Você está na página 1de 16

INSTITUTO DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

MÓDULO: Planificar, Implementar e Manter Sistemas de Ligação à Terra e Protecção


Contra Descargas Atmosféricas

Qualificação: Electricidade Industrial


Código: UC EPI025024192
Turmas: TEI-1,2,3/CV5 4ª Semana: 04/03/2024 a 09/03/2024
Plano de Sessões: 25 a 32
Elemento de Competência 3: Dimensionar e implementar sistemas de ligação à
terra.
Critérios de Desempenho:

a) Identificar os componentes de um sistema de ligação à terra;


b) Escolher os tipos de ligação à terra apropriados à instalação eléctrica;
c) Dimensionar os componentes da instalação de ligação à terra tendo em conta a legislação aplicável;
d) Executar a instalação de ligação à terra e medição da resistência.
Evidências Requeridas:
a) b) c) Evidência escrita em que o formando apresenta uma tabela de cálculos e especificações dos
elementos dimensionados;
d) Evidência prática em que o formando demonstra que é capaz de montar uma instalação de ligação à
terra e verificar por medições a respectiva resistência de ligação à terra.

3.3.6. Dimensionamento de Sistema de Aterramento com Hastes em Triângulo

Para este sistema as hastes são cravadas nos vértices de um triângulo equilátero. Figura 3.16.

Figura 3.16. Triângulo Equilátero.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 1


Todo o dimensionamento do sistema em triângulo, basei-a na definição do índice de redução (K)
visto no subitem 3.3.4.1.

(3.11)

Onde:

𝑅1ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒 =Resistência elétrica de uma haste cravada isoladamente no solo.

K = Índice de redução do sistema de aterramento.

𝑅𝑒𝑞∆ =Resistência equivalente apresentada pelo sistema de aterramento em triângulo com lado ’’e’’.

Os índices de redução (K) são obtidos directamente das curvas da figura 3.17.

Figura 3.17. Curvas dos 𝐾 × 𝑒.

As curvas são para hastes de (1/2)’’ e 1’’, com tamanhos de 1, 2; 1,8; 2,4 e 3 metros.

Exemplo 3.4. Num solo onde 𝜌𝑎 = 100 Ω ∙ 𝑚, determinar a resistência do sistema de aterramento
com tês hastes cravadas em triângulo com lado de 2 m, sendo o comprimento da haste 2,4 m e diâmetro
(1/2)’’.

Resolução:

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 2


A relação acima poderia ser tirada directamente da Tabela A.0.5.

𝑅1ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒 = 0,44𝜌𝑎 = 0,44 × 100 = 44Ω

𝑅𝑒𝑞Δ = 𝐾 ∙ 𝑅1ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒

Pela figura 3.17,tem-se:

K = 0,46

𝑅𝑒𝑞Δ = 0,46 × 44 = 20,24 Ω

3.3.7. Dimensionamento de Sistema de Aterramento com Hastes em Quadrado do Vazio

A figura 3.18, mostra o sistema com formato de quadrado vazio, onde as hastes são colocadas na
periferia a uma distância ’’e’’ das hastes adjacentes.

Figura 3.18. Quadrado vazio.

A resistência equivalente do sistema é dada pela expressão 3.10 com o índice de redução (K) obtido
das figuras 3.19 e 3.20.

Figura 3.19. Oito Hastes em Quadrado vazio.


Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 3
Figura 3.20. Trinta e Seis Hastes em Quadrado Vazio.

Exemplo 3.5. Oito hastes formam um quadrado vazio com e = 2 m, sendo o comprimento da haste 3
m e diâmetro 1’’, determinar a 𝑅𝑒𝑞. .

Resolução:

𝑅1ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒 = 0,327 ∙ 𝜌𝑎

𝑅𝑒𝑞⊡ = 𝐾 ∙ 𝑅1ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒

Da figura 3.19, tem se K = 0,27. Logo, 𝑅𝑒𝑞⊡ = 0,27 × 0,327 ∙ 𝜌𝑎 = 0,8829𝜌𝑎 .

3.3.8. Dimensionamento de Sistema de Aterramento com Hastes em Quadrado Cheio

As hastes são cravadas como mostra a figura 3.21.

Figura 3.21. Hastes em Quadrado Cheio.

Os índices de redução (K) são obtidos pelas curvas das figuras 3.22 e 3.23.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 4


Figura 3.22. Quadro Hastes em Quadrado Cheio (Vazio).

Figura 3.23. Trinta e Seis Hastes em Quadrado Cheio.

Exemplo 3.6. Quatro hastes de 2,4 m e d = (1/2)’’formam um quadrado com e = 2 m e estão cravadas
num solo com 𝜌𝑎 = 100 Ω ∙ 𝑚. Determinar o valor de 𝑅𝑒𝑞∎ .

Resolução:

Da figura 3.22 tem-se K = 0,375.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 5


3.3.9. Dimensionamento de Sistema de Aterramento com Hastes em Circunferência

As hastes estão igualmente espaçadas ao longo da circunferência com raio R. Ver figura 3.24.

Os respectivos índices de redução são obtidos na figura 3.25.

Figura 3.24. Hastes em Circunferência.

Figura 3.25. Hastes em Circunferência com Nove Metros de Raio.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 6


Exemplo 3.7. Determinar a resistência equivalente do sistema formado com 20 hastes com L= 2,4 m
e d = (1/2)’’ que estão cravadas ao longo de uma circunferência de raio 9 m. A resistividade aparente
é igual a 180 Ω ∙ 𝑚.

Resolução:

𝑅1ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒 = 0,44𝜌𝑎 ⇒ 𝑅1ℎ𝑎𝑠𝑡𝑒 = 0,44 × 180 = 79,2Ω

Da figura 3.25 tem -se K = 0,095.

𝑅𝑒𝑞Ο = 0,095 × 79,2 = 7,524 Ω

3.4. Executar a instalação de ligação à terra e medição da resistência

3.4.1. Hastes Profundas

O objectivo principal é aumentar o comprimento L da haste, o que faz, de acordo com a expressão 3.1,
decair o valor da resistência praticamente na razão inversa de L.

Na utilização do sistema com hastes profundas, vários factores ajudam a melhorar ainda mais a
qualidade do aterramento. Estes factores são:

▪ Aumento do comprimento da haste;


▪ Camadas mais profundas com resistividades menores;
▪ Condição de água presente estável ao longo do tempo;
▪ Condição de temperatura constante e estável ao longo do tempo;
▪ Produção de grandientes de potencial maiores no fundo do solo, tornando os potenciais de
passo na superficie praticamente desprezíveis.

Assim, devido às condiçoes acima, obtèm-se um aterramento de boa qualidade, com o valor de
resistência estàvel ao longo do tempo. A dispersão de corrente se dá nas condições mais favoráveis,
procurando regiões mais profundas de menor resistividade, o que atenua consideravelmente os
grandientes de potêncial na superfìcie do solo.

Para a execução desse sistema, usa-se basicamente dois processos que serão vistos a seguir:

a) Bate-Estaca

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 7


Por este método as hastes serão uma a uma cravadas no solo por um bate-estacas. As hastes
emendáveis possuem rosca nos extremos e a conexão é feita por luvas. Ver figura 3.26.

Figura 3.26. Hastes com Rosca e Luva de Conexão.

Um bate-estaca produz, normalmente, 80 batidas/minuto e a haste vai sendo lentamente cravada no


solo. Ver a figura 3.27.

Figura 3.27. Bate-estaca e Hastes Emendáveis.

Dependendo das condições do terreno é possível, por este processo, conseguir até 18 mestros de
profundidade.

b) Moto-Perfuratriz

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 8


Como visto anteriormente, a dispersão das correntes em uma haste profunda se dá praticamente na
camada de menor resistividade. Em vista disso, algumas empresas de energia eléctrica, ao invés de
cravar hastes emendáveis, utilizam a técnica de cravar o buraco no solo e, em seguida, introduzir um
única haste soldada a um fio longo que vai até a superfície. Ver figura 3.28.

Figura 3.28. Haste Profunda.

Recomenda-se também, introduzir no buraco, limalha de cobre. Esta limalha distribuída no buraco
vai, lentamente, penetrando no solo, aumentando consideravelmente o efeito da actuação da haste, que
facilita a dispersão da corrente no solo, pois se obtém uma menor resistência eléctrica do sistema.

O processo de cravar o buraco no solo utiliza uma moto-perfuratriz de poço manual (figura 3.29). Por
este processo pode-se conseguir até 60 metros de profundidade, dependendo, evidentemente, das
características do solo.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 9


Figura 3.29. Perfuração do Buraco.

A técnica apresentada na figura 3.29 tem os seguintes problemas:

▪ Risco para o operador;


▪ Ruído excessivo causado pelos motores da perfuração e da bomba de água.

Para contornar os problemas citados pode-se utilizar as alternativas abaixo:

▪ Moto-perfuratriz acoplado ao braço de um guindaste;


▪ Perfuratriz e bomba de água accionados por transmissão flexível acoplada à transmissão do
veículo;
▪ Perfuratriz e bomba de água accionados hidraulicamente por pressão do óleo do guindaste.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 10


A última alternativa é a que apresenta melhores resultados, sendo a recomendada.

O controle da resistência eléctrica é feito com medições durante a escavação.

Alcançando-se o resultado esperado, tira-se a broca e coloca-se rapidamente o cabo com a haste na
ponta, com o tempo a resistência eléctrica diminui devido a movimentação do terreno fechando e
compactando completamente o buraco.

Com este processo, não se alcançando bons resultados, recomenda-se as seguintes alternativas:

▪ Fazer uma malha de terra;


▪ Deslocar o equipamento a ser aterrado;
▪ Usar hastes profundas em paralelo.

3.4.2. Resistência de Aterramento de Condutores Enrolados em Forma de Anel e Enterrados


Horizontalmente no Solo

A figura 3.40 mostra um aterramento em forma de anel que pode ser usado aproveitando o buraco
feito para a colocação do poste.

Figura 3.40. Aterramento em Forma de Anel.

A resistência de aterramento em anel é dada pela fórmula 3.12.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 11


(3.12)

Onde:

P = Profundidade que está enterrado o anel [m]

R = Raio do anel [m]

D = Diâmetro do círculo equivalente à soma da secção transversal dos condutores que formam o anel [m]

Exemplo 3.8. Determinar a resistencia de um anel com 50 cm de raio, diâmetro do condutor de 10mm,
enterrado a 60 cm em um solo com resistividade aparente de 1000Ω ∙ 𝑚.

Resoluçao:

𝜌𝑎 4𝑟 2 1000 4 × 0,52
𝑅𝑎𝑛𝑒𝑙 = 2 𝑙𝑛 ( )= 2 𝑙𝑛 ( ) = 1036,71Ω
𝜋 ∙𝑟 𝑑𝑃 𝜋 ∙ 0,5 10 × 10−3 × 0,6

3.4.3. Sistemas com Condutor Enterrado Horizontalmente no Solo

A resistência de aterramento de um condutor enterrado horizontalmente no solo, é dada pela fórmula


3.13. Ver a figura 3.41.

Figura 3.41. Condutor Enterrado Horizontalmente no Solo.

(3.13)

Onde:

P = Profundidade em que está enterrado o condutor [m]

L = Comprimento do condutor [m]

r = Raio equivalente do condutor [m]

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 12


Apresenta-se a seguir, as fórmulas para a obtenção da resistência de aterramento dos condutores
enterrados horizontalmente no solo, que tenham as configurações da figura 3.42.

Figura 3.42. Configurações Horizontais de Condutores.

a) Dois condutores em ângulo recto, letra (a) da figura 3.42.

(3.14)
Onde:
L = Tamanho de cada segmento rectilíleo a partir da conexão [m]
b) Configuração em Estrela com três pontas, letra (b) da figura 3.43.

(3.15)
c) Configuração em Estrela com quatro pontas, letra (c) da figura 3.43.

(3.16)
d) Configuração em Estrela com seis pontas, letra (d) da figura 3.43.

(3.17)

e) Configuração em estrela com oito pontas, letra (e) da figura 3.43.

(3.18)

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 13


Exemplo 3.9. Tendo-se disponível 60 m de um condutor com diâmetro de 6 mm, fazer todas as
configirações propostas na figura 3.43, para aterramento a 60 cm da superfìcie em um solo com
resistividade aparente de 1000Ω ∙ 𝑚.

Resolução:

Usando as expressões 3.13, 3.14, 3.15, 3.16, 3.17 e 3.18, Os resultados são apresentados na Tabela
3.1.

Tabela 3.1. Solução do Exemplo 3.9

Configuração Resistência [𝛀]

1 fio 35,00

2 fios em ângulo recto 64,77

Estrela 3 pontos 67,23

Estrela 4 pontos 73,21

Estrela 6 pontos 87,17

Estrela 8 pontos 101,83

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 14


Avaliação Formativa (3)

Caro(a) estudante
Depois da consideração que foi feita, verifique se percebeu a matéria até aqui abordada,
respondendo as questões seguintes:

Resultado de Aprendizagem 3. Dimensionar e implementar sistemas de ligação à terra

1. Identificar os componentes de um sistema de ligação à terra.


2. Escolher os tipos de ligação à terra apropriados à instalação eléctrica.
3. Determinar a resistência de terra de uma haste de 2,4 m de comprimento com diâmetro 15 mm,
cravada verticalmente em um solo com 𝜌𝑎 = 120𝛺 ⋅ 𝑚

4. Quais são os parâmetros que influenciam na redução do valor da resistência eléctrica ?


5. Quais são os componentes principais da resistência total que compõe o sistema de aterramento
de um equipamento eléctrico?
6. Para o sistema representado na figura 2.
a) Calcular, sem recorrer às tabelas a resistência equivalente do aterramento de quatro hastes
alinhadas em função de  a .

b) Determinar o índice de redução (K).


7. Um sistema de aterramento consiste de oito (08) hastes, espaçadas de 3m, cravadas em um
"
1
solo com  a = 100  m . O comprimento das hastes é de 2,4m e o diâmetro de .
2
a) Calcular, com auxílio das tabelas, a resistência do sistema de aterramento.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 15


b) Quantas hastes devem ser cravadas para ter-se uma resistência máxima de 12 𝛺?
8. Um sistema de aterramento consiste de oito hastes, espaçadas de 3 m, cravadas em um solo
1′′
com 𝜌𝑎 = 100 Ω ∙ 𝑚. O comprimento das hastes é de 2,4 m e o diâmetro de . Determinar:
2

a) A resistência do sistema de aterramento;


b) Quantas hastes devem ser cravadas para ter-se uma resistência máxima de 10Ω ?
c) Fazer uma curva 𝑅𝑒𝑞 × 𝑁° de hastes em paralelo com e = 3 m para as hastes dadas.

9. Tendo-se disponível 70 m de um condutor com diâmetro de 6 mm, fazer todas as configirações


propostas para aterramento a 60 cm da superfìcie em um solo com resistividade aparente de
1000Ω ∙ 𝑚.

Módulo: PIMSLTPCDA Formador: Eng° Zefanias Malate Página 16

Você também pode gostar