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E INORGÂNICA
Tabela periódica
Luciano André Farina
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A tabela periódica é uma poderosa ferramenta da química que organiza os
elementos de acordo com suas propriedades e características. Costumamos
dizer que sua origem remonta ao século XIX, quando cientistas começaram a
perceber padrões nas propriedades dos elementos, e Dmitri Mendeleev propôs
a primeira versão da tabela como a conhecemos, ou ao menos perto disto.
No entanto, na verdade, a busca do entendimento dos elementos químicos vem
desde os físicos gregos, passando pela química medieval, até chegar à fissão
do átomo (Strathern, 2002).
A tabela periódica evoluiu ao longo do tempo e atualmente é organizada
em períodos (linhas horizontais) e grupos (colunas verticais), com proprieda-
des periódicas como raio atômico, energia de ionização e eletronegatividade
variando de forma previsível ao longo da tabela. Essas propriedades periódicas
fornecem informações valiosas sobre o comportamento e as características
dos elementos (Chang, 2007).
Neste capítulo, você vai conhecer a bela história da tabela periódica, vai
compreender algumas das formas de classificar os elementos e identificar as
principais propriedades periódicas.
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Aristóteles, por volta de 350 a.C., no que hoje denominamos seu primeiro
livro, intitulado Metafísica, e no tratado De Generatione et Corruptione (Sobre
geração e corrupção) teria interpretado os estudos de Empédocles, acres-
centando um quinto elemento, chamado éter, que comporia os céus e cada
partícula de matéria no universo (Moreira, 2012).
O entendimento do mundo como sendo composto por tão poucos elemen-
tos foi se modificando ao longo de centenas de anos. Os primeiros elementos
químicos a serem identificados pelo ser humano foram aqueles encontrados
na natureza e que eram facilmente reconhecíveis, como o ouro, a prata,
o cobre, o ferro, o carbono e o enxofre. Esses elementos foram utilizados
desde a antiguidade para a fabricação de objetos diversos, de joias, utensílios
domésticos a armas. A descoberta e a identificação desses elementos ocor-
reram ao longo de centenas de anos, à medida que as diferentes substâncias
eram exploradas, e com isto veio a necessidade de entender quais materiais
possuíam propriedades semelhantes (Lima; Barbosa; Figueiras, 2019).
Foi no século XVIII que os químicos começaram a identificar e classificar
diferentes elementos. Lavoisier, em 1789, em seu Tratado elementar de quí-
mica, listou 33 elementos no que pode ser considerada uma "pré-história"
da tabela periódica. Os elementos foram classificados em quatro grupos.
No primeiro grupo, havia cinco elementos, incluindo luz, calórico, oxigênio,
azoto (nitrogênio) e hidrogênio. O segundo grupo continha seis elementos
não metálicos oxidáveis e acidificáveis, como enxofre, fósforo e os radicais
muriático, fluórico e borácico. O terceiro grupo era o maior, com 17 elementos
metálicos oxidáveis e acidificáveis, como prata, cobre, ferro e ouro. O quarto
grupo tinha cinco elementos salificáveis, como cal, magnésia e sílica. Lavoisier
reconhecia que alguns desses elementos ainda não tinham sido isolados na
época, mas ele supunha corretamente sua existência nessas substâncias.
A tabela de Lavoisier é apresentada na Figura 2 (Lima; Barbosa; Figueiras, 2019).
Já no século XIX, em 1817, Johann Wolfgang Döbereiner propôs a Lei das
Tríades, que agrupava elementos com propriedades semelhantes em grupos
de três. Segundo essa lei, alguns elementos químicos exibem propriedades
semelhantes e podem ser agrupados em conjuntos de três, chamados de
tríades, nos quais o elemento do meio possui propriedades físicas e químicas
que são uma média de outros dois elementos. Além disso, a massa atômica do
elemento do meio é aproximadamente igual à média das massas atômicas dos
outros dois elementos. Um exemplo clássico de tríade é o conjunto formado
por cloro (Cl), bromo (Br) e iodo (I), no qual o bromo possui propriedades inter-
mediárias entre o cloro e o iodo (Oliveira; Schlünzen Junior; Schlünzen, 2013).
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DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
H Li Be B C N O
F Na Mg Al Si P S
Cl K Ca Cr Ti
Figura 4. Tabela periódica dos elementos com uma diagramação baseada no mapa de estações
de metrô de Londres.
Fonte: Lorch (2023).
Figura 7. Tabela periódica dos elementos com a classificação em metais, em azul, semimetais,
em verde, ametais em vermelho e gases nobres em amarelo.
Raio atômico
O raio atômico é a medida do tamanho de um átomo. Diferente do modelo
de Dalton, no qual os átomos eram considerados esferas, sabemos hoje que
os elétrons se distribuem ao redor dos núcleos em diferentes orbitais, que
representam as regiões do espaço onde é mais provável encontrar cada elé-
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Figura 8. Tabela periódica com foco no raio atômico dos elementos (em picômetros).
Fonte: Chang (2007, p. 337).
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Energia de ionização
A energia de ionização é a energia necessária para remover um elétron de
um átomo neutro no estado gasoso e formar um íon positivo (Rosenberg;
Epstein; Krieger, 2013).
Por um lado, a energia de ionização aumenta ao longo de um período, da
esquerda para a direita na tabela periódica, pois os átomos têm maior carga
nuclear efetiva, ou, de outra forma, à medida que você se move da esquerda
para a direita em um período, o número de prótons no núcleo aumenta, o que
resulta em maior atração entre o núcleo e os elétrons, e assim é necessária
mais energia para remover um elétron (Chang, 2007).
Por outro lado, a energia de ionização diminui ao descer pelos grupos da
tabela periódica. Os elétrons mais externos estão mais afastados do núcleo
e, portanto, são menos atraídos pela carga positiva do núcleo. Consequen-
temente, é mais fácil remover um elétron (Chang, 2007).
A Figura 9 apresenta a primeira energia de ionização de diversos elementos,
na ordem do seu número atômico. É interessante notar que temos uma ten-
dência geral, mas também temos exceções. Aqui falamos da primeira energia
de ionização, pois é possível medir a quantidade de energia para se retirar
também um segundo, ou um terceiro elétron de um átomo. Via de regra, a
segunda energia de ionização de um elemento é maior que a sua primeira, e a
terceira é maior que a segunda, e assim sucessivamente (Sussuchi; Machado;
Moraes, 2007).
Eletronegatividade
A eletronegatividade é a capacidade de um átomo atrair elétrons em uma
ligação química. Ela aumenta ao longo de um período da esquerda para a
direita, pois os átomos têm uma maior carga nuclear, e diminui ao descer
um grupo, pois a distância entre o núcleo e os elétrons externos aumenta
(Sussuchi; Machado; Moraes, 2007).
Como exceção a essa tendência geral, temos os elementos do grupo 3 (como
o boro e o alumínio) com eletronegatividades um pouco mais altas do que seria
esperado com base na tendência geral, devido a fatores como a configuração
eletrônica e a estrutura molecular (Rosenberg; Epstein; Krieger, 2013).
Afinidade eletrônica
A afinidade eletrônica é a energia liberada quando um átomo ganha um elétron
para formar um íon negativo. Ela tende a aumentar ao longo de um período da
esquerda para a direita, pois os átomos têm uma maior carga nuclear efetiva,
e geralmente diminui ao descer um grupo (Sussuchi; Machado; Moraes, 2007).
caráter metálico;
ponto de fusão;
ponto de ebulição;
propriedades magnéticas;
reatividade química;
condutividade elétrica.
Referências
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