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Noções básicas sobre

Inspeção em Guindastes

Autor: Ronaldo G. Cruz


Setembro 2007
Rev.3
Módulo 1 O GUINDASTE

1.1 Introdução

O papel fundamental exercido pelos guindastes em unidades marítimas de


exploração e produção de petróleo não foi reconhecido de imediato no Brasil,
foram necessários alguns anos de convívio, e com certeza, algumas duras
lições. Finalmente apontados como “os braços” de plataformas marítimas,
temos visto que a proporção que cresce a utilização e demanda destes
equipamentos, cresce também a preocupação com a segurança,
manutenção e disponibilidade destas unidades e, conseqüentemente, a
necessidade do aperfeiçoamento da mão de obra envolvida com os serviços
em questão.
Destinado a técnicos de formação mecânica, podemos resumidamente
apontar três objetivos básicos do treinamento proposto:
– Apresentar o equipamento. Transmitindo ao treinando informações que o
possibilitem no futuro identificar o tipo de máquina, seus componentes e
princípios de funcionamento;
– Aplicar conceitos de inspeção sobre o equipamento. Informando
referências para avaliação estrutural e funcional de componentes.
– Demonstrar formas de registros de inspeção. Indicando a execução de
registros técnicos confiáveis.
A ênfase em guindastes offshore, a ser efetuada no treinamento, se justifica
pelo avançado estágio de desenvolvimento dos serviços de inspeção nestes
equipamentos, assim como o caráter assumido por estes serviços na
PETROBRAS, devido à elevada responsabilidade atribuída a estas unidades.
O treinamento também fornece base fundamental para avaliação de guin-
dastes de aplicação onshore.

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1.1.1 Os principais componentes

Familiarizar-se com a denomi nação dos componentes do guindaste é


fundamental para a compreensão e elaboração adequada de relatos sobre
irregularidades detectadas nestes equipamentos. Com este objetivo
transcrevemos a seguir na TABELA 1 alguns termos utilizados para
identificação de partes destes equipamentos, adiante teceremos
observações mais detalhadas sobre suas características estruturais e
funcionais. As FIGURAS 1 e 2 indicam alguns dos componentes
relacionados.

TABELA 1 – Nomenclatura de componentes


Item Denominação Descrição
1 Pedestal Base de suporte do guindaste
2 Pedestal adaptador Parte do pedestal fornecida pelo
fabricante do guindaste, instalada entre o
pedestal e o guindaste.
3 Rolamento de giro Base de giro do guindaste constituído de
pistas interna e externa,roletes ou esferas.
4 Mesa de giro Base de giro onde são apoiados roletes
de grande diâmetro
5 Suportes de rolete Elemento de ligação chassi mesa de giro,
onde são fixados roletes
6 Chassi Estrutura de suporte da cabine, casa de
máquinas e etc.. apoiada sobre o
rolamento.
7 Lança Estrutura de suporte da carga içada.
8 Cordas Elementos principais da lança.
9 Contraventamentos Elementos secundários da lança.
(treliças)
10 Pinos do pé da lança Elemento de ligação da lança com chassi.
11 Contrapeso Pesos instalados na traseira do guindaste
e apoiados sobre chassi.
12 Cabo de carga Cabo instalado c/ número de pernadas
principal >1, ou único cabo de içamento .
13 Cabo de carga Utilizado para içamento de cargas em 1
auxiliar pernada de cabo, quando instalado cabo
principal.

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TABELA 1(cont.) – Nomenclatura de componentes
Item Denominação Descrição
14 Cabo da lança Cabo de sustentação e movimentação da
lança
15 Pendentes ou Elementos de sustentação da lança,
tensores conectado ao cabo da lança.
16 Tambores Destinados a acomodação/movimentação
dos cabos de aço .
17 Cabine Onde estão localizados os comandos e
controles do equipamento.
18 Cavalete Elemento de sustentação do(s) cabos da
lança
19 Cilindros hidráulicos Elemento de sustentação/movimentação
da lança
(guindaste box boom)
20 Batentes telescópicos Limitadores de movimento de elevação da
lança
21 Bola peso Acessórios de içamento utilizado com
uma linha de cabo de aço.
22 Moitão Acessório de içamento utilizado com mais
de uma linha de cabo de aço.
23 Gancho Componente do moitão/bola peso
responsável pela conexão com a carga
içada ou eslinga a ela fixada.
24 Eslinga (extensão) Trecho de cabo de aço dotado de
acessórios de sustentação.
25 Roldanas Elementos destinados a guiar e permitir a
movimentação dos cabos de aço.
26 Sela fixa Conjunto roldanas instalado no cavalete
27 Cadernal ou sela Conjunto de roldanas do sistema de lança
flutuante instaladas entre a sela fixa e a ponta da
lança.

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FIGURA 1

FIGURA 2

4
1.1.2 Tipos de guindastes

A diversidade de fabricantes e modelos de guindastes disponíveis no


mercado a nível mundial é muito grande, principalmente para aplicação
offshore. Em geral estes equipamentos tem como base certas
características que permitem o enquadramento em tipos diferentes de
guindastes, conforme podemos ver a seguir.

FIGURA 3 - Box boom


• Lança tipo "caixão"
• Movimentação de lança
através de cilindros
hidráulicos.
• Freqüentemente
utilizado em embarcações.
• Grande relação peso/
capacidade

FIGURA 4 - King post

• Lança treliçada
• Cavalete elevado
• Utilização de pequeno
rolamento para giro

5
FIGURA 5 - Onshore adaptado

• Lança treliçada
• Rolamento ou mesa de giro de
grande diâmetro
• Cavalete baixo
• Presença de contrapeso

FIGURA 6 - Offshore com rolamento de giro

• Lança treliçada
• Rolamento de giro de grande diâmetro
• Cavalete elevado
• Mais comum em unidades fixas

FIGURA 7 - Knucle boom

• Lança "caixão" articulada


• Movimento de lança através de cilindros
hidráulicos
• Grande relação peso/capacidade
• Tem sido utilizado em embarcações
(FPSO´s)

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1.2 Princípios de projeto

1.2.1 Equilíbrio de esforços


É intuitivo percebermos que um princípio básico presente no projeto destes
equipamentos é o equilíbrio de momento (produto força x distância), isto é,
para uma determinada carga suspensa pela lança de um guindaste é
necessário um esforço equivalente e oposto presente. Contribuem para tal
efeito o peso de componentes como a lança, o contrapeso, o chassi e toda
estrutura montada sobre o mesmo, sendo que o saldo resultante das
diferentes contribuições, seja este orientado de modo a “tombar” o
equipamento para frente ou para trás, anulado pela reação imposta pela
conexão com mesa ou rolamento de giro.
Tomemos por exemplo, um guindaste de comprimento de lança L (FIGURA
8), dividida em seções, nas seguintes situações:
a) Efetuando um içamento a uma distância bem próxima a L, ou seja,
com a lança bastante distendida;
b) Içando cargas a uma distância de 0,5 L. Desta forma estamos com a
lança elevada em relação a horizontal.

FIGURA 8

Pela equação de momento, o guindaste deve elevar cargas maiores na


condição b), uma vez que o braço de alavanca é menor que na condição a),
permitindo com isto que uma carga maior seja suspensa. Comportamentos
diferentes em relação e este podem ocorrer, mas sem dúvida não são
comuns e podem denotar problemas no projeto do equipamento. Notemos
que tal analogia é válida também para condições em que o comprimento total
da lança é reduzido, pela remoção de seções. Neste caso também devemos
ter uma maior capacidade de içamento para um mesmo ângulo de lança,
pois o braço de alavanca é reduzido.
O esforço capaz de provocar o colapso do equipamento é denominado de
momento de tombamento, e pode fazer com que um equipamento onshore,
como um guindaste sobre esteiras ou rodas, eleve sua traseira até o
tombamento, e derrubar uma unidade offshore do pedestal.

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Fatores complementares contribuem para determinação da capacidade de
içamento do guindaste, tanto a nível estrutural, mas especificamente atrelado
a resistência mecânica de componentes, como relacionado a potência
disponível, esta por sua vez é função da forma de acionamento a ser
utilizada. Tais fatores serão abordados quando tratarmos o assunto
TABELAS DE CARGA.

1.2.2 Características específicas


A percepção das condições diferenciadas de operação entre os serviços on
e offshore, determinaram a necessidade de estabelecimento de
características estruturais e funcionais destinadas a garantir a segurança e
adequabilidade dos projetos destinados ao uso offshore. A seguir,
abordamos as mais marcantes.
Momento de tombamento
Em uma unidade onshore o contra -
peso é elemento fundamental para
garantia de equilíbrio em
operações, podendo determinar a
capacidade máxima do equipa-
mento (FIGURA 9). Nesta condição,
mesmo que o momento resultante
dos esforços presentes (peso pró-
prio de componentes e carga sus -
pensa), possa ser suportado pelos
elementos constituintes da mesa ou
rolamento de giro, a massa do con-
trapeso poderá permitir o tomba-
mento da máquina, uma vez que
esta não está “ancorada” no solo.
Mas o uso do contrapeso para estes
guindastes é benéfico, pois é possí-
vel efetuar-se alterações como au-
mento de comprimento de lança
sem comprometimento da capaci-
dade de içamento, bastando adicio- FIGURA 9
nar-se massa ao contrapeso. Esta
operação é facilitada também pela viabilidade de locomoção da unidade,
permitindo que outro guindaste posicione adequadamente o acréscimo de
contrapeso.
As unidades offshore que utilizam contrapeso são equipamentos mais
antigos, em geral provenientes de adaptações de guindastes onshore. A
presença destes itens não é prática, pois em geral em uma plataforma um
guindaste não possui alcance suficiente para efetuar operações de
montagem ou re moção de contrapesos em outro guindaste, podendo ainda
aumentar significativamente o peso total do equipamento, o que afetaria o

8
projeto de sua fixação no convés. Nesta condição de serviço, a mesa ou
rolamento de giro passam a ter a responsabilidade de manter o
equipamento firme no pedestal.
Carregamento dinâmico
Quando em operações sobre o mar, a diferença de velocidade relativa entre
o gancho do sistema de elevação de carga e a carga posicionada no
convés de uma embarcação, pode transferir ao guindaste esforços
elevados pelo tensionamento brusco do cabo de aço. Denomina-se
carregamento dinâmico a ocorrência citada acima, podendo o choque
resultar em uma aplicação de esforços bastante superiores ao peso da
carga içada. De modo a suportar tal ocorrência, as unidades offshore
possuem reforços estruturais na fixação de tambores, projeto do cavalete
etc.. , bem como utilizam componentes de resistência mecânica superior
que os correspondentes em equipamentos de uso onshore, a exemplo de
suportes de rolete empregados em mesas de giro. Tal fato também
influencia as condições de carregamento, sendo necessário considerar-se
fatores de segurança diferenciados para operações sobre o mar e convés
para estes equipamentos.
Intensa movimentação de lança
A condição de equipamento fixo
em pedestal (FIGURA 10) faz com
que uma unidade offshore efetue
intensa movimentação de lança de
modo a posicionar ou elevar de-
terminada carga situada em pontos
diferentes da plataforma. O dimen-
sionamento do tambor destinado a
acomodação do cabo de aço deste
sistema demandará atenção, de
modo a evitar desgaste prematuro
neste acessório, bem como danos
resultantes do seu constante en-
rolamento e desenrolamento no
tambor. Em geral, estes tambores
são de diâmetros maiores se com-
parados a aqueles instalados em
unidades onshore, uma vez que,
conforme veremos adiante, tal fato
reduz os esforços transmitidos ao
cabo de aço.
FIGURA 10

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1.2.3 A evolução tecnológica
O desenvolvimento do guindaste destinado especificamente ao uso
offshore não se limitou apenas a mudanças no campo estrutural, podemos
citar também:
• Surgem opções as formas de acionamento até então empregadas, que
reduziram a quantidade de componentes mecânicos, como a utilização
de sistemas hidráulicos, reduzindo consequentemente a possibilidade
de ocorrências de falhas e intervenções frequentes de manutenção para
ajustes ou substituição destes itens;
• Seleção de métodos de proteção anticorrosiva, sendo exemplo bem
atual, a difusão de processos de metalização em lanças de guindastes,
assim como emprego de materiais como fibra de vidro para guarda
corpos e pisos de passadiços;
• O comando e controle das operações demandaram atenção especial em
função dos riscos inerentes a condição de serviço, como exposição a
atmosfera explosiva e proximidade a equipamentos operando com alta
pressão ou com líquidos inflamáveis. Estão atrelados a tais
características de serviço, o emprego de sistemas de monitoração de
carga, desenvolvimento de dispositivos de segurança inteligentes, bem
como de operação em emergência .
Alguns exemplos dos tópicos acima serão discutidos ainda neste programa,
quando poderemos visualizar de forma mais completa suas principais
características.
A precisão e facilidade com que é possível operar um guindaste moderno
com capacidade de 50 ton., por exemplo, é capaz de surpreender qualquer
um. Mas não devemos esquecer que estão presentes muitos variáveis, e
mesmo que existam dispositivos que evitariam a ocorrência de acidentes, é
necessário conhecimento dos sistemas para que estes estejam devida-
mente ajustados e acionados. Apesar de termos nos referido até o mo-
mento ao equipamento, não podemos deixar de considerar a necessidade
de desenvolvimento de mão de obra qualificada para operação dos
guindastes, e também para apoio as operações na unidade offshore, como
por exemplo, quando o local para onde se destina a carga está fora do seu
campo de visão.
Hoje estão disponíveis no mer-
cado internacional simuladores
de operação de guindastes off-
shore (FIGURA 11), semelhantes
a aqueles utilizados na avi ação
civil, sendo alguns já utilizados
por empresas de E&P no mar do
Norte em programas de qualifi-
cação de operadores.
FIGURA 11

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1.3 Tabelas de carga

1.3.1 Definições
A tabela de carga determina as condições para utilização dos guindastes, o
desconhecimento ou a interpretação equivocada deste documento pode ter
conseqüências graves para o equipamento e a instalação. Portanto
anteriormente a sua apresentação, considere algumas definições para as
informações contidas nas tabelas.
• Comprimento da lança - corresponde a distância entre o pé da lança e
sua extremidade;
• Raio de giro (ou alcance) - representa a distância horizontal a partir do
centro de giro do guindaste até a linha vertical traçada sob o gancho em
utilização;
• Ângulo da lança - corresponde ao ângulo formado entre a lança e a
horizontal, tomado como referência o pé da lança ;
• Número de pernadas de cabo - quando referenciado ao cabo de carga
principal, informa a quantidade de passadas de cabo entre a ponta da lança
e o moitão. Para o cabo de lança, representa a quantidade de passadas
entre a sela fixa e a sela flutuante ou ponta de lança;
• Capacidade estática - corresponde aos pesos das cargas que podem ser
içados a partir do convés;
• Capacidade dinâmica - pesos que podem ser içados a partir de uma
embarcação, portanto diante de efeitos de carga dinâmica. Para condições
adversas de mar, estes valores podem ser mais reduzidos constando
também da tabela de carga ;
• Altura de onda - Outro indicativo de estado de mar. Sua avaliação pode
ser efetuada a partir de referências na unidade marítima. Atualmente é a
referência mais utilizada nos documentos em questão.

1.3.2 Tipos de tabelas

As tabelas podem ser apresentadas de diferentes maneiras em função da


solicitação do comprador do guindaste, do projeto do equipamento e dos
padrões estabelecidos pelos diferentes fabricantes. Vejamos como alguns
dos fatores citados acima influenciam diretamente na forma de
apresentação destes documentos, nas ocorrências mais comuns.
a) Lanças divididas em seções - uma vez realizada a remoção de seções,
para os mesmos raios de alcance torna-se necessário reduzir a
capacidade, em uma nova condição de equilíbrio. É então de se
esperar a disponibilidade de tabelas para diferentes comprimentos de
lança em um mesmo de equipamento;

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b) Número de pernadas do cabo de carga principal variável - a alteração do
arranjo pode permitir aumento ou determinar redução de capacidades.
Portanto novos grupos de tabelas devem estar disponíveis.
c) Condição de mar - a mais comum responsável por determinação de
tabelas diferenciadas de operação, uma vez que com a piora das
condições de mar aumenta o carregamento dinâmico, tornando
necessário o fornecimento de tabelas complementares.
Notemos que os exemplos citados acima não são os únicos que podem
requerer o estabelecimento de no vas tabelas de carga, mas são
considerados os mais rotineiros no dia a dia da operação de guindastes,
sendo comum o fornecimento antecipado de tabelas pelo fabricante. Já
eventos como danos em lanças, substituição de elementos acionadores por
outros de menor potência, empregos de acessórios de menor resistência ou
mesmo falhas de outros elementos estruturais podem demandar uma
avaliação posterior pelo fabricante para estabelecimento de alterações nas
tabelas originais ou elaboração de novas.

1.3.3 Leitura de uma tabela

1.3.3.1 Exemplo básico

Abaixo foram transcritas duas tabelas de carga: TABELA 2 (carga principal)


TABELA 3 (auxiliar), estabelecidas para um mesmo comprimento de lança
instalado em um guindaste. Também está informado o número de pernadas
do cabo de carga principal, notemos ainda que estão indicadas nas tabelas
as capacidades estática e dinâmica.
TABELA 2 – Tabela de carga do guincho principal
Número de linhas - 4 pernadas de cabo
Compr. de Ângulo Raio Capacidade Capacidade
lança (m) (graus) (m) estática dinâmica (ton.)
(ton.)
80 8,3 20 15
70 13,9 20 15
120 ft 60 19,2 18 12
50 24,0 15 9
40 28,2 12 6
30 31,5 10 4
20 34,0 8 3

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TABELA 3 – Tabela de carga guincho auxiliar
Número de linhas - 1 pernada de cabo
Compr. de Ângulo Raio Capacidade Capacidade
lança (m) (graus) (m) estática dinâmica (ton.)
(ton.)
80 8,8 7,5 7,5
70 15,0 7,5 7,5
120 ft 60 20,7 7,5 7,5
50 26,5 7,5 7,5
40 30,5 7,5 6
30 34,2 7,5 4
20 36,7 7,5 3

Vamos observar os dados básicos contidos nas duas tabelas:


TABELA 2
a) É prevista operação do guincho principal a partir de um ângulo de 20
graus, que corresponde a um raio de 34 m;
b) A proporção que eleva -se o ângulo da lança, a capacidade do guindaste
aumenta;
c) A capacidade mínima prevista para o equipamento é de 8 ton. sobre o
convés e 3 ton sobre o mar, correspondendo a condição citada em a);
d) O equipamento pode operar até o ângulo máximo de inclinação da lança
de 80 graus, ou a um raio de 8,3 m ;
e) A capacidade máxima corresponde a 20 ton. sobre o convés e 15 ton.
sobre o mar; ocorrendo na condição citada em d);
f) Há um a redução significativa de capacidade de içamento para
operações na condição dinâmica em relação a estática em todos os
ângulos da lança .
Consideremos o içamento de uma carga de 15 ton sobre o convés.
Tal operação deveria ser iniciada no ângulo mínimo de 50 graus ( ), e uma
vez iniciado o carregamento não é possível o abaixamento da lança, sendo
viável apenas a elevação da mesma, pois para ângulos maiores a
capacidade aumenta . Na condição dinâmica, o mesmo içamento apenas
poderia ser efetuado a partir de um ângulo de 70 graus ( ).

13
TABELA 3
g) É prevista operação do guincho principal a partir de um ângulo de 20
graus , que corresponde a um raio de 36,7 m;
h) A proporção que eleva -se o ângulo da lança, a capacidade do guindaste
aumenta;
i) A capacidade mínima prevista para o equipamento é de 7,5 ton. em
todos os ângulos para operações sobre o convés e 3 ton sobre o mar,
esta correspondendo a condição citada em a);
j) O equipamento pode operar até o ângulo máximo de inclinação da lança
de 80 graus , ou a um raio de 8,8 m;
k) A capacidade máxima corresponde a 7,5 ton. sobre o convés e sobre o
mar, esta ocorrendo na condição citada em d);
l) Há um a redução significativa de capacidade de içamento para
operações na condição dinâmica em relação a estática a partir de 40
graus de inclinação da lança.
A elevação de 6 ton. sobre o convés poderia ser iniciada a partir de
qualquer ângulo de lança, uma vez que a capacidade de içamento é
constante . Na condição dinâmica, a retirada da carga da embarcação
deveria ocorrer a partir dos 40 graus ( ) de inclinação de lança .

Sobre a comparação entre as duas tabelas:


• Os raios de trabalho são diferentes para os mesmos ângulos, uma vez
que o cabo de carga auxiliar deixa a lança em uma posição cerca de 3
m a frente do ponto onde o cabo principal o faz.
• Aparentemente a TABELA 2 determina a condição de equilíbrio ou
limitação estrutural do equipamento na condição dinâmica, isto pode ser
visto pela indicação de mesma capacidade do guincho auxiliar até 40
graus de inclinação da lança na condição dinâmica (TABELA 3), em
relação ao mesmo trecho da primeira tabela nesta mesma condição. Isto
pode significar que apesar do guincho auxiliar poder receber 7,5 ton. na
condição dinâmica , a estrutura do equipamento não poderia resistir a
cargas como esta abaixo de 40 graus de lança.
• O cabo de carga principal, instalado com 4 pernas, pode sustentar até 5
ton por perna, já o cabo auxiliar sustentaria 7,5 ton.

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Estas são tabelas bem simples, onde o fabricante não especifica a
condição de mar, sendo possível que o equipamento esteja
superdimensionado para trabalhos nesta condição. Ou seja, estas
poderiam ter sido estabelecidas para alturas de onda de 4 m, mas em
condições de mar mais calmo (p. ex: 2m) o equipamento poderia içar
cargas maiores que as estabelecidas inicialmente.

1.3.3.2 Efeitos da condição de mar

A seguir encontram-se as TABELAS 4 e 5 para o mesmo equipamento,


mas estruturadas de forma mais atual, onde podemos perceber a redução
de capacidade do guindaste em função da piora do estado de mar. Nestas
podemos ainda observar o que seria a constatação do
superdimensionamento do guindaste diante da utilização das TABELAS 2
e 3, conforme especulado acima, uma vez que os valores re lativos a
operação na condição dinâmica representam a pior condição de
carregamento nas tabelas mais completas.
A utilização das tabelas dependerá de uma avaliação da condição de mar
e da subsequente seleção da altura de onda adequada, a leitura deve ser
efetuada de forma semelhante ao exemplo anterior.

TABELA 4 – Tabela de carga do guincho principal


Número de linhas - 4 pernadas de cabo
Compr. Ângulo Raio Capacidade Capacidade dinâmica (ton.)
de (graus) (m) estática Altura de onda (m)
lança
(ton.)
(m) 1 2 3 4

80 8,3 20 19 18 16 15
70 13,9 20 19 18 16 15
60 19,2 18 17 16 14 12
120 ft 50 24,0 15 13 11 10 9
40 28,2 12 10 08 07 6
30 31,5 10 08 06 05 4
20 34,0 8 08 06 05 3

15
TABELA 5 – Tabela de carga do guincho auxiliar
Número de linhas -. Uma pernada de cabo
Compr. Ângulo Raio Capacidade Capacidade dinâmica (ton.)
de (graus) (m) estática Altura de onda (m)
lança
(ton.) 1 2 3 4
(m)

80 8,8 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5


70 15,0 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5
120 ft 60 20,7 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5
50 26,5 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5
40 30,5 7,5 7,5 7,5 6,5 6
30 34,2 7,5 7,5 6,5 5 4
20 36,7 7,5 7,5 5,5 5 3

1.3.3.3 Alterando a configuração de cabos

Outra leitura interessante pode ser a efetuada para a TABELA 6 abaixo,


que na realidade corresponde a TABELA 2, mas desta vez indicando o
comportamento da capacidade do equipamento na condição estática ao
alterar-se o número de pernadas do cabo de carga.
TABELA 6 – Tabela de carga do guincho principal
Compr. de Ângulo Raio Capacidade estática (ton.)
lança (m) (graus) (m)
4 pernadas 2 pernadas

80 8,3 20 10
70 13,9 20 10
120 ft 60 19,2 18 10
50 24,0 15 10
40 28,2 12 10
30 31,5 10 10
20 34,0 8 8

16
A redução do número de pernadas de cabo faz com que o guindaste opere
com no máximo 10 ton para ângulos superiores a 30 graus, sendo mantida
esta capacidade como constante. As possíveis causas para tal
comportamento serão discutidas no item 1.3.4 (Composição de uma tabela
de carga).

Como exemplo real de uma tabela de carga, veja a seguir a fornecida por
um fabricante de guindastes na FIGURA 12 para o equipamento da
FIGURA 13.

FIGURA 13

FIGURA 13

17
Nota : É usual o fornecimento da tabela de carga em forma de um gráfico, o
que é bastante interessante, pois fornece de maneira mais eficiente a
visualização de como se comporta a curva de carregamento da máquina
Abaixo na FIGURA 14 representamos a curva estabelecida para a TABELA
2, onde representamos a condição estática e dinâmica.

FIGURA 14

1.3.4 Composição de uma tabela


Vimos nos itens anteriores diferentes formas de apresentação das tabelas
de carga, algumas resultantes de diferentes configurações do equipamento
ou componentes ou nível de detalhamento de projeto. De modo a permitir
uma visualização de como tais tabelas são concebidas, tomemos
novamente como exemplo a TABELA 2.
Pergunta-se por que a capacidade máxima do guindaste apenas foi obtida
em um ângulo de 70 graus ? Estaria tal fato atrelado ao momento resultante
? Se calcularmos tal esforço para todos os pontos da tabela, vemos que o
momento máximo é de 360.000 kgf.m , correspondendo ao carregamento
de 15 ton. no raio de 24 m . Caso aplicássemos a carga de 20 ton. a partir
do raio de 19,2 m obteríamos um momento de 384.000 kgf.m, superior ao
valor máximo informado anteriormente, logo esta poderia ser uma limitação
identificada. Mas porque a capacidade em 80 graus permaneceu 20 ton. e
não aumentou já que o momento neste raio é de apenas 166.000 kgf.m ? A
resposta para este comportamento pode ser a resistência do cabo de carga,
uma vez que não ultrapassar o fator de segurança atrelado a este
componente passou a ser a limitante.

18
Portanto, além dos esforços de momento outras variáveis devem ser
consideradas para estabelecimento de uma tabela de carga, como esforço
máximo admissível de tração no cabo de carga e cabo da lança. Ao
considerar-se estes fatores pode se obter diferentes formas e
características das curvas de carga para um determinado projeto de um
único equipamento. Vejamos como exemplo a FIGURA 15 a seguir, onde
estão representados valores de carga que devem ser aplicados ao
equipamento de modo a manter constante e no valor máximo os seguintes
esforços, considerados como limitantes:
Curva A – carga de tração admissível no cabo de carga principal,
considerando-se o fator de segurança requerido. Este valor é constante
com o raio de operação, pois o esforço é aplicado diretamente no
acessório;
Curva B – curva de momento máximo constante. A manutenção do
momento máximo como constante requer que a carga aplicada seja
inicialmente alta , sendo reduzida a proporção que o raio aumenta, já que o
momento é o resultado do produto carga x raio;
Curva C – curva de esforço de tração máxima no cabo de lança. Neste
caso a geometria do equipamento determina que a carga também seja
inicialmente alta e venha sendo reduzida com o aumento do raio. Em geral
os maiores esforços de tração no cabo de lança ocorrem em ângulos de
inclinação da lança reduzidos.

Variáveis de uma Tabela de Carga

Tração máxima no
Carga -->

cabo Lança

Momento Máximo

Tração máxima no
cabo de carga

Tabela de Carga

FIGURA 15 Raio -->

19
Por fim, a curva de carga que pode ser atribuída ao guindaste corresponde
a integração das 3 c urvas A, B e C, ( indicada em ) ou seja a utilização
dos valores de carga mais baixos que resultam nos esforços limitantes
considerados . Desta forma o peso do comprometimento de cada esforço é
diferenciado.
Na TABELA 2, conforme citamos acima, o comprometimento maior está
atrelado ao momento, tanto que apenas há influencia do cabo de carga nos
ângulos de 70 e 80 graus, e do cabo da lança provavelmente no raio
máximo onde temos um valor baixo de momento (272.000 kgf.m) e uma
sobra de capacidade do cabo de carga. Se a carga neste ponto fosse 10
ton, o momento seria menor que o máximo e o cabo ainda estaria
submetido ao esforço inferior (2,5 ton) ao máximo de 5 ton.
Outro exemplo
Esta discussão nos retorna a interpretação da TABELA 6, (vide item
1.3.3.3), pois o complemento para uso de 2 pernadas mostra que o fator
limitante passa a ser o cabo de carga entre os ângulos de 40 e 70 graus,
veja as observações:
a) Apesar da quantidade de pernadas de cabo ter sido reduzido a
metade, para o ângulo de 20 graus manteve-se a capacidade de 8 ton
. Isto pode ser explicado pelo fato da carga máxima a que cada perna
do cabo é submetida corresponder a 5 ton. ( 70 e 80 graus ) na tabela
para 4 pernadas, ou seja 5 ton. por perna, então o fator limitante seria
a estrutura ou seu equilíbrio , mantendo a carga de 8 ton. prevista na
montagem original. A mesma observação vale para o ângulo de 30
graus na coluna referente a 2 pernadas;
b) A partir de 40 graus a carga por perna de cabo na condição 2
pernadas não permite manter a capacidade original, pois o esforço de
tração por pernada seria de 6 ton, valor este superior ao máximo 5
ton. Desta forma manteve-se para os ângulos superiores a carga
máxima de 10 ton., garantindo-se o equilíbrio ou resistência dos
componentes;
c) Vejam que se pensarmos que a configuração original fosse o uso de 2
pernadas, e com a intenção de aumentar-se a capacidade do
guindaste, fossem instaladas 4 pernadas de cabo, não ocorreria um
acréscimo de 100 % da mesma para todos os pontos, mas apenas
para os ângulos de 70 e 80 graus.

Lembramos que ainda devem ser considerados os limites impostos pela


capacidade de acionamento dos guinchos, bem como resistência estrutural
de componentes, que em conjunto com análise dos efeitos dinâmicos
permitirão a definição da forma final da tabela.

20
1.4 Os sistemas

De modo a permitir uma visualização organizada das características


estruturais e operacionais de um guindaste propomos uma apresentação
ordenada por sistemas, onde os principais componentes que estão
correlacionados ou funções de mesmo caráter estão agrupados. Tal fato
permitirá também a apresentação dos mesmos e a facilitará a explanação
sobre exemplos de serviços de inspeção a ser realizada no módulo
seguinte. Desta forma, vejamos como estão relacionados os sistemas:
• Estrutura - Em geral a estrutura destes equipamentos é muito
semelhante, pois como vimos anteriormente há dois grandes grupos de
unidades: um constituído pelas máquinas dotadas de lanças tipo "box" e
as unidades que possuem lança treliçada. Os principais elementos
estruturais do guindaste estão inseridos neste sistema, como: pedestal,
chassis, mesa de giro e rolamento de giro, lança e cavalete.
• Acionamento - abordando a geração secundária de força, assim a
denominamos uma vez que motores diesel ou elétricos de acionamento
principal não serão objetos desta análise. Assim como para estrutura dois
grupos têm presença marcante: as unidades dotadas de acionamentos
mecânicos, como trens de engrenagens, embreagens, freios de cinta
etc... , e as máquinas consideradas de projeto mais atual valendo-se de
circuitos hidráulicos, com bombas e motores;
• Comando e controle - a presença de comandos pneumáticos,
hidráulicos e mesmo mecânicos são um exemplo da diversidade de
formas presente nestes equipamentos. Relacionados ao controle de
operações, temos desde instrumentos básicos de painel como
amperímetros, manômetros e etc.. a complexos sistemas eletrônicos de
monitoração inseridos no sistema de acionamento dos guindastes;
• Segurança - como informado anteriormente, a preocupação com a
segurança destas unidades tem colocado no mercado equipamentos
dotados de diversos dispositivos de segurança, que incluem desde limites
aos movimentos de bola peso e moitão, a monitoração de carga provida
de intervenção automática na operação d o guindaste.
As máquinas de última geração podem permitir operações com carga
mesmo sem a utilização do acionamento principal. O conhecimento de
suas funções é fundamental para avaliação de condições de
operacionalidade de dispositivos de emergência, exemplo típico de
evolução tecnológica destinada às unidades offshore.
• Içamento - constituídos dos elementos de sustentação direta da carga
ou lança do guindaste, estão aqui inseridos os guinchos, cabos de aço,
roldanas, bolas peso, moitões e etc... .

21
Módulo 2 - Os sistemas e a inspeção em serviço

Neste módulo conheceremos um pouco sobre os componentes dos sistemas,


sendo abordados exemplos de métodos de avaliação, orientações para inspeção
em serviço e ocorrências de irregularidades típicas. Em alguns casos no s
limitaremos à descrição de características construtivas dos sistemas, preparando
uma base para aprofundamento em treinamento posterior.
Ainda sobre a inspeção de equipamentos em serviço lembramos que a mesma
pode ser de caráter eventual ou periódica, sendo que em geral a primeira está
relacionada a ocorrência de uma irregularidade que demanda uma avaliação,
visando a identificação de possível comprometimento operacional. Já a periódica,
visa a busca de possíveis indícios que permitam evitar a ocorrência ou progressão
de uma irregularidade, seja através da monitoração de alguns parâmetros ou
através de exames visuais em componentes e sistemas.

2.1 Estrutura

2.1.1 Pedestal
Assentado sobre ele se encontra o rolamento de giro ou a mesa de giro,
que permitem o movimento em questão ao guindaste e, obviamente são
responsáveis pela fixação do equipamento no pedestal. Em função disto a
preocupação com a planicidade da região de apoio destes componentes
merece um atenção especial, principalmente quando da instalação de um
rolamento de giro como na FIGURA 15. A verificação deste aspecto através
de ferramental específico e de um relógio comparador pode ser visto na
FIGURA 16 sendo que nesta intervenção a informação disponibilizada pelo
fabricante do rolamento é que o desvio máximo permitido seria de
0,00082”/inch.

FIGURA 15
FIGURA 16

22
Também é motivo de preocupação a
segurança presente nos acessos ao
pedestal e passadiços, como pode ser
visto na FIGURA 17, onde ocorre o
inadequado alinhamento entre a escada
de acesso ao nível da cabine e o
alçapão de acesso ao passadiço do
nível do rolamento de giro quando a
lança é posicionada no berço.

FIGURA 17

2.1.2 Chassi
Principal elemento estrutural que em geral sustenta toda o conjunto de
acionamento, cabine, cavalete e etc.. A inspeção realizada por END
destina -se a identificação de trincas ou monitoração dimensional de falhas
anteriormente constatadas em partes mais solicitadas do chassi, como
olhais de fixação do pé da lança e cavalete, soldas dos elementos
estruturais principais, fixação de contrapeso etc... A avaliação de viabilidade
de remoção das descontinuidades eventualmente identificadas deve
preceder qualquer recomendação de reparo, tais ações normalmente
realizadas são realizadas utilizando-se
"pirulito" ou "ponta montada ".
Nas FIGURAS 18 a 20 podemos ver a
indicação de irregularidades detecta-
das por partículas magnéticas em um
olhal de fixação do pé da lança. A úl-
tima imagem mostra em detalhe uma
trinca identificada.

FIGURA 19

FIGURA 18

.
FIGURA 20

23
O acesso para inspeção em serviço de algumas partes do chassi é bastante
dificultado, e pode demandar a desmontagem de alguns componentes.
Na FIGURA 21 ao lado
temos um chassi de um
guindaste AMERICAN
5750 que foi completa-
mente inspecionado por
END quando da revisão
efetuada no fabricante,
notemos os olhais dian-
teiros de fixação do
cavalete posicionados
sobre os olhais de fixação
do pé da lança. FIGURA 21

2.1.3 Rolamento de giro


A medição da folga interna deste componente é um exemplo de tarefa de
monitoração periódica. O desgaste excessivo ocorrido na pista externa e/ou
interna de um rolamento pode vir a causar o travamento do mesmo, e
consequentemente a interrupção da operação do guindaste. Causado por
lubrificação deficiente do sistema, elevado tempo de operação ou até
mesmo pela montagem irregular do rolamento no pedestal, o desgaste
pode parar um rolamento em muitos anos ou poucos
meses.

A FIGURA 22 ao lado apresenta a seção transversal


de um rolamento de 3 carreiras de rolo, atualmente
bastante utilizado em guindastes offshore .

Para a medição da folga citada é um procedimento


usual, a utilização de relógio comparador (FIGURA
23), hastes articuladas e base magnética. O processo
pode ser visualizado pelas etapas abaixo :
• Fixação da base magnética no pedestal;
• Montagem das hastes para fixação do relógio
comparador;
• Efetuar o contato do relógio comparador com a
parte superior do rolamento de giro fixada ao chassi; FIGURA 22
• Posicionar o relógio em zero;
• Efetuar o giro do guindaste em 360 °;
• Registrar os valores máximos positivos e negativos durante o
percurso, adicionando-os em valor absoluto;
• Realizar novas medidas, em pelo menos 4 pontos ao longo do
rolamento de giro .

24
As observações a seguir devem ser consideradas:
ü Em caso de guindaste com
FIGURA 23 contrapeso, anteriormente as medi-
ções, se deve posicionar a lança
abaixo do ângulo onde é verificado
um equilíbrio entre as massas do
contrapeso e lança . Para guindastes
sem contrapeso, apenas posiciona-se
a lança em ângulos inferiores a 45 °;
ü Em alguns equipamentos a
medição deve ser efetuada no interior
do pedestal – é caso em que o
pinhão de giro é posicionado
externamente.
ü É importante que as medidas
futuras sejam efetuadas nos mesmos
pontos, permitindo assim a
monitoração de desgaste do compo-
nente.

A medição da folga também pode ser


efetuada através de uso de um micrômetro
(FIGURA 24), posicionado em pontos fixos
ao longo do pedestal. Desta forma, as
leituras devem ser efetuadas em pelo menos
08 pontos ao longo de um giro de 360 °, para
cada posição da base magnética (no mínimo
04).
Os valores de folga obtidos devem ser
comparados com aqueles indicados pelo
fabricante do rolamento, sendo estes últimos FIGURA 24
informados em geral através de tabelas 10
específicas para cada tipo de rolamento. Estes dados estão estabelecidos
em função do diâmetro do rolamento e do tamanho da esfera ou rolete.

IMPORTANTE: Assim como


para o rolamento de giro,
atenção especial deve ser dada
aos parafusos utilizados para
fixação do rolamento ao chassi
do guindaste e ao pedestal
(FIGURA 25).

FIGURA 25
10

25
Denominados parafusos de alta
resistência, sua fabricação segue normas
de diversas instituições como ASTM, DIN
e SAE, sendo freqüentes a utilização de
itens fabricados como a ASTM A 490,
10.9 e SAE Grau 8. Por determinação
destas normas, os parafusos devem ser
identificados na cabeça, o que permite a
consulta das características de
resistência mecânica e acabamento nas
correspondentes referências normativas FIGURA 26
(FIGURA 26). 10
A atuação da inspeção pode se iniciar no processo de aquisição dos
componentes, quando se testemunha a realização de todos os testes
previstos na normalização de referência ou mesmo efetuando a verificação
nos certificados de fabricação quanto aos registros dos ensaios. Já em
serviço deve-se atentar para os registros de torqueamento ou tensionamento
destes componentes, tanto quanto a valor dos esforços aplicados como a
periodicidade das intervenções, que devem estar coerentes com a indicação
do fabricante do guindaste ou severidade opera cional a
que este está submetido. A indicação da necessidade de
remoção dos parafusos para realização de ensaios não
destrutivos pode ser considerada ao identificar-se a
ocorrência, por exemplo, de torqueamento excessivo.
Descuidos no planejamento
e realização desta tarefa,
como uso de ferramentas
descalibradas ou erros no
estabelecimento dos valores
de torque ou tensão a ser
aplicada, podem levar a fa-
lhas como a registrada na s
FIGURAS 27 e 28, e
demandarão uma cuidadosa FIGURA 28 FIGURA 27
avaliação da extensão dos danos.

2.1.4 Mesa de giro


O uso de mesa de giro é um exemplo característico de adaptação de um
guindaste onshore para serviço offshore (FIGURA 29). Notemos que a
fixação do guindaste a mesa é efetuada por roletes, que se apóiam sob e
sobre a mesa sendo mantidos unidos por suportes. Este últimos são presos
a olhais no chassi da máquina por eixos.

26
São denominado s su-
FIGURA 29 portes de roletes de
reação (FIGURA 30)
aqueles instala dos na
traseira da máquina, e
de ação os posi-
cionados na dianteira
(FIGURA 31).

.,

FIGURA 30 FIGURA 31

É comum a ocorrência de deformações


causadas pelo apoio dos roletes tanto na parte
superior como inferior da mesa, devido aos
grandes esforços dinâmicos transmitidos a
este componente (FIGURA 32). O limite na
redução de espessura na borda da mesa por
deformações ou desgaste deve ser conhecido,
constatamos valores da ordem 3,2 mm para
guindastes AMERICAN.
Outro aspecto importante é a verificação folga
recomendada entre os roletes e a mesa de
giro, em alguns casos pode ser da ordem de
0,5 mm, mas atenção: esta medição ser
influenciada pela existência de folgas FIGURA 32
excessivas entre os olhais dos eixos de suporte de rolete e também entre
os eixos de rolete e o alojamento no suporte. O aumento excessivo da folga
causará a transmissão de maiores esforços dinâmicos a mesa, podendo
comprometê-la de maneira prematura.

27
A inspeção por END nos suportes também é importante e requer muita
atenção, uma vez que tais componentes são fundidos e é comum verificar-se
a presença de poros ou trincas oriundas do processo de fabricação. A
avaliação da região onde se encontram as descontinuidades, se não for
possível a remoção, também pode determinar apenas a necessidade de
monitoração em serviço.

2.1.5 Lança
Este é um componente muito sujeito a danos oriundos de operação,
podendo ocorrer por choques com estruturas da plataforma ou com o
próprio moitão/bola peso, falha de dispositivos de segurança e etc.. . Neste
ponto podemos tratar separadamente os dois tipos de lança presentes
nestes equipamentos: a lança treliçada e a lança caixão ou "box" .
A lança treliçada ainda é mais utilizada, principalmente em equipamentos
de maior capacidade , mas também é mais sujeita a danos por operações
irregulares . As FIGURAS 33 e 34 exemplificam eventos ocorridos.

Deformações nas cordas


FIGURA 33 superiores causadas por
contato da lança com batente
instalado no cavalete.

Abaixo mossa em corda


inferior causada por choque
com estrutura da plataforma.

FIGURA 34
Notem nas figuras em questão os
diferentes tipos de seções
transversais utilizadas para confecção
das cordas, sendo tendência atual a
utilização de materiais comerciais e de
fácil soldabilidade.
.

Os registros de inspeção devem conter a quantidade de elementos


danificados por seção (se aplicável), bem como informar a posição dos
mesmos em relação a um referencial único, como por exemplo, o pé da
lança.

28
Em geral constituída de várias seções, a interligação
FIGURA 35 entre as mesmas pode ser efetuada por pinos cônicos
ou parafusos (FIGURA 35), para este último um item
de verificação periódica é o registro dos torqueamentos
realizados nestes elementos. Estes são parafusos de
alta resistência, como os 8.8, o que já justificaria a
atenção especial ao estado de preservação dos
mesmos, ratificado pelo elevado custo e dificuldade de
fabricação adequada.

A FIGURA 36 mostra itens comprometidos por


corrosão.
O ambiente agressivo pode trazer problemas
se empregada uma proteção anticorrosiva
inadequada, assim como a ausência de
manutenção preventiva para estes itens.
Devido a menor espessura de parede, a perda FOTO 20
de contraventamentos por corrosão é o
primeiro sinal de problemas relacionados a FIGURA 36
ausência de cuidados na conservação do
equipamento.
Em função do exposto a inspeção visual da lança pode ser complementada
por um ensaio de ultra-som, visando a avaliação de espessura das cordas,
cabendo ao técnico executante a avaliação da necessidade de tal
intervenção. Veja na FIGURA 37 um exemplo da presença de corrosão
severa.

FIGURA 37

29
A lança tipo “box” (FIGURA 38) em geral possui resistência maior a
esforços que atuam transversalmente ao plano da lança, mas para uma
mesma capacidade de um guindaste de lança treliçada, tendem a
apresentar um peso maior. A atenção quanto a ocorrência de corrosão
também deve estar presente, principalmente devido a possibilidade de
acúmulo de água no interior da lança. Atuadas por cilindros hidráulicos
atenção especial deve ser dada a região de fixação dos mesmos na
estrutura (FIGURA 39).

FIGURA 39
FIGURA 38

2.2 Sistema de acionamento

2.2.1 Acionamento mecânico

Presente principalmente em guindastes adaptados para uso offshore e em


algumas unidades mais antigas, este tipo de acionamento possui o seguinte
arranjo básico de componentes:
1. Motor diesel: acionador principal;
2. Conversor de torque: equipamento de princípio de funcionamento
hidráulico, que acoplado ao motor diesel tem como objetivo multiplicar o
torque disponibilizado por este aos elementos acionadores dos
movimentos do guindaste;
3. Trem de engrenagens: acionado pelo conversor de torque, por exemplo,
através de correntes, é o responsável pela movimentação dos guinchos
e sistema de giro;
4. Embreagens: elementos responsáveis pela conexão do engrenamento
com os guinchos e sistemas de giro; A embreagem que conecta o motor
diesel ao conversor de torque é denominada de embreagem principal .

30
Como citado anteriormente, este tipo de acionamento inclui diversos
mecanismos que requerem ajustes ou regulagens, como embreagens,
freios, correntes etc. além de muitos
sub-componentes que podem falhar por
danos em serviço ou por utilização de
material inadequado na fabricação . Em
alguns casos quebras ou desgastes em
engrenagens mais solicitadas do
sistema acionado podem causar a
inoperância do equipamento (FIGURA
FIGURA 39
39).

FIGURA 40 A FIGURA 40 apresenta um


conjunto de embreagem utilizada
em um guindaste american 5750,
este componente é idêntico ao
empregado no modelo deste
equipamento utilizado original-
mente onshore. Podemos identi-
ficar os elementos acionadores -
cuicas, que efetuam a movimen-
tação das articulações para
efetuar-se o contato das lonas com
a pista da embreagem, e conse-
quentemente conectar o elemento
acionado, por exemplo, um guincho
ao trem de engrenagens. As cuicas
por sua vez são acionadas pneumaticamente, sendo a sua atuação
interrompida pelo corte de ar do sistema, retornando a condição inativa por
molas.
De maneira oposta à forma de
atuação das embreagens, os freios
são liberados pneumaticamente e
atuados por molas, de modo a
garantir a segurança nas operações
em caso de perda de ar no sistema
(falha segura), impedindo a perda do
controle do guindaste . A FIGURA
41 mostra o freio do sistema de
elevação de lança do mesmo
equipamento.

FIGURA 41

31
Portanto a inspeção em um sistema como este requer atenção aos seguintes
aspectos:
• Ocorrência de vibração e/ou ruídos estranhos;
• Contaminação de pistas de embreagem e freio com óleo ou graxa;
• Indícios de regulagem inadequadas em lonas de embreagem e freios.
A remoção de componentes para inspeção por END por ser determinada em
função de inspeção visual realizada, ou após longos períodos de operação .
NOTA : A embreagem SPRAG presente no guindaste AMERICAN 5750 é um
componente de imensa responsabilidade no sistema de acionamento deste
guindaste. Instalada em um eixo conectado por uma engrenagem ao eixo de
acionamento do tambor de lança, ela tem a função permitir que a lança
desça por gravidade de forma controlada, conectando o eixo do tambor ao
do trem de engrenagens e assim limitando sua velocidade a aceleração
imposta a este pelo motor diesel (FIGURA 42).

FIGURA 43

FIGURA 42

Mas para elevar-se a lança este eixo deveria girar no sentido oposto, o que
provocaria a quebra da engrenagem responsável pelo controle de descida,
desta forma lançou-se mão de uma "catraca", como aquelas instaladas em
bicicletas. O movimento transmitido ao eixo do tambor por outra
engrenagem não é sentido pela catraca que permite que seu eixo gire livre
no sentido oposto. A FIGURA 43 mostra duas catracas, sendo uma
desmontada onde podemos visualizar as pistas e os pequenos elementos
de atuação.
Nas FIGURAS 44 e 45 podemos ver esquematicamente a atuação da
SPRAG, quando iniciada a subida de lança (giro livre) e a descida, quando
efetua a conexão com o trem de engrenagens.

32
Subida de lança Descida de lança

FIGURA 44
FIGURA 45

2.2.2 Acionamento hidráulico


Utilizado atualmente nos projetos de guindastes offshore, este acionamento
possui menor quantidade de componentes mecânicos acionadores. Por
exemplo, engrenagens são empregadas nos redutores instalados após os
motores de acionamento hidráulicos dos guinchos ou pinhões de giro,
assim como na conexão do acionador principal com as bombas, mas não
são os responsáveis pela disponibilização de força a todos os sistemas
como acontece no acionamento mecânico, cabendo este papel a circuitos
hidráulicos. O acionador principal pode ser um motor diesel ou elétrico, uma
vez que o mesmo deverá movimentar as bombas principais, que geram a
vazão de óleo no circuito responsável pela atuação dos motores hidráulicos
instalados nos guinchos ou conjunto dos pinhões de giro.

Os circuitos hidráulicos podem ser de


dois tipos:

Aberto (FIGURA 46) – neste caso temos


as bombas responsáveis pelo
acionamento de cada sistema (carga,
lança ou giro) retirando óleo de um
reservatório, e inserido-o no circuito
hidráulico onde será encaminhado por
uma válvula direcional para acionar um
motor hidráulico em um sentido ou no
oposto ( p.ex: subida ou descida ) ou
retornar ao reservatório.

FIGURA 46

33
Notem algumas características importantes deste circuito:
• mesmo não efetuado nenhum comando, uma vez partido o acionador
principal, as bombas estarão retirando óleo do reservatório e
enviando as válvulas direcionais ou a um by pass, que o retornará ao
reservatório;
• a bomba principal tem apenas um sentido de acionamento. A
inversão de fluxo é efetuada por válvula direcional inserida no
circuito;
• a inversão do sentido de acionamento poderá implicar em um choque
no circuito hidráulico, causado pela mudança abrupta de posição da
válvula direcional, sem redução de vazão de óleo;
• utilização de grande reservatório de óleo;
• maior geração de calor.

A FIGURA 47 mostra o conjunto


das bombas principais, conectadas
ao motor diesel por um redutor,
enquanto a FIGURA 48 apresenta
um arranjo de válvulas direcionais
dos sistemas de carga, lança e
giro presentes em um circuito
aberto do guindaste 380 L.

FIGURA 47

Na Figura 49 abaixo, o motor hidráu-


lico na lateral do guincho de carga
auxiliar do mesmo equipamento.

FIGURA 48

FIGURA 49

34
Fechado (FIGURA 50) - para esta
montagem temos uma bomba de
deslocamento variável e o motor a ser
acionado contidos em um circuito
fechado, ou seja, o óleo permanece
circulando entre os dois componentes
quando acionada a bomba. São previstas
conexões com o reservatório, mas
apenas para pequenos vazamentos do
conjunto, assim como para retorno a
bomba principal, através de uma bomba
auxiliar.
São características deste circuito:
• A circulação de óleo dependerá de
comando a ser efetuado, para FIGURA 50
iniciar-se a atuação da bomba;
• Caso efetuado um comando de inversão de sentido de acionamento,
a vazão da bomba se reduzirá a zero até iniciar-se a inversão, não
havendo a ocorrência de choques no circuito.
• Não há válvula direcional na linha principal;
• Utilização de reduzido reservatório de óleo;
• Em geral, menor geração de calor.
A FIGURA 51 a esquerda mostra o conjunto de bombas principais acionadas
por motores elétricos instalados sob o piso da casa de máquinas, enquanto
que na FIG URA 52 estão dois motores hidráulicos acionadores de um
guincho de lança.

FIGURA 52
FIGURA 51

35
Outra distinção entre os sistemas apresentados pode ser contatada pela
forma de frenagem dinâmica. No circuito aberto é necessária a presença de
um acessório denominado válvula de contrabalanço (FIGURA 53), instalada
na linha de baixa pressão e
que permite a passagem de Válvula de contrabalanço
óleo proporcionalmente a
determinado nível de pressão
na linha de acionamento do
motor, controlando a descida
da carga suspensa no gancho.
No circuito fechado o giro do
motor é limitado pela vazão
admitida pela bomba, devido
ao alinhamento direto entre
estes componentes. FIGURA 53
Para freios de estacionamento podemos ter sistemas semelhantes aos dos
guindastes mecânicos, como cintas e lonas, ou freios multi-discos, estes de
uso bastante freqüente em máquinas de última geração (FIGURA 54 e 55).
Sendo comum a ambos os dispositivos a atuação baseada no princípio da
“falha segura”.

FIGURA 55

FIGURA 54

Na inspeção deste sistema, devem constar no mínimo as seguintes


verificações:
• Ocorrência de vazamentos junto a conexões, mangueiras ou
tubulações;
• Ocorrência de vazamentos em corpos de bombas e motores;
• Operacionalidade dos manômetros, assim como indicação de valores
adequados de pressão;
• Atuação e estado dos componentes dos freios de estacionamento.

36
2.3 Sistema de comando e controle

2.3.1 Formas de atuação


Pneumática - É comum verificarmos em guindastes de acionamento
mecânicos a utilização de comandos pneumáticos, onde o equipamento é
dotado de um reservatório alimentado por um pequeno compressor ou
mesmo por ar fornecido pela plataforma (FIGURA 56). Como já citado
anteriormente, o ar deve ser responsável pelo comando de acionamento e
diante de sua ausência deve ocorrer a atuação dos dispositivos de freio
(vide item 2.2.1). As manetes de comando acionadas permitem o fluxo de ar
para os elementos que atuarão no acionamento de operação em um
sistema seja ele giro, carga ou lança.

FIGURA 56
12

Deve ser investigada a presença de vazamentos em tubulações ou


acessórios, o acúmulo de água no reservatório (fato que resultaria em
corrosão interna) e a correta resposta dos sistemas atuados quando do
acionamento das manetes na cabine.
Hidráulica ou elétrica - As unidades de acionamento
hidráulico podem ser da mesma forma comandadas ou
utilizar comandos elétricos, em geral através de um
sistema denominado de auxiliar. São utilizados joysticks
para comandar o equipamento (FIGURA 57), seja para
envio de sinais hidráulicos ou elétricos para atuação de um
comando.

FIGURA 57

37
Assim como na atuação pneumática, a verificação de resposta aos
comandos e atenção para com vazamentos é fundamental em caso de
atuação hidráulica. Lembarmos também que o óleo tem o mesmo papel
exercido pelo ar no comando pneumático: a ausência de pressão exercida
por este permite a atuação dos freios, e a presença atua os comandos.

2.3.2 Controle
A monitoração de corrente elétrica, pressão de óleo de motor e conversor
de torque, temperatura da água do motor, rotação do motor e pressão de ar
no reservatório pneumático são fundamentais para operação de um
guindaste de acionamento mecânico, devendo os instrumentos estar
operacionais e devidamente aferidos. Para estas unidades não é comum a
presença de um dispo-
sitivo que interprete as
informações disponibi-
lizadas pelos instrumen-
tos e intervenha na
operação do equipamen-
to, a menos que uma
atualização tenha sido
efetuada no sistema de
controle original.
A FIGURA 58 mostra o
painel de instrumentos
de um guindaste FIGURA 58
AMERICAN.
Para as unidades hidráulicas podemos ter a monitoração de corrente
elétrica, pressão disponibilizada pelas bombas, temperatura do óleo
hidráulico, nível de óleo do reservatório e etc...Na FIGURA 59 temos um
monitor que relaciona as variáveis monitoradas no a-cionamento de um tipo
de guindaste.
Estas informações
podem ou não ser
utilizadas por um PLC
para identificar ne -
cessidades de inter-
venção na operação
do equipamento, de-
pendendo do grau de
atualização do seu
projeto.

FIGURA 59

38
Mesmo em guindastes de acionamento hidráulico pode ocorrer a
indisponibilidade de tal recurso, por exemplo, em unidades onde o circuito
hidráulico é aberto a simplicidade do circuito pode tornar inviável
economicamente a intervenção almejada.

2.4 Sistema de segurança


Os guindastes offshore atuais possuem como itens básicos de segurança
os seguintes dispositivos:

2.4.1 Limites superior e inferior de movimentação de lança


Destinados a evitar que a lança seja posicionada em
condições que impliquem em desvios a tabela de carga
do equipamento, possibilitando o tombamento do
equipamento ou falha estrutural da la nça. Pode ser
atuado pelo fechamento de contatos entre
determinados pontos do cavalete (superior) ou chassi
(inferior) vide FIGURA 60, ou por contadores de
número de voltas do tambor de lança.
FIGURA 60

2.4.2 Limite superior e inferior de elevação de carga


Estes visam respectivamente: evitar o
choque do moitão ou bola peso com a
ponta da lança e desenrolamento
excessivo de cabo do tambor, o que
poderia resultar em solicitação a
ancoragem no tambor. A atuação pode ser
através de contadores de volta dos
tambores ou, em unidades antigas onde o
limite superior é atuado por uma alavanca
(FIGURA 61) que movida pelo cabo ao
enrolar no tambor cortam o comando.
Outro dispositivo utilizado é denominado
“anti-two block”, e a atuação ocorre pelo
contato de um acessório instalado no cabo
de aço anteriormente a bola peso/moitão
FIGURA 62
com um componente que atuam “switches”
instalados na ponta da lança (FIGURA 62).
São ações de inspeção tanto para dispositivos de fim de curso de elevação
de lança como para carga :
• Verificação da integridade dos componentes;
• Resposta correta ao ajuste efetuado.

39
“Anti-two block ” ins-
talado em guindas-
tes offshore.

FIGURA 62

2.4.3 Batentes de lança


Constituem uma barreira estrutural
a continuidade da operação de
levantamento de lança, em
algumas unidades ainda são
instalados switches de contato
secundários para “pilotar” um corte
do comando em andamento.
Podem possuir cilindros hidráulicos
que reagem ao esforço de
compressão exercido pela lança
interrompendo o movimento FIGURA 63
(FIGURA 63).

2.4.4 Dispositivo de monitoração de carga

Disponível com diferentes


características e funções, seu
objetivo básico é indicar ao
operador a carga que está sendo
içada, podendo ainda informar
angulo e/ ou raio de operação e %
da S.W.L correspondente a
condição em que a operação está
sendo efetuada, em um painel
instalado na cabine do guindaste
FIGURA 64 (FIGURA 64).

40
Para isto são utilizadas células de carga instaladas em pontos específicos
como na ancoragem do cabo de carga na estrutura da lança, no caso do
moitão. As FIGURAS 65 e 66 correspondem à montagem da célula de
carga tipo “LINK” do sistema principal de um guindaste.

FIGURA 66

A indicação de carga para o sistema


auxiliar é um pouco mais complexa, e
temos identificado o uso de células
FIGURA 65 com diferentes princípios de atuação.

Vejamos o exemplo abaixo na FIGURA 66, onde um eixo dinamométrico é


instalado como eixo de uma roldana do sistema auxiliar posicionada sobre a
lança. Este contém um strain gauge inserido no seu interior, que sente o
esforço de cisalhamento aplicado pela roldana no eixo quando o cabo de
carga é tracionado. O emprego deste tipo de célula é mais comum em
novos projetos, quando ocorre a inclusão da roldana guia e o dimen-
sionamento adequado do eixo.:
Estes dispositivos atuais podem:
• Alarmar condições de 90% e 110%
S.W.L.;
• Interromper operações que impliquem
em desvios a tabela de carga, como
110 % S.W.L., permitindo apenas o
retorno a condição segura;
• Registrar operações realizadas por
períodos de tempo ou em c
• condições de sobrecarga .
A verificação de integridade dos compo-
nentes do sistema assim como a correta
indicação de carga são as ações que devem
ser previstas quando da inspeção do FIGURA 66
equipamento.

41
2.4.5 Dispositivos de emergência

Dois dispositivos de maior emprego são apresen-


tados a seguir:

• Liberação de carga emergência


Sua atuação visa permitir que o tambor de cabo de
aço do sistema de elevação de carga em utilização,
seja totalmente liberado de restrições para o ar-
raste, permitindo que o cabo possa ser removido
rapidamente do tambor evitando a ocorrência de
danos ao sistema em situações como aprisiona-
mento do cabo em uma embarcação. Em unidades
mecânicas mais antigas, a atuação era efetuada
pela liberação do contato do tambor com o engre-
namento acionador. Já nas hidráulicas, é efetuado
FIGURA 67
um “loop” interno circuito hidráulico, onde o óleo fica
restrito a um pequeno trecho onde não constam
restrições ao seu fluxo.
A atuação pode ser efetuada a partir de uma chave como a da FIGURA 67
localizado na cabine do operador, sendo item de verificação a integridade
da chave e adequabilidade da proteção ao acionamento involuntário.
IMPORTANTE: O teste do sistema não deve ser efetuado com carga
suspensa em altura superior a 0,5 m, sob risco de danificar os motores
hidráulicos.

• Descida controlada de carga


Presente em máquinas de projeto mais atual, de acionamento hidráulico,
consta de dispositivos que podem fazer com que os freios dos sistemas de
lança, carga e mesmo giro sejam liberados de maneira controlada, diante
da inoperância do acionador principal. Isto pode ser efe tuado através do
uso de acumuladores de pressão que por atuação manual, injetam pressão
nos freios do sistema almejado. Outra possibilidade e a utilização de
bombas manuais ou acionadas por baterias, mas qualquer que seja a forma
de atuação, esta deverá ser lenta e gradual.
A verificação de operacionalidade do sistema apenas deve ser realizado por
profissional completamente familiarizado com o procedimento com as
instruções do fabricante. São verificações pertinentes:
• Integridade de componentes;
• Disponibili dade de instruções para uso em local visível
• Correta identificação de componentes.

42
2.5 Sistema de içamento

2.5.1 Tambores de cabo


Acionados para a realização
de operações como içamento
de carga, elevação de lança e
etc.. , estes componentes
devem ser dimensionados
para acomodação adequada
dos cabos de aço. O
enrolamento adequado das
voltas de cabo bem como os
esforços a que estão sendo
submetidos nesta operação
podem determinar a duração
da vida útil de um cabo no FIGURA 68
sistema em questão.
Pequenos diâmetros de tambor implicam em grandes esforços transferidos
aos cabos de aço, logo os equipamentos tipicamente offshore possuem
grandes tambores como pode ser visto na FIGURA 68 devida a intensa
movimentação prevista para os mesmos.

É comum identificar-se danos em


cabos de aço causados por
enrolamento desordenado de cabo,
como também por características
construtivas dos tambores, por
exemplo, a falta de proteção para
evitar-se a saída do cabo do
tambor. Veja FIGURA 69, onde a
barra instalada atrás do tambor está
FIGURA 69 muito afastada do mesmo, o que
pode permitir o escape do cabo
quando em um enrolamento desordenado.
Também se deve atentar para fixação dos tambores aos seus alojamentos,
a utilização de parafusos requer a vistoria periódica do tensionamento inicial
efetuado nos mesmos.

2.5.2 Cabos de aço e acessórios


Responsáveis diretamente pela sustentação da carga ou lança do
guindaste, são empregados em diferentes construções e diâmetros em
função do projeto do equipamento. A TABELA 7 apresenta algumas
informações sobre os cabos e os respectivos sistemas em que estão
instalados.

43
TABELA 7 – Cabos em guindastes
Sistema Característica Característica. Fator de Número de
contra indicada recomendada segurança pernadas
Elevação Nenhuma Não rotativo Mínimo 5 De 2 a 8
principal de (mais
carga comum 4)
Elevação Nenhuma - 1
auxiliar de
carga
Elevação de Alma de fibra ou flexibilidade Mínimo 4 Em geral >
lança não rotativo 6
Sustentação Nenhuma Em geral Utilizado em
de lança – ,utilizados pares
pendentes cabos ,função do
convencionais comp. de
(p.ex: 6x41) lança

A FIGURA 70 representa um arranjo FIGURA 70


característico de um sistema de
elevação de carga principal . A fixação de
uma extremidade do cabo de aço é
denominada ancoragem, como pode-
mos ver o cabo de carga principal
possui uma ancoragem no tambor e
outra na lança .

A fixação do cabo dos sistemas


de carga nos tambores em
guindastes mais modernos, tem
sido efetuada através de
ancoragens fusíveis (FIGURA
71) foto que permitem que o
cabo seja solto tambor quando
solicitada a ancoragem, diante
de situações como aprisio-
FIGURA 71 namento do gancho em uma
embarcação.

44
A extremidade que é fixada a lança , pode apresentar diferentes termina-
ções, como podemos ver na
FIGURA 72, onde estão
FIGURA 72 indicados também os per-
centuais de resistência da
termi nação efetuada em
relação a carga de ruptura
do cabo de aço, considera-
das por um fabri cante de
cabo de aço. Estes per-
centuais são denominados
de “eficiência da
termina ção”, e podem diferir
em função da fonte de
consulta, mas os valores em
média são próximos aos
apresentados.

Apesar de não incluído


na figura anterior o
soquete cunha
(FIGURA 73) é um
acessório que permite
a montagem de uma
terminação de maneira FIGURA 73
rápida e segura, sua
eficiência é da ordem
de 90 %.

Uma terminação considerada como não muito


confiável é confecção de um laço a partir do
dobramento e superposição da extremidade do
cabo, seguido da prensagem de uma presilha
(FIGURA 74). Neste caso a integridade da
terminação depende exclusivamente da presilha, há
normas que proíbem a utilização de presilhas de
alumínio para serviços de movimentação de cargas,
apesar de indicarem a eficiência de tal terminação
como da ordem de 90%.

FIGURA 74

45
FIGURA 75
As FIGURAS 75 indica
a correta montagem
dos terminais con-
feccionados com clips,
e as FIGURAS 76 e
77 com soquete cunha .
.

FIGURA 76 FIGURA 77

As terminações por sua vez podem ser conectadas a acessórios de carga


através do uso de pinos, ou manilhas, sendo em alguns casos empregados
sapatilhos (FIGURA 78) como na montagem da terminação com clips da
FIGURA 75, visando evitar o dobramento excessivo do cabo no olhal
confeccionado.

FIGURA 78

46
As seguintes ações devem ser efetuadas relativas a cabos de aço e
acessórios , quando da inspeção de um sistema de içamento:
ü Avaliar a localização de ocorrência de danos no cabo. Indícios de
abrasão, fadiga ou deformações podem indicar interferências com
outros componentes do sistema, enrolamento desordenado,
características construtivas inadequadas de tambores ou
roldanas, emprego de cabo inadequado, operação inadequada
etc.. ;
ü Quantificar o número de arames rompidos. Deve ser selecionada
a norma aplicável ou orientação do fabricante o cabo para
avaliação de continuidade operacional;
ü Realizar inspeção visual nas terminações, avaliando sua
integridade e correta fixação;
ü Realizar END ´s em acessórios como pinos, manilhas, soquetes
cunha periodicamente ou diante de identificação de indícios de
ocorrência de descontinuidades no material.

Na FIGURA 79 pode-se perceber


o dano ocorrido em um cabo de FIGURA 79
aço quando do alívio brusco de
tensão durante a operação.

2.5.3 Roldanas
Instaladas em todos os sistemas de elevação, estando presentes no topo
dos cavaletes, pontas de lança (FIGURA 80) e, em alguns casos, selas
flutuantes, estes componentes devem ser inspecionados quanto a:
ü Livre movimentação ; O travamento de uma roldana por lubrificação
deficiente pode levar a falha da mesma ou ainda o desgaste excessivo do
cabo de aço;
ü Ocorrência de danos, desgastes nos sulcos e
flancos . Além do citado acima, podem ser
causados pelo uso de material inadequado,
esforços excessivos ou transmitidos
irregularmente pelo cabo.

FIGURA 80

47
Na FIGURA 81 podemos visualizar as marcas
introduzidas em uma roldana pelo excessivo
esforço de compressão induzido por cabo de la nça.
A monitoração da progressão das deformações
pode ser utilizada para definir-se a continuidade
operacional do componente.

FIGURA 82 FIGURA 81

ü Adequação do sulco ao diâmetro


do cabo utilizado. O que também
pode causar danos a roldana. A
FIGURA 82 mostra o uso de um
dispositivo para avaliação de
sulcos de roldana; e a FIGURA 83
indica um exemplo de tabela de
correlação entre o diâmetro da
roldana e o cabo de aço a ser
empregado.

FIGURA 83

48
ü Presença de dispositivos
adequados para evitar a saída do
cabo quando em serviço como
mostra a FIGURA 84 para as
roldanas da lança no cavalete. O
balanço da carga içada, assim
como o tracionamento do cabo em
posição inadequada quando da
instalação, podem causar a saída
do cabo ou mesmo o dano em
uma roldana .

FIGURA 84

2.5.4 Moitão e bola peso


Pertencentes ao sistema de elevação de carga, possuem características
comuns que podem ser assim resumidas:
• Devem possuir massa suficiente para garantir o enrolamento
adequado dos cabos nos tambores;
• Em geral, possuem destorcedores junto a conexão com a terminação
do cabo de aço e no gancho;
• Apresentam estampados no corpo o valor da carga de operação
segura (S.W.L.);
• Possuem ganchos dotados de linguetas-trava.

A bola peso (FIGURA 85) pode ter a massa de


diferentes formas e o moitão (FIGURA 86) pode possuir
mais de 2 roldanas para instalação das pernadas de
cabo. Quando da inspeção destes componentes
devemos atentar para:
ü Liberdade de giro do destorcedor;
ü Correta fixação dos elementos constituintes
do conjunto;
ü A presença da lingüeta trava; O emprego
de soldagem no gancho para instalação de
tais dispositivos deve ser efetuado diante
de emprego de procedimento e soldador
qualificado (FIGURA 87).
FIGURA 85

49
FIGURA 86

ü As roldanas do moitão devem


ser avaliadas conforme citado
no item anterior.

ü Integridade do gancho - A
FIGURA 20 mostra algumas
ocorrências que devem ser
avaliadas nos ganchos.
Sendo que a abertura do
gancho > 15%, ou torção >
10%, implicam na inutilização
do mesmo.

FIGURA 87

2.6 Normas de referência


Estão relacionadas a seguir algumas normas ou praticas recomendadas
que podem ser utilizadas como referência para inspeções em guindastes
offshore e seus componentes :
• API SPEC 2C - "Specification for offshore Cranes"
• API 9A - 'Specification for wire ropes "
• ISO 4309 – "Cranes - Wire ropes - Code for examination and Discard"
• API RP 9b– "Recomended pratice on application, care and use of wire ropes on oil
field service"

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2.7 Sobre o autor

Ronaldo Gonçalves Cruz, engenheiro mecânico, atua na


PETROBRÁS como Consultor Técnico - Engenheiro Sênior na
Unidade de Negócios da Bacia de Campos, na Gerencia de En-
genharia de manutenção e Inspeção. Responsável há 22 anos
pela coordenação dos serviços de inspeção de guindastes, tendo
elaborado diversas especificações técnicas para aquisição
destes equipamentos para esta unidade. Tem participado em di-
versas missões ao exterior, relativas a testes de recebimento em
fábrica de guindastes destinados aos novos empreendimentos
ou para reposição em plataformas em operação, atuando
também na avaliação de processos de aquisição de com-
ponentes críticos destinados a estes equipamentos, fornecidos
por empresas no mercado nacional.

Contato

Tel : (022) 2761 4363


e-mail : cruz@petrobras.com.br

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