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Higiene Ocupacional – I

RUÍDO
II - CARACTERIZAÇÃO DO RISCO

a) Risco: Toda condição que tem o potencial para causar dano (humano, material,
financeiro).

b) Perigo: É a exposição ao risco, favorecendo a materialização do dano.

Obs.: Se durante a avaliação qualitativa (reconhecimento) for identificada qualquer condição


de perigo, deve-se providenciar imediatamente medida de controle independentemente de
quantificação do risco. Não se pode permitir que o empregado se exponha de tal forma a
sofrer dano à sua saúde ou integridade física.

Para se caracterizar o risco é necessário identificar muito bem esta condição (situação de
exposição) e compara-la com os Limites de Tolerância.

III - CRITÉRIOS LEGAIS E TÉCNICOS:

 Portaria 3.214/78 e suas NR's;


 Normas ISO;
 ACGIH (Associação Norte-Americana de Higienistas Industriais);
 NIOSH
 OIT (Convenções).

IV - LIMITES DE TOLERÂNCIA:

"É a intensidade ou concentração máxima, relacionada com a natureza e o tempo de


exposição aos agentes físicos ou químicos, que não causará dano à saúde da maioria dos
trabalhadores expostos, durante a sua vida laboral".

Obs.: A referência ao termo "maioria dos trabalhadores" deve-se ao fato de existir as


pessoas hipersensíveis, para as quais a exposição mesmo que dentro dos limites de
tolerância pode causar dano à saúde. É importante identificar bem este pequeno número de
trabalhadores, dispensando-lhes tratamento diferenciado e adequado. Não podemos
desprezá-los.

IMPORTANTE:

 Jornada considerada pelos Limites de Tolerância;


 Refletem o atual conhecimento Técnico-científico;
 Situações nas quais não há "dose-resposta";
 Oferecem proteção à "maioria" dos expostos;
 Tipo (média ponderada, valor teto, taxa de exposição, dose);
 Qual a base de tempo sobre a qual é verificado (minuto, hora, jornada, dia, mês);
 O que o L.T. pressupõe evitar?

Ao se utilizar os Limites de Tolerância devemos, ainda, observar:

a) Não são destinados, diretamente ou modificados, pra avaliação e controle de agentes


na comunidade;
b) Como prova de evidência ou não evidência de uma incapacidade física existente;

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c) Para adoção por outros países nos quais as condições de trabalho diferem das do
Brasil, ou no caso dos Limites da ACGIH a nossa jornada difere da dos EUA.
V - O QUE OS LIMITES DE TOLERÂNCIA PRETENDEM EVITAR:

Para o Ruído: Que os expostos não sofrerão efeitos adversos em sua aptidão para ouvir e
compreender conversação normal. Deslocamento de limiar menor que 25 dB para a média
das freqüências de 500, 1.000 e 2.000 Hz.

CAPÍTULO V DO TÍTULO II DA CLT

Artigo 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos Limites de Tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do
agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

VI - RUÍDO

1. INTRODUÇÃO

Ao se falar em ruído é importante observar que tudo começa com a vibração (movimento,
oscilação, balanço e objetivos) de coisas. Quando, através do tato, sentimos a oscilação de
uma corda de violão, sabemos intuitivamente o que é uma vibração. Nem sempre
conseguimos ou podemos perceber esta oscilação. Enquanto a corda do violão se
movimenta (estamos vendo isto ocorrer), o ar ao redor dela também está se movimentando,
mas não conseguimos ver isto acontecer. Por costume, se a oscilação for detectável pelo
tato, ela é chamada de vibração, mas se detectar-mos pelo sistema auditivo conhecemos
por som ou vibração sonora. As vibrações sonoras são detectáveis quando a variação da
pressão do ar atinge valores da ordem de 0,00002 Newton/m² para freqüências ao redor de
1.000 Hz.

a) Som: Qualquer variação na pressão (no ar, água ou algum outro meio) que o ouvido
humano possa detectar. Subjetivamente pode-se definir como um estímulo que produz uma
resposta sensorial no cérebro. A percepção do som produz uma sensação chamada
audição, que é a resposta sensorial principal; demasiadamente baixo, em certas condições
podem produzir-se sensações subjetivas adicionais, desde pressão na cavidade toráxica até
dor nos ouvidos.

a.1) Propagação do som: O ar é formado por moléculas distribuídas uniformemente no


espaço, que se movimentam ao acaso, provocando sobre os demais objetos uma pressão
conhecida como pressão atmosférica. Quando um objeto vibra, ou se movimenta, altera o
valor da pressão normal, provocando compressões e depressões.

b) Ruído e Barulho: Se um som estiver composto por uma freqüência (ou comprimento de
onda) ele é chamado de tom. Na prática é difícil de encontrarmos tom, pois os sons estão
compostos de muitos tons de freqüências diferentes. Se as freqüências estiverem
distribuídas ao acaso, de maneira que sejam imperceptíveis as suas diferenças pelo ouvido
humano, chamamos o som de ruído. O termo ruído é empregado com freqüência para
significar um som não desejado que se escuta, dado que é desagradável, interfere com a
percepção do som desejado e pode ser fisiologicamente danoso.

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c) Pressão Sonora: Conforme descrevemos anteriormente em propagação do som, a


velocidade de propagação da onda depende da temperatura do ar, o que significa que, se a
temperatura for uniforme, a velocidade do som no ar é uma constante. Para se medir a
pressão sonora é necessário ter-se uma pressão de referência. Já que as pressões sonoras
são variações muito pequenas da pressão atmosférica, é conveniente expressar as
pressões sonoras na mesma unidade.

d) Decibel: O decibel (dB) se emprega para expressar o nível de som associado com as
medições de ruído. O som mais baixo que pode ser ouvido por uma pessoa com excelente
audição e lugar silencioso dá-se o valor de 0 dB. A 140 dB se alcança o limiar de dor. Medir
pressão sonora não é tarefa simples. O ouvido humano consegue ouvir entre 0,00002 N/m²,
desde que a pressão sonora esteja compreendida entre 16 a 20.000 Hz, até 200 N/m².
Estudando o problema acerca desta enorme variação/diferença, Weber e Fechner
concluíram que "para haver um aumento na sensação é necessário que a intensidade do
estímulo cresça" e o "aumento na sensação seja proporcional ao logaritmo do estímulo". Isto
significa que quando o estímulo físico é multiplicado por 10, a sensação aumenta em apenas
uma unidade. O meio criado para se conseguir, na prática, medir o som, foi uma relação
logarítmica, expressa em decibéis (dB), entre uma pressão arbitrariamente adotada e a
pressão sonora real que existe no local. Esta relação é dada pela forma: NPS = 20 log P/Po,
onde:
P = Pressão real que existe no local.
Po = Pressão de referência (0,00002 n/m²).

2. COMO OUVIMOS

O ouvido externo atua como um escudo e conduz as vibrações sonoras até o tímpano
através do conduto auditivo. O tímpano vibra em resposta às ondas sonoras que chegam até
ele. Por sua vez, este movimento vibratório é transmitido em cadeia de três ossículos do
ouvido médio, que conduzem a vibração sonora através do ar que chega na cavidade do
ouvido interno. A ação vibratória destes ossículos provoca ondas nesse fluido, que por sua
vez estimulam células ciliadas microscópicas, que geram impulsos nervosos, transmitindo-as
ao longo do nervo auditivo até o cérebro, onde são interpretados.

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4. COMBINAÇÃO DE NÍVEIS SONOROS:

Podemos observar que o decibel não é uma unidade. É apenas uma relação entre duas
grandezas variáveis, uma das quais adotadas como referência.

Observando os cálculos feitos anteriormente, notamos que o decibel não é linear e, em


conseqüência, os dB não podem ser adicionados ou subtraídos aritmeticamente. Se existir
em uma sala dois equipamentos com mesmo nível sonoro, por exemplo, 80 dB cada um, o
resultante será 83 dB e não 160dB. Portanto criou-se uma tabela que facilita o cálculo,
quando se necessita efetuar a combinação de níveis sonoros, a saber.

Diferença entre os Quantidade a ser adicionado


níveis (dB) ao maior nível (dB)
0,0 3,0
0,2 2,9
0,4 2,8
0,6 2,7
0,8 2,6
1,0 2,5
1,5 2,3
2,0 2,1
2,5 2,0
3,0 1,8
3,5 1,6
4,0 1,5
4,5 1,3
5,0 1,2
5,5 1,1
6,0 1,0
6,5 0,9
7,0 0,8
7,5 0,7
8,0 0,6
9,0 0,5
10,0 0,4
11,0 0,3
13,0 0,2
15,0 0,1

Exercícios de Fixação: Combine:

a) 95 e 95 =

b) 95 e 90 =

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c) 95 e 80 =

d) 95 e 93 =

e) 95 e 85 =

f) 95 e 75 =

g) 95; 91 e 89 =

h) 90,5; 86; 59 e 88 =

5 - CARACTERÍSTICAS DE APARELHOS DE MEDIÇÃO:


Os aparelhos para medir NPS ou NS são chamados de medidores de Nível de Pressão
Sonora ou Medidores de Nível Sonoro, eventualmente de sonômetros.
Embora tecnicamente incorreto, na prática, são conhecidos simplesmente como
decibelímetros.
O microfone é peça fundamental no circuito, sendo sua função a de transformar um sinal
mecânico (vibração sonora) em um sinal elétrico. O circuito de medição dos aparelhos pode
ter respostas lentas ou rápidas. A resposta lenta facilita as medições quando o barulho varia
excessivamente, obtendo-se com ela um valor "médio". A resposta rápida utiliza-se quando
o barulho é contínuo e de nível constante (ou quase constante) e quando se pretende
determinar valores extremos do barulho intermitente. Quando o barulho é do tipo impulsivo
ou de impacto (um disparo ou uma martelada), o circuito do equipamento deve estar
especialmente aparelhado.
Na seleção de equipamento de medição, além das características acima devemos ponderar
a real possibilidade de se obter assistência técnica junto aos fabricantes, pois o uso deste
tipo de equipamento obriga a freqüentes revisões, calibrações ou troca de peças
danificadas.
Importante, ainda é que os aparelhos devem seguir normas ou especificações aceitas
internacionalmente do tipo IEC 123 ou IEC 179, para se ter a necessária confiabilidade nas
medições feitas.

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6 - ANEXOS 1 E 2 DA NR 15:

Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou


Intermitente
Exceder a unidade, a exposição estar acima do
NÍVEL DE limite de tolerância.
MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA
RUÍDO
PERMISSÍVEL
DB (A) Na equação acima Cn indica o tempo total em que
85 8 horas o trabalhador fica exposto a um nível de ruído
86 7 horas específico e Tn indica a máxima exposição diária
87 6 horas permissível a este nível, segundo o Quadro deste
88 5 horas anexo.
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas 7. as atividades ou operações que exponham os
91 3 horas e 30 minutos trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou
92 3 horas intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção
93 2 horas e 40 minutos adequada, oferecerão risco grave e iminente.
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE
96 1 hora e 45 minutos
IMPACTO
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora 1. Entende-se por ruído de impacto aquele que
102 45 minutos apresenta picos de energia acústica de duração
104 35 minutos inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a
105 30 minutos 1 (um) segundo.
106 25 minutos
108 20 minutos 2. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em
110 15 minutos decibéis (dB), com medidor de nível de pressão
112 10 minutos sonora operando no circuito linear e circuito de
114 8 minutos resposta para impacto. As leituras devem ser feitas
115 7 minutos próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de
tolerância para ruído de impacto será de 130 dB
1. Entende-se por Ruído Continuo ou intermitente, (LINEAR). Nos intervalos entre os picos, o ruído
para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.
o ruído que não seja ruído de impacto.
3. Em caso de não se dispor de medidor do nível
2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente de pressão sonora com circuito de resposta para
devem ser medidos em decibéis (dB) com impacto, será válida a leitura feita no circuito de
instrumento de nível de pressão sonora operando resposta rápida (FAST) e circuito de compensação
no circuito de compensação "A" e circuito de "C". Neste caso, o limite de tolerância será de 120
resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas dB(C).
próximas ao ouvido do trabalhador.
4. As atividades ou operações que exponham, os
3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de
devem exceder os limites de tolerância fixados no ruído de impacto superiores a 140 dB(LINEAR),
quadro deste anexo. medidos do circuito de resposta para impacto, ou
superiores a 130 dB©, medidos no circuito de
4. Para os valores encontrados de nível de ruído resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e
intermediário será considerada a máxima iminente.
exposição diária permissível relativa ao nível
imediatamente mais elevado.

5. Não é permitida exposição a níveis de ruído


acima de 115 dB (A) para indivíduos que não
estejam adequadamente protegidos.

6. se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois


ou mais períodos de exposição a ruído de
diferentes níveis, devem ser considerados os seus
efeitos combinados, de forma que, se a soma das
seguintes frações:

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7 - NÍVEL EQUIVALENTE

É o nível de pressão sonora que representa a dose.

É ainda o nível que, se ficarmos expostos a ele durante a jornada, indica que teremos a
mesma exposição de quem ficar exposto a vários níveis.

Pode ser calculado pela seguinte equação:

Leq = log D + 5,117/0,06.

Onde D é a dose de ruído.

Exercício de fixação:

1. calcule a exposição abaixo:

Nível em dB(A) Tempo


85 6 horas
90 2 horas

A exposição excede o limite de tolerância?

Qual o valor da Dose?

Qual é o nível equivalente?

2. Calcule:

Nível em dB(A) Tempo


87 3 horas
100 3 horas
95 1 hora
77 1 hora

A exposição excede o limite de tolerância?

Qual o valor da Dose?

Qual é o nível equivalente?

3. Na mesma empresa, um empregado trabalha toda a jornada (8 horas) exposto a 95


dB(A).
Qual a dose deste empregado?

Qual a conclusão?

O que "95 dB(A)" representa na exposição do exercício nº 2?


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