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Verrugas: Maleabilidade Dos Sentires

No nosso cotidiano, é habitual criarmos performances para estar de acordo com aquilo que se
acredita ser a expectativa do externo ou a exigência da situação. Podemos “atuar” uma infinidade
de vezes ao longo do dia sem que isso signifique alguma perda para o nosso estado de espírito.
Mas, aos olhos da Leitura Corporal, quando acreditamos que temos que manter por um tempo
maior que o suportável um determinado perfil – de alegria, de tristeza, de dor, de felicidade, de
esperança, de estabilidade, de prazer, etc. – estamos provocando mortes de humor.

O que são as mortes do humor? Elas se originam do compromisso em representar estados


“encomendados”, seja por outros ou por nós mesmos, já que costumamos valorizar aquelas
performances que garantem o aval do social. Mas quando é grande o esforço para cumprir com
um estado de ânimo mais protocolar que vivenciado, está-se enfraquecendo os pilares de
sustentação do humor genuíno.

Temos no corpo uma estrutura dedicada ao processamento dos sentimentos transitórios, que é a
maçã do rosto. Por lá, circula uma qualidade de energia que tem como função estimular a
manifestação das oscilações e variações do espírito. Podemos estar felizes com uma coisa e tristes
com outra, uma coisa que faz bem pode ser um veneno momentâneo e o que usualmente
envenena pode ser a salvação de hoje.

Essa variedade de sentires é natural e coabita nosso corpo e nosso psiquismo sem maiores
problemas. É a exigência de manutenção de um estado contínuo de ânimo o que causa
turbulências, quando ele contradiz as vibrações que estão pulsantes.

São muitas as “caras de paisagem” e os “sorrisos amarelos” praticados por dia, e isso faz parte.
Mas há um limite saudável de tolerância, que sabemos ter ultrapassado quando surgem os nossos
aliados de sempre: os sintomas. Dentre eles, as verrugas, que servem ao armazenamento externo
de qualquer coisa que pulsa e que não encontra representatividade na forma, na intensidade com
que gostaríamos de viver. Lá guardadas em forma de verrugas, essas pulsões se fazem manifestas,
ajudando-nos a encontrar-lhes uma representação livre.

Junto com as verrugas, muitas outras manifestações trabalham para nos garantir o direito à
maleabilidade das emoções e dos sentimentos: as pintas pretas, a cândida
http://www.leituracorporal.com.br/candidiase-legitimacao-da-experiencia-do-prazer/, as
manifestações na pele do rosto e de vias respiratórias altas (as rinites saiba mais!, as sinusites, as
alergias respiratórias clique aqui para saber mais!). É uma coleção de sintomas que nos protege
da desconexão com os estados afetivos autênticos, mantendo assim vivo o nosso verdadeiro
humor.
Coceira: Antídoto Para A Falsidade
Aos olhos da Leitura Corporal, a pele se dedica à organização e ao desenvolvimento das
habilidades da adaptação e do convívio. Esses conteúdos, respectivamente associados às
vibrações do 1º e do 4º Centro de Força, estão intimamente relacionados, pois a saúde da
convivência depende da experiência de se sentir integrado, pertencente, aceito nas próprias
peculiaridades e receptivo às singularidades dos outros.

Essa extensa estrutura delineia contornos, localiza os limites pessoais, demarcando os espaços
internos e externos ao indivíduo. Para que não haja ruptura entre o que existe dentro e o mundo
lá fora, ou para que a adaptação se faça de forma saudável, é fundamental que exista a clareza de
si, do que é próprio, e dos motivos que levam o indivíduo a querer participar ou se libertar de uma
relação, uma circunstância ou um contexto.

Entretanto, é bastante comum na nossa humanidade o uso desvirtuado da pulsão da adaptação,


na medida em que lançamos mão de performances e máscaras comportamentais para não deixar
transparecer incômodos, contrariedades ou a simples vontade de não estar ou de estar de outra
forma em determinadas situações. Por melhores que sejam as intenções, a adaptação que invalida
a verdade do Ser favorece adoecimentos, e a pele é um segmento nobre no processamento de
conflitos relacionados às dificuldades da troca, da partilha e do ajuste aos indivíduos e ambientes
externos.

Por isso ela coça: para evitar a manutenção da falsidade. A coceira ativa a identificação e a
validação das verdades internas, para que o desejo de agrupamento, o prazer da associação e a
evolução das formas de convívio sejam nutridos pela autenticidade dos sentires.

Quando a pele coçar, pare e se observe – é um ótima oportunidade para se localizar, se


reconhecer e dar mais um passo no desenvolvimento da própria identidade.

Urticária: Dar-Se A Devida Atenção


A pele é uma estrutura ligada à habilidade da convivência. Seu trabalho está relacionado ao
desenvolvimento dos processos de parcerias, de trocas e de somas.

A pele se delicia com o contato e incentiva amplamente a busca por afins. Ao mesmo tempo,
ensina que a conquista da alegria e do autovalor independem da presença do outro. Por isso a
pele costuma manifestar sinais e sintomas quando é forte a crença de que se é dependente do
outro para sentir-se bem. Pois quando nisso acredita, é bem capaz do indivíduo colocar-se à parte
de si mesmo para cumprir com as expectativas e com as demandas do outro, mostrando-se muito
mais disponível do que verdadeiramente está.

Aos olhos da Leitura Corporal, a doença que mais trata o hábito de disponibilizar-se de forma
ilimitada é a urticária. Sua presença no organismo mobiliza a consciência de que parcerias
saudáveis são aquelas nas quais os indivíduos encontram liberdade para limitar as ofertas de si e
para impor limites às solicitações do outro. A urticária ajuda a reduzir o compromisso de estar
sempre agradando e acatando, favorecendo que o indivíduo também se mostre desconfortável ou
indisponível, quando ele assim em verdade estiver.

A experiência de bem estar com o outro é um consequência da conquista do bem estar consigo.
Dar-se a devida atenção, portanto, é um jeito ótimo de investir na saúde e na manutenção das
relações.

Alergias: Esforço De Adaptação


Para a Leitura Corporal, as alergias são manifestações que sinalizam que o Indivíduo, diante de
algo que o incomoda, está em um esforço de adaptação que ultrapassa a sua vontade e os seus
limites de tolerância. Os processos alérgicos acontecem com o intuito de trazer à consciência que
se está impondo a convivência com situações nada aprazíveis como se fossem agradáveis. Ou, em
outras palavras, que se está fazendo com cara de quem gosta algo que, em verdade, não se gosta
nem um pouco.

As alergias se subdividem em dérmicas, respiratórias e intestinais. Para a Leitura Corporal, a pele,


os intestinos e os pulmões são estruturas irmãs. Compõem sistemas que, de forma muito especial,
se complementam e se ajudam, trabalhando um para que os outros encontrem equilíbrio e
funcionalidade.

Os processos alérgicos na pele, intestino ou pulmões, são fenômenos que favorecem a cada um de
nós tanto o reconhecimento daquilo que desgostamos como a liberdade para gostar ou não, para
querer ou não, para poder ou não. São estímulos para que sejam criadas possibilidades de
convívio com o incômodo, sem desconsiderá-lo ou camufla-lo e, sobretudo, sem o compromisso
de sentir-se bem, alegre e satisfeito.

Para evitar ou tratar as alergias, portanto, não se esqueça de representar seus desconfortos. É
esse o primeiro passo para que a convivência, com qualquer que seja o estímulo, se faça de forma
sadia e verdadeira.
Asma: Perceber As Verdades Da Troca
Para a Leitura Corporal, o aparelho respiratório, em conjunto com a pele e os intestinos, trabalha
para aprimorar a interação do Indivíduo consigo, com os outros e com o ambiente. Nesse
pensamento, todas as desordens respiratórias, das mais brandas às mais intensas, estão
associadas às temáticas do contato, do convívio e da influência recíproca entre o Ser e seu
entorno.

Dentro desse complexo sistema, os brônquios assumem o papel específico de vibrar a energia da
autenticidade, essencial para o processamento da estabilidade (a habilidade de estar de forma
diferenciada a cada interação e a cada momento) nas trocas afetivas.

Os brônquios mobilizam impulsos que permitem ao Indivíduo perceber e definir quais são os
verdadeiros sentimentos e emoções gerados dentro dele no decorrer de suas interações,
estimulando-o, sobretudo, a se sentir amado e aceito por si e pelo outro.

Quando o Indivíduo, em sua faculdade de influenciar e ser influenciado, orienta-se por uma noção
de nocividade (tanto no sentido de sentir-se prejudicial ao externo como de sentir-se prejudicado
pelos outros e pelo ambiente), o Corpo pode desenvolver quadros asmáticos como um recurso
para que ele perceba as verdades da troca.

Na asma inspiratória, o sentimento vivido pelo Indivíduo é de que as pessoas, as coisas, a vibração
mental e as situações externas lhe são nocivas. Na asma expiratória, o sentimento de nocividade
está sendo criado dentro dele, levando-o a experimentar o sentimento de que sua atuação, seus
conteúdos e seus valores podem comprometer o externo.

A asma trabalha com o intuito de evitar que a ideia de nocividade deturpe a verdade das trocas.
Afinal, nada como um Indivíduo asmático para perceber e apontar as situações nas quais os
arranjos e a manutenção de falsas estabilidades acabam por trazer incômodos a todos os
envolvidos.

Cada crise asmática é uma oportunidade para amadurecer a habilidade de expressão de si e


exercer com mais segurança a condição de influente. Aproveite essa manifestação para acolher a
liberdade de relacionar, para trazer o externo para dentro e para levar o interno para fora com
transparência, franqueza e amorosidade.

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