Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
De
Christina Ross
Para os meus amigos e minha família,
e especialmente aos meus leitores, que são tudo para mim.
O apoio de vocês tem sido incrível e agradeço mais do que podem imaginar.
Direitos Autorais e Aviso Legal: esta publicação está protegida pelo Ato de
Direitos Autorais dos EUA de 1976 e por todas as outras leis internacionais,
federais, estaduais e locais aplicáveis. Todos os direitos são reservados,
incluindo os direitos de revenda.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida de qualquer forma por
qualquer meio eletrônico ou mecânico (inclusive fotocópia, gravação ou
armazenamento e recuperação de informações) sem permissão por escrito da
autora.
Liberte-me, Vol. 1
Liberte-me, Vol. 2
Liberte-me, Vol. 3
Liberte-me: Casamento
Chance
Encenação
ÍNDICE
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Epílogo
Outros livros de Christina Ross
Lista de e-mail/Mídia Social
LIBERTE-ME: CASAMENTO
De
Christina Ross
CAPÍTULO 1
Cidade de Nova Iorque
Meados de fevereiro
Mais tarde naquela noite, quando voltei de táxi para a casa com paredes de
tijolos à vista que Tank e eu chamávamos de lar na Park com a Seventy-
Third, era quase dez horas e eu estava com uma sensação de nó na garganta
em relação às pendências nupciais enquanto destrancava a porta e entrava em
casa.
Tirei o casaco branco de inverno e as luvas de couro pretas e coloquei-os
no armário enquanto ouvia Tank vindo em minha direção da sala de estar.
Eu conhecia meu homem. Àquela hora da noite, provavelmente estava
lendo um de seus suspenses. Assim, quando ele apareceu do canto e entrou
no hall usando uma camiseta branca, uma cueca boxer e os óculos, eu sabia
que era exatamente o que estava fazendo.
— Como você está? — perguntei enquanto caía nos braços dele.
— Com saudade de você — respondeu ele.
— Não diga.
— A casa fica muito vazia quando você não está aqui.
Assim como meu coração ficaria vazio se você não estivesse aqui...
— Você estava lendo? — perguntei.
— Sim.
— O livro é bom?
— Não tão bom quanto ver você agora — respondeu ele. Em seguida,
segurou-me perto do corpo dele.
O corpo de Tank era tão em forma e rígido que abraçá-lo era quase como
abraçar uma parede de tijolos. Não que eu me importasse. Eu amava a
sensação de enterrar o rosto no peito dele e como os braços musculosos se
encaixavam em volta da minha cintura, com os dedos acariciando a curva da
minha bunda. Mas, acima de tudo, amava o cheiro dele, masculino e terreno,
e como ele fazia com que eu me sentisse a salvo quando me abraçava assim.
— Como foi a sua noite com Jennifer e Blackwell? — perguntou ele,
inclinando-se para trás e tirando alguns fios de cabelo da minha testa.
— Complicada.
— Complicada? Eu achei que seria divertida.
— Não foi.
— Por quê?
— Você precisa dormir muito cedo hoje?
— É sábado, lembra? Não trabalho amanhã, portanto, se precisa conversar,
podemos conversar pelo tempo que quiser.
— Então acho que é melhor conversarmos — disse eu.
— Isso não parece bom...
— Você bebeu alguma coisa hoje?
— Só água.
— Vou pegar um uísque para você.
— É tão ruim assim?
— Não sei, Tank. Acho que vamos descobrir. Vou pegar bebidas para nós
e encontro você na sala de estar.
— Vejo você em alguns minutos.
Quando me juntei a ele com as bebidas, um martíni para mim e uísque
para ele, vi que acendera a lareira. Ela iluminava a sala com uma tonalidade
laranja oscilante. Ele estava sentado em sua poltrona de couro preferida com
o Kindle e um copo de água na mesa que ficava ao lado.
— Aqui — disse eu, entregando a bebida a ele e dando-lhe um beijo nos
lábios.
— Sente-se no meu colo — disse ele, dando um tapinha na própria perna.
Sentei-me e passei o braço livre em volta do pescoço dele.
— Conte-me, o que está acontecendo? — perguntou ele depois de beber
um gole da bebida. — Foi algo que Blackwell disse?
— Como você adivinhou?
— Porque raramente é Jennifer. Qual é o problema? Tenho a sensação de
que tem a ver com o casamento.
— E você tem razão.
— Logística?
— Continua a ser um problema — disse eu frustrada. — Tentei envolver
você o mínimo possível porque tinha certeza de que Jennifer, Blackwell e eu
daríamos conta dos detalhes enquanto se concentrava no trabalho. Mas não é
mais tão simples assim.
— Por que não é mais tão simples?
Enquanto eu bebia meu martíni, sabia que não tinha escolha a não ser falar
logo o pior. — Não podemos nos casar em Manhattan.
— Por que já está tudo reservado?
— Sim. Você sabe que tentei de tudo, mas acho que, em se tratando desta
cidade, é necessário se planejar com um ano ou dois de antecedência para
conseguir o que realmente quer. E eu realmente quero ser a sua noiva de
junho.
— Você ainda pode ser se quiser, Lisa.
— Mas como? — perguntei. — Porque com certeza não acontecerá aqui.
— Precisa ser aqui? Porque, se não precisar, tenho uma ideia.
— Que ideia? Pensei que você quisesse se casar aqui.
— O que quero é me casar com você. Em junho. Então, e se nos
casássemos no hotel dos seus pais? Que tal?
— Eu adoraria, mas não posso fazer isso com eles — disse eu. — O hotel
da mamãe e do papai pode ser pequeno, mas é lotado em junho. Eu não quero
colocar essa pressão neles.
— Então, tenho outra ideia... que você provavelmente não gostará.
— A essas alturas, aceito qualquer ideia que você tiver.
— Veremos — disse ele.
— Não pode ser tão ruim — disse eu. — Isto é sobre nós. Sobre nós
finalmente nos tornando marido e mulher! Se você tem algo em mente,
preciso saber porque estou desesperada. Portanto, diga-me, qual é a sua
ideia?
— Acho que você precisa virar seu martíni agora, Lisa — disse ele.
— Como assim?
— Só beba. E não se preocupe, farei o mesmo com o meu uísque porque já
sei que nós dois precisaremos.
— Você está falando sério?
— Estou.
— Tudo bem, então — disse eu, sem saber o que ele estava tramando. —
Vamos nessa!
Virei a minha bebida enquanto ele fazia o mesmo e coloquei o copo vazio
sobre a mesa, pressionando a palma das mãos firmemente contra o peito dele.
— Qual é o seu plano, homem? — perguntei.
— Primeiro, preciso saber se você realmente quer se casar este ano.
Ele está falando sério? Ele realmente não sabe o quanto esperei por isso?
— Eu quero me casar este ano. Em junho. O mais rápido possível!
— Tem certeza disso?
— Tank, mais do que qualquer coisa, quero ser a sua noiva de junho. E
este ano, eu serei sua noiva de junho, não importa o que tenha que fazer.
— Então talvez você possa ser minha noiva de junho em Prairie Home,
Nebraska — disse ele. — Ou Nobraska, como você gosta de falar.
Quase engasguei. — Desculpe, não entendi. Como é?
— Você me ouviu.
— Prairie Home? — perguntei. — Também conhecida como a terra onde
sua mãe me odeia?
— Ela não odeia você.
— Ah, claro que não.
— É verdade. É só que ela não entende como você escreve sobre zumbis,
só isso. Ela é muito religiosa, você sabe disso. É confuso para ela. Ela
preferiria que você escrevesse sobre gatinhos.
— Como se isso fosse acontecer.
— É o seguinte — disse ele, pegando minhas mãos e beijando a parte de
trás delas. — Poderíamos nos casar na propriedade dos meus pais, que é
espetacular. Você sabe que o terreno deles é enorme. Claro, tem muito mato,
mas em volta da casa? Eu sei que você só a conheceu no inverno, mas a terra
é incrível. Se eu falasse para os meus pais que queremos nos casar em junho,
haveria tempo suficiente para construirmos um gazebo grande perto do lago
no quintal, que por acaso é cheio de cisnes.
— Tem cisnes na propriedade? — perguntei.
— Vários deles. Eles voltam todos os anos para procriar. No mínimo, os
cisnes e o lago deixarão tudo mais romântico.
Eu tinha que admitir que era verdade, portanto, foi o que fiz. — Tudo bem,
os cisnes e o lago são uma coisa boa — disse eu. — Assim como o gazebo.
Continue.
— Agora que sabemos que Manhattan está fora de cogitação, temos
bastante tempo para planejar um casamento em Prairie Home. Meus pais
adorariam. Além disso, temos que considerar que minha mãe tem muito
medo de avião. Estávamos planejando trazê-los de ônibus se fôssemos casar
aqui. Se casarmos lá, não precisaremos, o que seria mais fácil para eles.
Enquanto ele falava, eu já estava tendo dúvidas em relação a tudo. Um
gazebo bonito e alguns cisnes não mudariam o fato de que a mãe dele me
odiava. Eu estava prestes a falar quando ele me olhou nos olhos.
— Preciso que meus pais me escutem dizer meus votos a você, Lisa. É
importante para mim. Você é o amor da minha vida. Quero que meus pais,
meus amigos e minha família inteira escutem o que tenho para dizer quando
me casar com você. Quero que eles entendam por que quero passar o resto da
vida com você. E ter uma família com você. Se quer se casar em junho deste
ano, o que eu também quero, esta é a melhor forma de fazer isso acontecer.
Coloquei a mão no ombro dele e beijei-o quando ele disse aquilo, mas
meus pensamentos acelerados estavam me deixando louca.
A mãe dele me despreza, pensei. Quando fomos para lá dois anos atrás,
ela deixou bem claro de todas as formas possíveis que eu não era boa o
suficiente para o filho dela. Várias vezes, ela tentou me envergonhar na
frente dele. Então, o que fará se nos casarmos lá? Tentará me humilhar
ainda mais? Aquela mulher é formidável como Blackwell, pelo amor de
Deus, talvez até pior porque ela esconde sua toxicidade com um sorriso falso
enquanto Blackwell nunca esconde quem é. A mãe de Tank é cruel e
enganadora. Mas Blackwell? Blackwell diria tudo na sua cara.
— Prairie Home — disse eu, desejando não ter terminado meu martíni tão
cedo. Olhei para a taça vazia sobre a mesa de centro como se ela tivesse me
traído. — Quem teria imaginado...
— Olhe — disse Tank. — Eu conheço você e também sei que, se está
sentindo qualquer hesitação, não é por causa de Prairie Home, é por causa da
minha mãe. Eu entendo. Quando passamos o Natal lá, ela foi horrível com
você.
— Ela foi — disse eu. — E não quero parecer desrespeitosa, Tank, mas ela
foi bem escrota. Você sabe. Que droga, você viu. Ela acha que não sou boa o
suficiente para você e nós dois sabemos disso. E, como não me vê desde
aquele Natal, como podemos esperar que ela tenha mudado de opinião em
relação a mim? É claro que não mudou. Por que mudaria? Não voltamos lá
desde então e ela provavelmente acha que sou eu que estou mantendo você
longe dela e do seu pai. Eu sei que você a ama, ela é sua mãe. Mas, comigo,
ela sempre será a boa cristã que não gosta de mim porque escrevo sobre os
mortos-vivos, e não gatinhos, e, por isso, não tinha que estar com o filho dela.
— Sabe o que importa? — perguntou ele. — Que eu gosto do que você
escreve. Não estou nem aí para o que minha mãe pensa sobre o seu trabalho.
E só porque não voltamos para ver meus pais não significa que não falo com
eles toda semana. Nem que eles não sabem o quanto sou apaixonado por
você. Eu já consegui enfiar isso na cabeça deles a essas alturas.
— Sério?
— Claro que sim.
— Eu não sabia.
— Você sabe que ligo para eles todo domingo. Eles estão envelhecendo e
preciso saber se está tudo bem. Portanto, quando a oportunidade aparece,
comento com eles.
— E o que eles dizem?
— Meu pai está feliz por mim. Mamãe levará algum tempo.
— A sua opinião não é o suficiente para ela?
— O argumento dela é que teve só uma semana para conhecer você.
— E para me julgar. Eu fui ótima com ela. Meus pais me criaram com
educação, Tank. Então por que fui destratada?
— Não sei. Talvez seja porque ela sempre pensou que em algum momento
eu voltaria para casa e casaria com uma garota com quem namorei em Prairie
Home.
E, quando ele disse aquilo, só olhei para ele.
— Entendi. Bom, isso veio do nada.
— Porque não tenho interesse nenhum na garota com quem ela queria que
eu me casasse. Além disso, essa mulher já está casada com um cara ótimo
que jogava no meu time de futebol no ensino médio. Eles têm dois filhos.
— Você namorou com ela no ensino médio?
— Isso. E já faz dezessete anos. Eu estava no segundo ano.
— E sua mãe ainda quer que vocês se casem? Por quê? Especialmente
depois de tanto tempo?
— Provavelmente porque Linda faz parte do clube de costura da minha
mãe e elas se veem toda quinta à noite.
— Clube de costura? — perguntei. — Clube de costura? Acho que vou
gritar.
— Por quê?
— Porque não sei costurar! E sua mãe esperará que eu saiba. Ela vai
querer que eu faça uma manta enorme para você ficar quentinho durante o
inverno, assim como Linda faria se ainda estivesse solteira e disponível.
— Olha só, você precisa ficar calma...
— Tank, independentemente do que sua mãe pense sobre mim, tudo que
posso fazer é amá-lo com todo meu coração, mas claramente isso não é o
suficiente para ela. Digo, por favor, meus talentos são esquisitamente
específicos. Eles foram reservados para matar as pessoas no papel e trazê-las
de volta à vida para que possam matar outras pessoas. E depois repetir tudo.
Estou muito longe de ser a deusa doméstica que sua mãe quer para você.
— Lisa, vou ficar bem.
— Como você sabe disso?
— Porque já chamei a atenção da minha mãe em relação ao
comportamento dela.
De onde saiu isso?
— Sério?
— Claro que sim.
— Quando?
— Mais ou menos uma semana depois que fomos embora de Prairie
Home.
— E você só está me contando agora?
— Você me conhece. Gosto de lidar com as coisas sozinho. E, em relação
a como minha família a trata, considero um assunto privado do qual cuidarei
sozinho. Minha mãe ouviu bastante de mim depois da última vez que a
vimos.
— Eu não fazia ideia...
— Bom, foi isso mesmo.
— E como foi?
— Minha mãe quer um relacionamento comigo. E, por causa disso, ouviu
quando eu disse que, se não a tratasse com respeito, ela me veria muito
menos. Eu e você não fomos ver meus pais no último Natal só por causa
disso. Acho que agora ela entendeu. Tenho a sensação de que, quando ela a
vir novamente, você verá uma pessoa completamente diferente.
— Você falou sério assim?
— Sim.
— E eu achando que nada havia sido dito...
— Sempre cuidarei de você, Lisa. Espero que saiba disso. Preciso que
acredite em mim quando digo que minha mãe não será um problema.
— Mas como você pode me prometer isso, Tank? Você não é ela.
— Você está certa — disse ele. — Não sou. Mas chegaremos juntos e ela
saberá que terá que se comportar comigo lá.
Eu não pensara naquilo.
— Então, vamos fazer isso? — perguntou ele. — Vamos nos casar em
Prairie Home?
Onde há outro martíni quando preciso de um? Ah, veja, em lugar nenhum.
— Vamos — respondi. — Porque não vejo outra escolha. Amanhã
podemos ligar para seus pais para ver o que eles acham.
— Eles ficarão muito animados — disse ele.
Ficarão? pensei. Porque não tenho tanta certeza, Tank. Na verdade, acho
que você terá que se preparar para essa ligação.
— Eu tenho uma condição.
— O quê?
— Vamos ligar no viva-voz.
— Por que no viva-voz?
— Porque sua mãe é formidável. Nós dois sabemos disso. Também
sabemos que, se estiver falando só com você, ela poderá resistir. Mas, se ela
souber que nós dois estamos na linha quando você ligar, será muito mais
difícil conseguir fazer isso.
— E é por isso que eu a amo — disse ele.
Eu o beijei.
— Na verdade, que tal subirmos para que eu mostre o quanto a amo? —
sugeriu ele.
— Sério?
— Sério.
Sem mais nenhuma palavra, Tank me pegou nos braços. Ele se levantou e
beijou meu pescoço enquanto eu o abraçava firmemente ao subirmos a escada
para o segundo andar, onde fizemos amor por uma hora maravilhosa.
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 5
Cidade de Nova Iorque
Junho
Na manhã do dia três de junho, apenas sete dias antes do meu casamento com
Tank, coloquei a bolsa de maquiagem dentro de uma das malas, conferi tudo
antes de fechá-la e trancá-la, e fiquei perto de Tank enquanto ele a levantava
e colocava-a ao lado de duas outras malas que já estavam prontas para a
viagem.
— Você está bem? — perguntou ele.
— Estou bem — disse eu, aproximando-me para beijá-lo. — Prometo.
— Desculpe por não poder ir. Desculpe por você ter que ficar cinco dias
sozinha com meus pais antes que eu chegue.
— Um dos seus melhores amigos acabou de morrer, Tank, um homem que
serviu com você na guerra. Brian morreu por causa de um coágulo e muito
jovem. Já conversamos sobre isso. Até onde sei, já está resolvido. Porque não
faria o menor sentido você viajar para Prairie Home e voltar três dias depois
para ir para San Diego passar um dia com a mulher e os filhos dele antes do
funeral. Lidarei com os detalhes finais do casamento com sua mãe antes que
você vá para Nebraska no dia oito. Não será um problema, principalmente
porque parece que sua mãe e eu estamos nos dando bem ultimamente.
— Isso não é totalmente verdade — disse ele. — E você sabe disso. Ela
exigiu muito de você. Ela não tem sido exatamente fácil.
— É só porque ela quer que nosso casamento seja o mais perfeito possível.
Agora, veja, você chegará no dia oito, sua mãe e eu o pegaremos no
aeroporto e voltaremos para Prairie Home juntos. Está tudo planejado. No dia
seguinte, nossos amigos chegarão para o ensaio e o jantar de ensaio. No
sábado, tudo estará em ordem e vamos nos casar. Quero que seja o mais fácil
possível para você. Você merece isso, especialmente depois da sua perda. Eu
só queria ter conhecido Brian, esse é meu único arrependimento. Ele parecia
ser um homem incrível, Tank. Sinto muito que tenha perdido seu amigo.
— Eu também. — Ele me abraçou por um longo momento. — Você é uma
mulher incrível, Lisa Ward.
— Logo serei Lisa McCollister — disse eu no ouvido dele. E, quando
disse aquilo, com a minha bochecha encostada na dele, senti seu sorriso, que
era tudo de que precisava para saber que estava fazendo a coisa certa, apesar
da incerteza que sentia.
Eu estava nervosa por causa da ideia de passar cinco dias sozinha com a
mãe de Tank? Com certeza. No entanto, durante minhas conversas com o pai
dele ao telefone durante os meses anteriores, Harold fora nada além de
genuinamente bondoso comigo, portanto, eu sabia que não tinha nada com o
que me preocupar em relação a ele. Mas e Ethel e eu? Tínhamos um passado
misturado. Por mais que ela tivesse sido boa nos meses anteriores,
literalmente se sobressaindo em muitos casos para ter certeza de que nosso
casamento fosse perfeito, também tivéramos nossa parcela de problemas, do
vestido que eu escolhera, que era revelador demais na opinião dela, ao que
seria servido no bufê, que, nas palavras dela, “Acho que aqui em Prairie
Home não somos tão sofisticados quanto vocês em Manhattan”.
Mas, na maioria das vezes, se era para ser sincera, o casamento significava
muito para ela. Tank era seu único filho e, se Deus quisesse, seria o único
casamento dele. Portanto, nos dias em que ela era difícil, eu entendia. Ela
queria poder opinar e isso vinha com suas dificuldades.
Quanto aos meus pais? Eles eram uns anjos. Diferentemente dos pais de
Jennifer, que eram pessoas horríveis que eu gostaria de matar enquanto
dormiam, meus pais eram incríveis. Minha mãe amara o vestido que eu
escolhera com a ajuda de Jennifer e Blackwell e os dois aprovavam
completamente meu casamento com Tank, a quem tinham adorado quando os
visitáramos pela primeira vez como casal em março. Eles tinham se oferecido
para pagar o casamento e foram maravilhosos o suficiente para fazer isso,
mesmo que eu não estivesse me casando em casa. Mas, como eu sabia que o
valor seria muito mais alto do que eles conseguiriam arcar a essas alturas da
vida, recusei com educação.
Meus pais eram tranquilos, pessoas legais que normalmente aceitavam
tudo como recebiam. Não havia drama na vida da minha mãe e, como eu a
incluía em tudo, sabia que ela se sentira incluída, assim como meu pai.
— Tenho que ir — disse eu. — Jennifer chegará para me buscar logo logo.
— Queria que você me deixasse levá-la.
— Não sei lidar com despedidas em aeroporto — disse eu. — Se você me
levasse para o LaGuardia e a última coisa que eu visse fosse o seu rosto, não
ficaria bem. É melhor que Jennifer me leve até o aeroporto enquanto ela me
consola por deixar você sozinho assim. Acredite, é melhor assim.
— Eu entendo — disse ele. — Vou ficar com saudade de você, Lisa.
— E eu vou ficar com saudade de você, Tank. De verdade. Mas, em alguns
dias, tudo isso terá passado e seremos marido e mulher.
Meu telefone tocou quando disse aquilo e eu sabia que era Jennifer. Ao
tirar o telefone do bolso da calça, olhei o visor. De fato, era ela.
— Alô — disse eu.
— Sou eu, amorzinha. Está pronta? Porque estou parada em fila dupla bem
na frente da sua porta e as pessoas não ficarão muito felizes comigo se eu não
andar logo.
— Estou indo! — disse eu. — Vejo você em alguns segundos.
Desliguei o telefone, coloquei-o no bolso e olhei para Tank. — Jennifer
está lá fora — disse eu. — Preciso ir antes que comecem a buzinar para ela
por parar o trânsito.
Antes que eu fosse embora, Tank me puxou em seus braços com tanta
paixão e sentimento que literalmente senti o coração dele batendo contra o
meu ao abraçá-lo enquanto ele me beijava no pescoço, nas bochechas e nos
lábios. Ele disse que me amava e agradeceu por eu fazer aquilo sem ele. E eu
disse que faria qualquer coisa por ele, absolutamente qualquer coisa. Porque
nosso amor merecia aquilo. Era algo a ser respeitado e eu me recusava a
deixar que qualquer coisa ou qualquer pessoa tentasse acabar com ele.
***
***
***
***
Uma hora e meia depois, após sair da cidade para o interior luxuoso do
Nebraska, partes que me faziam lembrar de casa em Iowa, o que me deixou
com saudade, estávamos perto da casa dos McCollister quando Betty
Brennan pronunciou pelos alto-falantes do Navigator que ela eventualmente
encontrara coragem para tirar o diabo de sua vida à força e deixar Deus
entrar.
— Não foi inspirador? — exclamou Ethel ao desligar o rádio.
— Muito — disse eu, olhando para fora pela janela para acres e mais acres
de uma fazenda linda. Em seguida, só porque eu sabia que ela me fizera ouvir
aquela bosta de propósito, não pude deixar de ir além do normal. — Se um
dia eu precisar, saberei como tirar o diabo da minha vida à força.
— Considere o assunto para um próximo livro. Acho que seria incrível.
— Você não acha que não foi nem um pouquinho exagerado? —
perguntei.
— Nem um pouco. Acabamos de ouvir uma ex-satanista que passou
literalmente pelo inferno para encontrar Deus. Não deve ter sido fácil.
— Bom, com certeza não pareceu fácil porque, no mínimo, Betty passou
sua história adiante com coragem. Teve um momento em que achei que ela
perderia a voz, particularmente quando canalizou a versão dela do diabo.
Agora, aquela parte não tinha como. Até você tentou segurar o riso quando
ela começou a guinchar que nem um porco.
— Se eu estava fazendo alguma coisa, era segurar as lágrimas.
Ah, pelo amor de Deus, pensei. Sério? Querida, dê alguma esperança
para o nosso relacionamento, apesar da merda que você me fez passar hoje.
Jennifer e Blackwell estavam certas, eu precisava vir armada hoje. Graças a
Deus elas garantiram que eu não estivesse confortável demais com você.
— Enfim — disse ela. — Chegamos.
Quando me virei para olhar para a propriedade dos McCollister, não era
nada como eu me lembrava.
Na última vez em que eu vira a casa e o terreno, eles estavam mascarados
por uma camada de neve. Mas agora, na metade de junho, a grama estava tão
verde que parecia emanar uma luz própria. Havia também os jardins em volta
da casa, que estavam florescidos com um conjunto de cores vibrantes. A
maioria das coisas que reconheci eram plantas perenes: erva daninha
borboleta, mertensia virginica, gerânio e aster, mas alguns lugares tinham
outras flores lindas que floresceriam durante todo o verão.
A casa enorme tinha o estilo colonial da virada do século com três
mansardas que se estendiam pelo telhado enorme. Pintadas de branco com
persianas pretas, ela parecia ter mais de uma dúzia de janelas viradas para o
caminho circular de cascalho, que dava para uma varanda apoiada em seis
pilares. Enquanto Ethel passava em frente à casa, notei o pórtico fofo, sob o
qual ela estacionou o SUV.
— Sua casa é maravilhosa — disse eu a ela. — Na última vez em que a vi,
não pude ver os detalhes, havia muita neve. É realmente incrível.
— Bom, obrigada, Lisa. Eu também gosto muito dela. Harold e eu a
pintamos ano passado, portanto, considere-se com sorte porque agora está
especialmente bonita. Eu nunca fiz um casamento nesta propriedade, mas há
muitos eventos de caridade e encontros sociais, o que é um dos motivos por
termos tanto cuidado com ela.
— Tank me disse que a casa foi construída no começo do século XIV, mas
parece tão nova — disse eu. — O cuidado de vocês é impecável. E veja o
terreno ali. É este o campo de que Tank falou?
— Isso mesmo, e o lago e o gazebo estão à direita, não dá para ver daqui.
Vou mostrá-los para você depois. Primeiro, vamos falar com Harold. Sei que
ele está ansioso para vê-la. — Ela abriu a porta e saiu, mas não antes de eu
ouvi-la dizer: — Só não sei se ele está trabalhando em um dos celeiros ou se
está em casa.
Abri a porta, espreguicei-me ao sair e vi Ethel dar a volta no carro com o
celular na orelha.
— Chegamos — disse ela com a voz animada. — Cadê você? Na cozinha?
Já entraremos. Não, fique aí. Chame um dos trabalhadores e peça que ele leve
as malas de Lisa para dentro de casa. Você não precisa fazer isso e
provavelmente daria um mau jeito nas costas se tentasse. Digo, minha nossa,
Lisa trouxe quatro malas. — Ela piscou para mim ao dizer aquilo. — Quando
vi quanta bagagem havia com ela, levei um susto porque, por um momento,
achei que estava se mudando para nossa casa. Tudo bem, certo. Veremos
você em alguns segundos.
Ela desligou o celular, jogou-o na bolsa Louis Vitton e andou em direção à
porta preta ao lado da casa. — Vamos? — perguntou, abrindo-a. — Odeio
deixar Harold esperando, o que é um dos vários motivos pelos quais estamos
casados há mais de quarenta anos. Nunca deixe o homem da casa esperando,
Lisa. É bom que me escute em relação a isso. A cozinha, você deve se
lembrar, é pelo hall de entrada, só ir em linha reta pelo corredor central.
Agora vamos, Papai quer ver você.
***
***
Quando Harold sumiu de vista, peguei meu SlimPhone do bolso e liguei para
Tank, que atendeu no segundo toque.
— O que você está vestindo? — perguntei.
— Um short. Acabei de terminar de me exercitar.
— Está sem camisa?
— Na verdade, estou.
— Aposto que está todo suado — disse eu.
— Você deveria me ver.
— Eu queria — disse eu ao me virar e olhar para o lago. — Sei que só vim
para cá hoje de manhã, mas já estou com saudades, Tank.
— Também estou com saudade. Queria poder estar aí com você.
— Especialmente agora — disse eu. — Porque estou no centro do gazebo
e ele é lindo, Tank. Muito mais lindo pessoalmente do que nas fotos que seus
pais mandaram. Obrigada por pensar nisso. É mágico aqui.
— Achei que você fosse gostar.
— Eu adorei.
— Como tem sido com a minha mãe? — perguntou ele. — Fiquei
preocupado.
— Sua mãe é sua mãe. E ela é o que é.
— O que isso quer dizer?
Eu contei a ele sobre o dia com ela.
— Não acredito que ela a fez ouvir aquele audiobook — disse ele.
— Como eu disse ao seu pai, eu realmente não me importei porque foi
hilário. E, falando nele, adoro seu pai.
— O pai é ótimo — disse Tank. — Ele é direto. Já minha mãe, ela prefere
as coisas de forma mais indireta.
— É verdade.
— Como você se sente com o fato de ela querer ler seus livros?
— Eu só espero que ela consiga ver além dos aspectos sensacionalistas,
ver a essência dos livros. Só o tempo dirá, eu acho, porque tenho certeza de
que ela ficará ansiosa para compartilhar a opinião dela comigo. Lidarei com
as coisas quando isso acontecer.
— Não aceite nenhuma merda dela, Lisa.
— Prometo que respeitarei meu limite e não aceitarei nada além disso. Ela
já me testou hoje e viu que me irritou. Logo depois, recuou.
— Fico feliz em ouvir isso.
— Vamos nos casar em uma semana e darei o meu melhor para mudar a
percepção dela em relação a mim. Quero que ela fique feliz quando nos
casarmos, não decepcionada. Quero que ela sinta que sou a mulher certa para
você. Tentarei fazer com que isso aconteça, mas, você sabe, não sou capacho.
Meu limite vai só até certo ponto.
— Caso ela passe dos limites, você tem todo o meu apoio para colocá-la
no lugar.
— Eu agradeço, mas vamos torcer para que não precise.
— Concordo. E aí, o que mais aconteceu? — perguntou ele.
— Acho que a única coisa que não contei a você foi que Ethel me ensinará
a fazer o seu prato preferido amanhã. Ela deixou absurdamente claro que
ficou chocada por eu não o estar servindo a você desde que passamos a morar
juntos.
— Do que ela está falando? — perguntou ele. — Qual é o meu prato
preferido?
— Ora, por favor — respondi. — Você poderia ter me contado. Com a
ajuda de Jennifer, eu teria descoberto como fazer.
— Não, é sério — disse ele. — Eu não tenho um prato preferido.
— Não?
— Não. Não sei do que ela está falando.
— Ela está falando da empada de frango da sua avó.
Ele riu quando eu disse aquilo. — Na verdade, esse é o prato preferido
dela. Não que seja ruim porque ela sabe cozinhar muito bem. Em algum
momento, ela deve ter tido a impressão de que era minha comida preferida.
Isso explicaria por que, toda vez que vou para casa, ela a prepara para mim.
E, como o bom filho que sou, eu como. Agora, ela quer que você faça para
testar suas habilidades culinárias — disse ele. — Ela provavelmente está
armando para você, Lisa. Você precisa saber disso.
— Acredite, eu sei o que me espera. E, apesar de eu não conseguir
cozinhar nem se minha vida dependesse disso, tentarei o máximo que puder.
Será um esforço para deixá-la mais tranquila, o que é basicamente uma
missão impossível. A boa notícia é que não temos muito tempo para esse tipo
de coisa mesquinha porque temos um casamento para organizar. Com sorte,
logo poderei me concentrar nisso, apesar dos esforços dela para me tirar da
linha.
— Sobre o casamento — disse ele. — Faça-me um favor e olhe em volta
por um momento. O campo foi aparado o suficiente para as cadeiras e para a
tenda? Ou meu pai ainda está esperando um pouco para isso?
— Não, já está tudo aparado — respondi, olhando para o gramado
imaculado em frente ao gazebo. — Há um espaço grande para todos se
sentarem e, além dele, deve ser o espaço onde ficarão as duas tendas com ar-
condicionado, uma para você e os padrinhos e uma para mim e minhas
madrinhas. Eu queria que você pudesse ver, especialmente os canteiros de
flores que sua mãe fez em volta do gazebo. São incríveis. Seu pai me contou
que ela mesma assumiu o controle do projeto porque queria que ficasse
perfeito. E ficou. Portanto, estou mais do que feliz por ela estar ajudando. Ela
saiu bastante da zona de conforto por nós, Tank.
— Há espaço suficiente no gazebo para todos?
— Mais do que suficiente. Estou no meio dele agora, que é onde ficará o
padre. Olhando para os convidados, posso ver você à direita e eu à esquerda
dele. Ao meu lado, estará Jennifer, Blackwell, Daniella e Alexa como minhas
madrinhas. À sua esquerda, Alex, seu tio Sam, Cutter e seu primo Taylor
como seus padrinhos. Há bastante espaço.
— Perfeito.
— Acho melhor eu ir — disse eu. — Tenho que desfazer as malas e Ethel
deve estar imaginando por que estou demorando tanto. Jantaremos em breve.
— Que tal se você me ligar mais tarde? — perguntou ele. — Sabe, hoje à
noite. Quando estiver indo deitar.
— É claro que eu ligarei para dar boa noite.
— Não era exatamente o que eu tinha em mente.
— O que você tem em mente?
— Talvez eu queira um pouco mais do que isso.
Estreitei os olhos quando ele disse aquilo. — O que você pretende? —
perguntei.
— Só porque estamos longe um do outro, não significa que não possamos
deixar as coisas interessantes.
— Você está falando de sexo pelo telefone?
— E se for?
— Mas e se os seus pais me ouvirem? Você sabe como eu sou quando
estou no clima. Viro uma sirene!
— Acho que devíamos experimentar — disse ele. — Vamos. Podemos
conversar sobre todas as coisas que eu queria fazer... começando com a
minha boca no meio das suas pernas.
— Agora você está me deixando excitada.
— E isto é um problema porque...?
— Porque não posso voltar para a casa com os faróis acesos.
— Vamos, Lisa. Deixe-me aproveitá-la mais tarde.
— Ai, meu Deus...
— Você sabe que quer.
— Eu quero. Na verdade, depois de hoje, você não sabe o quanto eu
preciso.
— Então me ligue — disse ele. — Logo antes de deitar. O quarto dos
meus pais fica no primeiro andar e do lado oposto da casa dos quartos do
segundo andar, onde você estará. Acredite, eles não vão ouvi-la. A casa é
grande demais.
— Tem certeza?
— Tenho certeza — disse ele. — Eu conheço aquela casa. Ela foi feita que
nem um forte.
— Tenho que admitir que parece um pouco atrevido — disse eu. — Pense
só, eu meio que transando na casa que Deus construiu. E se a gente for além?
Vamos fazer por FaceTime!
— Ver você pelada seria ainda melhor.
— Certo, vamos fazer. Ligarei para você mais ou menos umas dez horas.
— Estarei esperando — disse Tank. — Com as mãos cheias.
— Você é terrível.
— Espere até ver o quanto sou terrível.
Eu disse a ele que o amava e desliguei o telefone, colocando-o de volta no
bolso da calça, mas não antes de olhar para baixo e notar que meus mamilos
tinham se enrijecido ao ponto de ficarem pressionados contra a camiseta.
Como era uma longa caminhada até a casa, eu sabia que eles voltariam ao
normal antes de chegar lá. Portanto, respirei fundo, tentei relaxar e comecei o
caminho de volta.
CAPÍTULO 10
***
Depois de tomar banho, secar o cabelo e passar a maquiagem, coloquei a
lingerie e, em seguida, os sapatos, que se mostraram um verdadeiro desafio,
já que eu não sabia muito bem como cruzar as tiras em volta dos tornozelos e
das panturrilhas.
Quando finalmente descobri, sentei-me na cama, estiquei as pernas em
direção ao teto e chutei com os pés algumas vezes no ar como se não me
importasse com nada. Depois, apoiei os sapatos nos saltos enquanto
pressionava a mão contra meu sexo, fechando os olhos com antecipação pelo
prazer que viria.
Com sorte, para nós dois.
Faltavam vinte minutos para as dez quando me lembrei de que levara uma
garrafa de Grey Goose na bolsa, sabendo que não encontraria bebida alguma
ali, já que os McCollister não bebiam.
Mas eu bebia.
Precisando de um pouco de coragem líquida para relaxar e entrar no clima,
corri até o armário e peguei a garrafa da bolsa. Apesar do fato de que eu não
tinha gelo para resfriar a vodca, pelo menos havia um copo perto da pia.
Servi uma quantidade generosa, virei-a e olhei para o espelho. Baguncei o
cabelo, passei mais uma camada de brilho labial e voltei para o quarto para
pegar o telefone. A bateria agora estava em noventa por cento, o que era
suficiente para o que eu e Tank tínhamos em mente.
Ou talvez não, dependendo de até onde formos...
Antes de ligar para ele, sentei-me na cama, liguei o telefone e olhei para
mim mesma na câmera enquanto me posicionava.
Nada mau, pensei enquanto arrumava os seios e bagunçava mais o cabelo.
A luz é boa, no final das contas. Virei-me de barriga para baixo, movi a
câmera um pouco para que mirasse na minha bunda e virei o pescoço para
ver como ficava na câmera. Minha nossa, pensei. Estou mais do que pálida,
mas pelo menos minha bunda está em forma. Mas o que fazer com a
larissinha? Será que ouso olhar pelo celular? Tank vai querer que eu a
mostre? E se ele quiser e eu não tiver visto primeiro pela câmera? Ah, meu
Deus, preciso ver.
Mas não consegui. Não tinha como. Portanto, depois de simular várias
fotos que pensei que Tank gostaria, toquei no nome dele na lista de contatos e
pressionei o ícone de vídeo. Antes que eu notasse, estava olhando para Tank,
que estava deitado sem camiseta em nossa cama... e poderia até estar pelado,
até onde eu sabia, porque a parte inferior do corpo estava coberta com um
lençol.
— Você está incrível — disse ele. — Estive esperando este momento por
horas.
— Espero que eu não o decepcione.
— Não tem como, considerando o que está vestindo. Nunca vi você com
isso antes.
— Era para você ver quando estivéssemos aqui, mas, como não tem como
estar aqui, está vendo agora. — Levantei as pernas e apontei a câmera em
direção aos meus sapatos. — E também temos isso — disse eu. — Você
gosta?
— A câmera está tremendo um pouco — disse ele. — Se está falando das
suas pernas, já sabe o quanto gosto delas. Na verdade, eu queria poder passar
a língua pela parte de dentro das suas coxas agora mesmo.
— Não, não. Estou falando dos sapatos. Você gosta deles?
— No momento, eles são só um borrão meio prateado.
Merda! pensei. Estou muito nervosa, minhas mãos estão tremendo.
— O que acha? — disse eu, segurando o telefone com as duas mãos.
— São muito sensuais.
Virei a câmera de volta para o meu rosto.
— Tank, antes que façamos qualquer coisa, preciso ter certeza de que seus
pais estejam dormindo. Porque não vou conseguir fazer isso sem ter certeza
absoluta de que eles estejam dormindo.
— Isso é fácil — disse ele. — Eu já sei que eles estão na cama. Eles
normalmente vão se deitar às nove e meia.
— Ainda preciso ter certeza.
— Você só precisa abrir a porta do quarto e ver se as luzes estão acesas no
andar debaixo. Se estiverem, um deles ainda estará acordado. Mas, se não
estiverem, eles já foram dormir.
— Se um deles estiver acordado, vai me ouvir. E vai querer saber o que
estou tramando.
— Você está sendo paranoica. Você sabe como a casa é grande, ninguém
ouvirá sua voz.
Sua mãe é como um falcão. Se ela estiver acordada, escutará.
De qualquer forma, resolvi verificar.
— Está um breu — sussurrei enquanto fechava a porta silenciosamente.
— Então, eles estão dormindo.
— O que fazemos agora?
— Cibersexo.
— Você já fez isso antes?
— Claro que não.
— Como começamos?
— Como sempre começo com você — disse ele. — Com meus lábios
pressionados contra o seu.
— Só para deixarmos tudo claro — disse eu. — Você quer que eu beije a
tela quando diz algo assim? É isso que devo fazer? Ou devo fazer outra
coisa?
— É só me escutar, Lisa. Deixe-se levar, assim como eu, e vamos olhar
um para o outro enquanto falamos.
— Olhar para que parte um do outro?
— Agora, pense nesta primeira parte como as preliminares. Pense que
estamos no mesmo quarto juntos, com você nos meus braços. Sabe, com você
derretendo em cima de mim, como sempre faz.
— Consigo fazer isso — disse eu.
— Feche os olhos.
Eu os fechei.
— Imagine minha boca na sua.
Eu imaginei, sentindo meu corpo formigar com uma memória sensorial.
Ninguém em minha vida me beijara como Tank. Sempre que nossos lábios se
tocavam, eu conseguia sentir o amor dele por mim, o que era transcendental.
E foi isso que senti naquele momento, ao imaginar os lábios dele nos meus.
— Você está fora da câmera — disse ele.
Em meu delírio, minha mão esquerda se mexera um pouco para a
esquerda. Eu a arrumei e apontei o telefone para o meu rosto. — Desculpe.
— Você está linda hoje — disse ele.
Olhei para ele no SlimPhone e achei que estava lindo. Depois, pensei que
isso era quase pornografia! Ele estava deitado de lado na cama, mas,
diferentemente de mim, não estava com o telefone nas mãos. Na verdade, a
mão direita dele estava ocupada alisando o abdômen rígido enquanto sorria
de forma desconcertante para a câmera. De onde ele estava deitado, pude ver
que posicionara o telefone na minha mesa de cabeceira e apontara-o para si,
para que eu pudesse vê-lo totalmente. Por que eu não pensara nisso?
Isso importa? Só continue. Divirta-se!
— Por que há uma parte de você coberta com o lençol? — perguntei.
— Por que está perguntando?
— Porque é cruel da sua parte.
— Cruel por quê?
— Você sabe por quê.
— Diga-me.
— Porque adoro ver você pelado — disse eu.
— Você quer ver mais de mim?
— Eu sempre quero ver mais de você.
— Eu poderia dizer o mesmo de você. Mas vamos manter a calma. Por que
você não pega a mão livre e chupa o dedo indicador para mim?
Espere aí... o quê? Desde quando eu chupo o dedo indicador? Ao falar um
com o outro desta forma, estamos prestes a revelar mais sobre nossas
fantasias do que se estivéssemos fazendo amor pessoalmente, que geralmente
não tem muita conversa... quando tem alguma.
Eu não sabia, mas, em relação a Tank, estava aberta a basicamente tudo
porque o amava e confiava nele. Portanto, coloquei o dedo indicador na boca
e comecei a chupá-lo gentilmente.
— Hmm — disse eu.
— Qual é o gosto?
De vodca.
— De você — disse eu.
— Agora, pegue este dedo, coloque-o por dentro da roupa e esfregue-o em
um dos seus mamilos.
Ao fazer isso, senti uma ponta de empolgação e surpresa tomando conta do
meu corpo enquanto ele respondia ao toque do dedo úmido. Tank me fizera
colocar o dedo na boca por um motivo. Com ele tão molhado, a sensação foi
mais erótica.
— Agora, belisque-o — disse ele. — Com força.
Ao beliscar meu mamilo, a sensação foi de que ele fizera aquilo.
— Quero que você imagine minha boca entre suas pernas — disse ele. —
Você sabe como é. E sabe como posso ir fundo.
Eu sabia exatamente como ele podia ir fundo.
— Pense em mim lá embaixo agora.
— Quero me tocar — disse eu frustrada. — Mas não consigo porque tenho
que segurar o telefone.
— Então pegue o travesseiro aí perto, coloque-o ao seu lado e posicione o
telefone nele para que eu veja você inteira... e para que você me veja inteiro.
Segui a sugestão dele e, com as mãos finalmente desocupadas, eu me senti
livre para deixar as coisas mais quentes. Virei a cabeça para olhar para ele
enquanto esticava o braço para tocar em mim mesma. Enquanto isso, Tank
removeu o lençol para revelar a ereção para mim, o que me deixou mais
excitada porque eu o queria dentro de mim. Por vários momentos, apenas
olhamos um para o outro enquanto nos dávamos prazer antes de eu virar de
lado para ele que pudesse ver minha bunda.
— Queria que você pudesse dar um tapa — disse eu.
— Eu também. Por que não faz isso por mim?
Eu fiz. Em seguida, dei outro tapa.
— Isso é mais gostoso do que eu achei que seria — disse Tank.
— Falando nisso — disse eu. — Acho que você achará isso gostoso. —
Sentei-me e puxei a parte de cima da lingerie para baixo para que ele pudesse
ver meus seios, que estavam tão inchados com a excitação que os mamilos
pareciam querer passar pela tela do celular para terem a boca de Tank
pessoalmente.
— Meu Deus, você é linda — disse ele enquanto apertava o pênis com a
mão inteira.
— Quero seu pau — disse eu. — Eu o quero na minha boca.
— Ele está na sua boca.
— Mas é grande demais para a minha boca.
— Você já conseguiu antes. Pegue-o agora.
— Estou colocando-o na boca. — disse eu enquanto levantava as pernas
para o ar. Deslizei a mão esquerda para dentro da calcinha e comecei a
esfregar o clitóris gentilmente com os dedos antes de colocar dois dedos
dentro de mim... e começar a perder o controle.
— Pense que estou dentro de você — disse ele com um rosnado baixo. —
Primeiro, gentilmente, mas depois com mais força à medida que você se abre
para mim.
— Isso mesmo — disse eu enquanto fechava os olhos. — Você está sobre
mim. Está beijando-me. Agora, sua boca está em um dos meus peitos. O
direito — disse eu, colocando a mão livre sobre ele. — Seu hálito é quente
contra a minha pele. Você está mordendo meu mamilo.
— Que tal se você morder o meu?
— Estou mordendo-o.
Enquanto nossa conversa ia cada vez mais longe em um ritmo acelerado,
pude sentir que estava ficando mais molhada e aproximando-me a do clímax.
— Enfie esse pau em mim — disse eu. — Vamos, Tank, me coma.
— Estou comendo você.
— Com mais força!
— Estou comendo você com mais força.
— Quero a sua pele batendo contra a minha.
— Estou metendo com muita força.
— E estou pegando na sua bunda. Estou puxando-o para mais perto de
mim. Quero que você me coma, Tank! Estou quase lá.
— Segure a base do meu pau e puxe cada centímetro meu para dentro de
você.
— Acabei de fazer isso! — disse eu com a voz mais alta e estrangulada. —
E é uma delícia.
— Você está tão molhada — disse ele.
— Estou! E você é tão grande! E eu, tão apertada! E tudo isso está
acontecendo na casa de Ethel McCollister! Estou com o pau enorme do filho
dela dentro de mim enquanto ela tem pesadelos com abortos, maldade e todas
as coisas que não sou! Ai, meu Deus, estou quase lá!
— Lisa... — disse ele. — Que porra é essa?
Enquanto eu colocava mais um dedo dentro de mim, belisquei um dos
mamilos e transformei-me no próprio sexo desenfreado, contorcendo-me na
cama. Olhei para Tank. — Venha comigo — disse eu. — Vamos, Tank. Goze
em mim. Ou dentro de mim. O que você quiser, eu aceitarei. Mas você
precisa se apressar porque estou perto para caralho.
— O que foi isso...?
— Quer ver como estou perto? Quer? Então, deixe-me mostrar — disse eu,
levantando-me e removendo a lingerie antes de deitar novamente. Levantei as
pernas, abrindo-as o máximo que consegui, peguei o telefonei e apontei-o
diretamente para meu sexo enquanto enfiava os dedos dentro de mim.
— Eita porra — disse ele. — Você perdeu o controle.
— Eu precisava — disse eu. — Especialmente depois de hoje. Agora,
trepe comigo! Por favor! Só acabe comigo! Porque, agora, estou sendo fodida
na casa que o deus de Ethel construiu... pelo filho dela! E nunca foi tão
gostoso!
Quando eu disse aquilo, ouvi um movimento na porta. Em choque e
horror, virei a cabeça assim que Ethel entrou no quarto com uma bandeja de
comida nas mãos. Quando ela me viu pelada com o telefone a alguns
centímetros das minhas áreas privadas, arregalou os olhos, cambaleou para a
esquerda e seu ombro bateu no batente da porta. Em seguida, seus lábios se
abriram em um terror distorcido.
— O que você está fazendo?! — exclamou ela.
— O que está acontecendo? — ouvi Tank dizer. — É a minha mãe?
— É a sua mãe! — disse Ethel enquanto olhava para mim. — E vocês dois
estão corrompendo a minha casa! Vocês a transformaram em um antro de
iniquidade!
— O que está fazendo aqui? — perguntei ao me sentar, jogar o telefone
para o lado e cobrir-me rapidamente com o lençol. — A porta estava fechada
por um motivo.
— Estou vendo!
— Você não pode só entrar, Ethel. Você não pode...
— Posso fazer o que eu quiser na minha casa!
— Então é melhor eu ficar em um hotel!
— Se é assim que se comportará, talvez seja melhor mesmo!
— Mãe, você precisa me escutar — disse Tank do SlimPhone. — Lisa e eu
somos adultos. Estamos comprometidos. Em um relacionamento. E você
precisa ir embora agora porque isso não é da sua conta.
— Isso não é da minha conta? — perguntou ela com uma voz aguda
estranhamente perfurante. — Isso não é da minha conta?! Está falando sério,
Mitchell? Você ao menos sabe onde parece que acabei de entrar? Em um
bordel, isso sim! Um palácio de pornografia!
Enquanto a raiva tomava conta do corpo dela, e seus olhos ficavam
sombrios, a bandeja que ela carregava nas mãos começou a tremer.
— E pensar que eu estava deitada na cama sentindo-me culpada por causa
da conversa que tivemos mais cedo — disse ela para mim. — E pensar que
eu não estava conseguindo dormir por causa disso! Sei que você não come
nada desde que saiu de Manhattan e isso estava me incomodando, já que
decidiu não jantar conosco depois da nossa conversinha sobre o conteúdo do
seu livro. Então, decidi subir e fazer para você um sanduíche de salada de
frango, Lisa. Até servi um copo de leite. Eu estava preocupada com você e o
que ganho com isso? Você se filmando de formas tão obscenas e
indescritíveis que quero vomitar.
— Saia do quarto, mãe — disse Tank com a voz surpreendentemente séria.
— Agora. Para mim, já chega. E para Lisa também.
— Tudo bem — disse ela ao andar até a escrivaninha e jogar a bandeja
com força em cima dela. — Aqui está seu sanduíche, Lisa. E seu leite.
Considere-os um reabastecimento para o resto de suas aventuras noturnas
com meu filho porque você provavelmente precisa disso agora para ter forças
para sabe lá Deus o que virá a seguir. Mas, isso? O que acabei de ver? O fato
de eu ter testemunhado meu próprio filho nu e sendo carregado para suas
fantasias sexuais esquisitas? Isso não dá. Não aceitarei. Então, é o seguinte,
garota. Como você viu no caminho do aeroporto até aqui, há vários motéis
entre Prairie Home e Lincoln. Quando acordar, terá uma lista com todos e
alguém a levará até um deles, pois claramente não quero que fique aqui se
você e meu filho farão isto. — Ela andou em direção à porta, passou por ela e
disse um “boa noite” intenso antes de bater a porta atrás de si.
***
***
— Ora, bom dia — disse Ethel quando entrei na cozinha. Ela estava na frente
da pia e vi em um olhar rápido que estava usando a própria armadura:
maquiagem completa no rosto, cabelos lavados e escovados, uma camiseta
branca bonita que complementava sua compleição bronzeada e uma calça
cáqui justa.
— Bom dia, Ethel — disse eu.
— Tive a sensação de que você também levantava com as galinhas —
disse ela ao andar em minha direção. — Aqui na fazenda, temos que acordar
cedo, como imagino que você também tinha quando trabalhou no hotel dos
seus pais. Harold já tomou o café da manhã e está trabalhando nos celeiros
com o resto dos rapazes. Esta manhã, somos só nós duas.
Aquilo fora uma ameaça? Eu não tinha certeza. A voz dela parecia
agradável o suficiente, mas, como não confiava nela, sinceramente não sabia
no que estava me metendo.
Dê uma chance, pensei. Você disse que daria.
— Ah, deixe-me pegar isso — disse ela ao pegar a bandeja das minhas
mãos. — E deixe-me fazer algo para você. Deve estar faminta... e não diga
que não está.
Faminta era pouco perto de como eu me sentia, portanto, só acenei com a
cabeça quando ela se virou, esperando que eu respondesse.
— O que quer comer?
— Torrada? — sugeri. — Talvez uma xícara de café?
— Você deve estar com mais fome do que isso. Gosta de ovos? Porque eu
faço os melhores ovos.
— Você já comeu?
— Sim, com Harold. Mas não tem problema, Lisa. Deixe-me fazer seu
café da manhã e, depois, podemos começar a falar sobre o casamento. Porque
temos muito o que fazer antes do grande dia. Quando Tank chegar no final da
semana, vocês dois encontrarão o padre Harvey juntos, portanto, não
precisamos nos preocupar com isso agora. Mas nós duas temos uma grande
lista de coisas para ver, o que inclui decidir onde as tendas serão construídas,
ir à floricultura para garantir que as flores que você escolheu estejam certas,
ir à empresa do bufê para ter certeza de que não esquecemos nada em relação
ao jantar de ensaio... e, depois, o bolo, que é tão importante que acho que
você deveria conhecer a moça que o fará. E, como há tantas coisas para fazer,
você precisa de energia. Então, que tal café, torrada e alguns ovos feitos da
forma que mais gostar?
Quem é você? pensei, olhando surpresa para ela.
— Seria ótimo — respondi.
— Então deixe-me começar a preparar o café. Como quer os ovos?
Escalfados? Fritos? Mexidos? Cozidos?
— Mexidos — disse eu.
— Fechado. Agora, sente-se à mesa da cozinha e deixe-me colocar a mão
na massa. Ficará tudo pronto em minutos.
E ficou. Quando ela se sentou do outro lado da mesa com a própria xícara
de café, tive que admitir que os ovos estavam deliciosos.
— Obrigada — respondi ao terminar. — Estava uma delícia.
— Hoje mais tarde, eu e você faremos o prato preferido de Tank, a famosa
empada de frango da avó dele. Mal posso esperar para mostrar a você como
prepará-la.
— Eu sou horrível na cozinha — disse eu.
— Não se preocupe. Muitas pessoas pensam que cozinhar é difícil, mas é
bem simples, na verdade. Tenho uma forma infalível de fazer. Você verá.
Uso meu processador de alimentos e fica perfeito toda vez. O segredo é usar
cubos de manteiga gelados e deixar a massa descansar durante trinta minutos
na geladeira antes de enrolá-la. Além disso, o resto do prato também é bem
fácil. Eu vou fazendo com você e nós três a jantaremos à noite.
— Ethel — disse eu. — Talvez devêssemos conversar sobre ont...
— Não — interrompeu ela. — Acho que não seria bom para ninguém.
Vamos considerar hoje um novo dia e uma nova página. Vamos virar a
página juntas, Lisa? Porque nosso livro terá um final ótimo. Será o melhor
final. Tank me disse hoje de manhã.
Por que não acredito nisso?
Ela sorriu de forma doce para mim, mas o sorriso não estava refletindo em
seus olhos. Em vez disso, os olhos dela pareciam estranhamento intensos,
como se comportar-se de forma simpática estivesse de alguma forma
envenenando-a.
— Você verá — disse ela. — Ficará tudo bem. Eu prometo!
***
Quando voltei para a casa, encontrei Ethel sentada na cozinha no banco perto
da janela. Ela usava um avental azul pastel, as pernas estavam esticadas à
frente e tinha nas mãos o segundo romance que eu publicara com a Wenn, Os
Mortos se Levantarão.
Ela já terminou o Só Se Morre Duas Vezes? pensei incrédula. Como essa
mulher lê rápido! Ela deve ter terminado de ler enquanto eu estava com
Harold, Mable, Nico e os rapazes, pois ainda está perto dela. O que será que
passou pela cabeça dela ao terminá-lo? Ela provavelmente só quer que eu
morra uma vez mesmo, nem precisa da segunda. E, de preferência, antes do
casamento.
— Ora, olá! — disse ela, olhando por cima do livro. — Como foi a
caminhada? Conseguiu um pouco de ar fresco? Viu Harold?
— Vi — disse eu. — Vi mais do que só Harold.
— Como assim?
— Vi Mable dar à luz.
— Mable? — perguntou ela alarmada. — Quem é Mable e por que ela deu
à luz na minha propriedade?!
— Ela é uma das suas vacas — respondi.
— Ah — respondeu ela. — Harold dá nome para algumas das preferidas.
Não passo muito mais tempo nos celeiros, portanto, não conheço Mable. —
Os olhos dela se arregalaram. — Mas isso deve ter sido impressionante para
você.
— Foi incrível — disse eu. — Nunca vi nada parecido.
Ela se inclinou para a frente quando eu disse aquilo. — Ver com os
próprios olhos algo tão sagrado e milagroso como o início de uma nova vida
pode ser impressionante, não é? — disse Ethel enquanto tamborilava com os
dedos na capa do livro. — Especialmente quando se é negada uma vida.
Por favor, não comece, pensei. Agora não. Vamos só continuar com o dia.
Mas ela não começou. Em vez disso, ela colocou o livro no parapeito da
janela e levantou, alisando o avental. — Sabe, dar à luz a Mitchell foi o
melhor dia da minha vida — disse ela. — Casar-me com Harold fica em
segundo lugar, bem perto. Mas passar pela dor do parto e depois ter a
recompensa de segurar Mitchell nos braços pela primeira vez? Depois, ouvir
o médico dizer que ele estava saudável? Nenhum momento em minha vida
foi tão poderoso quanto esse, Lisa.
Quando os olhos dela subitamente brilharam com o pensamento de dar à
luz a Tank, ela rapidamente piscou para limpar as lágrimas e pediu desculpas,
constrangida. Ao vê-la daquele jeito, soube que a conexão dela com Tank era
mais forte do que eu imaginara e, sinceramente, por um bom motivo.
Mas o que isso significa em relação a seguirmos em frente?
— Desculpe — disse ela. — Sempre que penso naquele momento, fico
emocionada. Peço desculpas. Eu não sou assim.
— Não precisa se desculpar — disse eu.
— Enfim — disse ela, balançando rapidamente a cabeça. — Que tal se
cozinharmos? Vamos fazer o prato preferido de Tank, a empada de frango
abençoada por Deus da avó dele. Eu a guiarei e, assim, você poderá fazê-la
para ele quando estiverem... você sabe, casados.
— Estou dentro — disse eu, ignorando a hesitação na voz dela. — Mas,
por favor, não espere muito de mim, Ethel. Minha mãe tentou me ensinar a
cozinhar algumas vezes, mas ela e meu pai estavam sempre tão ocupados que
não foi o suficiente para eu aprender.
— Eu entendo, mas isso não quer dizer que eu não consiga ensiná-la. Ali
na bancada há um avental para você. Coloque-o enquanto pego os peitos de
frango no congelador. Está vendo a assadeira na ilha?
— Estou — disse eu, passando o avental pela cabeça.
— E a garrafa de azeite perto dela? E o sal e a pimenta?
— Vejo tudo.
Ela fechou a porta do congelador, passou por trás de mim e colocou um
pacote com seis peitos de frango na ilha. — Frango, sal, pimenta e azeite de
oliva: tudo de que você precisa para fazer uma refeição deliciosa. Adicione
uma salada ou batatas assadas e não há como errar. É muito fácil, até mesmo
um tolo conseguiria.
Eu era a tola? Não tinha certeza. Eu realmente não sabia onde estava com
ela depois da noite passada. E, como ela se recusava a conversar sobre o
assunto, eu provavelmente nunca saberia, o que significava que desconfiaria
de tudo que ela dissesse, especialmente se soasse desdenhoso.
E aquilo acabara de soar desdenhoso.
— Mas faremos mais do que meros peitos de frango hoje, portanto, escute
bem para conseguir o melhor resultado. Preciso que se lembre de que, ao
fazer esta receita, use sempre frango com os ossos. Nunca use filés sem ossos
porque, se usar, o frango tenderá a secar em vez de ficar suculento. Acredite.
A conexão da carne com o osso fará toda a diferença.
— É bom saber — comentei. — É melhor que eu anote tudo?
— Não precisa. Enviei a receita para você por e-mail quando saiu para
caminhar.
— Entendi — respondi. — Obrigada.
— De nada. Agora, aqui... pegue o frango, coloque os peitos na assadeira,
coloque um pouco de azeite de oliva sobre a pele e dê a cada peito uma boa
quantidade de sal e pimenta, mas cuidado para não colocar demais.
Eu fiz o que ela pediu.
— Perfeito — disse ela, pegando a assadeira e colocando no forno. — Eles
ficarão no forno por mais ou menos trinta e cinco minutos a cento e oitenta
graus. Por que um fogo tão baixo? Porque proteína sempre cozinha melhor
com fogo baixo, Lisa. Como os ovos que fiz para você hoje mais cedo. Eu os
fiz com a menor temperatura possível para que não ficassem duros. São esses
tipos de dicas que farão de você uma cozinheira de mão cheia.
— Obrigada.
— Enquanto o frango está no forno, vamos cortar os legumes, fazer o
molho e, depois, o que muitos acreditam que é a parte mais difícil: fazer a
massa. Já contei a você que meu método é tão simples que qualquer um pode
dominá-lo. Até você.
Até eu? Piranha, o que acha que está fazendo?
Em vez de reagir, comecei a cortar cenouras, cebolas e salsas enquanto ela
me observava sem dizer nada. Quando terminei, Ethel só acenou com a
cabeça em aprovação e mostrou-me como fazer o molho, onde colocamos os
legumes que cortei e um pacote de ervilhas congeladas.
— Nunca tenha medo de usar ervilhas congeladas — disse ela
— Por quê?
— Porque elas são tão boas quanto ervilhas sem casca. Acredite, já
experimentei e não há diferença alguma. Considere uma economia de tempo.
— Vou lembrar disso — comentei.
— Consegue sentir o cheiro do frango? — perguntou ela.
— Sim, consigo.
— O cheiro é uma delícia, não é?
— É melhor do que os frangos que eu faço. — E aquilo era verdade.
— O segredo é a temperatura — disse ela. — Que temperatura você usa
para fazer o frango?
— Duzentos graus?
— Então, você está prestes a ver a diferença que meros cinquenta graus
podem fazer. É só esperar. Agora, acredite, Mitchell precisa que você faça
este prato para ele, especialmente no inverno. Não consigo nem imaginar o
quanto ele deve sentir falta dele. Nem que a última vez que ele o comeu foi
há mais de um ano. Mas vamos resolver isso agora, não vamos? Quando
acabarmos, você terá dominado o prato.
E se eu não tiver dominado o prato?
— Tenho certeza de que sim — respondi.
— Ótimo. Agora, para a massa — disse ela. — A receita da minha mãe é
excelente, mas, quando vi aquela condessa gorda fazer a versão dela na TV,
decidi que, como ela estava gemendo de felicidade no final, eu
provavelmente deveria dar uma chance. E, adivinhe só. Ficou fenomenal,
como dá para imaginar só de olhar para ela. Digo, pense só em quantas
massas ela deve ter comido para se tornar quem é hoje. Pela aparência, eu
diria que ela come muita manteiga, bacon e frituras o dia todo. Mas estou
divagando. Porque tenho que admitir, aquela mulher sabe o que está fazendo.
— Que caridoso da sua parte — comentei.
— Não é? Quando uma mulher deixa acontecer aquilo, é uma vergonha,
devo dizer, porque o marido dela merece algo melhor, não merece? Não que
eu ache que você tenha algum problema com o peso. Que tamanho você
veste, aliás?
— Meu tamanho é zero.
— Quê?
— Zero.
— Mas isso significaria que você não existe. Significaria que você nem
está aqui agora.
Não tenha tanta esperança, querida.
Em seguida, ela só apontou um dedo para mim. — Ah, entendi — disse
ela. — Você está falando do mundo da moda, não é? Está falando de haute
couture. Digo, onde mais no mundo você seria reduzida a zero além daquele
mundo? No meu mundo, você provavelmente veste tamanho dois. Talvez
menos. Mas zero? Zero não existe na Macy’s, Lisa, que é onde geralmente
faço compras.
— Você comprou sua bolsa da Louis Vitton lá? — perguntei com um
sorriso.
— Minha nossa, não! Aquilo foi um presente. Mas chega dessa conversa
sobre moda. Para fazer a massa, usaremos a magia do processador de
alimentos. Você sabe o que ele faz?
— Acredito que processa alimentos.
Os olhos dela se estreitaram por causa do meu sarcasmo, mas ela pareceu
se recompor e, em um segundo, sua expressão voltou ao normal.
— Espertinha — disse ela. — E sempre tão rápida! Sabe, é só neste
quesito que você me lembra da primeira namorada de Tank, Linda, que
também era rápida nas respostas. Somos amigas até hoje. Nós duas
frequentamos o mesmo clube de costura. Às vezes, fazemos compras e
almoçamos juntas, pelo menos uma vez por mês. Coisas assim. Uma garota
maravilhosa. Mas ela e Mitchell se encontraram muito cedo na vida para que
algo sério acontecesse entre eles, como casamento e filhos. Às vezes, fico
imaginando o que teria acontecido se tivessem se conhecido mais tarde.
— Acho que nunca saberemos — disse eu.
— Não — respondeu ela com o olhar pensativo. — Provavelmente não. —
Ela levantou uma sobrancelha para mim. — Pode me passar a farinha? E o
sal e o açúcar?
Entreguei-os a ela.
— Agora, preste bastante atenção no que acontecerá — disse ela enquanto
colocava os três ingredientes na cumbuca do processador, que tinha uma
lâmina de aço acoplada. — Porque, se não prestar, esse nosso pequeno
experimento poderá explodir na nossa cara.
— Está falando da massa? — perguntei.
— Ora, é claro — disse ela sem olhar para mim. — Digo... o que mais
poderia ser?
***
***
***
Apesar do sol forte, o caminho para o aeroporto foi gelado. Depois que Ethel
estacionou o Navigator e saímos do carro, ela liderou o caminho com o passo
acelerado e determinado, e eu fiquei vários passos atrás enquanto entrávamos
no terminal e íamos em direção ao portão de chegada de Tank. Aquele era um
aeroporto regional pequeno com apenas seis portões. Enquanto eu andava, vi
mais ou menos umas cem pessoas esperando voos ou esperando para buscar
entes queridos.
Mas Ethel e eu teríamos que esperar para buscar o nosso. Quando paramos
para olhar o painel dos voos de chegada, vimos que o avião de Tank atrasara
trinta minutos.
Enquanto eu me sentava, Ethel andou até a parede de vidro e parou ali,
com sua raiva por mim sendo palpável. Eu fora dura demais com ela? Nem
um pouco. Eu sabia, pela minha adolescência, que a única forma de parar um
valentão era se opor a ele. Todos tinham um ponto de ruptura pessoal e, se
um valentão passasse dele, era necessário se preparar para atacar.
E foi o que eu fiz.
Depois da situação com Porcos no Salão, Ethel essencialmente partira
para a briga. Se eu me arrependia de alguma coisa, fora de ter usado um
palavrão, mas só porque sabia que ela usaria aquilo contra mim, dizendo que
eu fizera um show de desrespeito contra uma mulher cristã.
Não há nada que eu possa fazer agora, pensei. É melhor tirar isso da
cabeça.
E foi o que eu fiz.
Momentos antes da chegada do voo de Tank, Ethel se aproximou de mim.
— Posso me sentar? — perguntou ela.
— Se quiser, é claro.
Em vez de se sentar à cadeira ao meu lado, ela jogou a bolsa nela e sentou-
se na cadeira ao lado dela.
— Mitchell sentirá a tensão entre nós no momento em que sair do avião —
disse ela.
— Você está certa — disse eu. — Ele sentirá.
— E ele perguntará o que aconteceu.
— Você está certa — repeti. — Ele perguntará.
— Então, agora você me afastará? — perguntou ela. — É isso? Não vai
nem falar comigo?
Olhei para ela e vi a tensão em seu rosto, mas não me importei com como
ela estava se sentindo. Ela fora cruel demais comigo para que me importasse,
passara demais dos limites para que eu ligasse. Eu chegara oficialmente ao
meu limite com ela.
— Eu já deixei claro — disse eu. — Mas, caso você tenha ficado surda,
deixe-me reiterar o que disse no carro. Você me emboscou de propósito no
caminho até aqui com aquele seu CD, insultando-me, assim como fez com o
primeiro. E, quanto mais fico aqui sentada, pensando em como me tratou no
passado e em como continua a me tratar, mais considero a opção de me casar
naquela igreja. Que se dane a sua casa, Ethel. Tank e eu não precisamos dela.
— Preciso ver meu filho se casar. Você não me negará isso.
— É o meu casamento, Ethel. Tank sabe de tudo. E posso fazer o que eu
bem entender.
— Não quando eu falar com ele. Conheço o homem a quem dei à luz, Lisa,
e ele não aceitará isso. Eu sei no fundo do meu coração que ele não aceitará.
Quando terminarmos de conversar, tudo que ele verá é quem você é de
verdade.
— Justamente, Ethel — disse eu com a voz calma e confiante. — É
justamente isso que você não parece entender. Tank me vê como sou de
verdade e ele me ama por isso. Tanto quanto eu o amo.
Do lado oposto ao nosso, um dos empregados perto do portão abriu as
portas, o que significava que o avião de Tank pousara.
— Ele chegou — disse eu.
— Por favor, seja razoável — disse ela, entrando em desespero. — Se eu
não for convidada para o casamento, Harold não irá. Pense em como ele
ficará. Em como você o fará ficar!
E foi ali que ela conseguiu o que queria. Porque eu adorava o marido dela.
E sabia que Ethel estava certa. Se tentasse mantê-la de fora do casamento,
também estaria privando Harold de ver o filho se casar, o que eu não podia
fazer.
Caralho! pensei. Ela tem razão, não posso fazer isso com Harold... nem
com Tank.
Eu podia estar me sentindo derrotada ao me levantar, mas tentei manter a
compostura quando olhei para ela com expressão impassível. — Se ama seu
filho, sugiro que se recomponha. Você é uma boa atriz, Ethel, então faça sua
melhor cara para Tank agora. Porque, depois do que passou após a morte e o
funeral do amigo dele, ele precisará do nosso apoio agora.
— Não preciso de orientações vindas de você, garota.
— Então você está ferrada, Ethel. Sabe disso tanto quanto eu. Agora, eu
estou com as cartas na mão. O que precisa pensar é em como vou lidar com
você em relação ao nosso casamento.
Quando Tank passou pelo portão e olhou-me com um sorriso largo, meu
olhos brilharam e minha raiva sumiu no mesmo momento. De forma rápida,
corri na direção dele e joguei-me em seus braços, dizendo-o que o amava
enquanto ele dizia o mesmo para mim. Quando ele me levantou no ar e
começou a me girar enquanto me beijava nos lábios e no pescoço, vi de
relance Ethel nos olhando... e tentando se recompor do horror daquilo tudo.
CAPÍTULO 15
Quando voltamos para Prairie Home, Harold estava na entrada para nos
receber enquanto Ethel manobrava o Navigator abaixo do pórtico.
— Chegamos! — exclamou ela. — E ali está seu pai, Mitchell. Ele ficará
tão feliz em vê-lo!
No caminho de volta do aeroporto, Tank e eu escolhemos nos sentar no
banco traseiro do Navigator para que pudéssemos ficar perto um do outro.
Ele e a mãe bateram um papo, mas eu fiquei calada, pensando se Tank
conseguia sentir a tensão entre nós.
— É bom estar em casa — disse ele.
— Não é? — perguntou ela.
Ao sairmos do veículo, vi o olhar de alegria no rosto de Harold enquanto
ele apertava a mão do filho antes de eles darem um tapa firme nas costas um
do outro e soube, naquele momento, que não tinha escolha a não ser me casar
ali. Eu não podia negar a Harold o prazer de ver o filho se casar, eles eram
próximos demais. Significavam demais um para o outro. E, sinceramente, por
mais que não aguentasse Ethel, eu sabia que, se não deixasse a mãe ver o
casamento do próprio filho, havia uma boa chance de que me arrependesse
um dia.
Portanto, o que eu deveria fazer? Dizer a Tank o que ela fizera comigo
naquele dia? Arruinar tudo antes do casamento? Ou esconder tudo de Tank
para evitar que aquilo acontecesse? Eu estava em um conflito tão grande que
não sabia o que fazer, especialmente porque nunca escondera nada de Tank.
Espere e veja como as coisas andam...
— Olhe a tenda! — disse Ethel alegre ao passar pela parte da frente do
carro e colocar a mão nas costas de Tank. — Aquela é a do jantar de ensaio.
Não é enorme? E olhe como está perto da casa. Ela tem ar-condicionado, luz,
cadeiras, mesas... tudo! As outras duas estão perto do gazebo, que você
precisa ver. Lisa e eu trabalhamos incansavelmente juntas para deixar tudo
perfeito, e seu pai e alguns dos rapazes dele também nos ajudaram.
— Muito bom — disse Tank. — Obrigado.
— Você precisa ver o gazebo e as outras tendas — disse ela. — Que tal se
todos nós dermos uma volta para ver? Podemos levar suas malas para o seu
quarto quando voltarmos.
— Você quer dizer nosso quarto, né? — disse Tank.
— Ora, por favor — disse ela. — Faltam só dois dias para o casamento.
Para aumentar a empolgação, eu estava pensando que vocês dois poderiam
dormir em quarto separados até lá.
— Obrigado pela ideia, mas vou dormir com Lisa hoje à noite. Nós
moramos juntos há alguns anos, mãe. Tenho certeza de que você sabe que
não temos quartos separados.
— O que você quiser — disse ela com um olhar sombrio, que rapidamente
se suavizou. — Então, vamos todos até o gazebo para que você mesmo possa
ver onde vai se casar com Lisa.
— Na verdade, se não se importarem, eu gostaria de vê-lo só com Lisa.
— Por quê? — perguntou Ethel.
— Porque não vejo Lisa há algum tempo e gostaria de ficar um pouco com
ela.
— Mas você não vê eu e seu pai há mais de um ano.
— Ethel... — disse Harold com um tom de advertência.
— Bom, é verdade — disse ela. — E eu queria ver a reação de Mitchell.
— Você já me viu surpreso e feliz — disse Tank ao se inclinar e dar um
beijo na bochecha da mãe. — Obrigado por entender.
Ele pegou a minha mão.
— Talvez demoremos um pouco — disse ele. — Não venha atrás de nós,
ok?
— Ora, que misterioso — disse ela. — Quanto tempo demorarão?
— Não sei. Voltaremos até as... três?
— Mas isso é daqui a três horas. Só para ver o gazebo?
— E para conversar. E para ficarmos sozinhos. Veremos você e o pai em
breve — disse ele.
— Bom — disse ela, olhando vagamente em pânico para mim. Tank e
Harold poderiam interpretar o olhar dela da forma que quisessem, mas eu
sabia o motivo por trás daquele pânico. Ao ficar sozinha com Tank, ela sabia
que havia uma boa chance de eu contar a ele tudo que acontecera entre nós
duas naquele dia. — Acho que veremos vocês em algumas horas.
— Três horas — disse ele.
— É claro. — Ela olhou para mim com um sorriso forçado. — Lisa, como
não poderei ir junto para fazer eu mesma, por favor, mostre a Tank tudo o
que fizemos para deixar este casamento perfeito. Porque, com todos os seus
amigos nova-iorquinos chegando amanhã, se as coisas não estiverem do jeito
certo, ainda teremos tempo para deixar tudo perfeito. Não pode haver
margem de erro neste casamento — disse ela. — Não sob os meus cuidados!
***
***
***
Mais tarde, depois de colocar cubos de gelo frescos no copo de chá gelado,
subi a escada para o quarto, abri a porta e vi Tank vestindo-se perto do pé da
cama.
— Onde você estava? — perguntou ele.
Eu nunca poderia contar a verdade a ele, no mínimo porque não queria ser
a culpada de não ter um relacionamento com a mãe nunca mais, talvez até
com o pai, se Harold decidisse ficar do lado dela.
— Sua mãe me encontrou — disse eu. — Mas está tudo bem. Ela não
perguntou nada sobre a minha aparência.
Aquela parte era verdade... compartilhei o motivo daquilo por vontade
própria.
— O que ela queria?
— Só falar de coisas do casamento — disse eu, pegando o telefone do
bolso, colocando-o em uma das mesas de cabeceiras e começando a tirar a
roupa. — Coisas chatas do casamento. Agora, com licença, garotão, porque
esta garota aqui precisa de um banho.
— Você só quer que eu dê licença quando está nua na minha frente assim?
Sabendo que já tinha o suficiente contra Ethel McCollister para mantê-la
na linha pelo resto da vida, olhei maliciosamente para ele.
— Não sei — respondi. — Você tem certeza de que tomou banho
direitinho? Digo, só com esses ombros largos e essas costas, pode ser difícil
limpar tudo.
— Está sugerindo que não tirei todo o sabonete de mim?
— Estou mais do que sugerindo. Portanto... entre no banho comigo.
Com um sorriso de lado, Tank tirou a camisa polo azul-marinho e deu um
tapa na minha bunda quando passei por ele rindo em direção ao chuveiro.
Quando ele se juntou a mim, fizemos amor pela segunda vez naquele dia.
***
***
Quando chegou a hora do ensaio, Ethel McCollister não apareceu, o que era
um sinal de que estava realmente mal ou que estava punindo Tank pelo que
eu fizera com ela.
Eu não tinha certeza e realmente não me importava.
Por causa da ausência dela e dos julgamentos que fazia, tudo ocorreu
muito mais suavemente do que se ela estivesse presente.
Com a ajuda do padre Harvey, um homem alto e de aparência bondosa
com cabelos brancos e inteligência que gostei no momento em que o vi,
ensaiamos duas vezes enquanto nossos amigos participavam ou observavam
da primeira fileira de bancos. Depois de aproximadamente uma hora, já era
quase hora do jantar.
— Amanhã vai ser aquele loucura! — ouvi Epifania dizer.
— Diga-me — disse Blackwell. — Quando exatamente você pretende
aprender o inglês correto?
— Provavelmente quando você fisga um homem, querida.
— Então acho que não devo esperar que aconteça em breve.
— Por que se rebaixar?
— Meu amor, por favor. São os homens que estou rebaixando, não eu.
Depois que eu e Tank agradecemos ao padre Harvey pela ajuda e pela
orientação, ele começou a conversar com o pai, Alex e os padrinhos enquanto
fui na direção de Jennifer e Blackwell, que estavam sentadas na primeira
fileira de bancos.
— Você está incrível — disse Blackwell. — J’adore o vestido.
— É claro que adora — disse eu. — Foi você que o escolheu para mim.
— O que é o motivo pelo qual eu o j’adore.
— Preciso que vocês duas me escutem enquanto temos a chance.
— Como você é positivamente misteriosa... — disse Blackwell.
— É sério. Escutem, por favor.
Contei a elas que Tank sabia de tudo.
— Ele sabe? — perguntou Blackwell. — Ótimo. Agora, por causa dessa
sua boca enorme, vou parecer um cão de guarda para ele. Muito obrigada,
Lisa. Considere o meu presente de casamento a você cancelado.
— Ele não está bravo — disse eu. Olhei por sobre o ombro e vi Tank com
o braço em volta do ombro do pai enquanto Alex ria e dava um tapa em suas
costas. Eles ainda conversavam animados, o que permitiu mais tempo do que
eu esperava que tivesse. — Deixe-me contar o que aconteceu, o que
esclarecerá tudo.
Assim, contei a elas. Tudo.
— Bom — disse Blackwell. — Admito que agora as coisas não parecem
tão ruins.
— Tank é incrível — disse Jennifer. — Ele sempre foi.
— Nada além de um príncipe — concordou Blackwell.
— Fico feliz que tenha contado a verdade a ele, Lisa — disse Jennifer. —
Foi a coisa certa a se fazer.
— Minha consciência foi mais forte do que eu, como sempre. O tempo foi
passando e soube que precisava contar a ele, no mínimo para que não nos
casássemos com uma mentira enorme entre nós.
— Você está certa — disse ela. — Não teria como. Mas fico feliz que ele a
tenha apoiado. Que ele veja a mãe da forma que ela realmente é.
Blackwell estreitou os olhos para mim. — Isto ainda não acabou — disse
ela. — E se Ethel não aparecer para o jantar? Ou para o casamento?
— Acho que ela pode faltar ao jantar — respondi. — Nós vimos como ela
estava quando correu para dentro de casa. Mas, depois de muitos Allegra e
uma boa noite de sono? Ela estará no casamento.
— Sabe, não tenho tanta certeza — disse Blackwell. — Na verdade, acho
que você precisa se prepara para o pior, não para o melhor, em relação a isso.
Concordo com a parte do jantar. Depois de nós três termos lançado a peste
negra sobre ela, pode ser que não apareça. Mas, se Ethel escolher não ir ao
casamento, ela só estará mostrando a todos que não a aprova nem ao
casamento. Se Ethel for tão longe, imagine só o que os amigos e familiares de
Tank pensarão, especialmente depois de ela “avisá-los” sobre você, como fez
com a irmã, Margaret?
— O que está querendo dizer, Barbara?
— Não é óbvio? Se ela não aparecer amanhã, você será escrutinada e será
a vilã de uma multidão hostil no dia do seu casamento, especialmente se
Ethel estiver sentada em sua cama neste momento, ligando para todos em
uma tentativa de envenenar os amigos e familiares ainda mais contra você.
Não estou falando isso para assustá-la, Lisa. Estou falando isso para que
esteja preparada para o que quer que aconteça. Ethel McCollister não me
parece uma mulher que gosta de perder e a última coisa que sobrou no
arsenal dela foi seu poder de influência. Você e Tank se casarão amanhã
como o planejado, mas tenho que pensar sob quais condições, especialmente
se ela está planejando jogá-la aos leões.
CAPÍTULO 19
Quando entramos na tenda mais próxima à casa, Harold pediu licença para
ver como Ethel estava, dizendo-nos que demoraria apenas um minuto. Ao
voltar, parecia que Blackwell estava certa. Por ele, Ethel mandara suas
desculpas por, infelizmente, não poder comparecer ao jantar nem ao
casamento devido à sua “saúde questionável”.
— Desculpe-me — ela escrevera em um cartão que Harold lia para nós
enquanto bebíamos champanhe. — Mas minha reação alérgica grave àquelas
flores acabaram comigo de tal forma que estou acamada. Por favor, saibam
que desejo ao meu filho e à noiva dele tudo de bom hoje à noite e amanhã.
Estarei em espírito com vocês.
— Minha mãe, a mártir — disse Tank com raiva, pegando minha mão.
Estávamos dentro da tenda, que fora decorada com vários arranjos de
flores sobre as mesas com toalhas e iluminada com uma iluminação âmbar
suave das lâmpadas vintage acima de nós. Como só havia dezesseis pessoas
— na verdade, quinze sem Ethel — eu escolhera uma mesa redonda enorme
bem no centro da tenda para que todos nós pudéssemos jantar juntos em vez
de nos sentarmos em mesas menores separadas. Logo, empregados da
empresa de bufê que contratáramos de Lincoln começariam a oferecer os
aperitivos.
— Ela está brincando conosco, Lisa — disse Tank. — Não a deixe afetá-la
porque não vou deixar que aconteça comigo. Se ela não aparecer amanhã,
isso será uma mancha pelo resto da vida dela.
Contei a ele sobre as preocupações de Blackwell.
— Ela pode deixar as coisas bem desconfortáveis para nós — eu disse a
ele. — Especialmente para mim, se virar sua família e os amigos dela contra
mim.
— Vou resolver tudo — disse ele.
— Como?
— Não vamos nos preocupar com isso agora. Só saiba que cuidarei de
tudo.
— Beleza — respondi. Levantei minha taça de champanhe para ele e
brindamos. — Um brinde à nossa última noite solteiros — disse ele.
Ele tomou um gole da bebida. — Um brinde. Eu só queria que tivéssemos
feito isso antes. Mas estamos aqui agora, não estamos? Em alguns dias,
estaremos em Bora Bora, onde poderemos planejar o resto de nossa vida
juntos.
— Eu amo você, Tank.
— Eu sei disso e sou muito grato. Só espero que saiba que eu a amo tanto
quanto... quem sabe até mais.
Olhei para ele, vi o amor em seus olhos e soube que me amava.
Apesar de tudo que aconteceu esta semana, Tank e eu estamos bem. Só
precisamos passar pelo resto dela.
— Antes que os aperitivos e o jantar sejam servidos, deveríamos passar
mais tempo com meus pais — disse eu. — Eles não conhecem muita gente
aqui, não quero que se sintam excluídos.
— Claro. Vá na frente.
— Olá, mamãe e papai — disse eu ao andarmos em direção a eles.
— Lisa — disse minha mãe ao me abraçar. — Eu estava falando ao seu pai
agora mesmo como está linda neste vestido.
— Gostou do seu?
— Eu o adorei — disse ela. — Mas, diga-me, o que há para não adorar?
Meus pais não tinham muito dinheiro. E, como muitos dos meus amigos
tinham, eu queria que ela se sentisse confortável no ensaio, no jantar e no
casamento. Várias semanas antes, eu ligara para ela e pedira que acessasse o
website da Bergdorf's. Depois de uma persuasão suave da minha parte,
escolhêramos juntas dois vestidos e dois pares de sapato.
— São meu presente para você — dissera eu. — Por sempre me apoiar,
especialmente quando algumas mães nunca apoiam os filhos.
— Você está falando de Jennifer, não é? — ela perguntou.
— Estou. Eu ganhei na loteria com você e papai. Jennifer não teve tanta
sorte. Portanto, por favor, deixe-me mimá-la um pouco. É o mínimo que
posso fazer, considerando tudo o que vocês fizeram por mim.
E, naquele momento, Gert, apelido de Gertrude, não só estava usando um
vestido maravilhoso Carolina Herrera branco e dourado, como tinha ido
sozinha a um cabeleireiro para cortar o cabelo e pintar as unhas com um novo
profissional. Com os cabelos loiros caindo em cachos logo acima dos
ombros, pensei que, naquele momento, aos cinquenta anos, ela parecia mais
vibrante e viva do que eu jamais a vira.
— Sabe — disse minha mãe. — Acho que nunca me senti tão glamourosa.
Pelo menos não desde que me casei com seu pai.
— Eu já vi as fotos — comentei. — Você estava linda naquele dia, mãe. E
estou feliz por ter gostado do vestido. Ficou lindo em você. Como estão os
sapatos?
— Eu nunca usei um sapato assim na vida — disse ela, levantando o pé
direito para que eu pudesse admirar a sandália Dior dourada. — Digo, olhe só
para eles! São incríveis.
— Eles são tão incríveis quanto você — disse eu.
— Deixe-me dizer que ela tem razão — disse Tank.
— Venha aqui e dê um beijo na sua futura sogra — disse minha mãe a ele.
— Porque Al e eu estamos animadíssimos que você se tornará parte da
família, Tank. Não poderíamos ter ganhado um genro melhor.
Enquanto Tank dava um beijo em cada bochecha da minha mãe e virava-se
para apertar a mão do meu pai, meu coração se aqueceu. Era assim que nosso
casamento deveria ser, com pessoas que estavam genuinamente felizes por
nós, não tentando nos separar. Ao ver Tank interagir com meus pais, eu me
lembrei de que havia muitas pessoas que estavam ali não só para comemorar
conosco, mas que realmente queriam o melhor para nós. Ao mexer comigo,
Ethel me distraíra de todo o amor que cercava eu e Tank naquele momento. E
não podia permitir que ela fizesse aquilo porque, apesar dos esforços dela
para o contrário, eu era a mulher mais sortuda do mundo.
— Como você está, papai? — perguntei ao me aproximar dele.
Ao me abraçar, senti o odor amadeirado da colônia dele, que me levou
direto para minha juventude, já que me pai sempre tivera aquele cheiro.
Albert Ward tinha a idade da minha mãe, mas, por causa da calvície precoce,
parecia um pouco mais velho, apesar da feição animada.
— Orgulhoso da minha filha — disse ele. — E feliz por ela. No voo para
cá, fiquei pensando em tudo que conquistou desde que você e Jennifer saíram
do Maine para ir para Manhattan. Veja o sucesso que teve com seus livros. E
agora, veja o homem com quem está prestes a passar o resto da vida. Você
nunca nos decepcionou, Lisa.
— Eu nunca tentei.
— Bom, é verdade. Não até então.
— Está pronto para me levar ao altar amanhã?
— Se você tivesse escolhido outra pessoa que não fosse Tank, talvez eu
tivesse minhas dúvidas. Mas não tenho nenhuma. — Ele olhou para Tank. —
Será meu prazer levar minha filha até você.
— Isso significa muito para mim — disse Tank. — Obrigado, Al.
— Obrigado. Agora, veja — disse ele, virando-se para mim. — Vocês dois
devem ir socializar. Não se preocupem com a sua mãe e eu. Estaremos
andando por aqui e apresentando-nos a todo mundo.
— Concordo — disse minha mãe. — Vão se divertir com seus amigos.
Xô!
— Eles são os melhores — disse eu a Tank quando nos afastamos deles.
— Eles são mesmo — concordou ele. — Queria que sua mãe fosse minha
mãe.
— Ué — disse eu ao passar a mão em volta da cintura dele. — Agora ela
será.
***
Meia hora antes de o jantar ser servido, Tank foi passar um tempo com Alex
e Cutter enquanto fui falar com Jennifer e Blackwell. Elas estavam com uma
taça de champanhe na mão e admiravam um dos arranjos de flores.
— Não cheguem perto demais — eu as adverti ao me aproximar. — Não
quero que aconteça nada com vocês. Ethel já foi o suficiente.
— Ela é uma herege — disse Blackwell. — Anunciar que não aparecerá
amanhã daquele jeito foi mais do que cruel.
— E ridículo — disse Jennifer. Naquela noite, ela vestia um vestido
vermelho maravilhoso, os cabelos estavam presos em um coque e achei que
estava tão graciosa quanto linda. — Mesmo assim, depois de tudo que ela a
fez passar, Lisa, você está melhor sem a presença dela, a não ser que Tank
não se sinta da mesma forma. Digo, ela é a mãe dele, no final das contas.
Como ele está?
— Ele está irritado — respondi. — Quando o jantar terminar, acho que ele
vai conversar com ela. Ela deveria levá-lo ao altar amanhã. Quem fará isso se
ela não aparecer?
— Eu o levarei — disse Blackwell. — Na verdade, seria uma honra.
— Eu avisarei a ele, Barbara. Obrigada por se oferecer.
— Seria um prazer porque, a essas alturas, todos sabem que considero
Alex e Tank meus filhos postiços.
— Assim como você é meu útero postiço — provocou Jennifer.
— Apesar de não soar tão bem, querida, aprecio o sentimento.
— Olha, mas olha, são os biscoitos! — ouvi Epifania gritar. — Epifania
vai entrar de penetra na sua festa!
Olhei por sobre o ombro quando ela começou a se aproximar de nós e tive
que admitir, Epifania se vestira apropriadamente para o evento. Em vez de
parecer uma sereia sensual, ela parecia revigorada, sem vexames e chique.
Ela usava um vestido justo Naeem Khan com mangas curtas que ia até um
pouco abaixo do joelho. Ele era dourado, brilhante e elegante, com a frente
bordada com paetês e uma silhueta que complementava as curvas dela. Em
relação às joias, ela usava diamantes apenas nas orelhas e um anel de
diamante solitário no dedo anelar esquerdo.
O que fez meu queixo cair quando o vi.
— Epifania — disse eu assim que ela se juntou a nós. — Isto é o que acho
que é? Você e Rudman estão noivos?
— Ah, minha nossa senhora — disse ela com empolgação na voz. — Sim,
estamos! Mas vocês não deveriam ter notado ainda. Estive tentando esconder
de vocês porque o final de semana é seu, não meu! A atenção deveria estar
em você!
— Eu não ligo para nada disso — disse eu, abraçando-a. — Estou tão feliz
por você! Você esperou anos até que o homem certo aparecesse e Rudman é
perfeito. Acho que todos aqui concordariam comigo.
— Ele com certeza é o homem certo para ela — disse Jennifer.
— Eu não poderia concordar mais — disse Blackwell. — Rudman ama
Epifania. Partes de mim ainda estão tentando processar como pode ser, é
claro, dado o passado sórdido dela. Mas eu sei que, independentemente disso,
ele a ama.
— Por que está enchendo meu saco, querida?
— Foi uma piada e você sabe disso — disse Blackwell. — Como eu já
disse, sou totalmente a favor do seu casamento com Rudman. Porque ele é o
cara certo para você. Qualquer um que tenha olhos consegue ver o quanto
aquele cara está caidinho por você.
— Quando ele a pediu em casamento? — perguntei. — Como ele a pediu
em casamento? Quero saber tudo!
— Mas eu não deveria falar sobre isso agora — disse Epifania. — Este é o
seu final de semana, não meu.
— Fale logo! — disse eu.
— Bom... Está bem. Se é o que você quer. Foi super-romântico — disse
ela.
— Continue...
— Há alguns dias, ele me convidou para jantar na casa dele, como já fez
um milhão de vezes antes. Ele não deixou transparecer nada. Zero. Em vez
disso, foi só um jantar normal no apartamento dele. Bebemos. Beijamo-nos.
Comemos. De repente, ele estava de joelhos, o que me surpreendeu! Porque,
depois do jantar, geralmente sou eu que fico de joelhos!
— É, tem isso — disse Jennifer.
— Com ele de joelhos, olhando para mim com aqueles grandes olhos
azuis... comecei a entrar em desespero porque Epifania não é boba, ela sabia
o que aquilo significava. Depois de dizer que me amava, ele tirou uma
caixinha de veludo preta do bolso e abriu-a. Eu vi aquela pedrona e, logo
depois, ele me pediu para casar com ele.
— E o que você disse? — perguntei.
— Ai, Heyzeus Cristo, é aí que fica constrangedor — disse ela.
— Não é constrangedor — disse Jennifer. — Sua reação foi sincera, real e
doce.
— Eu comecei a chorar — disse Epifania. — Eu respondi que era óbvio
que me casaria com ele. Porque Rudsy me entende. O que eu sei que não é
fácil, mas ele me entende. Sei no fundo do meu coração que ele está
apaixonado por mim, não pelo meu dinheiro. E agora? Agora, esta garota está
finalmente fora do jogo!
— Vocês já decidiram a data?
— Ainda não. Porque Rudsy e eu vamos nos divertir primeiro! Vamos
viajar pelo mundo, vamos comprar um apartamento enoooorme que seja bom
para nós dois. Depois, decidiremos uma data e vamos nos casar. Lisa, quero
que seja uma das minhas madrinhas. Também quero que a Morte Negra aqui
seja uma.
— Que gentil da sua parte — disse Blackwell. — Vou usar meu vestido
gótico invernal.
— Vestido infernal? Nunca ouvi falar nisso!
— Não... deixe para lá — disse Blackwell, polindo a taça de champanhe
ao revirar os olhos. — Só me considere presente, Epifania. É só o que precisa
saber.
— Digo o mesmo — comentei.
— Que perfeito — disse ela. — Epifania tá tão feliz!
Em seguida, ela se virou para Jennifer.
— Yennifer, sei que ainda não falei com você, mas espero que também
seja uma das minhas madrinhas de honra.
— A honra seria minha, Epifania. E sabe quais são as boas novas? Depois
de amanhã, sua madrinha saberá de verdade o que diabos fazer!
***
Três horas depois, atrás de uma divisória que fora montada para todas nós na
parte traseira da tenda, fiquei de pé de frente para um espelho de corpo inteiro
e olhei-me enquanto ouvia Arioso, de Bach, tocando do lado de fora da tenda
e Blackwell e Jennifer garantiam que meu vestido estivesse perfeito.
— Lisa — disse Jennifer ao dar um passo atrás. — Você está tão linda que
Tank não saberá o que fazer quando a vir assim.
— Ele não saberá mesmo — disse Blackwell — Porque, vamos ser
sinceras, este vestido, este cabelo e esta maquiagem são algo triunfal. Em
relação ao vestido, graças a Deus por Chloe na Bergdorf porque, sem a ajuda
dela, nunca teríamos conseguido colocar as mãos em algo conhecido como o
raro e cobiçado vestido de casamento Vera Wang Galilea. Wang só fez
quatro desses este ano... e cada um por oito mil, aquela gananciosa. Mas é
divoon, não é, meu amor? Vale cada centavo. Olhe só como veste bem —
disse ela ao trocarmos olhares no espelho. — O detalhe no pescoço, o laço de
macramê. As costas de tule francês. O véu delicado feito à mão. É mais do
que maravilhoso. Além disso, olhe o que Bernie fez com seu cabelo. Ele deu
a você um estilo “solto e simples” favorecido por Gigi Hadid, o que está
absolutamente na moda agora. E a maquiagem... tão polida e viva. Você
parece uma princesa. De verdade. E, falando nisso, minha querida, preciso
parabenizá-la por não cair naquela besteira de “algo novo, algo velho, algo
emprestado, algo azul”. Porque você não precisa de nada disso agora.
— Eu nem me reconheço — disse eu. — Digo, sei que sou eu, mas é como
se eu tivesse sido editada no Photoshop. Eu nunca achei que poderia ter esta
aparência.
— Esta é você no seu melhor — disse Blackwell. — E o fato de você ter
escolhido usar apenas a aliança de diamante foi a coisa certa porque é a única
joia que todos devem ver hoje. Bravo! Muito bem! Perfeição! Champanhe?
— Estou tão nervosa agora que uma taça seria bom, mas vou passar.
Porque, como vocês sabem, Tank e eu trocaremos votos. Decidimos que,
quando chegar a hora, queremos estar inteiros para ouvir o que virá do
coração do outro.
— Que ousada — disse Blackwell. — Mas muito romântica. Você já sabe
o que dirá?
— Olhe, não sou burra... tenho alguma ideia, mas é só o que preciso.
Quando eu olhar para Tank e dizer meus votos, direi exatamente como me
sinto em relação a ele e a nós.
— Que coisa mais Philippe Petit — disse ela.
— Quem?
— Philippe Petit. Ele era de outra época, da metade dos anos setenta, e
andou em uma corda esticada entre as Torres Gêmeas. As torres não existem
mais hoje em dia, claro, o que ainda me deixa arrasada pelos amigos que
perdi naquela época. Mas a coragem que ele mostrou ao andar naquela corda
se assemelha de alguma forma ao que você e Tank estão prestes a fazer...
dizer os votos sem uma rede de segurança.
— Só espero ser coerente.
— Você será — disse Jennifer. — Você é uma escritora, afinal de contas.
— De zumbis.
— É, tem isso — disse Jennifer. — Mas você se sairá bem.
— Vamos mostrar aos outros como você está? — perguntou Blackwell.
— Vamos — disse eu. — Mas, antes disso, deixe-me tirar um momento
para olhar para vocês duas.
Eu pedira a todas as madrinhas que usassem algo sofisticado e elegante
com tons de rosa pastel para o casamento, mas, como Jennifer era a madrinha
principal, o vestido dela precisava se sobressair um pouco, o que acontecia de
uma variedade de formas sutis. Era uma regra conhecida que ninguém
deveria ofuscar a noiva e Jennifer, Blackwell, Alexa e Daniella não faziam
isso. Jennifer usava um vestido midi Carolina Herrera sem mangas com um
tom claro e bonito de rosa. Bernie fizera um coque dramático no cabelo dela.
E, como eu decidira usar apenas a aliança de noivado, Jennifer seguira a
deixa e também só usava as alianças de noivado e casamento.
Achei que ela estava perfeita.
Assim como Blackwell, o que não era surpresa alguma para quem a
conhecia. Ela usava algo que não tinha exatamente o mesmo drama que o
vestido de Jennifer, mas era chique demais. Com a ajuda de Chloe, elas
entraram em contato com a Gucci vários meses antes para ver se conseguiam
variações diferentes para Blackwell e as filhas do vestido de capa Cady de
mangas curtas com um detalhe de tafetá na linha do pescoço e rebites. Cada
vestido era diferente o suficiente para permitir que Blackwell e as filhas
tivessem sua individualidade e, ainda assim, fizessem parte de algo planejado
e coeso.
— Lisa, sua mãe e seu pai estão aqui — disse Alexa. — Eles disseram que
você só tem mais dez minutos. Epifania já foi se sentar com Rudman. Todas
nós precisaremos ir até o altar em breve. Você precisa vir aqui agora.
— Ai, meu Deus — disse eu. — Isso está realmente acontecendo.
— Está — disse Blackwell. — E rápido... finalmente.
***
Depois que Alexa, Daniella e Blackwell saíram para ir até o altar com os
padrinhos com quem faziam par, Jennifer se virou para olhar para mim antes
de ir encontrar Alex.
— Como você está? — perguntou ela.
— Acho que estou começando a ter uma crise de ansiedade — disse eu.
— Sério? Ou está só brincando? Não brinque comigo agora, Lisa. Porque
está tudo acontecendo e preciso sair para encontrar Alex. Você está bem?
— Estou bem — respondi, depois de respirar fundo. — Nervosa, mas bem.
Então... vá. E obrigada por tudo, Jennifer. Vejo você em um instante.
— Antes, deixe-me arrumar seu véu — disse ela enquanto ajustava-o
rapidamente. — Pronto, agora você está perfeita. E estou indo — disse ela
para mim. — Eu a amo.
E, em seguida, ela saiu da tenda com as rosas brancas à sua frente... e
parecendo totalmente a estrela que era.
Para o meu buquê, eu escolhera algo simples com girassóis tão claros
quanto o dia. Uma flor que cercara Tank neste campo enquanto crescia na
fazenda. Ethel compartilhara aquela informação comigo quando fomos à
florista, quando cometeu o erro de apontar tudo a que era alérgica. — Mas
esses girassóis? — dissera ela para mim no dia. — Eles o levarão à juventude
dele. Ele se lembrará dos campos no outono. Eles significarão algo para ele.
Assim, eu os comprei, esperando que fizessem mesmo isso.
Ao observar Jennifer pegar a mão de Alex e começar a andar em direção
ao gazebo ao som de Clair de Lune de Debussy, meu pai se aproximou por
trás e colocou a mão sobre o meu ombro. — Agora, é meu dever dizer a você
que não precisa continuar com este casamento. Portanto, você não precisa
continuar com este casamento, Lisa. Dito isso, está pronta para continuar com
este casamento?
Sorri quando ele disse aquilo e assenti. — Mais do que tudo, pai.
— Sua mãe e eu estamos orgulhosos de você — disse ele. — Você e
Jennifer encontraram homens bons com quem passar o resto da vida. Sua mãe
e eu amaremos Tank como se fosse nosso filho.
— Eu agradeço, pai — disse eu, abraçando-o. — Obrigada por sempre me
apoiar.
— Está na hora de irmos? — perguntou ele.
Espiei o lado de fora da tenda e vi o padre Harvey subindo os degraus do
gazebo. — Acho que está — respondi. — O padre Harvey está lá. As pessoas
estão procurando-nos. Vamos.
— Então... vamos.
Passei o braço pelo braço dele e fomos.
Quando saímos da tenda, a primeira coisa que senti foi o sol quente sobre a
pele, um calor opressor pressionando-me por todos os lados. Em seguida,
senti repentinamente uma energia direcionada diretamente a mim porque,
quando papai e eu começamos a andar em direção ao gazebo, as pessoas
começaram a sorrir e tirar fotos de nós dois, o que eu não esperava de forma
alguma. Por causa da influência de Ethel, eu esperava enfrentar uma multidão
especialmente hostil, o que era o motivo pelo qual me sentira tão nervosa
alguns momentos antes. Mas, ao andarmos pelo tapete e passarmos pelos
convidados, hostilidade foi a única coisa que não senti. Eu sentia que as
pessoas estavam felizes por me ver. Que estavam prontas e ansiosas para que
aquele casamento acontecesse.
Será que Ethel fez alguma coisa?
Fiquei imaginando por causa do que eu a ouvira dizer à irmã Margaret
pelo telefone, o que não fora uma acusação leve. Eu também sabia que ela
influenciara outras pessoas contra mim. Depois de sair da casa naquela
manhã para encontrar meus amigos, ela de alguma forma encontrara tempo
para fazer algumas ligações em um esforço para mudar as coisas para mim e
Tank? Ou ela já tinha feito aquilo quando desceu para se desculpar?
Qualquer que seja o caso, ela deve ter feito algo, pensei enquanto eu e
papai andávamos pelo mar de rostos sorridentes. Talvez ainda haja esperança
para nós, no final das contas...
Ao me apoiar em meu pai, olhei para frente e vi Tank observando-me
enquanto nos aproximávamos. Ao encará-lo, ele estava à direita do padre
Harvey, com Alex e o resto dos padrinhos ao lado dele. Senti um ímpeto de
amor ao vê-lo.
Ele parece feliz, pensei ao sorrir para ele. Parece tão empolgado quanto eu
agora. E veja só como está maravilhoso com esse smoking. Tem como ele
ficar mais lindo? Não. Como acabei nesta vida? Como consegui ser tão
sortuda para me casar com um homem tão bondoso, inteligente, corajoso e
generoso?
Papai e eu subimos os degraus e, quando vi que Blackwell tinha lágrimas
de verdade dos olhos, com Jennifer alegremente acompanhando-a, quase me
descontrolei ali mesmo.
E teria se o padre Harvey não começasse a falar naquele momento.
— Quem apresenta esta mulher a ser casada com este homem? —
perguntou ele alto o suficiente para que todos ouvissem.
— Eu e a mãe dela — disse meu pai.
— Muito bem — disse padre Harvey, acenando com a cabeça para que
meu pai se sentasse depois que eu o beijei. Em um torpor, parei ao lado de
Jennifer enquanto observava meu pai descer os degraus para se juntar à
minha mãe na primeira fileira. Quando olhei para mamãe, ela acenou
discretamente antes de colocar a mão sobre o coração.
— Estamos reunidos aqui hoje para unir essas duas pessoas em
matrimônio — disse o padre Harvey. — A decisão de Tank e Lisa de se
casarem não foi fácil e, hoje, eles declaram sua devoção particular um ao
outro. A essência deste comprometimento é a aceitação de cada um de forma
completa, como amantes, companheiros e amigos. Um relacionamento bom e
equilibrado é aquele no qual nenhuma pessoa tem poder sobre a outra ou é
absorvida pela outra, aquele no qual nenhuma pessoa é possessiva com a
outra, aquele no qual os dois dão amor livremente e sem ciúmes. Casamento
é compartilhar responsabilidades, esperanças e sonhos. É preciso esforço para
crescer em conjunto, sobreviver a tempos difíceis e ser amoroso e altruísta.
Ele pediu que Tank e eu ficássemos um de frente para o outro, o que
fizemos.
— Vocês dois se comprometem a compartilhar a vida abertamente um
com o outro e falar a verdade no amor? Vocês prometem honrar e cuidar,
alegrar e encorajar um ao outro na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
até que a morte os separe?
— Sim — eu e Tank respondemos em uníssono.
— Vocês se comprometem a compartilhar o amor e as alegrias do
casamento com todos à volta, para que aprendam com seu amor e sejam
encorajados a crescer?
— Sim — dissemos novamente.
Em seguida, padre Harvey pediu a Jennifer e Alex que apresentassem as
alianças. Ao abrir as duas caixas de veludo preto, o significado profundo
daquele momento me acertou. Em alguns segundos, Tank e eu nos
tornaríamos oficialmente marido e mulher, o que me deixou exultante, assim
como sabia que deixara Tank. Porque, quando as alianças foram apresentadas
por nossos amigos, ele olhou para mim e vi seus olhos brilharem com uma
emoção inesperada. Após todos aqueles anos, depois de tudo que passáramos
juntos, aquele momento finalmente chegara.
— Que essas alianças sejam abençoadas como um símbolo da sua união —
disse o padre Harvey. — Sempre que olharem para elas, que não sejam
lembrados apenas deste momento, mas também dos votos que fizeram e da
força do comprometimento que têm um com o outro. — Ele olhou para os
convidados. — A noiva e o noivo decidiram dizer os próprios votos. Lisa e
Tank, deem um passo à frente e virem-se um para o outro.
E foi o que fizemos.
— Tank — disse o padre Harvey. — Compartilhe seus votos com Lisa.
Assim como ela, sua família e seus amigos ficarão de pé para ouvi-los.
— Será um prazer — disse Tank ao padre. Ao se virar para mim, ele olhou
diretamente em meus olhos. Meu pulso acelerou e minha mente girou com a
velocidade com que tudo estava acontecendo. Naquele momento, eu me
lembrei do que minha mãe dissera pouco antes de sair da tenda.
Lembre-se deste momento, dissera ela. Nunca se esqueça. Eu sei que será
demais e você sentirá muitas emoções, mas tente ao máximo relaxar e
absorver o que conseguir. Você me agradecerá depois. Eu amo você, Lisa.
Portanto, eu me concentrei assim que Tank começou a falar.
— Lisa, estar aqui com você hoje é exatamente onde quero estar — disse
ele. — E, se há algo de que tenho certeza sobre o futuro, é que você sempre
estará comigo. Eu a pedi em casamento há mais de dois anos e estou muito
feliz por hoje finalmente nos tornarmos um. A partir de hoje, meu coração
será seu abrigo e meus braços serão seu lar. Darei a você minha lealdade e
meu amor eterno porque é a única mulher de que sempre precisarei.
Ele deu de ombros.
— Como poderei fazê-la tão feliz quanto me faz? — perguntou ele. —
Como poderei fazê-la rir da forma como faz comigo, especialmente porque
seu senso de humor é uma das coisas que mais amo em você? O que posso
prometer a você é que tentarei. Pelo resto de nossa vida, tentarei garantir que
você sempre saiba que é a pessoa mais importante no mundo para mim. Nós
nos escolhemos e preciso que saiba que esta foi a melhor decisão que já
tomei na vida. Desde que nos apaixonamos, você tem sido minha base, meu
porto seguro, minha eterna fonte de motivação. É por isso que prometo, na
frente de todos os nossos amigos e familiares, apoiá-la incondicionalmente.
Cuidarei de você enquanto conseguir. Eu a amo, Lisa, e mal posso esperar
para começar nossa vida de casados.
Eu fiquei tão emocionada com os votos de Tank que meus olhos se
encheram de lágrimas, o que me fez pensar se teria forças para dizer os meus
votos a ele. Mas, quando olhei nos olhos de Tank, toda a força de que eu
precisava estava bem ali, esperando-me. Naquele momento de amor
incondicional que acontecia entre nós, eu sabia tudo que queria dizer a ele.
— Tank — comecei. — Estou aqui hoje para prometer a você que eu o
amarei pela eternidade. Você é um dos homens mais corajosos e incríveis que
já conheci. Além disso, também é meu melhor amigo, minha verdadeira alma
gêmea. Depois de todo este tempo, ainda me surpreendo com seu altruísmo,
sua humildade, seu cuidado e sua natureza cheia de respeito. Obrigada pelo
apoio incondicional à minha carreira ao longo dos anos e por me fazer sentir
amada, mesmo que às vezes eu parecesse não merecer. Mais importante de
tudo, quero agradecer a Jennifer por ter nos apresentado no saguão do nosso
antigo apartamento na Quinta. Foi ali que me apaixonei. Primeiro, a atração
foi física. Mas, quando fomos conhecendo-nos, tornou-se muito mais do que
isso. E, hoje, aqui, acredito de verdade que sou a mulher mais sortuda do
mundo. Eu sempre apoiarei os seus sonhos e expressarei meu amor por você
pelo resto de nossa vida junto, mesmo quando estivermos distantes. Jamais
farei pouco caso da nossa união. Eu sempre o amarei incondicionalmente,
Tank. Nos melhores e nos piores momentos, na riqueza e na pobreza, na
saúde e na doença até que a morte nos separe, mesmo que você de alguma
forma vire um zumbi. Porque, se isso acontecer, acho que todos nós sabemos
que eu ainda o amarei e que provavelmente terei uma estratégia perfeitamente
sã para trazê-lo de volta à vida, onde é o seu lugar. Eu amo você, Tank. Do
fundo do meu coração.
Depois de trocarmos as alianças e o padre Harvey nos declarar marido e
mulher, ele pediu a Tank que beijasse a noiva. Para a minha surpresa, não era
apenas um selinho nos lábios que Tank tinha em mente. Em vez disso, ele
literalmente me deitou no ar, dando-me um grande beijo nos lábios, que eu
retribuí.
— Eu amo você — disse eu no ouvido dele.
— Eu a amo demais, Lisa. Obrigado por ser minha esposa.
Quando ele me posicionou gentilmente de volta sobre o chão do gazebo, vi
o olhar de Ethel na multidão, percebendo que olhava para nós enquanto
limpava as lágrimas dos olhos. Ela acenou para mim com a cabeça, eu acenei
de volta, e vi Harold colocar o braço em volta dos ombros da esposa em um
gesto de amor tão grande que eu sabia que olhava para um homem que levava
seus votos a sério. Apesar de tudo que Ethel fizera, e independentemente do
motivo, ele estava lá com ela. E, por causa da bondade que mostrava a ela, eu
me emocionei.
— Vão em paz e vivam com amor, compartilhando as bênçãos mais
preciosas que têm: as de uma vida em comunhão — disse o padre Harvey. —
Que o tempo de vocês nesta terra seja longo, juntos como um.
Quando os convidados se levantaram e a multidão explodiu em aplausos e
assobios, Tank pegou minha mão, que apertei com toda força, e olhamos nos
olhos um do outro. A grandeza daquele momento me deu calafrios.
Juntos, descemos os degraus, finalmente como marido e mulher. Ao
andarmos pelo tapete vermelho, rindo embaixo da chuva de arroz enquanto
dezenas de fotos eram tiradas, imaginei se já me sentira tão inundada de
felicidade como naquele momento. Ele era perfeito. E completo.
E era nosso... poderíamos revivê-lo para sempre.
EPÍLOGO
Cidade de Nova Iorque
Um mês depois
Dois dias depois que Tank e eu voltamos da lua de mel em Bora Bora,
Jennifer me ligou para saber se queria almoçar com ela.
— Por favor, diga-me que está livre esta tarde — disse ela. — Dei dois
dias inteiros para que se acomodasse e não aguento mais. Você ficou longe
por muito tempo, senti muita saudade. Diga-me que está livre.
Eram nove horas da manhã, Tank já fora trabalhar e eu estava prestes a
sentar no computador para começar meu próximo livro, que obviamente
poderia esperar mais um dia. — Estou completamente livre — disse eu. — E
adoraria almoçar com você. É só me dizer onde e estarei lá.
— Que tal irmos ao Ruby’s? — perguntou ela.
— Ruby’s Diner? Não sei nem quando foi a última vez que comi lá. Tank
e eu tivemos nosso primeiro encontro lá.
— Alex e eu íamos muito lá, mas, por algum motivo, paramos. Tenho me
sentido um pouco nostálgica, portanto, pensei em ir lá hoje. Porque,
sinceramente, também não consigo me lembrar da última vez que fui lá.
— Pois é — disse eu. — Eu adoraria comer lá. Que ótima ideia pensar
nisso. Pode contar comigo só pela nostalgia toda.
— Combinado — disse ela. — Que tal me encontrar ao meio-dia no
escritório de Blackwell? Porque, quando contei ontem que ligaria para você
para combinar o almoço, ela deixou bem claro que queria saber tudo sobre a
sua lua de mel, como eu. Vamos conversar um pouco no escritório dela,
depois, tenho uma surpresa e aí sim podemos ir almoçar.
— Que surpresa?
— Você verá — disse ela. — É melhor levar um lenço!
— O que quer dizer com isso?
— Você verá. Vejo você ao meio-dia!
***
***
***
###
Muitos leitores perguntaram! ;-)
Eis a ordem de leitura da série Acabe Comigo:
Liberte-me, Vol. 1
Liberte-me, Vol. 2
Liberte-me, Vol. 3
Liberte-me: Casamento
Chance
Encenação
Mal pode esperar pelo meu próximo livro? Há mais deles a caminho e é fácil
descobrir quando! Basta me encontrar no Facebook aqui e, especialmente,
participar da minha lista de e-mail aqui. Assim, você nunca perderá outro
livro nem a oportunidade de receber um convite para revisão antes que o livro
seja publicado.
Se quiser deixar uma avaliação deste ou de qualquer outro dos meus livros,
eu agradeço. Avaliações são essenciais para todos os escritores. Nem que seja
uma avaliação breve. Obrigada!
Com amor,
Christina