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VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
SELEÇÃO DE EPI
AUTORES
GUIA
ACT — Autoridade para as Condições do Trabalho
PERITOS
Ana Catarina Campos
Alexandra Brôa
Bruno Nunes
Fernando Mateus
Gabriela Barata
Patrícia Tábuas
Rosália Rosa
Susana Gonçalves
EDITOR
APSEI — Associação Portuguesa de Segurança
EDIÇÃO
Abril de 2022
ISBN
978-989-96514-4-9
DEFINIÇÕES 5
1. ENQUADRAMENTO 6
1.2. Marcação CE 6
2.3. DOCUMENTAÇÃO 27
2.4. ADEQUAÇÃO 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31
INTRODUÇÃO
O vestuário de proteção (VP) é considerado um ORIGEM A estrutura, terminologias e nomenclaturas
equipamento de proteção individual (EPI) e Este guia resulta de um projeto conjunto entre a seguem o disposto na Portaria n.º 208/2021, de
representa um papel vital na segurança dos Autoridade para as Condições do Trabalho 15 de outubro.
trabalhadores, nomeadamente através da (ACT), a Associação Portuguesa de Segurança
garantia da proteção, ergonomia e conforto. (APSEI), enquanto Organismo de Normalização OBJETIVO
Como tal, a seleção do vestuário de proteção Setorial (ONS) da Comissão Técnica de O principal objetivo é apoiar na seleção de
adequado depende de cada situação em Segurança e Saúde no Trabalho (CT 42) e o vestuário de proteção de modo a assegurar uma
particular e deve ser feita somente por pessoa Instituto Português da Qualidade (IPQ). compra assertiva, com base nos requisitos
com formação profissional adequada e que aplicáveis.
possua conhecimentos sobre os riscos O projeto intitulado “Proteção Individual:
existentes em determinado posto de trabalho, Importância da seleção, conservação e LISTA DE ACRÓNIMOS E SIGLAS
processo, atividade e/ou tarefa. manutenção de EPI”, pretende, para além de ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho
suprir algumas dificuldades identificadas junto APSEI – Associação Portuguesa de Segurança
das entidades empregadoras na escolha e CT – Comissão Técnica de Normalização
GUIA TÉCNICO DE utilização de EPI, ir de encontro à Estratégia EPI – Equipamento de Proteção Individual
VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho IPQ – Instituto Português da Qualidade
O presente guia é um referencial que apoia (ENSST) 2015-2020, aprovada pela Resolução do ISO – Internacional Organization for
e orienta a realização das atividades nele Conselho de Ministros n.º 77/2015, Standardization
previstas e exprime a reflexão dos profissionais designadamente ao contribuir para a redução ONS – Organismo de Normalização Setorial
da ACT, APSEI e IPQ sobre a melhor forma de dar dos fatores de risco associados às doenças RJPSST – Regime Jurídico da Promoção da
cumprimento às disposições legais e normas profissionais, um dos seus objetivos Segurança e Saúde no Trabalho
vigentes.1 estratégicos. UE – União Europeia
Este guia incide sobre os requisitos gerais VP – Vestuário de Proteção
do vestuário de proteção de acordo com PÚBLICO-ALVO
NP EN ISO 13688:2015, fazendo referência às Técnicos e Técnicos Superiores de Segurança no
normas que focam os restantes requisitos Trabalho, Médicos do Trabalho e respetivos
específicos de proteção de acordo com Serviços de Segurança e Saúde no Trabalho.
o risco.
ÂMBITO
O presente guia foca-se na seleção de vestuário
de proteção, primeiro campo de decisão da
1 Este guia materializa-se através do presente documento que se cadeia de valor no que concerne à necessidade
enquadra numa coleção de Guias de apoio à seleção de Equipamentos de
Proteção Individual. de proteção individual.
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DEFINIÇÕES
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL de atividade da empresa, do estabelecimento lesão e afeção da saúde.
(REGULAMENTO (UE) 2016/425) ou do serviço, que visem eliminar ou diminuir os
• Equipamentos concebidos e fabricados para riscos profissionais a que estão potencialmente COMPONENTES MATERIAIS DO TRABALHO (Lei
serem envergados ou manejados por uma expostos os trabalhadores. n.º 102/2009 de 10/09)
pessoa para sua proteção contra um ou mais O local de trabalho, o ambiente de trabalho, as
riscos para a sua saúde ou segurança; REQUISITO (NP ISO 45001:2019) ferramentas, as máquinas, equipamentos e
• Componentes intermutáveis para os Necessidade ou expectativa expressa, materiais, as substâncias e agentes químicos,
equipamentos referidos que sejam geralmente implícita ou obrigatória. físicos e biológicos e os processos de trabalho.
essenciais para a sua função protetora;
• Sistemas de ligação para os equipamentos LESÃO E AFEÇÃO DA SAÚDE (INP ISO
referidos, que não sejam manejados ou 45001:2019)
envergados por uma pessoa, que sejam Efeito adverso sobre a condição física, mental ou
concebidos para ligar esses equipamentos a cognitiva de uma pessoa.
um dispositivo externo ou a um ponto de
fixação seguro, que não sejam concebidos PERIGO (Lei n.º 102/2009 de 10/09)
para serem fixados de modo permanente e Propriedade intrínseca de uma instalação,
que não exijam uma ação de fixação antes atividade, equipamento, um agente ou outro
de serem utilizados. componente material do trabalho com
potencial para provocar dano.
TRABALHADOR (Lei n.º 3/2014 de 28/01)
Pessoa singular que, mediante retribuição, se PERIGO (NP ISO 45001:2019)
obriga a prestar serviço a um empregador e, Fonte com potencial para provocar lesão e
bem assim, os que estejam na dependência afeção da saúde.
económica do empregador em razão dos meios
de trabalho e do resultado da sua atividade, RISCO (Lei n.º 102/2009 de 10/09)
embora não titulares de uma relação jurídica de Probabilidade de concretização do dano em
emprego. função das condições de utilização, exposição
ou interação do componente material do
PREVENÇÃO RISCO trabalho que apresente perigo.
(Lei n.º 102/2009 de 10/09)
Conjunto de políticas e programas públicos, INCIDENTE (NP ISO 45001:2019)
bem como disposições ou medidas tomadas ou Ocorrência decorrente do trabalho ou no curso
previstas no licenciamento e em todas as fases do mesmo, que resulta ou poderia resultar em
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1. ENQUADRAMENTO
1.1. Requisitos legais, regulamentares e
normativos
O enquadramento legal, regulamentar e TABELA 1
normativo relevante para o presente guia está
incorporado no Guia Geral para Seleção de
Equipamento de Proteção Individual. CATEGORIA I CATEGORIA II CATEGORIA III
Acresce ao enquadramento supramencionado, RISCOS MÍNIMOS OUTROS RISCOS RISCOS GRAVES
identificado no referido guia publicado em
2016, a transposição do Regulamento UE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
425/2016, de 09 de março pelo Decreto-Lei n.º
118/2019, de 21 de agosto, que assegura a
Exame UE de tipo (Anexo V, B)
execução na ordem jurídica interna das
obrigações relativas aos equipamentos de
Conformidade com o tipo baseada no
proteção individual e a Portaria n.º 208/2021, 15 controlo interno da produção +
de outubro. controlos supervisionados do
Controlo interno da Conformidade com o tipo produto a intervalos aleatórios
1.2. Marcação CE produção (Anexo IV, A) baseada no controlo interno (Anexo VII, C2)
Todo o vestuário de proteção, seja de corpo da produção
Conformidade com o tipo baseada na
inteiro ou parte parcial, deve possuir marcação (Anexo VI, C) garantia da qualidade do processo de
CE e o número de identificação do organismo produção
notificado encarregue do procedimento de (Anexo VIII, D)
vigilância. A marcação CE indica que o
equipamento está conforme com os requisitos DECLARAÇÃO UE DE CONFORMIDADE
essenciais de segurança do Regulamento UE
425/2016 sobre equipamentos de proteção
individual. nnnn
A marcação CE é aposta de modo visível, legível e
indelével nos EPI. 2
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2. SELEÇÃO DE VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
O enquadramento relativo à cadeia de valor e TABELA 2
ciclo de vida integral associados aos EPI pode
ser consultado no Guia Geral para Seleção de
Equipamento de Proteção Individual.
Na figura seguinte é apresentada a cadeia de EPI Gestão de perigos e riscos
valor desde a seleção até o fim de vida dos EPI.
(Tabela 2)
1. Seleção
Verificação da
No que concerne à seleção, esta situa-se conformidade
2. Aquisição Perigos Identificação
no primeiro campo de decisão após o
levantamento de necessidades relativas à
proteção individual, na sequência da realização 3. (In)formação Análise Monitorização
da avaliação de riscos aos postos de trabalho.
(Tabela 3) 4. Distribuição Apreciação Comunicação
5. Utilização Riscos
Monitorização Gestão Consulta
6. Manutenção Revisão
e conservação
7. Fim de vida
TABELA 3
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2. SELEÇÃO DE VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
No fluxograma seguinte apresenta-se os elementos que devem fazer parte do processo de seleção, nomeadamente o tipo de riscos, a parte do corpo a
proteger, a documentação associada e a adequação.
Biológicos Calças
Outros Joelheiras
Polainas
CRITÉRIOS DE DECISÃO
Análise multi-risco e Análise da
Satisfação de
critérios de compatibilidade Consulta aos
requisitos legais e
exposição e do conjunto de trabalhadores
normativos
gravidade proteções
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2.1 TIPO DE RISCOS
A Portaria 208/2021, de 15 de outubro, enquadra os riscos em 7 classificações: físicos - mecânicos, físicos - térmicos, físicos - elétricos, físicos - radiação,
químicos, agentes biológicos e outros.
Previamente à determinação das medidas de proteção adequadas é fundamental reunir todos os elementos que estão na base da avaliação de riscos. Na
tabela seguinte apresentam-se exemplos de elementos a considerar, tendo por base os riscos mecânicos e químicos.
Para a gestão do risco através de medidas de proteção individual estão disponíveis uma vasta gama de normas que pretendem orientar as diferentes partes
interessadas.
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2.1 TIPO DE RISCOS
DISPOSIÇÕES NORMATIVAS
Na tabela seguinte podem ser consultados os enquadramentos, requisitos e respetivas normas por tipo de proteção.
RISCOS QUÍMICOS
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RISCOS QUÍMICOS
Vestuário, costuras,
junções, montagens
- Resistência à abrasão
- Resistência à quebra por flexão
Tipo 2: Vestuário não estanque a - Resistência à quebr a por flexão a -30ºC
Vários: EN 943-1:2015
gás - Resistência ao rasgo Corpo Inteiro
não + A1:2019
(sólidos, líquidos e gasosos, - Resistência à tração
estanque - Resistência à perfuração
incluindo aerossóis líquidos e
a gás sólidos) - Resistência à permeação por
líquidos e gases
- Resistência à penetração por líquidos
- Resistência à ignição
- Resistência das costuras/ fechos/ junções
destacáveis
- Resistência à abrasão
- Resistência à quebra por flexão
- Resistência à quebra por flexão a -30ºC
Tipo 3 e Tipo PB [3]: - Resistência ao rasgo
Estanque EN 14605:2005 Corpo Inteiro
Vestuário estanque aos - Resistência à tração
aos líquidos - Resistência à perfuração + A1 2009
líquidos
- Resistência à permeação por líquidos
- Resistência à penetração por líquidos
- Resistência das costuras
- Resistência à abrasão
- Resistência à quebra por flexão
- Resistência à quebra por flexão a -30ºC
Tipo 4 e Tipo PB [4]: - Resistência ao rasgo
Estanque a EN 14605:2005
Vestuário estanque a - Resistência à tração Corpo Inteiro
pulverização - Resistência à perfuração + A1 2009
pulverização
- Resistência à permeação por líquidos
- Resistência à penetração por líquidos
- Resistência das costuras
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RISCOS QUÍMICOS
- Resistência à abrasão
Estanque a Tipo 5: - Resistência à fissuração por flexão
EN ISO
partículas Vestuário estanque a partículas - Resistência ao rasgo Corpo Inteiro
- Resistência à perfuração 13982-1:2004
sólidas sólidas
- Resistência à ignição
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RISCOS MECÂNICOS
REQUISITOS
TIPO DE PARTE DO CORPO ABRANGIDA
TIPO SÍMBOLO CLASSIFICAÇÃO DE CONCEÇÃO NORMAS
PROTEÇÃO E DESEMPENHO PELA NORMA
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RISCOS MECÂNICOS
REQUISITOS
TIPO DE PARTE DO CORPO ABRANGIDA
TIPO SÍMBOLO CLASSIFICAÇÃO DE CONCEÇÃO NORMAS
PROTEÇÃO E DESEMPENHO PELA NORMA
Requisitos básicos
de conceção:
NP EN 381 Proteção parcial - superior e
0 16 m/s Vestuário de proteção para inferior do corpo (casacos,
Proteção - Generalidades
1 20m/s utilizadores de moto-serras jardineiras, calças, polainas)
utilização de - Requisitos de fixação
manuais
2 24m/s - Requisitos de punho e
moto serras 3 28 m/s calças de baixo
- Requisitos de bolso
Os requisitos do
material e de conceção,
especificados nesta
norma aplicam-se
apenas a vestuário de
A classificação de áreas proteção contra a
perigosas na qual EN 1149
dissipação eletrostática
deverá ser utilizado o Especifica um conjunto de métodos de
Proteção usado por pessoas que
ensaio e requisitos para propriedades
vestuário com estão ligadas à terra
Contra Riscos Proteção eletroestáticas Proteção corpo inteiro
propriedades através de uma
do vestuário de proteção.
Físicos: anti-estática resistência inferior a 108 e parte parcial
antiestéticas, é definida Esta norma deve ser utilizada em
Elétricos Ω (por exemplo, pela (Fato-macaco, fato de proteção,
pela Diretiva 1999:1992 conjugação com a EN 11612. calças, casaco, colete)
(ATEX), transposta pelo utilização de calçado
apropriado tal como
Decreto-Lei 236/2003
sapatos de segurança
de 30 de Setembro. especificados na EN ISO
20345:2011, ou
qualquer outro meio
apropriado).
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RISCOS MECÂNICOS
REQUISITOS
TIPO DE PARTE DO CORPO ABRANGIDA
TIPO SÍMBOLO CLASSIFICAÇÃO DE CONCEÇÃO NORMAS
PROTEÇÃO E DESEMPENHO PELA NORMA
PPE 1 / CAT 1
(4-8 cal/cm²)
PPE 2 / CAT 2
(8-25 cal /cm²) EN 61482 Proteção corpo inteiro
Arco Elétrico Vestuário de proteção para (Fato-macaco, fato de proteção)
PPE 3 / CAT 3 proteção de arco elétrico
(25-40 cal /cm²)
PPE 4 / CAT 4
(>40 cal/cm²)
TIPO 1 - Aplica-se
normalmente
diretamente ao joelho.
Nível de proteção 2:
piso com grandes
irregularidades
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RISCOS MECÂNICOS
REQUISITOS
TIPO DE PARTE DO CORPO ABRANGIDA
TIPO SÍMBOLO CLASSIFICAÇÃO DE CONCEÇÃO NORMAS
PROTEÇÃO E DESEMPENHO PELA NORMA
PPE 1 / CAT 1
(4-8 cal/cm²)
Proteção corpo inteiro
PPE 2 / CAT 2
(Fato-macaco, fato de proteção)
(8-25 cal /cm²) EN 61482
Arco Elétrico Vestuário de proteção para
PPE 3 / CAT 3 proteção de arco elétrico
(25-40 cal /cm²)
PPE 4 / CAT 4
(>40 cal/cm²)
TIPO 1 - Aplica-se
normalmente
diretamente ao joelho.
Nível de proteção 2:
piso com grandes
irregularidades
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RISCOS RADIOLÓGICOS
- Resistência à tração
- Resistência ao rasgo
- Resistência ao rebentamento de
Proteção materiais em malha e costura
Proteção NP EN ISO 13688 -
contra - Resistência da costura
contra Vestuário de
radiação - Variação dimensional dos materiais têxteis
perigos de - Propagação da chama proteção
não Requisitos gerais
soldadura - Impacto do salpico (pequenos salpicos
ionizante
de metal fundido)
- Transferência de calor (radiação)
- Resistência elétrica
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RISCOS TÉRMICOS
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RISCOS TÉRMICOS
8h 1h 8h 1h
Y Icler em m2×K/W da
0,170 21 9 24 15
peça de vestuário com o
vestuário de referência R é 0,265 13 0 19 7
Velocidade do ar
WP Opcional, se ensaiada Icler
m2•K/W
pelo fabricante. 0,4 m/s 3 m/s 0,4 m/s 3 m/s
8h 1h 8h 1h 8h 1h 8h 1h
Nota: Y e/ou WP serão
substituídos por X se a 0,170 13 0 18 7 1 -12 8 -4
peça de vestuário não foi 0,265 3 -12 9 -3 -12 -28 -2 -16
submetida a ensaio.
0,310 -2 -18 6 -8 -18 -36 -7 -22
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RISCOS TÉRMICOS - SOLDADURA
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RISCOS NATURAIS
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RISCOS NATURAIS
20 75 250 - -
material de flúor que permite
maior visibilidade durante o
15 100 - - -
dia e uma banda refletora de
10 240 - - -
luz artificial (faróis de
5 - - - -
automóveis) que permite
a) “-” significa: tempo de utilização sem limite.
maior visibilidade durante a
noite.
O Quadro A.1 é válido para um esforço fisiológico médio, M = 150
W/ m2, homem padrão, a 50% de humidade relativa, e velocidade
do vento v = 0,5 m/s.
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RISCOS BIOLÓGICOS
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RISCOS BIOLÓGICOS
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2.1 TIPO DE RISCOS
As disposições normativas supramencionadas
apresentam uma abordagem uni-risco pelo que,
tendo por base o contexto prático de
desenvolvimento das atividades dos diferentes
setores, uma análise multi-risco é necessária.
Para além da análise multi-risco, também a
análise dos critérios de exposição e gravidade,
que foram previamente considerados na
avaliação de riscos, deverá integrar os critérios
de seleção do EPI. 3
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2.2 PARTE DO CORPO
De acordo com o disposto na Portaria 208/2021 de 15 de outubro, a proteção divide-se entre proteção do corpo inteiro e proteção parcial.
A proteção do corpo inteiro contempla os fatos de proteção e os fatos-macaco.
No que respeita à proteção parcial, encontram-se contempladas as proteções cogulas, carapuços, casacos, calças, aventais, coletes, joelheiras e polainas.
Ressalva-se que este guia não contempla uma lista exaustiva de todo o vestuário, em consonância com a referida portaria.
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2.3 DOCUMENTAÇÃO
Para o processo de seleção é fundamental o • Referências aos acessórios e peças ecotoxicológicas ou outras ambientais, nos
decisor ter na sua posse toda a documentação destacáveis utilizáveis com o EPI; materiais.
obrigatória e relevante que compreende a ficha • Tipo de embalagem mais conveniente para
técnica, a declaração de conformidade e, nos transporte;
casos aplicáveis, folhetos informativos e demais • Instruções de armazenamento, utilização,
informação associada. limpeza, manutenção, revisão, desinfeção,
reciclagem, destruição e alienação seguras; As instruções de utilização são elaboradas e fornecidas pelo fabricante
FICHA TÉCNICA E DECLARAÇÃO DE • Resultados obtidos em ensaios de quando o vestuário de proteção é colocado no mercado, devendo ser
fornecidas em português. Em caso de necessidade, deve-se ainda solicitar
CONFORMIDADE conformidade efetuados para determinar os ao fornecedor ou fabricante informações técnicas adicionais.
A documentação associada ao EPI deverá conter níveis ou classes de proteção do EPI; O vestuário de proteção pode ter associado um prazo de validade que
deve ser respeitado enquanto o produto permanecer embalado. Uma vez
os seguintes elementos: • Classes de proteção adequadas a diferentes aberta a embalagem, devem seguir-se os procedimentos estipulados
• Nome, marca comercial ou outro meio que níveis de risco e aos limites de utilização para a higienização, manutenção e descarte do vestuário de proteção.
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2.4 ADEQUAÇÃO
A adequação é um dos parâmetros a considerar de equipamento de proteção, e que identificam dispositivos médicos ou outras aplicações
na seleção dos EPI que depende das condições as características que devem ser apostas no relevantes;
de utilização dos mesmos. vestuário de proteção, na embalagem e no • Informação relacionada a investigação,
Este parâmetro deve ter em consideração a: manual de instruções. testagem e ensaios de toxicidade, alérgicas,
carcinogênico, toxicidade para reprodução
• Aptidão / características do trabalhador, A norma especifica ainda a marcação e os ou mutagénicas, nos materiais e ainda
nomeadamente características pictogramas aplicáveis ao vestuário de proteção investigações ecotoxicológicas ou outras
antropométricas, deficiências físicas, e os requisitos básicos de saúde e ergonómicos ambientais.
restrições associadas à saúde ocupacional que o seu fabrico deve respeitar, em três Documentação técnica a fornecer pelo
(p.e. imunoalergologia) dos trabalhadores, categorias distintas inocuidade, conceção e fabricante relativamente aos requisitos gerais:
em articulação com o serviço de medicina conforto: • Declaração de conformidade, em como o
do trabalho; produto não contém qualquer substância
• Testagem operacional, designadamente a Inocuidade em níveis que se sabe ou se suspeita que
adequação às tarefas e às próprias O vestuário de proteção não deve afetar afetam adversamente a higiene ou saúde do
expectativas dos trabalhadores. negativamente a higiene e saúde do utilizador.
trabalhador. A degradação dos materiais
REQUISITOS ERGONÓMICOS BÁSICOS DE utilizados não pode acarretar consequências Conceção
SEGURANÇA E SAÚDE nocivas para o seu utilizador, como por exemplo A conceção do vestuário de proteção deve
a libertação de substâncias tóxicas, facilitar o seu ajuste à morfologia do
A norma NP EN ISO 13688 especifica os cancerígenas, mutagénicas, alérgicas, tóxicas ou trabalhador, assegurando a sua correta
requisitos gerais de desempenho para a outras. utilização de acordo com os movimentos e
ergonomia, inocuidade, designação de A análise deve incidir: posturas possíveis de adotar em função a
tamanhos, envelhecimento, compatibilidade e • Especificações dos materiais (verificar a atividade a desenvolver e o período previsível
indicações do vestuário de proteção e a presença de plastificadores, componentes de utilização do vestuário, tendo em conta
informação a ser fornecida pelo fabricante não-reativos, metais pesados, impurezas e os fatores ambientais, como vento, chuva, entre
juntamente com o vestuário de proteção. químicos identificativos de pigmentos e outros.
corantes); A análise deve incidir:
Esta norma apenas deve ser usada em • Dados de segurança relacionados com os • No caso de estar definido em norma
combinação com as normas aplicáveis a riscos materiais; específica, a conceção do vestuário de
específicos que estabelecem os ensaios e • Conformidade dos materiais, no caso de proteção deve assegurar que nenhuma
requisitos de proteção a cumprir por cada tipo utilização na produção de alimentos, parte do corpo fica descoberta (por
29
2.4 ADEQUAÇÃO
exemplo, uma jaqueta não deverá subir inerência à proteção que oferece, restrições
acima da cintura quando os braços estão ergonómicas significativas como por
levantados); exemplo, stress térmico, desconforto
• Quando aplicável, devem ser usados ergonómico, etc., deve ser acompanhado de
equipamentos para formar um conjunto de conselhos ou avisos específicos de acordo,
proteção total, garantindo-se a sua com as aplicações a que se destina.
compatibilidade; Documentação técnica a fornecer pelo
• O fabricante deve demonstrar através dos fabricante relativamente aos requisitos gerais:
ensaios realizados que é garantida a • Conselhos ou avisos específicos no caso de
proteção em zonas de interface, por vestuário de proteção que imponha
exemplo, nas mangas para as luvas, calças incapacidades ergonómicas significantes.
para o calçado e capuz e combinações
respiratórias; Os princípios ergonómicos gerais a utilizar na
• Resistência mecânica mínima do vestuário. conceção e especificação de equipamentos de
proteção individual, encontram-se estabelecidos
Conforto na EN 13921:2007.
O EPI deve providenciar o maior conforto
possível ao trabalhador na execução das suas
tarefas, permitindo movimentos livres e CONSULTA AOS TRABALHADORES
confortáveis ao trabalhador, compatíveis com o Após testagem operacional das opções
nível de proteção garantido as condições selecionadas após prospeção de mercado,
ambientais e a intensidade de uso deverá ser equacionada uma consulta aos
(duração x frequência). trabalhadores no sentido de ser efetuada a
A análise deve incidir: seleção do EPI que melhor satisfaça os requisitos
O vestuário de proteção não deve: e necessidades dos mesmos.
• ter superfícies ásperas, afiadas ou duras, que
possam provocar irritação ou magoar o
trabalhador;
• ser muito justo, folgado e/ou pesado que
interfira com os movimentos;
• o vestuário de proteção que imponha por
30
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Os requisitos sobre os quais o presente guia dos navios de pesca; EN 943-1:2015 + A1:2019 - Vestuário de protec-
assenta tem por base as nomas e legislação ção contra produtos químicos perigosos sólidos,
publicadas até à data da edição: Lei n.º 102/2009 de 10 de setembro - Regime líquidos e gasosos, incluindo aerossóis líquidos e
jurídico da promoção da segurança e saúde no sólidos - Parte 1: requisitos de desempenho para
3.1 Diretivas/Regulamentos trabalho (Atenção: tem várias alterações; fatos protectores químicos tipo 1 ( à prova de
gás);
REGULAMENTO (UE) 2016/425 Decreto-Lei n.º 118/2019 de 21 de agosto -
relativo aos equipamentos de proteção individu- Assegura a execução na ordem jurídica interna NP EN 943-2 - Vestuário de protecção contra
al e que revoga a Diretiva 89/686/CEE do Conse- das obrigações decorrentes do Regulamento produtos químicos perigosos sólidos, líquidos e
lho; (UE) 2016/425, relativo aos equipamentos de gasosos, incluindo aerossóis líquidos e sólidos -
proteção individual; Parte 1: requisitos de desempenho para fatos
Directiva Europeia 2000/54/CE protectores químicos tipo 1 ( à prova de gás)
relativa à protecção dos trabalhadores contra Portaria n.º 208/2021 de 15 de outubro - Proce- para equipas de emergência (EE);
riscos ligados à exposição a agentes biológicos de à primeira alteração da Portaria n.º 988/93, de
durante o trabalho; 6 de outubro, transpondo para a ordem jurídica EN 14605:2005 + A1 2009 - Vestuário de prote-
interna a Diretiva (UE) 2019/1832 da Comissão, çãocontra produtos quimicos líquidos - Requisi-
Directiva 90/679/CEE de 24 de outubro de 2019, que altera os anexos tos relativos ao vestuário cujos elementos de
Relativa à protecção dos trabalhadores contra os I, II e III da Diretiva 89/656/CEE do Conselho no ligação são estanques a liquidos (tipo 3) ou a
riscos ligados à exposição a agentes biológicos que se refere a adaptações estritamente técni- pulverizações (Tipo 4), incluindo os artigos de
durante o trabalho (sétima directiva especial na cas. vestuário que protegem somente certas partes
acepção do nº 1 do artigo 16º da Directiva 89/ do corpo (Tipos PB [3] e PB [4]);
391 /CEE). 3.3 Normas
NP EN 510:2020 - Especificação de vestuário de
3.2 Legislação Nacional As normas em baixo podem ser adquiridas na proteção para utilização quando existe risco de
Loja das Normas do IPQ: entrelaçamento com partes em movimento;
Lei n.º 3/2014 de 28 de janeiro - Procede à
segunda alteração à Lei n.º 102/2009, de 10 de NP EN ISO 13688:2015 - Vestuário de proteção. NP EN ISO 13998:2006 - Vestuário de proteção -
setembro, que aprova o regime jurídico da Requisitos gerais; Aventais, calças e coletes de proteção contra
promoção da segurança e saúde no trabalho, e à cortes e golpes por facas manuais (ISO
segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 116/97, de NP ISSO 45001:2019 - Sistemas de gestão da 13998:2003);
12 de maio, que transpõe para a ordem jurídica segurança e Saúde no trabalho - Requisitos e
interna a Diretiva n.º 93/103/CE, do Conselho, de orientação para a sua utilização; NP EN ISO 13997:2001 - Vestuário de proteção -
23 de novembro, relativa às prescrições mínimas propriedades mecânicas - Determinação da
de segurança e de saúde no trabalho a bordo resistencia ao corte por objectos afiados (ISO
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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13997:1999); NP EN 1073-1:2016 + A1 2019 - Vestuário de NP EN ISO 20471:2015 + A1:2019 - Vestuário de
proteção contra particulas sólidas em suspensão alta visibilidade - Métodos de ensaio e requisitos
NP EN 381 - Vestuário de proteção para utiliza- no ar, incluindo contaminação radioativa - Part - Emenda 1 (ISO 20471:2013/Amd 1:2016);
dores de moto-serras manuais (Atenção: existem 1: Requisitos e métodos de ensaio para vestuário
várias partes); de proteção ventilado por uma linha de ar NP EN ISO 20471:2015 - Vestuário de alta visibili-
comprimido, protegendo o corpo e as vias dade - Métodos de ensaio e requisitos (ISO
NP EN 1149 - Vestuário de proteção - Proprieda- respiratórias; 20471:2013);
des eletrostáticas (Atenção: existem várias
partes); NP EN 1073-2:2004 - Vestuário de proteção NP EN 14126:2006 - Vestuário de proteção -
contra contaminação radioativa - Part 2: Requi- Requisitos de desempenho e métodos de ensaio
NP EN ISO 11612:2016 - Vestuário de proteção - sitos e métodos de ensaio para vestuário de para vestúuário de proteção contra agentes
Vestuário para proteger contra o calor e a chama proteção não ventilado contra a contaminação infecciosos;
- Requisitos mínimos de desempenho (ISO por partículas radioativas;
11612:2015); EN 13921:2007 - Equipamento de protecção
NP EN 342:2019 - Vestuário de proteção - Con- individual - princípios ergonómicos.
EN 61482 - Vestuário de proteção para proteção juntos e peças de vestuário para proteção contra
de arco elétrico (Atenção: várias partes); o frio;
NP ISO 7000:2007 - Símbolos gráficos para uso NP EN 343:2019 - Vestuário de proteção - Prote-
em equipamento - Índices e sinopse; ção contra a chuva;
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