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LIBANIO, João Batista. Introdução à Vida Intelectual. São Paulo: Loyola, 2001.

APRENDER A PENSAR

 Plantas e animais e, talvez, mais esses que aquelas sentem porém, a rigor, não sabem
que sentem.
 O pensar é uma realidade absolutamente nova em relação às coisas que existem no
mundo. E dos primórdios à chamada pós-modernidade, o pensar é propriamente
humano.
1.Do pensar espontâneo ao pensar reflexo.
Todo ser humano pensa, embora nem sempre o faça de maneira reflexa. Mas quando
o pensar espontâneo fixa-se apenas no objeto ou na coisa pensar, encerra-se aí o que
seja o processo de conhecimento;
 o pensamento está sempre aguçado/estimulado por pluriformes e ininterruptas
informações pelas diversas redes midiáticas e aplicativos telemóveis.
 Aprender a pensar  processo de transição do pensamento imediato/espontâneo ao
pensamento mediato/reflexo.
2.O provocador da Reflexão
 O detonador do processo reflexivo é a disposição para perguntar/inquirir o próprio
pensamento: novas, críticas, suspeitosas, decisivas que obriguem o pensamento a
autoavaliar-se;
 superação  comodismo/aparências/slogans/preguiça intelectual.

3. As experiências como base


 As perguntas superficiais/retóricas  não perturbam, por isso, nada alteram.

 Perguntas fundamentais  a vida, o ser, as ideias, os valores, as atitudes, os projetos,


etc
 rupturas de círculos fechados  ciência, filosofia, cultura, religião, ciência, filosofia, 
as “tribos” fechadas  / ideologias dogmáticas/ ortodoxias rancorosas/
movimentos/grupos herméticos  recusam a crítica, a alteridade e a mudança.

 Os acontecimentos, especialmente, drásticos do mundo, que envolvem o homem e a


sociedade movem o pensamento em torno dos hábitos, das tradições, dos conceitos, dos
valores, das verdades, dos poderes, das teorias.
 o pensamento crítico aciona  dúvidas/incertezas sobre o próprio contexto histórico
dos acontecimentos.
4. Tempo e Espaço necessários ao pensar
 O pensar reflexivo exige um tempo de retração das agitações comuns. A inserção
ininterrupta no barulho  evasão da possibilidade da contemplação/reflexão;

 as mesmices superficiais/apatia alimentam e sustentam o comodismo ou o medo de


tomar a decisão de pensar.
 O processo do pensar opõe-se à sociedade e suas práticas inclusive pedagógicas,
políticas e religiosas utilitaristas  prioridade de resultados esperados: lugar e retorno
das informações e saberes ministrados/aprendidos.
A motivação saudável do pensar brota da gratuidade  gosto/prazer da leitura e da
reflexão. “É um interesse que brota do objeto mesmo do pensar e não da utilidade que
tal trará mais tarde.” (p. 42). É por isso que o pensar exige dedicação de tempo
aprazível.
5. Leitura dos clássicos
Os clássicos, isto é, autores relevantes abordam com profundidade problemas humano
para além do tempo e local de seus discursos.
Os chamados “tempos pós-modernos” aguçam a ansiedade pelas novidades
sucessivas, nutrindo, por conseguinte, o sensacionalismo das coisas efêmeras,
desprezando, com efeito, as bases culturais do pensamento. Mas justamente os clássicos
“arrancam-nos da pura temporalidade e nos projeta para um arco mais amplo da
história.” (p.43).
6. Três atitudes para saber pensar
1. O que diz a realidade? – momento objetivo
A arte de pensar exige em primeiro lugar perguntas sobre a realidade  tomada de
distância/humildade para captar honestamente as manifestações/sutilezas da realidade.
 Significa “[...] evitar o espírito apressado de ir falando, sem pôr-se antes à escuta.
Aprende-se do texto, da realidade.” (p. 44);
 é necessário despojamento dos preconceitos ideológicos, dos moralismos, das
conclusões ou projeções precipitadas, isto é, do “deve ser” em lugar do “é”.
2. O que me diz a realidade? – momento subjetivo
 É o pensamento autônomo a partir da escuta/leitura da realidade e/ou do texto. É a
construção da concepção e perspectiva pessoal de mundo do que está dito. “Agora o
texto já faz parte de nosso universo cultural. Tem a tintura de nossa inteligência, o toque
do nosso pensar.” (p. 45).
 Essa arte de interpretação subjetiva não se confunde
enciclopedismo/exibicionismo/verbalismo, isto é, sem a raíz do pensar.
3. O que a realidade me faz dizer – momento intersubjetivo
 A arte de pensar conclui-se  perspectiva de serviço qualificado à comunidade. “É o
momento pedagógico. [...]. Não se diz qualquer verdade a qualquer pessoa. Este
momento em que o texto me faz falar vem acompanhado do senso de responsabilidade.
Implica uma capacidade de criticidade diante do texto, de mim e de quem me ouve.” (p.
46).
7. Prescrições fundamentais do pensar
 Saber pensar é situar problemas/realidades em seus contextos.
Toda unidimensionalização de um saber/problema provoca distorções perigosas.
 Saber pensar é interligar as partes e o todo.
 O pensar deve ser plural inibir/bloquear dogmatismos/fundamentalismo/ fanatismos
 provocam intransigências/intolerâncias e as formas práticas de violência.

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Prof. Dr. José Carlos Dantas


Universidade Estadual do
Maranhão
26.01.2018

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