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Álvares de Azevedo
Claudius soltou uma gargalhada. – era sombria como a insânia – fria como a espada do anjo
das trevas. Caiu ao chão: lívido e suarento como a agonia: inteiriçado como a morte... Estava
ébrio como o defunto patriarca Noé, o primeiro amante da vinha, a virgem desconhecida, até
então, e hoje prostituta de todas as bocas... Ébrio como Noé, o primeiro borracho de que reza
a história! Dormia pesado e fundo como o apóstolo S. Pedro no Horto das Oliveiras... O caso
é que ambos tinham ceado à noite... (AZEVEDO, 2000, p. 601).
Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar com medo e angústia. Então
disse a eles: “Minha alma está numa tristeza de morte. Fiquem aqui e vigiem”. [...] Depois
Jesus voltou e encontrou os três discípulos dormindo, e disse a Pedro: “Simão, você está
dormindo? Não pudeste vigiar uma hora! Vigiem e rezem, para não cair em tentação! Porque
o espírito está pronto para resistir, mas a carne é fraca” (MARCOS, 14:32-37)
Johann:
• Johann, do quinto conto, é o único narrador personagem que morre, mas também é o único cujo
passado vem bater à porta.
• A epígrafe do conto, do escritor francês Alexandre Dumas, nos dá uma pista do que acontecerá: “Por
quê? É que meu coração em meio às delícias/ De uma lembrança ciumenta, constantemente
oprimida/ Fria na felicidade presente vai procurar seus suplícios/ No futuro e no passado” .
• Fui à entrevista. Era no escuro. Tinha no dedo o anel que trouxera do morto... Senti uma mãozinha
acetinada tomar-me pela mão, subi. A porta fechou-se. Foi uma noite deliciosa! A amante do loiro –
era virgem! Pobre Romeu! Pobre Julieta! Parece que estas duas crianças levavam a noite em beijos
infantis e em sonhos puros! (AZEVEDO, 2000, p. 602).
• Aquele homem – sabei-lo! Era do sangue do meu sangue – era filho das entranhas da minha mãe
como eu – era meu irmão: uma ideia passou ante meus olhos como um anátema. Subi ansioso ao
sobrado. Entrei. A moça desmaiara de susto ouvindo a luta. Tinha a face fria como mármore. Os seios
nus e virgens estavam parados e gélidos como os de uma estátua... A forma de neve eu a sentia meio
nua entre os vestidos desfeitos, onde a infâmia asselara a nódoa de uma flor perdida (AZEVEDO,
2000, p. 602)
Último beijo de amor:
Considerações finais: