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Estruturas de

Concreto Armado I
Material Teórico
O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
O Uso do Concreto Armado
na Construção Civil

• Introdução;
• O Concreto Armado como Material;
• Vantagens e Desvantagens;
• Propriedades Mecânicas do Concreto e do Aço;
• Introdução a Norma ABNT NBR6118:2014, Durabilidade das Estruturas,
Classificação, Critérios de Projeto, Introdução da Segurança.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar o concreto como material utilizado em estruturas, tipos de concreto, seus
componentes e como ele pode ser constituído e as vantagens e desvantagens da utiliza-
ção do concreto;
• Apresentar as propriedades mecânicas do concreto e do aço e, por fim, é apresentada a
introdução da Norma Técnica ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento, na qual são conceituados os estados limites utilizados no cálculo estrutu-
ral de estruturas de concreto.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

Introdução
O concreto é um material muito utilizado na Construção Civil. Ele é composto
por materiais relativamente baratos e sua constituição é de fácil preparação, trans-
porte e manuseio.

É um material que não exige mão de obra muito especializada e proporciona


estruturas que são adequadas a várias finalidades construtivas.

A produção do concreto exige os cuidados necessários ao seu desempenho


tecnológico, que são descritos nas Normas Técnicas relacionadas.

O Concreto Armado como Material


O concreto é o principal material utilizado na Construção Civil. É um elemento he-
terogêneo, composto por cimento, água, agregado graúdo (pedra), agregado miúdo
(areia) e outros componentes aditivos como, por exemplo, aceleradores ou retardado-
res de pega e plastificantes (Figura 1).

ÁGUA CIMENTO

COMPONENTES DO
AGREGADO GRAÚDO AGREGADO MIÚDO
(PEDRA) CONCRETO (AREIA)

ADITIVOS

Figura 1 – Componentes do Concreto


Fonte: Acervo do conteudista

A mistura dos elementos componentes do concreto é denominada dosagem.


Quando ocorre essa mistura, forma-se uma liga consistente que poderá ser molda-
da, assumindo diferentes formas e possibilitando diversas aplicações.

A preparação do concreto pode ser feita na obra ou em centrais dosadoras.

Quando o concreto for feito na obra é denominado “concreto feito in loco”,


podendo ser feito de forma manual ou em equipamentos denominados betoneiras.

Quando for feito em centrais dosadoras, também denominadas Usinas Centrais


de Concreto, o concreto é denominado concreto usinado ou concreto pré-mistura-
do (Figura 2).

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USINAS CENTRAIS
DE CONCRETO CONCRETO USINADO OU
(CENTRAIS DOSADORAS) CONCRETO PRÉ-MISTURADO

FEITO
MANUALMENTE
PREPARAÇÃO DO NA OBRA
CONCRETO (CONCRETO FEITO IN LOCO)
FEITO COM
BETONEIRA

Figura 2 – Preparação do Concreto


Fonte: Acervo do conteudista

Quando o concreto for utilizado como material estrutural, recebe a denominação


de concreto estrutural e pode ser classificado em três diferentes tipos (Figura 3):
1. Concreto Simples: Neste tipo de concreto, não há armadura (barras
de aço);
2. Concreto Armado: Neste concreto, há uma armadura de aço;
3. Concreto Protendido: Neste tipo de concreto, há uma armadura que é
ativa pré-tracionada, isto é, protendida.

1 - CONCRETO TIPOS DE CONCRETO 3 - CONCRETO


SIMPLES ESTRUTURAL PROTENDIDO

2 - CONCRETO
ARMADO

Figura 3 – Tipos de Concreto Estrutural


Fonte: Acervo do conteudista

O concreto armado é o concreto simples, ou concreto comum, no qual são


acrescentadas as ferragens passivas, ou armaduras de aço, nas formas antes do
lançamento do concreto.

Em termos estruturais, o concreto e as armaduras trabalham juntos e solidariamente.

O concreto armado é utilizado nas construções, principalmente, para a execu-


ção de fundações, lajes, vigas e pilares.

A estrutura de concreto possui uma vida útil. Vida útil é o intervalo de tempo
que tem início na operação da estrutura até o instante em que ela deixa de ser ca-
paz de desempenhar as funções para as quais foi projetada (Figura 4).

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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

VIDA ÚTIL DE TÉRMINO DA VIDA ÚTIL


INÍCIO DA VIDA ÚTIL (Deixa de ser capaz de
(Início de operação da UMA ESTRUTURA desempenhar as funções para
estrutura) as quais foi projetado)

Figura 4 – Vida Útil de uma Estrutura


Fonte: Acervo do conteudista

A vida útil de uma estrutura de concreto está relacionada a diversos fatores, den-
tre eles, por exemplo, a corrosão de suas armaduras provenientes de infiltrações de
água em fissuras que ocorrem na superfície dos elementos estruturais.

O concreto é um material composto ou compósito. Os compósitos são os mate-


riais formados pela união de outros materiais, com a finalidade de obter um produto
resultante da maior qualidade.

Ele é um material estrutural com excelente resistência à água, sendo utilizado em


estruturas destinadas a controlar, estocar e transportar água.

Suas características permitem que se tenha facilidade em sua execução, o que pos-
sibilita uma variedade de formas e tamanhos, sendo um material relativamente barato.

As características do concreto (resistência, durabilidade, custo, aspecto) podem


ter variáveis como:
• Propriedades de cada um dos materiais componentes;
• Proporcionamento dos elementos constituintes;
• Execução, transporte, lançamento e adensamento;
• Cura, ou a hidratação contínua do cimento, para evitar a evaporação prematu-
ra da água necessária à hidratação do cimento.

O concreto simples é usado, por exemplo, na:


• Fabricação de blocos de concreto;
• Construção de estacas brocas para fundações;
• Base de pisos.

O concreto armado é resultante da união do concreto simples com barras de


aço, envolvidas pelo concreto. Nesse caso, há uma perfeita aderência entre o con-
creto e as barras de aço, de tal maneira que ambos resistem solidariamente aos
esforços a que forem submetidos.

O trabalho conjunto das barras de aço com o concreto só é possível em virtude


de fatores como:

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• Aderência entre os dois materiais;
• Coeficiente de dilatação térmica do aço e do concreto são praticamente iguais;
• Concreto protege de oxidação o aço da armadura garantido a durabilidade
da estrutura.

O concreto protendido é resultante da tração de cabos de aço que são colocados


nos elementos estruturais de concreto, nos quais são introduzidas pré-tensões de tal
grandeza e distribuição que as tensões de tração resultantes do carregamento são
neutralizadas a uma intensidade desejada.

A pretensão introduz, numa estrutura, um estado prévio de tensões, com a in-


tenção de melhorar sua resistência ou o seu comportamento, sob as condições de
carga a que a estrutura estará sujeita na sua vida útil.

O concreto armado surgiu no século XIX na Europa, com o objetivo de resolver


o problema da pouca resistência à tração do concreto.

O concreto, quando usinado, é preparado em centrais dosadoras, geralmente


chamadas de empresas concreteiras. Elas são instalações preparadas para a pro-
dução em escala de concreto.

As centrais dosadoras possuem silos armazenadores dos elementos constituintes


do concreto, balanças, correias transportadoras e equipamentos de controle. Ge-
ralmente, para as obras urbanas, a mistura do concreto é realizada no caminhão,
durante o trajeto do concreto das centrais dosadoras para as obras. Nas obras o
transporte pode ser realizado por bombeamento direto dos caminhões misturado-
res, ou por caçambas auxiliadas por gruas.

Em obras de grande porte, como complexos de edificações, barragens e estra-


das, é possível a existência de centrais misturadoras nos canteiros de obras.

Dentre as vantagens do uso de concreto usinado, tem-se (Figura 5):


• Economia de Materiais: Menor perda de areia, brita e cimento;
• Maior Controle Tecnológico dos Materiais: Controle na dosagem, na resis-
tência e na consistência, com melhoria da qualidade do produto final;
• Racionalização do Número de Ajudantes na Obra: Redução dos encargos
trabalhistas e de horas ociosas;
• Melhor Produtividade da Equipe de Operários: Equipe adequada ao trabalho;
• Redução no Controle de Suprimentos e Eliminação de Áreas de Estoque
no Canteiro de Obras: Otimização do canteiro de obras;
• Redução do Custo da Obra: Redução das perdas de materiais e de mão de
obra ociosa.

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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

6 - Redução do 1 - Economia de
custo da obra materiais

5 - Redução no controle
de suprimentos e eliminação VANTAGENS DO 2 - Maior controle
tecnológico dos
de áreas de estoque no CONCRETO USINADO materiais
canteiro de obra

4 - Melhor
3 - Racionalização do
produtividade da equipe
número de ajudantes
de operários
na obra

Figura 5 – Vantagens do Uso do Concreto Usinado


Fonte: Acervo do conteudista

A mistura, ou amassamento, manual do concreto, pode ser feita excepcional-


mente em pequenos volumes, ou em obras de pouca importância.

Ela deve ser realizada sobre um estrado ou superfície plana impermeável e resis-
tente. Nesse caso, inicialmente, são misturados a seco o agregado miúdo (areia) e o
cimento, de maneira a se obter-se cor.

Posteriormente, e também a seco, é adicionado o agregado graúdo (pedra) e, em


seguida, adicionar-se-á aos poucos a água necessária, prosseguindo com a mistura
até conseguir massa de aspecto uniforme. Não será permitido amassar-se, de cada
vez, volume de concreto superior ao correspondente a 100kg de cimento (2 sacos
de 50 quilos).

A mistura mecânica em obras é feita por meio de betoneiras. Não existe regra
geral para a ordem de carregamento dos materiais na betoneira.

Em geral, coloca-se, inicialmente, uma parte da água e os demais materiais vêm


seguindo uma ordem (brita, cimento, areia e o restante da água).

É possível, também, adotar a sequência na qual se coloca a brita, metade da


água, areia, cimento e o restante da água.

Essa sequência de carregamento é indicada para as betoneiras de 360 litros (são


as mais usadas) e quando a dosagem do concreto for feita para um volume de 20
litros de cimento.

O concreto dosado em central misturadora é útil em canteiros nos quais se


dispõe de pouco espaço para uma instalação de concreto e para estocagem de
agregados, ou em situações nas quais se necessita de maior controle tecnológico
do concreto.

Em geral, as variáveis executivas da durabilidade das estruturas de concreto são


(Figura 6):

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• Composição ou Traço do Concreto;
• Compactação ou Adensamento Efetivo do Concreto na Estrutura;
• Cura Efetiva do Concreto na Estrutura;
• Cobrimento das Armaduras.

4 - Cobrimento das
armaduras

1 - Composição ou
VARIÁVEIS EXECUTIVAS 3 - Cura efetiva do
traço do concreto DA DURABILIDADE DE concreto na estrutura
ESTRUTURAS DE
CONCRETO

2 - Compactação ou
adensamento efetivo
do concreto na estrutura

Figura 6 – Variáveis Executivas da Durabilidade de Estruturas de Concreto


Fonte: Acervo do conteudista

A resistência do concreto aos diferentes meios agressivos depende de itens como


(Figura 7):
• Natureza e Tipo dos Materiais Constituintes do Concreto (tipo de cimento e
adições; natureza dos agregados);
• Composição ou Dosagem do Concreto (consumo de cimento, consumo de adi-
ções, relação da água com o cimento).

NATUREZA E TIPO RESISTÊNCIA DO


COMPOSIÇÃO OU
DOS MATERIAIS CONCRETO AOS DOSAGEM DO
CONSTITUINTES DO DIFERENTES MEIOS CONCRETO
CONCRETO AGRESSIVOS

Figura 7 – Resistência do Concreto aos Diferentes Meios Agressivos


Fonte: Acervo do conteudista

A durabilidade inadequada do concreto ocorre por deterioração, que pode ser


originada por fatores externos ou por causas internas no interior do próprio concreto.

As diferentes formas de ação que causam a deterioração do concreto podem ser


físicas, químicas ou mecânicas (Figura 8).

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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

1 - AÇÕES FÍSICAS
TIPOS DE AÇÕES QUE
3 - AÇÕES MECÂNICAS
CAUSAM DETERIORAÇÃO
NO CONCRETO

2 - AÇÕES QUÍMICAS

Figura 8 – Tipos de Ações que Causam Deterioração no Concreto


Fonte: Acervo do conteudista

As causas físicas de deterioração do concreto podem ser (Figura 9):


• Efeitos de altas temperaturas;
• Diferenças de coeficiente de dilatação térmica do agregado e da pasta de ci-
mento hidratado.

CAUSAS FÍSICAS DE DIFERENÇAS DE COEFICIENTE


EFEITOS DE ALTAS
TEMPERATURAS
DETERIORAÇÃO DE DILATAÇÃO TÉRMICA DO
DO CONCRETO AGREGADO E DA PASTA DE
CIMENTO HIDRATADO

Figura 9 – Causas Físicas de Deterioração do Concreto


Fonte: Acervo do conteudista

As causas químicas de deterioração do concreto podem ser (Figura 10):


• Reações álcali-sílica;
• Reações álcali-carbonato.

O ataque químico externo ocorre principalmente pela ação de íons agressivos,


como cloretos, sulfatos ou dióxido de carbono e muitos líquidos e gases naturais
ou industriais.

CAUSAS QUÍMICAS
REAÇÕES REAÇÕES
ÁLCALI-SILICA
DE DETERIORAÇÃO ÁLCALI-CARBONATO
DO CONCRETO

Figura 10 – Causas Químicas de Deterioração do Concreto


Fonte: Acervo do conteudista

As causas mecânicas de deterioração do concreto podem ser (Figura 11):


• Abrasão;
• Erosão ou cavitação;
• Impacto.

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ABRASÃO
CAUSAS MECÂNICAS DE
IMPACTO
DETERIORAÇÃO DO
CONCRETO

EROSÃO OU CAVITAÇÃO

Figura 11 – Causas Mecânicas de Deterioração do Concreto


Fonte: Acervo do conteudista

Geralmente, os danos apresentados em elementos estruturais de concreto


evoluem com o tempo, podendo comprometer a estabilidade das estruturas em
pouco tempo.

Causas de deterioração de estruturas (Figura 12):


• Erros de projeto estrutural;
• Utilização de materiais inadequados;
• Erros de execução;
• Agressividade do meio ambiente.

4 - Agressividade do
meio ambiente

1 - Erros de CAUSAS DE 3 - Erros de Execução


Projeto Estrutural DETERIORAÇÃO DE
ESTRUTURAS

2 - Utilização de
materiais inadequados

Figura 12 – Causas de Deterioração de Estruturas


Fonte: Acervo do conteudista

As principais causas de deterioração de estruturas de concreto, decorrentes de


erro de projeto estrutural, são:
• Falta de detalhamento ou detalhes mal especificados;
• Cargas ou tensões não levadas em consideração no cálculo estrutural;
• Variações bruscas de seção transversal em elementos estruturais;

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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

• Falta, ou projeto deficiente, de drenagem;


• Efeitos da fluência do concreto, não levados em consideração.

As principais causas de deterioração de estruturas de concreto, decorrentes do


emprego de materiais inadequados são:
• Falta de conhecimento das características dos materiais;
• Falta de ensaios prévios;
• Falta de adequação das características dos materiais às características dos pro-
jetos, na utilização e nas condições ambientais, a que estarão sujeitos.

As principais causas de deterioração de estruturas de concreto, decorrentes de


erro de execução são:
• Falta da realização de controle tecnológico durante a execução;
• Falta de cuidado no preparo, transporte, lançamento, adensamento e cura.

As principais causas de deterioração de estruturas de concreto, decorrentes da


agressividade do meio ambiente, são:
• Falta de cobrimento da armadura;
• Desconhecimento da classe de agressividade do meio ambiente.

Os três sintomas principais de deterioração de uma estrutura em concreto ar-


mado são visíveis e podem ser facilmente constatados e diferenciados entre si, são
(Figura 13):
• Fissuras;
• Disgregação (Desunião);
• Desagregação (Fragmentação).

1 - FISSURAS
SINTOMAS DE
3 - DESAGREGAÇÃO
DETERIORAÇÃO DE
ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO

2 - DISGREGAÇÃO

Figura 13 – Sintomas de Deterioração de Estruturas de Concreto Armado


Fonte: Acervo do conteudista

As fissuras são manifestações patológicas características das estruturas de con-


creto, sendo o dano de ocorrência mais comum. A peça fissurada pode provocar
a corrosão da armadura, através da penetração de agentes agressivos externos
no concreto.

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A disgregação do concreto é caracterizada pela sua ruptura. O concreto disgre-
gado é são e conserva suas características originais, mas não foi capaz de suportar
os esforços que atuaram.
A desagregação é um dos sintomas característicos da existência de ataque quí-
mico à peça de concreto.

Vantagens e Desvantagens
O concreto armado apresenta, como material de construção, vantagens, como:
• Aumento da resistência estrutural com o tempo;
• Composto de materiais econômicos e disponíveis com abundância na natureza;
• Elevada resistência à ação do fogo;
• Emprego extensivo de mão de obra não qualificada e equipamentos simples;
• Facilidade e economia na construção de estruturas contínuas, sem juntas;
• Grande estabilidade, sob ação de intempéries, dispensando trabalhos intensos
de manutenção;
• Grande facilidade de moldagem, permitindo adoção das mais variadas formas.
O concreto armado apresenta desvantagens como:
• Construção definitiva: Não pode ser desmontada;
• Exigência construtiva: Necessita de precisão no posicionamento das armaduras;
• Fissuras nas regiões tracionadas dos elementos estruturais;
• Menor proteção térmica;
• Peso próprio elevado;
• Reformas e demolições são trabalhosas e caras.

Propriedades Mecânicas
do Concreto e do Aço
As principais propriedades mecânicas do concreto são as expostas a seguir.

Massa Específica
A massa específica dos concretos simples tem valor médio de ρ = 2.400 kg/m3.

A norma técnica ABNT NBR 6118:14 – Projeto de Estruturas de Concreto – Pro-


cedimento, é aplicável a concretos com massa específica situada entre 2.000 kg/m3
e 2.800 kg/m3.

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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

Quando não for conhecida a massa específica real de um concreto, pode-se


adotar o valor de 2.400 kg/m3 para o concreto simples e 2.500 kg/m3 para o
concreto armado.

Resistência à Compressão
Em função da resistência característica do concreto à compressão (fck), a Norma
Técnica ABNT NBR 8953:2015 – Concreto para Fins Estruturais – Classificação
pela massa específica, por grupos de resistência e consistência, divide os concretos
nas classes I e II.

Os concretos são designados pela letra C, seguida do valor da resistência carac-


terística, expressa em MPa (Tabela 1).

Tabela 1 – Classes de Resistência de Concreto


fck – Resistência fck – Resistência
Classe de Resistência Classe de Resistência
Característica à Característica à
Grupo I Grupo II
Compressão (MPa) Compressão (MPa)
C20 20 C55 55
C25 25 C60 60
C30 30 C70 70
C35 35 C80 80
C40 40 C90 90
C45 45
C100 100
C50 50
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 8953:2015 – Concreto para fins estruturais –
Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e consistência

As estruturas de concreto armado tem de ser projetadas e construídas com con-


creto C20 (fck = 20 MPa) ou superior. Essa condição da resistência mínima de 20
MPa tem como objetivo a durabilidade das estruturas.

Resistência à Tração
A resistência do concreto à tração varia entre 8 e 15 % da resistência à compressão.

Módulo de Elasticidade
O módulo de elasticidade é um parâmetro numérico associado à medida da
deformação que o concreto sofre sob a ação de tensões, geralmente, tensões
de compressão.

Os concretos com maiores resistências à compressão, normalmente, deformam-


-se menos que os concretos de baixa resistência, e por isso têm módulos de elasti-
cidade maiores.

O módulo de elasticidade depende muito das características e dos materiais com-


ponentes dos concretos, como o tipo de agregado, da pasta de cimento e a zona de
transição entre a argamassa e os agregados.

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A importância da determinação dos módulos de elasticidade está na determina-
ção das deformações nas estruturas de concreto, como nos cálculos de flechas em
lajes e vigas.

Nos elementos fletidos, como as vigas e as lajes, por exemplo, o conhecimento


das flechas máximas é muito importante e é um dos parâmetros básicos utilizados
pelo projetista estrutural.

O módulo de elasticidade é determinado por meio do diagrama tensão x defor-


mação do concreto (σ x ε).

O valor do módulo de elasticidade do concreto aos 28 dias é dado pela expres-


são (1) (com Eci e fck em MPa):

Eci = 5600 fck ... (1)


O módulo de elasticidade secante, a ser utilizado nas análises elásticas de pro-
jeto, especialmente para a determinação de esforços solicitantes e verificação de
estados limites de serviço, deve ser calculado pela expressão (2):

Ecs = 0,85 Eci ... (2)

Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção transver-


sal, pode ser adotado um módulo de elasticidade único, à tração e à compressão,
igual ao módulo de elasticidade secante (Ecs).

Na avaliação do comportamento global da estrutura e para o cálculo das perdas


de protensão, pode ser utilizado em projeto o módulo de deformação tangente
inicial (Eci).

Coeficiente de Poisson e Módulo de Elasticidade Transversal


Ao se aplicar uma força no concreto, surgem deformações em duas direções,
na direção da força e na direção transversal à força. A relação entre a deformação
transversal e a deformação longitudinal é chamada coeficiente de Poisson (ν) e,
para tensões de compressão menores que 0,5 fcc e tensões de tração menores
que fct, o coeficiente de Poisson ν pode ser tomado como igual a 0,2.

O módulo de elasticidade transversal (Gc) é determinado tendo-se o coeficiente


de Poisson.

Para peças não fissuradas e material homogêneo, a expressão de G é dado pela


expressão (3):
Ec ... (3)
Gc 
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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

Aços para armadura


Os aços utilizados em estruturas de concreto armado no Brasil são estabelecidos
pela norma ABNT NBR 7480:2007 – Aço destinado a armaduras para estruturas
de concreto armado – Especificação.

A norma ABNT NBR 7480:2007 – Aço destinado a armaduras para estruturas


de concreto armado – Especificação, classifica como barras os aços de diâme-
tro nominal 5mm ou superior, obtidos, exclusivamente, por laminação a quente e
como fios aqueles de diâmetro nominal 10mm ou inferior, obtidos por trefilação,
ou processo equivalente, como estiramento e laminação a frio.

Conforme o valor característico da resistência de escoamento (fyk), as barras de


aço são classificadas nas categorias CA-25 e CA-50 e os fios de aço na categoria
CA-60.

As letras CA indicam concreto armado e o número na sequência indica o valor


de fyk, em kgf/mm2 ou kN/cm2.

A Norma Técnica ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de Estruturas de Concreto


– Procedimento, indica os seguintes valores para os aços:
• Massa específica – ρ = 7.850 kg/m3;
• Coeficiente de dilatação térmica – β = 10-5/ºC para intervalos de temperatura
entre – 20ºC e 150ºC;
• Módulo de elasticidade – E = 210 GPa ou 210.000 MPa.

Segundo a Norma Técnica ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de


Concreto – Procedimento, os aços CA-25 e CA-50 podem ser considerados de alta
ductilidade e os aços CA-60 podem ser considerados como de ductilidade normal.

Essa norma ainda indica que, para que um aço seja considerado soldável,
sua composição deve obedecer aos limites estabelecidos na norma ABNT NBR
8965:1985 – Barras de aço CA 42 S com características de soldabilidade destina-
das a armaduras para concreto armado – Especificação.

A emenda de aço soldada deve ser ensaiada à tração segundo a Norma ABNT
NBR 8548:1984 – Barras de aço destinadas a armaduras para concreto armado
com emenda mecânica ou por solda – Determinação da resistência à tração – Mé-
todo de ensaios.

A carga de ruptura mínima, medida na barra soldada, deve satisfazer ao especi-


ficado na norma ABNT NBR 7480:2007 – Aço destinado a armaduras para estru-
turas de concreto armado – Especificação, e o alongamento sob carga deve ser tal
que não comprometa a ductilidade da armadura.

O alongamento total plástico medido na barra soldada deve atender a um míni-


mo de 2%.

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Introdução à Norma ABNT NBR 6118:2014,
Durabilidade das Estruturas, Classificação,
Critérios de Projeto, Introdução da Segurança
O concreto pode ser utilizado em inúmeros tipos de sistemas estruturais. Nos
edifícios mais comuns, são utilizadas lajes maciças ou nervuradas, moldadas no
local, pré-fabricadas ou, ainda, parcialmente pré-fabricadas.

Em casos específicos de grandes vãos, por exemplo, pode ser aplicada proten-
são em lajes e/ou vigas para melhorar o desempenho da estrutura, seja em termos
de resistência, seja para controle de deformações ou de fissuração.

De maneira alternativa, é possível utilizar lajes sem vigas, apoiadas diretamente


sobre os pilares, com ou sem capitéis. Essas condições são denominadas lajes-
-cogumelo, e lajes planas ou lisas, respectivamente.

No alinhamento dos pilares, podem ser consideradas vigas embutidas, com altu-
ra considerada igual à espessura das lajes, sendo também denominadas vigas-faixa.

A escolha do sistema estrutural a ser utilizado depende de fatores técnicos e


econômicos.

Dentre eles, estão (Figura 14):


• Capacidade técnica para desenvolver o projeto;
• Capacidade técnica para executar a obra;
• Disponibilidade de materiais, mão de obra e equipamentos necessários para a
execução da obra.

DISPONIBILIDADE DE
CAPACIDADE TÉCNICA FATORES INTERVENIENTES MATERIAIS, MÃO DE OBRA
PARA DESENVOLVER NA ESCOLHA DO SISTEMA E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
O PROJETO ESTRUTURAL PARA A EXECUÇÃO DA OBRA

CAPACIDADE TÉCNICA
PARA EXECUTAR A
OBRA

Figura 14 – Fatores Intervenientes na Escolha do Sistema Estrutural


Fonte: Acervo do conteudista

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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

Nos casos de edifícios residenciais e comerciais, a escolha do tipo de estrutura é


condicionada, essencialmente, por fatores econômicos, pois as condições técnicas
para projeto e construção são de conhecimento da área especializada da Engenha-
ria Civil denominada Engenharia de Estruturas e de Construção.

Estados Limites
As estruturas de concreto armado devem ser projetadas de modo que apresen-
tem segurança satisfatória.

A Norma Técnica ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de Estruturas de Concreto


– Procedimento, condiciona a segurança das estruturas em concreto à verificação
dos estados limites, que são situações em que a estrutura apresenta desempenho
inadequado à finalidade da construção, ou seja, são estados em que a estrutura se
encontra imprópria para o uso.

Os estados limites podem ser classificados em (Figura 15):


• Estados Limites Últimos (ELU): Referidos a situações de ruina, isto é, em
relação à capacidade de carga da estrutura;
• Estados Limites de Serviço (ELS): Referidos a situações de desempenho, isto
é, em relação à capacidade de utilização da estrutura.

TIPOS DE ESTADOS
ESTADOS LIMITES ESTADOS LIMITES
ÚLTIMOS (ELU)
LIMITES EM
DE SERVIÇO (ELS)
ESTRUTURAS DE
CONCRETO
Figura 15 – Tipos de Estados Limites em Estruturas de Concreto
Fonte: Acervo do conteudista

Estados Limites Últimos (ELU)


São os estados limites que correspondem à máxima capacidade de resistência
da estrutura, isto é, a sua ocorrência determina a paralisação, no todo ou em parte,
do uso da construção.

Por exemplo:
• Perda de equilíbrio da estrutura como um corpo rígido: Tombamento,
escorregamento ou levantamento;
• Resistência do material for ultrapassada: Ruptura do concreto;
• Escoamento excessivo da armadura de aço: Deformação específica do aço
maior que 1,0 % (εs > 1,0%);
• Aderência da armadura for ultrapassada: Ocorrência do escorregamento da
barra dentro do concreto;

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• Transformação da estrutura em mecanismo instável: Condição de es-
trutura hipostática;
• Flambagem: Deformação excessiva por compressão;
• Instabilidade dinâmica da estrutura: Ressonância da estrutura;
• Fadiga estrutural: Ocorrência de cargas repetitivas.

Estados Limites de Serviço (ELS)


São os estados limites que correspondem a condições precárias em serviço. Sua
ocorrência, repetição ou duração causam efeitos estruturais que não respeitam
condições especificadas para o uso normal da construção ou que são indícios de
comprometimento da durabilidade.

Por exemplo:
• Danos estruturais localizados que comprometem a estética ou a durabili-
dade da estrutura: Fissuração dos elementos estruturais;
• Deformações excessivas que afetem a utilização normal da construção
ou o seu aspecto estético: Flechas excessivas;
• Vibrações excessivas que causem desconforto a pessoas ou danos a equi-
pamentos sensíveis: Variações de condições de conforto.

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UNIDADE O Uso do Concreto Armado na Construção Civil

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Concreto Armado Eu te Amo Vai para Obra
BOTELHO, M. H. C.; FERRAZ, N. N. Concreto Armado Eu te Amo Vai para
Obra. 8.ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2015 (e-book) v. 1.
Introdução à Engenharia de Estruturas de Concreto
FUSCO, P. B.; ONISHI, M. Introdução à engenharia de estruturas de concreto.
São Paulo: Cengage Learning Editores, 2017 (e-book) v. 1.
Caderno de Receitas de Concreto Armado
PILOTTO NETO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado. Rio de Janeiro:
LTC, 2017 (e-book) v. 1 – Vigas.
Caderno de Receitas de Concreto Armado
PILOTTO NETO, E. Caderno de Receitas de Concreto Armado. Rio de Janeiro:
LTC, 2017 (e-book) v. 3 – Lajes.
Curso Básico de Concreto Armado
PORTO. T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso Básico de Concreto Armado. São
Paulo: Oficina de Textos, 2014. (e-book)

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Referências
BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto Armado Eu te Amo. 8.ed. São
Paulo: Edgard Blucher, 2015 v. 1. (E-Book)

BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto Armado Eu te Amo. 4.ed. São


Paulo: Edgard Blucher, 2015 v. 2. (E-Book)

FUSCO, P. B. Técnica de armar as estruturas de concreto. 2.ed.rev.ampl. São


Paulo: Pini, 2013.

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