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too

DANGEROUS
Bethany lopez

SÉRIE
The lewis cousins 05
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05
03
The Lewis Cousins

Uma novelinha de Cherry Springs


Sinopse
Jasmine Lewis tentou, sem sucesso, ignorar o bartender
australiano local, Shane, que estava em Cherry Springs enquanto
trabalhava em seu mestrado.

Ela o manteve afastado, temendo a paixão que ele acendia quando


estava por perto, mas ele faz o possível para lembrá-la do que ela está
perdendo.

Agora a escola acabou e ele terá que ir embora. Um casamento de


conveniência dará a eles o que ambos desejam?

Too Dangerous é o quinto livro da série Lewis Cousins, de Bethany


Lopez.

Aproveite este independente romance sexy.


Capítulo 1
JASMINE

Eu estava absolutamente exausta.

Cansada.

Cheia.

Eu estava trabalhando demais, quase sem dormir, por mais de


um ano. Felizmente, parecia que as coisas logo se acalmariam. O que
era bom, porque, do contrário, eu enfrentaria um caso sério de
esgotamento.

Meu irmão, Dillon e eu tínhamos conseguido expandir a Lewis


Sporting Goods, nossa empresa familiar, para três grandes cidades.

Sim, ainda haveria muito a fazer em termos de construir,


equipar e abrir as lojas, mas minha parte estava basicamente realizada.

Eu trabalharia de volta no escritório em Cherry Springs, minha


cidade natal, e nunca pensei que ficaria tão animada para terminar de
viajar e me estabelecer na pequena cidade em que cresci.

Eu caí na minha poltrona, olhando ao redor do espaço que eu


chamava de casa desde que voltei da faculdade há muito tempo.

Era um loft sobre o café local, Strange Brew, na Main Street,


e parecia basicamente o mesmo desde que me mudei. Mesmo sofá e
poltrona, mesma estrutura de cama com colchão coberto pela manta
preto e branco.

Mesmos pratos.
As mesmas toalhas puídas.

Mesma mesa de centro feia e arranhada.

— É hora de crescer — murmurei, repentinamente enojada


comigo mesma.

Todo mundo estava vivendo uma vida de adulto.

Meu irmão e minha melhor amiga, Laurel, estavam casados,


tinham um bebê e viviam felizes na casa em que crescemos.

Meu primo Gabe e amiga, Zoey, também casados, com uma bebê
e compartilharam a custódia de seu filho com a irmã de Zoey,
Chloe... longa história... que é casada com meu primo Reardon e
tiveram um filho. agora recém-nascido.

Finalmente, minha prima Serena e seu homem sexy, Jed,


acabaram de comprar um terreno e estavam se mudando juntos.

Com isso eu sobrei.

A última prima Lewis solteira, morando sozinha em seu pequeno


e triste loft, sem nenhum prospecto à vista.

Eu levantei da poltrona e fui para a cozinha.

— O que você está esperando? — me questionei.

Foi a isso que recorri agora, tendo conversas comigo mesma em


voz alta.

Tão triste.

— Você é uma mulher de negócios de sucesso com dinheiro no


banco. Pode comprar uma casa que vai adorar, decorar, e viver o resto
de sua vida
Eu tinha ficado complacente. Acostumada a morar neste loft
onde era seguro e não havia risco.

— Essa não é a única razão...

Foi ainda pior quando argumentei em voz alta comigo mesma.

Mas, não era uma mentira... Quando decidi alugar o loft, sempre
o considerei um arranjo temporário. Imaginando que moraria aqui até
encontrar o homem dos meus sonhos, me apaixonar e casar.

Isso não aconteceu.

Tive alguns relacionamentos fracassados no passado, mas


descobri logo no início que a maioria dos homens, e mulheres, queriam
me usar para coisas que achavam que eu poderia lhes dar.

Seja um lugar nos negócios da família, acesso ao meu primo ex-


jogador da NFL, Gabe, ou ao meu gostoso irmão gêmeo.

Por causa disso, eu era muito cautelosa e atenta em relação aos


relacionamentos, e mantive meu círculo fechado.

Então, era hora de crescer e começar minha vida, em vez de ficar


parada, esperando o Sr. Certo aparecer e apertar o play.

— Farei isso.

Sorri e dei uma pequena dança. Amanhã, encontraria um


corretor de imóveis e começaria a procurar uma casa para mim.

Sentindo-me mais leve do que há meses, abri minha geladeira e


fechei-a novamente.

Estava vazia.

Viagem e tarde da noite no escritório significavam que


eu não fazia compras no mercado, sabe-se lá quanto tempo.
Meu estômago roncou quando cruzei para a porta da frente para
colocar meus sapatos.

Morar na Main Street significava que, embora eu não tivesse


acesso a duzentos e quarenta e sete restaurantes como teria em uma
cidade grande, eu estava a uma curta distância do Lewis Bar & Grill, o
bar de minha tia Annabeth.

Tinha comido muitas refeições e bebido muitos coquetéis lá ao


longo dos anos, e eu sabia que provavelmente sentiria falta da
conveniência dele quando me mudasse. Mas, a ideia de ter uma boa
cozinha grande e, possivelmente, um porão com meu próprio bar
abastecido, me fez sorrir feliz quando entrei.

O bar tinha luzes baixas e superfícies de madeira ricas e


profundas. Meio bar de esportes, meio bar de motoqueiros, era um
lugar onde você podia sentar e assistir ao jogo, ou ser social e jogar
bilhar. Era um dos meus lugares favoritos no mundo.

Examinei a área, verificando se algum membro da minha família


estava por perto. Não era inédito para eu aparecer e encontrar Gabe,
Reardon, Dillon e Shane tomando cerveja no bar, ou Laurel e Dillon
comendo quietos na mesa do canto.

Infelizmente, ultimamente, parecia mais frequente o bar estar


vazio de primos Lewis. Eles estavam todos em suas próprias casas,
vivendo felizes suas vidas.

De repente, fui tomada pela solidão e ansiava pelos dias em que


Laurel, Selena e eu vínhamos aqui para jantar juntas.

Só então, um homem alto e bonito com cabelo loiro escuro e


olhos azuis impressionantes entrou da sala dos fundos, concentrado
no bar. Shane estava trabalhando aqui há mais de um ano. Amigo da
faculdade de Gabe, o homem era um outdoor ambulante para sexo e
ele sabia disso.

Como se sua aparência não bastasse, ele veio com um sotaque


australiano, o que fez as mulheres de Cherry Springs, e além, perderem
suas calcinhas com uma palavra.

Ele é problema com P maiúsculo, e embora não houvesse como


negar que eu era muito, muito atraída por ele, mas o evitava como a
praga. Eu vi muitas mulheres caírem sobre si mesmas para tentar
ganhar uma palavra ou um sorriso ardente.

Jurei muito cedo não ser uma delas.

Quem precisa de um Australiano sexy, que faz uma bebida


mediana, tem um corpo fumegante dormindo e pode fazer uma mulher
gozar rapidamente? Eu não.
Capítulo 2
SHANE

Eu estava tão cansado de me sentir estressado.

Primeiro, foram as noites e o trabalho árduo que foram


necessários para terminar meu mestrado.

Agora, estava preocupado com o fato de não ter ofertas de


emprego e meu visto estar prestes a expirar.

Eu esperava ficar na América, eventualmente conhecer uma


mulher, me apaixonar, e trabalhar em prol da minha cidadania para
que eu pudesse ficar aqui para sempre. Meus amigos estão aqui, eu
amava o país e, o mais importante, não havia mais nada para mim na
Austrália.

Eu mantive um controle bem apertado sobre minhas emoções,


nunca deixando claro no trabalho que eu estava pirando com meu
futuro.

Os Lewis eram meus companheiros e eu não queria preocupá-


los com meus problemas.

— Ei, Shane, como vai?

Mudei meu olhar do chão do bar para encontrar Becs, uma das
garçonetes, e alguém que eu considerava uma amiga, sorrindo para
mim.

— Noite, Becs. Estou um pouco atolado, mas passará. E você?


— Não posso reclamar — disse ela, balançando-se sobre os
pés como sempre fazia quando estava animada. — O encontro às cegas
que tive na última noite foi realmente muito bom. Acho que o verei
novamente.

— Seu pequeno estripador — brinquei.

Becs e eu passamos por muitas mudanças provocando um ao


outro.

Era fácil livrar-me da preocupação quando eu estava no


trabalho, rodeado por pessoas como Becs e Annabeth, que era a dona
e minha empregadora, mãe de Gabe. Eles eram boas pessoas. Os
melhores.

Comecei atrás do bar. Algo me fez olhar para a entrada, e eu


soube o que era quando vi Jazzy parada do lado de dentro da porta.

Eu era atraído por ela. Desde o fim de semana em que vim para
casa com Gabe na faculdade e ele me apresentou a sua prima ruiva
mal-humorada.

Isso foi a quase vinte anos atrás, mas eu nunca esqueci a


maneira como meu coração normalmente cauteloso acelerou quando
meu primeiro olhar pousou em seu rosto.

Quando eu decidi me mudar para Cherry Springs para o meu


mestrado, não posso negar que Jasmine Lewis tinha aparecido no lado
dos prós na minha lista de prós e contras. Quando eu descobri que ela
ainda estava solteira, focada mais em seu trabalho na Lewis Sporting
Goods do que nos homens, fiquei extasiado.

Infelizmente, ela deixou claro muito cedo que não tinha


interesse em mim.
Acabou que a única mulher que eu queria, era a única que
encontrei na América imune aos meus encantos... e ao meu sotaque.

Ainda assim, dei a ela um sorriso e continuei andando até que


estivesse no meu lugar seguro, atrás do bar.

Eu me preparei e esperei ela vir e se sentar.

Éramos amigos, ou pelo menos amigáveis. Fui companheiro de


seus primos, de seu irmão e das mulheres deles, e sempre me dei bem
com ela. Não era culpa dela que toda vez que eu a via, tinha um
inchaço no meu coração e uma rigidez nas calças.

Ela era linda.

Todo aquele cabelo fogoso, sedutor, e olhos verdes fariam o


próprio diabo cair de joelhos.

Acrescente a isso que ela era engraçada, sarcástica como o


diabo, podia pregar uma peça maldosa e era uma empresária
inteligente capaz de se virar sozinha em uma família cheia de
empresários.

— O que eu posso trazer para você, Jazzy? — perguntei quando


ela se sentou.

— Ei, Shane. Posso ter os nachos e uma cerveja?

— Claro — respondi, movendo-me para colocar seu pedido antes


de puxar sua cerveja.

— Como vai tudo? — perguntei.

Jasmine vinha pelo menos algumas vezes por semana,


geralmente encontrando uma amiga ou a família, mas ultimamente
estava sozinha. Ela nunca pareceu chateada com isso, mas essa era
minha garota, independente e forte.
Não quer dizer que não tinha temperamento.

Ela tinha.

Mas esquentava e rapidamente se esgotava.

Rápida com o perdão e generosa ao extremo.

— Muito bom. Está desacelerando agora que a expansão está


em andamento, o que é bom.

— Isso é bom. E, Dillon e Laurel? Faz um tempo que não os vejo


aqui.

— Eles estão bem.

Jazzy informou, me dando o primeiro sorriso genuíno desde


que ela entrou.

— Laurel está prevista para dois meses. Dillon continua


tentando fazê-la desacelerar, mas os negócios estão melhorando para
ela. Ela dará a ele cabelos grisalhos.

Ela riu levemente, sempre feliz em amedrontar seu irmão gêmeo,


mesmo que ele não estivesse por perto.

— Da próxima vez que você os ver, diga um oi por mim, e deixe


Laurel saber que eu estou sempre disponível se ela precisar de uma
massagem nas costas.

Jazzy revirou os olhos, o que eu amava, e disse:

— Dillon vai adorar isso... então, com certeza passarei adiante.

Eu ri e fui pegar o pedido de outro cliente. Quando cheguei ao


outro lado do bar, Becs estava lá esperando para pegar um pedido de
bebida.

— O que precisa? — perguntei a ela.


— Duas cervejas, um whiskey e coca — disse Becs, antes de se
aproximar e acrescentar em um sussurro: — Ela é quem está
perdendo. Você sabe disso, certo?

Eu disse a Becs sobre minha paixão por Jazzy alguns meses


atrás, depois de muitas doses de tequila.

— Obrigado, doce menina.

Inclinei-me e acariciei sua bochecha, em seguida, bati levemente


em sua bunda e disse:

— Agora volte ao trabalho.

— Sim, senhor — Becs atendeu inteligentemente com uma


piscadela antes de pegar as bebidas e ir entregá-las ao cliente.

Virei-me para ver os olhos de Jasmine se estreitarem em mim


antes que ela rapidamente baixasse o olhar e pegasse sua cerveja.

Parecia que eu mais uma vez consegui me encaixar na imagem


que ela me classificou décadas antes...

O que mais há de novo?


Capítulo 3
JASMINE

— Eu vou lá no bar para almoçar, ver se o Rear está livre para se


juntar. Você quer ir?

Olhei por cima da minha mesa para ver Dillon, meu gêmeo,
encostado na porta do meu escritório. Não éramos idênticos, mas
tínhamos feições semelhantes e cabelos ruivos, embora os
dele fossem mais ruivos que o meu.

— Adoraria, mas na verdade eu tenho que encontrar uma


corretora de imóveis em... — Olhei para o relógio do meu
computador. — Quinze minutos. Eu provavelmente já deveria ir.

— Uma corretora de imóveis? Você está pensando em comprar


um lugar? — ele perguntou, entrando no escritório. — Você não disse
nada.

— Tenho pensado nisso há algum tempo, mas temos estado


muito ocupados. Agora que estarei em casa por um tempo, achei que
era hora de parar de enrolar e ir atrás do que eu quero.

— Isso é ótimo, Jazz. Sinto muito se estive ocupado — Dillon


começou parecendo culpado.

— Ei, está tudo bem. Têm muita coisa acontecendo com você e
Laurel, sei disso. Eu literalmente contatei a corretora de imóveis esta
manhã e disse o que estou procurando. Ela me informou que tem
algumas listagens que se encaixam no perfil e teve tempo para me
mostrar na hora do almoço. Eu não estava escondendo de você, juro.
— Você quer que eu vá com você?

Eu balancei minha cabeça.

— Não, tudo bem, é apenas minha primeira vez. Vá em frente e


almoce com Reardon.

— Ok, mas certifique-se de que eles não tirem vantagem, sempre


há espaço para negociação.

Revirei meus olhos para meu irmão.

— Tenho quase certeza de que sei negociar — declarei


sarcasticamente, jogando meus braços para indicar o escritório que
estávamos.

Eu tinha acabado de fechar dois novos negócios para a


expansão.

— Eu sei, eu sei — respondeu ele com um sorriso gentil. — Você


não pode me culpar por cuidar de você.

Eu me levantei e dei a volta na minha mesa.

— Eu sei, e agradeço por isso.

— Então o que você está procurando?

— Algo como a sua casa. Uma ótima casa para crescer, como
nós tínhamos, com algumas terras, mas ainda perto da cidade.

— Eu não sabia que você queria a casa — ele começou, a culpa


cruzando seu rosto. — Eu nunca deveria ter assumido que você não
queria. Eu meio que me precipitei e assumi o controle quando mamãe
e papai disseram que queriam algo menor.

Estendi a mão e coloquei a mão em seu braço.


— Ei, não, nem mesmo se preocupe com isso. Eu sempre soube
que você ficaria com a casa da mamãe e do papai, todos nós. Era sua
muito antes deles decidirem se mudar. E, Dillon, na época me mudar
para uma grande casa velha como aquela nem estava no meu radar. Eu
queria me divertir, ser solteira... trabalhar muito e ter pouca
responsabilidade quando se tratava de contas e hipotecas.

— E agora você quer uma hipoteca? — Ele olhou para mim como
se eu estivesse maluca.

— Bom, é, eu acho — disse com uma risada. — Embora não seja


tanto a hipoteca quanto eu quero uma casa própria. Um lar. Algum
lugar onde eu possa eventualmente ter uma família e viver o resto da
minha vida.

Dillon assentiu e me puxou para um abraço.

— Eu acho isso ótimo.

— Obrigada, mano. Agora, é melhor eu ir andando. Não quero


chegar atrasada para a minha primeira reunião.

— Ok, mas, venha jantar esta noite, certo? Laurel está sentindo
sua falta.

— Claro, eu posso fazer isso. Diga a ela que levarei o vinho.

Dei tchau e saí, animada para ver algumas casas no meu


intervalo.

Coloquei o primeiro endereço em meu GPS e senti uma onda de


nervosismo. Virando para a pista fora da estrada principal, você não
conseguia ver a casa da rua, o que eu gostei. A estrada era
pavimentada e ladeada de árvores, e quando se abriu, pude ver uma
bela casa colonial branca, com um gramado bem cuidado, flores
desabrochando e um pequeno galpão nos fundos.
Era perfeita.

Completada com uma cerca de piquete, uma longa varanda com


cadeiras de balanço e mais flores e um banco de balanço pendurado
em uma árvore no jardim da frente.

Eu disse a mim mesma para não me apaixonar… Não só foi a


primeira casa, mas ainda não tinha visto o interior. Mas eu temia que
fosse tarde demais. Meu coração disparou no peito e caiu bem aos
meus pés na linda grama verde.

O som de uma porta se abrindo me fez desviar o olhar para a


entrada da casa.

— Você deve ser Jasmine — a loira bonita disse enquanto pisava


na varanda. — Eu sou Gloria.

Eu caminhei para a casa e subi a escada para apertar a mão


estendida da corretora.

— Isso é lindo — eu disse a ela, absorvendo tudo.

— Não é? Eu simplesmente amei.

Gloria manteve a porta aberta, indicando que eu deveria entrar.

— Esta casa teve apenas uma proprietária, Imogene


Rankle. Infelizmente, ela faleceu há alguns meses.

— Sinto muito por ouvir isso.

— Piso plano aberto, com aparelhos novos na cozinha. Agora, os


banheiros estão precisando de alguma atualização, e o galpão do lado
de fora precisa de reforço, mas são coisas que podem ser feitas com o
tempo. Vá em frente e olhe ao redor. Avise-me se tiver alguma dúvida.

Conforme me movia pelos quartos, me apaixonei com mais força.


Quatro quartos, três no andar de cima, com o master no piso
principal. Três banheiros e um lavabo. A cozinha era linda, com
eletrodomésticos de aço inoxidável, bancadas de mármore que fariam
Laurel gritar de excitação.

Havia também um porão inacabado e uma garagem para dois


carros. Muito espaço para adultos e a capacidade de fazer alterações e
atualizações para tê-la exatamente como eu queria, ou, eventualmente
como nós quiséssemos.

Eu sabia que não era prático ou necessariamente aconselhável


ir com a primeira e única casa que vi, mas eu acreditava muito em
seguir meu instinto. E ele estava me dizendo que esta era a casa que
eu deveria possuir.

Voltei para a cozinha, onde Gloria estava esperando, meus olhos


fixos amorosamente na lareira da sala.

— É linda, certo? — Gloria disse com um sorriso, mas então


seus lábios se curvaram enquanto ela olhava para a papelada a sua
frente.

— Sim, eu amei — concordei.

A expressão dela causou um aperto no meu estômago.

— Agora, entrei em contato com a corretora de imóveis enquanto


você olhava ao redor e ela perguntou se eu tinha lido as estipulações
nas notas... Como nos movemos tão rapidamente esta manhã, não
percebi.

— Estipulações? — perguntei com cautela.

— Mmmm — disse Gloria, com os olhos nos papéis. — Acontece


que a Sra. Imogene nunca foi casada ou teve filhos. Ela foi uma mulher
de negócios que comprou esta casa em seus trinta e poucos anos,
quando ela estava noiva. O casamento nunca aconteceu e ela acabou
morando aqui sozinha até que sofreu um ataque cardíaco trinta anos
depois.

— Oh, isso é tão triste — comentei, olhando ao redor e


simpatizando com Imogene.

— Aparentemente, ela pensou que era um desserviço para a casa


e a terra não ter crianças correndo pela propriedade... uma família
enchendo essas paredes.

— Não entendo — falei, entendendo totalmente os pensamentos


de Imogene, já que eu tinha os mesmos, mas não conseguindo ver o
que isso tinha a ver com a venda da casa.

— A estipulação dela é que a casa só pode ser vendida para um


casal ou uma família.

— O quê? — perguntei, meu queixo caindo.

Gloria acenou com a cabeça.

— Imogene era uma mulher de muito sucesso e era a dona da


casa, portanto, não era propriedade de um banco ou credor. Ela deseja
que a casa fique no mercado por dez anos, durante os quais será
mantida por uma agência, e se não conseguirmos encontrar
compradores, ela será doada para o hospital infantil local.

— Isso não pode ser legal — protestei.

— Presumo que você seja solteira?

Eu dei um aceno forte.

— Bem, não se preocupe, nós ainda temos mais algumas casas


para ver e, se seu status mudar, pode me avisar.
Capítulo 4
SHANE

— Obrigado pelo convite — eu disse, inclinando-me para beijar


Laurel na bochecha antes de entregar as flores que eu trouxe.

Pode parecer bobagem trazer flores para a mulher que possuía


uma loja de flores e uma empresa de planejamento de festa, mas fui
criado para nunca chegar na casa de alguém de mãos vazias, e como
os comprei na loja dela, achei que estava seguro.

— Você é bem-vindo a qualquer hora, sabe disso.

Laurel estava linda, com sua barriga perfeitamente redonda e


longos cabelos loiros esvoaçantes e saudáveis ao redor de seus ombros.

Eu estava resignado a outra noite de folga sozinho no meu


apartamento, assistindo Rake na Netflix, quando encontrei Laurel no
mercado. Eu estava pegando alguns itens para me manter durante a
semana e fiquei atrás dela na fila no caixa.

Ela deu uma olhada na minha cesta e me disse para vir


jantar. Sendo um homem solteiro que nunca recusa uma refeição feita
em casa, eu concordei alegremente.

— Shane, como vai, cara? — Dillon perguntou, vindo atrás de


Laurel quando entramos. — Posso pegar uma cerveja para você?

— Sim, eu poderia beber uma gelada, obrigado — respondi com


um sorriso.

Eu os segui até a cozinha e me agachei quando seus golden


retrievers, Copper e Penny, vieram chamar atenção.
Eu estava esfregando os dois, dizendo como eles eram bonitos e
pensando o quanto adoraria ter um lugar que permitisse cães, quando
ouvi a porta da frente se abrir e alguém gritar.

— Você não acreditará nisso...

Reconhecendo a voz de Jasmine, dei uma última palmadinha


nos cachorros e me levantei, virando-me para a entrada da cozinha
para que pudesse vê-la entrar.

Ela não decepcionou.

— Hoje vi a casa perfeita e… olha só… não posso comprar


porque sou solteira. O que é isso, anos cinquenta? Como pode ser legal
dizer que não posso comprar uma casa porque eu não tenho marido
ou filhos? Estou tão brava que poderia gritar.

Eu segurei um sorriso enquanto a observava.

Suas bochechas estavam vermelhas, seus olhos verdes


cintilantes de temperamento e seus punhos estavam cerrados ao lado
do corpo.

Parecia pronta para enfrentar o mundo, e eu não tinha dúvidas


de que conseguiria.

Ela era magnífica.

— O quê? Você está comprando uma casa? — Laurel perguntou,


correndo até a melhor amiga e colocando um braço reconfortante sobre
seu ombro.

— Descobri hoje. Eu ia te contar, mas imaginei que Jazzy nos


atualizaria quando ela viesse — Dillon disse a sua esposa enquanto me
entregava uma cerveja.
— Obrigado — eu disse, meus olhos nunca deixando Jasmine,
então eu observei enquanto sua cabeça balançava em minha direção e
sua visão clareava.

— Oh, Shane, eu não sabia que você estava aqui — disse ela, e
assim o fogo foi apagado. — Desculpe pela minha entrada.

— Não se preocupe — lhe assegurei com um sorriso. — Parece


que você teve um dia ruim.

— É realmente isso que eles disseram, que você não poderia


comprar uma casa porque é solteira? — Laurel perguntou.

— Sim, você pode acreditar? Que tipo de estipulação arcaica é


essa? — Jazzy perguntou, deixando escapar um suspiro. — Eu
parei no escritório de Reardon no caminho para cá, esperando que ele
pudesse me ajudar, e adivinha?

— Ele ajudou a proprietária a escrever a estipulação... — Dillon


adivinhou.

— Sim — Jasmine disse com um sorriso de escárnio. — Grande


gordo. Claro, ele também o tornou rígido.

— E ele disse que é legal só oferecer a casa para casais


heterossexuais? Isso não parece certo — Laurel disse com uma
carranca, seu braço apertando ao redor Jasmine.

— Não, não apenas casais heterossexuais. Eles podem ser


qualquer pessoa, desde que tenham um relacionamento legal e sério. A
proprietária, Imogene, originalmente comprou a casa com seu noivo,
mas acabou que nunca casou ou teve filhos, então não tinha ninguém
para herdar a casa. Ela quer ter certeza de que a casa vai para uma
família e, com sorte, permanecerá nessa família por gerações futuras.
— Mas, mesmo que fosse para um casal ou família, não há como
saber se a família ficaria com a casa para sempre — eu disse, pensando
que a coisa toda parecia maluca.

— Sim, eu disse a mesma coisa para Rear. Ele disse, não, claro
que ela não poderia saber disso, ou ter qualquer controle sobre isso,
mas ela poderia controlar pelo menos a possibilidade de que isso
pudesse acontecer. E, já que ela acabou sozinha, não queria arriscar
com outra pessoa que ainda não estivesse em um relacionamento sério.

— Isso é terrível, eu sinto muito. É óbvio que você realmente


queria a casa, mas se Reardon diz que é rígido, então é — explicou
Dillon, fazendo sua irmã franzir a testa para ele. — Desculpe, Jazz, mas
tenho certeza que você encontrará algo tão bom quanto.

Jasmine fez um beicinho lindo, e não pude evitar, mas gostaria


de poder tomá-la em meus braços e confortá-la eu mesmo.

Em vez disso, brinquei.

— Ficaria feliz em assumir a responsabilidade e me casar com


você para que consiga a casa dos seus sonhos.

Jasmine revirou os olhos e olhou para o irmão.

— Posso ter uma dessas? — ela perguntou, apontando para a


cerveja na minha mão.

— Claro — disse ele.

Antes que ele pudesse se virar, Jasmine me lançou um sorriso


malicioso e acrescentou: — Oh, e ontem à noite, Shane se ofereceu para
fazer massagens nas costas de Laurel sempre que ela quisesse.

Laurel olhou para mim, seu rosto se iluminando.

— Mesmo? Isso parece ótimo. Minhas costas dói o tempo todo.


— Absolutamente, por que você não vai pegar algum óleo e deitar
no sofá — eu ofereci, sem me preocupar em lutar contra um sorriso.

Não tive que me virar para saber que Dillon estava olhando para
mim; pude sentir o calor de seu olhar na parte de trás da minha
cabeça.

— Você chega perto de minha esposa com óleo, ou qualquer


outra coisa, e você é um homem morto.

— Desculpe, docinho — eu disse a Laurel com um encolher de


ombros. — Acho que o seu homem terá que aumentar o nível e
cuidar de você ele mesmo.

— Eu cobrarei dele.
Capítulo 5
JASMINE

Eu não mentirei... quando Shane fez aquela piada sobre se casar


comigo para que eu pudesse ficar com a casa, senti um aperto estranho
no peito. Claro, eu descartei, mas uma pequena parte de mim queria
estender a mão e gritar “Fechado!”

Se ao menos ele não fosse um playboy tão sexy.

Não é como se eu pudesse culpá-lo. Com aquele rosto, corpo e


sotaque, as mulheres se atiraram nele desde o segundo em que pousou
em solo americano.

Inferno, eu mesma tive algumas fantasias com ele.

A primeira vez que Gabe o trouxe para casa da faculdade, eu


tinha certeza que alguém o retirara dos meus sonhos e o criado só para
mim. Então ele abriu a boca, e eu juro, gozei um pouco ali mesmo
na cozinha da tia Annabeth.

Felizmente, ninguém tinha notado, porque logo ficou muito claro


que o homem flertava e fodia qualquer pessoa com peitos.

Meu coração de jovem adolescente ficou devastado quando eu


o vi passar de garota para garota na festa de boas-vindas de Gabe,
distribuindo-lhes o mesmo charme e sorrisos que eu pensei que fosse
apenas para mim.

Com o passar dos anos, todos nós crescemos, mas nada mudou.

Shane ainda era rápido em tirar as calças de todas as mulheres


com quem ele entrava em contato. Eu aprendi a ignorar, me juntando
à diversão e flertando sempre que saíamos, mas nunca sendo tola o
suficiente para levar a sério qualquer coisa que ele dissesse ou fizesse.

Ainda assim, a primeira emoção que tive ao pensar em me casar


com ele foi surpreendentemente... alegria.

— Muito obrigada por ajudar com os pratos. Tenho me sentido


tão cansada ultimamente que provavelmente teria me convencido a
esperar até de manhã para fazê-los, então estaria me chutando quando
acordasse em uma bagunça.

— Dillon teria ajudado, ele sempre foi bom na cozinha — eu


respondi, enxugando minhas mãos no pano de prato antes de me virar
para Laurel.— A menos que você esteja deixando ele relaxar. Não faça
isso, Laurel. Você conhece Dillon, ele pegará qualquer centímetro que
você der a ele e o transformará em uma milha.

Laurel riu.

— E eu não sei — ela disse com um sorriso afetuoso.

Ela era apaixonada por Dillon desde que tínhamos nove anos de
idade, e eu estava muito feliz que Dillon finalmente foi capaz de deixar
nossas travessuras de infância para apreciá-la como uma mulher, e
perceber que pertenciam um ao outro.

Agora, minha melhor amiga era minha irmã, e eu não


poderia estar mais feliz.

— Não, ele ajuda muito, eu só sabia que ele queria falar com
Shane sobre todo o problema do visto e disse que daríamos a eles algum
tempo sozinhos.

Eu franzi meu nariz e perguntei:

— Que problema com o visto?


— Você não ouviu?

Eu balancei minha cabeça.

Laurel inclinou a cabeça em direção à copa e foi sentar-


se, deixando escapar um pequeno suspiro assim que ela se levantou.

Quando me juntei a ela, se inclinou um pouco e me disse em um


tom abafado. — Acho que já que ele terminou o mestrado, mas não tem
um emprego alinhado, não pode obter um novo visto ou uma
prorrogação do que já tinha. Ele terá que voltar para a Austrália... de
vez.

— O quê? Não, ninguém disse nada sobre isso para mim. Eu


não fazia ideia. Coitado do Shane — considerou, então pensei no meu
primo, Gabe, que ainda era próximo a ele, e acrescentei — E, coitado
do Gabe!

— Eu sei, todos os caras estão realmente chateados com


isso. Shane é ótimo... todo mundo o ama. Cherry Springs não será a
mesma sem ele.

Eu balancei a cabeça, imaginando como seria entrar no bar e


grill para jantar e não ver mais Shane flertando com as clientes, ou me
dando um de seus sorrisos característicos. A visão foi uma droga.

— Isso é terrível.

— Sim, gostaria que houvesse algo que pudéssemos fazer para


ajudar, mas Reardon está investigando isso há algumas semanas e
ainda não foi capaz de encontrar nada.

Ficamos sentados à mesa por mais alguns momentos, pondo em


dia outras coisas, mas percebi que ela estava exausta, então dei minhas
desculpas e decidi ir para casa.
Dillon e Shane estavam conversando no escritório, então eu
apenas gritei boa noite antes de sair e deixá-los terminar a conversa.

Durante todo o trajeto para casa, não consegui parar de pensar


na situação difícil de Shane e na minha, e enquanto dirigia percebi que
havia uma maneira de nós dois conseguirmos o que queríamos.

Com ideias malucas passando pela minha cabeça, entrei no meu


apartamento e fui direto para a TV. Uma vez lá, eu pesquisei Green
Card1 e The Proposal2 e adicionei os dois a minha lista.

Com a mente ainda confusa, peguei meu laptop e decidi abrir


uma garrafa de vinho.

Assim que peguei meu vinho favorito, uma taça de vinho, com a
garrafa ao lado para facilitar o acesso e meu laptop ligado, me
aconcheguei no sofá e apertei o play. Assisti a um filme, depois ao
outro, parando apenas para correr para o banheiro e pegar um caderno
e uma caneta, antes de voltar correndo para o sofá e terminar os filmes.

Assim que terminaram, abri o Chrome e comecei a fazer


pesquisas.

Os filmes eram bons para informações superficiais, mas sendo


romances fictícios significava que eles não eram muito realistas. Não,
eu precisava ler os regulamentos e reunir o máximo de informações
pertinentes que pudesse.

Eu nunca tinha realmente visto ninguém fora da tela grande


entrar em um casamento de conveniência, mas sabia que isso
acontecia o tempo todo.

1 ”Green Card - Passaporte para o Amor”; Filme.


2 ”A Proposta”; Filme.
Pesquisei as leis, investiguei as consequências e pesquisei
cronogramas.

Já passava das duas da manhã quando desliguei meu laptop,


fechei meu caderno e desliguei a TV.

Quando coloquei minha cabeça no travesseiro, havia um sorriso


no meu rosto.

Eu conseguiria aquela casa, e Shane ficaria na América, porque


amanhã... estarei pedindo ele em casamento.
Capítulo 6
SHANE

Eu estava sonhando que estava na quadra, jogando basquete


com os caras. A bola bateu no chão enquanto eu tentava arremessar e,
de repente, estava batendo mais alto... mais rápido... até que acordei
assustado, me perguntando como consegui driblar tão rápido.

É quando percebi que alguém estava batendo na minha porta.

— Shane — uma voz alta chamou através da porta.

Definitivamente mulher.

Eu me sacudi para acordar e me levantei da cama, passando a


palma da mão no meu cabelo, depois pelo rosto enquanto me arrastava
para a porta com um bocejo.

Eu não esperava ninguém, mas definitivamente não Jasmine,


então, quando abri a porta para encontrá-la ali, toda radiante e linda,
demorou alguns minutos para meu cérebro computar o que meus olhos
estavam vendo.

— Bom dia, dorminhoco — ela disse alegremente, o que era


incrivelmente estranho.

Não só Jasmine nunca esteve no meu apartamento, mas ela


nunca me cumprimentou com um sorriso como aquele.

Eu a observei, piscando sonolento, inconscientemente passando


minha mão sobre meu peito nu enquanto lutava para entender o que
estava acontecendo.
Jasmine tinha um café em cada uma das mãos e um deles foi
estendido para mim.

Estranho.

Talvez eu ainda esteja dormindo.

— Shane — Jazzy solicitou, empurrando o copo em minha


direção — café.

— Oh, uh, obrigado — consegui agradecer, pegando o copo


dela. — Desculpa, estava dormindo. Você quer entrar?

— Claro — ela disse, passando por mim para entrar.

Eu mudei, em uma névoa, e olhei para ela no meu


apartamento. Eu sempre imaginei ela aqui, por isso, tomei um
momento para apreciar que estava realmente acontecendo.

A única pergunta era... por quê?

Fechei a porta e olhei para o relógio do micro-ondas na cozinha.

Eram seis da manhã. Sendo um bartender que geralmente


trabalhava à noite, eu não via essa hora do dia a menos que estivesse
chegando em casa e prestes a dormir.

— O que a traz esta manhã? — perguntei, observando enquanto


ela se movia pelo meu apartamento, olhando em volta para a planta
baixa.

Era um estúdio básico, com um conceito totalmente aberto.

Seus olhos permaneceram na cama desfeita por alguns


instantes, antes de ela olhar para mim, seu olhar prendendo-se no meu
corpo seminu.
Ela olhou por tempo suficiente, que quando
seus lindos olhos verdes encontraram meu rosto, eu estava sorrindo
amplamente para ela.

Jazzy corou, mas não se encolheu nem desviou o olhar.

— Tenho uma proposta para você — disse ela.

Eu levantei uma sobrancelha e respondi:

— Sério — meu tom sugestivo.

Jasmine revirou os olhos e disse:

— Acalme-se, Hemsworth3. Você pode desacelerar um pouco. É


uma proposta puramente de negócios.

— Ah — eu disse, tomando um gole do café.

Creme, sem açúcar, como eu gosto. Hmmm.

— Sente-se — sugeri, apontando para o sofá gasto.

— Obrigada.

Ela se sentou e eu sentei de frente a ela na minha poltrona.

— Você não se sentiria mais confortável com uma camisa? —


Jasmine perguntou, me fazendo sorrir novamente.

— Você se sentiria mais confortável se eu estivesse de camisa?


— respondi perguntando.

Eu tinha certeza de que ela estava olhando para meu mamilo


quando respondeu com a voz embargada: — Por mim, tanto faz.

— Ótimo — eu disse, e me inclinei para trás. — Então, qual é a


proposta?

3
Aqui ela faz menção ao ator Christopher Hemsworth que é australiano, sendo mais conhecido por interpretar o
capitão Mitch Nelson no filme 12 heróis, e Thor no Universo Cinematográfico.
Pela primeira vez desde que abri a porta, Jasmine parecia
nervosa.

— Bem, eu ouvi sobre seus problemas com o visto...

— Vocês de repente começaram a contratar biólogos para a


Lewis Sporting Goods?

— Não, não é um trabalho, não exatamente. É, ah...

— Ei, Jazzy — eu disse, inclinando-me para que meus cotovelos


tocassem meus joelhos. — Você pode dizer qualquer coisa para mim,
sabe disso, certo?

Ela parou de mexer na colher em seu copo de café e olhou para


mim.

Ela pigarreou.

— Então, ontem eu contei a vocês sobre a casa que eu quero, e


você fez aquela piada sobre se casar comigo... então, Laurel me disse
que você teria que deixar o país e imaginei que essa seria realmente a
resposta para os nossos problemas.

— Que seria? — perguntei, pensando que estava faltando


alguma coisa.

— Casar.

— Espere, quem se casará?

Jazzy revirou os olhos novamente.

Eu juro, eu quero beijá-la sem sentido toda vez que ela faz isso

— Nós.

Eu pisquei.
Então, mudei minha mão para a pele da minha coxa e apertei o
mais forte que pude.

— Porra!

— O quê? — Jasmine perguntou, seus olhos se arregalando com


a minha explosão.

— Eu estou acordado — murmurei, balançando a cabeça e


tentando lembrar se eu tinha bebido muito na noite passada.

Não, eu basicamente cheguei em casa do jantar, assisti a um


jogo no sofá e me deitei relativamente cedo.

— Shane…

Eu olhei para Jasmine, dando a ela toda a minha atenção.

— Você acabou de me pedir em casamento?

— Sim. Olha, sei que parece loucura. Mas, você quer ficar aqui,
e todos nós queremos que fique. Somos amigos e você sabe que eu faria
qualquer coisa te ajudar. Além disso, eu realmente quero comprar esta
casa. Todos ganham.

Eu a aceitei, imaginando acordar com ela todas as manhãs como


minha esposa, e, honestamente, não conseguia pensar em nada que
eu quisesse mais.

Outro é ficar aqui mesmo em Cherry Springs.

— Conte comigo.
Capítulo 7
JASMINE

Se alguém soubesse o que eu estava fazendo, provavelmente


pensaria que eu perdi a cabeça.

Bem, todos menos Shane, aparentemente, porque ele estava


bem aqui ao meu lado, seguindo meu esquema maluco.

— Você está bem? — ele perguntou, fazendo-me virar e olhar


para ele.

Estávamos atualmente cerca de trinta mil pés no ar... em um


voo para Las Vegas.

Eu balancei a cabeça lentamente.

— Acho que sim.

Os lábios de Shane se ergueram e ele colocou a mão na minha


perna.

— Sabe, você pode mudar de ideia a qualquer momento. Não


temos que fazer isso, podemos apenas apostar e ficar na piscina até o
nosso voo de volta para casa.

Eu sorri para ele, grata por estar sendo tão legal sobre tudo.

Espere, por que ele estava sendo tão legal sobre isso? Ele não
estava assustado? Não tinha perguntas? Reservas?

Senti minha testa franzir quando perguntei:

— Você acha que devemos conversar mais sobre isso? Definir


algumas regras básicas?
— Sim, claro, parece uma boa ideia — Shane disse facilmente.

Parecia que sua mão estava queimando minha pele sob meu
jeans, e eu estava muito ciente de quão perto estávamos sentados.

— Você aceitou tudo isso com calma. Tipo, apenas pulou com
os dois pés. Você não está nem um pouco preocupado? — perguntei,
tomando cuidado para manter o contato visual e não me distrair com
seus lábios carnudos.

Não foi fácil. Eu já fui pega olhando muito para ele, precisava
colocar um ponto final nessa atração. A última coisa que precisava
fazer era ceder a química entre nós. Esse súbito casamento não era
sobre isso.

Shane levantou um ombro em resposta.

— Acredito muito nas coisas dando certo. Claro, estou


estressado com a situação do meu visto, mas então você bate na minha
porta e parece que um peso foi tirado dos meus ombros. Sim, temos
algumas coisas para resolver, mas não posso parar de pensar que
qualquer coisa que precisaríamos fazer para isso funcionar, será
melhor do que a alternativa.

Eu balancei a cabeça, pensando que era uma boa maneira de


ver isso. Mesmo assim, não pude deixar de ter dúvidas.

— Ok — eu comecei pegando minha bolsa de viagem para pegar


meu caderno.

Eu o abri nas notas que fiz ontem à noite.

— Então, estamos a caminho de Las Vegas para nos


casar... confere. Assim que voltar, eu colocarei a oferta na
casa. Esperançosamente, podemos chegar a um fechamento rápido e
mudar até o final do mês. Assim que soubermos, podemos avisar
nossos apartamentos atuais e agendar as mudanças. Nesse meio
tempo, precisamos conhecer o máximo que pudermos um sobre o outro
e criar uma boa história para nosso romance turbulento.

Eu olhei para cima para ver Shane sorrindo para mim.

— O quê? — perguntei, me perguntando se eu tinha algum pó


açúcar no meu rosto, do donut que peguei no aeroporto.

— Nada. Eu só acho fofo você ter feito uma lista.

— As listas ajudam a garantir que você não esqueça os detalhes


— respondi, um pouco na defensiva.

— Listas são sexys — Shane concordou, o que me trouxe aos


meus próximos pontos.

— Além disso, você precisará parar com isso — eu disse,


apontando minha caneta para ele em um movimento giratório.

— O quê?

— O flerte. Você não pode flertar comigo porque isso confunde


as coisas. E você não pode flertar com outras mulheres, porque
parecerá que você não está sério sobre mim.

— Flertar faz parte do meu DNA.

— Bem, faça o seu melhor para parar.

— Tentarei.

— Obrigada. Também temos que falar sobre exclusividade. Eu


não espero que você seja celibatário nos próximos cinco anos, mas eu
realmente agradeço se você for discreto.

— Cinco anos?
— Foi o que li, mas podemos falar com Reardon para saber com
certeza. Acho que, depois de ser residente por cinco anos, você pode
solicitar a cidadania. Assim que tiver isso, você é livre.

— Então, você planeja ficarmos casados até que eu seja um


cidadão? — ele perguntou, seus olhos quentes, mas intensos.

— Bem, sim, quanto tempo levar. Isso precisa ser benéfico para
nós dois... Cada um de nós obtém o que deseja.

Claro, isso colocaria quaisquer planos que eu tinha de começar


uma família e ter um casamento de verdade em espera, mas o objetivo
desse acordo era fazer com que eu consiga a casa e Shane fique nos
Estados Unidos permanentemente. Seria babaca da minha parte
tentar e seguir em frente sem assegurar que nós dois estivéssemos bem
sucedidos.

— Nós contaremos para sua família?

Eu mordi meu lábio inferior.

Essa era uma pergunta que eu vinha me fazendo várias vezes.

— Não tenho certeza. Não quero mentir, mas também não quero
colocar ninguém em uma situação complicada, sabe?

Shane acenou com a cabeça.

— Se não, temos que convencê-los de que estamos apaixonados,


ou eles saberão que algo está acontecendo. Especialmente Dillon.

Eu bati minha caneta no queixo enquanto pensava. Isso fez meu


estômago doer. Odiava seriamente mentir para minha família
e teria que ser uma ótima atriz para enganar meu irmão gêmeo.

— Estamos indo para o acampamento de Gabe na próxima


semana para arrumar. Acho que seria um bom momento
para realmente convencê-los de nosso relacionamento. Eles ficarão
surpresos, talvez céticos, no início, mas eu aposto que poderíamos
conseguir.

— Teria que falar com Annabeth sobre tirar uma folga.

Eu dei a ele um olhar penetrante.

— Se dissermos a ela que estamos usando isso como uma


espécie de lua de mel, ela empurrará você porta a fora. Tia Annabeth
está morrendo de vontade de me casar. A única prima Lewis que não
está em um relacionamento sério... Ela ficará nas nuvens.

— Ok, mas, você terá que colocar o flerte de volta na mesa. De


jeito nenhum alguém acreditará que estamos juntos se eu não estiver
com tudo para você. Isso vale para fisicamente também. Como você
quer lidar com essa parte?

Meu estômago deu um pequeno salto mortal ao pensar em


demonstrar afeto publicamente com Shane.

— Bem, sim, em público, teremos que ser convincentes, mas em


particular, mantenha as mãos e os olhares quentes para você.

Eu coloquei essa última parte porque, sério, a maneira como ele


estava olhando para mim era quente o suficiente para chamuscar.

— Tudo bem — disse ele, seu sorriso um pouco perverso. — Eu


posso manter minhas mãos para mim, se você puder.
Capítulo 8
SHANE

Estive em Las Vegas algumas vezes ao longo dos anos, mas


nunca tinha me hospedado em um hotel tão bom quanto o Venetian.

Jasmine disse que escolheu esse porque eles têm uma capela no
local e ela poderia conseguir algum tipo de conexão no trabalho, o que
estava bom para mim. Meus passeios normais em Vegas incluíam
hotéis baratos, obtendo buffet grátis e perdendo meu dinheiro no Black
Jack, então esta seria uma boa mudança de ritmo.

Ver como a outra metade vivia.

Tentei não ficar boquiaberto e olhar para todos os lados ao


mesmo tempo, como um turista total, mas quando entramos em nossa
suíte, meus olhos estavam arregalados e meu queixo estava no chão.

— Isso é inacreditável — eu disse, observando os móveis


exuberantes e a vista da Strip. — Deve custar uma fortuna ficar aqui.

— Um de nossos melhores clientes vem aqui o tempo todo e tem


tantas vantagens que nos deixa ficar aqui de graça — disse Jasmine,
caindo de costas em uma das duas camas Queen size com um salto.

Tive o desejo repentino de rastejar para a cama ao lado dela,


mas fui até a janela do chão ao teto e olhei para fora.

— Que horas é o nosso compromisso? — perguntei, falando


sobre o casamento.
— Amanhã de manhã. Isso nos dá a chance de ter certeza de
que tudo está resolvido e nos divertir um pouco esta noite. Nosso voo
de volta para casa é algumas horas após a cerimônia.

Eu concordei. Nós já tínhamos discutido a agenda, apenas senti


que tinha que continuar confirmando os detalhes. Ainda parecia que
estava andando em um sonho irreal que amanhã a esta hora eu
estaria casado com Jazzy.

— Quer se limpar e sair? Comer alguma coisa e ir ao cassino?

Olhei por cima do ombro para ela e respondi: — Parece ótimo.

Ela soltou um “Yay” e pegou sua mochila.

Uma vez que ela estava no banheiro, atravessei o quarto e peguei


minha mochila do chão. Uma vez que ficaríamos apenas uma
noite, trouxemos pouca coisa.

Peguei minha camisa de botão sem rugas e minha bolsa de


higiene. Quando Jasmine saiu, parecendo refrescada e linda como
sempre, eu estava sentado na minha cama respondendo a uma
mensagem de Gabe.

— Gabe acabou de me convidar para a noite de pôquer hoje; eles


estão jogando juntos no último minuto. Ele saberá que não estou
trabalhando. O que eu deveria dizer? — perguntei a ela, não querendo
dar um passo em falso e tomando sua liderança, já que era sua família.

Em breve, minha família.

Uau. A ideia de ser parente dos Lewis parecia um sonho que se


tornou realidade. Já éramos companheiros, mas família? Isso seria
incrível.
Eu fiz uma careta, sentindo a primeira pontada de dúvida sobre
todo esse arranjo.

E se eles descobrirem a verdade e ficarem com raiva de mim, não


apenas por mentir, mas por usar Jasmine para conseguir o que eu
quero?

— A verdade. Digamos que você já tenha planos para um


jogo... em Vegas. Gabe ficará com tanto ciúme — ela respondeu com
uma risada. — Podemos muito bem começar a dar dicas agora, já que
estas serão as férias que supostamente selaram o nosso negócio.

Senti sua mão no meu braço e olhei para cima para ver Jazzy
olhando para mim, seu rosto cheio de preocupação.

— O que aconteceu? Você está bem? — ela perguntou.

— Sim, eu só estava me perguntando quão bravos todos eles


ficarão quando descobrirem que isso é falso — admiti.

— Ei. — Jasmine se sentou ao meu lado. Ela mudou para um


vestido longo de verão, que ondulava em torno de nossos pés. — Eles
ficarão bem. E, se alguém disser alguma coisa, bem, foi ideia minha,
não sua, então eles podem ficar com raiva de mim.

— Eu também não quero isso — disse eu, pegando a mão dela


na minha. — E, eu não me esconderia atrás de você, ou a deixaria
assumir a responsabilidade.

— Você não estaria. Somos parceiros agora, certo? — Ela me


cutucou com o ombro. — Eu cuido das suas costas e você das minhas.

— É... gosto disso.


Nossos olhos se encontraram e de repente eu fiquei hiper ciente
do fato de que nossas pernas estavam se tocando e eu ainda tinha a
mão dela na minha.

Eu me perguntei o que ela faria se eu me inclinasse e tomasse


sua boca.

Ela me encontraria no meio do caminho? Me beijaria de


volta? Ou ela me daria um soco na boca e reiterar sua regra sem
mãos?

Eu estava prestes a descobrir quando ela limpou a garganta e se


levantou de repente.

— Está pronto? — Jasmine perguntou, virando-se


rapidamente. Mas, não antes de ver suas bochechas coradas e
expressão ligeiramente atordoada.

— Faremos isso — disse eu, levantando-me fora da cama.

— Eu vi uma hamburgueria artesanal e cervejaria lá embaixo.

— Perfeito.

Eu a segui para fora e para o elevador, minha mente ainda em


como eu queria beijá-la.

Eu sabia que ela queria manter as coisas casuais, com suas


regras sobre flertar e tal, mas eu era muito observador, sendo um
bartender e tudo. E, se há uma coisa que eu sei, é quando uma mulher
quer ser beijada.

Assobiei uma melodia alegre enquanto descíamos de elevador e


encontramos nosso caminho pelo hotel até a lanchonete.

— Por que você está tão feliz? — Jasmine perguntou,


provavelmente pensando que eu tinha esquecido o flerte de antes.
Em vez de responder, dei uma piscadela e a conduzi para o
restaurante.

Ela apenas balançou a cabeça e entrou, deixando-me sorrindo


atrás dela.

Eu tinha uma nova missão... fazer com que minha noiva corada
tornasse nosso casamento mais do que conveniente.

Eu queria o verdadeiro negócio.


Capítulo 9
JASMINE

As coisas estavam indo surpreendentemente bem entre Shane e


eu.

Bem, além do pequeno lapso quando eu estava a segundos de


distância de lançar-me nele.

Felizmente, depois daquele momento na cama antes do


jantar, mantivemos as regras de sem mãos ou olhares quentes.

Tínhamos jantado, e em seguida, ido para o casino e jogado


alguns jogos, antes de sentarmos no bar no centro das máquinas caça-
níqueis e pedir alguns drinques antes irmos dormir.

Tínhamos nos conhecido um pouco mais, como...

— Qual é o seu animal favorito?

Cabra para mim, cachorro para ele.

— Nunca morei em um lugar onde pudesse ter um cachorro e


sempre quis ter um — ele disse.

Anotado.

— Você gosta dessa coisa de vegemita4?

Ele odeia isso.

— Qual Lewis você levaria para um parque temático?

4
Vegemite é a marca registada para uma pasta de untar de carácter alimentício, de cor castanha escura, de sabor
salgado e elaborado a partir de extrato de levedura. Usa-se principalmente como ingrediente de untar nos
sanduíches e torradas, embora existam receitas para que seja de vez em quando empregado na cozinha.
Reardon.

Tínhamos evitado quaisquer questões sexuais ou provocativas,


em vez de apenas nos conhecermos em um nível básico.

Foi bom.

Agora, entretanto, eu estava começando a suar. Tudo que eu


podia fazer era esperar que meu desodorante aguentasse.

— Você está bem? — Shane perguntou.

Parei de mexer nas mãos e olhei para ele.

— Sim, ficarei bem... É só que não é bem assim que imaginei,


sabe?

Eu sabia que estava sendo boba. Afinal, foi tudo ideia minha,
mas assim que chegamos à capela e vi os grandes buquês de flores e
uma mulher usando um vestido de noiva de verdade, com a família
presente, percebi do que estava desistindo.

— Sempre pensei que meu pai me levaria até o altar e Laurel


seria minha dama de honra. Eu não queria um grande casamento nem
nada, mas queria toda a minha família lá, e sempre imaginei algo ao ar
livre em Cherry Springs. Talvez no gazebo...

Eu dei a ele um pequeno sorriso e encolhi os ombros.

— Não se preocupe, não estou tendo dúvidas, só um momento.

Shane colocou as mãos em meus ombros e me virou na direção


dele.

— Não precisamos fazer isso se você estiver mudando de ideia,


Jazzy.

— Não estou... e você?


— Não, não mesmo. Mas não se preocupe com nossos planos ou
se eu tiver que ir embora. Se a qualquer momento você mudar de ideia,
é só dizer. Eu cuido de você, lembre-se.

— Obrigada, mas estou bem. Prometo.

Ele acenou com a cabeça e acrescentou: — E, você sabe, não há


como dizer que não poderá ter o casamento dos seus sonhos no futuro.

Eu dei a ele um aceno indiferente, mas não pude deixar de


pensar que não haveria sentido depois disso.

— Senhora, estamos prontos para você.

Olhamos para ver a mulher que nos verificou em pé ao lado do


balcão. Depois disso, tudo virou um turbilhão.

Entramos em sua menor capela. Não houve alarde. Sem flores,


música ou Dillon e Gabe contando piadas na linha lateral. Com a
equipe da capela como nossa testemunha e um homem de aparência
elegante como nosso ministro, Shane e eu nos casamos em uma
cerimônia de menos de cinco minutos.

Eu estava atordoada enquanto assinávamos e coletávamos


nossos documentos.

— Beberemos um café antes de fazer as malas e ir?

Eu balancei a cabeça distraidamente e deixei ele me levar ao


restaurante.

Quando fiquei em silêncio durante o pedido da bebida, Shane


disse ao garçom: — Ela beberá café com creme de baunilha, se você
tiver, e suco de laranja — depois de fazer seu próprio pedido de bebida.

Uma vez que ficamos sozinhos, ele perguntou com um sorriso:


— Será que pedi direito?
Eu sorri distraidamente e balancei a cabeça.

Os pedidos de bebidas favoritas para todas as refeições eram


uma das coisas que nós falamos ontem à noite.

Shane ergueu o punho e disse:

— Isso!— me fazendo rir, o que eu sabia ser sua intenção.

— Obrigada, Shane — eu disse, me sentindo um pouco mais


leve.

— Pelo quê?

— Por ser tão legal com tudo... ser o parceiro de crime perfeito e
levar toda a minha loucura no tranco.

— Há anos venho tentando te dizer que cara incrível eu sou.

— É verdade, você tem — eu brinquei, mas estava realmente


começando a perceber que era verdade.

Eu sempre fui tão obcecada em ver Shane sob uma luz, como o
playboy australiano namorador que nunca teve um relacionamento
sério. Talvez eu estivesse prestando um desserviço a nós dois.

Inferno, se eu realmente pensasse sobre isso, as mesmas


coisas poderiam ser ditas sobre mim, tirando a parte playboy
australiano.

Shane e eu éramos muito parecidos. Talvez seja por isso que eu


usei tapa olhos onde ele estava em questão.

— O que é? — ele perguntou, mostrando mais uma vez quão


perceptivo ele era... outra qualidade que eu tinha esquecido de apreciar
nele.

— Nada — respondi suavemente. — Só estou pensando que


talvez eu tenha sido um pouco vadia com você ao longo dos anos.
— Nah, eu nunca diria isso — Shane contestou, seus olhos azuis
brilhando. — Talvez você tenha esquecido algumas das minhas
melhores qualidades e sempre me manteve estritamente na zona
de amigo do irmão e primos, mas nunca te chamaria de vadia.

Meus lábios se curvaram e soltei um suspiro profundo que não


tinha percebido que estava preso.

— Obrigada. E prometo ter a mente mais aberta no que diz


respeito a você.

— Espero que sim, minha esposa — respondeu ele alegremente,


então virou-se para agradecer ao garçom que estava servindo nossas
bebidas.

Meu estômago embrulhou com a palavra esposa.

Puta merda! Eu era a esposa de Shane e ele era meu marido.

Eu o observei conversar com o garçom, observando seus traços


fortes e sua maneira descontraída.

Ele realmente era um espécime deslumbrante e eu estava


começando a aprender que o interior era tão atraente quanto o exterior.

Se eu não fosse cuidadosa, iria contra todas as regras que já tive


sobre Shane, porque, agora, ele parecia o tipo de homem que faria de
uma mulher uma quebradora de regras.
Capítulo 10
SHANE

Eu não desfiz as malas, apenas movi as coisas para uma mala


maior.

Eu sempre ouvi histórias sobre o Acampamento Gabriel Lewis,


acampamento de futebol americano de verão do Gabe para as crianças,
e eu sempre quis vê-lo.

Finalmente teria uma chance.

Todos os anos, Gabe e seu primos vão ao acampamento mais


cedo para prepará-lo para os campistas.

Começou como uma viagem só de primos, mas nos últimos


anos, com os primos se acomodando, o convite se abriu para os
cônjuges.

Gabe realmente conheceu sua esposa, Zoey, no acampamento


quando ela foi lá para acompanhar seu sobrinho. Esse foi o evento que
começou a bola de neve dos primos Lewis caindo um por um em
relacionamentos sérios.

Esta seria a primeira vez que todos estavam prestes a ir para o


acampamento, e foi onde Jazzy e eu decidimos lançar a bomba sobre
eles aparecendo juntos e anunciando que estávamos casados.

Se fosse qualquer outra situação, eu estaria alegremente


antecipando surpreender a todos. Mas, eu realmente me preocupava
com essas pessoas e não pude deixar de me preocupar sobre como a
nossa mentira afetaria cada membro da família, e as nossas relações
com eles.
Jasmine e eu tínhamos nos separado, decidindo dividir e
conquistar para que pudéssemos colocar tudo em ordem a tempo de
pegar a estrada novamente.

Ela veria a corretora de imóveis, mostraria nossa certidão de


casamento e faria uma oferta pela casa.

Eu veria Annabeth e pediria uma folga, após Jasmine me


garantir repetidamente que não me colocaria na casinha do cachorro
no trabalho.

Olhei ao redor da sala e decidi que provavelmente era hora de


começar a organizar minhas coisas e descobrir o que eu queria levar
comigo para a nova casa de Jazzy. Honestamente, provavelmente não
havia muito que eu guardasse além de roupas e coisas de cozinha.

Mandei uma mensagem para Jasmine, já que estava pensando


nisso.

Quer verificar o que tenho no meu apartamento? A menos


que haja algo de que você precise para o novo lugar, doarei a maior parte
para o Goodwill5.

Eu tranquei a porta e desci até o bar e grill. Quando eu estava


prestes a entrar, recebi uma mensagem de volta.

Claro. Eu posso passar aí daqui a pouco. Acabei de falar com a


corretora. A oferta está em mesa!!!

Eu sorri quando abri a porta.

Isso é impressionante. Parabéns. Entrando no bar agora.

Eu coloquei meu telefone de lado, mas ainda estava sorrindo


enquanto caminhava pelo restaurante e para os fundos.

5 Famoso brechó nos Estados Unidos.


Isso funcionará.

— Ei, Shane, eu não esperava ver você até hoje à noite —


Annabeth disse quando entrei no escritório.

Annabeth era a mãe de Gabe e uma das minhas pessoas


favoritas no planeta.

Algumas pessoas pensaram que ela era uma mulher difícil, e,


sim, ela tinha um exterior áspero, mas por dentro, ela era um
marshmallow.

Ela me recebeu na família de braços abertos quando Gabe e eu


estávamos juntos na faculdade e me ofereceu um emprego assim que
me mudei para a cidade. Acho que ela tinha um fraquinho por mim
porque eu era basicamente um órfão sem-teto, sem pais, e a mãe nela
queria que tudo ficasse bem.

— Sim, uh, eu realmente preciso falar com você sobre uma coisa
— eu disse, de repente me sentindo como um adolescente travesso.

Annabeth se virou totalmente em sua cadeira e me deu aquele


olhar de mãe.

— O que está rolando?

— Eu sei que é de última hora, mas precisava ver se eu poderia


folgar na próxima semana para ir para o acampamento de Gabe.

Eu estava literalmente remexendo e arrastando meus pés


enquanto observava seu rosto e esperava por um responda.

— O acampamento de Gabe? Mas, ele geralmente mantém tudo


discreto, apenas os primos.

Annabeth olhou para mim e seu rosto se suavizou.


— Não que você não seja da família, porque você é, eu não sei
por que Gabe sempre teve essa regra boba.

— Oh, não é nenhum problema, Annabeth, eu nunca invejei


Gabe por ter esse tempo com sua família. Você sabe como ele pode ser
supersticioso. Ele e eu fazemos muitas outras coisas juntas... mas,
não, ele na verdade não sabe que estou indo.

— Não entendi…

Merda, eu preciso apenas sair e dizer isso.

— Bem, este ano Gabe abriu para os primos e seus parceiros —


comecei, porque embora Jed e Rena estivessem morando juntos,
eles ainda não eram casados.

— Sim…

Eu limpei minha garganta.

Porra, isso era mais difícil do que eu pensava.

— E, como Jazzy e eu nos casamos, decidimos nos juntar a todos


no acampamento.

Annabeth deixou cair a caneta que estava segurando e seu


queixo caiu. Ela estava sem palavras. Congelada. A única coisa que se
movia eram seus olhos, que piscavam rapidamente.

— Você está bem? — perguntei, preocupado que ela estivesse


tendo um ataque cardíaco ou algo assim. — Você precisa de água?

Ela se levantou e passou por mim, balançando a cabeça


enquanto saía do escritório e se encaminhava para o bar.

— Annabeth? — chamei, correndo atrás dela.

— Sabe, normalmente gosto das suas piadas e brincadeiras,


mas isso não é engraçado, Shane.
Ela não parou de andar, apenas gritou comigo enquanto se
afastava.

— Eu não estou brincando, Annabeth, eu juro. Olha, eu ia até


pedir algumas caixas para começar a empacotar meu loft.

Annabeth parou na beira do bar e girou nos saltos, os punhos


pousando nos quadris.

— E por que você está empacotando seu loft? — ela perguntou,


batendo o pé.

Cara, ela está realmente chateada.

— Porque Jasmine e eu iremos morar juntos — expliquei


lentamente.

Ela soltou um bufo.

Só então, a porta se abriu e ouvi Jasmine chamar.

— Ei, pessoal. Belo dia, não é?

Jasmine estava radiante, provavelmente por ter enviado a


papelada da casa, mas decidi usar isso a meu favor e provar
a Annabeth que estava dizendo a verdade.

Era hora de mostrarmos ao mundo que éramos na verdade um


casal.

Meu rosto se abriu em um sorriso para combinar com o


de Jazzy, e eu caminhei com confiança em direção a ela. Como se eu
tive o direito.

Como se ela fosse minha.

Ela teve um segundo para vacilar enquanto lia a intenção em


meu rosto, e então eu estava lá, puxando-a em meus braços e
reivindicando seus lábios.
Eu senti sua respiração prender com surpresa, mas
em segundos seus lábios se separaram e eu aproveitei a oportunidade
para aprofundar o beijo.

Tinha gosto de menta e promessa, e logo esqueci tudo, menos o


que ela sentia quando foi flexível contra mim. Seus braços envolveram
minha cintura, me puxando para mais perto, fazendo com que seus
seios se achatassem contra o meu peito.

Eu estava inebriante de emoção, beijando-a até ficarmos ambos


sem fôlego.

— Oh meu Deus — ouvi Annabeth chorar atrás de nós, então as


palmas começaram.
Capítulo 11
JASMINE

Minha mente estava em branco.

Eu apenas senti.

Seus lábios eram tenros, sua língua procurando, e a sensação


de seu corpo contra o meu era o material sobre o qual os poemas eram
escritos.

Eu me perdi totalmente em seu beijo.

E então, a voz da tia Annabeth e o som de alguém aplaudindo


romperam minha névoa luxuriosa e me lembrei de onde estávamos.

Shane quebrou o beijo, mas ao invés de me deixar ir, ele baixou


sua testa na minha e fechou os olhos.

Sua respiração estava rápida, assim como a minha, e me


perguntei se meu rosto parecia tão vermelho e macio quanto o dele.

Puta merda, acabamos de dar nosso primeiro beijo no meio do bar


da minha tia.

Se isso fosse o que aconteceria toda vez que mostrássemos o


nosso afeto em público para provar que nosso relacionamento era real,
eu teria sérios problemas.

Um beijo e eu estava pronta para arrancar suas roupas... na


frente da minha tia.
— Você estava falando sério? — Tia Annabeth disse, e eu
presumi que isso significava que Shane contou para ela sobre o
casamento e estava apenas provando seu ponto.

Shane deu um beijo no meu nariz antes de pegar minha mão na


dele e virar para Annabeth.

— Completamente — ele respondeu.

Eu, por outro lado, não consegui dizer uma palavra. Estava
atualmente em uma poça no chão depois daquele beijo no nariz.

Tantos problemas, pensei, então me forcei a voltar minha


atenção para a sala.

Tia Annabeth estava olhando para nós em choque,


enquanto Becs estava atrás do bar batendo palmas e fazendo uma
dança feliz.

— Surpresa — eu disse brilhantemente, esperando que


Shane não pudesse sentir minha mão ligeiramente tremendo na dele.

Minha tia veio correndo, me puxando para um grande


abraço. Ela estava jorrando e nos balançando para frente e para
trás, então ela percebeu e me empurrou.

— Espere, vocês já estão casados? Jasmine Lewis, diga-me que


você não privou sua mãe do casamento... e, seu pai? Uh. Primeiro seu
irmão e agora você?

— Bem, embora Dillon e Laurel tenham se casado no JP, meus


pais ainda estavam lá — eu argumentei, então fechei minha boca com
o olhar dela.

— E vocês? Onde vocês se casaram? — Ela incluiu Shane em


seu olhar e ele teve a paz de espírito para parecer culpado.
— Vegas — eu disse, tentando evitar que meu tom vacilasse sob
a força da decepção repentina de minha tia.

— Vocês estavam bêbados? — ela perguntou sem rodeios.

— Não, senhora, não estávamos — Shane respondeu.

Mudei para encará-lo e murmurei, puxa saco.

Ele arregalou os olhos dramaticamente e eu lutei contra uma


risada.

— Se você soubesse o que é bom para você, Jasmine Michelle


Lewis, você também estaria puxando saco.

Uh-oh, ela me deu três nomes.

— Desculpe.

— Você quer que eu chame seus pais?

— Não, senhora — eu disse, humildemente.

Tia Annabeth soltou um bufo.

— Então é melhor você contar a eles antes de ir para o


acampamento. Se não, eu mesmo direi a eles.

— Contarei a eles hoje à noite — informei, embora não tivesse


planejado contar até voltarmos.

— Tenho certeza que seu marido não vai te pendurar para secar
assim, vai, Shane? — ela perguntou, colocando os pés dele no fogo.

— Oh, uh, não, claro que não, mas... eu tenho que trabalhar
hoje à noite — ele disse, a última parte dirigida a mim.

Antes que eu pudesse dizer, eu entendi, porque, honestamente,


eu não estava preparada para contar aos meus pais com Shane a
reboque, eu nem tinha certeza do que diria, Tia Annabeth chegou antes
de mim.

— Você tem a noite de folga. Podemos cobrir você esta noite, e


enquanto você estiver no acampamento, você só terá que trocar de
turnos para ajudar aqueles que cobrirão você enquanto estiver fora.

— Eu vou, é claro.

— Ótimo, então está resolvido.

Ela começou a se virar e se afastar, mas se virou e nos deu um


sorriso gentil.

— Parabéns, estou muito feliz por vocês dois.

Nós a observamos sair em silêncio. Assim que ela entrou no


corredor de trás, Becs veio pulando, batendo palmas mais uma vez.

— Oh meu Deus, isso é como um sonho se tornando


realidade! Estou tão animada por vocês — ela disse enquanto voava
para Shane e o abraçava. — Eu sabia que ela cairia em seus sentidos.

Becs me olhou feliz e acrescentou: — Eu disse a ele que era você


que estava perdendo. Estou tão feliz que você finalmente deu uma
chance a ele.

Eu olhei para Shane por cima da cabeça dela, sobrancelha


levantada, então olhei diretamente para o corpo dela, que estava
praticamente enrolado em torno dele.

Shane fez o possível para desembaraçá-la e agradeceu.

— Obrigado, Becs, mas talvez diminua um pouco o tom,


certo? Eu não quero que as pessoas pensem que eu era o stalker
aqui. Jazzy é quem me colocou um anel.
Soltei uma risada assustada e confirmou: — É, certo —
enquanto ele soltava Becs e me puxava para perto, de modo que eu
estava bem ao lado dele e seu braço estava em volta da minha cintura.

— Está tudo bem, baby, você pode admitir, somos todos amigos
aqui — Shane disse suavemente, seu flerte com força total.

Eu apenas rolei meus olhos para ele e informei:

— É melhor sairmos daqui baby, e ir para a casa dos meus pais.

Depois da cena com a tia Annabeth, fiquei preocupada sobre


como meus pais, e todos no acampamento, receberiam nossas grandes
notícias.

A única coisa boa era que ela parecia acreditar nós.


Capítulo 12
SHANE

As palmas das minhas mãos suavam enquanto eu observava


Jasmine abrir a porta da casa dos pais, gritando:

— Olá! — E gesticulando para que eu a seguisse para dentro.

Eu estava mentalmente preparado para falar com Annabeth, e


estava trabalhando para contar à gangue no acampamento, mas por
algum motivo contar aos pais dela nunca passou pela minha cabeça.

Uma aventura rápida e um casamento improvisado pode parecer


romântico para algumas pessoas, pelo menos, eu faria o meu melhor
para vendê-lo dessa forma, mas... não para os pais dela.

Seu pai provavelmente vai querer me esfolar e sua mãe ficará


desapontada por termos saído sem contar a ninguém.

Um milhão de cenários de pior caso estavam passando pela


minha mente enquanto eu seguia Jazzy através da casa de aspecto
familiar.

— Ei, querida, estamos na cozinha — respondeu a mãe.

Entramos para encontrar sua mãe no fogão e seu pai cortando


legumes no balcão.

Ela se virou com um sorriso, os olhos deles se arregalando


quando me viram.
— Oh, eu não sabia que você traria companhia — a mãe de
Jasmine disse, enxugando as mãos em uma toalha enquanto se
aproximava para me cumprimentar.

— É Shane, certo? Você trabalha na Annabeth's.

— Sim, senhora — respondi.

Seus cílios tremeram e ela sorriu.

— Oh, adoro o seu sotaque.

— Caramba, mãe — Jasmine disse, dando um abraço lateral em


sua mãe. — Não aja estranha. Caso vocês não tenham se conhecido
oficialmente, Shane, estes são meus pais, Michelle e Jacob.

— Prazer em conhecê-los — respondi, olhando de sua mãe para


seu pai, que nos assistia curiosos.

Só então, ouvimos a porta abrir e a voz de Dillon gritar:

— Mãe?

— Na cozinha.

Eu olhei para Jasmine, cuja expressão combinava com meus


pensamentos.

Merda!

— Eu vi o carro de Jazzy na frente — Dillon estava dizendo


quando se juntou a nós.

Ele parou, olhando para mim com surpresa, e me


cumprimentou: — Shane, ei, não esperava ver você aqui.

Ele me bateu nas costas, amigável como sempre, mas


obviamente curioso.
— O que está acontecendo, monstra? — Dillon perguntou a
Jazzy enquanto a puxava para um abraço.

— Bem, na verdade pensamos em atualizá-lo no acampamento


amanhã, mas já que está aqui, pode muito bem ouvir isso junto com a
mãe e o pai — Jasmine falou, sem olhar seu gêmeo nos olhos.

— Ouvir o quê? — Dillon perguntou, pegando um pedaço de aipo


da tábua de corte e dando uma mordida.

Jasmine olhou para mim e eu dei a ela um sorriso encorajador.

— Ok, bem, nós... uh, Shane e eu, queríamos compartilhar


nossas boas notícias.

Seu tom era brilhante e animado, mas seu rosto parecia em


pânico.

— Que notícias? — Seu pai solicitou.

— Jasmine me fez o homem mais feliz do mundo, ao se tornar


minha esposa — eu anunciei, tentando tirar um pouco da pressão dela.

— O quê? — Jacob perguntou, largando a faca.

Graças a deus.

— Isso é verdade? — Michelle perguntou, sua mão chegando ao


coração.

Dillon ficou em silêncio por um momento, então ele começou a


rir.

— Pare — disse Jazzy, batendo no braço do irmão,

Em seguida, olhando para sua mãe respondeu: — É verdade.


— É, tá — Dillon disse, ainda rindo. — Você nunca deu a Shane
a hora do dia. Sim, pude ver que havia interesse no lado dele, mas
sempre houve zero no seu... Sem ofensa, cara.

— Sem problemas — respondi automaticamente, então me


mudei para Jasmine e envolvi meu braço ao redor dela. — Mas, ela
finalmente viu a luz, companheiro. Nós estamos casados.

Dillon ficou sério com isso, sua cabeça balançando de Jazzy


para mim e vice-versa.

— Você está fodendo comigo.

— Dillon, linguagem — sua mãe repreendeu sem entusiasmo.

Seu pai deu a volta no balcão e ficou na nossa frente, os braços


cruzados sobre o peito.

— Explique.

Jasmine mudou ao meu lado.

Merda, provavelmente deveríamos ter elaborado um roteiro ou


algo assim antes de vir aqui.

— Senhor, eu amo sua filha. Estive interessado nela desde a


primeira vez que a vi, há uma década, e nunca a esqueci. Tenho
insistido nela desde que me mudei para Cherry Springs. Demorou
alguns anos, mas ela finalmente concordou que pertencíamos um ao
outro.

Eu senti Jazzy enrijecer um pouco com a palavra amor.

— Então, ótimo, apenas namorem um com o outro — Dillon


disse, exasperado. — Não apenas se casem. Quer dizer, diabos,
você não pode deixar de evitar um cara em um dia e dizer sim no
outro. Não faz sentido.
— Podemos ter ficado um pouco presos no momento, e nós dois
realmente lamentamos ter nos casados sem ninguém de sua família
presente — expliquei.

— Onde vocês se casaram? Quando? — Michelle perguntou.

Eu abri minha boca para responder, mas seu pai levantou a mão
para me parar e perguntou:

— Jazzy? Você está estranhamente quieta.

— Nós nos casamos em Vegas — ela respondeu, sua voz


suave. — Não planejamos, simplesmente aconteceu.

Essa foi a mentira com a qual concordamos, já que sua família


não acreditaria que ela planejava ir para Las Vegas e se casar sem
contar a ninguém. Pelo menos, não um casamento de verdade.

Achamos que se eles acreditassem que estávamos presos no


momento, eles seriam capazes de aceitar um pouco melhor.

— Vegas? Como vocês foram parar lá? — Dillon perguntou, e eu


percebi quão despreparados estávamos para responder a todas essas
perguntas.

O telefone de Dillon tocou, nos dando um pouco de tempo para


organizar nossos pensamentos.

— Ei, amor, desculpe, ainda estou com meus pais.

Dillon estava dizendo, então eu sabia que ele estava falando com
Laurel.

— Sim, estou levando-os para casa agora. Vejo você em alguns


minutos.
Ele desligou e informou: — Eu vim aqui para pegar algumas
coisas para Laurel, as costas dela estão doendo, então eu tenho que
ir. Falaremos disso amanhã.

— Eu coloquei os cremes e o óleo na porta. Pegue todos eles e


veja o que funciona — disse Michelle.

— Obrigado — Dillon agradeceu inclinando-se para beijar a


bochecha de sua mãe, antes de dar a seu pai e irmã abraços rápidos.

— Até mais, cara — ele acrescentou, sua mão vinda para o meu
ombro e dando um aperto.

Ele me deu um olhar que eu não consegui decifrar e saiu da


sala.

Jazzy e eu soltamos respirações profundas e viramos um para o


outro. Eu poderia dizer que ela estava tão aliviada quanto eu por estar
fora do gancho, pelo menos por mais um dia.

Mas, antes que o alívio pudesse se instalar, seu pai disse:

— Vocês dois ficarão para o jantar. Há muito mais para discutir.


Capítulo 13
JASMINE

Meu coração batia tão forte que eu tinha certeza de que todos
podiam ouvir.

Por que achei que isso seria fácil?

Eu nunca menti para minha família.

Claro, a aparição de Dillon foi inesperada, mas realmente, com


ou sem ele lá, era dolorosamente óbvio que Shane e eu estávamos
terrivelmente despreparados para responder às perguntas que minha
família tinha.

Teríamos que conversar muito esta noite, se tivéssemos alguma


esperança de convencer a todos no acampamento na próxima semana.

Mas primeiro, tivemos que sobreviver a esse jantar improvisado


com meus pais.

— Isso está delicioso, Michelle — Shane estava dizendo


enquanto colocava sua terceira porção de batatas em seu prato.

Eu acho que ele esperava ganhar as boas graças da minha mãe


comendo e amando sua comida.

Minha mãe sorriu para ele e perguntou: — Você gostaria de mais


assado?

Eu me impedi de rolar meus olhos.

Parece que está funcionando.

Meu pai, por outro lado, não estava convencido.


— Então, Shane, me fale sobre seus pais. Eles concordam com
o fato de você estar planejando ficar na América indefinidamente? —
ele perguntou, então sua cabeça girou para mim. — Você está
planejando ficar aqui, certo?

— Sim, claro, certo, Shane?

Shane largou o garfo e enxugou a boca com o guardanapo antes


de dar toda a atenção ao meu pai.

— Na verdade, senhor, minha mãe faleceu quando eu tinha onze


anos. Meu pai — disse o pai ironicamente — que nunca foi muito
presente para começar, saiu dos trilhos depois que ela morreu e eu
nunca mais o vi. Então, sim, estamos planejando ficar aqui. Não
sobrou nada para mim na Austrália.

— Oh, sinto muito por sua perda — disse minha mãe, com os
olhos marejados.

Minha mãe era totalmente empática. Se alguém estava chateado


ou chorando na presença dela, ela assumia essa emoção.

— Está tudo bem, já faz muito tempo — respondeu Shane, mas


notei que ele colocou o guardanapo na mesa e não pegou o garfo de
volta.

Ele parecia chateado, mas como se estivesse tentando o seu


melhor para mascarar.

— Desculpe, filho — meu pai disse suavemente, e eu poderia


dizer por sua expressão que ele se sentia culpado.

Se foi por mencionar os pais de Shane, ou sua reação ao nosso


anúncio, eu não tinha certeza. Provavelmente um pouco a ambos.

A culpa bateu em mim.


O que nós estamos fazendo?

A mão de Shane encontrou a minha debaixo da mesa e apertou


suavemente.

Eu olhei para cima para vê-lo me observando, seus olhos


transmitindo sua compreensão, enquanto ele me mostrava que estava
ali comigo.

— Bem, é melhor nós irmos. Ainda temos que fazer as malas


para o acampamento.

— Oh, vocês dois estão indo?

Eu balancei a cabeça em resposta à minha mãe.

— Bom — ela respondeu. — Será bom para todos, dar-lhes


tempo para se ajustarem e dar-lhes a oportunidade de ver como
funciona esta nova dinâmica.

— Eu te ajudarei a limpar — eu disse, levantando da minha


cadeira.

Ela me dispensou.

— Não há necessidade, seu pai e eu cuidamos disso, vocês dois


farão o que precisam fazer.

Todos nós nos levantamos da mesa e me movi para dar um


abraço em meus pais.

Meu pai segurou um pouco mais do que o normal e disse:

— Você sabe que te amo, querida, só quero que seja feliz.

— Eu estou, papai —assegurei a ele.

— Foi bom conhecê-lo, senhor — disse Shane, estendendo a


mão.
— Me chame de Jake — meu pai disse, aceitando com um aperto
firme.

— Boa noite, Jake.

— Boa noite, Shane. Você é bom para minha garota. Ela merece
o melhor.

Shane acenou com a cabeça, então se virou para minha mãe,


que o puxou para um abraço.

— Bem-vindo à família, Shane.

— Obrigado — ele disse, sua voz rouca de emoção.

Nós não dissemos nada até que estávamos a meio caminho de


seu apartamento.

— Eu sei que precisamos fazer as malas, mas acho que


precisamos passar algum tempo conversando esta noite... tomando
notas.

— Notas? — Shane disse com um sorriso, o primeiro que eu vi


desde antes jantar. Eu percebi quão incomum isso era, que Shane
parecia sempre ter um sorriso no rosto. — Você quer dizer, como uma
lista.

— Ria — respondi, reprimindo meu próprio sorriso. — Você


ficará feliz por tê-las quando precisar se lembrar de como eu gosto dos
meus ovos.

— Muito fácil — ele explanou, e eu olhei para ele com surpresa.


— Veja, eu sei mais sobre você do que pensa.

— Hmmm — eu murmurei. — Ainda, estamos falando de uma


semana com as pessoas que me conhecem, e a você,
melhor. Eles não serão tão fáceis de enganar. Precisamos estar na
mesma página quando se tratar de nossa decisão de nos vermos,
então, bum, nos casar. Pegaremos suas coisas e ir para minha
casa. Você pode ficar lá para que possamos contar nossas histórias
direito, então partiremos juntos amanhã. Tudo bem?

— Sim, acho que é uma boa ideia para esclarecer nossas


histórias. Estávamos uma bagunça lá atrás — ele concordou.

Estacionei na rua principal e estávamos indo em direção ao


apartamento de Shane, quando uma sombra caiu sobre nós.

Eu me virei, não muito preocupada, já que estávamos em Cherry


Springs, não em Nova York, mas curiosa para ver quem estava se
aproximando.

— Reardon — chamei, feliz por ver meu primo.

— Ei, cara — Shane disse em saudação.

Reardon parou na nossa frente, seu rosto normalmente feliz


marcado por uma carranca.

— Tudo bem? — perguntei, dando um passo em direção a ele.

Ele olhou entre nós e disse: — Vocês dois precisam explicar o


que diabos está acontecendo.
Capítulo 14
SHANE

Sente-se — eu disse uma vez que estávamos todos no meu


loft. — Posso pegar alguma coisa para você?

— Não — negou Reardon, seu tom seco,

Algo que eu nunca tinha ouvido de meu amigo normalmente


bem-humorado.

— Dillon me ligou a caminho de casa.

— Rear — Jazzy começou, mas ele a impediu de continuar.

— Deixe-me falar primeiro, Jaz, então você pode continuar.

Ela acenou com a cabeça, seu rosto cheio de preocupação.

— Vocês dois vieram até mim com questões legais, então, para
fins de argumentação, estou falando com vocês agora como seu
advogado e nada mais...

Ele olhou incisivamente para nós dois, esperando que


indicássemos que entendíamos.

— Sem entrar em detalhes, quero começar perguntando se vocês


são legalmente casados.

— Sim, nos casamos em Vegas — respondi.

Reardon fechou os olhos.

— E o que vocês estão planejando dizer a todos? Vocês dois irão


para o acampamento?
— Sim — Jasmine disse, levantando e movendo-se até seu
primo. — Diremos a eles que estamos apaixonados. Começamos a nos
ver e escapamos para Las Vegas para ficar um pouco a sós e enquanto
estávamos lá, nos casamos.

Ele abriu os olhos e olhou para ela.

— Bom. Isso é tudo que eles precisam saber. Portanto, você terá
que manter essa história pelos próximos cinco a sete anos, pelo
menos. Nunca dê a eles motivos para duvidar e coloque-os na posição
em que possam ter que mentir para as autoridades.

— Nós não faríamos isso — Jasmine assegurou a ele.

Eu balancei a cabeça em concordância.

— Eles ficarão surpresos, e alguns, provavelmente Dillon e


Rena, ficarão céticos, então vocês terão que vender isso.

— Nós entendemos.

— Bom — disse Reardon, passando a mão pelo cabelo loiro


curto. — Espero que vocês dois saibam o que estão fazendo. Os dentes
do Benny estão nascendo, então preciso ir para casa, mas vejo vocês
amanhã. Eu só queria vir aqui e ter certeza de que nos entendemos
antes do acampamento. Conversaremos mais quando chegarmos lá.

Eu o acompanhei até a porta, esperando que isso não fosse


arruinar a amizade que tínhamos.

— Eu só quero que você saiba, eu nunca faria nada para


machucá-la — eu disse a ele antes que saísse.

— Eu sei, cara, e sei o que você sente por ela. Esta foi uma
maneira complicada de chegar mais perto dela, mas talvez funcione a
seu favor. Apenas certifique-se de que está protegendo seu coração
também. Eu não quero que nenhum de vocês se machuque.

— Obrigado, irmão, e desculpe se o colocamos em uma situação


difícil.

— Não se preocupe comigo, vocês dois já têm o suficiente nos


seus pratos — disse ele, batendo a mão no meu ombro e saindo pela
porta.

Fechei a porta atrás dele, depois me virei e encostei-me nela.

— Merda — Jasmine murmurou.

Eu levantei meu olhar do chão e a vi ainda parada no mesmo


lugar.

— Isso será mais difícil do que eu pensava — disse ela,


mordendo o lábio inferior. — Fomos completos idiotas? Isso é um erro?

Atravessei a sala até ficar na frente dela.

— Não é tarde demais — eu disse a ela, minha voz suave, mas


firme. — Se você mudou de ideia, poderíamos conseguir uma
anulação. A tinta mal secou, então não haverá problemas. Podemos
cancelar agora, e você pode ir ao acampamento amanhã e dizer a todos
que foi um erro bêbado e tolo. Eles comprariam.

Mesmo enquanto eu dizia as palavras, dando-lhe uma desculpa,


rezei para que ela não aceitasse isso.

— Mas, então, eu não conseguiria a casa e você teria que voltar


para a Austrália — disse ela, ainda mordendo o lábio. — E me desculpe
sobre seus pais. Eu não sabia disso... o que você disse no jantar, que
não há mais nada para você lá. Não quero que você tenha que ir
embora.
A esperança encheu meu coração quando perguntei:

— Então, continuaremos casados?

Jasmine pensou por um momento. — Eu ainda estou dentro, se


você estiver.

Não conseguia parar de sorrir quando respondi: — Totalmente


dentro.

Ela me deu um pequeno sorriso e declarou: — Então é


isso. Pegaremos suas coisas e iremos para a minha casa.

Fui até minha cama, peguei minha mochila e disse:

— Estou pronto.

— Isso é tudo que você levará?

— Bem, sim, vamos apenas acampar durante a semana, certo?

— Sim.

— Então, sim, tenho tudo que preciso bem aqui. — Levantei


minha bolsa como prova e Jasmine balançou a cabeça, então
perguntei:

— Por quê? Quanto você está levando?

Jasmine riu e disse: — Você está prestes a dar uma olhada nos
bastidores das mulheres, ainda mais quando formos morar juntos.
Você está pronto para isto?

— Inferno, sim! — exclamei, imaginando que coisas místicas eu


aprenderia.

Jazzy balançou a cabeça.


— Eu não acho que será como você está pensando. Não haverá
guerra de travesseiros, ficar descansando em lingerie sexy enquanto
come uma banana, ou uma rotina mágica de cuidados com a pele.

Enquanto a seguia para fora da porta, perguntei:

— Posso fazer um pedido para a coisa da banana lingerie?

— Eu te mostrarei onde você pode colocar sua banana — ela


respondeu, olhando para mim por cima do ombro, sorrindo como uma
raposa.

— Caramba! — exclamei, engrossando meu sotaque.

Então segui sua risada escada abaixo.

Até agora, a vida de casado me convinha bem.


Capítulo 15
JASMINE

Respirei fundo e deixei que a serenidade se manifestasse.

Eu adorava vir para o acampamento. Sempre gostei.

Quando éramos mais jovens, nossos pais nos mandavam para


acampar juntos todo verão. Eu sempre esperava por isso durante todo
o ano, e não pude pensar em uma única viagem ruim.

Estar ao ar livre, passar o tempo com meu irmão e primos, viver


todos os dias ao máximo, era o sonho de uma criança.

Quando ficamos todos adultos e Gabe se aposentou da NFL, ele


nos contou sobre sua ideia de abrir o Acampamento Gabriel Lewis, e
todos concordamos que era uma ótima ideia. Mas, tínhamos uma
estipulação... não que ele precisasse prestar atenção... todos os anos
todos nós tiraríamos uma semana de folga e iríamos para o
acampamento.

Assim como quando éramos crianças.

Gabe tinha concordado e começamos a tradição.

Nos últimos dois anos, trabalho, novos bebês e casamentos


atrapalharam o caminho, e enquanto eu estava na entrada, observando
as árvores verdes exuberantes, o sol brilhando no lago e a vista das
cabanas que conhecia bem, eu percebi o quanto sentia falta disso.

— Eu nunca mais perderei outro ano — sussurrei, fazendo uma


promessa para mim mesmo.
— É ainda mais legal do que eu imaginava — Shane disse,
parando ao meu lado, sua mochila pendurada em sua mão.

Eu olhei para cima para vê-lo olhando para o


acampamento. Quando ele respirou fundo, eu sorri.

— Não há nada igual — disse a ele. — Venha, veremos quem


está aqui e depois te mostrarei o lugar.

Eu mandei uma mensagem para Gabe na noite passada para


dizer que estava trazendo Shane junto. Não queria entrar no assunto
por telefone, mas também não queria aparecer sem avisá-lo. Disse que
explicaríamos tudo quando chegássemos, e que compartilharíamos
uma cabana.

Para ser honesta, dividir uma cabana com Shane me deixou um


pouco nervosa.

Quer dizer, o cara era gostoso.

Tipo, Charlie Hunnam gostoso.

Jovem Brad Pitt gostoso.

Hemsworth gostoso.

Estaríamos fazendo o papel de um casal


em um futuro previsível, e isso era um pouco como nos atirarmos
direto para o fogo.

Não haveria quartos separados, nem mesmo camas


separadas. Como um casal que supostamente foi passar um fim de
semana em Las Vegas e estava tão apaixonado que se casou por
capricho, todos esperariam que fossemos afetuosos.

Até mesmo grudentos. Tipo, nojento.

Assim como eles todos foram quando se encontraram.


Eu não consegui dormir a noite toda depois de mandar uma
mensagem para Gabe e todas essas percepções começaram a me
atingir.

Shane não tinha esse problema. Ele dormiu como um bebê. Ou


o nível de afeto público que estaríamos exibindo não o incomodava, ou
não havia pensado muito a respeito. Seja qual for o caso, estávamos
aqui e o show estava prestes a começar.

— Você está pronto? — perguntei a ele enquanto caminhávamos


pelo caminho.

— Pode apostar — respondeu ele, pegando minha mão na sua.

A primeira cabana era a de Gabe, que era onde todos


normalmente se encontravam. Ele tinha uma boa mesa grande no
quintal, onde sempre nos reuníamos para as refeições. Como era hora
do almoço, presumi que era onde encontraríamos todos agora.

Conforme nos movíamos ao longo da lateral da cabana em


direção à parte de trás, já não via as árvores nem sentia o cheiro das
flores desabrochando; tudo que eu conseguia focar era a minha mão
na de Shane.

A dele era maior do que a minha, mas não parecia


desconfortável. Era bom, como se estivéssemos conectados, um time,
e embora nunca tivesse pensado em segurar as mãos como
preliminares, não podia negar que meu pulso acelerou e estava ciente
de seu calor e força.

Eu gostei.

Assim que nós víramos a lateral, ouvimos:

— Ei!
— Ali estão eles…

— O casal do momento.

— Suas orelhas estavam queimando?

— Isso eu tenho que ouvir...

Gabe, Zoey, Rear, Chloe, Jed e Rena estavam todos sentados à


mesa. Foi arrumada em estilo familiar, com todos os ingredientes para
hambúrgueres, salada de batata, feijão cozido, salada de vegetais e
condimentos escorrendo pelo centro da mesa.

Todo mundo estava olhando para nós, e Reardon foi a única


pessoa que permaneceu em silêncio.

— Boa tarde, todo mundo — Shane disse com seu sorriso


característico. Em seguida, ele colocou o braço em volta do meu ombro
e me acomodou ao seu lado. — Acredito que vocês conhecem minha
esposa...

Alguns deles aplaudiram e tanto Gabe quanto Jed se levantaram


e cruzaram até nós.

— Isso é loucura — disse Gabe, dando-me um beijo na bochecha


antes de virar para Shane. — Parabéns, irmão, seja bem-vindo à
família.

— Estou tão feliz por você — concordou Jed, batendo no ombro


de Shane e acrescentando: — Mas precisarei de todos os detalhes mais
tarde... com um engradado.

— Pode deixar — Shane respondeu com um sorriso feliz.

Zoey e Chloe, que não eram apenas primas, mas também irmãs,
vieram me dar um abraço, o que forçou Shane a remover o braço.
Tentei não admitir que sentia a perda, quando aceitei seus
parabéns.

— Sua raposa astuta, você estava resistindo — disse Chloe,


olhando para o marido, que ainda estava sentado observando tudo se
desenrolar silenciosamente, e lançando-lhe um olhar interrogativo.

— Santo Toledo, eu nem sabia que vocês estavam namorando!


— Zoey exclamou. — Mas, agora que vejo vocês dois juntos, estou
realmente curtindo.

— Obrigada, foi muito repentino — declarei, mantendo nossa


história de capa. — Admito que ficamos um pouco confusos, mas estou
muito feliz.

— Bem, eu concordo com meu homem — minha prima, Serena,


disse enquanto se aproximava. — Estou chamando para um bate-
papo oficial apenas para mulheres esta noite. Eu levo o vinho. Você
tem algumas explicações a dar, Jazzy.
Capítulo 16
SHANE

Gabe nos mostrou nossa cabana e ele e eu voltamos para o carro


para carregar as três malas de Jasmine.

Isso mesmo, três.

Ela estava pronta para qualquer eventualidade.

Eu a tinha visto jogar vários maiôs, vestidos, jeans, shorts,


suéteres, roupas de ginástica, cinco pares de sapatos diferentes, mais
maquiagem do que poderia ir no rosto de uma pessoa, loções, xampu,
condicionador, óleo de coco, livros, revistas, o tablet dela, quer dizer,
eu poderia continuar.

Eu assisti com fascinação e um pouco de trepidação, me


perguntando se algum dia voltaríamos.

Depois que Gabe e eu descarregamos nossas coisas na


cabana, nos juntamos aos outros para almoçar e Dillon tinha chegado.

— Onde está Laurel? — Jazzy perguntou quando percebeu que


ele estava sozinho.

— Decidiu ficar em casa. Ela está tão adiantada e


constantemente desconfortável. Não acho que ela realmente gostaria
de estar no acampamento em sua condição. No próximo ano, porém —
ele dirigiu esta última parte para Gabe, que assentiu.

— Não, eu entendo, Zoey veio grávida da última vez e foi ruim.


— Sim, meu Deus, foi horrível. Estava muito quente naquele
verão e eu ficava constantemente pegajosa e não conseguia dormir à
noite — Zoey concordou. — Lamento que ela não esteja aqui.

— Ela também. Mas mandou suas desculpas.

— Eu preciso ligar para ela — Jasmine disse.

Seu irmão olhou para ela incisivamente e respondeu: — Sim,


você precisa.

Ela se encolheu e todos olharam para os dois.

Eu senti olhos em mim e vi Reardon franzindo os lábios. Eu


levantei minha cabeça, indicando que eu cuidaria disso.

Eu não queria que houvesse animosidade entre Jasmine e sua


família. E, embora parecesse que a maioria deles estava feliz em nos
aceitar como um casal, Rear estava certo ao presumir que Dillon e
Serena não cairiam tão facilmente.

Eles conheciam Jazzy melhor, e embora eu tenha certeza de que


poderia convencê-los de meus sentimentos por ela e dos motivos que
tive para me casar com ela, eles sabiam como ela sempre se sentira
por mim e não acreditavam que seus sentimentos tivessem mudado
tão rapidamente.

Praticamente durante a noite.

Então, a maior coisa que tínhamos que fazer era provar que
Jazzy estava de ponta-cabeça por mim.

— Tudo bem, hora de dividirmos esta festa — Gabe disse


enquanto se levantava. — Aqueles que querem sair nos quadriciclos e
verificar o acampamento, venham comigo, e aqueles que querem deixar
as cabines prontas, vão com Zoey.
— Hum, não quero ser sexista, mas realmente gostaria que nos
separássemos por sexo — disse Serena, com os olhos em Jazzy. — As
mulheres cuidarão das cabines enquanto vocês, homens, saem nos
quadriciclos. Eu sei que Jazzy geralmente gosta de dirigir, mas temos
algumas coisas para conversar, então... só desta vez, vamos de garoto
e garota.

— Isso funciona — disse Gabe, seu olhar indo de mim para


Dillon. Ele soltou um suspiro e eu sabia que ele odiava que havia algo
que precisava ser resolvido. Ele era meu amigo mais antigo, mas Dillon
era sua família, e eu odiava colocá-lo em uma situação difícil. — Todos
concordam?

Todos disseram “Sim” e se levantaram para limpar a mesa e se


separar.

Sabendo que precisávamos começar a desempenhar nossos


papéis com um pouco mais de eficácia, tirei o prato
das mãos de Jazzy e o coloquei de volta na mesa.

Quando ela olhou para mim, seu rosto estava confuso, eu a


puxei em meus braços e a beijei.

Jasmine hesitou apenas um segundo antes de seus braços me


envolverem e eu sentir suas mãos em meus bolsos traseiros. Inclinei-
me mais perto, aprofundando o beijo, me permitindo para ser tomado
quando ela se abriu para mim.

Acabou muito breve e quando me afastei e peguei seu olhar


atordoado, dei um beijo em seu nariz.

— Arrumem um quarto — Gabe chamou, sua voz cheia de risos.

Pelo menos ele parecia bem com essa mudança repentina de


eventos.
— Vejo você mais tarde — eu disse a Jazzy.

Ela assentiu, ainda atordoada.

Virei-me para Gabe com um sorriso e disse: — Vamos andar de


quadriciclos.

Deixamos as mulheres e descemos uma colina, passando por


mais algumas cabanas, até chegarmos a um grande prédio que parecia
um celeiro/garagem. Gabe destrancou a porta e empurramos as
grandes portas abertas para revelar uma frota de quadriciclos, algumas
canoas, pranchas de remo, caiaques, uma velha caminhonete e um par
de Gators.

— Puta merda — eu disse, absorvendo tudo.

— Bem impressionante, certo? — Dillon disse, chegando perto


de mim.

— É incrível — respondi, ansioso para testar todos eles.

— Então, eu sei que você estava tendo problemas em


permanecer no país — ele disse suavemente, e eu tive que me forçar a
não endurecer em resposta.

Mantenha casual.

— Sim, cara, isso é verdade. Jazzy e eu teremos que preencher


alguns papéis e talvez fazer algumas entrevistas, mas não nos vejo
correndo em quaisquer obstáculos.

— Mmmmm — Dillon murmurou, em seguida, colocou a mão no


meu ombro e apertou. — Jasmine merece um homem que a colocará
em primeiro lugar. Um cara forte que pode lidar com uma mulher
igualmente forte. Alguém que entende o quanto a empresa significa
para ela, o quanto ela ama sua família. Um homem que não espera que
ela sacrifique nada para fazê-lo feliz.

Eu mudei para olhar para ele no olho.

— Parece bom para mim — respondi honestamente, minha voz


amigável, mas firme. — Eu sou esse homem.

— Espero que sim, Shane. Eu realmente espero.

Ele entrou e Jed se aproximou.

— Depois disso, pegaremos aquelas cervejas e ir para o lago. Eu


tenho que ouvir a história de como você e Jazzy acabaram se casando.

— Parece bom para mim — respondi.

— Legal — disse Jed com um fácil sorrir. — Vamos dirigir.


Capítulo 17
JASMINE

— Ai meu Deus, vinho à tarde... você está brincando comigo? —


Chloe gemeu enquanto se recostava na cadeira de balanço e tomava
um gole.

— Oh, eu sei — sua irmã Zoey disse enquanto subia os degraus


da minha cabana, com as mãos cheias de flores. — Você poderia me
servir um?

— O que você está fazendo com isso? — perguntei a ela do meu


lugar ao lado de Rena no balanço da varanda.

— É a sua lua de mel, não é? Isso é para ajudar com o clima —


Zoey disse, balançando as sobrancelhas.

Ela era a escritora da família e, desde que começou a escrever


romances, ela sempre estava toda sobre o clima.

— Vocês sabem que amo meus filhos — disse Chloe, com os


olhos fechados enquanto se balançava. — Mas gente, eu realmente
precisava disso.

— Eu perdi alguma coisa? — Zoey perguntou enquanto se


sentava na cadeira de balanço ao lado de sua irmã.

— Não, nós esperamos, aqui está o seu vinho — Rena disse,


entregando-lhe uma taça.

— Obrigada.

— Tudo bem, você já teve tempo suficiente, agora... fale.


Eu olhei para minha prima.

— Por que você está agindo assim? — perguntei a ela, tentando


desviar, já que meus nervos estavam me comendo viva.

— Eu gosto do Shane. Ele é o melhor. Ele parece o verão, cheira


a praia e tem o sotaque mais sexy de Cherry Springs. Além disso, ele
gosta de você desde que eu o conheço. Não tenho dúvidas de que ele é
cem por cento sincero sobre seus sentimentos por você.

— Ele realmente é incrível — Zoey concordou.

— Eu o amo — Chloe suspirou.

— Eu acho que você ama aquele vinho — Rena riu,


reabastecendo a taça de Chloe.

— Então, qual é o problema? — perguntei a Serena, embora


soubesse o que ela diria.

— Você — ela respondeu, me olhando de soslaio enquanto


tomava um gole. — Você sempre disse que não tinha como ter algo
com Shane. Que ele era o pior tipo de jogador. Que ele não levava nada
a sério, tudo é um jogo e vem muito fácil para ele.

Droga, o quê, ela estava tomando notas?

— Bem, talvez eu tenha mudado de ideia... finalmente caí em


meu juízo. Quer dizer, você se acostuma a ver um cara todo dia e tem
essa ideia do que ele é na sua cabeça, é meio difícil fugir disso,
sabe? Então, um dia eu abri meus olhos, tipo, realmente percebi quem
ele é, e percebi quão ignorante eu fui esse tempo todo.

— Mesmo? — Rena perguntou zombeteiramente.

Eu olhei para Chloe e Zoey, mas elas também


pareciam meio céticas, mesmo com a névoa do vinho.
— Sim, mesmo, isso é tão difícil de acreditar? Que eu olhasse
além das minhas vendas e visse Shane como ele é... um cara incrível
que é leal, engraçado, amoroso e generoso?

Eu apontei o dedo para Rena.

— Você odiava Jed quando se conheceram. Pensou que ele era


um idiota e que estava abaixo de você.

Eu me virei para Chloe.

— E você colocou Reardon na zona de amigos no segundo em


que o conheceu e não viu que ele era o único para você até que ele
deixou claro que era o que ele queria.

— E você? — Virei para Zoey e balancei minha cabeça. —


Esquece, você praticamente pulou em Gabe no dia em que o conheceu.

— Isso é verdade — disse ela com um sorriso satisfeito.

— Mas... Laurel e Dillon tem sido inimigos por toda a nossa vida,
e ele certamente não a via como a mulher maravilhosa que ela é, até
que eu os coloquei juntos naquela viagem a Chicago — eu as lembrei.

Olhei para cada uma das minhas amigas, minha família, nos
olhos e perguntei:

— Então, por que eu também não posso abrir os olhos para ver
que tinha um grande homem diante de mim esse tempo todo?

Todas olharam para baixo, completamente castigadas, e eu me


senti mal. Não mal porque tudo que eu disse era falso, porque quanto
mais eu aprendia sobre Shane, mas eu percebia como tudo era
verdade. Não, me senti culpada pela mentira.
Merda, aqui estava eu as fazendo se sentirem culpadas por
pensar que Shane e eu tínhamos nos casado muito rápido, e era tudo
mentira. Elas estavam certos em suas suposições.

Eu me senti uma idiota.

— Quer saber, você está certa — Serena sussurrou. — Ninguém


aqui, exceto Zoey, soube imediatamente que os caras com quem
estamos agora eram os homens dos nossos sonhos. Acho que é o fato
de que vocês dois não nos disseram apenas que estavam namorando,
mas que são casados... Isso tornou tudo tão difícil de engolir.

— Sim, foi rápido, mas para mim foi mais a maneira como
Reardon reagiu a isso que me fez recuar. Ele é sempre tão fácil de lidar
com tudo, eu estava preocupada que ele soubesse algo sobre Shane
que nós não soubéssemos — Chloe disse.

Droga, Chloe está em sintonia com o marido. Preciso falar com


Reardon sobre como fazer uma cara de pôquer melhor.

— Bem, eu acho que isso é fan-tás-ti-co — Zoey disse


alegremente, levantando seu copo. — Para Jazzy e Shane. Que eles
tenham uma vida inteira de felicidade e façam tanto sexo selvagem no
Acampamento Gabriel Lewis quanto Gabe e eu fizemos no nosso
primeiro verão juntos.

Todas nós começamos a rir, então Chloe e Rena ergueram suas


taças e repetiram: — Para Jazzy e Shane.

Todas nós tomamos um gole e senti meus olhos começarem a


encher.

— Obrigada, garotas — agradeci suavemente, e, não pela


primeira vez, desejei que essa coisa entre Shane e eu fosse real, e nós
merecíamos os votos de boa sorte de nossa família e amigos.
Capítulo 18
SHANE

Depois do nossa incrível passeio ao redor do acampamento, me


vi na beira do cais com Jed e Gabe, com uma cerveja gelada na mão e
a vista perfeita do lago e das grandes árvores floridas que o cercavam.

— Este lugar é perfeito — eu disse a Gabe, deleitando-me com a


tranquilidade.

— Obrigado — Gabe respondeu, inclinando a cabeça em minha


direção. — Eu me sinto um idiota por nunca ter te trazido aqui
antes. Tínhamos aquela regra estúpida em vigor sobre apenas a
família, mas eu poderia ter convidado você para sair em uma das outras
semanas do verão.

— Não se preocupe com isso, companheiro. Eu nunca me


incomodei. Estou simplesmente feliz por estar aqui agora — assegurei
a ele.

— E, animado com o motivo também, tenho certeza —


acrescentou Jed com um sorriso.

Ele ergueu sua cerveja para bater contra a minha.

— Por conseguir a garota que você sempre quis — esclareceu


Jed. — Eu sempre soube que você era um bastardo sortudo.

— Todo mundo continua falando sobre essa coisa contínua que


você tinha por Jazzy, como é que você nunca mencionou isso? — Gabe
perguntou, não parecendo chateado, apenas curioso.

Dei de ombros.
— Jazzy deixou bem claro que pensava que eu era um
idiota. Eu não queria dizer nada para você, Dillon ou Rear e
potencialmente causar problemas se houvesse uma chance de algo
acontecer de qualquer maneira. Sei como vocês são protetores com sua
família.

— Faz sentido — respondeu Gabe. — Mesmo assim, somos


amigos há muito tempo. Eu poderia ter lidado com isso. O que acontece
entre você e Jazzy é cem por cento assunto de vocês, no que me diz
respeito.

— Obrigado, cara, eu te agradeço.

— Então — Jed começou — eu só tenho que saber como tudo


aconteceu. Quero dizer, da última vez que conversamos, as coisas entre
Jazzy estavam na mesma. Você sonhando com ela e ela te ignorando. O
que mudou?

— Bem, ela veio ao bar outra noite para jantar, como de costume
— eu disse, mantendo as coisas o mais perto da verdade que pude,
como Jazzy e eu tínhamos discutido. — Estava vazio e Jasmine parecia
chateada, então me sentei e começamos a conversar. Conversar
de verdade... sem piadas, sem flertar, sem animosidade. Foi bom... tão
bom que tive coragem de convidá-la para sair. Não da maneira que
costumo fazer, o que me faz rolar os olhos. Ela percebeu minha
sinceridade e disse que sim. Acabamos indo para a lanchonete,
pegando café e passando a noite conversando.

— Jazzy é boa em cortar besteiras — Gabe disse com orgulho.

— Isso é certo — concordei.

— Então o que aconteceu? — perguntou Jed.


— Quando você se tornou um Kardashian? — perguntei a ele,
provocando. — Eu nunca soube que você gostava tanto de fofoca.

— Foda-se... e termine a história — ele disse, jogando sua


cerveja de volta e abrindo outra.

— Mantenha sua calça, Khloe. — Quando ele não mordeu a


isca, eu continuei: — Quando ela sugeriu que eu fosse com ela para
Vegas, fiquei chocado.

— Espere, ela sugeriu Vegas? — Gabe perguntou.

— Sim. Depois de todo o trabalho que estão fazendo com a


expansão, ela estava se sentindo exausta, então decidiu aceitar a oferta
de um de seus clientes de tirar férias com tudo incluso em Vegas. Já
que nos demos tão bem, acho que ela perguntou por capricho
e não esperava eu aceitar. Claro, eu aceitei, e o resto... agora é história.

— Espere um pouco — protestou Jed. — O resto não é


história. Você pulou a parte em que passou de uma boa noite de
conversas para se casar.

Eu sabia que ele não me deixaria escapar por ser tão vago, mas
eu tinha que tentar.

— Certo, bem, nos conhecemos mais durante o voo e, claro,


durante Vegas. Jogamos um pouco, compramos e comemos
muito. Descobrimos que, no fundo, somos dois gulosos, super leais e
adoramos viajar. Uma coisa levou à outra e, sem ser um obstáculo na
frente do primo dela, descobrimos que tínhamos química em outras
áreas também.

Mesmo que isso não tenha sido confirmado, eu sabia que era
verdade até os meus ossos. Jasmine e eu seríamos ridiculamente bons
juntos. Eu poderia dizer pelos breves beijos que compartilhamos.
— Obrigado por me poupar — disse Gabe ironicamente.

— Sem problemas — respondi.

— E então...? — Jed perguntou, ainda não satisfeito.

— Jesus, cara, você é como um cachorro atrás de um osso.

Ele apenas me lançou um olhar e esperou.

— E, então, estávamos empolgados um com o outro, nos


sentindo felizes e animados com nosso relacionamento, quando
passamos por um casal que acabara de se casar. Nós os observamos,
ambos sorrindo, e o responsável nos viu. Ele nos desafiou a avançar e
ser o próximo. Nos desafiando a oficializar em uma cerimônia simples
que poderia ser realizada imediatamente. Agora, me chame de
ignorante, mas eu não tinha ideia de como é fácil se casar em Las
Vegas. Em todos os outros lugares, você tem que esperar para obter a
papelada e fazer as coisas oficial, mas não lá. Você pode literalmente
se casar imediatamente.

Eu balancei minha cabeça e sorri, lembrando-me de como me


senti comprometido com ela.

— Definitivamente fomos arrebatados no momento, mas depois,


quando estávamos voltando para casa, percebemos que não tínhamos
arrependimentos. Claro, foi completamente impulsivo e louco, mas
fazemos um ao outro feliz e estou animado para passar o resto
da minha vida sendo feliz e crescendo juntos.

— Isso é lindo, cara — disse Jed, com água nos olhos.

— Obrigado.

— Eu também penso assim, e eu realmente acho que você e


Jazzy juntos são meio brilhantes — Gabe concordou. — Eu tenho que
dizer, porém, pode levar um pouco mais de tempo para Dillon. Não
tenho certeza de qual é o problema de Reardon, talvez falta de sono e
síndrome do novo pai, mas sei que ele cederá. Dillon sempre foi muito
protetor com Jazzy, o que é compreensível, já que eles estão juntos
desde o útero.

— Sim, eu entendo completamente. Não tenho dúvidas de que


ele mudará de ideia quando ver como estamos juntos... como nos
sentimos um pelo outro.

Pelo menos, eu realmente esperava que sim. Jazzy nunca seria


capaz de ser feliz comigo se seu irmão se opusesse à ideia.
Capítulo 19
JASMINE

— Como foi sua excursão pelo acampamento? — perguntei a


Shane enquanto ele subia os degraus de nossa cabana.

As meninas tinham saído há alguns minutos para se


prepararem até os rapazes voltarem para casa. Estávamos todos
fazendo nossas próprias coisas esta noite, já que todos nós viajamos
para chegar aqui, e todos estavam cansados. Teríamos um grande
jantar em família amanhã à noite.

— Este lugar é ainda mais fantástico do que imaginava, e eu


esperava muito — Shane disse, seu belo rosto dividido em um sorriso
feliz. — Gabe, Jed e eu descemos para o cais e tomamos uma cerveja. A
vista é absolutamente incrível.

Eu me levantei, pegando minha taça de vinho, ainda cheia da


última vez que Rena encheu.

— Bem, tem comida lá dentro se você estiver com fome.

— Você comeu? — ele perguntou, segurando a porta aberta para


mim.

— Não — respondi suavemente enquanto passava por ele. —


Esperei por você.

Eu não sei por que me senti quase tímida quando lhe


respondi. Você pensaria que o vinho me daria coragem líquida, ao invés
do contrário.

— Ótimo — Shane disse atrás de mim.


Eu o ouvi fechar a porta e o senti vir ao meu lado.

A pequena mesa estava contra a parede, combinando


perfeitamente com as vigas de madeira e o toque rústico. Eu usei jogos
americanos xadrez vermelho e branco para nossos dois lugares. Havia
frango frito, salada de batata, feijão verde e torta para sobremesa.

— Uau, isso parece incrível — ele disse, sua voz apreciativa.

— Graças a Zoey, ela é a deusa que parou na lanchonete e


conseguiu a ligação de Dolores antes de deixar Cherry Springs — disse
a ele, não querendo levar o crédito. — Ela trouxe comida para todos
nós.

— Isso foi legal da parte dela — ele elogiou, segurando uma


cadeira para mim.

Meu coração deu uma batidinha.

— Oh, eu ia perguntar se você queria uma bebida — eu disse,


olhando da cadeira para seus olhos azuis cristalinos.

— Eu pego, vá em frente e se acomode.

Eu balancei a cabeça e dei a ele um pequeno sorriso antes de


tomar o assento oferecido.

— Você precisa de alguma coisa? — ele perguntou.

Coloquei meu vinho na mesa e pedi: — Água seria ótimo.

— É pra já.

Observei enquanto ele se movia pela nossa cabana,


completamente confortável e confiante em sua pele.

Quando ele pegou uma cerveja e uma garrafa de água da


geladeira, rapidamente voltei minha atenção para a comida diante de
mim, não querendo ser pega olhando.
— Aqui está — Shane disse, me entregando a garrafa de água e
se sentando.

Comemos e conversamos, principalmente sobre o que tínhamos


feito até agora no acampamento e as histórias que compartilhamos
com todos, para que estivéssemos na mesma página.

Eu estive tentando o dia todo não pensar no fato de que havia


apenas uma cama em nossa cabana, o chão era extremamente duro, e
as únicas outras peças de mobília eram a mesinha em que estávamos
sentados no momento e uma cadeira de balanço no canto.

— Eu só, uh, me trocarei — eu consegui dizer uma


vez que colocamos tudo de lado e não havia mais nada a fazer a não
ser me preparar para dormir.

— Eu sairei e darei a você um pouco de privacidade — Shane


disse.

— Está tudo bem, eu posso me trocar no banheiro — assegurei


a ele.

— Gostaria de ver à noite — respondeu ele, pegando sua cerveja


e saindo na noite.

Eu trouxe shorts e uma regata, já que geralmente fazia muito


calor, mesmo à noite. Eu os peguei da minha bolsa e fui ao banheiro
para me vestir, lavar o rosto e escovar os dentes.

Quando terminei, a cabana ainda estava vazia.

Eu olhei da cama grande para a porta e fiz minha


decisão. Pegando meu suéter do topo da minha bolsa, enfiei meus
braços nas mangas enquanto saía para encontrar Shane.

— Ei — ele chamou suavemente quando eu saí para a varanda.


Eu me virei para vê-lo sentado no balanço da varanda que
eu estava usando antes.

— Ei — eu respondi, cruzando até ele. — Se importa se eu me


juntar a você?

Shane mudou seu grande corpo todo o caminho para o lado,


dando me espaço para sentar ao lado dele.

— Se você olhar por ali, na direção das árvores, verá vaga-lumes


— disse ele, aproximando-se.

Ele cheirava a paraíso.

Eu mantive meus olhos treinados na linha das árvores,


esperando os pequenos flashes de luz aparecerem, mas eu estava hiper
consciente de seu corpo próximo ao meu.

Nossas coxas se tocaram e pude sentir seu calor me acariciando.

— Ali — Shane disse, inclinando-se ainda mais perto e


apontando para onde os pequenos insetos brilhavam.

Eu balancei a cabeça, incapaz de falar por medo que ele ouvisse


a rouquidão em meu tom.

Merda, preciso ter o controle dos meus hormônios. Devo


estar muito fora de forma se um simples toque de pele e cheiro
amadeirado estão fazendo meu pulso disparar.

Ou , eu pensei enquanto olhava para Shane com o canto do meu


olho, talvez seja simplesmente o toque e o cheiro desse homem que
estão me afetando assim.

Talvez eu estivesse começando a acreditar nas histórias que


contamos para minha família.
Eu estava prestes a hesitar, para dizer a ele que viraria e entraria
correndo como uma covarde, quando sua mão agarrou a minha.

— Eu tenho outra coisa para mostrar a você — ele disse, sua voz
baixa com um toque de emoção que eu não consegui nomear.

Shane puxou um anel de seu bolso e deslizou no meu dedo


anelar.

— Oh meu Deus — eu respirei enquanto olhava para a bela


aliança de ouro branco e diamante.

Meus olhos se encheram de lágrimas e, sem pensar, levei


minhas mãos ao rosto dele e o beijei suavemente.
Capítulo 20
SHANE

Eu congelei, não querendo me mover e assustá-la.

Seus lábios eram um travesseiro macio contra os meus, seu


beijo tão leve que quase tive que me esforçar para senti-lo, e eu senti a
umidade de suas lágrimas no canto da minha boca.

O beijo foi doce, mas triste.

Eu estava totalmente fodido.

Eu poderia flertar com a Jasmine sexy, lutar com a Jasmine


irritada e rir com a Jasmine divertida.

Mas essa versão de minha esposa era algo que eu ainda não
conhecia e não tinha certeza de qual seria o movimento certo.

Quando ela interrompeu o beijo, deixando apenas alguns


centímetros entre nós, movi minha cabeça para que pudesse dar um
beijo em seu nariz.

Ela sorriu.

— Você faz isso todas as vezes — disse Jazzy guturalmente.

— O quê? — perguntei, quase um sussurro.

— Beijar meu nariz.

— Ah.

Eu não tinha percebido que tinha feito isso todas as vezes, mas
havia algo sobre o gesto, e a maneira como ela me fazia sentir, que
tornava outro beijo imperativo. Mesmo que fosse apenas um beijo
rápido na ponta de seu lindo nariz.

— Eu gosto disso — ela admitiu, e eu perdi meu coração.

Tinha ido oficialmente. Era dela. E eu não o queria de volta.

Na verdade, eu lutaria para garantir que ela o guardasse para


sempre.

Eu escovei meus polegares em suas bochechas, apagando a


umidade. Felizmente não havia muito, mas ainda assim, eu precisava
saber.

— Por que as lágrimas?

— Eu não sei — Jasmine disse com uma pequena risada. — Eu


acho que eu estava simplesmente oprimindo. A semana passada foi
uma loucura. Além de vir aqui, ter que contar para todo mundo... Tem
sido muito. Então isso.— Ela estendeu a mão para olhar o anel em seu
dedo. — Eu não esperava por isso — disse ela. — É lindo.

— Fico feliz que você gostou — eu disse, me sentindo muito


emocionado também.

Eu escolhi o anel em Cherry Springs antes de sairmos, depois


de perguntar à mãe dela o tamanho do anel no jantar.

Eu não tinha certeza de quando dar a ela... se eu faria uma


grande produção, ou ficaria de joelhos, mas tudo parecia falso,
considerando nossas circunstâncias, então decidi deixar acontecer
organicamente.

— Eu gostei. Obrigada.
Ficamos sentados do lado de fora por mais alguns minutos, mas
quando notei calafrios em suas pernas nuas, perguntei: — Você está
pronta para entrar?

— Sim — disse Jazzy, levantando-se, então parando para olhar


para o anel em seu dedo novamente.

Eu realmente gostei de vê-lo ali, quase como um lembrete físico


de que eu poderia chamá-la de minha. Minha esposa.

— Arranjarei um para você — ela afirmou enquanto voltávamos


para dentro da cabana.

— Você não precisa — argumentei — Não é por isso que eu dei.

— Não, eu sei, mas... eu gostaria.

— Tudo bem — eu disse, em seguida, peguei meu short de


basquete da minha bolsa e acrescentei: — Já volto.

Fui ao banheiro e fechei a porta. Depois de mijar, escovei os


dentes e troquei meu short, abri a porta e saí vendo Jazzy já deitada na
cama. Ela prendeu o cabelo comprido em uma trança, mas havia
alguns fios soltos saindo, o que deu a ilusão de chamas lambendo.

O edredom estava puxado para cima, praticamente cobrindo


seu pescoço, e seus olhos estavam arregalados.

Eu poderia dizer que ela estava nervosa sobre nós dividirmos a


cama. Que não importava o quanto nosso relacionamento tenha
progredido neste dia, ela não estava pronta para mais nada.

— Eu posso dormir no chão — ofereci, não querendo que ela se


sentisse desconfortável.
— Não, tudo bem — disse ela com um aceno de cabeça. — É
muito duro. Você pode dormir daquele lado, e eu dormirei desse
lado. A cama é grande o suficiente.

Decidi acreditar na palavra dela, já que a ideia de dormir no chão


de madeira era mais do que desagradável.

Senti seus olhos no meu peito nu enquanto me movia para o


meu lado da cama e subia, e tive que me forçar a não flexionar e me
enfeitar como um pavão acasalando.

— Merda, eu provavelmente deveria apagar as luzes — eu disse,


jogando as cobertas para trás e me levantando enquanto ela riu
nervosamente.

Assim que a porta foi trancada e as luzes apagadas, voltei para


a cama e me arrumei ao lado de Jasmine.

Deus, ela cheira bem, pensei, então fechei os olhos com força e
me virei de lado, de costas para ela.

Eu a senti mudar, e o cheiro picante, mas frutado dela soprou


mais uma vez.

Eu segurei um gemido e comecei a contar ovelhas.

Uma, duas, três, quatro, cinco...

Ela se moveu novamente e eu pude ouvir o tecido roçar em sua


pele. Desejei que fossem minhas mãos.

Seis, sete, oito, nove, dez…

Ela fez um pequeno e doce som de gemido, e meu pau ficou duro
como aço.

Onze, doze, treze, quatorze, quinze...


Seu pé roçou minha panturrilha e eu praticamente pulei da
cama.

— Tudo certo? — Jasmine perguntou, seu tom talvez muito


inocente.

— Sim, uh, eu tomarei um banho — eu disse, jogando as


cobertas para trás mais uma vez. — Esqueci…

Eu naveguei pelo quarto escuro, batendo meu dedo do pé na


cama enquanto tentava encontrar o banheiro.

— Porra!

— O que aconteceu? — ela perguntou, e eu ouvi o farfalhar dos


lençóis.

— Nada, não se levante, estou bem — eu disse tão rapidamente


que minhas palavras praticamente tropeçaram uma na outra.

Finalmente cheguei ao banheiro e fechei a porta atrás de mim.

Depois de alguns segundos, eu acendi a luz e soltei um suspiro


trêmulo, meu dedo do pé e meu pau latejando dolorosamente.

Empurrando a cortina do chuveiro de lado, alcancei e virei a


água totalmente para a direita.

Isso exige o banho mais frio da história.


Capítulo 21
JASMINE

— Você está olhando de novo.

Eu balancei minha cabeça e tentei descobrir o que eu


estava olhando... o anel no meu dedo, ou Shane, sem camisa e fazendo
trabalho manual.

Eu estive olhando para ambos constantemente durante o dia


todo.

— Hmmm? — perguntei a Rena, rasgando meu olhar do corpo


suado de Shane e tentando limpar discretamente um pouco da baba
no canto da minha boca.

Sim, foi Shane novamente.

Eu não sei o que havia de errado comigo, mas desde que eu


acordei naquela manhã e olhei para a esquerda vendo Shane dormindo
profundamente ao meu lado, meus hormônios estavam em alvoroço.

Ele parecia tão fofo, seu cabelo loiro bagunçado e seu rosto
completamente relaxado.

Tive vergonha de admitir, não que jamais admitiria em voz alta,


que o observei por uns bons quinze minutos enquanto ele estava
inconsciente. Eu memorizei as colinas e vales de seu rosto, os
músculos rígidos de seu peito e ombros expostos, e ansiava por um
vislumbre daqueles olhos azuis multifacetados.

Felizmente, eu me controlei e escapei da cama, me arrumei e


deixei a cabana antes dele acordar.
— Você está olhando de novo — Rena repetiu, depois riu. —
Você não precisa parecer tão culpada, eu fico olhando para Jed assim
o tempo todo, especialmente quando ele está trabalhando em seu
estúdio. Ele é seu agora, olhe o quanto quiser. Inferno, vocês são
recém-casados, por que não vão em frente e se tocam.

Ela lançou isso como uma luva, sabendo que não havia nada
que eu amasse mais do que um desafio.

Ok, pensei, usando o fato de que precisávamos fornecer bastante


demonstração de afeto para sustentar a farsa. Desafio aceito.

Eu dei a ela um sorriso confiante e disse: — Não se importe se


eu fizer isso.

Joguei minhas luvas no chão e me levantei. Gabe contratou


paisagistas para fazer a maior parte do trabalho no acampamento, mas
Rena decidiu que as cabines dos conselheiros precisavam de mais cor,
então estávamos plantando flores em vasos para iluminar mais.

Seus olhos de artista simplesmente não podiam permitir um


cenário monótono.

Com os olhos no prêmio, caminhei até onde os caras estavam


trabalhando. Shane e Gabe estavam cortando lenha, enquanto Jed
lixava bancos. Eu não tinha certeza de onde Dillon e Reardon estavam.

Folhas e gravetos rangeram sob meus tênis, sinalizando minha


abordagem.

Shane fez uma pausa, seu machado pendurado em uma das


mãos, e se virou para me ver caminhar em sua direção.

— Ei — ele conseguiu dizer, passando as costas da mão na


sobrancelha, mas foi tudo o que ele disse antes que eu colocasse uma
das mãos em seu abdômen e a outra em volta de seu pescoço.
Eu vi seus olhos brilharem, antes de fechar os meus e capturar
seus lábios.

Ele levou apenas um segundo para subir a bordo, seu braço livre
envolvendo minha cintura e me puxando para mais perto. Eu não
pude evitar que o pequeno gemido escapasse de entre nossos lábios
quando abri minha boca e derreti contra ele.

Eu não me importava que estivesse quente e ele estivesse suado.

Não me importava que meus primos e nossos amigos tivessem


um programa gratuito.

Tudo que me importava era o gosto dele na minha língua e a


forma como o comprimento duro dele parecia contra o meu corpo.

Quando quebrei o beijo, olhos ainda fechados e lutando para


recuperar o fôlego, Shane deu um beijo no meu nariz e eu sorri.

— Isso foi bom — disse ele, seu tom suave, áspero.

Abri meus olhos e olhei para ele, mantendo minha expressão


leve e sedutora, embora parecesse que havia um tumulto em minhas
veias.

— Eu estava com sede — respondi.

Os olhos de Shane se arregalaram brevemente, então ele me deu


um sorriso sexy.

— Bem, isso certamente foi mais satisfatório do que água.

Flexionei minha mão em seu abdômen, então dei um passo para


trás, deixando-o ir.

— Vejo você no jantar — avisei, virando-me para voltar para


Rena.

— Estou ansioso por isso.


Eu me afastei com um balanço extra em meus quadris e, quando
estava na metade do caminho, olhei por cima do ombro para ver seus
olhos na minha bunda.

Eu me virei com um sorriso satisfeito e me juntei a minha prima.

— Droga, garota, que jeito de provocar um homem e deixá-lo


querendo mais — disse Serena quando me juntei a ela. — Pensei que
ele fosse jogar você por cima do ombro, levá-la de volta para a cabana
e ter seu jeito perverso com você.

Meu coração deu um salto e meu cérebro ficou um pouco


confuso com o pensamento.

Eu quero isso...

Eu queria que Shane tivesse seu jeito perverso comigo. Sentir


aqueles lábios em outras partes do meu corpo... aquelas mãos... ser
capaz de explorar mais do que apenas seu abdômen.

— Aww, eu me lembro desses dias — Zoey disse enquanto se


aproximava de Rena. — Gabe e eu éramos tão quentes que mal
podíamos manter nossas mãos longe um do outro. No galpão de
manutenção, nas cabanas, no lago...

Ela ficou com uma expressão sonhadora no rosto e suspirou.

— Eu lembro disso — Serena comentou. — A primeira vez que


te conheci, vocês quase se afogaram no lago porque estavam se
agarrando forte.

Zoey riu.

— Cara, eu sinto falta disso. Ter filhos realmente tira os atos


sexuais improvisados da equação.

Os olhos de Zoey brilharam.


— Ei, mantenham todos longe do galpão de manutenção por um
tempo — ela disse enquanto caminhava em direção aos rapazes.

Serena e eu olhamos uma para outra e sorrimos.

— Gabe, amor — ela chamou. — Preciso de sua ajuda com algo


no galpão de manutenção.

— Claro, babe — Gabe respondeu, largando seu machado e


dizendo a Shane que ele voltaria logo.

Ele seguiu sua esposa, sem ter ideia de que estava prestes a ter
sorte.

Eu captei o olhar de Shane, depois desviei, preocupada com


que ele de alguma forma visse que eu desejava que fôssemos nós
prestes a fazer a safadeza no galpão de manutenção.

Posso arriscar mudar tudo?


Capítulo 22
SHANE

— Pularei no lago — eu disse a Jed, jogando meu machado no


chão ao lado do de Gabe.

Jed deu uma risadinha.

— Depois dessa exibição, não estou surpreso. Inferno, parece


que todo mundo está tendo febre — ele disse, olhando diretamente para
o galpão de manutenção. — Por que não vocês dois não fazem uma
pausa e voltam para sua cabana.

Eu balancei minha cabeça.

— Jazzy não se sente confortável exibindo essas coisas — eu


disse a ele.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Poderia me enganar.

Sim, eu estava muito chocado por ela me clamar alguns


segundos atrás. Levou cada grama de força de vontade para não
tentar convencê-la a continuar em algum lugar mais privado, mas
desde que eu sabia que Jasmine estava apenas tentando manter a
fachada, fiz o meu melhor para colocar um ponto final no meu desejo.

Que estava furioso.

— Eu já volto — eu disse a ele, sem olhar na direção de Jasmine


quando virei para o outro lado e fui para o lago.
Eu estava vestindo apenas shorts de basquete, meias e Jordans,
então tirei minhas meias e tênis no final do cais e dei um salto com
corrida para dentro a água. O choque do frio foi surpreendente, mas,
quando voltei à superfície, não senti mais o frio.

Apreciando a justaposição do sol aquecendo meu rosto e ombros


enquanto a água resfriava minha metade inferior, eu curtir por alguns
minutos antes de começar a nadar.

Meus músculos relaxaram enquanto eu me movia e gostava da


sensação sedosa da água enquanto ela escorria sobre meu corpo bem
trabalhado. Foi uma longa manhã de trabalho manual, o que foi ótimo,
mas como ultimamente eu passava maior parte do tempo atrás do bar
ou na academia, estava sentindo os efeitos.

Depois que todos os vestígios de ereção desapareceram e eu me


sentir cansado de uma maneira completamente diferente, me lancei
para fora da água e para o cais.

Eu balancei minha cabeça para tirar a maior parte da água e


decidi levar minhas meias e sapatos de volta para a cabana e tomar
outro banho. Se isso continuasse, eu estaria super limpo quando
deixássemos o acampamento.

Fui até a cabana com os sons da natureza como minha trilha


sonora e, antes que percebesse, estava subindo as escadas e abrindo a
porta.

Eu tinha acabado de deixar cair minhas meias e sapatos no


chão quando a porta do banheiro se abriu e Jasmine saiu.

Ela estava vestindo apenas uma toalha.

Minha visão ficou turva e a ereção voltou pulsando à vida.


Os olhos de Jasmine se fixaram em mim e ela congelou, como
um cervo nos faróis.

— Achei que você ainda estava lá fora — ela disse rapidamente.

Eu bufei, tentando não olhar para suas pernas nuas, ou


imaginar como ela parecia por baixo do pano.

— Uhhhh — murmurei, parecendo um idiota com morte


cerebral, o que eu era, já que todas as minhas células cerebrais
estavam atualmente no meu pau.

O olhar de Jasmine notou, e algo incrível aconteceu. Ela ficou


mais ereta, a confiança escorrendo dela, e então virou meu mundo de
cabeça para baixo.

Ela sorriu e largou a toalha.

Meu corpo entrou em ação antes que meu cérebro soubesse o


que estava acontecendo e em segundos eu estava do outro lado da
sala com Jazzy em meus braços.

Assim que encostei nela, ela gritou:

— Seu short está congelando!

— Desculpe — eu disse, deixando-a ir para que pudesse


empurrar o ofensivo short molhado e chutá-lo para o lado, antes de
puxá-la de volta em meus braços.

Minha pele ainda estava fria com a água, mas estava


esquentando rapidamente devido à proximidade com a forma nua de
Jazzy.

Seus lábios estavam flexíveis sob os meus e suas mãos estavam


por toda parte... meu cabelo, minhas costas, acariciando minha
bunda. Minhas mãos estavam felizes apenas segurando-a perto. Eu
temia que se eu as movesse da parte inferior de suas costas, as coisas
escalariam muito rapidamente.

— Cama — Jazzy ordenou contra meus lábios, em seguida,


colocou as mãos no meu peito e empurrou.

Acho que a merda está aumentando, pensei enquanto caía de


costas na cama.

Eu rapidamente recuei até que todo o meu corpo estivesse na


cama, meus olhos nunca se afastando da vista deslumbrante na minha
frente.

Jesus.

Ela estendeu a mão para trás e tirou qualquer engenhoca que


estava segurando seu cabelo, e todos os seus gloriosos cabelos
vermelhos caíram sobre seus ombros e costas.

Ela era uma deusa. Uma sereia. E eu estava completamente


disposto a ser capturado.

Jasmine rastejou para a cama e balançou sua perna, montando


em mim, então começou a me provocar, esfregando seus lábios, seios
e cabelo por toda a minha pele. Agarrei a colcha, olhei para o teto e
comecei a contar as ovelhas novamente, tentando dar-lhe tempo para
explorar o quanto quisesse, sem perder o controle.

Então, ela lambeu meu pau.

— Porra — eu gemi, meus quadris levantando da cama por


vontade própria. Não havia nenhuma maneira de eu manter meu
controle se ela continuasse seguindo esse caminho.

— Espere... pare — eu disse, me levantando para ficar sentado.

Jasmine se sentou, seu rosto vermelho de vergonha.


Capítulo 23
JASMINE

Ai meu Deus, ele me disse para parar. Estou pressionando


muito?

Constrangimento passou por mim e eu estava prestes a pular


da cama e fugir para me esconder quando a mão de Shane veio ao meu
rosto, me parando.

— Eu só quis dizer que precisamos desacelerar se eu tiver


alguma chance de durar mais de dois minutos — Shane explicou, e
meu horror se desenrolou.

— Desculpe, eu me empolguei — falei suavemente, inclinando-


me em seu toque.

— Nunca se desculpe por isso — disse ele com um sorriso. —


Eu amei. Só, esta é... nossa primeira vez, quero poder ir até o
fim. Podemos ir rápido da próxima vez.

— Próxima vez? — perguntei, sem pensar mais à frente do que


neste momento.

— Deus, eu espero pra caralho que haja uma próxima vez.

Não querendo me aprofundar nisso naquele momento, decidi


pôr um fim à conversa e me inclinei para beijar a mandíbula de Shane.

Eu sempre fui atraída para aquele local. Tão forte e masculino.

Antes que eu pudesse realmente me mover mais longe, eu fui


virada de costas e Shane assumiu.
Ele começou no meu pescoço, o que foi uma boa escolha. Amei
ter meu pescoço beijado, chupado, acariciado... tanto faz. Foi tudo
excitante para mim.

Inclinei minha cabeça, dando acesso a ele. Sua mão veio para o
meu peito enquanto seus lábios adoravam meu pescoço, e eu não
pude conter meu gemido quando ele beliscou meu mamilo endurecido
de brincadeira. Não querendo ser uma participante preguiçosa, movi
minhas mãos sobre seus ombros e para baixo em suas costas, amando
a sensação de sua pele macia sobre músculos agrupados.

Shane começou a se mover e eu inclinei minha cabeça para


assistir enquanto sua cabeça loira se movia para meus seios. Ele
chupou meu mamilo entre os lábios, sem perder tempo enquanto sua
mão viajava para o sul e encontrou a faixa de cabelo vermelho.

Abri mais minhas pernas, ansiosa para sentir seu toque, e fui
recompensada com um beliscão suave em meu mamilo e a sensação de
seus dedos começando a explorar minhas dobras.

Uma mão mergulhou em seus cabelos macios, enquanto a outra


alcançou acima de mim para segurar a estrutura da cama. Shane
deslizou um dedo para dentro e gemeu contra meu peito.

Ele ergueu a cabeça para olhar para mim, seus olhos cobalto
com paixão, enquanto ele movia o dedo em mim.

— Eu amo quão molhada sua boceta está — Shane disse, sua


voz baixa e profunda com desejo.

Suas palavras me atingiram como um dardo de desejo, e minha


visão desbotou quando ele acrescentou outro dedo.
Seus lábios beijaram meu estômago e minhas curvas, então ele
parou entre minhas pernas, os olhos ainda nos meus e sorriu
sexualmente.

— Ei — tentei protestar, mas minha voz estava fraca. — Como é


que você vai lá, mas eu não? Não é justo.

— Você quer discutir sobre o que é justo ou quer minha boca em


sua doce boceta? — ele perguntou, suas palavras mais uma vez me
fazendo tremer.

— Porta número dois — eu consegui dizer, incapaz de dizer a


palavra com “b” eu mesma, embora ele dizendo isso fosse como algum
tipo de granada sexual.

— Isso é o que eu pensei — Shane disse arrogantemente,


então, felizmente, calou a boca e lambeu.

— Sim — eu gemi, amando a sensação de sua língua molhada e


lábios macios.

A boca e os dedos de Shane trabalharam em mim até que eu


estava em um verdadeiro frenesi, resistindo e me debatendo na
cama como se nunca tivesse estado perto de ter um orgasmo
antes. Quando finalmente atingi, rasgou-me como um relâmpago e
cavalgamos juntos até o fim.

— Puta merda — eu respirei quando consegui falar.

— Você tem um durex? — ele perguntou, e quando eu olhei para


ele em confusão, ele disse: — Uma camisinha.

— Oh, sim, Gabe geralmente mantém algumas nos banheiros.

Shane parecia confuso com isso, mas se levantou e foi em busca


deles. Eu ainda estava definhando no mesmo lugar, com um sorriso no
rosto, meu corpo totalmente relaxado, quando ele se juntou a mim
novamente, rasgando a embalagem da camisinha com os dentes.

Peguei seu pau e acariciei enquanto ele terminava de abri-la.

Sorri quando ele fez uma pausa, olhos fechados, esquecendo-se


da camisinha temporariamente enquanto eu o levantei lentamente e
corri meu polegar sobre sua coroa.

— Porra, isso é magnífico — ele gemeu.

— Aqui, deixe-me — eu disse, sentando e pegando a camisinha


dele.

Eu rolei para baixo em seu pênis, então deitei na cama e me


ofereci a ele.

Shane se moveu entre minhas pernas para que a ponta de seu


pau provocasse minha entrada, então inclinou-se e agarrou minhas
mãos.

— Segure-se, está prestes a ficar turbulento — ele brincou,


movendo meus braços acima da minha cabeça e me incentivando a
agarrar a cabeceira da cama novamente.

Isso fez minhas costas arquearem e meus seios se aproximarem


de seu rosto. Ele os agarrou com as mãos e beijou cada um, antes de
se mover para agarrar meus quadris.

— Coloque suas pernas em volta da minha cintura — ele


ordenou, e eu obedeci, então ele levantou meus quadris para cima e
mergulhou para dentro.

— Porra — Shane gemeu quando ele estava enraizado dentro de


mim. — Paraíso do caralho.
Ele começou a se mover, e ele estava certo, eu precisava me
preparar.

Shane me fodeu como se tivesse nascido para isso.

De joelhos, suas mãos me mantendo onde ele me queria,


enquanto as minhas me ajudavam a me manter firme o suficiente para
encontrar suas estocadas.

Seu rosto estava glorioso, forte, beijado pelo sol, e cheio de


paixão; ele parecia mais bonito do que qualquer coisa que
eu já tinha visto.

Shane mudou nossos corpos até que meu clitóris começou a


atritar com cada movimento de seus quadris. Quando senti outro
orgasmo começar a se construir, me esforcei e acompanhei seus
movimentos, perseguindo minha liberação.

— Isso mesmo, babe, encontre — Shane rosnou, seus


movimentos ficando mais rápidos e mais fortes.

Eu gritei quando gozei, meu corpo apertou em torno dele, e


Shane gritou meu nome enquanto ele se sentava completamente, então
começou a se mover lentamente para dentro e para fora, seus olhos
fechados.

Alguns momentos depois, ele soltou meus quadris e caiu na


cama ao meu lado.

Eu soltei a cabeceira da cama, meus músculos doloridos do


aperto mortal com que os segurei.

— Puta merda — dissemos em uníssono.


Capítulo 24
SHANE

Caramba, essa foi a melhor experiência da minha vida.

Eu estava morto. M-O-R-T-O, morto. E eu estava perfeitamente


feliz por estar assim.

Levou todas as minhas forças, mas eventualmente fui capaz de


virar minha cabeça para o lado para olhar o perfil de Jasmine.

Ela estava gloriosa. A mulher mais perfeita do planeta.

Senti à vontade repentina de escrever uma música, mas pensei


que seria estranho pular da cama depois de um sexo perfeito para
começar a escrever no meu caderno.

Jazzy pode pensar que eu estava escrevendo sobre a experiência.

— Ei.

— Ei.

Uau, fodemos com a capacidade de manter uma conversa para


fora de nós mesmos.

— Você está bem? — perguntei.

— Nunca estive melhor — disse ela, sorrindo para o teto.

— Eu também.

Depois de alguns minutos de contentamento absoluto, lembrei-


me de onde estávamos.

— Merda, que horas são? Simplesmente desaparecemos.


Jasmine se sentou e pegou o telefone da mesa de cabeceira.

— Oh, uau, provavelmente todo mundo está nos esperando para


o jantar — disse ela. — É por isso que voltei. Para tomar banho e me
arrumar. Acho que fiquei um pouco distraída.

Eu estava distraído naquele momento, olhando para seus seios.

Eu estava prestes a fazer um movimento quando ela saiu da


cama.

— Não vá — chamei, não me importando por soar desesperado.

Ela se virou e me deu uma visão frontal completa gloriosa.

— Traga essa boceta aqui — eu disse a ela — farei valer a pena.

Jasmine corou lindamente.

— Você usa muito essa palavra.

— Qual palavra? — perguntei, momentaneamente confuso,


então eu entendi. — Ah, boceta... veja, nós aussies6 não temos medo
de usá-la como vocês ianques7. Boceta, foda, companheiro, eu usaria
isso cinquenta vezes em uma conversa em casa. Eu me acostumei a
me conter desde que cheguei aqui. Acho que você me faz sentir em
casa.

Ela inclinou a cabeça e olhou para mim com curiosidade.

— Que outras coisas que você fala? — ela perguntou, ignorando


minha última declaração.

— Podemos entrar nisso mais tarde — eu disse, me levantando


e caminhando até ela. — Eu te darei um curso intensivo de língua
australiana depois do jantar.

6 Gíria utilizada para se referir aos australianos.


7 Gíria utilizada para se referir aos americanos.
Eu empurrei minha mão em seu cabelo e me abaixei para um
beijo. Uma vez que ela estava balançando levemente em meus braços,
eu a soltei.

— É melhor nos arrumarmos — eu falei, dando-lhe um tapinha


na bunda antes de se mover para se vestir.

Jasmine desapareceu no banheiro.

Depois de me vestir, saí para a varanda e respirei fundo o ar


fresco.

— Parece que a vida de casado combina com você — ouvi


Reardon dizer ironicamente.

Eu olhei para a esquerda para ver, ele e Chloe andando de mãos


dadas. O rosto de Chloe estava ligeiramente vermelho quando ela olhou
para mim.

— Pare, Rear, não o envergonhe. É a lua de mel deles — disse


ela, castigando-o.

Reardon zombou.

— Shane pode aguentar.

— Bem, não envergonhe Jasmine.

— Ela nem está do lado de fora.

Eu apenas sorri e acenei para eles, nem um pouco envergonhado


por eles terem ouvido a nossa relação sexual.

Na verdade, isso me fez sentir a três metros de altura.

Decidindo verificar minha noiva, me virei e voltei para dentro e


a encontro amarrando os sapatos.

— Ei — eu disse, com um sorriso.


Eu simplesmente não conseguia parar de sorrir.

Jasmine olhou para mim e meu sorriso sumiu.

— Ei — ela disse suavemente, mas seu rosto estava


transmitindo uma mensagem que eu não queria receber. — Acho que
devemos conversar.

Merda!

— Ok — eu respondi com cautela.

— Isso foi incrível — disse Jasmine, gesticulando em direção à


cama desarrumada. — E eu sei que fui eu quem começou, mas... tenho
que me perguntar se isso é uma boa ideia.

— Por que não seria? — perguntei, tentando não soar na


defensiva, embora eu me sentisse bem na defensiva.

— Bem, porque precisamos que as coisas corram bem nos


próximos meses... Para a casa entrar em operação e para você ficar no
país. E se continuarmos fazendo isso e algo der errado? Eu odiaria que
um de nós se machucasse ou ficasse com raiva de algo, e que
ficássemos em conflito pelos próximos cinco anos.

— Nós dois somos adultos, acho que podemos lidar com isso —
argumentei.

— Eu simplesmente valorizo nossa amizade e me preocupo que


complicar nosso arranjo seja um erro — disse ela, sem me olhar nos
olhos.

Eu queria perguntar por que tínhamos que seguir o acordo.

Por que tínhamos que ter uma data de expiração. Por que não
poderíamos começar a viver como um casal de verdade e dar uma
chance a isso.
Mas eu podia ver pela expressão de Jasmine e a maneira como
ela estava sentada rigidamente em sua cadeira, que ela não estava
pronta para ouvir nenhuma daquelas perguntas, e a permanência
delas.

Então, em vez disso, me ajoelhei na frente dela e perguntei:

— E se dermos o resto do nosso tempo aqui, ver como as coisas


vão? Podemos cruzar esta ponte novamente quando voltarmos para
Cherry Springs e começarmos a nos estabelecer em nossa nova vida.

— Eu não sei... E se um de nós ficar muito preso? — ela


perguntou, finalmente encontrando meus olhos.

— Nós não vamos — menti, esperando como o inferno que


nós dois fôssemos apanhados, e ela ficasse pronta para ouvir o que eu
queria para o nosso futuro. — Nós vamos apenas nos
divertir. Desfrutar um do outro.

Jazzy pensou sobre isso por um momento, então acenou com a


cabeça.

— Ótimo — eu disse, me levantando e ajudando-a a se


levantar. — É melhor chegarmos aos outros então. Ah, e só para você
saber, Chloe e Reardon nos ouviram.

— Como assim nos ouviram? — ela perguntou, em seguida,


levou as mãos às bochechas rosadas e gritou: — Oh meu Deus!
Capítulo 25
JASMINE

Mortificação fazia com que cada passo em direção à cabana de


Gabe parecesse que eu estava caminhando em areia movediça.

Eu não podia acreditar que meu primo e minha amiga tinham


ouvido Shane e eu fazendo sexo. Eu me perguntei se mais alguém tinha
ouvido.

Ugh, e se meu irmão ouviu?

Eu queria ficar na cabana e me esconder, mas Shane tinha


praticamente me arrastado para fora da porta.

Shane.

Eu praticamente tive um grande surto no banheiro.

Sexo com Shane foi fora do gancho... As pessoas ainda dizem


isso? Mas, tudo que eu disse a ele era verdade. Estávamos em
um lugar muito bom.

Ele não estava mais flertando com cada vagina ao redor e eu não
estava mais lançando olhares de morte para ele.

Mas, falando sério, estávamos nos dando bem e parecia


que essa ideia que tive funcionaria muito bem para nós dois.

Então eu tive que complicar as coisas principalmente pulando


nele na cabana, porque estava com calor e me incomodei em vê-lo
trabalhar sem camisa.
A verdade era, eu estava com medo. Realmente queria que esse
arranjo funcionasse para nós dois. Dar a nós dois o que queríamos
mais do que tudo, e eu não queria estragar tudo porque não conseguia
manter minha toalha.

— Você acha que eles contaram a todos? — perguntei a Shane,


colocando minha mão em seu braço para impedi-lo de dar a volta na
cabana de Gabe para os fundos.

— Não, tenho certeza que não. Quero dizer, por que ele desejaria
discutir a vida sexual da prima?

— Você está certo, Reardon não faria isso — concordei,


permitindo que ele pegasse minha mão quando começamos a andar
novamente.

Viramos a esquina para ver que todos os outros já estavam


lá. Gabe estava cuidando da churrasqueira, conversando com Rear e
Dillon, e Zoey estava servindo margaritas de uma jarra para Serena,
Jed e Chloe.

Todos olharam e gritaram uma saudação.

Shane apertou minha mão e caminhou para se juntar


aos caras perto da grelha e eu fui para as margaritas.

— Preciso de uma dessas — disse enquanto me sentava ao lado


de Rena.

Zoey pegou uma garrafa de água e colocou na minha frente.

Quando olhei para ela com a testa franzida, me perguntando por


que estava me dando água, ela disse: — Ouvi dizer que você precisa se
hidratar, então depois, pode tomar uma margarita.
Minha boca abriu enquanto ela ria feliz e eu me virei para
encarar Chloe.

— Desculpe — disse ela timidamente. — Eu só tinha que dizer


a elas... Foi impressionante.

Abaixei minha cabeça em minhas mãos com um gemido.

— Eu só estava brincando com você — Zoey disse, e deslizou


uma margarita debaixo do meu nariz.

— Obrigada — eu disse, minha voz reconhecidamente chorosa,


e tomei um gole. — Mmmmm, isso está fantástico.

— Obrigada. Acho que eu era uma bartender em outra vida —


ela falou, então praticamente pulou para longe, parando para dar um
beijo em Gabe antes de pegar a jarra vazia para enchê-la novamente.

— Então, as coisas entre você e Shane estão muito quentes,


hein? Percebi depois de como vocês quase entraram em combustão lá
fora — disse Serena, sorrindo por cima do copo de margarita. — Estou
tão feliz por você.

Eu corei.

Nunca fui tímida falando sobre o minha vida sexual antes,


especialmente com Rena e nossas amigas, mas essa coisa com Shane
parecia diferente. Mais pessoal. O que foi engraçado, já que,
aparentemente, tínhamos um alto-falante em nossa cabine.

— Obrigada — comecei, mas fui salva de elaborar quando ouvi


Gabe gritar: — Ei, babe, você pode pegar o violão enquanto está
aí? Shane tocará para nós.

— Ele acabou de dizer Shane tocará violão? — perguntei.


— Sim, você não se lembra quando Shane e Zoey
cantaram Islands in the Stream para o nosso chá? — Chloe perguntou.

Eu balancei minha cabeça e ela franziu a testa.

— Oh, é mesmo, você estava em uma viagem de negócios e só


chegou lá no fim.

Essa foi a noite em que entrei e encontrei Dillon e Laurel se


beijando, e descobri que eles estavam tendo um relacionamento pelas
minhas costas.

Eu não estava chateada porque meu irmão e minha melhor


amiga estavam juntos, fiquei chateada porque eles mentiram para
mim.

— Eu nem sabia que ele sabia tocar... ou cantar.

— Ele é muito bom — disse Chloe.

Huh, parecia outra faceta de Shane sobre a qual eu não sabia


nada. Me perguntei quais outros segredos ele tinha.

— Eu o ouvi depois de horas no bar uma vez. Ele é muito bom


— concordou Serena. — Eu acho que tem medo do palco ou algo
assim. Ele realmente nunca toca em público, a menos que
os Lewis o obriguem.

Observei Zoey voltar com um jarro cheio em uma das mãos e um


violão na outra. Ela caminhou até Shane e o estendeu. Ele pegou
relutantemente, seu olhar capturando o meu.

Eu dei a ele um sorriso de incentivo, porque eu realmente queria


ouvi-lo cantar.
Ele deu de ombros, pareceu um pouco envergonhado e
caminhou até o banco no canto do quintal, colocando-se a alguns
metros de distância de todos os outros.

Eu me perguntei se ele se sentou tão longe para se sentir como


se estivesse sozinho ou se ele estava nervoso tocando na frente de nós
oito, embora sejamos as pessoas mais próximas dele.

Percebi que era esse o caso quando ele fechou os olhos e


começou a tocar. Quando ele abriu a boca e começou a cantar, meu
queixo caiu no chão. Ele tinha falado sobre fazer suas aplicações para
colocar seu diploma de biologia em uso, mas isso é o que Shane
deveria estar fazendo com sua vida.

— Ele é incrível — murmurei e recostei-me com minha margarita


para relaxar e aproveitar o show.
Capítulo 26
SHANE

Eu mantive meus olhos fechados até que eu me sentisse


confortável e cantei covers de Jack Johnson, Zack Brown Band e Bob
Marley.

Eu sabia que todos estavam me olhando enquanto bebiam


margaritas e conversavam baixinho, mas tentei não deixar isso me
afetar. Depois de entrar na música, poderia esquecer sobre o público e
me divertir.

Foi apenas no começo, antes de eu ser arrebatado pelos acordes


e pela melodia, que as palavras do meu pai se intrometeram e me
deixaram nervoso.

“Você nunca chegará a nada”.


“Concentre-se nas coisas que importam, não naquela guitarra
idiota”.
“Deus, como eu criei um fracote?”

E, isso foi tudo aos nove anos, antes mesmo de eu ter idade
suficiente para conseguir um emprego ou seguir uma carreira.

Meu pai sempre foi um babaca, mas depois que minha mãe
morreu, ele se tornou um caloteiro também.

Eu era grato por ele não estar mais na minha vida. E não o
desejaria perto de Jazzy ou de sua família. Os Lewis me mostraram
como a família realmente era.
Com sorte, Jasmine e eu seríamos capazes de construir uma
família como a deles.

Lá vou eu, tomando à frente de mim novamente.

Eu a procurei, como fazia continuamente enquanto cantava,


antes de fazer contato visual com todos. Algo engraçado aconteceu
dentro de mim, ao vê-la sentada lá, se divertindo enquanto cantava
junto comigo.

Eu imaginei como seria cantar só para ela, talvez uma música


que eu tivesse escrito, e me perguntei se ela gostaria ou se pensaria
que estava sendo um tolo desperdiçando meu tempo com algo que não
tinha futuro.

Terminei a música e sorri para o grupo.

Eles começaram a bater palmas quando me levantei, o violão


pendurado na minha mão, e Gabe colocou os dedos entre os lábios e
assobiou, assim como fazia desde a primeira vez que toquei para ele na
faculdade.

— Obrigado — consegui dizer rapidamente, envergonhado com


o elogio.

— Alguém pegue uma bebida para este homem — Gabe gritou.

— Já estou à frente — disse Jed, levantando-se da mesa.

— Cerveja ou margarita?

— Cerveja por favor. Obrigado — respondi, e olhei para Zoey. —


Onde coloco isso?

Ela pegou o violão de mim e disse: — Eu cuido disso. Obrigada


por tocar; você é tão bom. Me fez querer ir lá e cantar com você de novo.
— Da próxima vez — assegurei-lhe com um sorriso, embora,
se ela viesse e se sentasse ao meu lado esta noite, eu teria ficado mais
do que feliz em escolher alguns duetos.

O assento ao lado de Jasmine estava livre e, embora


eu não tivesse certeza se era por projeto ou acidente, eu estava optando
por acreditar que ela o guardou para mim.

— Eu não tinha ideia que você sabia cantar ou tocar — disse


Jazzy, virando-se para mim quando me sentei.

— Sim, aprendi quando era criança — disse eu, em seguida,


acrescentei rapidamente: — É apenas uma brincadeira.

Eu não queria que ela pensasse que eu era um vagabundo. Já


era ruim o suficiente eu ainda ser bartender, ao invés de utilizar meu
diploma.

— Não parecia brincadeira — ela disse gentilmente, seus olhos


procurando meu rosto.

Eu esperava que minha vulnerabilidade não estivesse lá para


todos verem. Música era um assunto delicado para mim, sempre foi.

Jasmine estendeu a mão e cobriu minha mão com a dela.

— Você é muito talentoso.

— Ele também escreve canções — Gabe ofereceu.

Eu olhei para ele do outro lado da mesa, mas Gabe apenas sorriu
e ergueu sua cerveja em reconhecimento.

— Você escreve? — Jazzy perguntou.

— Oh, você tocará algo seu?

Isso veio de Chloe.


— Vamos lá, galera, deixem Shane em paz um pouco, ficar na
frente de todos e se exibir assim consome toda a sua energia — disse
Jed ao se juntar ao grupo.

Ele me entregou uma cerveja e eu disse: — Obrigado.

Jed sorriu, sabendo que eu estava falando sobre a bebida e a


ajuda.

— Desculpe — Chloe disse, parecendo culpada e adoravelmente


embriagada.

— Não se preocupe — assegurei a ela, não querendo que ela se


sentisse mal. Foi lisonjeiro que eles gostassem de me ouvir tocar e
quisessem ouvir minhas músicas, mas eu nunca cantei um original em
público.

Apenas Gabe e Jed me ouviram cantar minhas próprias


canções. Eu não estava pronto para nada além disso.

— Ok, então Shane pode cantar e tocar guitarra, e todos os


outros? Como vocês podem nos entreter? — Jasmine perguntou, e eu
apertei sua mão suavemente, agradecendo-lhe não verbalmente por
tirar a pressão.

— Eu posso ganhar um Super Bowl — Gabe disse com um


sorriso arrogante.

Jazzy revirou os olhos e disse: — Próximo.

— Eu posso escrever todos vocês em um livro e fazer com que


façam o que eu quiser — Zoey ofereceu.

— Que tal algo que pode nos entreter agora? — ela perguntou.

— Jazzy e eu às vezes podemos terminar as frases um do outro,


embora, não sob demanda — Dillon disse, sorrindo para sua irmã.
Esta foi a primeira vez que os vi relaxados perto um do outro
desde que ele descobriu que éramos casados.

Eu esperava que fosse um bom sinal.

— Eu posso enrolar minha língua — disse Chloe, abrindo a boca


e demonstrando.

— Eu posso sacudir meus olhos.

Sentei-me e olhei ao redor de Jasmine para olhar para Reardon.

— Você pode o quê, companheiro? — perguntei a ele.

— Sacudir meus olhos.

— É verdade, ele pode — Jasmine disse, terminando sua bebida.

— Como? — perguntou Jed.

— Aproximem-se — disse Reardon.

Jed e eu nos levantamos e fomos até onde Reardon estava


sentado. Aparentemente, todo mundo já tinha visto, porque eles
ficaram parados.

Uma vez que estávamos agachados na frente dele, olhando em


seus olhos, ele o fez.

— Uou — gritou Jed com uma risada.

— Isso é muito foda — eu concordei, batendo minha mão no


ombro de Reardon antes de voltar para o meu lugar.

Ficou mais alto quando todos começaram a conversar. Sentei-


me e inclinei-me para perguntar a Jasmine, para que apenas ela
pudesse ouvir: — E qual é o seu talento?

— Você quer dizer outra coisa que não a coisa de gêmeo? — ela
perguntou, seus olhos brilhando.
— Mmmmhmmm.

Jazzy mordeu o lábio inferior e olhou ao redor da mesa, antes de


seu olhar de pálpebras pesadas capturar o meu mais uma vez e ela
torceu o dedo, indicando que eu deveria chegar mais perto.

Inclinei-me e virei a cabeça, de modo que minha orelha ficasse


a centímetros de seus lábios.

O que ela sussurrou fez minhas sobrancelhas levantarem e meu


pau endurecer. Eu me inclinei para trás e olhei para ela.

— Você está pronta para sair daqui? — perguntei, e quando ela


balançou a cabeça, levantei-me e gritei: — Então, boa noite!

— Uh-oh…

— E lá vão eles de novo.

— Nojento.

O último era de Dillon, mas não prestei atenção em nenhum


deles. Peguei a mão da minha esposa e a tirei de lá.
Capítulo 27
JASMINE

Corremos de volta para a cabana, de mãos dadas e rindo como


dois adolescentes no Spring Break.

Eu estava me sentindo bem com as margaritas e assistindo a


apresentação de Shane.

Sério, havia algo em assistir um homem talentoso cantar e tocar


violão que o faz dez vezes mais quente, e Shane já era puro fogo.

Nós tropeçamos para dentro e eu dei uma pequena volta no


centro da sala.

Eu me sentia fantástica.

Era incrível como um relacionamento que começou tão


complicado, com acordos, mentiras e subterfúgios, atualmente parecia
a coisa mais fácil do mundo.

Shane era bom.

Eu era boa.

Ambos estávamos conseguindo o que queríamos, mais, sexo.

Eu parei de girar. Bem, meus pés pararam de me virar, mas


minha cabeça ainda estava girando e eu tentei me concentrar em
Shane.

— Uou, quantas margaritas você tomou? — Shane perguntou,


suas mãos estendidas para me manter firme.

Dei de ombros.
— Zoey continuou enchendo.

— Hmmm, o que você acha de te prepararmos para dormir e te


embrulhar para um aconchego? — ele sugeriu, colocando meu cabelo
atrás da orelha.

— Um aconchego? — perguntei com uma carranca. — Achei que


voltaríamos para fazer aquilo de que te falei.

— Acho que devemos guardar essa parte para mais tarde.

Eu comecei a fazer beicinho.

— E as palavras sujas da Austrália? — perguntei. Eu realmente


estava ansiosa para ouvi-lo falar Aussie para mim.

— Que tal isso... Nos preparamos para dormir, entrar debaixo


das cobertas, e posso dar-lhe um curso intensivo enquanto nos
acomodamos.

— Ok — concordei alegremente.

Eu planejei totalmente mudar sua mente uma vez que


estivéssemos na cama fazendo a conversa suja.

Peguei sua camiseta da cadeira e corri para o


banheiro. Enquanto me preparava para dormir, cantarolei Better
Together, uma das canções de Jack Johnson que Shane havia cantado.

Quando eu saí vestindo apenas sua camiseta, Shane ergueu os


olhos ao virar a cama e gemeu.

— Você me matará.

Eu ri e bati palmas, então me virei para que ele pudesse ver


minha bunda nua aparecendo por baixo do algodão.
Seus olhos escureceram, mas em vez de me agarrar e me
reivindicar contra a parede como eu esperava, ele deu uma tapinha na
cama e disse: — Vamos lá, venha.

Eu mostrei minha língua para ele e rastejei para a cama.

— Pronto, feliz? — perguntei mal-humorada uma vez que eu


tinha as cobertas puxadas até o meu queixo.

— Pode apostar — Shane disse, sua voz soando tudo menos


isso.

Virando-me de lado, apoiei minha cabeça em minha mão para


que pudesse olhar para ele.

Droga, ele é lindo.

Ele se mexeu para ficar de frente para mim e eu me inclinei para


poder ver melhor seus olhos.

— Nossa, aí há tantos tons de azul — fiquei maravilhada.

Sua risada vibrou através de mim e eu suspirei. Estava prestes


a fechar os olhos e deitar minha cabeça no travesseiro quando me
lembrei da lição.

— Ei, você deveria me dizer as palavras.

— Bem, você sabe o que é um pash — disse ele, seu sorriso


arrogante me lembrando de quando Serena pediu a ele para explicar
no bar.

— Eu não gostei você flertando com ela — resmunguei, mesmo


que isso fosse no passado.

— Eu sei — disse Shane, seu polegar esfregando suavemente


contra meu queixo. — Embora você com certeza tentou esconder isso.

— Então... sim, eu me lembro, um pash é um beijo.


— Não qualquer beijo. Um que é lento, longo, apaixonado...

— Hmm, acho que você deveria me mostrar.

Mordi meu lábio, preocupada que ele me mandasse deitar e


dormir de novo, mas em vez disso, seu polegar moveu-se para puxar
meu lábio dos meus dentes e ele o substituiu pelos lábios dele.

Garoto, ele não estava brincando.

Shane levou seu tempo, me provocando de brincadeira antes de


aprofundar o beijo e me fazer sentir até os dedos dos pés.

— Yum, mostre-me mais — implorei quando ele quebrou o beijo.

Shane balançou a cabeça e sorriu.

— Implacável — disse ele.

— Sim.

— Ok — Ele agarrou minha mão e a colocou sobre seu pau.

Sim!

— I’ve cracked a fat8.

Eu ri.

Parei de rir quando sua mão deslizou pela minha coxa e nós dois
fomos lembrados de que eu não estava usando calcinha.

Ele me segurou e disse: — Seu map of tassie9.

— Meu o quê? — Respirei, achando difícil me concentrar em


suas palavras enquanto ele estava me tocando.

8 Traduzindo, “Eu quebrei uma gordura”; gíria australiana para “ter uma ereção”.
9 Gíria australiana para “cabelos púbicos da mulher”.
— Porque tem a forma da Tasmânia — ele explicou, movendo-se
para baixo para roçar levemente em minha bunda. — Clacker10.

Os dedos de Shane subiram de volta.

— Gash ou pink bits11.

Seu polegar encontrou meu clitóris e começou a tocar.

— Uma wristie é uma punheta, e um gobbie, um boquete — ele


disse suavemente, ainda fazendo sua mágica.

Meus quadris começaram a se mover em movimentos circulares


e minha respiração tornou-se superficial.

— Shag ou root significa fazer sexo.

Recostei-me e fechei os olhos, tão perto que quase conseguia


alcançá-lo.

— Isso mesmo — Shane murmurou. — Você é gloriosa, amor.

Encontrei o pico, gritei seu nome e, com um sorriso nos lábios,


desmaiei prontamente.

10 Gíria para “ânus”.


11 Gíria para “vagina”.
Capítulo 28
SHANE

Estar no acampamento de Gabe foi uma das melhores férias que


já tive e odiava que estava quase no fim.

Mas, antes de todos voltarmos para casa e deixarmos Gabe aqui


na maior parte do verão, estávamos prestes a embarcar no Dia de
Esportes em Família, e eu fiquei feliz. Com um curso de cordas,
tirolesa, rapel, pista de obstáculos e jogo de futebol americano, além de
um churrasco para receber todos os orientadores, com certeza seria
um dia fantástico.

Estávamos todos nos campos, vestidos com nossas roupas de


treino e alongando nossos corpos para deixá-los prontos.

Os Lewis eram muito competitivos, mas Jed e eu também, por


isso estávamos todos rindo... se mijando. Basicamente, falando muita
merda.

— Eu só quero lembrar a todos que eu sou o atual campeão, e


que saibam que estou pensando em manter o título — Reardon disse
enquanto esticava os braços.

— Zoey não participará este ano, então vou atrás de você —


Gabe respondeu. Ele estava curvado na cintura, vestindo apenas
shorts e tênis de corrida. O cara estava aposentado da NFL há anos,
mas ainda tinha a estrutura de uma casa de tijolos.

Isto era um pouco intimidante, mas de jeito nenhum eu o


deixaria saber disso.
— Terei que apostar na sorte de iniciante neste aqui, rapazes —
eu entrei na conversa.

— E, enquanto vocês estão medindo seus pênis, Rena e eu não


perderemos tempo, fazendo todos vocês comerem poeira — Jasmine
declarou descaradamente enquanto esfregava protetor solar em sua
pele clara.

Eu atirei a ela um sorriso e ela revirou os olhos.

Porra, mas ela estava incrível. Eu amava como ela conseguia se


segurar e ser durona como o inferno, além de ser engraçada, sexy e
muitas vezes vulnerável quando estávamos sozinhos.

A única coisa que esta semana com Jazzy fez, foi me provar que
definitivamente ela era a mulher para mim.

— Uh, Jazzy, você e Rena não ganharam nenhuma vez em todos


esses anos que viemos aqui — Reardon zombou.

— Caguei, bundão, seu reinado termina hoje — Jazzy rosnou.

Dillon riu, mas ficou em silêncio enquanto se preparava para


uma boa largada. Percebi que ele seria aquele que eu precisava tomar
cuidado... silencioso, mas mortal.

Havia observadores disponíveis em cada curso e uma equipe


médica de prontidão para o caso de algo acontecer. As crianças fariam
este percurso todas as semanas no final do acampamento e, em
seguida, uma nova rodada de crianças chegaria.

Gabe levou a segurança de todos muito a sério, e tomou todas


as precauções.
Alguns dos orientadores já haviam chegado e os demais viriam
ao longo do dia, mas por enquanto éramos apenas nós para começar a
competição.

Como os dois únicos que nunca haviam feito o percurso, Jed e


eu estávamos em desvantagem, mas eu estava confiante em nossa
força física e habilidades, e sabia que não apenas terminaríamos, mas
estaríamos perto do topo.

— Boa sorte, companheiro — eu disse a Jed, dando-lhe um tapa


na bunda.

— Você também, irmão — respondeu Jed com um sorriso fácil.

— Vocês, meninos, precisarão — disse Serena com a voz


arrastada.

Jed a agarrou e a levantou do chão, girando-a enquanto ela


gritava.

— Guarde um pouco desse fogo para esta noite — eu o ouvi dizer


e soltei uma risada.

— Todo mundo, tomem seus lugares — Jeremy, um dos


orientadores que conheci antes, falou.

Todos nós alinhamos e, quando ele deu o sinal, estávamos fora.

O curso de cordas foi o primeiro, e depois de nossa corrida inicial


lá, Gabe, Jed, Reardon e eu estávamos pescoço a pescoço, com Dillon,
Jazzy e Serena logo atrás. Sendo mães recentes, Chloe e Zoey optaram
por ficar para trás e se prepararem para o churrasco desta noite.

Aproveitei e subi na árvore rapidamente. Cruzei a corda e


contornei a árvore para ver Gabe se atirando na tirolesa.
Soltei um whoop enquanto corria por entre as árvores e lutava
enquanto repelia a parede do outro lado.

Reardon estava atrás de mim agora, e Gabe e Jed estavam


alguns metros à frente.

Fui para liderança e alcancei eles, o que só os fez correr mais


rápido. A seguir, estava a pista de obstáculos. Nós três caímos em
uníssono e começamos a engatinhar. Quando apareci do outro lado,
me virei e sorri quando Jasmine alcançou o curso.

— Bom trabalho, babe — gritei de volta, em seguida, corri para


a corda balançando, quente nos calcanhares de Jed. Pousei do outro
lado da piscina e corri por entre os pneus, encontrando Jed na escada
de toras e me puxando para cima e sobre.

— Porra — disse Jed enquanto perdia a pegada.

Eu não pausei, apenas decolei em uma corrida em direção à


parede. Uma vez lá, agarrei a corda e comecei a puxar enquanto subia.

— Terá que ser mais rápido do que isso, Dundee — disse a voz
de Gabe atrás de mim.

— Cai fora, meu velho — respondi, porque sério, uma referência


de Crocodile Dundee? Que ano foi isto?

Eu balancei minhas pernas por cima da parede e pulei, fazendo


o meu melhor para dobrar meus joelhos quando aterrissei, então eu
pulei de volta e dei uma arrancada. Eu podia praticamente sentir Gabe
respirando no meu cangote enquanto corria, e isso me deu o último
impulso que eu precisava para chegar até a linha de chegada.

Gabe veio quase um pé atrás de mim.


Eu diminuí para uma caminhada, as mãos na cintura enquanto
trabalhava no resfriamento.

— Porra, sim — eu disse, me virando para Gabe com um sorriso


de merda. — Pensei que você tinha me passado, companheiro.

— Eu tentei, você saiu rápido pra caralho, como se o diabo


estivesse em seus calcanhares. Ótimo trabalho — ele disse, me dando
tapinhas nas costas.

Olhei para além dele para ver Jed, Dillon e Reardon


correndo lado a lado, todos eles terminando duro. Eles cruzaram
juntos.

— Bom, hein! — gritei para meus amigos, então saí correndo


para encontrar Jasmine.

Quando cheguei à parede, ela tinha acabado de se aproximar e


estava pulando .

— Vamos, babe! — gritei quando cheguei ao lado dela. — Você


está quase terminando.

Suas bochechas estavam vermelhas com o esforço e sua


testa estava coberta de suor, mas seu rosto estava rígido de
determinação.

Passamos por Jed voltando por Serena, e corremos até a


chegada.
Capítulo 29
JASMINE

Olhei ao redor da área de piquenique com um suspiro.

Sempre odiei amar nosso churrasco de despedida. Foi ótimo


terminar nossa semana com uma celebração e dar as boas-vindas aos
novos e antigos orientadores em retorno ao acampamento. Algumas
dessas crianças haviam se tornado jovens homens e mulheres e foi
divertido ver como mudaram.

Ainda assim, também significava que o tempo com a família


havia acabado e estaríamos indo para casa.

— Então, o que a corretora de imóveis queria? — Rena


perguntou, vindo e me oferecendo uma garrafa de água.

— Obrigada — agradeci e sorri para ela. — Podemos fechar mais


cedo, pois a casa está vazia. Shane e eu poderemos nos mudar no final
da próxima semana.

— Isso é ótimo, estou tão feliz por você. Mal posso esperar para
ver.

— Eu também. É difícil acreditar que está realmente


acontecendo. Parece que estou no meu apartamento desde sempre.

— Bem, tomará alguns ajustes. Lembro-me de quando Jed e eu


fomos morar juntos pela primeira vez. Tivemos muitas conversas sobre
coisas estúpidas, como substituir o papel higiênico e deixar pratos
sujos na pia. Nós dois estávamos tão acostumados a fazer as coisas do
nosso jeito, que demorou um minuto para percebermos que
precisávamos nos esforçar para respeitar os desejos um do outro, e
não brigar por pequenas coisas.

— Hmmm, acho que realmente não pensei sobre o fato de que


Shane vai morar lá também — eu disse, me segurando quando Rena
soltou um bufo surpreso. — Eu quis dizer... tudo aconteceu tão rápido,
você sabe. Nós realmente não tivemos muito de tempo para deixar a
realidade deste casamento se estabelecer.

E essa era a verdade honesta de Deus. Isso não era apenas uma
aventura de acampamento de verão, Shane iria para casa comigo e nós
viveríamos juntos por pelo menos os próximos cinco anos.

Loucura.

— Vocês resolverão — disse Serena, parecendo muito mais


confiante do que eu.

Eu olhei através do gramado e vi Shane cercado por um monte


de caras. Ele estava fazendo algum tipo de movimento que era parte
dança, parte convulsão.

— O que diabos ele está fazendo? — Rena perguntou, seguindo


meu olhar.

— Uma dança da vitória? — respondi, embora não tivesse


certeza.

Serena riu.

— A bela bunda do Jed se doeu pelo fato dele não ter


vencido. Disse que suas mãos escorregaram em um ponto e isso lhe
custou a liderança. Eu tenho um pressentimento que ouvirei sobre isso
por um tempo.
— Sempre há o próximo ano — falei, pensando que
provavelmente veria aquela dança da vitória por um tempo.

Shane passou a tarde toda falando sobre sua vitória.

— É, próximo ano — ela respondeu melancolicamente, e eu


sabia que ela sentiria falta do acampamento também.

— Ei, Srta. Jasmine, eu ouvi que aquele australiano, Shane, é


seu marido? — uma das orientadoras perguntou.

— Sim, é verdade.

— Uau — disse ela, seu rosto transmitindo quão dos sonhos ela
pensava que ele era.

Eu observei quando ela caminhou até suas amigas, sussurrou


algo para elas, e então todas olharam para Shane e suspiraram.

— Quebrando corações em dois continentes — brincou Serena.

— Sim — eu consegui dizer.

Era disso que eu tinha medo.

Não foi nem culpa dele. E nem como se ele estivesse dando a
essas garotas qualquer indicação de que estava interessado ou que elas
tinham uma chance, mas isso não impedia uma garota de
desejar. Inferno, eu sabia tudo sobre isso em primeira mão.

Foi por isso que eu prometi a mim mesma que não me envolveria
com ele em primeiro lugar.

Com sua boa aparência, personalidade encantadora e aquele


maldito sotaque, ele fazia as mulheres desmaiarem apenas por existir.

O problema era, eu estava encantada. Cem por cento. Shane era


o pacote completo, eu só não sabia se ele era o homem certo para mim.
Como ele se encaixaria na minha vida? Como eu me encaixaria
na dele?

Soltei um suspiro.

Por que tudo tem que ser tão difícil?

— Uh-oh, eu conheço esse suspiro. O que você está pensando


demais?

Ela olhou para Shane novamente, antes de se virar totalmente


para mim.

— Aquele homem nunca olhou para outra mulher do jeito que


ele te olha. E, sabe, você sempre costumava falar sobre como ele é um
jogador, mas eu honestamente nunca o vi com ninguém. Sim, ele é
nosso amigo, Chloe, Zoey e Laurel, mas ele sempre vêm para tudo
sozinho.

Eu balancei a cabeça, deixando-a saber que eu estava


processando o que ela estava dizendo.

— Não que isso importe — ela continuou. — Porque vocês dois


estão casados agora. Você está casada, Jazz. Pare de se preocupar
com paixonites de colegiais e dê ao seu marido o benefício da dúvida.

— Eu sei, você está certa — concordei, embora minha mente


estivesse em todo lugar. — Como eu disse, tudo aconteceu muito
rápido. Nunca tivemos a chance de namorar e descobrir tudo. Agora
estamos casados e devo apenas confiar... Não é tão fácil.

— Eu sei. Especialmente para uma cabeça dura como você —


Rena disse, puxando minha trança. — É por isso que eu meio
que surtei quando você disse que estavam casados. Mas, depois de ver
vocês juntos esta semana, devo dizer que sou uma convertida. Eu
realmente gosto do jeito que você é com ele, e ele com você.
— Ótimo — respondi, feliz porque nosso objetivo para esta
semana parecia ter funcionado e todos os Lewis concordavam com
nosso relacionamento. — Você me deixou preocupada por um tempo.

— Vamos lá — disse ela, batendo no meu ombro com o dela.

— Vamos até nossos homens e aproveitar as últimas horas de


acampamento, antes que voltemos à realidade.
Capítulo 30
SHANE

As coisas com Jasmine estavam um pouco tensas.

Em sua defesa, nós dois estivemos ocupados desde que


voltamos para Cherry Springs. Tive que ir direto ao trabalho, verificar
as inscrições e me livrar de toda a porcaria do meu estúdio
que não levaria na mudança.

Jazzy estava fazendo o mesmo, pelo menos no que diz respeito


a empacotar e trabalhar. Pelo menos, isso é o que eu presumi, já que
ela não estava realmente disponível para me ver, ou mesmo falar, ou
enviar mensagens.

Mas, tudo isso estava prestes a mudar, porque chegou o dia da


mudança.

Ela não podia me ignorar quando estivermos na mesma


casa, certo? Além disso, eu tinha uma surpresa para ela vindo no final
do dia.

Eu mal podia esperar para ver seu rosto.

Jasmine havia tirado o dia de folga do trabalho


e confiscado um monte de Lewis para ajudá-la a se mudar.

Consegui colocar todas as minhas coisas no banco traseiro do


meu carro e dirigi-lo.

Dei uma última olhada em meu estúdio, agradeci ao senhorio


por devolver meu depósito e começaria minha nova vida de
marido. Com uma casa. E uma esposa.
Deus, a vida era engraçada às vezes, não era?

Quando dirigi pela rua e vi a casa pela primeira vez,


não pude acreditar.

Era linda, como algo saído de um cartão-postal. E era enorme


pra caralho. Jazzy e eu ficaríamos perdidos andando por ela.

Eu adorava como era isolado e os jardins eram magníficos. Eu


podia ver os caras vindo para um jogo de futebol americano no
gramado. Falando na galera, eles estavam entrando e saindo da casa
agora, descarregando o caminhão que estava estacionado na frente.

— Pu-ta, merda — murmurei sob a minha respiração enquanto


observei as colunas brancas ao longo do alpendre.

De repente me senti um impostor.

Este lugar deve ter custado uma bolada para Jazzy, e eu percebi
que ainda não tínhamos conversado sobre finanças.

Inferno, não tínhamos falado muito sobre nada, exceto nosso


bate-papo inicial para nos conhecermos.

Tínhamos muito que revisar.

— Ei, Shane, traga sua bunda preguiçosa aqui e nos ajude a


descarregar — Dillon gritou enquanto descia correndo as escadas.

— Indo! — gritei em resposta, fechando a porta do meu carro de


merda e indo ajudar .

Quando tudo foi dito e feito, Jasmine e eu não tínhamos muito


para descarregar. De maneira nenhuma chegamos perto de encher até
mesmo um quarto da casa.

— Trouxemos algumas coisas do armazenamento para vocês


usarem, até começarem a comprar. Fiquem pelo tempo que precisarem
— Dillon informou quando estávamos todos acabados e escorados em
torno da ilha de mármore na cozinha.

— Obrigado, cara — agradeci, inclinando minha cerveja em


direção a ele.

— Vocês só tem uma cama na suíte master, mas eu não acho


que precisarão abrigar alguém em breve. Se isso mudar, acho que
temos uma Queen size sobressalente em algum lugar.

Jasmine prendeu minha atenção, então desviou o olhar.

Eu poderia dizer que ela queria pedir a cama e tive a sensação


de que não seria bem-vindo no quarto. Pelo menos, ainda não.

Merda, ela não estava brincando sobre querer me colocar de


volta na zona de amigos.

Eu meio que imaginei, desde que ela estava me evitando, mas


eu realmente esperava que seríamos capazes de retomar as coisas
quando estivéssemos morando juntos.

— Ei, cadê o Jed? Eu pensei que ele estava vindo? — perguntou


Reardon.

Ele estava atualmente colocando comida na despensa.

Eu não tinha certeza se era comida nova ou tinha vindo da casa


de Jazzy .

Eu não tinha comida em meus armários, já que comia


principalmente no bar.

De repente me senti como um vadio completo.

Jasmine comprou esta bela casa, dirigia um carro confiável, já


estava colocando comida na despensa... Com o que diabos eu tinha
contribuído para esse casamento até agora, além da minha
assinatura? Oh, e meu pau.

Eu olhei para cima para ver Reardon me observando em silêncio


e lembrei que ele me fez uma pergunta.

— Oh, sim, Jed. Ele está a caminho. Só teve que fazer uma
parada e pegar uma coisa.

Só então ouvimos o barulho de pneus batendo no cascalho.

— Provavelmente é ele agora — disse, olhando para Jasmine


com um sorriso. — Vamos.

— O que está acontecendo? — ela perguntou, lidando com o meu


olhar.

— Você verá — assegurei-lhe. — Agora, vamos lá.

Peguei sua mão e a levei até a porta da frente.

— Oh meu Deus. Você não fez isso — ela chorou, sua mão livre
indo para sua boca.

— O quê? — Reardon perguntou, vindo atrás de nós.

— Oh, Jesus — Dillon disse.

Jazzy abriu a porta enquanto víamos Jed abrir o portão e


caminhar pelo quintal com uma cabra filhote nos braços.

Eu soltei sua mão e ela desceu correndo as escadas,


arrulhando feliz enquanto pegava a cabra e a aninhava contra o peito.

— Aquela coisa cagou na minha caminhonete — disse Jed


enquanto se aproximava de mim.

— Desculpe, cara, obrigado por pegá-la.


— Sem problemas. De qualquer forma, é como pequenas
bolinhas, fáceis de limpar.

— Qual a idade dela? — Jasmine perguntou, seus olhos verdes


suaves.

— Oito semanas — respondi, estendendo a mão para coçar a


cabeça da filhote.

— Eu não posso acreditar que você fez isso.

— Você disse que sempre quis uma. Considere-a um presente


de casamento ou um presente de inauguração.

— Obrigada, Shane. Eu a amo — ela disse, e dane-se se


eu não gostaria de ouvi-la colocar um você no final, em vez dela.
Capítulo 31
JASMINE

Eu estava perdidamente apaixonada.

Por Daisy, minha cabra filhote.

Tudo nela me deixava feliz. Os pequenos sons que ela fazia, a


maneira como pulava pela casa e no quintal e seu rostinho doce.

Eu não podia acreditar que Shane a comprou para mim. Era na


verdade muito engraçado se você pensasse nisso, porque estávamos na
mesma sintonia. Eu falei sobre sempre querer uma cabra, e ele disse
que sempre desejou um cachorro.

Bem, ele não sabia, mas amanhã eu pegaria um cachorrinho


beagle, de uma ninhada fora da cidade.

Acho que nós dois queríamos dar um presente de casamento um


ao outro e um companheiro para nos dar alegria.

Com certeza estava funcionado com Daisy.

Além disso, eu ainda precisava comprar uma aliança de


casamento para ele usar. Pensei na minha programação para a semana
e, embora estivesse bem lotada, provavelmente poderia dar uma
escapada para a joalheria na quarta-feira.

Ou, eu poderia verificar com Rena.

Frequentemente, ela encomendava não apenas pinturas,


esculturas e similares para sua galeria, mas joias e artesanatos de
artistas locais. Na verdade, isso foi um dos momentos decisivos em
seu relacionamento com Jed. Ela queria sua mesa rio para a galeria.

Peguei meu telefone e estava prestes a ligar para ela e perguntar,


quando começou a tocar na minha mão.

Eu pulei, assustando Daisy.

— Desculpa, docinho —murmurei para ela, colocando-a no chão


para atender a chamada.

— Ei, Zoey, como está indo? — perguntei.

— Muito bem. Chris está aqui fazendo companhia a Evie,


enquanto eu tento escrever algumas palavras — disse ela.

Evie era a filha deles e Chris era filho de Gabe com Chloe, e seu
sobrinho. Foi complicado, mas todos eles fizeram funcionar.

— Eu estava ligando para ver se você e Shane queriam vir jantar


no próximo sábado. Gabe estará em casa no fim de semana, então
achei que seria divertido.

— Uh, sim, checarei com Shane, mas deve estar tudo certo. Ele
estará trabalhando pelas próximas cinco noites, então deverá estar de
folga.

— Perfeito, mandarei uma mensagem com os detalhes. Bem, é


melhor eu voltar, este livro não se escreverá sozinho.

— Tudo bem, falo com você depois — disse a ela, enquanto saía
em busca de Shane.

Jed havia chegado e eles estavam examinando a casa e o


quintal para ver que tipo de atualizações precisavam ser
feitas. Eles estavam categorizando-as em necessário, eventualmente, e
puramente estético, então faríamos uma lista e priorizaríamos.
Acontece que meu marido era muito hábil, além disso, como Jed
era seu melhor amigo e carpinteiro, talvez eu não precisasse esperar
tanto quanto pensava para fazer algumas mudanças.

Jed havia acabado de renovar sua casa e estúdio com Serena


recentemente, então ele ofereceu seu tempo.

Encontrei-os no quintal, o que deixou Daisy emocionada ao


extremo.

Eu a deixei pastando e me juntei a eles no galpão.

— Ei, babe — Shane disse em saudação, me puxando para perto


e me colocando ao seu lado, assim como qualquer recém-casado
normalmente faria. — Estamos apenas repassando tudo.

— Como está? — perguntei a Jed, tentando ignorar a maneira


como meu coração estava batendo forte com o braço de Shane em volta
da minha cintura.

Quanto mais eu ficava perto dele, mais ele parecia quebrar a


barreira ao redor do meu coração.

— Muito bom, na verdade. As atualizações do banheiro podem


ser feitas com bastante facilidade. Nós não sabemos ao certo até
chegarmos lá, mas a estrutura parece muito boa. Isso — disse ele,
apontando para o galpão — deve levar apenas alguns dias para voltar
à forma. O acabamento do porão será o maior projeto, mais caro e mais
demorado. Felizmente, não há pressa, então você pode decidir
exatamente o que quer, e Shane e eu provavelmente podemos começar
no outono.

— Wow, isso é incrível. Muito obrigado.

— Trabalhamos muito bem juntos, então estou ansioso para


começar — Jed disse, sorrindo para Shane. — Bem, tenho alguns
pedidos em que estou trabalhando, então é melhor eu voltar a
eles. Passarei no bar uma noite esta semana.

Além de carpinteiro, Jed trabalhava e vendia peças de mobiliário


originais. Eu estava pensando em contratá-lo para fazer uma mesa de
fazenda para a sala de jantar.

— Parece bom — Shane respondeu, apertando a mão de Jed. —


Te vejo mais tarde, companheiro.

Caminhamos com Jed até sua caminhonete, Daisy saltitando ao


nosso redor enquanto cruzávamos o quintal.

— Obrigada, de novo — agradeci.

— Sem problemas — ele respondeu.

Nós o vimos dirigir pela pista, então me desvencilhei de Shane e


disse a ele: — Zoey nos convidou para jantar no sábado.

— Legal — Shane respondeu, se curvando para dar um tapinha


na cabeça de Daisy.

— Eu disse a ela que me certificaria para ver se você estava


livre... não fosse trabalhar, e a deixaria saber.

— Sim, estou totalmente livre — ele disse, olhando para mim


com um sorriso.

— Ok, direi a ela que somos um sim então.

Eu me virei e corri de volta para a casa, desejando que as


coisas não fossem tão estranhas, mesmo sabendo que era eu quem as
fazia assim.

Eu pedi a Shane para ficar no sofá em nossa primeira noite aqui,


e é onde ele tem dormido todas as noites desde então. Eu me senti
culpada por ter uma cama e um quarto só para mim enquanto ele era
encarregado de acomodar seu grande corpo no sofá, seus pés
pendurados no final.

Eu precisava pedir para ele um jogo de quarto para um dos


quartos no andar de cima.

Farei isso agora, pensei, pegando meu telefone do balcão e indo


para o meu laptop.

— Eu tomarei banho e me preparar para o trabalho — Shane


disse enquanto entrava.

— Ok — respondi, ligando meu computador e enviando o texto


de confirmação para Zoey.

Shane tinha escolhido um dos banheiros do andar de cima como


seu, assim que deixei claro que esta casa não seria como a cabana, e
nosso relacionamento tinha voltado para a zona de amigos.

Sentia falta do seu toque quando me deitava na cama à


noite? Claro que sim.

Eu às vezes me lembrava de nós na cabana? Sim.

Mas, só porque gostava de ser amante de Shane não significava


que estava errada em colocar-nos um tempo antes que as coisas
ficassem mais complicadas.

Certo?

Eu já tinha me queimado várias vezes antes, e a última coisa


que eu precisava era me apaixonar pelo meu marido e vê-lo sendo como
todo mundo.

Quando ouvi o chuveiro ligar e os sons fracos de Shane


cantando, descendo as escadas, senti meus lábios se curvaram.

E se ele fosse completamente genuíno?


E se ele fosse realmente tão bom quanto parecia ser.

Eu queria que ele fosse, só não conseguia ter certeza.


Capítulo 32
SHANE

— Posso ter uma cerveja? Qualquer uma que você tiver disponível
está bom.

— Pode deixar — respondi a Gail, uma de nossas clientes


regulares.

Peguei seu esboço e coloquei sobre a mesa, pegando o cartão de


crédito oferecido.

— Você manterá isso em aberto ou fechará? — perguntei,


sabendo que às vezes ela encontrava amigos depois do trabalho.

— Em aberto — ela disse com um sorriso.

Eu balancei a cabeça e comecei a me virar quando ela


perguntou:

— É isso?

Eu me virei, uma carranca no meu rosto.

— Desculpe, você quer pedir alguma comida?

— Não, bobo — ela disse com uma risadinha e sacudindo o


cabelo. — Buscarei comida mais tarde. Quero dizer, normalmente
fazemos uma pequena brincadeira de flerte, é o destaque da minha
semana.

— Oh — eu disse, esfregando minha mão na minha nuca.

Bem, isso é estranho.

Gail esperou, com expectativa.


— Sabe, eu me casei, então, estou cortando o flerte e as
provocações, por respeito à minha esposa.

Sua boca abriu tão rapidamente que era quase cômico.

— De jeito nenhum — ela negou, balançando a cabeça. — Você


não pode ser casado, você nem mesmo namora alguém. Já se falaria
em tudo quanto é lugar agora.

Eu ri, porque, honestamente, fiquei surpreso por todos em


Cherry Springs não saberem sobre Jazzy e eu até o momento.

Gail olhou para o meu dedo anelar nu e lutei contra o desejo de


tirar minha mão de vista.

— É verdade — eu disse a ela. — Jasmine Lewis e eu fizemos


nossos votos em Las Vegas. Acabamos de voltar de nossa lua de mel.

— Jasmine? Entendo. Bem, então, parabéns, eu acho — ela


disse com uma carranca antes de girar nos saltos.

— Obrigado por isso, eu acho! — gritei atrás dela, balançando


minha cabeça e pegando um pano para limpar o bar.

— Bem, a fofoca está explodindo agora — disse Becs atrás de


mim. — Corações se partirão em toda Cherry Springs esta noite.

Eu me virei para olhar para ela interrogativamente, então seguiu


seu olhar para onde Gail estava parada com um grupo de mulheres e
todos os olhos estavam em mim.

Acenei.

— Elas superarão isso.

— Não tenho tanta certeza — revelou Becs com um suspiro. —


Você era o último cara solteiro da cidade que não era um idiota, filhinho
da mamãe ou vagabundo.
Eu ri.

— Isso não é verdade, Becs, há muitos bons por aí. E o Mikey


da loja de ferragens, ou Donovan da oficina — perguntei. — Ah, e você
não tinha um encontro com Trevon, aquele cara que é dono do clube
de boxe?

— Trevon está namorando outra pessoa, Donovan não escova os


dentes desde 2012 e Mikey mora no porão de sua mãe.

— Oh — sussurrei, sem saber o que dizer, já que nada disso


parecia promissor. — E, nojento... Mas, Becs, há mais de três homens
solteiros em Cherry Springs. Talvez você devesse tentar encontrá-los
em outro lugar que não aqui, no bar.

Becs revirou os olhos para mim, me lembrando de Jasmine.

Merda, eu me perguntei o que ela estava fazendo, e se gostaria


que eu estivesse em casa agora. Eu sabia que sim.

— Ugh, você está fazendo aquilo de novo — queixou-se Becs,


tirando-me dos meus pensamentos.

— O quê?

— Aquele olhar sonhador em seu rosto para que eu saiba que


você está pensando em Jazzy e não está me ouvindo. Você é tão
irritante — ela disse, virando-se com uma bufada.

— Boa conversa — chamei atrás dela, rindo quando vi que ela


estava me virando o dedo médio na altura da cintura, para não alertar
os clientes.

O resto da noite passou sem problemas.

Alguns clientes curiosos perguntaram sobre mim e Jazzy e


respondi feliz a todos eles.
Depois de uma semana de folga e longe da programação do bar,
voltei para casa exausto e pensando que talvez fosse hora de começar
a procurar outras opções de carreira.

Obviamente, ficar na cidade pelos próximos anos significava que


não havia muitas opções para usar meu diploma de biologia. E, eu
estava envelhecendo agora, e era um marido, então talvez trabalhar à
noite em um bar não era o que eu deveria estar fazendo.

Mas, o que mais havia?

Eu não estava qualificado para muito mais, a menos que você


conte música e surfe, e da última vez que verifiquei não havia oceano
perto de Cherry Springs.

Estacionei o carro e me senti um pouco mais leve quando vi que


Jasmine havia deixado algumas luzes acesas para mim. Eu andei pela
casa, desligando-as como fazia, antes de ir para a sala e descobrir
que ela também arrumou o sofá.

Virei minha cabeça e olhei ansiosamente para a porta fechada


do quarto de Jasmine, antes de tirar minhas roupas e colocá-las sobre
a cadeira. Vestido apenas com minha cueca boxer, deslizei para baixo
das cobertas e tentei ficar confortável.

Eventualmente, adormeci, e quando acordei, era muito cedo e


porque algo estava lambendo meu rosto.

— Daisy — eu resmunguei, não acordado o suficiente para


registrar que a língua de Daisy não era tão grande.

Estendi a mão para empurrá-la, parando quando encontrei uma


orelha mole.
Abrindo um olho, fiquei chocado ao ver um filhote de beagle,
com as patas para cima no sofá, a cabrinha branca pulando feliz em
volta dele.

— Quem é você? — perguntei, minha voz rouca de sono.

O cachorro latiu animadamente quando me levantei para sentar


e o coloquei no colo.

— Desculpe, eu queria deixar você dormir mais, mas ele fugiu


de mim.

Eu olhei para cima do cachorrinho tenso, que estava tentando


ao máximo alcançar meu rosto com aquela língua, para ver Jasmine
parada na porta, vestida para trabalhar em um terno.

— Que horas são?

— Quase meio-dia. Eu o peguei no meu horário de


almoço. Espero que goste dele. Você nunca disse que raça...

Jazzy parou no meio da frase quando me levantei e comecei a ir


em sua direção, vestindo apenas minha cueca, o cachorrinho encolhido
contra mim.

Seus olhos se arregalaram e eu não perdi sua leitura rápida da


minha pele nua, antes que aqueles olhos verdes brilhassem fizessem o
seu caminho de volta para o meu rosto.

— Ele é perfeito — eu assegurei a ela. — Você não precisava.

Parei bem na frente dela e encarei seu lindo rosto.

— Eu queria — ela disse suavemente.

— Obrigado — murmurei, então me inclinei e dei um beijo na


ponta de seu nariz.
Capítulo 33
JASMINE

A semana foi exaustiva até agora e trabalhando em horários


opostos a Shane, quando tivemos Daisy e Loki, tornou impossível
conseguir qualquer tipo de sono.

O cachorrinho era tão travesso quanto seu homônimo e não


entendia o conceito de hora de dormir, pelo menos não às três na
manhã. Eu juro, toda vez que começava a cochilar, um ou os dois de
nossos novos bebês faziam o possível para me manter acordada.

Shane não estava se saindo melhor no turno do dia.

Logicamente. eu sabia que animais eram completamente


diferentes do que bebês humanos, mas se o último par de noites sem
dormir eram qualquer indicação, eu definitivamente queria que o pai
dos meus filhos trabalhasse no mesmo turno que o meu para que
pudéssemos, pelo menos, nos revezar para dormir um pouco.

Jazzy sem dormir não era uma mulher feliz.

Dillon começou a reclamar do meu mau humor no trabalho, mas


eu disse a ele para apenas esperar até que seu bebê nascesse e depois
vir falar comigo sobre a privação de sono.

Infelizmente, essa não era a única coisa que me deixava de mau


humor.

Eu me vi sentindo falta de Shane como se estivéssemos juntos


por anos em vez de semanas. Eu sentia falta de sua provocação, bom
humor, personalidade descontraída e... droga... eu sentia falta do
sexo. E do beijo.

Gah, toda vez que ele beijava meu nariz, eu queria jogá-lo no
chão e entregar-lhe o negócio. E, por negócio, eu quis dizer que queria
montar em seu pau.

Eu sei, quão pouco civilizado, mas agora que eu sabia o que


estava perdendo, queria voltar para aquele dia no acampamento e
concordar em continuar a busca de um relacionamento real... e,
casamento... com Shane.

Infelizmente, eu era tão teimosa quanto todos me acusavam de


ser, e odiava admitir que estava errada.

Então, por enquanto, estava andando cansada, frustrada e com


raiva. Eu era basicamente um pesadelo.

Além disso, eu estava de TPM, então... sim, foda-se todo mundo.

Foi por isso que entrei em casa uma hora mais cedo do que o
normal, e, para grande prejuízo de Shane, ele não tinha saído para
trabalhar ainda.

Ele cheirava e parecia incrível, o que só alimentou meu fogo.

— Ei, Jazzy, você chegou em casa cedo — disse ele, erguendo os


olhos do chão, onde estava sentado de pernas cruzadas com as cabeças
de Daisy e Loki em seu colo.

Seu cabelo estava molhado do banho e seus olhos azuis


brilhavam de alegria.

Que idiota.

— Você está bonito, não — eu comecei, e sua sobrancelha


franziu com o meu tom.
Sim, isso mesmo, amigo, estou prestes a ficar nublada e chover
sobre você.

— Mmmm, obrigado? — ele perguntou, cautelosamente.

— Cheira bem também — acusei. — Becs está trabalhando hoje


à noite?

— Ah, não tenho certeza, acho que sim... Você está bem?

Eu joguei minhas mãos para o ar.

Sim, me ocorreu que eu estava sendo totalmente irracional, mas


tinha que descontar minha raiva em alguém, então por que não no
Adônis loiro parecendo adorável com a cabra e o cachorrinho?

— Eu estou bem? Eu não sei, Shane, estou?

Comecei a andar, e todos os três pares de olhos seguiram cada


movimento meu. Até Daisy parecia assustada.

— Não durmo há três dias, pisei em xixi e cocô de cachorro mais


vezes do que gostaria de lembrar, e meu marido gostoso é o assunto da
cidade.

— Eu não fiz nada erra...

Eu levantei minha mão para detê-lo ali mesmo.

— Lembra-se de antes, quando falamos sobre aquela espiada


nos bastidores das mulheres? Desculpe dizer, amigo, mas é isso — eu
disse a ele. — Alguns meses, alguns dias antes da menstruação, fico
com raiva. Quero dizer, tudo me irrita. Agora, geralmente nesses
dias, quando percebo o que está causando minhas frustrações, eu me
preparo para passar a noite com muito chocolate, um bom vinho e uma
comédia ou um filme para chorar, dependendo da gravidade do meu
humor.
— Por que você gostaria de chorar? — Shane perguntou, como
um idiota.

Eu o ignorei e continuei falando.

— Esta noite, eu voltei para casa para fazer isso. Claro, eu tenho
a adição deliciosa do cachorrinho fazendo xixi, cocô e não dormindo,
mas imaginei que sua fofura equilibraria tudo. O que eu não precisava
era ver você, todo arrumado para ir trabalhar no bar onde todos com
vagina, e alguns com pênis, correm para entrar nas suas calças.

Shane tirou Loki de seu colo e se levantou.

Olhamos um para o outro por alguns segundos.

— Devo dizer algo agora, ou isso te irritará? — ele perguntou


com cautela.

— Se você precisa — respondi, e dessa vez, eu senti a maldade


de minhas palavras. Isso geralmente significava que o clima estava
melhorando um pouco.

Quando você era tão irritante que não queria ficar perto de si,
sabia que vinho, chocolate e um bom choro eram necessários.

Parece que Steel Magnólias está na agenda hoje à noite.

— Eu sei que tem sido duro com os animais e sinto muito ir


embora à noite e você não conseguir dormir. Eu estive pensando que é
hora de eu procurar por outra coisa, algo com horários melhores para
que nem sempre estejamos em desacordo — Shane disse suavemente,
hesitante, como se estivesse falando com um animal selvagem.

O que, eu acho que ele meio que está.

— Além disso, eu já prometi a você que, como seu marido, estou


nisso com você cem por cento. Lá não há outras mulheres no que me
diz respeito. Becs é agora, e sempre foi, apenas uma amiga e colega de
trabalho. Eu te prometo isso.

— Eu sei, me desculpe — disse, meus olhos começando a se


encher quando a luta me deixava.

Seu rosto era tão gentil e compreensivo.

Ele não parecia nem um pouco chateado por eu ter entrado


como uma aríete.

— Amanhã à noite estou de folga. O que você acha de eu levar


você para um bom jantar e conversar? — Shane perguntou, seus olhos
procurando meu rosto. — Há algumas coisas que precisamos resolver,
eu acho.

— E quanto aos demoníacos animais de estimação? — Eu


brinquei, sorrindo ligeiramente pela primeira vez no dia.

— Nós arrumaremos uma babá.

— Ok.

— OK. Você está bem? — ele perguntou, aproximando-se e


limpando uma lágrima da minha bochecha.

— Sim. Tudo bem — respondi, respirando fundo e deixando


sair. Olhei para o relógio e acrescentei: — Sei que você precisa ir

Ele ergueu o queixo em concordância.

— Ligarei para o The Eaves para fazer uma reserva e ver se posso
deixar as crianças no Jed.

— Soa perfeito.

— Ei, Jazz — ele cutucou suavemente, seu tom doce.

— Sim?
— Eu posso lidar com isso, ok?

— O quê? — perguntei.

— Qualquer coisa que você jogar em mim — ele disse, e beijou


meu nariz suavemente antes de sair.

Shane seria a minha morte.


Capítulo 34
SHANE

Eu estava tão feliz por meu fim de semana ter chegado.

Querendo tentar e estar na mesma agenda que Jazzy enquanto


eu estivesse de folga, cheguei em casa e tirei apenas um cochilo, antes
de me levantar e começar o meu dia.

Nós tínhamos decidido renovar o lavabo do andar de baixo


primeiro, então pensei em surpreendê-la concluindo toda a demolição
para que Jed e eu pudéssemos começar.

Mas, primeiro, fui à loja de ferragens para comprar o


equipamento de que precisava, a loja de animais para comprar mais
comida e guloseimas para as crianças e o supermercado para estocar
todas as coisas de chocolate e vinho.

Quando ela voltou do trabalho, a demolição estava pronta e eu


estava prestes a entrar no chuveiro para me arrumar para o jantar.

— Nossa reserva é às sete — eu disse a ela antes de subir as


escadas. — E Jed concordou em cuidar dos animais.

— Perfeito — disse Jazzy com um sorriso cansado. — Vou


passear com Daisy e Loki, depois começo a me arrumar.

— Soa bem.

Eu estava pronto e lá embaixo fazendo a mala com as coisas dos


animais para levar para a casa de Jed e Laurel, quando a porta de
Jasmine se abriu.
Eu pausei e a observei.

Ela usava uma blusa verde-escura sem mangas enfiada em uma


saia preta justa que terminava logo acima dos joelhos. Seu cabelo ruivo
caía em ondas soltas sobre seus ombros e costas e seu rosto parecia
perfeito.

— Você está linda — eu disse, embora isso fosse um eufemismo.

Jazzy sorriu, obviamente satisfeito com meu elogio, e respondeu:

— Você também não está tão ruim.

— O quê, essa coisa velha? — brinquei, virando-me para mostrar


a ela todos os ângulos das minhas calças apertadas e camisa de botão
azul.

Ela riu, que é o que eu queria, e perguntou: — Pronto?

— Sim, colocaremos coleiras nesses dois, já peguei a ração.

Colocamos Daisy e Loki no banco de trás do meu carro e os


deixamos com Jed antes de ir para The Eaves.

Quando nós estávamos sentados à nossa mesa no restaurante


mais chique que Cherry Springs tinha a oferecer, pedimos bebidas e
examinamos o menu.

— Ah, antes que me esqueça, recebi um telefonema da Imigração


— disse a ela.

— Oh, já? — ela perguntou, parecendo surpresa.

Sim, também fiquei surpreso quando recebi a ligação.

— Reardon deve ter rastreado a papelada rapidamente ou teve


um contato ou algo assim. Eles querem agendar nossa entrevista para
quinta-feira, semana que vem.
— Uau, isso é em breve.

— Sim, mas acho que estamos prontos. Procurei na Internet e


dizia o que precisamos fazer para estarmos preparados... ter todos os
documentos conosco, saber datas importantes e responder às
perguntas sobre nosso passado, como vivemos agora e nossos planos
para o futuro.

Jasmine se recostou na cadeira e piscou, e pude ver que ela


estava se sentindo estupefata.

— Então, como foi o trabalho esta semana? — perguntei,


querendo mudar o assunto para algo mais fácil antes de entrar no meu
próximo item. — Algum novo desenvolvimento na Lewis Sporting
Goods?

— Reuniões, reuniões e mais reuniões — disse Jazzy, seus


lábios se curvaram e minha tensão diminuiu um pouco.

— Você gosta disso? Quero dizer, sei que é o negócio da família,


mas só você e Dillon decidiram ficar e trabalhar lá. Você sempre soube
que é o que você queria fazer?

Jasmine acenou com a cabeça, agradeceu ao garçom por seu


martini e respondeu:

— Sim, sempre soube. Tanto Dillon quanto eu costumávamos


fingir que éramos responsáveis pela empresa e faríamos queimada toda
sexta-feira.

Ela riu da memória.

— Isso nunca aconteceu, é claro, embora por termos participado


de retiros de empresas e esportes obviamente foi um elemento
chave. Mas, sim, sempre foi onde eu quis estar.
— Isso é maravilhoso, você tem muita sorte de estar fazendo o
que ama. Sua motivação e comprometimento são louváveis. Eu acho
você incrível — admiti, tomando um gole do meu whiskey.

Eu não estava com vergonha ou medo de dizer a ela essas coisas


que ela já deveria saber sobre si mesma. Eu queria colocar a mim
mesmo e meus sentimentos na linha. Estava cansado de ficar na ponta
dos pés em torno do elefante na sala... nosso relacionamento.

Mas primeiro, precisávamos resolver alguns fundamentos.

— Obrigada — ela disse timidamente.

— Há uma coisa que eu gostaria de discutir esta noite, se você


não se importar.

— É claro.

Tivemos que colocar a conversa em pausa enquanto o garçom


anotava nosso pedido de comida, mas assim que ele se foi, eu me
inclinei.

— Sobre o que você quer falar? — Jasmine perguntou, seu tom


transmitindo seus nervos.

— Finanças.

— Finanças? — ela perguntou, surpresa.

Não foi isso que ela pensou que eu diria.

Meus lábios se curvaram para cima, porque com certeza, nós


chegaremos lá daqui a pouco.

— Sim. Dinheiro. Nosso dinheiro para ser exato.

— O que tem isso?


— Sei que com a expansão da empresa e da sua posição, você
não está prejudicando seus fundos. Porém, como estou morando na
casa, gostaria de ser incluído nas contas. Até agora, isso não foi
mencionado e você não me pediu um centavo. Mas, eu quero puxar
meu próprio peso.

— Shane, realmente não é necessário. Tenho economizado e, é


verdade, a expansão significa aumento de salário para todos na
empresa. Cobrir o custo da casa e utilidade não é problema. Você
mencionou que queria sair do bar e encontrar um novo emprego, então
economize seu dinheiro e concentre-se nisso.

Trinquei meus dentes e me esforcei para manter a calma. Eu


tinha certeza de que ela não queria insultar, ainda assim...

— Jasmine — eu comecei mantendo minha voz calma. — Eu não


sou um vagabundo, e não posso em sã consciência morar na casa, usar
os utilitários, e não pagar um centavo. Não me importa o quanto você
esteja bem, ainda preciso contribuir e pagar do meu jeito.

— Olha, eu posso entender perfeitamente de onde você está


vindo, mas eu é quem queria esta casa. Você não foi consultado sobre
o preço e não teve voz na escolha dela, então não posso esperar que
você pague a hipoteca — argumentou Jazz.

— Se você está preocupada que eu pensarei que tenho alguma


parte sobre a casa, não se preocupe. É sua, cem por cento, mas eu
pagaria o aluguel em qualquer lugar onde morasse, então gostaria de
dividir a hipoteca com você e os utilitários.

Ela parecia querer discutir, mas eu realmente não cederia nisso.

— E, outra coisa — interpelei, mantendo nossos olhos fixos. —


Acho que você precisa obter um acordo pós-nupcial.
Capítulo 35
JASMINE

— Um pós-nupcial? Do que você está falando? — perguntei,


confusa com a direção desta conversa.

Eu pensei que ele queria falar sobre tornar nosso


relacionamento mais físico novamente, e eu não tinha certeza de como
me sentir sobre isso, dar ao nosso casamento uma chance real.

Era estúpido e totalmente contra o nosso acordo, e não pensei


que fosse mesmo o que eu quisesse, mas não pude evitar que o
pensamento surgisse na minha cabeça.

Eu não esperava uma conversa sobre dinheiro.

— Você precisa se proteger. Na verdade, estou surpreso que


Reardon ainda não tenha tocado nisso. Mergulhamos rápido demais e
não tivemos um acordo pré-nupcial, mas isso não significa que seja
tarde demais para você colocar todos os seus ativos por escrito,
incluindo a casa.

— Shane, eu realmente não acho que seja necessário —


assegurei a ele.

Nossa comida chegou e eu agradeci ao garçom distraidamente,


sem tirar meus olhos de Shane.

Ele parecia completamente sério.

— Bem, eu quero. Quer dizer, não espero acabar sendo um filho


da puta amargo e raivoso que vai atrás do seu dinheiro em cinco anos,
depois que estiver tudo dito e feito. Mas, você ainda deve estar
protegida independentemente. Isso me faria sentir melhor.

— Bem, se você precisar que eu fale com Reardon e veja o que


ele aconselha, eu farei, mas só quero que o registro mostre que eu me
oponho.

— Anotado — disse ele, com um sorriso.

Fiquei aliviado ao ver isso.

— Ótimo, e sobre minha metade das contas? — ele insistiu.

Sabendo que ganho mais do que ele, e meus argumentos que


tinha feito sobre eu ter escolhido a casa, me senti desconfortável
pegando seu dinheiro. Mas, não queria ferir o orgulho dele, e o entendi
completamente querer pagar por conta própria.

— Posso mostrar-lhe o colapso quando chegarmos em casa —


respondi, e fui recompensada com um lindo sorriso. — Você estava
pensando em me dar o dinheiro e eu pago, ou abrimos uma conta
conjunta para contas e colocamos no pagamento automático?

— Eu sou fácil, baby, o que você achar que é melhor — ele disse
feliz, obviamente aliviado por eu ter concordado com seu pedido.

Nós dois pegamos nossos talheres e finalmente começamos a


comer.

— Então, agora que a conversa suja sobre dinheiro acabou,


vamos à verdadeira questão — Shane disse, dando uma mordida em
seu bife.

— Que é? — perguntei, minha barriga fazendo um pouco


cócegas, me perguntando o que foi isso.

Ele gesticulou entre nós com sua faca.


— Quando você quer voltar as calcinhas?

A risada borbulhou na minha garganta e eu deixei cair o garfo.

Olhando em volta para me certificar de que ninguém o


ouviu, inclinei-me sobre a mesa e sussurrei: — Você é louco.

— Você gosta disso em mim — Shane respondeu


descaradamente.

Recostei-me na cadeira e voltei a comer.

Quando não disse nada, ele perguntou: — Que dúvidas você


tem? Ainda as mesmas do acampamento, sobre arruinar nossa
amizade ou complicar nosso negócio?

— Basicamente.

— Mas, Jazzy, e se as coisas não derem errado? E se dermos


uma chance real a isso? A química está aí, nós gostamos um do outro,
quem disse que isso tem que acabar? — ele perguntou, seu olhar em
mim intenso com sentimento.

Eu tomei um gole do meu martini enquanto tentava debater os


pensamentos em minha cabeça.

Antes que pudesse responder, meu telefone sinalizou uma


mensagem. Ansiosa pela distração, eu o abri, embora normalmente
nunca olhasse para o meu telefone durante um encontro.

— É Zoey — eu disse a Shane, não encontrando seus olhos com


medo de que ele visse minha covardia.

— Ela está nos lembrando do jantar de amanhã e quer que a


gente se arrume. Diz que será divertido, como uma festa.

— Isso é estranho. Eu nunca me arrumei para jantar na Zoey


antes — Shane respondeu.
Eu coloquei meu telefone de lado e disse: — É, nem eu.

— Você acha que estão armando algo? Como se talvez


estivessem fazendo algo para nos celebrar? Já que eles não puderam
vir ao casamento...

Meus olhos voaram para os dele.

— Uma recepção — adivinhei. — Aposto que a família está


oferecendo uma recepção de casamento surpresa para nós.

— Eles não precisavam fazer isso — ele protestou, um olhar de


culpa cruzando seu rosto, e eu sabia que ele estava pensando no
dinheiro que gastariam.

Porque quando os Lewis davam uma festa, nenhuma despesa


era poupada.

— Não, e eu queria que eles não fizessem, porque isso faz com
que tudo pareça pior. Eu deveria ter adivinhado que fariam isso, no
entanto. Eles nos amam e gostariam de comemorar nosso casamento.

Suspirei pesadamente e olhei para ele.

— Veja, é por isso que estou hesitante. Não é só porque estou


com medo ou preocupada em ter um relacionamento com você. Você é
um cara ótimo e nós somos obviamente compatíveis, mas você já está
tão enraizado na minha família, que se algo der errado e nós não
apenas nos divorciarmos em cinco anos, mas fizermos de uma forma
que não poderemos mais nos dar bem, não estaríamos apenas nos
machucando.

Eu brincava com a haste do meu copo enquanto procurava uma


maneira de fazê-lo entender.
— Eu nunca estive em um relacionamento, nenhum que tivesse
qualquer chance de ir a qualquer lugar. A verdade é que sempre me
mantive cautelosa, porque sempre pareceu que todo mundo que queria
se aproximar de mim tinha segundas intenções. Ou queriam se
aproximar do meu irmão, ou, antigamente, quando Gabe estava na
NFL, me usavam para poder conhecê-lo. Até as mulheres... A maldição
de ter parentes bonitos, ricos e, no caso de Gabe, famosos, é que você
nunca sabe em quem pode confiar. Laurel é a única pessoa que gostou
de mim por mim, e até ela acabou se casando com meu irmão.

— Eu entendo Jazzy, realmente entendo. Obviamente eu já sou


amigo de Gabe e todos os outros, então esse não é o meu caso. E não
estou falando apenas de sexo, embora sejamos mais do que
compatíveis, e definitivamente espero que tenhamos muito. O que eu
quero, é dar um verdadeiro impulso emocional e físico, sem estratégia
de saída. Um verdadeiro casamento, desde os bastidores até esfregar
na cara de todos quando nos apaixonarmos. Sem divórcio em cinco
anos, ou nunca.

Minha respiração ficou presa na minha garganta e meus olhos


se arregalaram.

Tudo o que ele disse parecia incrível, em teoria... mas


poderíamos ter um casamento de verdade quando tudo começou
como uma mentira e nós dois estávamos usando um ao outro para
conseguir o que queríamos?

Como poderia confiar nele quando nosso relacionamento foi


completamente planejado?
Capítulo 36
SHANE

O jantar foi bom.

Havíamos discutido as questões financeiras, que eram


importantes para mim, e nos aprofundamos um pouco mais nas
preocupações de Jasmine em levar nosso relacionamento para o
próximo nível.

Eu não era o tipo de pessoa que me forçava a ninguém.

Eu expus meus sentimentos sobre o assunto, duas vezes, e nas


duas vezes ela retransmitiu suas preocupações.

Resumindo, eu tive que respeitar sua decisão e manter o plano


original. O único problema era, não sabia se eu podia.

Passar esse tempo com Jasmine, conhecê-la em um nível mais


profundo, saber como éramos bons juntos, apenas me empurrou mais
e mais perto do limite.

Sexo entre nós era fogo. Pura magia. De longe o melhor que
eu já tive, não que fossem tantos. Mas, eu tive o suficiente para saber
que éramos especiais e mulheres como Jasmine Lewis não apareciam
todos os dias.

Ela é perigosa. Muito perigosa para um cara como eu.

Estive me defendendo por muito tempo e a ideia de ter uma


família minha era tão doce que eu praticamente podia sentir o gosto do
açúcar em meus lábios.
Eu queria tudo, mas eu queria que Jasmine quisesse tudo
também, e eu não a forçaria a chegar lá.

Estávamos a caminho da casa de Gabe e Zoey, todos vestidos


com nossa melhor roupa de domingo, porque estávamos quase certos
de que entraríamos em uma grande celebração conosco como
convidados de honra.

Jasmine decidiu por um lindo vestido de verão branco e eu


estava usando preto.

— Está pronta? — perguntei quando estacionamos ao que


equivalia a um estacionamento cheio de carros.

Jasmine soltou um suspiro e baixou a cabeça.

— Me sentirei tão culpada se todos trouxerem presentes.

— Você sabe que eles trouxeram — eu a avisei. — Então, você


pode muito bem envolver sua cabeça em torno disso agora e colocar
sua cara feliz. Você é uma jovem recém-casada e feliz, prestes a entrar
em uma festa em nossa homenagem. Eles esperarão alegria e
entusiasmo, porque isso é o que eles estão sentindo. Você consegue.

Ela assentiu, mas seus olhos estavam tristes quando ela olhou
para mim.

— Eu não pensei nisso tão longe. Eu vi uma maneira de você e


eu conseguirmos o que queríamos e não levei os sentimentos dos outros
em consideração.

— Ei — falei suavemente, estendendo a mão para acariciar seu


pescoço exposto. — Eles amam você, não importa o que aconteça, e
você não precisa se sentir culpada por ir atrás do que você quer. É uma
das suas melhores qualidades. Você é obstinada, uma lutadora. Seu
plano funcionou. Agora, vá lá com a cabeça erguida e dançaremos a
noite toda.

— Ok, faremos isso.

— Essa é minha garota — eu disse carinhosamente, saindo do


carro e dando a volta para abrir sua porta.

— Ei, pessoal — Zoey chamou, vindo em nossa direção, seu


rosto cheio de entusiasmo. Ela fez uma pausa quando observou nossas
roupas e colocou as mãos nos quadris. — Vocês já adivinharam.

— Mesmo se não tivéssemos, os carros teriam entregado tudo —


Jasmine disse com uma risada, movendo-se para envolver seus braços
em torno de Zoey.

— Acho que é verdade — Zoey disse, sua carranca clareando


quando falou: — Mas, você não sabia que é uma festa no celeiro em
sua homenagem. Feliz recepção de casamento!

— Obrigado, Zoey, no entanto, não precisava — agradeci,


mudando para lhe dar um beijo na bochecha.

— Nós queríamos — ela respondeu movendo seus quadris para


que sua saia balançasse em torno de seus tornozelos. — Vamos!

Deixamos Zoey nos levar ao celeiro. E enquanto caminhávamos,


podíamos ver cordas de luzes penduradas dentro e fora, e uma grande
coroa de flores acima da porta. Uma vez no limiar, fomos recebidos pelo
que devia ser toda Cherry Springs.

Enquanto todos batiam palmas e assobiavam à nossa entrada,


inclinei-me e sussurrei no ouvido de Jazzy.

— A cidade inteira está fechada?

Ela sorriu para mim, seus olhos brilhantes e felizes.


— É assim que funcionamos, você sabe disso.

Acho que eu sabia, mas nunca estive no fim de recepção


antes. Era muito impressionante.

— Shane e Jasmine — Gabe disse em um microfone.

Eu examinei o celeiro, que estava cheio de toalhas de mesa


brancas, flores e pessoas, e o encontrei de pé em um pequeno palco no
fundo do celeiro.

— Venham aqui — ele continuou com um sorriso.

Caminhamos no meio da multidão, nosso progresso lento, já que


estávamos apertando as mãos e agradecendo às pessoas enquanto
passávamos pelas mesas.

Quando chegamos ao palco, Gabe ajudou Jazzy a subir e me


puxou para um abraço de um braço.

— Estamos aqui para celebrar as núpcias de nossa querida


Jasmine e meu companheiro, Shane — Gabe disse com orgulho,
voltando-se para a multidão reunida.

— Zoey e eu estamos muito felizes por ter todos vocês aqui hoje,
e esperamos que vocês comam toda a comida e bebam toda a
bebida antes de terminar... nada de sobras! Mas, falando sério, como
não pudemos estar no casamento deles, queríamos abrir nossa casa e
compartilhar esta ocasião importante com todos vocês. E para
começar... Shane, precisamos que você beije a noiva.

Todos começaram a tilintar de seus copos, então olhei para


Gabe e declarei: — Pode deixar, companheiro.

Quando me virei para Jasmine, ela já estava esperando, a


cabeça erguida para um beijo. Ela provavelmente estava esperando um
beijo superficial, mas, visto que esta era uma festa e todos os olhos
estavam sobre nós, eu sabia que tinha que caprichar.

Eu coloquei minha mão em seu pescoço, com cuidado para não


bagunçar seu penteado especial.

Isso foi uma coisa que aprendi durante o tempo nos bastidores
– quando Jasmine gastava mais de uma hora para arrumar seu cabelo,
ela não queria bagunçar. Eu aprendi isso da maneira mais difícil e
quase levei um chute na bunda.

Virando minha cabeça ligeiramente, dei uma piscadela para a


multidão, sorrindo loucamente quando eles soltaram gritos de alegria,
então voltei minha atenção para Jazzy e comecei a mergulhá-la devagar
e para baixo.

Eu podia ver a risada em seus olhos, o que apenas significava


que o beijo seria muito mais doce.

Tomando meu tempo, abaixei minha cabeça até que meus lábios
estivessem a um segundo de distância, então inclinei minha cabeça
ligeiramente e fui para a matança. Seus lábios se separaram sob os
meus, então aprofundei o beijo e nosso línguas emaranhadas enquanto
suas mãos agarraram meus bíceps.

Ela não precisava se preocupar, de jeito nenhum eu a


largaria. Minha esposa estava exatamente onde eu queria que
estivesse.
Capítulo 37
JASMINE

Eu ainda estava girando com aquele beijo quando Shane nos


levantou, deu um beijo no meu nariz e se virou para dar uma reverência
para a multidão.

Cedendo à diversão e à emoção, também fiz uma reverência.

Shane desceu do palco e me ofereceu sua mão. Aceitei e sorri


feliz para ele. Aproveitaria a noite pelo que ela era e deixaria minhas
preocupações de lado até amanhã. Essa festa era para nós, e eu
aproveitaria ao máximo.

Se tivesse que devolver os presentes e deixar dinheiro na casa


da minha família para pagá-los, eu o faria.

Mas, esta noite, seria grata.

— Para a noiva e o noivo.

Eu me virei para ver Laurel segurando duas taças de


champanhe. Uma vez que Shane e eu a livramos delas, eu a puxei para
um abraço, sorrindo quando sua barriga dificultou.

— Laurel, estou tão feliz em ver você — murmurei.

— Eu não posso acreditar que você se casou com Shane e não


me contou — ela respondeu, e a deixei ir para que pudesse olhá-la nos
olhos.
— Darei a vocês duas um momento — disse Shane, e eu dei a
ele um sorriso de agradecimento quando foi ao bar, se juntar
aos caras .

Eu olhei de volta para Laurel e disse:

— Sinto muito. Tudo aconteceu tão rápido, e então estávamos


no acampamento e você não apareceu, e desde que voltamos...
honestamente, não há uma boa desculpa.

Além do fato de que eu não queria mentir para ela como tinha
feito com todo o resto. Éramos melhores amigas desde sempre, e fiquei
preocupada que ela soubesse imediatamente que o que Shane e eu
tínhamos era falso. Nós sempre pensamos em ser dama de honra uma
da outra.

— Você está certa, não há, mas, eu entendo.

— Você entende?

— Bem, sim, quero dizer, Dillon me contou a história e eu sei


que vocês encontraram alguma resistência da família. Mas, Jazzy, você
tem que saber que estarei sempre do seu lado, não importa o que
aconteça. E eu amo Shane. Eu sempre pensei que vocês seriam ótimos
juntos.

Soltei um suspiro de alívio.

— Obrigada, isso significa o mundo para mim — agradeci,


estendendo a mão e pegando a mão dela na minha.

— E agora, nós duas somos casadas e nossos bebês podem


crescer juntos — Laurel disse feliz, sua mão livre movendo-se para
descansar em seu estômago.
— Uh, devagar, matadora — respondi com uma risada sem
graça. — Não haverá nenhum pãozinho neste forno tão cedo.

— Se você diz…

— Eu digo — respondi com firmeza, porque, caramba, a tinta da


nossa certidão de casamento falsa mal secou e ela já estava tentando
me engravidar.

— Vamos, deixe-me te mostrar o bolo.

Laurel era dona de seu próprio negócio de planejamento de


festas, então eu sabia que entre ela, Zoey, Chloe e Serena, elas
provavelmente fizeram de tudo e acabei conseguindo gostar de tudo.

— Tudo parece incrível, muito obrigado por fazer isso por


nós. Vocês devem ter se matado fazendo isso em cinco dias.

— Qualquer coisa por você, boo, você sabe disso.

Eu finalmente olhei para cima e vi para onde ela estava me


levando.

— Oh meu Deus!

Parando com minhas mãos cobrindo minha boca e as lágrimas


enchendo meus olhos, vi o mais belo bolo de casamento que já tinha
visto.

Ele tinha três camadas e estava sem cobertura. Você pode ver o
recheio cremoso entre as camadas; estava decorado com frutas e flores,
e polvilhado com açúcar de confeiteiro. Era simples, mas elegante e
parecia delicioso.

— Isso está incrível, Laurel, você realmente se superou —


murmurei enquanto me movia ao redor da mesa, olhando para sua
obra-prima de todos os ângulos.
— Ei, deve ser o melhor bolo que já fiz, para a melhor amiga que
já tive.

Corri ao redor da mesa para puxá-la para mim mais uma vez, o
amor me enchendo até que eu estivesse pronta para explodir.

Quando pensei que não conseguia sentir nada a mais, meu pai
me deu uma tapinha no ombro e disse:

— Posso ter esta dança?

— Papai — eu sussurrei, minha visão embaçada. — Claro que


você pode.

Coloquei minha mão na dele e o deixei me levar para a pista de


dança.

My Little Girl de Tim McGraw começou a tocar e foi isso. Eu


estava acabada. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu
colocava minha cabeça no ombro do meu pai e dançava.

Nós nos movemos lentamente, em sincronia, até que a música


acabou, então meu pai me entregou seu lenço e disse:

— Eu te amo, Jasmine. Que você e Shane tenham


um casamento longo e feliz.

— Obrigada — eu consegui dizer, a culpa fazendo meu estômago


apertar enquanto limpava minhas bochechas. — É melhor eu ir ao
banheiro.

Ele me levou para fora da pista de dança e me deixou


ir me limpar.

Quando eu voltei, meus olhos inchados, mas minhas bochechas


sem manchas de rímel, vi Shane na pista de dança com minha mãe e
as lágrimas começaram novamente.
— Merda — resmunguei.

— Pode muito bem esperar para consertar a maquiagem —


Dillon disse enquanto cruzava até mim, a mão estendida. — Porque é
a minha vez.

Eu dei a ele um pequeno sorriso choroso e me juntei a ele para


uma dança.

Minha família me conhecia bem e, embora eu não chorasse com


frequência, depois que começava, geralmente tinha que limpar tudo
antes de finalmente secar. Eu poderia ser ferida, socada ou derrubada
e não derramava uma lágrima, mas quando se tratava de lágrimas de
emoção? Bem, isso sempre me pegou.

Dillon e eu dançamos pela pista, junto com não apenas Shane e


minha mãe, mas metade da cidade também.

Quando a música ficou otimista, fiquei feliz em deixar as


lágrimas irem e dançar Y.M.C.A. com minha família e amigos.

Depois que a música parou, Reardon subiu ao palco para


declara: — O jantar está servido — e saltou de volta.

Eles tinham uma mesa posta para nós na frente do celeiro, e


como não tínhamos ninguém presente conosco, era simplesmente uma
mesa comprida com assentos para todos que estariam em nossa festa
de casamento, se tivéssemos.

Gabe, Zoey, Reardon, Chloe, Dillon, Laurel, Jed e Serena.

Este era o nosso povo. As pessoas a quem recorremos nos


momentos bons e ruins, e eu percebi a sorte que tive por ser casada
com um homem que compartilhava desse amor pelas mesmas pessoas
que eu. Eu não conseguia imaginar estar com alguém que não se desse
bem com meus melhores amigos.
Shane e eu fomos primeiro, começando a fila do bufê enorme e
tomando nossos assentos.

— Isso está incrível — disse Shane, embora eu não tivesse


certeza se ele se referia à comida em seu prato, ou todo o evento.

— Realmente está — concordei, porque de fato, tudo estava.

— Sua mãe começou falar para mim sobre crianças — Shane


sussurrou enquanto colocava batatas assadas com alho em seu garfo.

— Laurel fez a mesma coisa comigo — sussurrei. — O que


diabos há com essas pessoas?

Shane encolheu os ombros.

— Eu acho isso meio fofo. Você não quer filhos?

— Bem, sim, mas não agora e não assim — respondi, sem


perceber o que disse, ou como isso foi recebido do outro lado, até que
vi o rosto de Shane cair.

— Certo — disse ele, afastando-se da mesa e jogando o


guardanapo no chão.

— Shane — chamei, embora não tivesse certeza do que queria


dizer.

— Vou tomar um pouco de ar — disse Shane, e eu observei


enquanto ele serpenteava pela multidão, parando para receber os
parabéns pelo caminho, até que não pude mais vê-lo.
Capítulo 38
SHANE

Pele resto da noite segui os movimentos.

Eu sorri. Dancei. Tirei fotos com os caras. Mas qualquer alegria


que eu estava sentindo na festa em nossa homenagem se foi quando
eu finalmente entendi.

Jasmine não me queria.

Ela nunca quis, e isso não mudaria, não importando o quanto


eu quisesse.

Quando chegamos em casa, Jasmine foi para a cama, mas não


antes de se desculpar por magoar meus sentimentos no jantar.

Como se fosse só isso... sentimentos feridos.

Porra, sentimentos feridos era o que eu tinha toda vez que a


ouvia dizer que não sairia comigo porque eu era um jogador, ou
zombava quando seus amigos diziam que ela deveria me dar uma
chance.

O que eu tive esta noite foi mais como... clareza.

Eu não continuar isso. Não importa o que disse ou prometi, eu


não poderia continuar me aprofundando com Jazzy quando não havia
chance dela sentir o mesmo.

Eu pensei que poderia, de verdade, mas isso foi antes de


realmente conhecê-la, prová-la, ser livre com ela.
Depois que Jazz foi dormir, sentei-me à mesa da sala de jantar,
e foi onde fiquei até ela acordar a manhã seguinte.

— Ei, você acordou cedo — ela disse, seu rosto suave com o
sono. Então me olhou, viu que eu ainda estava com as roupas da noite
anterior e perguntou: — Você ficou acordado a noite toda?

— Por que você não se senta? — eu disse, esfregando minha mão


no rosto.

Deus, eu estava cansado.

Jasmine me observou com cautela enquanto se sentava na


minha frente.

— O que há de errado? — ela perguntou.

— Eu não continuar nisso — disse a ela sem rodeios.

— O quê? — Jasmine perguntou, franzindo a testa. — Trabalhar


hoje à noite? Tenho certeza que tia Annabeth entenderia...

— Não, não estou falando sobre trabalho. Eu quero dizer isso —


disse, gesticulando para frente e para trás entre nós. — Não posso
continuar com essa farsa.

— Não entendo…

Recostei-me na cadeira e respirei fundo antes de colocar para


fora.

— Eu pensei que poderia fingir ser casado com você, mas não
sei o que estava pensando. Talvez eu estivesse me enganando porque
não tinha sentido você embaixo de mim, não ouvi você se desfazer sob
minhas mãos... minha boca — comecei observando seu rosto enquanto
cada palavra era penetrada. — Isso foi antes de Daisy, antes do
acampamento, antes de sentir você rindo em meus braços. Eu fui um
tolo em pensar que aguentaria um mês, quanto mais cinco anos.

— Shane — ela protestou, sentando em seu assento, mas eu


balancei minha cabeça.

— Estou apaixonado por você, Jasmine, provavelmente sempre


estive. Acho que essa é a razão pela qual pulei em seu esquema
maluco, mesmo sabendo que, no fundo, isso me quebraria. Você me
destruiria.

Seus olhos se encheram de lágrimas, e por mais que eu quisesse


calar a boca e ir confortá-la, eu tinha que fazer isso, para minha própria
sanidade.

— Eu não posso passar outro dia nesta casa, se você não é


minha. Quero ir para a cama com você à noite e te preparar o café da
manhã. Quando nossos amigos e sua família falam sobre nós termos
filhos, quero que seja uma opção para nós. Não quero mentir para
meus amigos ou para os seus pais, e eu não estou mentindo, quando
digo a eles que amo você, mas o resto...

— Shane, eu não quero machucar você.

— Eu sei que não, Jazzy — assegurei a ela. — Você tem um


coração de ouro. Essa é apenas uma das milhões de coisas que amo
em você. Mas você está fazendo tudo igual.

— Você prometeu — Jasmine tentou, mudando de tática, e eu


tive que sorrir para a sua vontade.

— Eu sei, mas você tem sua casa, Jazzy. O negócio está fechado
e eles não podem tirar isso de você agora, então não me sinto mal por
ir, porque você conseguiu o que queria.

Ela balançou a cabeça. — Isso não é justo, e você?


— Eu ficarei bem. Olha, por mais que eu quisesse ficar aqui,
estar perto dos meus amigos, das pessoas que se tornaram minha
família, eu amo o meu país. Voltar não será difícil e talvez eu tenha
melhores chances de conseguir um emprego lá do que aqui. Vou
procurar alguns dos meus antigos amigos da escola... Além disso,
podemos nos visitar. Vocês podem descer, e talvez eu possa voltar para
Cherry Springs algum dia.

— Shane, isso não é o que eu quero. Fique aqui e vamos manter


nosso acordo. Podemos dar uma chance a esta coisa entre nós —
Jasmine implorou.

— Eu não posso. Olha, assim você não precisa mais se sentir


culpada, e não precisa mentir para sua família. Me culpe por tudo, diga
que foi um erro e eu decidi arriscar minhas chances de volta a
Austrália.

— Ninguém acreditará nisso. Eles não acreditarão que você me


deixou.

Eu deixei escapar uma risada áspera.

— É verdade, quase todo mundo sabe o que eu sinto por você,


mas você pode vender, Jasmine, eu sei que pode. Basta dizer
que fomos apanhados, cometemos um erro e estamos obtendo uma
anulação. Eles acreditarão porque, de qualquer maneira, a maioria
deles pensou que fomos loucos.

— Mas ontem à noite — Jasmine disse, pensando na bela


recepção que a turma nos deu.

— Jed e Gabe sabiam que eu estava chateado quando me


encontraram do lado de fora; eles contarão aos outros e todos
assumirão que eu pensei duas vezes.
Eu me levantei, pronto para ir. Minhas coisas já estavam
embaladas e na porta.

— Eu não quero isso, Shane. Eu não quero que você vá... você
não pode simplesmente jogar essa bomba em mim, me cegando
totalmente, e esperar uma decisão rápida.

— Seu coração, seus sentimentos por mim, não são algo que pode
ser decidido com uma lista útil. Ou você sente ou não — contestei,
frustrado por ela não poder ver tão claramente como eu, que éramos
ótimos juntos.

Ela se levantou e contornou a mesa, jogando-se em meus


braços. Eu a abracei de volta; pois realmente não tive escolha.

Fechando meus olhos, respirei fundo e saboreei o


momento. Memorizando a maneira como ela se sentia contra mim.

— Faça-me um favor e encontre um bom lar para Loki... Jed


pode estar disposto a levá-la, agora que o lugar deles está totalmente
pronto.

— Não vá — Jasmine implorou, sua respiração quente no meu


pescoço.

Inclinando-me para trás, olhei para baixo, bem nos olhos dela,
e perguntei:

— Você me ama, Jazzy? Você quer que esse casamento


seja real?

Quando ela hesitou, novamente, tive minha resposta.


Capítulo 39
JASMINE

Shane saiu.

Depois ele pegou as coisas dele e saiu, deixando a mim, Daisy e


Loki imaginando o que estava acontecendo, e saiu porta a fora sem
olhar para trás.

Eu provavelmente fiquei lá por cinco minutos, atordoada, ainda


meio adormecida, perguntando o que diabos acabou de acontecer.

Ainda nem tomei meu café.

Finalmente me mexi quando Loki começou a chorar na


porta. Abri para deixar os dois saírem, então vaguei pela casa,
procurando evidências de que ele voltaria. Mas, todas as suas coisas
foram embora.

Puf.

Era como se ele nunca tivesse estado aqui.

Olhei ao redor da casa e percebi que a casa era completamente


minha. Mesmo que Shane tivesse pego suas coisas, parecia exatamente
a mesma. Ele nunca tinha realmente vivido aqui em primeiro lugar.

Eu nunca pedi seu jogo de quarto, então ele dormia no sofá. Ele
usou o banheiro de hóspedes no andar de cima e não trouxe nenhuma
mobília, bugigangas ou itens pessoais de seu apartamento.

Eu nunca o fiz sentir como se esta fosse sua casa também.


Sempre foi só minha.
Deus, fui uma idiota.

Continuei repassando suas palavras em minha mente. Era tudo


o que eu conseguia pensar durante o dia todo.

Eu consegui o que queria e Shane saiu de mãos vazias. Tudo


porque eu era uma grande covarde que não conseguia apreciar o que
estava bem na minha frente.

Ele foi completamente transparente com seus sentimentos e,


como sempre, eu protegi meu coração como se fosse o diamante da
esperança.

Eu andei para o jardim da frente, ainda de pijama, meus olhos


demorando-se na usual vaga de estacionamento de Shane, que estava
vazia.

Afundando no chão, abracei Daisy enquanto Loki pulava ao


nosso redor, querendo brincar.

— O que farei? — perguntei a eles, desejando que eles


respondessem, já que não havia mais ninguém a quem pudesse
perguntar.

Não queria ligar e perguntar para meus primos ou Jed se eles


tinham visto Shane, porque eu não estava pronta para admitir que algo
estava errado. Não podia imaginá-lo indo para nenhuma de suas
casas, a menos que ele quisesse responder uma tonelada de perguntas.

Ele tinha que voltar... Para onde mais ele iria?

Fiquei deprimida o dia todo, esperando que ele aparecesse e me


deixasse explicar o meu lado das coisas, me desse a chance de me
desculpar e dizer a ele que sou uma covarde.
Como isso não aconteceu, decidi ser aquela garota e procurá-lo
no trabalho. Achei que ele teria que me ouvir lá, e se não, eu colocaria
tia Annabeth do meu lado e nós o dobraríamos.

Eu apenas diria a ela que tivemos nossa primeira briga.

Com meu plano de trazer Shane de volta solidificado, me


mantive ocupada limpando a casa.

Eu estava realmente indo para a cidade, passando o aspirador


nas almofadas do sofá, quando levantei a almofada do meio e encontrei
um caderno. Desliguei o aspirador e o coloquei de lado, antes de sentar
no sofá e abri-lo.

Depois de ler algumas linhas, percebi que era de Shane e fechei.

Eu coloquei no sofá ao meu lado.

Estas são as canções dele?

Lê-se mais como canções ou poesia do que um como um diário,


então não seria realmente uma invasão de privacidade se eu o lesse,
certo?

Eu escolhi olhar e comecei a folhear.

Havia centenas de músicas. Músicas sobre amigos, músicas


sobre amantes e até uma fofa sobre Loki.

Mas, foi a da última página que deixou meu coração em minha


garganta.

Ele escreveu uma música sobre mim.

A risada dela corre em minhas veias

Com olhos cristalinos do mar e cabelos pôr-do-sol

Ela me leva de volta para casa, para um lugar de paz e amor


O surf está com tudo e a maré está alta,

Mas enquanto ela estiver ao meu lado, eu não preciso de terras

O oceano pode ser minha amante, mas ela é minha vida

Havia mais, mas eu não conseguia ler. Meu coração estava


batendo dolorosamente, ecoando pela minha alma e batendo junto com
suas letras.

Isso era o que Shane deveria estar fazendo.

Não ser um bartender, nem ser professor de biologia. Não, ele


deveria estar tocando música, ou pelo menos vendendo suas
músicas. Eu não tinha certeza por que ele escondeu esse lado de si
mesmo.

Se eu tivesse uma grama de seu talento, estaria gritando dos


telhados.

Eu olhei a hora e vi que ele deveria começar a trabalhar logo,


então com o caderno agarrado ao meu peito, fui me arrumar.

Uma vez que eu tinha tomado um banho e tive o cuidado de


fazer meu cabelo e maquiagem, eu disse às crianças que voltaria, e
prometi que o papai estaria aqui também.

Caderno na mão, eu tranquei a porta atrás de mim, enviei uma


oração para que Loki e Daisy não destruíssem o lugar enquanto eu
estivesse fora, e fui buscar Shane de volta.

Eu estacionei e estava descendo a Main Street quando passei


por uma das residentes mais antigas de Cherry Spring.

— Boa noite, Sra. Dingle — cumprimentei, mas continuei


andando esperando que ela não quisesse me parar e conversar.
— Jasmine, querida, que bom ver você — ela disse com um
sorriso agradável. — Ouvi dizer que parabéns é necessário.

— Oh, sim, obrigada — eu disse, parando ao lado dela para não


ser rude.

— Aquele jovem bonito da Inglaterra com certeza a manterá


alerta.

— Sim, tenho certeza que ele irá, mas Shane é da Austrália, Sra.
Dingle.

Ela acenou com a mão como se fossem a mesma coisa.

— Certifique-se de jogar com inteligência, não como seu pai fez


com sua mãe.

Eu fiz uma careta e perguntei: — Meu pai? O que você quer


dizer?

— Bem, quando eles estavam namorando, seu pai estava se


arrastando, com medo de se comprometer. Então, sua mãe teve que
fazer as coisas com as próprias mãos. Ela saiu com Peter
Ferguson. Assim que seu pai a viu com outro homem, percebeu o que
ele tinha com sua mãe e reivindicou sua posição. Eles estão casados
desde então.

A Sra. Dingle riu, encantada com a memória.

— Bem, acho que não precisamos nos preocupar com isso, já


que você já se casou com seu homem — disse ela, mas juro que seus
olhos carregavam suspeita.

— Sim, senhora. Na verdade, o verei agora — eu disse, acenando


com a cabeça em direção à porta do bar. — Vejo você mais tarde, Sra.
Dingle. Tenha um boa noite.
— Você também querida.

Acenei um adeus e me virei para entrar.

Era uma multidão típica de semana, da qual eu fazia parte


quando morava em meu apartamento no final da rua.

Engraçado, não sinto falta de nada.

Uma vez que meus olhos se ajustaram ao lugar escuro, virei


minha cabeça, procurando por Shane. Ele não estava atrás do bar, ou
em qualquer lugar na sala de jantar, então fui até onde Becs estava
enchendo um copo no refrigerador.

— Ei — eu disse em saudação.

Becs olhou para mim e seu rosto congelou, então se tornou


positivamente hostil.

Antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo, ela


informou: — Shane ligou.

E saiu furiosa, me deixando ali, a esperança sangrando de mim.


Capítulo 40
SHANE

Eu dormi por dezesseis horas.

Acho que ficar acordado por 36 horas e lidar com um coração


partido faz isso com um homem.

Acordei e praguejei, meu corpo protestando por dormir em outro


sofá que era pequeno demais para mim. Eu precisava encontrar uma
porra de uma cama para dormir. Talvez, quando chegasse à
Austrália, encontraria um lugar mobiliado, mas barato.

Porra, quem eu estava enganando, talvez eu tenha o suficiente


para o primeiro mês e para um depósito em um apartamento, mas
minhas economias não durariam muito. Os voos para a Austrália não
eram baratos. Eu, provavelmente, acabaria caindo na misericórdia de
um dos meus antigos companheiros até que encontrasse um emprego.

Cristo, pensei segurando minha cabeça em minhas mãos, sou


um homem adulto na casa dos trinta e não tenho absolutamente nada a
meu favor. Não é à toa que Jasmine não acreditou na minha merda, ela
merece um homem bem vestido com um plano de aposentadoria e ativos
próprios.

Me levantei do sofá, fazendo uma careta com a sensação do meu


jeans, e me arrastei até a cozinha para pegar um café.

Assim que o café ficou pronto, coloquei-o na xícara e acrescentei


uma boa dose de uísque.
Eu estava prestes a cair de costas no sofá quando uma batida
na porta me fez parar meio agachado.

Não tendo ideia de que tipo de caras Becs receberia em sua


casa, decidi não abrir a porta e terminei de me sentar.

Foi quando ouvi Jed chamar meu nome.

— Shane, abra.

Pisquei.

Eu não tinha dito a ninguém que estava aqui, e duvido que


Jasmine já tenha mencionado que eu estava indo embora, então o que
diabos Jed estava fazendo aqui?

De pé mais uma vez, atravessei até a porta da frente de Becs e


abri.

Nós dois nós olhamos por um momento, antes que ele


perguntasse:

— O que diabos está acontecendo, cara?

Eu me afastei e fiz sinal para ele entrar.

— Como você me encontrou? — perguntei, querendo saber o


quanto ele sabia antes de responder.

— Depois da recepção, falei a Reardon, que não confirmou


nem negou minhas suspeitas, o que me deu a resposta que eu
procurava. Passei pela casa e vi seu carro sumido, depois fui te
procurar no bar. Becs me disse que você estava aqui, mas me fez jurar
segredo.

Becs do caralho, tanto por me dar um lugar para dormir e me


esconder até eu ir embora.

— E aí? — perguntei sendo propositalmente grosso.


— E aí? — ele repetiu, seu tom incrédulo. — O que diabos você
acha que está acontecendo? Aconteceu alguma coisa entre você e
Jasmine? Quer dizer, posso não ser a lâmpada mais brilhante do
galpão, mas sou muito observador, e era óbvio que você e Jazzy se
casaram para que pudesse ficar no país.

— Por que você diz isso?

Ele me deu um olhar seco.

— Tenho certeza que você sabe como satisfazer as mulheres,


mas nem mesmo você poderia convencer Jasmine Lewis a fazer uma
viagem turbulenta a Las Vegas e se casar, a menos que algo
mutuamente benéfico estivesse acontecendo. Quando Rena me contou
sobre a condição para comprar a casa que Jasmine queria, tudo fez
sentido.

— Então, você pensou que era um esquema desde o início? —


perguntei, me jogando no sofá e tomando uma bebida saudável.

— Não, não exatamente. Acredito cem por cento que casar com
Jasmine é exatamente onde você quer estar.

— Mas ela não?

— Eu não a conheço tão bem quanto te conheço, mas o que eu


sei se traduz em ela não ser do tipo amor à primeira vista, nos
casaremos em Vegas e não contar a nenhum dos meus familiares. Ela
era mais... protegida. Inferno, eu a vi conversar com alguns caras no
bar, talvez ficar, mas ela nunca levou ninguém a sério.

Eu estreitei meus olhos para ele, não querendo lembretes dos


“ficantes” anteriores de Jazzy.
— Acontece que você está certo, companheiro. Ela não é do tipo
que se apaixona e cria uma família. Pelo menos, não comigo... É por
isso que a deixei fora do negócio. Eu estou voltando para casa.

Deus, eu soava miserável até para os meus próprios ouvidos. Eu


precisava puxar minha cabeça para fora e superar isto. Quanto antes
aceitasse isso como meu destino, melhor para mim.

— Por quê? — Jed perguntou, sentando-se ao meu lado. — Se


ela está bem com o arranjo, e vocês dois concordaram, por que voltar
atrás? O que mudou?

— Eu, eu mudei — disse a ele honestamente. — Não posso


continuar fingindo, quando meus sentimentos por ela são tudo menos
falsos. Estou apaixonado por ela, cara, e não posso continuar fingindo,
sabendo que ela não se sente da mesma maneira.

— Talvez ela mude de ideia — disse Jed, pensativo. — Você sabe


quão teimosa Jazzy é, talvez quando ela te conhecer melhor, ver como
você é um cara incrível, ela retornará seus sentimentos. Dê um pouco
de tempo.

Eu balancei minha cabeça.

— Eu tentei, Jed, realmente tentei. Honestamente pensei que


poderia fazer isso e ficar bem, então fomos para o acampamento, e bem,
as coisas lá ficaram um pouco real demais. Agora que experimentei
como pode ser, não posso voltar a ser como éramos.

— Você realmente tem que voltar? Talvez você pudesse


permanecer casado apenas no nome... viver separadamente.

— A imigração nunca compraria isso, e Jasmine não quer que


sua família saiba que foi tudo uma mentira. Não, desta forma é
melhor. Jasmine consegue manter sua casa e salvar sua face em
Cherry Springs.

— E o quê? Você volta para a Austrália e é o culpado


aqui? Como se fosse tudo culpa sua? Isso não é justo — Jed contestou,
o rosto ficando irritado.

Porra, eu sentirei falta dele.

— Ei, não fique bravo com Jazzy, certo? Não é culpa dela que eu
me apaixonei e mudei o roteiro.

Ele grunhiu em resposta.

— Sentirei sua falta, companheiro — declarei, minha voz


falhando com emoção.

— Porra, cara... eu sentirei sua falta também.


Capítulo 41
JASMINE

Eu estava absolutamente uma merda.

Eu não tinha ido trabalhar, dormi intermitentemente e tentei


ligar para Shane centenas de vezes.

Eu não sabia onde ele estava e ele não me respondeu.

Eu estraguei tudo totalmente.

Estava tão preocupada, prestes a dizer, dane-se isso, e ligar para


todos que eu conhecia em Cherry Springs para ver se eles sabiam onde
Shane estava.

O que importava se todos descobrissem a verdade, desde que eu


o encontrasse?

Minha porta da frente se abriu e eu fui correndo para a sala, o


coração batendo enquanto eu orava para virar a quina e ver Shane.

Em vez disso, era Dillon.

— O que diabos aconteceu com você? — ele perguntou,


observando meu cabelo despenteado, roupas surradas e olhos
selvagens.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, não querendo


lidar com ele naquele momento. — Você não deveria estar no trabalho?

— Shane me pediu para vir buscar Daisy e Loki, já que vocês


têm aquele compromisso na cidade — ele respondeu, olhos alertas em
mim. — Você não parece pronta.
— O encontro da imigração! — gritei, girando e correndo para o
meu quarto.

— Assim que Laurel soube que eu cuidarei dele, ela me implorou


para levá-los para casa. Você sabe que acabarei tendo que comprar
uma porra de uma cabra agora, graças ao seu marido louco — Dillon
falou enquanto seguia atrás de mim. — Sério, Jazz, o que houve?

— Shane foi embora outro dia — respondi, puxando roupas


limpas das minhas gavetas e correndo para o meu banheiro.

— O que você quer dizer com ele foi embora? — Dillon perguntou
do outro lado da porta.

— Nós brigamos... algumas coisas foram ditas e eu magoei os


sentimentos dele. Mas não se preocupe, consertarei.

Eu me troquei, joguei água no rosto e puxei meu cabelo para


trás em um coque bagunçado.

— Jasmine, eu sei por que vocês se casaram.

Abri a porta e estreitei meus olhos para meu irmão gêmeo.

— Vocês sabe?

— Uh, sim, você não me conhece? Eu sabia naquela noite na


casa da mãe e do pai.

— Você sabia? —repeti como uma idiota.

Eu realmente pensei que tínhamos enganado a todos.

Bem... exceto Rear.

— Há quanto tempo eu te conheço? — ele perguntou


sarcasticamente. — Eu poderia dizer naquela noite que você estava
mentindo, que não o amava. Mas, no acampamento, parecia que tudo
mudou. Você gostava dele, e pensei que talvez o que começou como
uma transação comercial tivesse se transformado em algo real.

— Sim — eu admiti, minha voz falhando. — Mas estraguei tudo.

— Como?

— Sendo eu, Dillon. Cabeça-dura, com fobia de compromisso,


não confiando... você sabe como eu sou. Fiquei tão cansada de todos
me usarem para conseguir o que queriam, que fiquei completamente
bloqueada. Eu nunca deixei que ninguém chegasse perto o suficiente
para me machucar, e eu jurei que não seria diferente com Shane.

— Sim, mas, Jazz, é óbvio que o cara te ama. Ele sempre te teve
em mira, você realmente achou que ele não se apaixonaria forte, uma
vez que você realmente o deixasse entrar? Você é mais perceptiva do
que isso — Dillon repreendeu.

— Claro, eu sabia que ele queria entrar nas minhas calças, mas
pensei que era um jogador. Um mulherengo. Sempre pronto para
cativar alguém até sua cama.

— Shane não é assim — ele argumentou.

— Bem, como eu deveria saber. Ele estava sempre flertando e


conversando com mulheres, assim como você, cuzão, e Gabe fizeram
durante toda a minha vida; como eu saberia que ele não estava
seguindo com isso?

— Talvez por perceber que ele nunca foi para casa com ninguém,
nunca trouxe uma mulher para nenhum de nossos churrascos ou
festas. Shane estava sempre voando sozinho, e seus olhos sempre
estavam em você.

— Deus, eu sou uma idiota. Como todos viram isso, menos eu?
— Porque você é cautelosa e olha para os caras com vendas nos
olhos. Olha, Jazz, naquela primeira noite eu descobri o que você tinha
feito, fiquei chateado. Liguei para Reardon e ele disse que colocaria
um pouco de bom senso em vocês dois. Quando vocês ainda
apareceram no acampamento, eu percebi que ele não conseguiu, mas
então eu vi como vocês estavam juntos e me deu um clique... Vocês se
encaixavam.

— Você acha? — Não pude deixar de perguntar. A opinião do


meu irmão sempre foi a mais importante para mim.

— Eu sei que sim — ele afirmou com as mãos em meus


ombros. — Você é minha irmã, então obviamente nenhum cara é bom
o suficiente para te tocar, mas... Shane é o melhor homem que eu
poderia ter esperado para você. Ele te olha como se você fosse o sonho
dele se tornando realidade, e é exatamente o que você merece.

— Obrigada — sussurrei, inclinando-me para lhe dar um


abraço.

— O que você fará agora?

— Vou para a consulta da imigração e colocarei um pouco de


bom senso em Shane. Iremos à reunião, responderemos às perguntas
e o trarei de volta para casa comigo, onde ele pertence.

— E se ele não quiser ouvir? — Dillon perguntou, seu tom era


todo profissional.

Ele estava me preparando exatamente como fazia antes de


entrarmos em uma grande reunião.

— Ele tem que ouvir, porque eu o farei e não aceito não como
resposta. Contarei a verdade e me jogarei aos pés dele se for
preciso. Não há como ele ser capaz de me negar.
Dillon me acompanhou até a porta. — Qual é o seu objetivo,
Jasmine?

— Pegar meu marido de volta — respondi com um sorriso


confiante.

Mas, primeiro, tenho que fazer um pit stop.


Capítulo 42
SHANE

Eu estava na sala de espera, ansioso para ser chamado de volta


para que pudesse dizer ao nosso agente que essa entrevista era
desnecessária.

Sentei-me na cadeira de plástico desconfortável, minha perna


saltando enquanto eu olhava para a TV no canto da
sala. Não havia muitas pessoas na sala, o que fez com que o fato de eu
estar esperando por mais de trinta minutos parecesse irracional.

Eu soltei um suspiro irritado e estava prestes a me levantar e ir


até a recepção quando um movimento no canto do meu olho chamou
minha atenção.

Jasmine.

Ela parecia frenética. Seu cabelo estava preso em um coque, seu


rosto sem maquiagem, e eu tinha certeza de que suas meias não
combinavam.

Eu nunca tinha visto ela parecendo tão desestruturada em


público antes.

Ela estava linda.

Meu coração saltou com a visão dela, e disse para me acalmar


quando seu olhar pousou em mim.

Seu rosto se iluminou e ela correu em minha direção.


— Shane, graças a Deus, eles ainda não nos chamaram de volta?
— Jasmine perguntou, caindo no assento ao meu lado.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei a ela, meu tom


mais duro do que o pretendido.

Mas, Jesus, quanto mais um homem poderia aguentar?

— Eu tentei ligar e parei no bar...

Sim, eu a estava evitando.

— Acho que dissemos tudo o que havia para ser dito — respondi
suavemente.

Jazzy balançou a cabeça.

— Não, não dissemos. Tem algo que preciso dizer e preciso que
você ouça.

Uma limpeza de garganta me fez arrancar meus olhos de


Jasmine e encontrar um homem de terno parado diante de nós,
observando com curiosidade.

— Shane? Jasmine? — ele perguntou.

— Sim — respondi.

— Sou o Oficial Reyes, por favor, venham comigo.

Ele se virou e começou a andar, então não tivemos escolha a não


ser ficar de pé e segui-lo.

— Direi a ele que estamos tendo uma anulação — sussurrei para


Jasmine, não querendo que Reyes ouvisse mais do que
ele provavelmente já tinha.

— Não, não estamos — ela sussurrou de volta.

Parei de andar e me virei para ela. — Do que você está falando?


— Shane, eu fui uma idiota, por favor, me perdoe — ela
implorou. — Eu sei que sou teimosa e medrosa, e posso ser um
verdadeiro pé no saco, mas... eu te amo e quero que você fique aqui
comigo. Por favor. Volte para casa, vá para o quarto master e me ajude
a fazer nossa casa em um lugar onde possamos criar uma família. Não
vá para a Austrália.

— Você está falando sério? — perguntei, com medo de acreditar


no que ela estava dizendo.

— Sim, totalmente — Jasmine respondeu, em seguida, puxou


uma pequena caixa de sua bolsa.

Ela abriu para revelar uma aliança de casamento dentro.

— Diga que você continuará casado comigo.

Procurei em seu rosto por sinais de dúvida e não encontrei


nenhum, e finalmente senti como se pudesse respirar novamente.

— Você fará de mim um homem honesto? — perguntei,


estendendo minha mão para que ela pudesse deslizar o anel em meu
dedo.

— Sim — Jazzy respondeu, seus olhos enchendo-se de lágrimas,


mantendo minha mão na dela enquanto ela se levantava para me dar
um beijo.

Uma garganta limpou-se novamente e nós dois nós viramos para


olhar para Reyes.

— Se vocês quiserem...

Ele se virou novamente e dessa vez o seguimos, de mãos dadas.

Entramos em um escritório indefinido, sem nenhuma decoração


digna de menção e nada além de um arquivo sobre a mesa.
— Por favor, sentem-se — disse Reyes, gesticulando para as
duas cadeiras de um lado da mesa, enquanto caminhava até a única
cadeira do outro lado.

Quando estávamos ambos sentados, ele abriu o arquivo.

— Vamos começar. Podemos?

Nós dois concordamos.

— Onde vocês se conheceram?

— Na verdade, nós nos conhecemos anos atrás, quando eu


estava na faculdade com o primo dela, Gabe.

— Vocês saíram em lua de mel?

— Sim — disse Jazzy, sua mão alcançando a minha. — No


Acampamento Gabriel Lewis.

— Seu marido lê ou assiste TV antes de dormir?

— Ele assiste TV às vezes, mas geralmente escreve músicas em


seu caderno.

Eu olhei para ela, meus lábios se separando de surpresa.

— Quantos irmãos ou irmãs seu cônjuge tem?

— Um, um irmão gêmeo.

— Nenhum — respondeu Jazzy.

— O que sua esposa faz quando está chateada?

— Come chocolate.

Jasmine soltou uma risada abafada.

Virei-me para vê-la segurando a boca com a mão, os olhos


dançando.
— Vocês possuem algum animal de estimação?

— Uma cabra e um beagle.

Reyes ergueu os olhos por um minuto e então voltou sua


atenção para o papel à sua frente.

— Como passarão as festas de fim de ano?

— Ela tem uma família grande e todos moram em Cherry


Springs, então estaremos com eles.

— Onde vocês guardam o papel higiênico sobressalente?

— Essa é realmente uma pergunta pertinente? — perguntei com


uma carranca.

Reyes me lançou um olhar.

— Só perguntando…

— Na rouparia — respondeu Jazzy, apertando minha


mão, basicamente para me dizer para calar a boca.

— Qual é o tamanho da sua cama?

— King — respondi.

— Quem é o empregador do seu cônjuge?

— Lewis Sporting Goods.

— Vocês tiveram uma recepção de casamento?

— Sim, minha família organizou uma para nós no celeiro do meu


primo. Foi absolutamente lindo.

— Quantas janelas há no seu quarto?

— Isso é aleatório — eu observei, e recebi outro aperto de


mão. — Duas.
— Quando você percebeu que amava sua cônjuge?

Os olhos de Reyes estavam em nós, olhando entre nós enquanto


esperava por uma resposta.

— Eu sabia que a queria quando estava na universidade, mas


percebi que a amava quando comecei a esperar que ela viesse ao bar
para jantar à noite, e quando a visão de vê-la conversando com outro
homem me fazia sentir mal do estômago.

Reyes desviou o olhar para Jasmine.

— Mesma pergunta.

Eu olhei para baixo para Jasmine, e ela olhou para mim, seu
rosto tão aberto e cheio de amor que eu desejei que estivéssemos em
qualquer lugar menos nesta sala.

— Quando vi como ele me ouvia, como me escutava. Quando


percebi que ele faria qualquer coisa por mim... Quando ele derrotou
todos nós no dia do jogo em família e voltou para terminar de novo ao
meu lado. Quando ele me comprou Daisy.

Seus olhos eram suaves, sua voz tão doce.

— Quando eu li as músicas que ele escreveu.

Eu sorri para ela e não pude evitar de dar um beijo rápido em


seu nariz.

— Isso é tudo? — Reyes perguntou secamente.

— Por enquanto — respondeu Jazzy. — Mas eu sei que há muito


mais por vir.
EPÍLOGO
JASMINE

— Você pode abrir a porta para mim? — perguntei a Laurel


enquanto me movia pela cozinha com um prato de enroladinhos de
salsicha.

Atravessei o deck dos fundos e desci as escadas em direção à


grande tenda que montamos em nosso quintal.

— Não se importe se eu fizer isso — Dillon disse, pegando um


dos enroladinhos quando passei.

— Ei, isso é para as crianças.

— Eu sou uma criança no coração — ele respondeu com um


sorriso.

— Não é que é verdade.

Coloquei o prato na mesa do bufê, examinando o comprimento


dela para ver se algo estava faltando.

— Shortcake12 de morango — murmurei, virando-me para voltar


para dentro e pegá-lo da geladeira.

— Tudo parece maravilhoso, Jasmine.

— Obrigada, mãe — agradeci, dando-lhe um abraço rápido.

— Como o pai está com Marcy? — perguntei, e nós duas


mudamos de posição para olhar para meu pai, que estava com minha
filha aninhada contra ele.

12
Shortcake é um bolo ou biscoito doce.
— Ela já o tem enrolado em seu dedo mindinho — mamãe disse
com um sorriso suave.

— Ah, ela tem todo mundo — brinquei, embora fosse totalmente


verdade.

No meu caminho para dentro, parei e caminhei até Gabe e


Reardon, que estavam sentados na mesa mais próxima ao conjunto de
balanço e escorrega que Shane colocara recentemente.

Eles estavam observando as crianças mais velhas, que estavam


rindo e se divertindo.

— Do que eles estão brincando? — perguntei aos meus primos.

Gabe olhou para mim e falou: — Nós os ensinamos como jogar,


fique longe da lava. Evie é uma profissional.

Evie era sua filha mais velha, que estava brincando com seu
irmão Ren; os filhos de Reardon, Benny, Han e Rey; e minha sobrinha,
Rose. Christopher, filho de Gabe e Chloe, foi recentemente para a
faculdade.

— Oh, eu adorava esse jogo. Eu sempre chutei suas bundas.

— Nos seus sonhos — Reardon se intrometeu. — Onde está


Shane, ainda não vi o convidado de honra.

— Ele está trocando Mickey — respondi, referindo-me ao nosso


filho.

Nossos gêmeos, Marcy e Mickey, tinham acabado de fazer seis


meses.

Eu os deixei cuidando das crianças e subi correndo as escadas.

Abri a porta da minha cozinha para ver Zoey servindo sangria


em copos e entregando para Laurel e Chloe.
— Nenhum para você — Zoey disse para Serena, então se virou
para mim e perguntou: — Você quer um, Jazzy?

— Pode apostar — eu disse, esfregando minha mão nas costas


de Rena em apoio.

Ela e Jed haviam se casado há pouco mais de um ano e ela


estava grávida de seu primeiro filho.

Tendo eu mesma engravidado recentemente, eu poderia


simpatizar com sua condição, mas estava muito feliz por tomar minha
primeira bebida adulta em quinze meses.

— Mmmm, isso está tão bom — eu disse a Zoey, que corou feliz.

Ela sempre foi nossa bartender residente, mesmo que agora


tivesse dezesseis livros nos mais vendidos e duas franquias de
filmes. Ela adorava procurar novas receitas e experimentá-las em nós,
e ela e Shane tinham até inventado algumas receitas originais.

Eles eram malucos.

Com a bebida na mão, entrei no quarto no andar de baixo que


costumava ser meu escritório, mas agora era o berçário. Nós
tínhamos decidido que era melhor manter os gêmeos no mesmo andar
que nós por enquanto, e os mudaríamos para seus próprios quartos no
andar de cima quando fossem mais velhos.

Estávamos usando os mesmos berços que meus pais usaram


para Dillon e eu, e Jed fez para nós um trocador e cômodas para
combinar e ter o mesmo visual rústico. O quarto era decorado com
animais da floresta e me fazia sorrir sempre que entrava.

Eu parei na porta, sorrindo enquanto observava meu marido


parado no meio do quarto, balançando com nosso filho enquanto falava
baixinho com ele.
— Ei — chamei, fazendo com que ele se virasse, então seus pares
de olhos azuis combinando pousaram em mim. — Nós temos uma festa
acontecendo, sua festa. As pessoas estão se perguntando onde você
está.

Estávamos celebrando a dupla cidadania de Shane, que levou


menos de cinco anos para ser aprovada.

— Ele estava molhado, mas estamos a caminho — Shane disse


facilmente, enquanto caminhava em minha direção.

— Mmmm-hmmm — eu murmurei, inclinando meu rosto para


cima em um convite para um beijo.

Shane adorava Marcy e Mickey, e apreciava cada segundo com


eles. Desde que nasceram, ele preferia estar em casa conosco do que
em qualquer outro lugar.

Como de costume, Shane ficou feliz em me dar o que eu queria


e suspirei feliz quando seus lábios macios acariciaram os meus.

— Agora que você é oficial, acho que não precisa mais ficar
casado comigo — brinquei, minha mão subindo para acariciar o rosto
do meu filho.

— Boa sorte em se livrar de mim — Shane respondeu,


assim como ele fazia sempre que alguém mencionava nosso motivo
para nos casarmos. — Nenhum outro homem poderia lidar
contigo. Você é muito perigosa, com o seu corpo fumegante, raciocínio
rápido, e temperamento ardente. Parece que você está presa comigo
para sempre.

— Eu não desejaria de outra maneira — sussurrei de volta.


Dillon e eu ainda administrávamos a Lewis Sporting Goods, que
agora havia se expandido para dez cidades em todo o país,
e não parávamos por aí.

Depois de um pouco de convencimento, Shane compartilhou


suas canções com Zoey, que o ligou a seu agente. Foi uma longa e
tortuosa estrada, mas ele finalmente encontrou o empresário certo e
agora era oficialmente um compositor.

Algumas foram vendidas para grandes artistas e podem ser


ouvidas no rádio hoje.

Ele ainda não gostava de tocar para muitas pessoas, mas


Mickey, Marcy e eu éramos seus maiores fãs.

— Nós realmente deveríamos sair daqui — eu disse a ele.

— Seu pai está com Marcy?

— Você sabe que sim — eu disse com uma risada.

— Ok, vamos nos juntar aos outros. Mickey e eu estamos


ficando com fome.

Antes que eu pudesse me virar, Shane segurou minha nuca e


beijou a ponta do meu nariz.

— Eu te amo, Jasmine, luz da minha vida.

— Eu também te amo, Shane. Você me fez mais feliz do que eu


jamais imaginei ser possível.

O FIM

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