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Cenários da

Saúde no Brasil:
O que vem pela frente?

André C. Medici
Economista da Saúde
Consultor do Banco
Mundial em
Washington
SUMÁRIO
• Problemas Crônicos da Saúde no Brasil

• Os Cenários da Economia Brasileira 2023-2024

• Os Desafios Agudos do Setor Saúde


PROBLEMAS
CRÔNICOS DA
SAÚDE NO BRASIL
Problemas crônicos da saúde no Brasil se refletem em questões
estruturais que impactam negativamente a qualidade de vida da
população

Acesso Limitado,
Financiamento Regulação
Precário e
Insuficiente Inadequada
Desigual

Qualidade dos
Gestão Corrupção e Falta
Serviços
Ineficiente de Transparência
Deficiente
Acesso Limitado,
Precário e
Desigual
• Grande parte da população
brasileira enfrenta dificuldades
para acessar serviços de saúde
adequados, especialmente em
áreas rurais e periferias urbanas.

• As deficiências de infraestrutura, a
distribuição desigual de recursos e
a escassez de profissionais de
saúde são fatores que contribuem
para essa limitação.
Acesso precário aos serviços de saúde, de acordo com as
variáveis socioeconômicas e de saúde entre a população
adulta brasileira. IBGE - Pesquisa Nacional de Saúde
Porcentagem com Acesso
Variável Precário aos Serviços de Saúde

1. Cor da Pele (Pretos e Pardos x Outros) 23,3% - 12,9%

2. Escolaridade (Sem Escolaridade, Fundamental, Médio, Superior ou Mais) 30,4%-19,4%-17,2%-9,2%

3. Autoavaliação de saúde (Boa ou Muito Boa; Regular; Ruim ou Muito Ruim) 14,5% - 19,9% - 25,0%

4. Afiliação a Plano de Saúde (Com Plano de Saúde; Somente com o SUS) 7,1% - 23,6%

5. Região (Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Norte, Nordeste) 12,9%-11,2%-24,5%-31,1%-27,0%

Dantas, M.P et al. (2021), Fatores associados ao acesso precário aos serviços de saúde no Brasil, Revista Brasileira de Epidemiologia,
https://doi.org/10.1590/1980-549720210004

A precariedade de acesso foi medida pela disponibilidade (quantitativo dos serviços em relação a demanda); cessibilidade físi ca para aqueles que moram em
locais periféricos e distantes; Adequação em relação aos produtos, aos serviços e práticas durante o atendimento do usuário e qualidade do serviço, caracterizado
não só pela qualificação dos profissionais e pela qualidade dos produtos utilizados.
Levantamento da demografia médica brasileira elaborado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Mario Scheffer/ Conselho Federal
de Medicina
Porcentagem da
população com
acesso a planos de
saúde no Brasil por
Unidade da
Federação
(Fevereiro 2024)

Fonte: ANS
Financiamento
Insuficiente
O sistema de saúde brasileiro, composto
pelo SUS e pela Saúde Suplementar,
enfrenta problemas de financiamento,
com recursos insuficientes para atender
às demandas da população.

As maiores deficiências se encontram no


financiamento público onde os gastos
setoriais estão aquém da média mundial
Quanto o Brasil gastou em saúde
em 2023?

Fonte: estimativa Anahp com base em dados da OCDE, STN e ANS (consulta em 12/03/2024), atualizados pelo
IPCA para 2023.
E o que aconteceu entre 2022 e 2023?
Natureza da Despesa Despesa em R$ de Dez 2023 Distribuição %

2022 2023 Crescimento (%) 2022 2023

Gastos Direto (OOP) 280,95 302,76 +7,8 29,34 30,99

Saúde Suplementar 264,74 242,48 -8,4 27,65 24,83

Gastos Pub. Federais (*) 198,20 194,21 -2,0 20,70 19,88

Gastos Pub. Estaduais 104,90 111,77 +6,5 10,95 11,44

Gastos Pub. Municipais 108,77 125,63 +15,5 11,36 12,86

TOTAL 957,56 976.85 +2,0 100,00 100,00

(*) Inclui além das despesas pagas os gastos empenhados


Gastos Federais com Saúde no Brasil em R$ de Dezembro de 2023 pelo Conceito Ações
e Serviços Públicos de Saúde (ASPS)

Fonte: MF-STN-RREOS DEZEMBRE DE 2012 a 2023 – dados deflacionados pelo IPCA.


Regulação
Inadequada

O sistema de saúde brasileiro é fragmentado. Não há uma integração


ou uma regulação comum entre o SUS e a Saúde Suplementar. Isto cria
duplicações, superposições e vazios temáticos e institucionais.

Não há clareza sobre a definição de coberturas nem sustentabilidade


relacionada às incorporações de tecnologia. Não se leva em conta uma
regulação que seja compatível com as diversidades regionais de saúde.

A ausência ou deficiência de um planejamento estratégico adequado


prejudica a alocação eficiente de recursos, resultando em desperdício
de verbas e dificuldades na priorização de ações e investimento
Gestão
Ineficiente
A má gestão na área da saúde é um tema multifacetado que passa
por deficiências de planejamento estratégico, nomeações políticas
para cargos técnicos e ausência de meritocracia, recursos
humanos desmotivados, despreparados e sem incentivos para
serem eficientes, falta de logística nos processos de compra e
distribuição de insumos, entre outros problemas.

A excessiva burocracia no setor de saúde, em todos os níveis de


governo, dificulta a implementação rápida e eficiente de ações e
programas, atrasando o atendimento às necessidades da
população.
Embora o SUS tenha melhorado o foco na APS e na prevenção de doenças faltam recursos e
estratégias efetivas para a promoção da saúde e prevenção de condições crônicas, como
diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, num contexto de rápido envelhecimento
populacional.

Há uma excessiva politização do tema da APS que acaba deslegitimando recompensas aos
provedores mais eficientes, em defesa de uma falsa equidade entre prestadores e profissionais
que encobre as diferenças de produtividade e qualidade, pune os mais eficientes e premia
amigos e apaniguados.
Qualidade dos
Serviços Deficiente

Embora existam muitos profissionais de


saúde qualificados no Brasil, a qualidade
dos serviços de saúde nem sempre é
adequada, podendo levar a reduções de
oferta de serviços relevantes.

Isso pode estar relacionado à falta de


investimentos em capacitação profissional,
infraestrutura precária e falta de protocolos
de atendimento padronizados.
Produção de Serviços Ambulatoriais per capita, Brasil 2008-2020

Fonte: Ministério da Saúde DATASUS – SAI/SUS


Corrupção e falta
de transparência

A corrupção e o desvio de recursos destinados à


saúde são problemas graves que afetam a
disponibilidade de investimentos para melhorias no
sistema. Desvios de verbas públicas, fraudes em
licitações e outras práticas ilegais prejudicam a
capacidade do sistema de saúde de atender às
necessidades da população.

A falta de transparência na gestão dos recursos e


processos na área de saúde dificulta o controle
social e a fiscalização por parte da sociedade e das
autoridades, o que pode permitir o surgimento de
práticas inadequadas.
OS CENÁRIOS DA
ECONOMIA
BRASILEIRA:
2023-2024
Crescimento do PIB 2005-2025
Redução do custo
Brasil

Taxas de juros e
investimento

Relatório Focus BACEN


Perspectivas da Inflação: 2005-2025
Contexto externo
complexo e preços
internacionais

Questões climáticas e
agronegócio

Relatório Focus BACEN


Taxas de Juros: 2005-2025
Controle e eficiência
do gasto público

Perspectivas da
inflação

Gastos com eleições

Relatório Focus BACEN


Contexto favorável para o emprego
e os salários
Taxas de Desocupação Salário Médio e Salario Inicial

Relatório Focus BACEN


OS DESAFIOS
AGUDOS DO SETOR
SAÚDE
Desafios agudos da saúde no Brasil se refletem em questões
conjunturais que levam a situações críticas que impactarão a
curto prazo da saúde no Brasil

• Crise da Saúde Suplementar;


• Envelhecimento Populacional;
• Fraca Resposta aos Requisitos de Inteligência Artificial;
• Fraca Capacidade Diagnóstica da Rede de Saúde;
• Fragmentação do Cuidado Assistencial,
• Fraca Capacidade de Resposta Pandêmica e aos Desafios de Saúde Pública;
• Incorporação de Novas Tecnologias e Medicamentos.
Crise da Saúde Suplementar

Reajustes dos planos de saúde: são elevados para indivíduos e empresas, mas insuficiente para as
operadoras frente ao crescimento dos custos assistenciais;
Aumento da sinistralidade: O aumento das despesas médicas, devido a avanços tecnológicos e
envelhecimento da população e fraudes no sistema tem levado a uma sinistralidade elevada,
impactando a sustentabilidade financeira das operadoras.
Queda na qualidade dos serviços oferecidos, com dificuldades na marcação de consultas, longas
filas de espera para procedimentos e falta de cobertura para certos tratamentos, levando a
judicialização da saúde suplementar:
Dificuldades de integração e colaboração com o sistema público de saúde, resultando em uma
fragmentação do cuidado e redundância de recursos.
Regulação antiquada, centralizada e pouco efetiva.
Para enfrentar esses desafios, é necessário um esforço conjunto entre os órgãos reguladores,
operadoras de planos de saúde, profissionais de saúde e a sociedade em geral. Medidas como
aperfeiçoamento da regulação, incentivo à prevenção de doenças, maior transparência nas
relações entre operadoras e beneficiários, e investimentos em tecnologia podem contribuir para
superar a crise da saúde suplementar no Brasil.
Envelhecimento Populacional

O Censo Demográfico de 2022 mostrou uma população brasileira


muito menor do que a esperada e uma população de idosos
proporcionalmente muito maior.

O envelhecimento da população brasileira impõe novos desafios ao


sistema de saúde. O aumento da demanda por serviços de saúde
voltados para doenças crônicas e cuidados de longo prazo.

Isto requer estratégias de cuidados integrados e políticas de


envelhecimento saudável.
Requisitos de inteligência artificial

• A incorporação da inteligência artificial (IA) no sistema de saúde brasileiro ainda apresenta


desafios significativos, mas também oferece oportunidades promissoras.

• Os principais desafios são: (i) limitada infraestrutura tecnológica do sistema de saúde


brasileiro; (ii) precária coleta, padronização e compartilhamento de dados devido à ausência
de prontuários eletrônicos e falta de interoperabilidade nos sistemas de saúde; (iii) precária
estrutura regulatória para garantir a segurança dos pacientes e a proteção de dados e; (iv)
escassez de profissionais de saúde capacitados e treinados para usar e interpretar as
informações fornecidas pelos sistemas de IA.

• É importante que o governo, as instituições de saúde, as empresas de tecnologia e a


sociedade civil trabalhem em conjunto para enfrentar esses desafios e promover a adoção
responsável e efetiva da IA no sistema de saúde brasileiro.
Fraca capacidade diagnóstica da rede de saúde

Infraestrutura inadequada para a realização de testes;

Acesso limitado aos serviços diagnósticos de saúde;

Falta de profissionais qualificados para a realização de diagnósticos;

Demora excessiva na entrega dos resultados;

Falta de integração e compartilhamento das informações.


Fragmentação do cuidado assistencial

Sistema de saúde segmentado (SUS, saúde suplementar, saúde das empresas, outros sistemas);

Falta de integração entre os níveis de atenção;

Ausência de prontuários eletrônicos unificados;

Barreiras geográficas e socioeconômicas.

Falta de cuidado centrado no paciente.


Fraca Capacidade de Resposta Pandêmica e aos Desafios de Saúde Pública

Epidemias, como a pandemia da COVID-19 e, recentemente no


Brasil a Dengue, colocam uma pressão adicional no sistema de
saúde que o país não se encontra preparado para enfrentar.

Desafios significativos ameaçam a resposta à pandemia, incluindo


falta de recursos, capacidade hospitalar insuficiente e dificuldades
na coordenação de ações entre os diferentes níveis
governamentais.
Incorporação de Novas Tecnologias e Medicamentos

Avaliação da eficácia e segurança (falta de unificação entre a CONITEC e a saúde suplementar);


Custo e acessibilidade às tecnologias e medicamentos;

Integração das novas tecnologias aos protocolos e registros médicos eletrônicos de pacientes;
Treinamento e capacitação de profissionais;

Aceitação e Resistência aos novos processos e medicamentos;


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