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1.Rubem Fonseca nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1925.

Estreou-se como
contista. Autor de histórias policiais e romances sobre a vida do fundo, escreveu diversos
roteiros de filmes, muitas de suas obras foram filmadas (inclusive por seu filho). O pano de
fundo urbano, geralmente metropolitano da ação, a atenção aos lados obscuros da
existência humana, os motivos eróticos distinguem nitidamente a prosa de Fonseca da
literatura tradicional brasileira, em grande parte focada em imagens da vida rural.Rubem
Fonseca teve uma ampla experiência profissional antes de se dedicar à literatura, foi
inspetor de polícia e também gerente de multinacional. Desta forma, consegue descrever
diferentes tipos de personagens, de executivos a gente do povo, com bastante
verossimilhança. O escritor foi reconhecido pelo trabalho na literatura em 2003, com o
Prêmio Camões.

Em 1976, um de seus livros mais importantes, Feliz Ano Novo, foi proibido de circular e de
ser publicado, após decisão do então Ministro da Justiça, Armando Falcão, em 15 de
dezembro daquele ano. A alegação seria de que a obra conteria matéria "contrária à moral
e aos bons costumes".Sobre esse episódio, o então secretário-geral do Ministério da
Educação e posteriormente Ministro da Educação no governo Geisel, Euro Brandão, em
ofício ao Ministro da Justiça afirmou que "quanto ao livro "Feliz Ano Novo", de autoria de
Rubem Fonseca, aprovou-se solicitação a V. Exa. para que faça sentir ao Senhor Ministro
da Justiça o nosso aplauso pela providência adotada contra essa obra realmente
representativa da obscenidade literária em nosso País". O livro Feliz Ano Novo, de Rubem
Fonseca, é uma coletânea de contos que giram em torno do tema da violência da vida
urbana. A obra foi publicada em 1975, momento em que o país vivia a ditadura militar. E,
como tantos outros, o livro também sofreu censura, principalmente por conta do teor de
violência das histórias e porque mostravam os problemas sociais que contribuem para a
violência. Além de girar em torno desse tema, os contos narram a vida das pessoas na
cidade grande, abordando também outros problemas como a solidão, a melancolia e a
desilusão.

2.
A.Um vídeo promocional de Ano Novo serve de base para organizar um assalto na véspera
do feriado. Eles ficam com raiva e ressentidos com os ricos.Pereba e o personagem
narrador conversam no apartamento deste na noite de ano novo. Zequinha chega ao
apartamento e diz que estava aguardando umas armas que viriam de São Paulo. Então, os
três vão ao apartamento de uma velhinha, Dona Cândida, buscar as armas. As armas eram
do Lambreta e seriam usadas no dia 2 para assaltar um banco na Penha, subúrbio do Rio
de Janeiro.Ao retornarem ao apartamento com as armas, ficam observando e decidem usar
naquela mesma noite para assaltar uma festa de bacanas.
Roubam um carro e partem para São Conrado à procura da casa ideal. Encontram uma
festa com pouca gente, colocam as meias na cabeça e entram. Mandaram todos deitarem
no chão, renderam os empregados e Pereba sobe com uma mulher para encontrar uma
senhora doente que estava na parte de cima da casa.
Pereba violenta a mulher e mata as duas. O narrador personagem arranca o dedo da
senhora para roubar o anel que não saía.
Ao descerem novamente, comem a ceia e um dos homens diz que podem levar tudo,
que não vão dar queixa à polícia. O momento faz com que se sintam humilhados. Eles
sabem que são migalhas para os ricos e que têm mais.
Isso revolta ainda mais o narrador personagem, pois percebe que o que roubaram não era
nada perto do que os ricos tinham.
Com raiva, manda o homem se levantar e atirar, tentando grudá-lo na parede com a força
da potente arma. Matam mais um homem, violentam outra mulher. Voltaram para casa,
estenderam uma toalha no chão com as comidas que roubaram e brindaram com um “Feliz
ano novo”.

B. O conto se foca em três personagens principais: o narrador em 1ª pessoa, Pereba e


Zequinha.

É narrado em primeira pessoa, do ponto de vista de uma personagem que assiste pela TV
aos preparativos para a chegada do Ano Novo, à propaganda de roupas novas que serão
compradas pelas "madames grandes" e imagina como será a festa dos ricos: bailes, jóias,
vestidos novos etc. Ele e os amigos decidem invadir uma casa de ricos que estão dando
uma festa e ali cometem todo tipo de agressão, incluindo a execução final.
O início do conto centra-se numa apresentação sucinta dos personagens e da situação na
qual eles vivem: a de pobreza extrema associada à função de agentes do crime. O nosso
narrador e protagonista — que durante todo o conto não é nomeado — vive em um conjunto
habitacional de péssima qualidade, não tem nem mesmo água em seu apartamento e
idealiza como jantar de ano novo os restos dos despachos da macumba.
Ele e seu amigo, Pereba (que representa, mais do que tudo, um estereótipo de criminoso
para nós, com instintos violentos e um ódio crescente pela divisão de classes), discutem
sobre a situação em que estão: apáticos diante da fome e da pobreza enquanto as
“madames granfas” e seus maridos se deleitam em suas joias e outros artigos de luxo, se
preparando para iniciar o ano novo com todo estilo — e eles ali, se preparando para comer
os “restos de Iemanjá”. Pereba : personagem de classe baixa, comete um assalto com seus
parceiros em que violenta e mata algumas pessoas. Justifica sua violência dizendo que as
vítimas “engrossaram” e ele teve que tomar uma atitude. Lida com a morte de forma banal,
brincando com as armas.

Zeqiunha- O conflito começa a tomar forma quando Zequinha — outro amigo do nosso
protagonista, que faz o tipo de criminoso mais refinado — tem a ideia de assaltar a casa de
algum rico com o material de um tal de Lambreta, que é alguém por quem todos eles
parecem ter grande respeito.

Lambreta- O respeito por Lambreta é tão grande que, mesmo que eles pensem que ele dá o
“bozó” (ou seja, que é homossexual), eles não se importam — mesmo que concordem que
isso não é coisa que um homem deve fazer. Isto introduz algo importante no conto: a noção
de que, quem tem o real poder (na vida ou em alguma situação), faz o que bem entender. E
é isso que é sustentado por todo o restante do enredo do conto, a partir da violência que
nos é apresentada.

Todas essas são vítimas de bandidos.


Mauricio é o dono da casa. Еle tentou controlar a situação e permitiu que levassem tudo, o
que irritou os ladrões, pois acreditavam que quem tinha a arma tinha o poder.
A mulher de vermelho é sua esposa.
Uma senhora idosa com as joias da mãe.
Cara magrinho é uma vítima aleatória, eu acho. Os bandidos queriam ver como o corpo
seria jogado para trás pelo tiro e apenas treinaram nele.
A moreninha - menina que sobreviveu, mas foi abusada.

С. O narrador se sente superior aos seus amigos. Ele diz sobre si mesmo que sabe ler e
escrever. Fala de forma intermitente, rude e arrogante - você não tem dentes, você é negro
e pobre.
A atitude do Zekinha foi melhor. Ele disse que eles respeitam os outros.

D.Percebi a mensagem do livro: quem tem a arma tem o poder, o poder do dinheiro e das
armas.

3. Apresenta um modo de ver o contato entre o marginalizado e as elites-absolutamente


vinculado ao olhar da classe média , apesar do narrador miserável,- em que estão
ressaltadas a inveja e a violência dos que nada tem.
O que interessa aqui é como esses três homens inscrevem em si esse espaço,
transportando-o em seus corpos. Isso pode ser observado na segunda parte do conto,
quando eles invadem uma mansão, em meio a uma festa de réveillon. Lembrando que a
perspectiva séria de um dos assaltantes, é interessante observar que a única descrição
importante da casa (fora a utilitária, de que ela tinha um jardim extenso e ficava no fundo do
terreno, o que facilitaria o assalto) é de que o banheiro do quarto da proprietária possuía
uma grande banheira de mármore, a parede forrada de espelhos e de que tudo era
perfumado. A descrição entra aí para marcar a diferença óbvia em relação à casa do
narrador, onde obanheiro cheirava tão mal que um dos amigos preferia usar a escada do
prédio. É depois de ver o banheiro da mulher que ele decide defecar sobre a colcha de
cetim de seu quarto. Acena, muito antes de ter seu significado vinculado ao pretenso
desprezo do bandido pelo luxo do ambiente, serve para confirmar o que os donos da casa e
seus amigos (ou os leitores de classe média de Rubem Fonseca) pensam sobre os
marginais: “como não podem ter o que nós temos, eles destroem o que é nosso”. Essa é a
tônica do conto. Os três assaltantes são apresentados como predadores do espaço que
invade. Apesar de sonharem com a riqueza, não demonstram nenhum interesse pelo que
está à sua volta - apenas pisam, sujam, contaminam com a sua presença. Como se
trouxesse consigo a imundície do lugar em que vivem. E isso não está apenas no barro de
seus sapatos, mas no modo como se expressam e se comportam. Enquanto as ricas
vítimas do assalto ficam em silêncio, amarradas no chão - e nós lhes adivinhamos os
modos educados e a sintaxe correta -, os bandidos andam de um lado para o outro
desajeitadamente, comem com as mãos, arrotam alto e usam uma linguagem cujo
vocabulário não abrange muito mais que três ou quatro palavrões.

4. О autor não simpatiza com eles. Caso contrário, a descrição dos personagens principais
seria diferente. O autor deixa o leitor irritado com eles. Mesmo a pobreza não lhes permite
simpatizar. Aconselham o assassinato assim mesmo, porque o objetivo deles não era nem o
roubo, mas a destruição de tudo o que eles não têm.

5. Os personagens de Fonseca representam uma sociedade marginal capaz de cometer


crimes. Quincas, embora bêbado, não cometeu crime.

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