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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental
Laboratório de Geotecnia e Pavimentação

DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS
PELO MÉTODO DA RESILIÊNCIA

Prof. Ricardo Melo


UFPB/CT/DECA/LAPAV Dimensionamento de pavimentos pela resiliência. Prof. Ricardo Melo

Referências
■ Pinto, S. e Preussler, E. S.. A consideração da
resiliência no projeto de pavimentos. Ed. rev.. Rio de
Janeiro: DNER. 1994.
■ DNIT. Manual de Pavimentação. 3ª. Ed.. Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes. Rio de Janeiro.
2006.
■ Bernucci, L. B. et al.. Pavimentação asfáltica:
formação básica para engenheiros. 3ª. Reimpressão.
PETROBRÁS – Petróleo Brasileiro S/A / ABEDA – Associação
Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto. Rio de
Janeiro. 2010.
■ Medina. J.. Mecânica dos Pavimentos. Editora UFRJ, Rio
de Janeiro. 1997.
O que é
UFPB/CT/DECA/LAPAV Dimensionamento de pavimentos pela resiliência. Prof. Ricardo Melo

resiliência?
Você é uma
pessoa
resiliente?

Fonte: http://www.macmillandictionaryblog.com/resilient (acesso em 12/02/2020)


UFPB/CT/DECA/LAPAV Dimensionamento de pavimentos pela resiliência. Prof. Ricardo Melo

Você é uma pessoa resiliente?

Fonte: https://www.pinterest.fr/pin/181551428702639403/ (acesso em 09-05-2018)


UFPB/CT/DECA/LAPAV Dimensionamento de pavimentos pela resiliência. Prof. Ricardo Melo

Barata é uma criatura muito


resiliente!

Fonte: https://workschoolenglish.com/resilient/ (acesso em 09-05-2018)


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INTRODUÇÃO
■ Por que a preocupação em se estudar a
propriedades “elásticas” dos materiais
usados em pavimentação?
UFPB/CT/DECA/LAPAV Dimensionamento de pavimentos pela resiliência. Prof. Ricardo Melo

Introdução
■ Até a década 70, o dimensionamento de
pavimentos no Brasil enfocava,
basicamente, a capacidade de suporte
retratada pelo ISC ou CBR
■ Boa parte da malha rodoviária apresentava
deterioração prematura, que estava
associada à fadiga dos materiais gerada
pela solicitação dinâmica do tráfego
atuante
Fonte: DNIT (2006)
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Trinca por fadiga (couro de jacaré)

Fonte: Melo (2003)


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Introdução
■ A resiliência permitiu avaliar comportamentos
estruturais não explicáveis pelos métodos
tradicionais (ISC e outros) e efetuar uma
abordagem mais realista

■ Resiliência: energia armazenada num corpo


deformado elasticamente, a qual é devolvida
quando cessam as tensões causadoras das
deformações; corresponde à energia potencial de
deformação

Fonte: Medina (1997); DNER (1997)


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Introdução
■ Rigidez (stiffness): termo usado no
estudo de misturas asfálticas, que indica a
capacidade de resistir à deformação
■ Deflexão: deformação vertical reversível
do pavimento em consequência de
aplicação de cargas sobre o mesmo

Fonte: Medina (1997); DNER (1997)


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DEFORMABILIDADE DOS
PAVIMENTOS
■ Primeiros estudos: Francis Hveem e Órgão
Rodoviário da Califórnia (anos 20)
Estabilômetro de Hveem

Fonte: Medina (1997); http://slideplayer.com/slide/1598384/


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Deformabilidade dos pavimentos


■ Primeiros estudos: Francis Hveem e Órgão
Rodoviário da Califórnia (anos 20)
■ Medição da deflexão dos pavimentos sujeito
ao tráfego
■ Uso de sensores eletromecânicos
■ Trincamento progressivo dos revestimentos
asfálticos se devia à deformação resiliente
(elásticas) das camadas subjacentes (em
especial, o subleito)

Fonte: Medina (1997)


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Deflexão máxima – Departamento


Rodoviário da Califórnia (1951)
1,4

1,05
Deflexão, mm

0,7

0,35

0
0 4 8 12 16
Carga de eixo simples, klb
Tratamento Superficial Mist. Asfáltica na estrada de 2,54 cm Mistura usinada, 5.08 cm
Mistura usinada, 7.62 cm Mistura usinada, 10.16 cm Mistura usinada, 20.32 cm

Fonte: adaptado de Medina (1997)


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Deformabilidade dos pavimentos


■ Equipamento triaxial dinâmico (Seed e Fead,
anos 50)
■ Razões para o uso do módulo de resiliência:
■ Propriedade básica do material e que é usada na
análise mecanística de sistemas de múltiplas camadas
■ Bem aceito para caracterizar materiais e desempenho
de pavimentos
■ Pode-se determinar em campo, permitindo uniformizar
procedimentos de pavimentos novos e reforços

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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Sistemas de camadas de
um pavimento e tensões
solicitantes Fonte: Albernaz (1997) adaptado por Bernucci et al. (2008)
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Determinação das deflexões
recuperáveis com viga de
Benkelman
R. Vereador João Freire, Castelo Branco
(UFPB), João Pessoa/PB

Queiroz e Melo (2014)


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Falling Weight
Deflectometer
(FWD)
Fonte: ?
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Esquema de leituras com viga Benkelman


para obtenção da deformada

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA


■ Determina uma relação básica entre tensão e
deformação dos materiais, para uso na análise
estrutural do pavimento como sistema em
camadas
■ Provê uma forma de caracterização dos materiais
de construção de pavimento, incluindo o solo do
subleito, sob uma variedade de condições
(umidade, densidade, entre outras) e estados de
tensão que simulam as condições de um
pavimento sujeito a cargas em movimento

Fonte: Motta (2003)


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Equipamento Triaxial Dinâmico

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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Módulo de resiliência (MR)


■ É a relação entre a tensão desvio, σd (MPa), aplicada
repetidamente no eixo axial e a deformação
específica axial resiliente, εr (mm/mm)
σd
MR =
εr
■ Em que:

■ δr: deslocamento resiliente (recuperável), em mm



L: altura do corpo de prova (mm)

Fonte: DNER (1997); Motta (2003)


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Características do método de
ensaio
■ O material é compactado nas condições de
estado representativas do projeto e da
obra
■ Aplicação de carga
■ Semi-senoidal por se aproximar da forma
correspondente à passagem de roda
■ Tempo de duração de aplicação total da carga
é de 0,1 s e o de repouso 0,9 s

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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Ensaio triaxial dinâmico (DNER ME


131/94)
■ Cargas aplicadas e deslocamentos registrados no
ensaio de módulo de resiliência
Carga: 0,1 s
Repouso: 0,9 s

1s

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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Módulo de
σv, E…?
resiliência?

Café no CT
do Vascão!!!
:-)

Tensão x
deformação?

http://vignette4.wikia.nocookie.net/elder-scrolls-fanon/images/7/73/
Thinking_face.jpg/revision/latest?cb=20160404005600 (acesso 30/11/2017)
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Comportamento resiliente dos


solos
■ Materiais usados na pavimentação não são
elásticos
■ A teoria da elasticidade é uma
aproximação
■ Alguns materiais apresentam
comportamento elástico não linear
■ O comportamento resiliente depende do
tempo e da história de tensões

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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Modelo clássico de comportamento


de solo coesivo

A deformação axial resiliente depende da tensão-desvio

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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Modelo clássico de comportamento


de solo granular

O módulo de resiliência aumenta com a tensão de


confinamento e varia muito pouco com a tensão-desvio
Fonte: Bernucci et al. (2008)
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Módulo de resiliência em misturas


asfálticas (DNER-ME 133/94)

Fonte: Bernucci et al. (2008)


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ETAPAS DO MÉTODO DE RESILIÊNCIA


■ 1) Calcular o número N ✓
■ 2) Determinar o valor de CBR do subleito ✓
■ 3) Classificação do solo do subleito quanto à
resiliência
■ Classificar em função do CBR e da porcentagem de silte
(S) na fração fina

■ Porcentagem de silte: ⎛ P1 ⎞
S = 100 − ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅100
■ ⎝ P2 menor
P1: % (em peso) do material com diâmetro ⎠ que 0,005 mm
■ P2: % (em peso) do material com diâmetro menor que 0,074 mm

Fonte: Pinto e Preussler (1994)


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Classificação de solos quanto à resiliência

MR % silte
CBR
4.000 I ≤ 35 36 a 65 > 65
≥ 10 I II III
3.000
II
2.000 6a9 II II III
1.000 III 2a5 III III III
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 σ3
Solo Tipo I: baixo grau de resiliência: bom comportamento
como subleito e reforço, possibilidade de uso em sub-base.
Solo Tipo II: grau de resiliência intermediário: comportamento
regular como subleito. Uso em reforço requer estudos e ensaios
especiais (triaxial dinâmico e análise mecanística)
Solo Tipo III: grau de resiliência elevado: não aconselhável o
uso em camadas de pavimento. Em subleito requer estudos
especiais.
Fonte: Adaptado de Motta (2003)
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Método da Resiliência
■ 4) Cálculo da espessura equivalente do
pavimento, Ht
0 , 0482 −0 , 598
H t = 77,67 × N × CBR
■ Depende de CBR e N
■ Supõe-se material granular K=1

■ 5) Calcular deflexão prevista na superfície


do revestimento, D (10-2 mm)
log D = 3,148 − 0,188 × log N
Fonte: Pinto e Preussler (1994)
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Método da Resiliência
■ 6) Determinar a espessura mínima do
revestimento betuminoso, Hcb (cm)
807,961
H cb = −5,737 + + 0,972 × I1 + 4,101× I 2
D
■ I1 e I2: constantes relacionadas às
características resilientes do subleito
■ Tipo I: I1 = 0, I2 = 0

Tipo II: I1 = 1, I2 = 0

Tipo III: I1 = 0, I2 = 1
Fonte: Pinto e Preussler (1994)
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Método da Resiliência
■ 7) Determinar o valor estrutural do
revestimento betuminoso (Ve), em função
do número N e solo do subleito

Fonte: Pinto e Preussler (1994)


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Método da Resiliência
■ 8) Calcular a espessura da camada granular
H cg = B + SB + Rsub
■ Tipos: materiais arenosos, solo-brita, brita
graduada, macadame, solo estabilizado
granulometricamente
■ % (em peso) que passa na peneira 200 < 35%
■ Hcg ≤ 35 cm
H cb × Ve + H cg = H t
Fonte: Pinto e Preussler (1994)
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Método da Resiliência
■ 9) Espessuras de base, sub-base e reforço
i. Espessura total da camada granular é adotada
como base, Hcg = B (B ≥ 10 cm)
ii. Camada granular é dividida em base e sub-base
H cg
B = SB =
2
i. Sub-base: CBR ≥ 20% e expansão ≤ 1%
ii. B ≥ 10 cm
iii. Sub-base ou reforço com solo fino de CBR < 20%
classificado como solo tipo I ou tipo II. Opção
adequada para subleito do tipo III
Fonte: Pinto e Preussler (1994)
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Método da Resiliência
■ Caso iii: redimensionar o pavimento a partir da
etapa 3, considerando o CBR e tipo de solo
quanto à resiliência correspondente à sub-base
ou ao reforço

Rsub =
(H t1 − H t 2 )
0,70
■ Ht1 : espessura equivalente correspondente ao CBR
do subleito
■ Ht2 : espessura equivalente correspondente ao CBR
da sub-base ou reforço
■ Rsub ≥ 30cm
Fonte: Pinto e Preussler (1994)
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Método da Resiliência
■ 10) Revestimento betuminoso em camadas
integradas: CBUQ + pré-misturados
■ Considera-se a deformabilidade das misturas e igualdade
das deflexões

H pm =
(H cb − H ca )
1
3
■ µ = Mpm /Mca
µ
■ Hpm : espessura do pré-misturado
■ Hcb : espessura total do revestimento
■ Hca : espessura do concreto asfáltico
■ Mpm : módulo de resiliência do pré-misturado
■ Mca : módulo de resiliência do concreto asfáltico

Fonte: Pinto e Preussler (1994)


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Método da Resiliência
■ 10) continuação...
■ Hca e Hpm devem satisfazer as condições:
■ Hcb = Hpm + Hca
■ Hpm > Hca
■ Hpm = 1,4 a 1,6×Hca
■ Hpm = 0,60×Hcb

Fonte: Pinto e Preussler (1994)


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Dúvidas ou questões

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