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Devo esclarecer que vou abordar a mediunidade meio na contra mão do que vocês
ouviram até agora.
Nosso amigo e veterano nas palestras aqui em Juiz de Fora, Dr. Jorge Andréa, abordou
conceitos e generalidades “navegando” pelo plano espiritual para nos colocar uma
interpretação muito doce sobre a mediunidade. Sou obrigado agora a aterrissar no
cérebro. Vou tentar equacionar as suas vias, as suas conexões, sem que isso se torne
enfadonho, difícil e árduo para quem não é especialista na área de neurologia. Posso
lhes dizer que com o mesmo encantamento que o Dr. Andréa identificou e desenhou
para nós o Espírito, sou um apaixonado pelo cérebro e creio que posso traduzir uma
mensagem para que vocês também se enamorem de toda esta riqueza de gestos, de
significados e de expressões que esse aparelho, aqui dentro da nossa caixa craniana, nos
permite realizar, vivenciando a realidade do mundo físico, no plano dos encarnados,
onde nós estamos inseridos.
Dentro desta perspectiva eu imagino que não podemos fazer qualquer outra
interpretação. Temos que identificar no cérebro do médium como é que se processa o
fenômeno mediúnico.
Para iniciar nosso estudo e principalmente por uma questão pedagógica, precisamos nos
situar dentro do propósito da aula, expondo, para nossa identificação, os principais
pilares que sustentam a expressão da mediunidade ou seja, o que é, a mediunidade.
Depois, ao entrarmos no capítulo específico da neurofisiologia, poderemos
correlacionar a fisiologia do cérebro que aprendemos, com aquilo que nós todos
aceitamos como sendo fenômeno mediúnico.
Histórico
A História da humanidade, quando estudada nos livros sagrados das mais variadas
civilizações, é muito rica de demonstrações da ocorrência de comunicação entre o plano
espiritual e o homem encarnado. Em todos os povos, estas histórias que estão aí
registradas, podem ser, eventualmente, recapituladas, demonstrando que nunca
estivemos sozinhos ou desamparados pela espiritualidade.
O fenômeno mediúnico
O Perispírito
Esse corpo espiritual, a que eu me referia, tem propriedades que transitam de um plano
ao outro, de uma dimensão a outra.
As ligações do corpo espiritual com o corpo físico não estão permanentemente estáveis,
rígidas, aprisionadas, células por células ou átomo por átomo. De alguma maneira, nós
estamos sabendo que a nossa mente participa continuamente deste processo de
interação.
Desdobramentos da Alma
Nesta situação, estamos informado que o corpo espiritual, pode se desdobrar, quase que
por inteiro, e fazer o que podemos chamar de “navegação” pelos planos espirituais. Esta
“navegação astral” nos permite deslocar, atraídos para aqueles ambientes nos quais nós
estamos, de alguma maneira, aprisionados pela sintonia dos nossos propósitos. O
conteúdo dos nossos pensamentos irá contatar os espíritos que nos vão fazer companhia.
O corpo espiritual nos permite desfrutar deste processo de navegação, em que nos
deslocamos, conforme a sintonia de nossos propósitos.
O Fluido cósmico
Um outro elemento, ligado ao fenômeno mediúnico são os fluidos. Vocês podem
perceber que, aos poucos estou acrescentando informações para nós montarmos o
quebra-cabeça da mediunidade por inteiro.
Qualquer objeto material, assim como cada átomo, cada elemento que nós
identificarmos na nossa dimensão física, está mergulhado numa substancia fluídica. É
chamado de fluido cósmico universal na sua expressão mais genérica. Ele se condensa e
forma o nosso perispírito, quando encarnado nesse planeta e se modifica, quando daqui
nos deslocamos para uma outra esfera, de outras populações. Todo o Universo é
preenchido por este fluido e toda matéria se origina dele.
Gosto de ressaltar isso porque é inédito em todas as outras ciências o que o Espiritismo
fala sobre o fluido cósmico universal. Na minha opinião, a fisiologia deste fluido vai
constituir uma Teoria futura para explicação de todos os fenômenos que nós
observamos, tanto na área física, quanto na área espiritual. As atuais Teorias da física,
baseadas na existência exclusivamente da matéria que conhecemos, deverão ser
superadas pela Teoria do Fluido cósmico.
É oportuno que nós, espíritas, nos detenhamos no estudo das propriedades deste
chamado fluido cósmico universal, antes que os físicos, que estão estudando e
especulando nesse campo, não comecem a falar em massa quântica ou matéria
psiquântica e, daqui a pouco, nós espíritas ficaremos para trás.
Sempre que vem um físico fazer alguma proposta para nós, eu fico receoso: vai ver que
ele já descobriu isso e vai achar que foi ele que inventou. Tenho reforçado
sistematicamente que Allan Kardec já nos ensinou no Livro dos Espíritos, que há um
fluido, no qual nós todos estamos mergulhados. Os filósofos da antiga Grécia já falavam
deste fluido, mas, a doutrina espírita nos confirma e revela algumas de suas
propriedades. É exatamente este fluido, que constitui o meio de transporte do nosso
pensamento e, por conseqüência, de toda a comunicação mediúnica.
A expressão mais adequada que para mim define o fluido universal é a de André Luiz,
quando o definiu como sendo o "Hálito de Deus". Não tem coisa mais graciosa da gente
entender, exatamente, o que é isto, porque na Gênese consta que Deus pegou o barro da
terra, fez o homem e soprou em suas narinas para que ele vivesse. É esse sopro de Deus,
que habita todo o Universo, o hálito divino, cósmico, no qual nós estamos mergulhados.
Este fluido vai participar, obviamente, de todo o processo mediúnico, conforme vocês
vão acompanhar comigo.
Os mentores espirituais
Quando ocorre o processo mediúnico, como a gente vê nos trabalhos da casa espírita,
nós precisamos sempre do auxílio desses orientadores.
Precisamos agradecer esta proteção, este carinho, esta tolerância incansável que eles
demonstram com a nossa invigilância. Eles estão participando caridosamente com o
nosso crescimento espiritual. O comando, a ordem, o controle, do fenômeno mediúnico
é sempre exercido por eles.
Podemos ler no Livro dos Médiuns que a mediunidade é um dom, uma aptidão, é uma
predisposição orgânica especial. Pode ocorrer, também, que um determinado indivíduo
deixe de produzir o fenômeno mediúnico de que era possuidor. Por que será que
acontece isso? Por que, em determinados momentos, cessou o seu dom?. Determinados
médiuns, que vinham tendo vidência expressiva, de repente, mudam. Não vêm mais e
passam a ser médiuns de uma outra categoria. São inúmeros os exemplos desse tipo de
ocorrência.
A mim parece que tudo isso obedece uma pré-determinação dos nossos mentores
espirituais e não só , especificamente, uma mudança na biofisiologia do cérebro do
médium. Nossos protetores espirituais têm, seguramente, um papel extremamente
importante na qualidade e na quantidade da expressão mediúnica que se manifesta em
nós.
Pretendo discorrer agora sobre à “clínica” do processo mediúnico. Como nós médicos
quando discutimos nossos casos: Quero ver um paciente com epilepsia. Deixe-me ir lá
na enfermaria testemunhar sua queixa e o tipo de crise que apresenta.
Allan Kardec foi levado a estudar a mediunidade nas reuniões das chamadas mesas
girantes. As mesas demonstravam uma inteligência nas respostas que escreviam aos
participantes das reuniões.. A partir daí, Allan Kardec fez nascer um novo mundo! Tão
ou mais espetacular quando Pasteur e outros cientistas, ao utilizarem o microscópio,
descobriram a existência das bactérias e dos germes produtores de doenças. O impacto
da descoberta dos micróbios trouxe um gigantesco avanço para a medicina, pelo mundo
novo que revelou.
Allan Kardec fez uma leitura do fenômeno mediúnico com uma didática excepcional.
Ele classificou os fenômenos dentro de dois grupos: os chamados fenômenos de efeitos
físicos e fenômenos de efeitos intelectuais, que estão ligados à produção de
conhecimento.
Posso apresentar a vocês alguns símbolos. Isso vai provocar em vocês fenômenos
psicológicos. Cada um de nós estará realizando uma observação especial, particular e
subjetiva. Vamos dar uma olhada, por exemplo, nos sinais de trânsito, depois num ponto
de interrogação, num homem desenhado nos muros de uma construção e, finalmente,
numa cruz, a cruz que simboliza os hospitais. Para mim ocorrerá maior impacto,
justamente aquela cruz, pela minha ligação com a vida hospitalar, para outro,
seguramente, os sinais de trânsito, para um engenheiro de construção de obra, aquele
outro que sinaliza a presença de um trabalhador.
Vamos observar agora este detalhe: no fenômeno físico eu posso dispor de uma régua
para medir ou um relógio para cronometrar, podendo, com estes instrumentos, observar
a densidade material do fenômeno.
Anteontem, eu dizia para Dona Isabel : Observe o meu relógio. Um objeto comprado
numa relojoaria comum. Um relógio que vale muito pouco em termos de preço, de
custos, de qualidade, mas, foi-me ofertado num dia de aniversário pela minha esposa.
Simbolicamente, para mim, ele tem um valor que não é estimado pelo relojoeiro que o
analisa.
O fenômeno mediúnico, de efeito intelectual, pela afetação psíquica que provoca, tem
que ser, especificamente, individual. Não podemos fugir dessas regras. Com estes
conceitos, posso adiantar, que já estou, aos poucos, introduzindo vocês na fisiologia do
cérebro.
Não são tão raros os casos de “poltersgate” (espírito brincalhão), nem os fenômenos de
combustão espontânea, de deslocamento de pedras que são atiradas no telhado, de livros
que são rasgados, de porta do guarda-roupa que é queimada e de pessoas que são
projetadas à distância. Já houve indivíduos que se queimaram gravemente. conforme
relatos na literatura espírita, vítimas de uma combustão espontânea, levando, inclusive,
a morte pelas queimaduras. Esta combustão tem particularidades curiosíssimas. Quando
se põe fogo, por exemplo, num pedaço de madeira, ela se queima de fora para dentro.
Nesse tipo de combustão, nos fenômenos da mediunidade. o fogo é de dentro para fora .
Cada um de vocês, eu acredito, tem também suas estorinhas para contar. Os fatos que
ouviram dizer de casas assombradas, de ruídos dentro de casa, de pedras que são
atiradas no telhado, objetos que aparecem dentro dos cômodos e nos armários, são
muito comuns.
Certa ocasião pediram para o nosso Chico Xavier explicar o efeito da medicação
prescrita nas receitas ditadas pela mediunidade. Para nós médicos, a “Thiaminose” é
uma vitamina, injetada na veia, que traz muito pouco beneficio para os pacientes em
geral e, as gotas da homeopatia, em termos médicos, teria um valor discutível e nem
sempre bem aceito.
Ele nos dizia que, na verdade, estas substâncias servem de veículos, que permitem aos
protetores espirituais colocarem os elementos adequados, retirados do fluido cósmico,
que estão aí, esparsos por toda a nossa natureza e, na verdade, as propriedades físicas
das substâncias que vão na receita são potencializadas pelos fluidos. Não é,
especificamente, uma injeção de vitamina ou umas gotinhas de um xarope que estão
produzindo o efeito.
Podemos, portanto, perceber, que está aí uma proposta terapêutica muito interessante,
merecendo estudo da nossa parte. Toda esta matéria que nós estamos vendo, registradas
pelo nosso cérebro, é possível de sofrer modificações por completo em suas
propriedades. Qual é a teoria que explica isso? A teoria dos fluidos . Está lá no Livro
dos Espíritos, nos primeiros capítulos quando Allan Kardec fala dos fluidos e das
propriedades da matéria.
Há possibilidade de nós termos curas de qualquer tipo de doença, através de uma água
fluidificada. Não estranhem se isto é ou não possível. Ainda não conhecemos os
mecanismos que nos permitirão manipular com mais propriedade o fluido cósmico e no
futuro talvez isto não será mais segredo.
Qualquer objeto “imantado”, por esta combinação de fluidos, adquire uma propriedade
especial que o “vitaliza”.
Aqui está, por exemplo, a minha mão que eu movimento e que tem vitalidade orgânica.
Facilmente a faço obedecer ao meu comando. Estou ligada à ela pelos meus nervos que
transmitem o comando do meu cérebro. Esse livro, enquanto ele estiver aqui na mesa,
ele não se movimenta, mas se o pegar na minha mão, vejam o que acontece. Ora, quem
achava que o livro não se movimentava? Desde que eu encoste nele. Basta eu colocar a
minha “carne” nele.
Vocês nunca imaginaram que esse livro obedeceria às minhas ordens. E viram Obedece
sim! Salte, livro! Pronto. Ele saltou.Se vocês não acreditavam, eu o fiz saltar! Mas tive
que usar um instrumento: a minha mão, mas quem a comandou foi a minha mente.
A mesma coisa ocorreria para este lenço que com o fluidos ele passa a obedecer a
mente. Nesse caso vai ocorrer uma dualidade interessante. Tanto o médium pode
determinar mentalmente que o lenço se desloque para um lado, como o espírito que está
produzindo o fenômeno pode dizer : quero que vá para o outro lado. Pode ocorrer uma
perturbação nesta brincadeira, que, com freqüência, os espíritos zombeteiros,
brincalhões e arruaceiros produzem nesse tipo de atividade mediúnica. O que eles
querem, na verdade, é provocar confusão. Que produzem o fenômeno produzem; e que
o lenço obedece, obedece. Faço este livro aqui me obedecer, desde que eu tenha contato
com ele.
Os fenômenos mediúnicos intelectuais
Quem já o assistiu o médium Francisco Cândido Xavier psicografando, nota que ele fica
com uma das mãos sobre os olhos, pega o lápis, escreve com rapidez, com letras
grandes e que para quem sabe, não é essa a letra dele. Normalmente, sua letrinha é
redondinha e bem elaborada. Escreve com letras grandes páginas e mais páginas e dá
aquela impressão de que não se cansa, mesmo quando vara a noite escrevendo. Esse
processo de escrita, é nitidamente uma habilidade automatizada.
No médium falante incorporado, ele fala, e se expressa com velocidade, num texto que,
freqüentemente, não se dá conta, é muito produtivo, sem qualquer exaustão física e sem
comprometimento físico aparente.
A mesma coisa ocorre na pintura mediúnica. Observem que ela se processa numa
velocidade incrível e surpreendente para qualquer um que conheça as dificuldades
naturais de se pintar uma tela. O médium, no entretanto, realiza a pintura de uma tela
em um minuto e meio, dois minutos ou três minutos. Aqui, também, é muito fácil se
perceber que os movimentos, em toda sua gesticulação motora, por parte do médium, é
nitidamente automática.
A obsessão
Vamos observar outro fenômeno. Num processo, perturbador, através da obsessão, nota-
se que a presença do espírito obsessor modifica a fisionomia do médium. As expressões
passam, com freqüência, a ser tão inapropriadas, que a gente nem o reconhece. Parece
muito estranho para quem não conhece o fenômeno. Alguns indivíduos obsidiados,
adquirem, quando muito perturbados, uma energia, uma força tamanha, que, com
freqüência, duas ou três pessoas não conseguem contê-los. Aqui também o quadro
motor sugere o envolvimento de automatismos.
A neurofisiologia da mediunidade
A apresentação que estou lhes fazendo do fenômeno mediúnico está mostrando para nós
algumas características semiológicas que já podemos destacar para nossas
interpretações.
Nos exemplos que citei constatamos que o médium é possuído de uma força estranha.
Ele é capaz de trabalhar horas seguidas. Mal precisa da visão para escrever. O texto sai
com muita velocidade. A fala é fluente. O tema ele, com freqüência, não se dá conta e
não tem alcance intelectual para expressa-lo por si. Pode até falar numa outra língua.
Transparece aquela impressão de que tudo está sendo feito automaticamente. É
exatamente como qualquer atividade mecânica que a gente já aprendeu, de cor, e não
nos toma conta, nem tempo para sua realização.
Para analisar estes dados que a mediunidade nos fornece, temos, agora, de voltarmos
para o domínio da neurologia. Qual é o programa que está inserido nos dezesseis
bilhões de neurônios, que organiza e estrutura a fisiologia do nosso cérebro?
Tem que haver um programa específico, no cérebro, onde deve ser processada a
comunicação mediúnica transmitida de uma dimensão a outra. Aqueles, que têm esse
programa, são competentes para a comunicação. Serão chamados de médiuns. Estou
fazendo esta metáfora usando a linguagem dos computadores, porque isso facilita muito
o nosso entendimento. É questão de ter ou não o programa que vai permitir o acesso
entre uma dimensão e a outra.
Posso fazer com vocês, um exercício de sintonia. Começo a contar uma história ou
começo a cantar uma música. Daqui a pouco, vocês todos, quando saírem para o café,
estarão com aquela música na cabeça. Vocês sintonizaram comigo ou com o coral ou
com a história que eu contei. É muito comum isso. A gente vai assistir a uma peça
musical ou um conserto e quando retornamos para casa, ainda ressoa em nossos ouvidos
aquela sonoridade que acabamos de escutar. Estamos, de certa forma, sonorizados
ainda, com aquela mensagem que a música nos provocou.
Precisamos ver agora o que existe na anatomia do cérebro, que pode produzir esta
sintonia de que estou falando, quando me refiro à mente. Esta expressão, sintonia, pode
nos parecer um tanto abstrata, para ocupar lugar na anatomia do cérebro. Vamos direto
ao assunto, por pingos nos "is". Vamos descer para o plano material.
Se nós observarmos o cérebro, podemos ver uma superfície externa que é o nosso
córtex, rico em neurônios. Existe, também, um conjunto de núcleos, de situação mais
profunda que são os chamados núcleos da base. Preenchidos por uma concentração
muito grande de neurônios pequenos. A neurologia já identificou muitas funções das
áreas do córtex e funções dos neurônios curtos dos núcleos da base.
Vejam aqui comigo estes garotos, são os netos lá de casa. Esparramei alguns objetos na
mesa da sala bem na frente deles. São porcelanas que a avó pinta. Digo para eles: vamos
abrir estas caixinhas, sem a vovó ver, porque acho que tem alguma coisa guardada aí.
E se acontecer alguma coisa, uma delas pode se quebrar e depois o avô não me defende,
não é?
É preciso que eles criem coragem e assumam uma atitude intencional, voluntária.
Mesmo que eu provoque neles alguma curiosidade, eles têm que tomar uma iniciativa.
Nesses casos é preciso atuar sobre o córtex cerebral para agir voluntariamente.
Érick, você vai pegar o telefone e aprender a digitar. Vamos conversar lá com a sua mãe
ou com a vovó na outra sala.
Aos poucos, vocês percebem, ele vai aprender este gesto e logo estará sabendo digitar o
teclado do telefone. Foi, inicialmente, um gesto voluntário quando ele colocou o
telefone no ouvido. Depois, com o aprendizado, ele vai treinando e consegue fazer as
ligações automaticamente.
Vamos desenvolver agora, uma tarefa mais complexa. A criança vai aprender a escrever
. O texto vai devagar no começo. Ele rabisca cada letra com lentidão.
O que ele quer escrever ?
_ Bola!
_ B-O-L-A . Ele pode ter um problema com L e com R . A professora insiste: repita
estas palavras. Ela reprograma o seu cérebro para fazer a escrita com correção. Aos
poucos, com o passar dos dias, está pronto, já está correta a sua escrita. Já automatizou
os seus gestos e os faz com correção gramatical. Toda dificuldade inicial foi superada
pelo treinamento repetitivo dos gestos apropriados.
Os automatismos
Nos exemplos que citei, ficou claro que nós aprendemos com dificuldade, tomamos
iniciativas, optamos por determinado gesto que parte dos estímulos do córtex cerebral.
Depois que a gente aprende fica tudo mais fácil porque está automatizado. Nós
transferimos o cortejo de gestos para o subcórtex, onde estão aqueles núcleos da base.
Quando vim para cá estava preocupado, pensando como é que vai ser minha aula lá na
Dª Isabel, mas estou dirigindo o automóvel. Um piloto automático passa a tomar conta
da direção e eu mal percebi que, vejam, já cheguei e ... nem notei a quilometragem que
a gente teve que percorrer para vir até aqui. O desempenho de todo este automatismo é
feito corretamente e sem muito esforço pelos núcleos da base.
Desde criança, o nosso sistema nervoso vai sendo programado para deixar o córtex livre
para os gestos novos e, tudo que se aprender no decorrer da vida, se automatiza nos
núcleos da base favorecendo a economia de neurônios.
Quero repassar com vocês os três tipos básicos de movimentos que nosso sistema
nervoso nos põe à disposição. Os reflexos, os voluntários e os movimentos automáticos.
Aqui está um bebezinho que pisa no chão e movimenta as suas pernas como se estivesse
andando. Uma atitude puramente reflexa é a marcha reflexa do recém-nascido.
Convém vocês saberem que não estou apresentando uma novidade. Quero me referir a
Pièrre Janet. No século passado, no ambiente da escola neurológica de Charcot, na
Salpatriérre, ele foi um dos neurologistas contemporâneos de Charcot, aluno de Charcot,
colega bem próximo de Freud pelos estudos que fizeram sobre a histeria. Pièrre Janet,
deve ter acompanhado Charles Richet e Ernesto Bozzano nas sessões de materialização
de Willian Crooks e nos trabalhos mediúnicos de Euzápia Paladino. Ele se formou em
Filosofia, numa universidade próxima a Paris. Depois se formou em Medicina, dedicou-
se a neurologia.
Numa de suas Teses, Pierre Janet dizia que a mediunidade seria um automatismo
psicológico, sem a interferência de entidades espirituais ou de inteligências estranhas e
sim do próprio cérebro do indivíduo. É muito semelhante a tudo aquilo que falei para
vocês sobre automatismo. Quando nós temos um gesto, que se faz repetidamente, como
aprender a utilizar uma impressora, uma máquina numa fábrica ou equipamento novo
que chega no escritório, a gente primeiro aprende com o uso do córtex cerebral, num
looping superior de neurônios corticais. É uma atitude voluntária, intencional. Abre-se a
máquina, põe o papel, desce a alavanca, imprime, confere se ficou bem feito. É uma
tarefa cansativa neste início de aprendizado.
Depois de um mês, o operador da máquina já está sabendo de cor como realizar cada
uma dos seus gestos. A partir daí sua atividade se torna puramente automática.
Alguém que está aprendendo a tocar o violão, quando vai tirar a primeira música, tem
uma certa dificuldade natural. Está se processando um aprendizado bem em cima, no
córtex. Depois que ele sabe de cor, ... o nosso músico toca o violão de olho fechado!
Por que a gente fala de cor? Vocês sabem? Significa, literalmente, de coração. Porque
os filósofos gregos achavam que a nossa Alma estava localizada no coração. A gente
aprende a música de coração. Por isso eu falo que gosto do fundo do meu coração.
Como neurologista, quero ensinar que, na verdade, a gente ama é no fundo do cérebro.
Não tem ninguém gostando do outro pelo coração, porque no coração não tem onde
gostar. É aqui, no cérebro.
O propósito desta pergunta é questionar: será que o médium inconsciente não interfere
no fenômeno?
A meu ver, exclusivamente, pela anatomia das alças neurológicas que acabo de mostrar,
não tem jeito !
Temos no cérebro áreas específicas capazes de nos permitir falar. Uma outra para
compreendermos o que se está falando. Com freqüência, o médium pode ficar na
dúvida, por sua própria insegurança : o Espírito o faz falar numa determinada área (área
de Brocá, no lobo frontal) e ele acompanha, ouvindo o que é falado em outra área( de
Wernick no lobo parietal).
Todos nós temos duas áreas no cérebro: uma que utilizamos para a expressão da fala e,
a outra, que se presta para a compreensão da linguagem falada. O Espírito comunicante
não precisa usar as duas.
Já ouvimos alguns médiuns dizerem assim: “não sei o que eu falo! Estou totalmente
inconsciente. Não me lembro de absolutamente nada. Acredito que não participo do que
é falado. Acho que o Espírito me toma e pronto. Faz o que quer de mim !”
A meu ver, não é bem assim! O médium participa, atua, se envolve e altera a
mensagem. Como a comunicação tem de ser transmitida através do cérebro do médium,
haverá sempre esta “contaminação” por parte da sua interpretação e da sua cultura.
É muito semelhante ao que ocorre durante o sono. Nós estamos aqui com quinhentas ou
seiscentas pessoas. São meio dia. À meia noite, a maioria de nós estava dormindo.
Chegando a madrugada, lá pelas quatro ou cinco horas, todos estavam sonhando.
Perguntamos para vocês:
- Sonharam mesmo?
Sonhou, sim. Vocês é que não se lembram. Todos os que dormiram, nesta madrugada
estavam sonhando. Nem todos estão se lembrando. Um ou outro que lembra com certa
nitidez. Principalmente as mulheres que têm uma memória melhor para sonhos. Quase
todas elas lembram o que estavam sonhando.
Mas façam este exercício. Vocês mesmos. Tentem recapitular. Essa madrugada, antes
de vir para cá, das quatro até às seis da manhã, que é a fase mais produtiva do sono,
vocês estavam sonhando e a maioria de nós não se lembra. Isto não é “inconsciência”, é
amnésia.
O mesmo ocorre com o médium. Ele também está escrevendo pela psicografia, ou se
comunicando verbalmente. Assim que desperta, terminada a comunicação nada será
lembrado, é simplesmente um fenômeno de amnésia. Não houve registro na memória
física. Estas lembranças ficam num outro corpo. O corpo espiritual de todos nós
também tem o seu hipocampo, que registra essas memórias do que ocorre no plano
espiritual.
Os fenômenos de psicometria
Vamos continuar no cérebro com outro fenômeno corriqueiro que qualquer um de nós
pode perceber. Estando de olhos fechados, toco um objeto e percebo suas
características, de olho fechado, percebo que é um copo de vidro.
Kátia, fique de olhos fechados. Não abra os olhos! Ponho na sua mão alguns objetos e
ela os identifica todos.
Com o toque das mãos, o tato informa ao nosso cérebro um conceito do objeto. Basta
um estímulo leve do tato. Elaboramos com ele uma informação complexa reunindo
vários dados sensoriais. Eu estou tocando aqui. Olhem aqui, é um objeto liso de couro!
Já sei que é minha carteira. Agora estou tocando uma caneta. Percebo que ele é de
plástico. Tem uma tampinha. Só não vou saber dizer a cor. Mas, o nosso cérebro, o de
todos vocês, se eu colocar esta caneta, mesmo de olhos fechados, vocês identificam a
textura, o peso, a consistência. Vão poder informar até para que serve cada objeto que
lhes for oferecido.
Vamos repisar esta propriedade do cérebro. Basta dar uma única pista sensorial que o
cérebro amplia o contexto e completa a imagem por inteiro. Basta uma informação pelo
tato e o cérebro processa o restante da identificação.
O Dr. Ney, está aqui presente e já fazia uns quinze ou vinte dias que eu não o via. Bati
os olhos só no seu rosto e o reconheci imediatamente.
Meu cérebro não precisa disso para identificar as pessoas que conheço.
O nosso cérebro tem competência para completar a imagem. A imagem é elaborada por
inteiro, pela minha mente utilizando uma pista inicial. Isto se chama reconhecimento ou
gnosia, em termos neurológicos.
Quero contar-lhes um caso muito interessante. Um cliente nosso teve uma trombose
cerebral, e ficou com o lado direito comprometido.
A mulher dele está rindo da estória que ele está nos contando. Ele que se machucou.
Não era ladrão coisa nenhuma. Era a mão dele que estava ali atrás.
O neurologista testa estes pacientes, com muita facilidade, e constata que o paciente não
reconhece mais que aquele lado é parte do seu corpo. Ele não faz reconhecimento da
própria paralisia, nem dos objetos situados naquele lado. Posso colocar uma caneta, na
sua mão comprometida. Se olhar, ele sabe e reconhece que é uma caneta. Com os olhos
fechados, não reconhecerá mais o que é aquilo.
Todos os elementos físicos aqui a nossa frente estão em movimento. A impressão nossa
é de que este livro aqui está parado, o que não é verdade, todos os átomos que formam
este livro estão em grande movimento, e movimento produz vibração. É essa vibração,
que atinge diretamente a mente do Espírito, por isso, ele não precisa dos dois olhos para
ver.
O nosso cérebro também tem condições de produzir esse tipo de percepção. Através do
transe magnético ou hipnótico podemos libertar a Alma de certos limites que o corpo
físico lhe impõe e termos suas faculdades exaltadas.
São várias as experiências que podem demonstrar que o hipnotizado pode perceber
sensações usando os recursos do seu perispírito. Podemos colocar uma letra, como a que
escrevi aqui neste livro, a letra A, por exemplo, e encostar nas costas dele sem que ele a
veja. Estando em transe hipnótico profundo, ele poderá identificar para nós a letra "A",
com precisão, porque, o corpo mental do indivíduo hipnotizado, registra este estímulo,
independente do corpo físico. Ele tem acesso aos estímulos sensoriais através do corpo
mental.
Feche os olhos!
Em seguida, acendo uma lanterninha perto da sua orelha e ele pisca. Isto comprova que,
sob hipnose, ele deslocou sua percepção visual para outra área, o que no corpo mental é
perfeitamente possível.
Tornou-se conhecida uma menina, na Rússia, que com os olhos fechados, toca numa
tela com vários quadriculados coloridos e consegue ir dizendo, um por um, as cores que
cada quadradinho está pintado.
Expansões da consciência
Com muita freqüência, na história da humanidade, tentamos determinar a sede da Alma
em algum lugar do nosso corpo. Atualmente a nossa tendência é localiza-la no cérebro.
A neurologia de hoje não aceita a existência da Alma, mesmo assim localiza no cérebro
todas as nossas aptidões e, inclusive nossas paixões.
Vou tentar mostrar que nossa mente, atua além do meu cérebro. Vamos usar alguns
exemplos:
Se tentar passar correndo aqui no meio das pessoas, meu corpo, às custas de uma
imagem corporal construída pela minha mente, vai me desviando permitindo acertar as
distâncias e a direção por onde tenho que caminhar. Nesta corrida, a mente, o corpo e o
espaço a sua volta estão conjugados com se fossem uma coisa só.
Quero dizer, com estes exemplos, que a mente é maior que o cérebro. Os neurologistas,
atualmente, já estão percebendo isto com uma certa facilidade. Refiro-me àqueles
neurologistas que têm uma visão espiritualista, não os que permanecem cristalizados na
perspectiva apenas materialista.
Vou dar agora um exemplo caseiro : vou brincar com os meus dois netos .
Um de vocês vai ficar escondido atrás desta mesa. Eles gostam da idéia porque a mesa é
toda fechada e esconde bem.
É claro que eles não vão aprovar. Sabem que atrás do vaso podem ser encontrados com
muita facilidade. Como que eles fazem isso? Eles se projetam, para o lado de fora do
vaso e sabem que na hora em que eu chegar eu os vejo imediatamente.
Uma criança de quatro anos, se vier brincar conosco, já sabe fazer isso. Vamos dizer
que o “eu” dela, escondido aqui atrás, sabe se deslocar para a minha posição na hora da
minha chegada.
É uma propriedade da própria mente ser maior do que o cérebro e maior do que o corpo.
Muitas das nossas atitudes são assumidas porque ocupamos o lugar do outro, uma outra
posição no espaço.
Como a mente se projeta, com facilidade, não há o que estranhar, quando aquele lenço
que eu disse estar impregnado pelos fluidos, passa a obedecer o meu comando.
O fenômeno de transporte
Quero mostrar um caso de transporte de objetos, realizado por uma médium que nós
tivemos ocasião de ver. Vários objetos são trazidos ali no meio de um amontoado de
algodão que são dispostos em cima de uma peneira.
Há uma participação fluídica de todo público que está presente. O nosso ambiente, em
todo fenômeno mediúnico é susceptível a esse contágio. Os meninos que estão aqui
ligando os aparelhos de rádio sabem disso. Estando um microfone perto do outro, ou
conforme você pega em um deles, o outro microfone que está perto produz um ruído
desagradável. Eles chamam isto de microfonia. Se isto existe ao nível da atividade
eletrostática desses microfones, imaginem, quando nós estivermos querendo sintonizar
mentes. Os médiuns e os Espíritos vêm se comunicar conosco e contam com nossas
próprias mentes. É natural que ocorra um ruído psíquico, e que às vezes, é
tremendamente desagradável para o médium. Quando assistimos a uma sessão
mediúnica, se não controlarmos o que estamos pensando, a microfonia psíquica que
estamos produzindo reflete no médium com muito desconforto.
É comum ouvirmos esta queixa dos médiuns. Perguntei a uma pintora mediúnica, com
quem conversei durante algumas horas, o que ela sentia diante do público. Enquanto ela
estava pintando, conseguia ver as pessoas que conversavam por ali, via sem muita
nitidez, sem olhar, sem saber direito quem é, mas, o ruído da conversa fica marcado na
sua mente. E, segundo ela, a perturbam muito.
Nós devemos respeitar o ambiente mediúnico, porque a sintonia ocorre, também com a
nossa participação.
Nós ouvimos perguntas ao Dr. Andreia referentes ao fenômeno mediúnico e sua relação
com as várias idades. São clássicas as descrições. A criança, num extremo, tem muita
vidência. Depois, o idoso, quando está se desprendendo, costuma ver os familiares que
vão assisti-lo no desencarne. Já na vida adulta, prevalece a manifestação da psicografia
ou dos médiuns falantes. Tanto o idoso como a criança sentem com mais freqüência a
presença de entidades espirituais com quem eles se comunicam.
Conclusão
O animismo
Há um outro capítulo que gostaria de abordar. Quero falar sobre o que se chama em
medicina de “diagnóstico diferencial”. Afinal de contas, tudo isso que expressei até
agora, está dentro do contexto de atividade mediúnica. Podemos então perguntar: e
aquilo que não for mediúnico?
Afinal de contas, nós somos, cada um de nós, uma entidade espiritual. Estamos
incorporados no corpo físico, que nos permite também produzir expressões no campo da
transcendência e da espiritualidade. As forças universais que estão por aí não são
patrimônio exclusivo dos desencarnados. Nós também, enquanto encarnados, podemos
assumir uma determinada autonomia espiritual. Posso me assentar aqui, nesta mesa de
trabalho e, me deslocar pelas dimensões espirituais e me servir de um médium para
transmitir uma mensagem.
Este relato foi passado por parentes de ex-alunos de Eurípedes Barsandulfo. Há uma
série de histórias lindíssimas, desse médium extraordinário de Sacramento.
O fenômeno mediúnico pode ocorrer, com o próprio espírito encarnado que vai
incorporar em um médium e produzir a sua informação ou a sua comunicação. Não
temos ainda conhecimento para entender a complexidade deste fenômeno.
Há uma outra fenomenologia que faz parte da nossa dinâmica física, que é o fenômeno
anímico. Minha alma vai produzir, atuar no mundo das ondas ou na mente das pessoas
ou dos objetos que nos cercam.
Estou expondo um ponto de vista, mas, proponho esta avaliação para vocês, para
sentirem as dificuldades desta triagem de seleção.
O mesmo ocorre quando algumas pessoas vêem questionar sobre suas percepções. Vão
até ao centro onde costumam ouvir : É mediunidade! Você precisa se desenvolver!
Kardec ensina que a mediunidade é uma disposição orgânica especial e que ela não se
desenvolve pelo exercício.
Cada um que se sentir envolvido por manifestações espirituais, pode fazer sua própria
experiência. Freqüente e acompanhe as reunião num grupo espírita, estude, "conheça -
te a ti mesmo ", observe se as idéias são suas, ou é possível a presença ou a participação
do mundo espiritual.
Histeria e mistificação
Na área médica é muito comum o erro de diagnóstico no início dos sintomas. No campo
da mediunidade onde a histeria, por exemplo, pode contaminar as manifestações
espirituais, percebe-se que certos médiuns tem manifestações nestes dois domínios da
mente.
Coloco aqui aquelas manifestações orgânicas que o médium apresenta no início dos
seus primeiros contatos ostensivos com a espiritualidade. Freqüentemente aparece
insônia, mal estar indefinido, sem causa aparente, dores atípicas, sonolência excessiva,
sonhos patológicos entre vários outros sintomas.
O ser humano é de uma complexidade inimaginável. Diziam os filósofos gregos que "o
homem é a medida das coisas". Por isso, temos que ter cautela e bom senso para saber
corrigir sem magoar aqueles que estão iniciando a tarefa mediúnica. Foi o caso dessa
senhora que trouxe-me dois ou três cadernos com texto muito rabiscado. Achava que era
mediúnico e me perguntava: - Doutor, o senhor pode ficar com este caderno porque,
quem sabe no futuro, ele poderá ser traduzido e, o que está escrito aí pode ser uma
grande revelação. Será que isso não seria sanscrito?
Como ela insistisse, maravilhada com o que via em seus cadernos, sugeri o seguinte:
“Me dê um recado a este Espírito, quando ele se manifestar. Peça para ele se alfabetizar.
Quem sabe assim, a gente o entende melhor”.
Meus amigos, está aí a contribuição dos estudos sobre mediunidade, que eu queria lhes
apresentar. Muita paz a todos!
Perguntas:
"Quando vou dormir, ouço barulhos na cozinha, alguém mexendo em pratos e quando
vou até lá, não há ninguém. Será imaginação?
Às vezes, vejo algumas coisas. Não sei se é imaginação ou se são espíritos. Como posso
distinguir?
Às vezes, à noite, quando vou dormir, vejo vultos. O que é isto? São espíritos?"
Dr. Nubor
Vou responder carinhosamente a estes “videntes”. Está escrito no Livro dos Médiuns
que é melhor que a gente não acredite noventa e nove vezes, para não errar.
Prefiro imaginar que nós todos temos possibilidade de nos enganar e ter aquela vontade
de ver espíritos, mas como homem de ciência, procurando uma verdade sempre muito
consistente, prefiro optar por dúvida. Se realmente acontecer de nós termos aptidão para
a vidência, os Espíritos que nos orientam, os nossos protetores, vão, no momento
adequado, nos amadurecer e permitir que a gente tenha esse acesso ao mundo espiritual.
Mas por esses dados que estão relatados nas perguntas, ainda prefiro ficar no imaginário
que a nossa mente permite.
Dra. Mirna:
Dr. Nubor:
Acredito que esta pergunta foi feita, porque a literatura leiga tem um lixo literário muito
grande sobre essas drogas. Inventam que seria possível termos acesso a outras
dimensões, utilizando chás ou pílulas com estas substâncias. Isso teve início a partir da
década de sessenta, com o LSD e a mescalina. Creio que todos aqui já leram alguma
coisa sobre estas duas drogas. O fenômeno mediúnico tem esse "quê" de sagrado, que
eu quis transmitir a vocês, pelo envolvimento com a espiritualidade. Peço desculpas até
por ter usado esta expressão. O que quero dizer é que a mediunidade tem uma
complexidade, tem uma seriedade, tem um mecanismo neurofisiológico, e tem a
participação destas entidades que com freqüência nos comove pelo seu envolvimento.
Por outro lado, o que acontece com as drogas, os chás, ou as medicações a que nos
referimos. é que elas alterarem a fisiologia do cérebro mudando principalmente a sua
química. No Livro dos Médiuns Allan Kardec sugeriu que , quando existe uma lesão
cerebral , portanto uma expressão orgânica de doença, o espírito desta pessoa, pode se
projetar para fora do corpo e registrar o conteúdo de imagens do seu próprio cérebro. É
uma das explicações que Allan Kardec dá para as alucinações.
Sabemos hoje, que há um risco seríssimo no uso de qualquer droga que afete o cérebro.
Curiosamente devemos lembrar que estas substâncias, do tipo LSD surgiram junto com
a invenção da bomba atômica. No momento que o homem aprendeu a fragmentar o
átomo e explodir a matéria, ele também descobriu as drogas que implodem a mente.
Provoca-se um desastre biológico, as vezes irreversível, com o uso deste tipo de droga,
principalmente, com a intenção de produzir fenômenos tidos como transcendentes.
Dra. Mirna:
Dr. Nubor
Vou tentar simplificar. Não sei se é isso que quer dizer a pergunta. Estão muito em
moda os exercícios de meditação. São tentativas de se produzir estados alterados da
consciência. Há, realmente, alguma coisa de muito valor neste propósito, que se presta
muito para as terapias de relaxamento, de expansão da consciência, de acesso a
experiências de vidas anteriores, entre outros benefícios. Mas o texto da pergunta para
mim ficou um pouco complicado. Não sei se é bem isso que questiona. No sentido de
nós fazermos um treinamento e produzirmos um fenômeno mediúnico mecânico, isto, a
meu ver não tem sentido. Caso se refira a uma busca interior para se alcançar estágios
mais profundo de conhecimento da mente, isto é sabido que os grandes mestres tem
total domínio. Não foi nem uma nem duas vezes que nos Evangelhos está escrito que
Jesus, em certos momentos da sua peregrinação, se retirou de perto da multidão para
meditar e orar s, seguramente entrar em contato com a Espiritualidade Maior que Lhe
acompanhava.
Dra. Mirna :
Dr. Nubor:
Dra. Mirna :
Dr. Nubor:
Estou meio embaralhando com esta pergunta , mas acredito que isto lembra muito bem
aquela história, que nós comentamos na aula de anteontem.
Falamos sobre as causas da loucura. No passado, ela era atribuida aos astros, ao ar
corrompido, a masturbação, a desvios alimentares, a condutas imorais de várias ordens.
Condutas imorais para aquela época, podia ser assim: Alguém, ao passar numa rua,
deixou de pedir a bênção para o padre que cruzou com ele. O indivíduo era condenado
para a fogueira, na inquisição, se produzisse um pecado mortal desse tipo.
No livro de um grande médico romano, Celsus, que viveu 150 a 200 anos depois de
Jesus Cristo, está escrito a sua sugestão para a cura da doença mental. Ele recomendava
para este doente a tortura, as correntes, o fogo entre outras maldades. Ele dizia que uma
das causas muito comuns de doença mental era o estudo da Filosofia.
Na minha época de garoto lá em Uberaba, ouvia-se dizer: - “Não fique estudando muito
estas coisas de espiritismo, que você fica doido”.
Não é raro a gente imaginar as crises dos psicóticos serem confundidas com
manifestação mediúnica. Afinal eles deliram, ouvem vozes e dizem enxergar espíritos.
Aliás, pode-se perguntar: E por que não é? Com muita freqüência na verdade eles são
realmente médiuns. Associar loucura com espiritismo é muito comum e compreensível.
Isso não me afeta mais.
Dra. Mrina :
"O fenômeno mediúnico, físico e intelectual utiliza o mesmo espaço cerebral ou existem
caminhos específicos para cada um deles?"
Dr.Nubor:
No fenômeno físico, como nós vimos é uma expressão que exige a somatória de forças
do fluído do perispírito do médium e de fluídos do perispírito do espírito comunicante.
A partir desta combinação fluídica, o comando do fenômeno se conduz pelas duas
mentes em parceria.
Por outro lado, o fenômeno intelectual, que analisei com vocês, e isto na minha opinião,
tem suas vias de produção nos automatismos cerebrais.
Na produção do fenômeno mediúnico, dessa médium pintora que eu me referi. vejo nos
seus gestos um automatismo motor, enquanto o fenômeno está se processando. Por
outro lado, na hora em que aquela tinta está caindo na tela, ela parece estar viva, ela
obedece ao pintor espiritual. Aqui parece um fenômeno de efeitos físicos. Por Deus, eu
não tenho expressão para dizer:
Parece um milagre!
O neurologista Dr. Nubor Facure é autor do livro 'O Cérebro e a Mente - uma conexão
espiritual' onde procura abordar o tema do ponto de vista espírita (e não apenas
espiritualista). O livro é formado por vários capítulos (que não são numerados)
conforme a sequência abaixo:
A Evolução do Cérebro
O Mapa do Desenvolvimento. Os Sistemas.
O Mapa do Desenvolvimento. As Funções.
Reconhecendo a Mente.
O Inconsciente Neurológico.
O Cérebro e a Mediunidade.
A Neurologia do Bem-Estar.
Revelações da Alma.
Psicognosia. O Reconhecimento da Alma.
O Homem Mediúnico. Uma perspectiva para o Ser Humano no
futuro.
Ciência e Espiritualidade.
Doença Espiritual.
Eventos Históricos na Pesquisa do Cérebro e da Mente.
Ainda não se tem uma interpretação adequada para explicar quais os mecanismos que
direcionam essas ligações. Não sabemos, por exemplo, como os neurônios do olho se
estendem pelas vias corretas até a parte de trás do cérebro, onde suas terminações têm
que se distribuir por camadas de alta complexidade e com a exigência de impecável de
que cada fibra deve ocupar com precisão o seu devido lugar. Acredita-se que a célula
alvo contenha as substâncias químicas que exercem o papel de atrair a 'fibra certa'
com a qual se deve ligar. Convém registrar que, enquanto temos milhões de gens, as
ligações entre os neurônios são de tal forma numerosas que, para desligá-las, uma a
uma, a cada segundo, seriam necessários 32 milhões de anos para completar a tarefa.
Portanto, temos muito pouco material genético para, por si só, direcionar todas essas
informações.
Outra parte interessante está na pagina 47. O autor considera que as estruturas
encefálicas necessárias para a inteligência do homem moderno já estavam prontas a 100
mil anos atrás. Ainda assim, ele considera:
Uma observação pode ser válida aqui: é possível que a história que conhecemos seja
apenas um esboço precário da verdadeira história pregressa dos últimos 100 mil anos. É
possível que nossa história verdadeira tenha começado muito tempo antes dos 6 mil
anos a. C. De qualquer forma, é interessante considerar que a arqueologia e
antropologias modernas especifiquem um 'surto' evolutivo para a cultura humana apenas
nos últimos 25 mil anos, enquanto que o cérebro moderno já estava disponível 100 mil
anos antes. Isso pode corroborar a noção de nossa cultura tenha sido auxiliada pela
vinda em massa de Espíritos mais evoluídos. Essa 'vinda' em nada teve de
extraordinária: ela se deu pelas vias normais do nascimento comum e nada teve a ver
com uma 'invasão' extraterrestre. Assim, nenhuma evidência física dela será encontrada,
apenas um surto de desenvolvimento, que é assinalado pelos estudos arqueológicos sem
nenhuma explicação aparente.
O Cérebro e a Mediunidade
E não apenas isso. O conhecimento da maneira como o cérebro opera a codificação dos
sinais visuais para fornecer ao Espírito a visão integral de um objeto (1) parece ser
essencial para compreender as diferenças que existem entre descrições de diversos
médiuns videntes. Mais recentemente, em seu blog, Facure discute uma possível
explicação para esse fenômeno (2). Ele fala, por exemplo, que um paciente epilético
pode descrever uma maçã sem cor. Isso acontece porque diferentes parcelas de
informação de uma imagem vão para áreas diferentes do cérebro. Portanto, como a
mediunidade está essencialmente ligada a estrutura física do cérebro, então diferentes
médiuns poderão descrever diferentes aspectos de uma cena exterior, uma vez que essa
faculdade dificilmente estará uniformemente desenvolvida entre eles (trata-se de uma
nova faculdade em desenvolvimento na espécie Homo Sapiens). A Psicometria
(capacidade de certos médiuns de conhecer a história pregressa de objetos físicos
simplesmente ao tocá-los) é uma extensão das funções do tato ordinário que são
processadas no lobo parietal. Dessa forma, prevê-se que as variedades (e intensidades)
mediúnicas seriam tão grandes quanto as variedades de funções cognitivas
disponibilizadas pelas diversas estruturas do cérebro. A nós parece que o Dr. Nubor
Facure é um pioneiro na extensão desses conceitos oriundos de modernas descobertas
da neurologia para indicar uma caminho a ser seguido na pesquisa da mediunidade no
futuro.
O leitor poderá encontrar ainda vários neologismos usados pelo autor no livro (tal como
a palavra psicognosia com significado específico dado por ele), além do conceito do
inconsciente neurológico. Na parte final do livro há um instrutivo quadro cronológico
sobre as descobertas da neurologia, onde não deixam de figurar as contribuições de
Kardec e de outros investigadores para a compreensão integral do ser humano. Não é
possível estabelecer uma ciência da Mente onde o Espírito seja dela derivado a partir de
observações da neurologia, assim sendo:
Estando presos à realidade física que nos limita, não poderemos explicar a fisiologia
dessas aptidões. Todas elas estão ligadas a uma capacidade da Alma que utiliza
também o cérebro, mas transcende a sua fisiologia. (pag. 97)
Pelo menos, isso ainda não ocorreu. Mas, certamente, o livro do Dr. Nubor Facure nos
ajuda a aprender um pouco mais sobre o assunto.
Dados da obra
Referências
1. Com relação à maneira como o cérebro interpreta inicialmente a informação visual,
uma descrição para os leigos pode ser encontrada no Capítulo 4 do livro 'Fantasmas no
Cérebro' de V. S. Ramachandran (Ed. Record, Rio de Janeiro, 2004). Segundo este
autor, existem cerca de 30 áreas no cérebro associadas ao processamento separado da
informação visual.
2. Ver 'Mediunidade a visão das cores' postado em 26/11/11 no blog do Dr. Nubor
Facure. Há outros posts sobre o assunto mediunidade também.
Fonte: https://eradoespirito.blogspot.com/2012/01/livro-iv-o-cerebro-e-mente-uma-
conexao.html
Na condenação de Galileu ele foi obrigado a refugiar-se em sua própria casa e renunciar
aos princípios científicos que divulgava. A Igreja da época estava dando o recado de
que não suportaria a perversão dos fundamentos aristotélicos que ela adotava. O sistema
do mundo criado por Deus correspondia ao que Aristóteles e Ptolomeu haviam
decifrado. Deus, como Ser supremo e onipotente, criou e pôs o mundo em movimento e,
desde então, tudo funciona com perfeição e harmonia, com ou sem a sua presença. Ele
estabeleceu a ordem para o Universo e nada pode mudá-la. As estrelas que estão fixadas
e imóveis nas abóbadas do firmamento são formadas de uma substância divina diferente
da que existe no mundo sublunar. A Terra ocupa o centro do Universo e o Sol, que vai
de um extremo ao outro do horizonte, serve de lâmpada que ilumina o céu. Tudo que é
perfeito e escapa ao entendimento humano é obra de Deus.
O círculo é tido como figura perfeita impondo aos planetas uma órbita circular nas suas
trajetórias em volta do Sol. Não há qualquer ligação entre a vida do homem e a dos
animais, eles fazem parte da criação para povoarem o mundo. O Homem conhecido na
época era o homem branco, criado no paraíso, de onde foi expulso por ceder à tentação
do sexo. Condenado a viver na Terra, terá de seguir os mandamentos da Lei de Deus,
que só a Igreja é competente para revelar, podendo ser salvo ou condenado a penas
eternas conforme sua submissão. Como doutrina que esclarece o início e o fim do
Homem, a Religião da época era um sistema acabado, pronto e que não admitiria
mudanças desnecessárias. Seu conteúdo era completo e suficiente para consolar e aliviar
nossas dores, ensinar a tolerância aos nossos sofrimentos, justificar a incoerência
aparente da Justiça divina e garantir a salvação para os fiéis submissos aos seus
sacerdotes. As desigualdades também ocorrem por obra e vontade de Deus e não nos
compete desafiá-Lo em seus desígnios.
O alicerce da Igreja viu-se abalado por novas descobertas que sucederam rápidas. Ticho
Brahe testemunhou por dois meses a passagem de uma estrela nova no firmamento que
a Igreja supunha fixo e invariável. Johanes Kepler comprovou matematicamente que as
órbitas dos planetas são elípticas e não círculos perfeito como se supunha. René
Descartes construiu um sistema filosófico que permitiria separar o corpo da alma, e
André Vessálius inaugurou o estudo da anatomia humana num corpo que lhe parecia
comportar-se como uma máquina, capaz de mover-se com músculos sem a ajuda do
espírito.
Mais tarde, Isaac Newton identificou a “força atrativa” que mantém os astros em suas
órbitas, que movimenta as águas dos oceanos no sobe e desce das marés e provoca a
queda os corpos.
Por outro lado, a construção do saber produzido pela ciência é uma conquista do esforço
individual ou de um grupo de pesquisadores. Seus textos, embora redigidos em
linguagem técnica, procuram ser o mais claro possível para compreensão dos
interessados. A verdade é procurada exaustivamente pela observação ou pela
experimentação. Textos escritos ou opiniões pronunciadas por personalidades
hierarquicamente destacadas, têm importância relativa e, para serem aceitas, precisarão
submeter-se a comprovação realizadas por experimentadores independentes.
A Ciência não deixou de ocupar-se, também, com dilemas que sempre estiveram sob o
domínio das religiões. Ela tem, a seu modo, uma proposta para a origem do Universo e
da vida na Terra. É apropriado para a Ciência pesquisar o mecanismo que desencadeia
os fenômenos, como eles acontecem, mais do que tentar explicar porque eles
acontecem. Ela se ocupa minuciosamente com a causa da dor e muito pouco com o
porquê do sofrimento humano. A opção da Ciência é esclarecer, mais do que consolar.
Já é aceito por todos que para fazer ciência é preciso adotar o método científico.
Classicamente a pesquisa precisa estar enquadrada na liturgia do método. Usa-se a
dedução ou a indução, a observação ou a experimentação. Os fenômenos estudados
fornecem os elementos que, aplicados a raciocínios matemáticos, fornecem o valor da
verdade descoberta.
Deus é criador de tudo o que existe e sua criação é incessante. Na situação evolutiva em
que se encontra a humanidade, ainda não temos condições de compreender a origem do
Universo e da vida na Terra. O que se tem como certo é que Deus sempre criou e
sempre continuará criando.
Deus atua através de Leis que a inteligência humana irá gradativamente descobrindo.
Estamos todos mergulhados no pensamento de Deus e nada que ocorre no Universo
escapa ao seu consentimento. Somos livres para agir e obrigados a arcar com as
conseqüências dos nossos atos. Cada um é responsável pelo seu próprio destino. As Leis
morais são pressentidas pela consciência de todos nós e à medida que a humanidade
avançar na sua evolução o Homem será cada vez mais conscientes da aplicação dessas
Leis.
Por envolver o mundo espiritual e os Espíritos que aí habitam, não temos controle da
comunicação espiritual, e os métodos da ciência humana, seu sistema de controle e
experimentação, não se aplicam à ciência do Espírito. Entretanto, alguns homens têm
em sua constituição uma disposição especial que lhes permite entrar em contato lúcido
com os espíritos desencarnados. Trata-se do fenômeno da mediunidade que se registra
em todos os povos e em todas as épocas da humanidade. A mediunidade é o grande
campo de experimentação em que a doutrina espírita se apóia para revelação e
comprovação dos seus postulados.
A expectativa futura é de que no decorrer dos séculos todos os homens possam estar
conscientes do seu intercâmbio com o mundo espiritual. Os fenômenos mediúnicos
explicam uma série de ocorrências freqüentemente tidas como sobrenaturais ou
produzidos por uma energia desconhecida. A transmissão do pensamento, a visão à
distância, as premonições, a xenoglossia, a psicometria, a psicografia e a psicofonia são
exemplos já bem estudados e esclarecidos pelo Espiritismo.
A doutrina espírita contém em seus fundamentos uma série de informações que nos
permitem identificar uma classe especial de fenômenos que sugerimos tratar-se de
fenômenos “psico-físicos de natureza espiritual”. Correspondem ao processo de
atuação da alma no corpo físico.
É por isso que causaram surpresa os relatos que nos chegaram da espiritualidade,
apontando expressivas atividades da glândula pineal, que ultrapassam o que até hoje
fomos capazes de constatar com nossos estudos macro ou microscópicos.
Precisamos deixar claro que o que enxergamos “do lado de cá”, é apenas a expressão
anátomo-funcional da glândula. Por não termos os instrumentos de acesso ao mundo
espiritual, não sabemos como é que se processa sua atividade na interação
cérebro/mente.
Não seria prudente imaginarmos que “por aqui” poderemos um dia conhecer toda
extensão desse fenômeno que chamamos de “psico-físico de natureza espiritual”.
Pressupondo, de antemão, que “do lado de lá” a dinâmica espiritual do fenômeno é
muito mais ampla e significativa do que nossa anatomia pode registrar.
Aprendemos com a doutrina espírita que existem três elementos fundamentais que
direcionam a fisiologia dos processos orgânicos que nos condicionam a vida: o
Espírito, o perispírito e os fluidos que intermedeiam a intercessão corpo/alma.
Parece-nos ser desnecessário anotar os detalhes já bem conhecidos dos três. Os livros
básicos da Doutrina são suficientes. Nosso propósito será o de apontar alguns
fenômenos que nos parecem ilustrativos para a apresentação da fisiologia metafísica que
estamos interessados em estudar.
A fixação do pensamento
A coesão da população celular
Os Centros de força
A corrente sangüínea e a energia vital
A glândula pineal e sua fisiologia espiritual
A ectoplasmia
A respiração restauradora
A fixação do pensamento
A doutrina espírita ensina que o molde que nos estrutura o corpo físico é
função do perispírito que nos ajusta ao mundo espiritual. Estão nesse
perispírito todos os traços que identificam nosso mundo mental.
Entretanto, a feição física que aparentamos e os estigmas de doenças nos
marcam não se reproduzem como uma cópia fotográfica fiel do nosso
perispírito. As pessoas de aparência simples mas de Espírito nobre
irradiam uma tessitura espiritual que se sobressai diante das imagens de
beleza que a mídia costuma dar destaque, especialmente para o corpo
feminino. A presença de deformidades físicas está ligada aos nossos
méritos e necessidades, adequadas aos débitos pretéritos que
acumulamos, mais do que a aparência do perispírito. Nem sempre os
aleijões acompanharão o Espírito após a desencarnação.
Os centros de força
André Luiz nos diz que o chacra cerebral, de localização frontal, nos
permite estar em união com as esferas mais altas que direcionam nossos
destinos na Terra. Através da oração, projetando a súplica piedosa ou o
agradecimento sincero, mantemos contato com os seres sublimes que nos
orientam e protegem.
André Luiz ensina que no chacra coronário estão situadas as forças que
mantém em equilíbrio a atividade dos trilhões de células que obedecem
nosso comando mental, mantendo a forma e as funções do nosso corpo
físico.
André Luiz nos traz conhecimentos novos nessa área também. Diz o
conhecido Espírito que junto com a circulação sanguínea circula o
“princípio vital” indispensável à sustentação da vida. Ensina Kardec
que é o princípio vital quem dá vida à matéria orgânica. Cada um de
nós o tem disponível enquanto encarnados, consumindo nossa cota com
o decorrer dos anos. Ele procede do “fluido cósmico universal” que nos
abastece conforme nossas atitudes nos compromissos da vida. A
meditação, a prece e o impulso que nos predispõe a amar ao próximo,
fornecem a substância e a renovação do princípio vital. Ele nos penetra
pela respiração, o que nos faz lembrar um dos mais belos versos da
Bíblia – E Deus fez o Homem do barro da Terra e soprou em suas
narinas o sopro da vida.
Entretanto, por mais que a anatomia cerebral possa nos revelar, não
reconhecemos nas vias que emergem da pineal qualquer indicação dessa
extraordinária participação da glândula em nossa vida mental. Como
explicar, em vista disso, o que nos esclarece André Luiz? Pressuponho
que será necessário conhecermos qual é o mecanismo de atuação do
Espírito sobre o cérebro. Daí, nosso propósito de reunirmos esse
conjunto de fenômenos que sugerimos sejam tratados de fenômenos
“espírito-somático”.
A Ectoplasmia
A Respiração restauradora
André Luiz nos aponta em seus textos que a respiração é porta de entrada
restauradora para a realimentação de nossas energias vitais.
Nubor Orlando Facure
> Doenças Espirituais
Entretanto, o Espiritismo não veio para competir com qualquer especialidade médica e
sua principal atuação não é a de produzir curas. Com muita freqüência, seus adeptos, o
utilizam com esses propósitos, sugerindo na sua busca, o consolo e a cura das doenças.
Seu papel, primordial, é o de iluminar e esclarecer, para que cada criatura promova por
si próprio, sua reeducação espiritual. Sem reforma íntima não vai ocorrer progresso nem
cura. Neste sentido, as doenças são compreendidas como lições com grande potencial de
transformação e trazem oportunidades de renovação e crescimento espiritual.
A maioria dos nossos pacientes aceita muito bem um diálogo com o médico sobre sua
espiritualidade. De maneira geral nosso povo, por crendice ou sabedoria mesmo,
reconhece que muitas doenças tem alguma coisa a ver com a espiritualidade, ou como
causa, ou como processo benéfico para sua cura. Podemos explorar o interrogatório
médico de tal modo que o paciente perceba que, falar sobre a espiritualidade não
implica em se comprometer com uma religião e que uma e outra podem ser
perfeitamente separadas.
Método de Avaliação.
A Fsiopatogenia
A possibilidade de existir uma doença espiritual só pode ser aceita com a crença em um
novo paradigma que a doutrina espírita introduz em seus fundamentos (2).
Quando o corpo perece, a Alma que o anima passa a viver no mundo espiritual onde
estão todos dos outros espíritos que nos precederam. Este mundo espiritual está em
estreita ligação com o mundo material que habitamos e os Espíritos que aí vivem
exercem constantemente uma forte interferência em nossas vidas.
Além do corpo físico, cada um de nós se serve de outro corpo de natureza intermediária
entre a nossa realidade física e o mundo espiritual. Este corpo espiritual ou perispírito é
consolidado pelo “fluido cósmico” disponível em cada um dos mundos habitados.
A mim parece que temos no meio espírita dois vícios de interpretação das manifestações
da espiritualidade. Quase sempre, aquele que busca no centro espírita uma orientação
diante seus problemas, vai ouvir que seu caso é de “obsessão” ou no mínimo de
“mediunidade” e que ele “precisa se desenvolver”.
É preciso reconhecer que, enquanto criaturas humanas que somos, percorrendo mais
uma encarnação no planeta, pertencemos a um vastíssimo grupo de espíritos que, sem
exceção, ainda está muito endividado e comprometido com seus resgates para
imaginarmos que algum de nós possa se aventurar a dizer que não tem qualquer
problema espiritual. No meio médico os alemães costumam dizer que “só tem saúde
aquele que ainda não foi examinado”. Do ponto de vista espiritual uma afirmação deste
tipo, longe de ser um exagero da exigência minuciosa dos germânicos, é uma verdade
que só aquele que não se deteve em examinar sua consciência pode contestar.
Classificação:
3 - Mediunismo
4 - Doenças cármicas
Desequilíbrio Vibratório
Devemos reconhecer que, de maneira geral, o ser humano ainda perde muito dos seus
dias comprometido com a crítica aos semelhantes, o ódio, a maledicência, as exigências
descabidas, a ociosidade, a cólera e o azedume entre tantas outras reclamações levianas
contra a vida e contra todos. O orai e vigiai ainda está distante da nossa rotina e a
tentação de enumerar os defeitos do próximo ainda é muito grande.
São estes os motivos que desajustam a sintonia entre o corpo físico e o perispírito. É
esta desarmonia que desencadeia as costumeiras sensações de mal estar, de “estafa”
desproporcional, a fadiga sistemática, a dispnéia suspirosa onde o ar parece sempre
faltar, os músculos que doem e parecem não agüentar o corpo (6). A enxaqueca que o
médico não consegue eliminar, a digestão que nunca se acomoda e tantas outras
manifestações tidas a conta de “doenças psicossomáticas”. São tantos a procurarem os
médicos, mas muito poucos a se dedicarem a uma reflexão sobre os prejuízos de suas
mesquinhas atitudes.
A Auto-obsessão
A matéria mental produz a “imagem” ilusória que nos escraviza. Por capricho nosso,
somos “obsidiados” pelos próprios desejos.
Vampirismo (8)
O mundo espiritual é povoado por uma população numerosíssima de espíritos que
segundo informes deve ser 4 a 5 vezes maior que os 6 bilhões de Almas encarnadas em
nosso planeta. Como a maior parte desta população de espíritos, deve estar habitando as
proximidades dos ambientes terrestres onde flui toda vida humana, não é de estranhar
que, estes espíritos, estejam compartilhando conosco todas as boas e más condutas do
nosso cotidiano (9).
Contamos com eles como guias e protetores que constantemente nos inspiram, mas, na
maioria das vezes, nós os atraímos pelos vícios e eles nos aprisionam pelo prazer.
Contam-se aos milhões os homens envolvidos com o álcool, o cigarro, as drogas ilícitas,
os soporíferos, os desregramentos alimentares e os abusos sexuais.
Obsessão
É assim que, pais e filhos, se reencontram como irmãos, como amigos, como parceiros
de uma sociedade comum na atividade humana. Marido e mulher que se desrespeitaram,
agora se reajustam como, pai e filha, chefe e subalterno ou como parentes distantes que
a vida dificulta a aproximação. Mães que desprezaram os filhos, hoje passam de
consultório a consultório numa peregrinação onde desfilam dificuldade para terem de
novo seus próprios filho. A vida de uma maneira ou de outra vai reeducando a todos. Os
obstáculos que à primeira vista parecem castigo ou punição trazem no seu emaranhado
de provas a possibilidade de recuperar os danos físicos ou morais que produzimos no
passado.
Com freqüência, ganhamos ou perdemos na grande luta da sobrevivência humana.
Nenhum de nós percorre esta jornada sem ter que tomar decisões, sem deixar de
expressar seu desejos e sem fazer suas escolhas. É aí que muitas e muitas vezes
contrariamos as decisões, os desejos e as escolhas daqueles que convivem próximo de
nós.
Em cada existência amontoamos pessoas que não nos compreenderam, amigos que nos
abandonaram por se contrariarem com opiniões diferentes da nossa, sócios que não
cumpriram seus compromissos conosco, parentes ou simples conhecidos que difamaram
gratuitamente nosso nome.
Nos rastros destas mazelas humanas, nós todos, sem exceção, estamos endividados e
altamente comprometidos com outras criaturas, também humanas e exigentes como nós
mesmos, que, agora, estão a nos cobrar outros comportamentos, a nos exigir a quitação
de dívidas que nos furtamos em outras épocas e a persistirem no seu domínio
procurando nos dificultar a subida mais rápida para os mais elevados estágios da
espiritualidade.
Embora a ciência médica de hoje ainda não a traga em seus registros nosológicos, a
obsessão espiritual, na qual uma criatura exerce seu domínio sobre a outra, este é de
longe o maior dos males da patologia humana.
Nas obras básicas do Espiritismo, Allan Kardec, esclareceu que a obsessão se estabelece
em três domínios de submissão crescente : a “obsessão simples”, a “fascinação” e a
“subjugação”. Os textos clássicos de Kardec e toda literatura espírita subsequente,
principalmente de André Luiz e seus abnegados interpretes como Marlene Rossi
Severino Nobre ( A obsessão e suas máscaras) são mais do que suficientes para nos
esclarecerem sobre este tema.
Mediunismo
Doenças Cármicas
É assim que, na patologia humana, ficam registrados os quadros de “lúpus” que nos
compromete as artérias, do “pênfigo” que nos queima a pele, das “malformações” que
deformam o coração ou o cérebro, da “esclerose múltipla” que nos imobiliza no leito ou
das demência que nos compromete a lucidez e nos afasta da sociedade.
O Espiritismo ensina que estas e todas outras dificuldades que enfrentamos, são
oportunidades de resgate, as quais, com freqüência, fomos nós mesmos quem as
escolhemos para acelerar nosso progresso e nos alavancar da retaguarda que as vezes
nos mantém distantes daqueles que nos esperam adiante de nós.
Mais do que a cura das doenças, a medicina tibetana, há milênios atrás, ensinava que,
médico e pacientes, devem buscar a oportunidade da iluminação. Os padecimentos pela
dor e as limitações que as doenças trazem, nos possibilitam o esclarecimento se nos
predispormos a buscá-lo. Mais importante do que aceitar o sofrimento numa resignação
passiva e pouco produtiva, faz-se necessário, superar qualquer limitação ou revolta, para
promovermos o crescimento espiritual, através desta descoberta interior e individual.
Percorrer as casas espíritas em busca de alívio pelo passe magnético, pela água fluida
magnetizada com os fluidos revitalizadores ou para desfrutar de alguns momentos de
saudável harmonia com a espiritualidade, apenas repetem as buscas superficiais que a
maioria das pessoas fazem em qualquer consultório medico ou recinto de cura de outras
instituições religiosas que prometem curas rápidas.
Trabalhar para conhecer e tratar a doença espiritual exige uma reforma interior que
demanda esforço, disciplina e dedicação.
Neste sentido o médico não está ali para controlar a doença de quem o procura, mas,
deve se comprometer em desempenhar o papel de orientador seguro, com atitudes
condizentes com as que propõe ao paciente.
“...Dome suas paixões animais; não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme, nem
orgulho; não se deixe dominar pelo egoísmo; purifique-se, nutrindo bons sentimentos;
pratique o bem; não ligue às coisas deste mundo importância que não merecem (12)”.
No nosso ambiente de trabalho temos adotado conduta simples que até agora tem nos
parecido de grande repercussão no tratamento:
Desde a sala de espera, criamos um ambiente onde o paciente já começa a perceber que
nosso trabalho está comprometido com a espiritualidade. Sem qualquer ostentação de
misticismo vulgar ou crenças supersticiosas, na sala de espera, o paciente lê um convite
para participar da nossa reunião de “diálogo com o evangelho” feita no período da
manhã. Entre outras mensagens, as quais ele pode retirar e levar para uma leitura mais
demorada, fizemos constar a presença de um “livro de preces” onde pode ser colocado
nomes e endereços para serem encaminhadas as “vibrações” nos dias da leituras do
evangelho, que são sempre precedidas e encerradas com meditação e prece.
01- Ver: Willian Miller: Integrating Spirituality into Treatment : Resource for
Practioners
02- Ver: “Paradigmas Espíritas na Prática Médica” no meu livro “Muito Além dos
Neurônios”.
03- Livro dos Espíritos. Alan Kardec.
04- A classificação que aqui adotamos é arbitrária. Nós a temos divulgado em várias
ocasiões, sempre que falamos sobre “Doenças Espirituais”. O livro Missionários da Luz
de André Luiz/Chico Xavier nos serviu de inspiração para a descrição dos quadros aqui
apresentados.
05- Mecanismos da Mediunidade. André Luiz/Chico Xavier.
06- Livro dos Espíritos. Ver pergunta 471.
07- Mecanismos da Mediunidade. André Luiz/Chico Xavier
08- Este termo é sugerido por André Luiz. Ver : Missionários da Luz.
09- Livro dos Espíritos. Ver perguntas 456, 457 e 459.
10- Livro dos Médiuns. Ver: Capítulo XVIII. “Dos inconvenientes e perigos da
mediunidade”.
11- Livro dos Espíritos. Ver: “Influência Oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e
atos”. Perguntas 459 a 472.
12- Livro dos Espíritos. Pergunta 257. Ver : Texto de Alan Kardec sobre: “Ensaio
Teórico das Sensações nos Espíritos”. Págs. 165 a 170.
Nubor Orlando Facure
> Mediunidade e a visão das cores
Estão diante de mim 3 objetos. Uma maçã vermelha, uma caneta preta e um beija flor
azul. Como posso ver a cor de cada um deles?
Primeiro a luz que eles refletem atingem minha retina onde estimulam pequenos
terminais nervosos que conhecemos como cones. Ali ocorrem reações químicas que
produzem uma corrente elétrica que atinge os nervos ópticos. Essa corrente entra pelo
cérebro a dentro em busca das área occipitais onde existem regiões específicas para
registrar os estímulos que vieram de cada um dos meus objetos.
Eles são apresentados juntos na minha frente, mas, no cérebro não estarão enfiados
numa mesma gaveta. A palavra chave no cérebro é distribuição. Cada objeto irá para um
lugar. E, descobertas surpreendentes, mostraram que, as propriedades de cada objeto
serão fragmentadas e arquivadas em locais específicos.
Assim, como cada objeto tem formas diferentes, cores próprias, dimensões particulares,
movimentos e finalidades, possibilidades de já serem conhecidos, cada uma dessas
característica irá marcar grupos de neurônios diferentes.
Mais surpreendente ainda é que a imagem da minha maçã vermelha está arquivada
também na forma branco e preto num determinado local diferente de onde ela me
aparece colorida.
Para a caneta, tenho até uma área para registrar o dia em que ganhei de presente do meu
neto e, o beija flor, além das suas propriedades físicas, que também serão fragmentadas
e repartidas pelo cérebro, tenho imagens dos seus voos no meu quintal.
A vidência e a clarividência
Esses são dois modelos ótimos para compreendemos o que se passa no cérebro dos
médiuns quando relatam sua visões da espiritualidade.
Esse fenômeno mediúnico não é o mesmo fenômeno visual que relatamos para as vias
nervosas e para o cérebro físico que todos nós nos servimos nesse mundo por onde
circulamos.
Só ha uma maneira: distribuindo as características dos objetos para que o cérebro possa
compreender o que foi visto do outro lado da vida.
Está do outro lado, na dimensão espiritual uma maçã, uma caneta e um beija flor – os
mesmos objetos que nos serviu de exemplo no campo físico.
Fonte: http://nuborfacure.blogspot.com/2011/11/normal-0-false-false-false-pt-br-ja-
x_26.html
Nubor Orlando Facure
> A mediunidade é um comportamento hereditário?
A criança de hoje repete, em parte, esse processo filogenético – essa trajetória evolutiva
está presente nos seus primeiros passos, no balbucio, nas primeiras palavras, no
manuseio dos brinquedos, no apego familiar e na sociabilização do grupo escolar.
A mediunidade foi uma conquista da evolução humana?
Estamos autorizados a identificarmos uma evolução e uma transmissão hereditária na
mediunidade?
Sendo uma propriedade orgânica que se processa no cérebro do médium, essa
possibilidade merece estudo – caso contrário ela seria um “talento metafísico”, um dom
divino obtido por graça, mérito, privilégio, punição, compromisso ou necessidade.
Hipócrates:
Darwin:
A evolução ocorre quando aparece em determinado organismo uma característica que
lhe favoreça uma melhor adaptação ao meio ambiente aumentando sua chance de
sobreviver – é o processo de seleção natural, pelo qual sobrevive e procria o mais apto.
Nessa teoria a grande dificuldade é justificar o nascimento de organismos com tais
modificações e portadores de características vantajosas – uma determinada variação,
que ocorreria por acaso, só permanecerá ao longo da reprodução se essa característica
for mais adaptativa e vantajosa para a sobrevivência. Há disso uma infinidade de
exemplos: podemos ater-nos aos diferentes formatos do bico das aves, as penas nas
aves, a posição de oponência do polegar, a visão binocular.
Mendel:
Estudando o cruzamento das ervilhas, Mendel percebeu que, certas características,
como a cor das sementes, tinham uma frequência de descendentes maior e outras menor.
Denominou umas de características dominantes e outras de recessivas, quando só em
determinados pareamentos elas aparecem. Podemos ver esse fenômeno facilmente nos
cruzamentos humanos quando se observa a cor da pele ou dos olhos, a altura da prole ou
a tendência à obesidade.
Mendel ignorava que fatores biológicos estavam sendo transferidos de um organismo
para outro marcando suas características. Nem ele nem Darwin sabiam da existência de
cromossomas e genes, que vieram explicar minuciosamente o mecanismo de
transmissão da hereditariedade.
Mendel na Dinamarca, Darwin na Inglaterra e Kardec na França – contemporâneos que
não conheciam o trabalho uns dos outros, mas sob a orientação da espiritualidade maior
–, introduziam na Humanidade as primeiras noções da nossa responsabilidade evolutiva
e dos nossos compromissos com a hereditariedade.
Hoje, o mapeamento genético permite que se identifique o gene ligado a determinadas
características físicas, psicológicas e patológicas do organismo humano; muitas dessas
situações são poligênicas, como é o caso da inteligência, que se atribui a pelo menos 52
genes.
Piaget:
O biólogo e psicólogo francês Jean Piaget fez um estudo longitudinal de seus 2 filhos
analisando o desenvolvimento da inteligência. Ele percebeu que há etapas a percorrer na
aquisição de competências específicas no desenvolvimento da inteligência. Sua teoria é
aceita hoje com certas restrições, mas fica patente sua universalidade – ou seja, há no
cérebro da criança uma programação biológica que lhe permite desenvolver uma
competência que denominamos de inteligência.
O paradigma espírita
Existem várias correntes religiosas que falam da vida após a morte. Uma delas ensina
que a Alma gozará de paz e felicidade se sua vida foi sem pecados ou, viverá tormentos
eternos se desobedeceu às Leis de Deus. Uma outra diz que após a morte as Almas
dormirão um sono sem despertar, aguardando a ressurreição de Jesus. Em nenhum dos
dois casos as Almas, após a morte, voltam para novo contato com os parentes ou amigos
que deixaram na Terra.
O Espiritismo entende que, após a morte, os Espíritos situam-se em outro plano da vida,
em tarefas que os atraem tanto pelo interesse como pela necessidade, e milhões deles
permanecem ao nosso lado, mantendo sintonia com nossos pensamentos, interferindo
em nossas vidas, sugerindo-nos tanto boas como más condutas em nossas decisões. Na
maioria das vezes nosso contato com eles é sutil e insuspeitável, mas, através dos
médiuns, é ostensivo, vibrante e comovente.
O Cérebro e a Mediunidade
Fonte: http://www.oconsolador.com.br/ano11/523/especial.html
- O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Neurofisiologia da mediunidade
Com base nesses achados, têm surgido novas interpretações para os quadros mentais das
demências, das psicoses e até dos distúrbios do comportamento.
Esse elemento intermediário que imprime ao corpo físico as diretrizes definidas pelo
espírito, constitui nosso corpo espiritual ou perispírito.
Após a morte, o espírito permanece com seu corpo espiritual, o qual permite sua
integração no ambiente espiritual onde vive. É por esse corpo semi-material, de que
dispõe também os espíritos desencarnados, que se tornam possíveis as chamadas
comunicações mediúnicas.
O CÓRTEX CEREBRAL
Por outro lado, nenhuma mensagem poderá ser totalmente inconsciente, visto que em
todas há participação do córtex do médium e, se por acaso este não se recordar dos
eventos que se sucederam durante a comunicação, o esquecimento deve ser atribuído à
ocorrência de uma simples amnésia.
GÂNGLIOS DA BASE
Os gânglios da base controlam o tônus muscular, a postura corporal e uma série enorme
de movimentos gestuais que complementam nossa movimentação voluntária.
Depois de uma certa idade, é possível de se ver facilmente que, qualquer movimento
voluntário que realizamos conscientemente, é enriquecido com uma constelação de
gestos automáticos e involuntários que dão um colorido característico, individual e
identificador do nosso modo de ser.
Esses nossos pequenos gestos estão, freqüentemente, muito bem fixados na imagem que
nossos amigos fazem de nós. Por isto dissemos acima que eles servem também para nos
identificar.
Convém ficar claro essa noção de que nossos movimentos podem ser voluntários e
involuntários. No primeiro caso, quando são conscientes e intencionais, como, por
exemplo, quando estendemos a mão para pegar um lápis. No segundo caso, quando o
movimento é semi-consciente, automático, muito menos cansativo que o primeiro. Os
movimentos automáticos podem ser mais simples como mastigar e deglutir ou mais
complexos como, por exemplo, para dirigir automóvel, nadar ou tocar um instrumento
musical.
PSICOGRAFIA
COMUNICAÇÃO ORAL
O TÁLAMO
Por outro lado, mesmo para estímulos de pouca importância, o tálamo pode fornecer
para a consciência as informações desejadas, quando elas forem requeridas para o
córtex. É o caso de, a qualquer momento, mesmo de olhos fechados, querermos saber se
estamos ou não usando uma aliança no dedo ou uma meia-calça nos pés.
É possível que muitas das sensações somáticas referidas pelos médiuns, que dizem
perceber a aproximação de entidades espirituais, como se estes lhes estivessem tocando
o corpo, seja efeito de estímulos talâmicos.
Nesse caso, pela ação do córtex do médium os estímulos espirituais podem ser
facilitados ou inibidos pela aceitação ou pela desatenção do médium, bem como por
efeito de estados emocionais não disciplinados pelo médium.
A GLÂNDULA PINEAL
A estrutura e as funções da glândula pineal passaram a ser estudadas com maior ênfase
após a descoberta da melatonina por Lerner, em 1958.
Embora a pineal já fosse conhecida desde 300 anos d.C. (foi descoberta por
Herophilus), só após a descoberta da melatonina se conheceu sua relação com a
luminosidade e a escuridão.
Investigações recentes demonstram uma relação direta da melatonina com uma série de
doenças neurológicas que provocam epilepsia, insônia, depressão e distúrbios de
movimento.
A literatura espiritual há muito vem dando destaque para o papel da pineal como núcleo
gerador de irradiação luminosa servindo como porta de entrada para a recepção
mediúnica.
Como a pineal é sensível à luz, não será de estranhar que possa ser mais sensível ainda à
vibração eletromagnética Sabemos que a irradiação espiritual é essencialmente
semelhante à onda eletromagnética que conhecemos, compreendendo- se, assim, sua
ação direta sobre a pineal.
Podemos supor que este primeiro contato da entidade espiritual com a pineal do
médium possibilitaria a liberação de melatonina predispondo o restante do cérebro ao
"domínio" do espírito comunicante. Essa participação química ao fenômeno mediúnico
poderia nos explicar as flutuações da intensidade e da freqüência com que se observa a
mediunidade.
Até o presente, a espécie humana recebe a mediunidade como uma carga pesada de
provas e sacrifícios. Raras vezes como oportunidade bem aproveitada para prestação de
serviço e engrandecimento espiritual
Observar e perceber o mundo que nos cerca tem nuanças de complexidade infinita.
O mesmo mundo e que vivemos seria outro se aqui só vivessem sonhadores, místicos,
poetas ou santos.
Cada objeto que vemos desperta em nós lembranças e vivências que são associadas
compondo nosso julgamento sobre este objeto.
Por isto, cada um de nós “sonha” o mundo conforme suas experiências psíquicas.
Podemos dizer que no dia a dia, ao observarmos a realidade que nos cerca, estamos
compondo em torno de nós um cenário mental com formas e figuras que nos
acompanham.
Considerando todas as mentes humanas capazes de pensar e criar, podemos deduzir que
estamos mergulhados num mundo psíquico de proporções gigantescas e, seguramente
interferindo uns sobre os outros, induzindo-nos a comportamentos coletivos
massificantes.
Quando toda uma população vê uma notícia pela televisão ou lê a mesma notícia nos
jornais, estas pessoas estão criando representações mentais com referência a estas
notícias reconstruindo e revivendo os cenários e as personagens envolvidas ou citadas
nos noticiários. É como se o mesmo acontecimento se reproduzisse em cada mente que
se liga ao episódio noticiado.
Nossa grande questão é saber se este “cenário” mental com formas e personagens assim
criados, tem alguma “realidade” física semelhante à que estamos inseridos no mundo
material.
A única coisa palpável que restou deste mundo físico de aparência estável é uma
“espuma quântica” onde a matéria e a energia se relacionam.
Pelo menos em termos teóricos podemos pressupor outros “estados” de matéria como,
por exemplo, a “matéria radiante” sensível aos influxos da mente. A força mental que se
expressa em pensamentos cria “onda” e “partículas” que também se coagulam
concretizando as formas dos objetos e das pessoas em quem pensamos.
Estamos todos mergulhados num mundo psíquico mais “concreto” do que possamos
supor e, neste ambiente, a seleção das idéias facilitará um clima mental mais saudável
ou mais poluído.
Uma simples notícia de jornal, uma conversa que nos emociona, um filme a que
assistimos ou um episódio que relatamos criam junto de nós um ambiente psíquico que
chamamos de psicosfera. Somos “caixeiro ambulantes” de idéias que podem facilmente
nos identificar aos videntes deste mundo psíquico.
Cada um de nós terá uma responsabilidade individual para construir seu próprio mundo
mental selecionando o que fala, o que vê, o que ouve, o que lê porque tudo isto implica
em incorporar para sempre matéria mental em nosso psiquismo.
O pensamento tem início de forma embrionária em seres vivos que foram aprendendo a
se concentrar com determinado teor de persistência rumo a um certo objetivo, como o
de se apropriarem de um alimento. Nessa longa caminhada, o pensamento passou a ser o
instrumento sutil da vontade do Espírito, que exterioriza a matéria mental para atuar nas
formações da matéria física, obtendo por esse caminho as satisfações que deseja.
Considerando o terreno das manifestações da física dos átomos, sabemos que o calor, a
luz e os raios gama, são expressões vibratórias de uma mesma energia.
A excitação, por exemplo, dos átomos de uma barra de ferro por uma fonte de energia
permite produzirmos calor de uma extremidade à outra da barra de ferro. A excitação
dos elétrons de um filamento metálico permitirá a transmissão da luz, e a agitação dos
núcleos atômicos de determinados materiais produzirá emissão de raios gama.
Por fim, já vimos que a excitação dos núcleos atômicos gera os raios gama e, no campo
da mente, a correspondente vibração dos núcleos dos átomos mentais gera ondas ultra-
curtas emitidas com imenso poder de penetração de suas energias. Essas vibrações
resultam de expressões de sentimentos profundos, de cores cruciantes ou de atitudes de
concentração muito intensas.
A Indução Mental
Por outro lado, ao sentirmos uma idéia, absorvemos e passamos a refletir todas as
correntes mentais que se assemelham a essa idéia, comungando os mesmos propósitos.
Portanto, nossas idéias e convicções nos ligam compulsóriamente a todas as mentes que
pensam como nós e , quanto maior nossa insistência em sustentar uma idéia ou uma
opinião, mais nos fixamos às correntes mentais das pessoas que se sentem como nós e
que esposam as mesmas opiniões.
Imagens Mentais
Pensar ou conversar constantemente significa projetar nos outros e atrair para nós as
mesmas imagens que criamos, suportando em nós mesmos as conseqüências dessa
influência recíproca.
Construindo com o conteúdo dos nossos pensamentos o campo mental que nos cerca,
vivemos psiquicamente dentro dele, obedecendo a leis fundamentais relacionadas com a
estruturação desse campo.
Por princípio, temos que entender que o campo mental é resultado de emissão de idéias
que nós criamos, com nossa participação exclusiva e, portanto, com nossa total
responsabilidade. Esta é a primeira lei do Campo Mental.
A segunda lei é a da assimilação, que estabelece que nós estamos ligados unicamente às
mentes com quem nós nos afeiçoamos.
Portanto, além da sintonia, é necessário haver aceitação das idéias para que assimilemos
as interferências boas ou más que recebemos.
A lei da assimilação significa também que uma idéia que nos incomoda, que nos
martiriza ou nos revolta, só persiste em nós pela aceitação que fazemos de seu conteúdo
e pelas ligações que mantemos com o seu emissor.
A terceira lei do campo mental está relacionada com o estudo e o aprendizado que
desenvolve em nós o discernimento e o raciocínio. Ela estabelece que cada de um de
nós só assimilará idéias, sugestões ou informações inéditas ou inovadoras, se já
desenvolvemos a compreensão necessária ao avanço desses pontos de vista.
Baseado na obra de André Luiz, "Mecanismos da Mediunidade" psicografada por F. C.
Xavier e Valdo Vieira
Nubor Orlando Facure
> O que é Vida?
O médico afirma que "o Supremo Tribunal sempre esteve à margem da sociedade
brasileira, atuando acobertado pelo manto de uma magistratura tida como sábia,
competente e presunçsamente suficiente". Diante da evidência da mídia, segundo ele,
"percebemos em seus pareceres que seus juízes utilizam de um texto rebuscado,
hermético, com palavras bem escolhidas no que há de melhor no vernáculo, mas
quando se expõem na emissão de conceitos sobre a vida e de juízo de valores sobre a
pessoa humana deixam muito a desejar".
O que é vida?
Um dos grandes gênios da física quântica, Erwin Schrodinger, em 1943, nos deu uma
definição de ordem física sobre a vida baseada em dois princípios que são fundamentais
para se caracterizar um organismo como ser vivo: esse organismo precisa se reproduzir,
transmitindo seus atributos aos descendentes e o desgaste do seu trabalho metabólico
não pode produzir desarranjo entrópico. Seu gasto energético tem de ser reposto para
manter o equilíbrio.
A ciência irá aos poucos reunindo provas da necessidade de um elemento imaterial que
como uma fôrma sustenta a forma do corpo físico. Paulo de Tarso falava de "corpo
espiritual" e Claude Bernard em "ideia diretriz" sustentando a arquitetura material de
todos os organismos. Esse "corpo mental" tem sido objeto de experimentação
neurocirúrgica nos últimos anos e ele coincide, em parte, com os inúmeros relatos sobre
"experiências fora do corpo" que a literatura leiga e especializada nos fornece aos
milhares.
Mas isso ainda é pouco para responder por completo a extensão da nossa identidade
como pessoa. No comando de toda maquinaria orgânica, especialmente cerebral, está
atuando uma "entidade espiritual" que representa nossa mais nobre constituição. Somos
Espíritos imortais percorrendo a fieira de vidas que se sucedem aos milhares,
aperfeiçoando o corpo e burilando o espírito em direção à angelitude.
Espírito e matéria
Não existe a matéria isoladamente. Toda ela está sempre sustentada por um elemento
imaterial que lhe concede a forma. E é esse "princípio imaterial", que no decorrer de
bilhões de anos, da origem ao "princípio inteligente" de onde, outros bilhões de anos
adiante, iniciam nossos espíritos a sua jornada evolutiva.
O cérebro e a pessoa
Em primeiro lugar, todos sabemos que existe uma conectividade permanente entre o
corpo e o cérebro, tanto através de informações conscientes como inconscientes. Num
ambiente que sofre uma mudança de temperatura o nosso corpo informa ao cérebro a
sensação sobre o calor que está ocorrendo no ambiente. De repente, a gente tira um
agasalho e levanta para abrir uma janela ou ligar o ar condicionado. Ao nível
inconsciente, sem participação do cérebro, nossas glândulas sudoríparas liberaram
grande quantidade de suor.
O corpo mental
Nós temos um corpo de origem mental que tem pouco a ver com a atividade do cérebro.
É fácil de ser percebido diante do espelho. A garota adolescente, ao se ver no espelho,
não se identifica com a imagem que está sendo refletida, ela vê um corpo imaginário,
quase sempre em desacordo com o que vê. Suas medidas são perfeitas, mesmo assim, a
maioria das garotas na adolescência se sentem gordas diante do espelho.
Malformações fetais
As deformações congênitas do feto não excluem a existência de uma mente, já que ela
pode expressar suas emoções pelo corpo físico, mesmo sem um mínimo de
racionalidade nos moldes que a reconhecemos.
Nubor Orlando Facure
> O que a neurologia tem para ensinar aos médiuns?
Interessante texto do Dr. Nubor Facure, explorando algumas possíveis conexões entre a
neurologia, o sentido da visão e uma aplicação avançada para a vidência mediúnica
A visão
O nosso olhar é uma das propriedades mais ativas do cérebro. Nós mobilizamos dois
terços (ou quase 70%) do córtex cerebral quando estamos olhando para uma criança
correndo. Existem 30 áreas cerebrais que estarão atuantes nessa visão trabalhando seus
detalhes. Precisamos saber quem é, sua localização, com que velocidade se locomove,
para onde se dirige, que roupa usa, suas cores, o risco que corre, o parentesco que tem
conosco, se vem até nós para dizer alguma coisa e se precisamos abrir os braços para
abraçá-la ou acudir em um perigo de queda.
Nosso registro visual não é do tipo fotográfico, ele é interpretativo, constrói uma
paisagem com aquilo que vê. O que vemos cria uma “representação” do que
“pensamos” estar vendo. Disso decorre que, mais de noventa por cento dessa atividade
se processa na mente, e é isso que permite que cada um veja conforme lhe pareça e não
como a coisa é.
Por que vemos?
Só há visão humana com a luz. Tudo começa com uma onda de energia vibratória que
atinge nossa retina refletindo nela a imagem dos objetos. Aqui a luz atua sobre cones e
bastonetes produzindo milhares de combinações em branco e preto ou coloridas, numa
mistura de três cores fundamentais: vermelho, verde e azul – a cor é quase um milagre,
e é bom saber que ela existe em nós e não nos objetos.
A mansidão do luar
A quietude dos vales
A algazarra dos pássaros
A correria das fontes
O brilho das estrelas
O sorriso farto das crianças
O vermelho forte dos morangos
O vermelho brilhante do por do sol
O vermelho suave das rosas
A visão e a linguagem
Nossa mente cria representações simbólicas para aquilo que estamos vendo. Damos-lhes
qualidades para compreender sua existência. As propriedades dos objetos e cenários
acima descritos não são qualidades primárias, são “imaginações” que criamos para
relatar, interpretar e explicar como essas coisas são para nós. Aprendemos a usar as
nossas representações com seus significados para que possam fazer parte da nossa
linguagem corriqueira, dispensando a presença do objeto visualizado. Nossa infância é
povoada de imaginações que aprendemos a ouvir e criar para representar o mundo e
aliviar nossas angústias e medos. Criamos os anjinhos com asas, o homem que é metade
homem e metade cavalo, a fadinha que produz estrelinhas, os monstros, os gigantes e os
anõezinhos, as bruxas e os heróis.
Entretanto, a maior invenção que criamos para representar nossas imagens foi a escrita.
Só o ser humano é capaz de representar um objeto por um conjunto de letras, uma
palavra, uma frase ou um poema. Conta-se que uma águia é capaz de ver uma letra a 15
metros de distância, mas, seguramente ela não sabe ler, dar significado a essa letra e
compreender o que ela diz.
Situada no lobo parietal, esse giro desempenha funções interessantíssimas – ele nos
permite dispor de um GPS no cérebro – nos localiza no espaço e permite que sejamos
informados “onde” está determinado objeto. Imagine pegar uma xícara no meio de
várias louças e copos, os desajeitados sempre aprontam pequenos desastres caseiros.
O lobo temporal
Aqui há regiões que nos permitem ter noção “do que é” e dos movimentos das pessoas e
dos objetos identificados. Para sabermos a importância dessa função, basta circular pelo
corredor de um shopping center, onde várias pessoas vêm apressadas em nossa direção,
obrigando-nos a desviar de um ou de outro – aqui também os desastrados se dão mal,
trombam frequentemente.
O giro fusiforme
Concluímos, então, que logo após termos as imagens registradas no lobo occipital, elas
esparramam suas conexões para áreas vizinhas a fim de tomarmos conhecimento da cor,
da forma, do movimento e da localização precisa do objeto visualizado – para cada uma
dessas funções há um grupo particular de neurônios executando essa tarefa. Diz a
neurologia que nós temos sim, um neurônio para nossa avó e outro para a Angelina Joli.
Ensina a neurologia que a imagem que nos chega aos olhos não é interpretada como um
reflexo que se projeta em um espelho. Cérebro e mente vão construir o que “pensam”
estar vendo. Portanto, para tudo que vemos, o cérebro e a mente montam uma
representação daquilo que imaginam ser o que está sendo visto. Vale a pena repetir com
os cientistas que nossa realidade é pura imaginação. Mais importante, ainda, é saber que
cada um de nós imagina o mundo a seu modo.
As extravagâncias da patologia
Afetada a área que identifica o movimento dos objetos ou das pessoas, o indivíduo
relata curiosidades inacreditáveis – um deles diz que não pode por seu leite no copo. Ao
virar a garrafa, ele não percebe a descida do líquido que acaba entornando – não há
como perceber que o leite desceu da garrafa enchendo o copo.
Outra conta que não há como andar no shopping, ela nunca sabe se as pessoas estão
vindo em sua direção, e é terrível tentar atravessar a rua quando os carros estão
passando.
Um terceiro nota que, aqueles pássaros que voam ali por perto, na verdade parecem
parados, mas, eles aparecem ora num lugar ora noutro, deixando-o confuso.
As cores mudam de tonalidade ou desaparecem em pacientes com epilepsia - eles
podem relatar “crises” visuais nas quais percebem em seu campo de visão o desenrolar
de uma cena como se fosse um filme. Podem de início ser suas imagens em branco e
preto, vindo depois o colorido adequado preencher o cenário.
A vidência é um tipo raro de mediunidade. Crianças costumam ver muito, assim como
os idosos, nas fases finais da vida. Os bons médiuns videntes fazem relatos muito
interessantes que podemos compreender melhor conhecendo o que nos diz o cérebro
conforme estamos estudando. Precisa ser dito que o médium não vê o Espirito, é o
Espírito que se faz ver – usando a coparticipação de uma fisiologia especial que dispõe
o médium vidente.
Allan Kardec ensina que nossa alma quando emancipada parcialmente do corpo, poderá
“enxergar” quadros ou cenários arquivados em seu próprio cérebro físico. Isso significa
que nossos neurônios armazenam sinais que nos permitem recompor memórias de
coisas vistas ou vividas – penso eu que essa é uma vulnerabilidade muito apropriada
para atuação dos obsessores.
1 de janeiro de 2020
Fonte: https://eradoespirito.blogspot.com/2020/01/o-que-o-cerebro-tem-para-ensinar-
aos.html