Treatment : Resource for
Practioners
02- Ver: “Paradigmas Espíritas na Prática Médica” no meu livro “Muito Além dos
Neurônios”.
03- Livro dos Espíritos. Alan Kardec.
04- A classificação que aqui adotamos é arbitrária. Nós a temos divulgado em várias
ocasiões, sempre que falamos sobre “Doenças Espirituais”. O livro Missionários da Luz
de André Luiz/Chico Xavier nos serviu de inspiração para a descrição dos quadros aqui
apresentados.
05- Mecanismos da Mediunidade. André Luiz/Chico Xavier.
06- Livro dos Espíritos. Ver pergunta 471.
07- Mecanismos da Mediunidade. André Luiz/Chico Xavier
08- Este termo é sugerido por André Luiz. Ver : Missionários da Luz.
09- Livro dos Espíritos. Ver perguntas 456, 457 e 459.
10- Livro dos Médiuns. Ver: Capítulo XVIII. “Dos inconvenientes e perigos da
mediunidade”.
11- Livro dos Espíritos. Ver: “Influência Oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e
atos”. Perguntas 459 a 472.
12- Livro dos Espíritos. Pergunta 257. Ver : Texto de Alan Kardec sobre: “Ensaio
Teórico das Sensações nos Espíritos”. Págs. 165 a 170.
Nubor Orlando Facure
> Mediunidade e a visão das cores

Visão das cores

Estão diante de mim 3 objetos. Uma maçã vermelha, uma caneta preta e um beija flor
azul. Como posso ver a cor de cada um deles?

Primeiro a luz que eles refletem atingem minha retina onde estimulam pequenos
terminais nervosos que conhecemos como cones. Ali ocorrem reações químicas que
produzem uma corrente elétrica que atinge os nervos ópticos. Essa corrente entra pelo
cérebro a dentro em busca das área occipitais onde existem regiões específicas para
registrar os estímulos que vieram de cada um dos meus objetos.

Como os 3 objetos serão “vistos” pelo cérebro?

Eles são apresentados juntos na minha frente, mas, no cérebro não estarão enfiados
numa mesma gaveta. A palavra chave no cérebro é distribuição. Cada objeto irá para um
lugar. E, descobertas surpreendentes, mostraram que, as propriedades de cada objeto
serão fragmentadas e arquivadas em locais específicos.

Assim, como cada objeto tem formas diferentes, cores próprias, dimensões particulares,
movimentos e finalidades, possibilidades de já serem conhecidos, cada uma dessas
característica irá marcar grupos de neurônios diferentes.

Mais surpreendente ainda é que a imagem da minha maçã vermelha está arquivada
também na forma branco e preto num determinado local diferente de onde ela me
aparece colorida.

Teoricamente, eu posso ter acesso independente a cada um desses registros e faço


associações independentes com cada maçã parecida com a minha. Em pacientes com
epilepsia, no momento de uma crise, eles podem registrar a maçã sem cor, a suas
dimensões, se ela está longe ou perto de mim.

Para a caneta, tenho até uma área para registrar o dia em que ganhei de presente do meu
neto e, o beija flor, além das suas propriedades físicas, que também serão fragmentadas
e repartidas pelo cérebro, tenho imagens dos seus voos no meu quintal.

A vidência e a clarividência

Esses são dois modelos ótimos para compreendemos o que se passa no cérebro dos
médiuns quando relatam sua visões da espiritualidade.
Esse fenômeno mediúnico não é o mesmo fenômeno visual que relatamos para as vias
nervosas e para o cérebro físico que todos nós nos servimos nesse mundo por onde
circulamos.

Diz-se, popularmente, que os médiuns “enxergam com os olhos da mente”.


Cientificamente sabemos que é o corpo espiritual (perispírito) que está captando as
imagens. Allan Kardec ensina que o Espirito se apropria das propriedade dos objetos –
mais ou menos como anotamos acima sobre a fragmentação dos objetos que atingem
nossa visão. Entretanto, após o registro anotado pelo cérebro espiritual, precisamos
tomar conhecimento do que foi visto. E, do períspirito para nós, é o nosso cérebro que
terá de ser acionado para que nossa percepção se processe.

E como o períspirito transfere as informações para o cérebro físico?

Só ha uma maneira: distribuindo as características dos objetos para que o cérebro possa
compreender o que foi visto do outro lado da vida.

Como então o médium vê?

Está do outro lado, na dimensão espiritual uma maçã, uma caneta e um beija flor – os
mesmos objetos que nos serviu de exemplo no campo físico.

Os videntes e os clarividentes verão os vários aspectos em separado. Por isso os relatos


mediúnicos podem divergir quanto a ocorrência ou não de cores, localização,
movimento, dimensões, utilidade, a quem pertenceria e as experiências prévias – cada
médium pode ver apenas um ou mais dos fragmentos da informação.

Isso revela a complexidade do fenômeno da vidência e da clarividência e principalmente


do grau de dificuldade de se aceitar a fidelidade dos seu relatos.

Professor Dr Nubor Orlando Facure

Instituto do Cerebro Prof. Dr. Nubor O. Facure

Fonte: http://nuborfacure.blogspot.com/2011/11/normal-0-false-false-false-pt-br-ja-
x_26.html
Nubor Orlando Facure
> A mediunidade é um comportamento hereditário?

É fácil percebermos certas etapas da nossa história evolutiva – o caminhar pelas


savanas, a comunicação por gestos, os gritos de socorro, as primeiras ferramentas, a
criação de adornos, o estabelecimento de vínculos afetivos, a formação de grupos
sociais organizando estratégias de dominação e rituais de convivência.

Conquistamos, gradativamente, a marcha bípede, a linguagem falada, a habilidade


artística, formamos os grupos étnicos, acumulamos uma cultura, a afetividade e a
religiosidade.

A criança de hoje repete, em parte, esse processo filogenético – essa trajetória evolutiva
está presente nos seus primeiros passos, no balbucio, nas primeiras palavras, no
manuseio dos brinquedos, no apego familiar e na sociabilização do grupo escolar.
A mediunidade foi uma conquista da evolução humana?
Estamos autorizados a identificarmos uma evolução e uma transmissão hereditária na
mediunidade?
Sendo uma propriedade orgânica que se processa no cérebro do médium, essa
possibilidade merece estudo – caso contrário ela seria um “talento metafísico”, um dom
divino obtido por graça, mérito, privilégio, punição, compromisso ou necessidade.

A mediunidade é um processo de comunicação entre duas inteligências: o Homem, um


ser encarnado, e o Espírito, um ser desencarnado.
A inteligência é uma aptidão cerebral e como tal é um bom exemplo para identificarmos
o peso da herança genética e a atuação de um ambiente rico em estimulação
aprimorando sua capacidade. Veremos isso mais adiante.

Vamos ver o que ensinam a Filosofia e a Ciência

Hipócrates:

“O cérebro, e somente o cérebro, é a fonte de nossos prazeres, alegrias, sorrisos e


encantamentos, bem como de nossas tristezas, dores, lutos e lágrimas. É, especialmente,
o órgão que usamos para pensar e aprender, ver e ouvir, distinguir o feio do belo, o bom
do mau e o prazeroso do desagradável. O cérebro também é a morada da loucura e dos
delírios, dos medos e terrores que nos assaltam à noite ou de dia, da insônia e do
sonambulismo, dos erros constrangedores e dos pensamentos que não ocorrerão, dos
deveres esquecidos e das excentricidades.”
Vamos compreender bem o que diz Hipócrates: ele atribui exclusivamente ao cérebro e
só ao cérebro toda a nossa atividade mental e, principalmente, nossos comportamentos.
As neurociências de hoje não abrem mão dessas afirmações de Hipócrates – apoiam-se
exclusivamente nessa visão materialista.
René Descartes, Espinoza e Damásio:
Não se questiona a existência do cérebro e da mente, mas sempre existiu o dilema:
dualismo ou monismo – cérebro e Mente ou corpo e Alma são entidades diferentes ou
uma coisa única?
Descartes foi o filósofo do dualismo, separando a coisa física no cérebro e a espiritual
na mente. Esse filósofo francês intuiu que a sede da Alma estaria na glândula pineal,
que compatibilizaria os fenômenos mentais com o cérebro.
Espinoza propôs que corpo e Alma seriam uma só coisa, o que ocorre em um ocorre na
outra.
E em nossos dias o neurocientista António Damásio ensina que os processos cerebrais
têm sempre uma repercussão psicológica e todo fenômeno psicológico tem uma
representação no cérebro.

Darwin:
A evolução ocorre quando aparece em determinado organismo uma característica que
lhe favoreça uma melhor adaptação ao meio ambiente aumentando sua chance de
sobreviver – é o processo de seleção natural, pelo qual sobrevive e procria o mais apto.
Nessa teoria a grande dificuldade é justificar o nascimento de organismos com tais
modificações e portadores de características vantajosas – uma determinada variação,
que ocorreria por acaso, só permanecerá ao longo da reprodução se essa característica
for mais adaptativa e vantajosa para a sobrevivência. Há disso uma infinidade de
exemplos: podemos ater-nos aos diferentes formatos do bico das aves, as penas nas
aves, a posição de oponência do polegar, a visão binocular.

Mendel:
Estudando o cruzamento das ervilhas, Mendel percebeu que, certas características,
como a cor das sementes, tinham uma frequência de descendentes maior e outras menor.
Denominou umas de características dominantes e outras de recessivas, quando só em
determinados pareamentos elas aparecem. Podemos ver esse fenômeno facilmente nos
cruzamentos humanos quando se observa a cor da pele ou dos olhos, a altura da prole ou
a tendência à obesidade.
Mendel ignorava que fatores biológicos estavam sendo transferidos de um organismo
para outro marcando suas características. Nem ele nem Darwin sabiam da existência de
cromossomas e genes, que vieram explicar minuciosamente o mecanismo de
transmissão da hereditariedade.
Mendel na Dinamarca, Darwin na Inglaterra e Kardec na França – contemporâneos que
não conheciam o trabalho uns dos outros, mas sob a orientação da espiritualidade maior
–, introduziam na Humanidade as primeiras noções da nossa responsabilidade evolutiva
e dos nossos compromissos com a hereditariedade.
Hoje, o mapeamento genético permite que se identifique o gene ligado a determinadas
características físicas, psicológicas e patológicas do organismo humano; muitas dessas
situações são poligênicas, como é o caso da inteligência, que se atribui a pelo menos 52
genes.
Piaget:
O biólogo e psicólogo francês Jean Piaget fez um estudo longitudinal de seus 2 filhos
analisando o desenvolvimento da inteligência. Ele percebeu que há etapas a percorrer na
aquisição de competências específicas no desenvolvimento da inteligência. Sua teoria é
aceita hoje com certas restrições, mas fica patente sua universalidade – ou seja, há no
cérebro da criança uma programação biológica que lhe permite desenvolver uma
competência que denominamos de inteligência.

E Kardec, o que nos ensina?

O paradigma espírita

Existem várias correntes religiosas que falam da vida após a morte. Uma delas ensina
que a Alma gozará de paz e felicidade se sua vida foi sem pecados ou, viverá tormentos
eternos se desobedeceu às Leis de Deus. Uma outra diz que após a morte as Almas
dormirão um sono sem despertar, aguardando a ressurreição de Jesus. Em nenhum dos
dois casos as Almas, após a morte, voltam para novo contato com os parentes ou amigos
que deixaram na Terra.
O Espiritismo entende que, após a morte, os Espíritos situam-se em outro plano da vida,
em tarefas que os atraem tanto pelo interesse como pela necessidade, e milhões deles
permanecem ao nosso lado, mantendo sintonia com nossos pensamentos, interferindo
em nossas vidas, sugerindo-nos tanto boas como más condutas em nossas decisões. Na
maioria das vezes nosso contato com eles é sutil e insuspeitável, mas, através dos
médiuns, é ostensivo, vibrante e comovente.

O Cérebro e a Mediunidade

Ensina Kardec que o fenômeno mediúnico se processa através do cérebro do médium: é


no cérebro do médium que o Espírito comunicante vai buscar elementos para produzir
seu trabalho. Em toda comunicação inteligente há uma contribuição do domínio do
conhecimento do próprio médium.
A inteligência e toda capacidade mental de um indivíduo são propriedades do Espírito,
sendo o cérebro apenas um instrumento que lhe permite manifestar-se nesse mundo.
Mas a predisposição orgânica do cérebro do médium deve possuir as condições
adequadas para a manifestação do Espírito.

Os programas cerebrais herdados

Toda criança ao nascer mostra um conjunto de atividades reflexas e instintivas fáceis de


se perceber numa avaliação corriqueira. Suas mãozinhas prendem qualquer objeto que
toca, a chupeta ou o mamilo da mãe desencadeia rapidamente o mecanismo de sucção.
A seguir vem a marcha e a linguagem.
Entre os 5 e 7 anos de idade as crianças são levadas até a escola onde são estimuladas a
aprender a ler. Nessa idade elas já sabem dar significado ao que veem e ao que ouvem –
é um gatinho, é um passarinho ou é a voz da mamãe que ela identifica como diferente
de um estranho.
Para leitura, o cérebro não cria uma nova área, uma nova região, constrói apenas uma
nova função aproveitando as áreas onde a criança já fala e soletra, ouve e compreende
os fonemas, e vê os símbolos que representam as letras.
Esse programa é biológico, orgânico, são conexões de neurônios determinadas
geneticamente. O aprendizado, o exercício, o treinamento desenvolve essa habilidade
para a leitura.
Na mediunidade, o fato de ver, ouvir, falar ou escrever sob o domínio inteligente de um
Espírito desencarnado não deve criar um fenômeno novo no cérebro – seriam as
mesmas conexões postas em andamento em parceria e cumplicidade entre encarnado e
desencarnado.

Fonte: http://www.oconsolador.com.br/ano11/523/especial.html
- O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita

*Nubor Orlando Facure - Ex-Professor Titular de Neurocirurgia UNICAMP.


Diretor do Instituto do Cérebro Prof. Dr. Nubor Orlando Facure (Campinas,SP)
Nubor Orlando Facure
> Neurofisiologia da mediunidade

Neurofisiologia da mediunidade

Para Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, em diversas citações os espíritos


esclareceram que todos os fenômenos mediúnicos de efeito inteligente se processam
através do cérebro do médium.

O desenvolvimento da neuropsicologia apoiada por recursos propedêuticos sofisticados


como a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a tomografia por
emissão de pósitrons, têm permitido uma compreensão cada vez maior dos mecanismos
envolvidos na fisiologia do cérebro.

Com base nesses achados, têm surgido novas interpretações para os quadros mentais das
demências, das psicoses e até dos distúrbios do comportamento.

Atualmente, a medicina admite que a atividade mental é resultante, em termos


neurológicos, de um concerto de um grupo de áreas cerebrais que interagem
mutuamente constituindo um "sistema funcional complexo".

Com o conhecimento espírita aprendemos, porém, que os processos mentais são


expressões da atividade espiritual com repercussões na estrutura física cerebral. A
participação do cérebro é meramente instrumental.

Sabemos também que a ação do espírito sobre o cérebro, ao integrar elementos de


classes diferentes (mente e matéria), implica a existência de um terceiro elemento,
transdutor desse processo, que transmite e transfere as "idéias" geradas pelo espírito em
fluxo de pensamento expresso pelo cérebro.

Esse elemento intermediário que imprime ao corpo físico as diretrizes definidas pelo
espírito, constitui nosso corpo espiritual ou perispírito.

Após a morte, o espírito permanece com seu corpo espiritual, o qual permite sua
integração no ambiente espiritual onde vive. É por esse corpo semi-material, de que
dispõe também os espíritos desencarnados, que se tornam possíveis as chamadas
comunicações mediúnicas.

Para Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, em diversas citações os espíritos


esclareceram, mais de uma vez, que todos os fenômenos mediúnicos de efeito
inteligente se processam através do cérebro do médium.

No estágio atual do conhecimento que nos fornece a neurologia, seria oportuno


indagarmos se é possível uma maior compreensão do fenômeno mediúnico, procurando-
se identificar no cérebro as áreas e as funções que estariam envolvidas nesses processos.

Os espíritos desencarnados devem, de alguma maneira, co-participarem das funções


cerebrais dos médiuns seguindo regras compatíveis com os recursos da fisiologia
cerebral.

Podemos correlacionar, pelo menos hipoteticamente, quais as funções cerebrais já


conhecidas que podem se prestar para a exteriorização da comunicação mediúnica.

O CÓRTEX CEREBRAL

No córtex cerebral origina-se a atividade motora, voluntária e consciente. Nele são


codificadas também todas as percepções sensitivas que chegam ao cérebro e são
organizadas as funções cognitivas complexas.

A atividade cerebral, para se expressar conscientemente, estabelece uma interação entre


o córtex cerebral, o tálamo e a substância reticular ponto-mesencefálica. É nessa
substância reticular do tronco cerebral e do diencéfalo que se situa a sede de nossa
consciência. Uma lesão nessa área provoca o estado de coma.

A partir da substância reticular, integrando o tálamo e o córtex cerebral, projetam-se


estímulos neuronais que ativam ou inibem atividade cerebral como um todo, levando a
um maior ou menor estado de atenção, alerta ou sonolência.

Pelo exposto, podemos compreender que fenômenos como a psicografia, a vidência, a


audiência e a fala mediúnica, devem implicar uma participação do córtex do médium já
que aqui se situam áreas para a escrita, a visão, a audição e a fala.

Se o espírito comunicante e o médium não disciplinarem seu intercâmbio para


promoverem um bloqueio no sistema reticular ativador ascendente, as mensagens serão
sempre conscientes e o médium, além de acrescentar sua participação intelectual na
comunicação, poderá pôr em dúvida a autenticidade da participação espiritual do
fenômeno.

Por outro lado, nenhuma mensagem poderá ser totalmente inconsciente, visto que em
todas há participação do córtex do médium e, se por acaso este não se recordar dos
eventos que se sucederam durante a comunicação, o esquecimento deve ser atribuído à
ocorrência de uma simples amnésia.

Considera-se, portanto, que o processo mediúnico transcorre sempre em parceria, com


assimilação das idéias do espírito comunicante e a participação cognitiva do médium.
Sendo comum uma amnésia que ocorre logo após a rotura da ligação fluídica (interação
de campos de força), entre o médium e a entidade espiritual.

É do conhecimento dos pesquisadores do fenômeno mediúnico que a clarividência, a


telepatia e a capacidade de desenhar objetos fora do alcance da visão do médium,
ocorrem com características muito semelhantes á organização de noção geométrica e
espacial que, ultimamente, tem-se intensificado na fisiologia normal do hemisfério
cerebral direito.
Quando ocorrem lesões no hemisfério cerebral direito as falhas nos desenhos são muito
características. Os objetos são esquematizados com negligência de detalhes, ficando as
figuras incompletas. Um óculos, por exemplo, é desenhado sem uma das hastes e uma
casa pode ser rabiscada sem um dos seus lados ou sem o telhado.

Os médiuns que captam as informações à distância ou registram visões imateriais,


também costumam descrever suas percepções com falta de detalhes ou amputações das
imagens de maneira muito semelhante à negligência observada nas síndromes do
hemisfério direito.

É possível que esses médiuns registrem as imagens utilizando as áreas corticais


específicas para funções visuais e gnósticas (de reconhecimento) do hemisfério direito
do cérebro. O grau de distorção ou de falta de detalhes mais precisos deve depender do
maior ou menor grau de desenvolvimento mediúnico.

GÂNGLIOS DA BASE

As estruturas nucleares constituídas por aglomerados de neurônios situadas na


profundidade da substância branca cerebral são denominadas de gânglios ou núcleos da
base. Eles são responsáveis por uma série de funções motoras automáticas e
involuntárias, fazendo parte do chamado sistema extrapiramidal.

Os gânglios da base controlam o tônus muscular, a postura corporal e uma série enorme
de movimentos gestuais que complementam nossa movimentação voluntária.

Após o nascimento, a gesticulação de uma criança é visivelmente reflexa e


automatizada. Progressivamente vão surgindo os movimentos intencionais
(voluntários), projetados a partir do córtex piramidal (área motora principal). No
processo de aprendizado, a criança vai repetindo gestos para pegar os objetos, para se
levantar, para engatinhar e andar até que, progressivamente, esses movimentos vão se
sucedendo com maior facilidade, passando a se realizarem automaticamente.

A mímica, a mastigação, a marcha, são automatismos aprendidos no decorrer do


desenvolvimento da criança.

Posteriormente, uma série de automatismos mais complexos vão se desenvolvendo,


como, por exemplo, quando aprendemos a dirigir um automóvel, a tocar piano ou a
nadar.

Depois de uma certa idade, é possível de se ver facilmente que, qualquer movimento
voluntário que realizamos conscientemente, é enriquecido com uma constelação de
gestos automáticos e involuntários que dão um colorido característico, individual e
identificador do nosso modo de ser.

Esses nossos pequenos gestos estão, freqüentemente, muito bem fixados na imagem que
nossos amigos fazem de nós. Por isto dissemos acima que eles servem também para nos
identificar.

Convém ficar claro essa noção de que nossos movimentos podem ser voluntários e
involuntários. No primeiro caso, quando são conscientes e intencionais, como, por
exemplo, quando estendemos a mão para pegar um lápis. No segundo caso, quando o
movimento é semi-consciente, automático, muito menos cansativo que o primeiro. Os
movimentos automáticos podem ser mais simples como mastigar e deglutir ou mais
complexos como, por exemplo, para dirigir automóvel, nadar ou tocar um instrumento
musical.

A execução de um ato automobilístico mobiliza os gânglios da base e as áreas motoras


complementares do lobo frontal. Mesmo os mais complexos como, por exemplo, tocar
uma partitura bem decorada ao piano, nos permite perceber que ficam livres funções do
cérebro, particularmente nossa consciência e todas as demais capacidades cognitivas do
cérebro. Assim, mesmo tocando ao piano ou dirigindo um automóvel podemos manter
livremente uma conversação.

Considerando o fenômeno mediúnico da psicografia e da fala mediúnica, podemos


observar corriqueiramente que os médiuns ao discursarem ou psicografarem um texto
sob influência do espírito comunicante, o fazem revelando gestos, posturas e expressões
mais ou menos comuns a todos eles.

PSICOGRAFIA

No caso da psicografia, a escrita se processa freqüentemente com muita rapidez, as


palavras podem aparecer escritas com pouca clareza, as letras às vezes são grandes,
provavelmente para facilitar a escrita rápida, a caligrafia tem pouco capricho, não há
necessidade do médium acompanhar o que escreve e pode ocorrer escrita em espelho.

COMUNICAÇÃO ORAL

Na comunicação oral, o médium se expressa com vozes de características variadas, o


sotaque pode ser pausado como que feito com esforço, mas, em médiuns mais
preparados, a fala costuma ser fluente, muito rápida, parecendo se tratar de um discurso
previamente preparado ou muito bem decorado. Nota-se também que, durante a
comunicação, o médium assume posturas e gestos incomuns ao seu modo habitual de se
expressar.

Quando interrogamos os médiuns conscientes, esses dizem que, no decorrer do


fenômeno, são levados a falar ou escrever como se isso não dependesse da vontade
deles.

Correlacionando agora o que vimos em termos neurológicos para a fisiologia do sistema


extrapiramidal (gânglios da base e área cortical pré-motora) com as características da
comunicação mediúnica, temos a impressão que a entidade comunicante se utiliza desse
sistema automático para se manifestar com maior rapidez, com o mínimo de dispêndio
de energia, com menor interferência da consciência do médium e com maior
possibilidade de se suceder uma amnésia.

Resumidamente, poderíamos enquadrar esse tipo de comunicação mediúnica como uma


constelação de automatismos complexos, desempenhados pelo sistema extrapiramidal
do médium, mas com a co-autoria do espírito comunicante.
Já vimos também que, durante nossos atos automáticos, nossa consciência está livre
para a execução de atos voluntários e intencionais podendo com eles interromper ou
modificar nossos automatismos. Por isso, podemos dizer e concluir que a manifestação
mediúnica, em se tratando de gestos automatizados, sofre o controle e a ingerência da
consciência do médium. O que não deixa de ser um fator inibidor, mas necessário para a
própria "disciplina" da entidade comunicante, quando isso se fizer necessário.

O TÁLAMO

O tálamo é um núcleo sensitivo por excelência. Ele exerce um papel receptor,


centralizado e seletor das informações sensitivas que se dirigem ao cérebro.

Os estímulos externos do tipo dor, tato, temperatura e pressão percebidos em toda a


extensão do nosso corpo percorrem vias neurais que terminam no tálamo (no centro do
cérebro). A partir daí, esses estímulos são priorizados e selecionados para que cheguem
ao cérebro apenas os estímulos convencionais, principalmente os mais urgentes, como é
o caso dos estímulos nocivos, que exigem uma rápida retirada. É ocaso de retirarmos
logo a mão de um objeto que está muito quente.

Por outro lado, mesmo para estímulos de pouca importância, o tálamo pode fornecer
para a consciência as informações desejadas, quando elas forem requeridas para o
córtex. É o caso de, a qualquer momento, mesmo de olhos fechados, querermos saber se
estamos ou não usando uma aliança no dedo ou uma meia-calça nos pés.

Portanto, as informações sensitivas são percebidas no tálamo e este exerce um papel


bloqueador interrompendo o caminho até o córtex cerebral; que só será alcançado
quando a informação for nova ou quando despertar interesse ou risco.

As informações monótonas e rotineiras ficam permanentemente inibidas no tálamo.


Mesmo porque seria muito inconveniente estarmos ligados permanentemente a todas as
informações que tocam, por exemplo, a nossa pele.

É possível que muitas das sensações somáticas referidas pelos médiuns, que dizem
perceber a aproximação de entidades espirituais, como se estes lhes estivessem tocando
o corpo, seja efeito de estímulos talâmicos.

Nesse caso, pela ação do córtex do médium os estímulos espirituais podem ser
facilitados ou inibidos pela aceitação ou pela desatenção do médium, bem como por
efeito de estados emocionais não disciplinados pelo médium.

A GLÂNDULA PINEAL

A estrutura e as funções da glândula pineal passaram a ser estudadas com maior ênfase
após a descoberta da melatonina por Lerner, em 1958.

Embora a pineal já fosse conhecida desde 300 anos d.C. (foi descoberta por
Herophilus), só após a descoberta da melatonina se conheceu sua relação com a
luminosidade e a escuridão.

Ficou demonstrado experimentalmente que a luz interfere na função da pineal através da


retina, atingindo o quiasma óptico, o hipotálamo, o tronco cerebral, a medula espinhal, o
gânglio cervical superior, chegando, finalmente, ao nervo coronário na tenda do
cerebelo. Entre a pineal e o restante do cérebro não há uma via nervosa direta. A ação
da pineal no cérebro se faz pelas repercussões químicas das substâncias que produz;

Hoje já se identificou um efeito dramático da pineal (por ação da melatonina), na


reprodução dos mamíferos, na caracterização dos órgãos sexuais externos e na
pigmentação da pele.

Investigações recentes demonstram uma relação direta da melatonina com uma série de
doenças neurológicas que provocam epilepsia, insônia, depressão e distúrbios de
movimento.

Animais injetados com altas doses de melatonina desenvolvem incoordenação motora,


perda de motricidade voluntária, relaxamento muscular, queda das pálpebras,
piloereção, vasodilatação rias extremidades, redução da temperatura, além de respiração
agânica.

Descobriu-se também que a melatonina interage com os neurônios serotoninérgicos e


com os receptores bendiazepínicos do cérebro tendo, portanto, um efeito sedativo e
anticonvulsante.

Pacientes portadores de tumores da pineal podem desenvolver epilepsia por depleção da


produção de melatonina.

A melatonina parece ler também um papel importante na gênese de doenças


psiquiátricas como depressão e esquizofrenia.

Outros estudos confirmam uma propriedade analgésica central da melatonina,


integrando a pineal à analgesia opiácea endógena.

A literatura espiritual há muito vem dando destaque para o papel da pineal como núcleo
gerador de irradiação luminosa servindo como porta de entrada para a recepção
mediúnica.

Como a pineal é sensível à luz, não será de estranhar que possa ser mais sensível ainda à
vibração eletromagnética Sabemos que a irradiação espiritual é essencialmente
semelhante à onda eletromagnética que conhecemos, compreendendo- se, assim, sua
ação direta sobre a pineal.

Podemos supor que este primeiro contato da entidade espiritual com a pineal do
médium possibilitaria a liberação de melatonina predispondo o restante do cérebro ao
"domínio" do espírito comunicante. Essa participação química ao fenômeno mediúnico
poderia nos explicar as flutuações da intensidade e da freqüência com que se observa a
mediunidade.

Até o presente, a espécie humana recebe a mediunidade como uma carga pesada de
provas e sacrifícios. Raras vezes como oportunidade bem aproveitada para prestação de
serviço e engrandecimento espiritual

A evolução, no entanto, caminha acumulando experiências, repetindo aprendizados.


Aos poucos, iremos acumulando tanto espiritual, como fisicamente, modificações no
nosso cérebro. O homem do futuro deverá dispor da mediunidade como dispõe hoje da
inteligência. Confiamos que a misericórdia de Deus nos conceda a bênção de usar bem
as duas a partir de hoje.

Fonte: Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 01, páginas 10-15

*Nubor Orlando Facure - Ex-Professor Titular de Neurocirurgia UNICAMP.


Diretor do Instituto do Cérebro Prof. Dr. Nubor Orlando Facure (Campinas,SP)
Nubor Orlando Facure
> Psicosfera, nosso meio ambiente espiritual

Observar e perceber o mundo que nos cerca tem nuanças de complexidade infinita.

O mesmo objeto, uma mesma pessoa ou um mesmo cenário podem despertar


interpretações completamente diferentes conforme o sentimento de quem observa.

O mesmo mundo e que vivemos seria outro se aqui só vivessem sonhadores, místicos,
poetas ou santos.

Em termos neuropsicológicos já sabemos que o nosso cérebro faz reconhecimento do


mundo que nos cerca “sonhando” uma idéia a partir do que vai percebendo. Daí a
possibilidade do que for feio para um ser bonito para o outro.

Cada objeto que vemos desperta em nós lembranças e vivências que são associadas
compondo nosso julgamento sobre este objeto.

Por isto, cada um de nós “sonha” o mundo conforme suas experiências psíquicas.

Podemos dizer que no dia a dia, ao observarmos a realidade que nos cerca, estamos
compondo em torno de nós um cenário mental com formas e figuras que nos
acompanham.

O mais importante é que é este cenário psíquico quem direcional nossos


comportamentos.

Nós sempre reagimos de conformidade com a interpretação que damos às coisas e às


pessoas e, como vimos, nossas interpretações são na verdade julgamentos que o cérebro
constrói com representações, com idéias que têm forma e movimento.

Considerando todas as mentes humanas capazes de pensar e criar, podemos deduzir que
estamos mergulhados num mundo psíquico de proporções gigantescas e, seguramente
interferindo uns sobre os outros, induzindo-nos a comportamentos coletivos
massificantes.

Quando toda uma população vê uma notícia pela televisão ou lê a mesma notícia nos
jornais, estas pessoas estão criando representações mentais com referência a estas
notícias reconstruindo e revivendo os cenários e as personagens envolvidas ou citadas
nos noticiários. É como se o mesmo acontecimento se reproduzisse em cada mente que
se liga ao episódio noticiado.

Nossa grande questão é saber se este “cenário” mental com formas e personagens assim
criados, tem alguma “realidade” física semelhante à que estamos inseridos no mundo
material.

Na interpretação da física de hoje, o mundo de moléculas e átomos foi substituído por


“campos de energia”. O comportamento aparentemente estável da matéria física foi
substituído por “ondas” e “pacotes” de energia que se alternam na dependência da
opinião do observador.

Portanto, a matéria se densifica em partículas ou se esvai em onda conforme o


julgamento mental de quem participa do experimento. Em termos de matéria física, o
ser e o desvanecer depende da mente de quem observa o experimento.

A única coisa palpável que restou deste mundo físico de aparência estável é uma
“espuma quântica” onde a matéria e a energia se relacionam.

Pelo menos em termos teóricos podemos pressupor outros “estados” de matéria como,
por exemplo, a “matéria radiante” sensível aos influxos da mente. A força mental que se
expressa em pensamentos cria “onda” e “partículas” que também se coagulam
concretizando as formas dos objetos e das pessoas em quem pensamos.

Enquanto a “espuma quântica” solidifica o mundo físico em que nos movimentamos, a


“matéria radiante” corporifica o mundo mental que idealizamos. Assim como falamos
em higiene e poluição do ambiente físico, podemos falar e, agora sim, falar
“concretamente” em limpeza e poluição psíquica.

Estamos todos mergulhados num mundo psíquico mais “concreto” do que possamos
supor e, neste ambiente, a seleção das idéias facilitará um clima mental mais saudável
ou mais poluído.

Uma simples notícia de jornal, uma conversa que nos emociona, um filme a que
assistimos ou um episódio que relatamos criam junto de nós um ambiente psíquico que
chamamos de psicosfera. Somos “caixeiro ambulantes” de idéias que podem facilmente
nos identificar aos videntes deste mundo psíquico.

Estas formas-pensamentos um dia farão de etiologia das doenças, principalmente


psicossomáticas, e o médico aprenderá a prescrever a prece e a meditação para
equilíbrio da nossa psicosfera.

Cada um de nós terá uma responsabilidade individual para construir seu próprio mundo
mental selecionando o que fala, o que vê, o que ouve, o que lê porque tudo isto implica
em incorporar para sempre matéria mental em nosso psiquismo.

* Nubor Orlando Facure


- Ex-Professor Titular de Neurocirurgia UNICAMP.
Diretor do Instituto do Cérebro Prof. Dr. Nubor Orlando Facure (Campinas, SP)
Nubor Orlando Facure
> Leis do Campo Mental

O pensamento tem início de forma embrionária em seres vivos que foram aprendendo a
se concentrar com determinado teor de persistência rumo a um certo objetivo, como o
de se apropriarem de um alimento. Nessa longa caminhada, o pensamento passou a ser o
instrumento sutil da vontade do Espírito, que exterioriza a matéria mental para atuar nas
formações da matéria física, obtendo por esse caminho as satisfações que deseja.

A matéria mental é criação da energia que se exterioriza do Espírito e se difunde por um


fluxo de partículas e ondas, como qualquer outra forma de propagação de energia do
Universo.

Elaborando pensamentos, cada um de nós cria em torno de si um campo de vibrações


impulsionado pela vontade, que estabelece uma onda mental própria, capaz de nos
caracterizar individualmente.

Obedecendo às mesmas leis da energia e partículas do mundo físico, as ondas e


partículas da matéria mental, em graus de excitações variados, se expressam em
freqüência e cores particulares dependendo da intensidade e qualidade do pensamento
emitido, ou seja, da vibração mental emitida.

Considerando o terreno das manifestações da física dos átomos, sabemos que o calor, a
luz e os raios gama, são expressões vibratórias de uma mesma energia.

A excitação, por exemplo, dos átomos de uma barra de ferro por uma fonte de energia
permite produzirmos calor de uma extremidade à outra da barra de ferro. A excitação
dos elétrons de um filamento metálico permitirá a transmissão da luz, e a agitação dos
núcleos atômicos de determinados materiais produzirá emissão de raios gama.

Tanto quanto na matéria física, o pensamento, em graus variados de excitação, gera


ondas de comprimento e freqüência correspondentes ao teor do impulso criador da
vontade ou do objetivo desejado.

Como a matéria é expressão da energia em diferentes condições de vibração e


velocidade, a energia mental também se manifesta conforme as variações da corrente
ondulatória, em corpúsculos da matéria mental. Aqui também se identificam as mesmas
leis que regulam a mecânica quântica na transmissão de energia entre as partículas sub-
atômicas. Quando vibram os átomos da matéria mental, correspondendo à formação de
calor na matéria física, geram-se ondas de comprimento longo que se estabelecem com
o propósito de manutenção de nossa individualidade ou de simples noção do Eu. Essas
ondas longas prestam-se, também, para sustentar a integração da nossa unidade
corporal, mantendo interligado o universo de células que compõem o nosso corpo físico.

Quando ocorrem as vibrações dos elétrons da matéria mental, irradiam-se luzes de


tonalidades diferentes conforme a energia atinja os elétrons da superfície ou das
proximidades do núcleo do átomo mental. Esse tipo de agitação ondulatória corresponde
à emissão de pensamentos de intensidades variadas que vão, desde uma atenção
momentânea voltada rapidamente a um certo objetivo, até a uma reflexão ou uma
concentração profunda tentando resolver questões complexas.

Por fim, já vimos que a excitação dos núcleos atômicos gera os raios gama e, no campo
da mente, a correspondente vibração dos núcleos dos átomos mentais gera ondas ultra-
curtas emitidas com imenso poder de penetração de suas energias. Essas vibrações
resultam de expressões de sentimentos profundos, de cores cruciantes ou de atitudes de
concentração muito intensas.

A Indução Mental

Indução, em termos eletrônicos, consiste na transmissão de uma energia eletromagnética


entre dois corpos sem que haja contacto entre eles. Este fenômeno ocorre por
conjugação de ondas através de um fluxo de energia que é transmitido de um corpo a
outro. No campo mental o processo é idêntico.

Existe uma corrente de ondas suscetíveis de reproduzir suas próprias características


sobre uma outra corrente mental que passa a sintonizar com ela.

Expressando qualquer pensamento em que acreditamos, estamos induzindo os outros a


pensarem como nós. A aceitação que os outros fazem de nossas idéias passa a ser
questão de sintonia.

Por outro lado, ao sentirmos uma idéia, absorvemos e passamos a refletir todas as
correntes mentais que se assemelham a essa idéia, comungando os mesmos propósitos.
Portanto, nossas idéias e convicções nos ligam compulsóriamente a todas as mentes que
pensam como nós e , quanto maior nossa insistência em sustentar uma idéia ou uma
opinião, mais nos fixamos às correntes mentais das pessoas que se sentem como nós e
que esposam as mesmas opiniões.

Imagens Mentais

O espírito é a fonte geradora de todas as expressões da vida, e toda espécie de vida se


orienta ou se modifica pelo impulso mental.

Sempre que pensamos, estamos expressando uma vontade correspondente ao campo


íntimo das idéias, e as idéias, representando a expressão de energia mental, se
corporificam pelo pensamento em ondas e corpúsculos, que se organizam conforme o
teor e a intensidade da vibração mental e o propósito do pensamento emitido.

Portanto, na expressão de qualquer pensamento, o comprimento da onda emitida varia


com a intensidade da concentração nos objetivos desejados e a natureza das idéias
emitidas. Com as idéias criamos em torno de nós um campo de vibrações mentais que
identificam, pelo seu próprio conteúdo, as nossas mais íntimas condições psíquicas.
Nessa atmosfera ideatória que nos cerca, os corpúsculos da matéria mental que
compõem nossos pensamentos modelam "imagens" correspondentes às idéias que
mentalmente projetamos.

Psiquicamente, na medida em que expressamos mentalmente uma vontade, um desejo,


uma idéia, uma opinião, um objetivo qualquer, passamos a ser carregadores ambulantes
de vontades com formas, de desejos com moldes, de idéias vivas que as representam, de
objetivos e opiniões que se exteriorizam com cenas que materializam em torno de nós
os nossos pensamentos.

Nossa mente projeta fora de nós as formas, as figuras e os personagens de todos os


nossos desejos, inclusive com todo o conteúdo dinâmico do cenário elaborado. Com
essa constelação de adornos mentais atraímos ou repelimos as mentes que conosco
assimilam ou desaprovam nosso modo de pensar.

Perturbações do Fluxo Mental

A criação da matéria mental se origina do estímulo ideatório do Espírito, que é a fonte


da energia vital para o cérebro. O Fluido Cósmico fornece o elemento para essas
construções. Os corpúsculos mentais, sob o impulso do Espírito são exteriorizados em
movimentos de agitação constante, produzindo correntes de formas ideatórias que se
expressam na aura da personalidade que os cria.

Nesses vórtices de energia em que cada individualidade se exprime em correntes de


matéria mental, também se cria, pela corrente de átomos excitados, um fluxo energético
com conseqüente resíduo eletromagnético, que se expressa na aura de cada um de nós.
A capacidade criativa da mente alimenta de forma permanente essa corrente em
constante agitação.

O fluxo resultante do processo ideatório pode apresentar perturbações semelhantes a


defeitos da circulação da corrente elétrica comum a qualquer aparelho doméstico.

Assim, a ausência de uma corrente eletromagnética residual pode ser identificada no


cérebro de pessoas profundamente ociosas. Os circuitos mentais podem permanecer
bloqueados, impedindo a circulação do fluxo mental, em razão de idéias fixas ou
obsessivas. As lesões orgânicas cerebrais perturbam, naturalmente, as expressões do
pensamento, já que o cérebro é o veículo para a manifestação física da mente.

As Leis do Campo Mental

Nossa atividade mental através do discernimento e do raciocínio nos dá a prerrogativa


de nós mesmos escolhermos nossos objetivos.

Projetando nossas idéias, produzimos os pensamentos, exteriorizando em torno de nós


irradiações eletromagnéticas com poder mais ou menos intenso, conforme o
comprimento das ondas mentalmente emitidas.
Essa corrente de partículas mentais nascidas de emoções, desejos, opiniões e vontades,
constrói em torno de nós, cenas em forma de quadros vivos que são percebidos em
flashes ou imagens seriadas, ou cenas contínuas que nos colocam em sintonia com todas
as mentes que harmonizam com os pensamentos que exteriorizamos.

Já vimos, também, que somos suscetíveis de induzir pensamentos-imagens nos outros,


assim como recebemos sugestões que se corporificam em formas vivificadas dentro de
nossa psicosfera.

A simples leitura de uma página de jornal, uma conversação rotineira, a contemplação


de um quadro, uma visita a familiares, o interesse por um espetáculo artístico ou
programa de televisão, um simples conselho, são todos agentes de indução que nos
compromete psiquicamente com as mentes sintonizadas nos mesmos assuntos.

Pensar ou conversar constantemente significa projetar nos outros e atrair para nós as
mesmas imagens que criamos, suportando em nós mesmos as conseqüências dessa
influência recíproca.

Persistir em idéias fixas, em comportamentos obsessivos ou tensões emocionais


deliberadamente violentas, nos escraviza a um ambiente psiquicamente infeliz, com
imagens que nós forjamos e que nos mantêm num circuito de reflexos condicionais
viciosos.

Construindo com o conteúdo dos nossos pensamentos o campo mental que nos cerca,
vivemos psiquicamente dentro dele, obedecendo a leis fundamentais relacionadas com a
estruturação desse campo.

Por princípio, temos que entender que o campo mental é resultado de emissão de idéias
que nós criamos, com nossa participação exclusiva e, portanto, com nossa total
responsabilidade. Esta é a primeira lei do Campo Mental.

A segunda lei é a da assimilação, que estabelece que nós estamos ligados unicamente às
mentes com quem nós nos afeiçoamos.

Portanto, além da sintonia, é necessário haver aceitação das idéias para que assimilemos
as interferências boas ou más que recebemos.

A lei da assimilação significa também que uma idéia que nos incomoda, que nos
martiriza ou nos revolta, só persiste em nós pela aceitação que fazemos de seu conteúdo
e pelas ligações que mantemos com o seu emissor.

A terceira lei do campo mental está relacionada com o estudo e o aprendizado que
desenvolve em nós o discernimento e o raciocínio. Ela estabelece que cada de um de
nós só assimilará idéias, sugestões ou informações inéditas ou inovadoras, se já
desenvolvemos a compreensão necessária ao avanço desses pontos de vista.
Baseado na obra de André Luiz, "Mecanismos da Mediunidade" psicografada por F. C.
Xavier e Valdo Vieira
Nubor Orlando Facure
> O que é Vida?

O neurocirurgião Nubor Orlando Facure, coordenador do Instituto Mente e


Cérebro, em Campinas, SP, analisou alguns termos que foram veiculados
exaustivamente na mídia em função da aprovação pelo Supremo Tribunal Federal
de lei que autoriza a mulher à interrupção da gravidez de fetos anencéfalos.

O médico afirma que "o Supremo Tribunal sempre esteve à margem da sociedade
brasileira, atuando acobertado pelo manto de uma magistratura tida como sábia,
competente e presunçsamente suficiente". Diante da evidência da mídia, segundo ele,
"percebemos em seus pareceres que seus juízes utilizam de um texto rebuscado,
hermético, com palavras bem escolhidas no que há de melhor no vernáculo, mas
quando se expõem na emissão de conceitos sobre a vida e de juízo de valores sobre a
pessoa humana deixam muito a desejar".

Vejamos o que diz o neurocirurgião Nubor Orlando Facure:

O que é vida?

Um dos grandes gênios da física quântica, Erwin Schrodinger, em 1943, nos deu uma
definição de ordem física sobre a vida baseada em dois princípios que são fundamentais
para se caracterizar um organismo como ser vivo: esse organismo precisa se reproduzir,
transmitindo seus atributos aos descendentes e o desgaste do seu trabalho metabólico
não pode produzir desarranjo entrópico. Seu gasto energético tem de ser reposto para
manter o equilíbrio.

Como esses dois fundamentos são cumpridos nos organismos vivos?

Schrodinger nos propõe:

1 – A natureza da hereditariedade – os genes seriam um cristal aperiódico contendo um


código de natureza probabilística.
2 – A termodinâmica dos seres vivos mantém a ordem a partir da desordem. O
organismo se organiza internamente, criando a desordem no meio externo.

Quem é a pessoa humana?

A ciência irá aos poucos reunindo provas da necessidade de um elemento imaterial que
como uma fôrma sustenta a forma do corpo físico. Paulo de Tarso falava de "corpo
espiritual" e Claude Bernard em "ideia diretriz" sustentando a arquitetura material de
todos os organismos. Esse "corpo mental" tem sido objeto de experimentação
neurocirúrgica nos últimos anos e ele coincide, em parte, com os inúmeros relatos sobre
"experiências fora do corpo" que a literatura leiga e especializada nos fornece aos
milhares.

Mas isso ainda é pouco para responder por completo a extensão da nossa identidade
como pessoa. No comando de toda maquinaria orgânica, especialmente cerebral, está
atuando uma "entidade espiritual" que representa nossa mais nobre constituição. Somos
Espíritos imortais percorrendo a fieira de vidas que se sucedem aos milhares,
aperfeiçoando o corpo e burilando o espírito em direção à angelitude.

Espírito e matéria

Não existe a matéria isoladamente. Toda ela está sempre sustentada por um elemento
imaterial que lhe concede a forma. E é esse "princípio imaterial", que no decorrer de
bilhões de anos, da origem ao "princípio inteligente" de onde, outros bilhões de anos
adiante, iniciam nossos espíritos a sua jornada evolutiva.

Estamos mergulhados no pensamento de Deus e, em tudo, há vida espiritual, estando o


Universo todo em sintonia com Ele.

O cérebro e a pessoa

Inúmeras falácias modernas atribuem nossa atividade mental exclusivamente ao nosso


cérebro quando, na verdade, é a pessoa humana quem produz a mente usando o cérebro
como instrumento.

Em primeiro lugar, todos sabemos que existe uma conectividade permanente entre o
corpo e o cérebro, tanto através de informações conscientes como inconscientes. Num
ambiente que sofre uma mudança de temperatura o nosso corpo informa ao cérebro a
sensação sobre o calor que está ocorrendo no ambiente. De repente, a gente tira um
agasalho e levanta para abrir uma janela ou ligar o ar condicionado. Ao nível
inconsciente, sem participação do cérebro, nossas glândulas sudoríparas liberaram
grande quantidade de suor.

O corpo mental

Nós temos um corpo de origem mental que tem pouco a ver com a atividade do cérebro.
É fácil de ser percebido diante do espelho. A garota adolescente, ao se ver no espelho,
não se identifica com a imagem que está sendo refletida, ela vê um corpo imaginário,
quase sempre em desacordo com o que vê. Suas medidas são perfeitas, mesmo assim, a
maioria das garotas na adolescência se sentem gordas diante do espelho.
Malformações fetais

As deformações congênitas do feto não excluem a existência de uma mente, já que ela
pode expressar suas emoções pelo corpo físico, mesmo sem um mínimo de
racionalidade nos moldes que a reconhecemos.
Nubor Orlando Facure
> O que a neurologia tem para ensinar aos médiuns?

Interessante texto do Dr. Nubor Facure, explorando algumas possíveis conexões entre a
neurologia, o sentido da visão e uma aplicação avançada para a vidência mediúnica

A visão

O nosso olhar é uma das propriedades mais ativas do cérebro. Nós mobilizamos dois
terços (ou quase 70%) do córtex cerebral quando estamos olhando para uma criança
correndo. Existem 30 áreas cerebrais que estarão atuantes nessa visão trabalhando seus
detalhes. Precisamos saber quem é, sua localização, com que velocidade se locomove,
para onde se dirige, que roupa usa, suas cores, o risco que corre, o parentesco que tem
conosco, se vem até nós para dizer alguma coisa e se precisamos abrir os braços para
abraçá-la ou acudir em um perigo de queda.

Nosso registro visual não é do tipo fotográfico, ele é interpretativo, constrói uma
paisagem com aquilo que vê. O que vemos cria uma “representação” do que
“pensamos” estar vendo. Disso decorre que, mais de noventa por cento dessa atividade
se processa na mente, e é isso que permite que cada um veja conforme lhe pareça e não
como a coisa é.
Por que vemos?

Só há visão humana com a luz. Tudo começa com uma onda de energia vibratória que
atinge nossa retina refletindo nela a imagem dos objetos. Aqui a luz atua sobre cones e
bastonetes produzindo milhares de combinações em branco e preto ou coloridas, numa
mistura de três cores fundamentais: vermelho, verde e azul – a cor é quase um milagre,
e é bom saber que ela existe em nós e não nos objetos.

Quando a energia luminosa é convertida em impulso nervoso ele percorre o cérebro


produzindo uma serie de outros fenômenos que vão nos permitir “qualificar” o que
vemos dando-lhes propriedades:

A mansidão do luar
A quietude dos vales
A algazarra dos pássaros
A correria das fontes
O brilho das estrelas
O sorriso farto das crianças
O vermelho forte dos morangos
O vermelho brilhante do por do sol
O vermelho suave das rosas

A visão e a linguagem

Nossa mente cria representações simbólicas para aquilo que estamos vendo. Damos-lhes
qualidades para compreender sua existência. As propriedades dos objetos e cenários
acima descritos não são qualidades primárias, são “imaginações” que criamos para
relatar, interpretar e explicar como essas coisas são para nós. Aprendemos a usar as
nossas representações com seus significados para que possam fazer parte da nossa
linguagem corriqueira, dispensando a presença do objeto visualizado. Nossa infância é
povoada de imaginações que aprendemos a ouvir e criar para representar o mundo e
aliviar nossas angústias e medos. Criamos os anjinhos com asas, o homem que é metade
homem e metade cavalo, a fadinha que produz estrelinhas, os monstros, os gigantes e os
anõezinhos, as bruxas e os heróis.

Entretanto, a maior invenção que criamos para representar nossas imagens foi a escrita.
Só o ser humano é capaz de representar um objeto por um conjunto de letras, uma
palavra, uma frase ou um poema. Conta-se que uma águia é capaz de ver uma letra a 15
metros de distância, mas, seguramente ela não sabe ler, dar significado a essa letra e
compreender o que ela diz.

O capricho da anatomia – dividindo a imagem


Quando a imagem atinge a parte posterior do cérebro, na região occipital, ocorrem
fenômenos anatômicos importantes e curiosos. As informações se distribuem em
camadas a partir de um ponto central, no último giro do lobo occipital. Ali construímos
o foco do nosso olhar, a partir do qual, alguns detalhes da imagem se esparramam como
uma casca de cebola. Uma parte será enviada ao lobo parietal no giro angular, outra
para a região temporal no giro medial e uma terceira via atinge, também no lobo
temporal, o giro fusiforme.

Vamos ver qual é o propósito dessa tríplice divisão:

O giro angular e suas vizinhanças

Situada no lobo parietal, esse giro desempenha funções interessantíssimas – ele nos
permite dispor de um GPS no cérebro – nos localiza no espaço e permite que sejamos
informados “onde” está determinado objeto. Imagine pegar uma xícara no meio de
várias louças e copos, os desajeitados sempre aprontam pequenos desastres caseiros.

No lobo parietal direito alguns experimentos cirúrgicos conseguiram estimular as


proximidades dessa área e o paciente referir que se sentia fora do corpo – ocorre uma
projeção da imagem corporal para fora do corpo - semelhante aos conhecidos relatos
metafísicos de “experiências fora do corpo” que hoje conta com vastíssima
comprovação na literatura médica.

O lobo temporal

Aqui há regiões que nos permitem ter noção “do que é” e dos movimentos das pessoas e
dos objetos identificados. Para sabermos a importância dessa função, basta circular pelo
corredor de um shopping center, onde várias pessoas vêm apressadas em nossa direção,
obrigando-nos a desviar de um ou de outro – aqui também os desastrados se dão mal,
trombam frequentemente.

O giro fusiforme

Passa-se nele um fenômeno de extrema importância – é uma área onde é projetado o


rosto das pessoas, sendo assim processada a identificação dos amigos e dos
desconhecidos, uma distinção fundamental para a sociabilidade e a sobrevivência. E
nesse particular, todos nós tropeçamos, nos lembrando daquele rosto, mas, nos foge,
com frequência, o nome da pessoa.
Um breve resumo

Concluímos, então, que logo após termos as imagens registradas no lobo occipital, elas
esparramam suas conexões para áreas vizinhas a fim de tomarmos conhecimento da cor,
da forma, do movimento e da localização precisa do objeto visualizado – para cada uma
dessas funções há um grupo particular de neurônios executando essa tarefa. Diz a
neurologia que nós temos sim, um neurônio para nossa avó e outro para a Angelina Joli.

Podemos resumir algumas de nossas afirmações anotadas acima:

 O mundo visível é uma imaginação da mente – a isso se


chama percepção visual.

 O estímulo visual atinge o “cérebro”, mas é a mente que


constrói a representação do que vê – criamos uma imagem
mental do que pensamos estar vendo.

 Cada um de nós constrói suas imagens visuais conforme


suas expectativas, suas memórias e sua cultura.

 Há regiões diferenciadas no cérebro situadas no entorno


da região occipital, para percepção do espaço e o que
contém ele, a localização de objetos ou de pessoas, sua
movimentação, sua forma, sua cor e sua identidade facial.

Entre o cérebro e a mente

Ensina a neurologia que a imagem que nos chega aos olhos não é interpretada como um
reflexo que se projeta em um espelho. Cérebro e mente vão construir o que “pensam”
estar vendo. Portanto, para tudo que vemos, o cérebro e a mente montam uma
representação daquilo que imaginam ser o que está sendo visto. Vale a pena repetir com
os cientistas que nossa realidade é pura imaginação. Mais importante, ainda, é saber que
cada um de nós imagina o mundo a seu modo.

A neurologia ensina que, ao construirmos nossas imagens mentais, ajuntamos algumas


peças que se conjugam nessa imaginação. Primeiro, a expectativa – se espero ver um
anjo devo lhe dar asas como uma de suas propriedades. Repetindo o que já aprendemos,
a visão é um processo ativo, nossa mente é quem põe nos objetos ou nas pessoas as
características que espero ver nela. Depois, atuam as nossas memórias – se já conheço o
pequi do serrado fica fácil identificar esse fruto quando o encontro no meio da panela de
arroz tingindo-a com sua cor amarelada. Ao ver um rosto na multidão saberei de quem
se trata caso minhas memórias detectem nosso parentesco ou amizade. Finalmente,
interfere a nossa cultura, pessoal e coletiva – o peão que reconhece os animais na roça, o
mecânico que trabalha com as peças do motor, o médico que manuseia os instrumentos
da cirurgia, o cozinheiro que escolhe os ingredientes da comida, o mateiro que transita
fácil pela floresta, o piloto que pousa o avião mesmo com a névoa da tempestade –
todos eles enxergam detalhes que seu conhecimento possibilita compor.

As extravagâncias da patologia

Lesões, inflamações, tumores e síndromes diversas são capazes de desencadear


manifestações que deturpam nossa visão. Fora dos quadros neurológicos clássicos de
cegueiras e hemianopsias, vale a pena apontar curiosidades que ocorrem em algumas
pessoas.

Afetada a área que identifica o movimento dos objetos ou das pessoas, o indivíduo
relata curiosidades inacreditáveis – um deles diz que não pode por seu leite no copo. Ao
virar a garrafa, ele não percebe a descida do líquido que acaba entornando – não há
como perceber que o leite desceu da garrafa enchendo o copo.

Outra conta que não há como andar no shopping, ela nunca sabe se as pessoas estão
vindo em sua direção, e é terrível tentar atravessar a rua quando os carros estão
passando.

Um terceiro nota que, aqueles pássaros que voam ali por perto, na verdade parecem
parados, mas, eles aparecem ora num lugar ora noutro, deixando-o confuso.
As cores mudam de tonalidade ou desaparecem em pacientes com epilepsia - eles
podem relatar “crises” visuais nas quais percebem em seu campo de visão o desenrolar
de uma cena como se fosse um filme. Podem de início ser suas imagens em branco e
preto, vindo depois o colorido adequado preencher o cenário.

A mediunidade - vendo Espíritos

A vidência é um tipo raro de mediunidade. Crianças costumam ver muito, assim como
os idosos, nas fases finais da vida. Os bons médiuns videntes fazem relatos muito
interessantes que podemos compreender melhor conhecendo o que nos diz o cérebro
conforme estamos estudando. Precisa ser dito que o médium não vê o Espirito, é o
Espírito que se faz ver – usando a coparticipação de uma fisiologia especial que dispõe
o médium vidente.

A percepção de uma entidade espiritual acontece por uma combinação de fenômenos –


é preciso uma combinação dos fluidos do encarnado com o desencarnado, ocorre uma
sintonia fluídica com assimilação pelo perispírito do médium daquilo que lhe projeta o
Espírito desencarnado. E, finalmente, a imagem que o Espírito quer mostrar tem sua
expressão no cérebro físico do médium onde terá que submeter-se ao que estudamos
sobre ele.

Vamos aos exemplos nos relatos dos médiuns.

O que podemos aprender

1 - No Livro dos Médiuns, Allan Kardec, ensina que, a vidência é um tipo de


mediunidade rara que não se deve provocar seu desenvolvimento, deixar que ela siga
seu curso natural, evitando o risco de sermos iludidos por efeito da imaginação. O
cérebro é farto de informações e a mente é muito criativa, podendo nos fazer ver o que
não existe.

2 – No mundo fantasioso da criança é comum ela conversar com personagens


construídas pela sua imaginação, mas, nem tudo é fictício no mundo da criança. No
histórico de muitos médiuns, eles relatam a sua vidência desde a infância e, nessa época,
não tinham conhecimento suficiente para identificarem que parte da conversa era
mesmo com entidades espirituais.

3 – No idoso e nos pacientes terminais, há relatos de visitas de Espíritos familiares que


se fazem ver pelo paciente - a veracidade desses relatos merece crédito inquestionável –
isso a Doutrina Espírita é farta em comprovações.

4 – Na epilepsia, embora a neurologia acadêmica ainda não admita, é possível que


certas crises sejam precipitadas por entidades perturbadoras, e podemos conjecturar que
as imagens visualizadas nas crises tenham a ver com a dimensão espiritual – nas
palavras de Kardec, a vidência geralmente é um episódio fugaz, lembrando muito uma
“crise” cortical – por excitação de neurônios na região occipital (palavras minhas).
5 – A vidência não é um fenômeno contínuo, costuma ocorrer em flashes, circunscritos
frequentemente a um foco, num determinado ponto do ambiente – as vezes o Espírito
aparece sistematicamente no mesmo lugar, ora aqui ora ali – pelo que estudamos, a
fixação do Espírito numa determinada localização ocorre por estímulo de neurônios de
localização no cérebro do médium e não como fato real. Não é culpa do Espirito
aparecer sempre ao lado do piano, é o cérebro do Médium que só consegue o enxergar
ali.

6 – A aparência com que se apresenta o Espírito tem a ver com a estimulação de


neurônios da área occipito-temporal, que nos permite identificar as formas dos objetos –
o conceito popular ensina que, a descrição das formas depende dos olhos de quem vê –
atentem para o vestido da noiva no seu casamento, cada convidado fará a descrição que
mais lhe afeta. É por isso que nas visões tanto podem serem descritos santos como
demônios – asas, auréolas, tridentes ou mantos de luz.

7 – Quando Wilder Penfield (1891-1976) iniciou as primeiras neurocirurgias para cura


da epilepsia, o paciente era operado acordado, com o cérebro exposto. Isso permitia que
certas áreas do cérebro pudessem ser estimuladas eletricamente pelo neurocirurgião. Dr.
Penfield conseguia obter, com essa técnica, que o paciente relatasse o que estava vendo
ou sentindo ou movimentando seus dedos. Ele podia, também, emitir algumas palavras,
gritos, ver cenas do seu passado, descrever locais onde vivera ou onde se sentia
projetado.

Allan Kardec ensina que nossa alma quando emancipada parcialmente do corpo, poderá
“enxergar” quadros ou cenários arquivados em seu próprio cérebro físico. Isso significa
que nossos neurônios armazenam sinais que nos permitem recompor memórias de
coisas vistas ou vividas – penso eu que essa é uma vulnerabilidade muito apropriada
para atuação dos obsessores.

1 de janeiro de 2020

* Nubor Orlando Facure


- Ex-Professor Titular de Neurocirurgia UNICAMP.
Diretor do Instituto do Cérebro Prof. Dr. Nubor Orlando Facure (Campinas, SP)

Fonte: https://eradoespirito.blogspot.com/2020/01/o-que-o-cerebro-tem-para-ensinar-
aos.html

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