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Materiais de

Construção Civil
Material Teórico
Tecnologia do Concreto

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Ernesto Silva Fortes

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Tecnologia do Concreto

• Introdução;
• Características Básicas do Concreto;
• Tipos de Concreto;
• Dosagem do Concreto;
• Preparo e uso do Concreto;
• Transporte do Concreto;
• Fatores que Influem nas Propriedades do Concreto.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar as características básicas do concreto utilizado em es-
truturas de concreto armado, conforme as especificações da nor-
malização brasileira e os conhecimentos específicos e aprofunda-
dos sobre gerenciamento das atividades de preparo, aplicação e
controle da qualidade dos concretos, seus derivados e insumos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Tecnologia do Concreto

Introdução
Ainda que esteja disponível a utilização de diversos materiais para a Construção
Civil, notadamente, o concreto é considerado o mais utilizado no mundo.

Segundo Mehta e Monteiro (2014), tendo como principais razões para esse
grandioso volume a excelente resistência do concreto à água, tornando-o ideal para
a construção de estruturas para controle, armazenamento e transporte de água,
a facilidade com a qual elementos estruturais de concreto podem ser obtidos por
meio de uma variedade de formas e tamanhos; e o baixo custo aliado a uma rápida
disponibilidade do material para a obra.

Dada a importância de garantir a qualidade da estrutura executada em con-


creto, várias normas técnicas foram e têm sido elaboradas com o propósito
de nortear a boa execução e o controle tecnológico, tais como a ABNT NBR
12655:2015, a ABNT NBR 5738:2015, a ABNT NBR 5739:2018, a ABNT
NBR 8953:2015 e a ABNT NBR 6118:2014, apenas para citar algumas.

Um controle tecnológico dos materiais é imprescindível para certificar o desempe-


nho das estruturas, garantindo a longevidade e atestando o padrão de qualidade esta-
belecido pelo projeto e pelas normas técnicas (ABNT NBR 12655:2015). É a partir
desse controle que se pode prever ou detectar “não conformidades” e viabilizar, caso
se faça necessário, intervenções corretivas nas estruturas em questão.

O concreto para fins estruturais deve ter definidas todas as características e


propriedades de maneira explícita, antes do início das operações de concretagem,
conforme recomendações da NBR 12655:2015 – Preparo, controle, recebimento e
aceitação do concreto de cimento Portland.

Características Básicas do Concreto


De acordo com Neville (2013), o estado fresco do concreto é considerado a
partir do instante da sua produção até o seu lançamento nas formas. Nesse esta-
do o concreto deve apresentar boa consistência, permitindo o adensamento do
concreto, e boa coesão para ser transportado e lançado nas formas, sem sofrer
segregação, ou seja, nesse estado o concreto deve apresentar uma trabalhabilida-
de adequada ao fim a que se destina.

De acordo com o autor, resistência à compressão adequada é considerada a prin-


cipal exigência do concreto no estado endurecido, e se deve ao fato de a resistência
ser uma propriedade que pode ser medida com facilidade e utilizada como controle de
que o concreto empregado na obra atende às especificações contratadas.

A mistura em proporção adequada de cimento, agregados, água e, em alguns


casos, adições e/ou aditivos, resulta num material de construção, o concreto,
cujas características diferem substancialmente daquelas apresentadas pelos ele-
mentos que o constituem.

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Os concretos utilizados no Brasil, de massa específica normal das classes do
grupo I, indicadas na NBR 8953, são: C10, C15, C20, C25, C30, C35, C40, C45
e C50. Os números indicadores da classe representam a resistência à compressão
característica especificada para a idade de 28 dias, em MPa.

O valor mínimo da resistência à compressão deverá ser de 20 MPa para con-


cretos apenas com armadura passiva e 25 MPa para concretos com armadura
ativa. O valor de 15 MPa poderá ser usado apenas em fundações, conforme a
NBR 6122, e em obras provisórias.

Conforme especificações da ABNT NBR 6118:2014, destacam-se aqui as


principais características e propriedades do material concreto, incluindo aspectos
relacionados à sua utilização.

Massa específica
Normalmente, são considerados concretos aqueles que, depois de secos em estu-
fa, têm uma massa específica, ρ, compreendida entre 2000 kg/m3 e 2800 kg/m3.

Em não se conhecendo a massa específica real, para efeito de cálculo, pode-


-se adotar para o concreto simples ρc = 2400 kg/m3 e para o concreto armado
ρc = 2500 kg/m3.

Quando se conhece a massa específica do concreto utilizado, pode-se consi-


derar para valor da massa específica do concreto armado a do concreto simples,
acrescida de 100 a 150 kg/m3.

Propriedades mecânicas
As principais propriedades mecânicas do concreto são: resistência à compres-
são, resistência à tração e módulo de elasticidade. Essas propriedades são deter-
minadas a partir de ensaios, executados em condições específicas. Geralmente, os
ensaios são realizados para controle da qualidade e atendimento às especificações.

Resistência à compressão
As prescrições referem-se à resistência à compressão são obtidas em ensaios
de cilindros moldados, segundo a NBR 5738:2015, e realizados de acordo com a
NBR 5739:2018.

Quando não for indicada a idade, as resistências referem-se à idade de 28 dias.


A estimativa da resistência à compressão média, fcmj, correspondente a uma resis-
tência fckj especificada, e deve ser feita conforme indicado na NBR 12655:2015.

A evolução da resistência à compressão com a idade deve ser obtida por meio
de ensaios especialmente executados para tal. Na ausência desses resultados expe-
rimentais, pode ser adotados os valores indicados na Tabela 1.

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Tabela 1 – Relações fcj/fc, admitindo cura úmida em temperatura de 21 a 30º.C.


Idade (Dias)
Cimento portland
3 7 14 28 60 90 120 240 360 720
CP III
0,46 0,68 0,85 1 1,13 1,18 1,21 1,28 1,31 1,36
CP IV
CP I
0,59 0,78 0,9 1 1,08 1,12 1,14 1,18 1,2 1,22
CP II
CP V 0,66 0,82 0,92 1 1,07 1,09 1,11 1,14 1,16 1,17
CP I cimento comum, CP II cimento composto, CP III cimento de alto forno,
CP IV cimento pozolânico, CPV cimento de alta resistência inicial.
Fonte: Neville, 2015

Resistência à tração
Os conceitos relativos à resistência do concreto à tração direta, fct, são análogos
aos expostos no item anterior, para a resistência à compressão; portanto,
tem-se a resistência média do concreto à tração, fctm, valor obtido da média
aritmética dos resultados, e a resistência característica do concreto à tração, fctk
ou, simplesmente, ftk, valor da resistência que tem 5% de probabilidade de não
ser alcançado pelos resultados de um lote de concreto.
A diferença no estudo da tração encontra-se nos tipos de ensaio. Há três norma-
lizados: tração direta, compressão diametral e tração na flexão, ilustrados nas
Figuras 1, 2, 3 e 4, respectivamente.

Ft Ft
9 cm 15 cm

30 cm
60 cm

Figura 1 – Ensaio de tração direta


Fonte: Mehta e Monteiro, 2014

CARGA

Talisca de Barra de aço suplementar


Madeira
(3 mm × 25 mm) Carpo-de-prova cilíndrico
(15 cm × 30 cm)

Plano de ruptura à tração

Base de apoio da
máquina de ensaio

Figura 2 – Ensaio de tração na compressão diametral (spliting test)


Fonte: Mehta e Monteiro, 2014

10
Tração Compressão
0
D/6

Distância a partir do topo


D/3
D/2
2D/3
5D/6
D
2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 10
Tensão × LD/2P
Figura 3 – Distribuição de tensão no corpo de prova
Fonte: Mehta e Monteiro, 2014

Extremidade da máquina de ensaio

25 mm no mínimo
Esfera de aço

Elemento de apoio e
aplicação da carga
D = L/3 Corpo-de-prova

Estrutura rígida de
carregamento
Barra
de aço Esfera de aço

L/3 L/3 L/3 Base de apoio da


máquina de ensaio
Vão

Figura 4 – Ensaio de tração na flexão


Fonte: Mehta e Monteiro, 2014

A resistência à tração indireta fct,sp e a resistência à tração na flexão fct,f


devem ser obtidas de ensaios realizados segundo a NBR 7222:2011 e a NBR
12142:2010, respectivamente.

A resistência à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9fct,sp ou 0,7fct,f
ou, na falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f, pode ser avaliada por meio das
equações (7.1) a (7.3):

fctm = 0,3fck 2/3 fctm e fck em MPa (7.1)


fctk,inf = 0,7 fctm (7.2)
fctk,sup = 1,3 fctm (7.3)

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Módulo de elasticidade
Outro aspecto fundamental no projeto de estruturas de concreto consiste na
relação entre as tensões e as deformações. Sabe-se da Resistência dos Materiais
que a relação entre tensão e deformação, para determinados intervalos, pode ser
considerada linear (Lei de Hooke), ou seja, σ = E ε, sendo σ a tensão, ε a deforma-
ção específica e o Módulo de Elasticidade ou Módulo de Deformação Longitudinal.

E

Figura 5 – Módulo de elasticidade ou de deformação longitudinal
Fonte: NBR 6118:2014

Coeficiente de Poisson
Quando uma força uniaxial é aplicada sobre uma peça de concreto, resulta
uma deformação longitudinal na direção da carga e, simultaneamente, uma de-
formação transversal com sinal contrário, ilustrada na Figura 6.

Figura 6 – Deformações longitudinais e transversais


Fonte: Neville, 2013

Segundo especificações da NBR 6118:2014, Para tensões de compressão


menores que 0,5fc e tensões de tração menores que fct, o coeficiente de Poisson
ν pode ser tomado como igual a 0,2.

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Deformações
As deformações do concreto dependem, essencialmente, de sua estrutura in-
terna. A contração térmica é de maior importância nos elementos de grande
volume de concreto. Sua magnitude pode ser controlada por meio do coeficiente
de expansão térmica do agregado, consumo e tipo de cimento e da temperatura
dos materiais constitutivos do traço do concreto.

Estrutura interna do concreto


O concreto tem uma estrutura interna altamente complexa e heterogênea, sen-
do esta a dificuldade de sua compreensão. Entretanto, o conhecimento da estrutu-
ra e das propriedades individuais dos materiais constituintes e da relação entre eles
auxilia a compreensão das propriedades dos vários tipos de concreto (MEHTA;
MONTEIRO, 2014). Por isso o concreto é dividido em três constituintes:
• Pasta de cimento hidratada;
• Agregado;
• Zona de transição na interface entre a pasta de cimento e o agregado.

A fase agregado é a principal responsável pela massa unitária, pelo módulo de


elasticidade e pela estabilidade dimensional. Essas propriedades do concreto de-
pendem, principalmente, da densidade e da resistência do agregado que, por sua
vez, são determinadas mais por suas características físicas do que pelas químicas.

De acordo com Neville (2013), a pasta de cimento hidratada é resultado das


complexas reações química do cimento com a água. A hidratação do cimento
evolui com o tempo, o que resulta em diferentes fases sólidas, vários tipos de
vazios e água em diferentes formas.

Segundo o autor, as quatro principais fases sólidas são:


• Silicato de cálcio hidratado (C-S-H), parte resistente da pasta;
• Hidróxido de cálcio (CH), parte frágil da pasta;
• Sulfo aluminato de cálcio;
• Grão de clinquer não hidratado.

Os vazios presentes na pasta de cimento hidratada são classificados de acordo


com o tamanho:
• Espaço interlamelar no C-S-H, que são os menores vazios;
• Vazios capilares, espaço entre os componentes sólidos da pasta;
• Ar incorporado, que são os maiores vazios, só superados pelos relativos ao
• Ar aprisionado, que ocupam os maiores vazios.

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UNIDADE Tecnologia do Concreto

A classificação da água presente na pasta de cimento hidratada é baseada no


grau de dificuldade ou de facilidade com que pode ser removida. São elas, na ordem
crescente de dificuldade de remoção:
• Água capilar ou água livre;
• Água adsorvida;
• Água interlamelar;
• Água quimicamente combinada.

A zona de transição, na interface das partículas grandes de agregado e da


pasta de cimento, embora composta pelos mesmos elementos que a pasta de ci-
mento hidratada, apresenta propriedades diferentes da matriz. Esse fato se deve,
principalmente, ao filme de água formado em torno das partículas de agregado,
que alteram a relação água/cimento nessa região, formando uma estrutura mais
porosa e menos resistente (MEHTA; MONTEIRO, 2014).

Tipos de Concreto
Os concretos para fins estruturais são classificados pela massa específica,
por grupos de resistência e consistência, segundo as prescrições da ABNT
NBR 8953:2015.

De acordo com Neville (2013), o concreto no seu estado fresco permite ser
moldado nas mais diversas formas, texturas e finalidades. Contudo, um concreto
com qualidade necessita de diversos cuidados, que vão desde a escolha de mate-
riais, a elaboração do projeto de dosagem (traço), que garanta as propriedades
informadas ao cliente e a homogeneização da mistura por meio dos caminhões
betoneiras, até sua correta aplicação, o adensamento realizado de forma adequa-
da e a cura correta da estrutura, resultando, assim, num produto de qualidade que
atenderá a situações específicas, dependendo das exigências que forem expostas.

Conforme definidas na ABNT NBR 12655:2014 e apresentadas em Neville


(2013), existe uma grande variedade de tipos de concreto e cada um atende a um
tipo de exigência nas construções. Dentre os principais, pode-se citar:
a) Concreto convencional – Utilizado na maioria das obras civis, deve
ser lançado nas fôrmas por método convencional (carrinhos de mão,
gruas etc.). O concreto convencional é de consistência seca e sua
resistência varia de 5,0 em 5,0MPa, a partir de 10,0 até 40,0MPa.
É aplicado em obras civis, industriais e em peças pré-moldadas.

As vantagens são: aumento da durabilidade e qualidade final da obra,


redução dos custos da obra e redução no tempo de execução;

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b) Concreto de alto desempenho – Normalmente, elaborado com adições
minerais tipo sílica ativa e metacaulim e aditivos superplastificantes. Os
concretos assim obtidos possuem excelentes propriedades. São aplicados
em obras civis especiais, hidráulicas em geral e em recuperações.

As vantagens são: aumento da durabilidade e da vida útil das obras;


redução dos custos da obra e melhor aproveitamento das áreas disponíveis
para construção;
c) Concreto bombeável – Utilizado na maioria das obras civis, sua dosa-
gem é apropriada para utilização em bombas de concreto, evitando se-
gregação e perdas de material. Sua resistência varia de 5,0 em 5,0MPa,
a partir de 10,0 até 40,0MPa. É aplicado em obras civis em geral, obras
industriais e peças pré-moldadas.

As vantagens são: aumento da durabilidade e qualidade final da obra;


redução dos custos da obra e redução no tempo de execução;
d) Concreto de alta resistência inicial – Como o próprio nome diz, o
concreto de alta resistência inicial possui resistência superior ao con-
vencional à compressão como, por exemplo, de 149Mpa aos 28 dias.
É importante ressaltar a importância do agregado para a rigidez e a re-
sistência do concreto, pois a redução da dimensão do agregado graúdo
ocasiona o ganho de resistência devido ao fortalecimento da zona de
transição (área de contato entre pasta e agregado). Dessa forma, quan-
to mais alta a resistência a ser alcançada, menor deve ser a dimensão
máxima do agregado graúdo. No que se refere ao agregado miúdo, a
preferência, para a fabricação desse tipo de concreto, é de um módulo
de finura elevado;
e) Concreto de pavimento rígido – O principal requisito exigido para esse
concreto é a resistência à tração na flexão e ao desgaste superficial. Trata-
-se de um concreto de fácil lançamento e execução. É aplicado em estra-
das e vias urbanas.

As vantagens são: maior durabilidade; redução dos custos de manu-


tenção e maior luminosidade;
f) Concreto pesado – A característica principal desse tipo de concreto é a
sua alta densidade, que varia entre 2800 e 4500 kg/m³, obtida com a
utilização de agregados especiais, normalmente, a hematita. É aplicado
como contrapeso em gasodutos, hospitais e usinas nucleares; pode ser
citada a vantagem de ser isolante radioativo;
g) Concreto projetado – Concreto com dimensão máxima característica
do agregado maior ou igual a 9,5mm, transportado por meio de uma
tubulação e projetado sob pressão sobre uma superfície, com compac-
tação simultânea. É um processo de aplicação de concreto utilizado

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UNIDADE Tecnologia do Concreto

sem a necessidade de formas, bastando apenas uma superfície para o


seu lançamento. O concreto projetado deve ser dosado, misturado e
lançado por equipamento de projeção de capacidade mínima de pro-
dução de 10 m³/h. A cada máquina de projeção, corresponde uma
composição granulométrica ótima, função das dimensões do mangote
do bico e das pressões de ar e água, entre outros fatores;
h) Concreto leve estrutural – Caracterizam-se concretos leves aqueles
que apresentam reduzida massa específica quando comparados a con-
cretos convencionais, e essa redução de densidade é obtida por meio
da incorporação de ar à mistura, seja na argamassa, seja nos agre-
gados (NEVILLE, 2013). Neville (2013) afirma que apenas concretos
produzidos com agregados leves podem ser usados para aplicação em
estruturas, ou seja, os concretos dos tipos celular e sem finos não po-
dem ser empregados para tal função e, ao adotar o emprego desse
material, ocorrem mudanças significativas em algumas propriedades do
concreto, como resistência mecânica, módulo de deformação, traba-
lhabilidade, condutividade térmica e mudanças na zona de transição do
agregado com a pasta de cimento;
i) Concreto leve – A densidade desse concreto varia de 400 a 1800kg/m³.
Os tipos mais comuns são o concreto celular espumoso, o concreto com
isopor e o concreto com argila expandida. É aplicado em: enchimento e
regularização de lajes, pisos e elementos de vedação.

As vantagens são: redução de peso próprio e isolante termo-acústico;


j) Concreto colorido – Concreto normal adicionado de pigmentos es-
peciais, os quais conferem ao concreto várias cores com diferentes
tonalidades, a saber: amarela, azul, vermelha, verde, marrom e preta.
É aplicado em pisos, calçadas e fachadas.

As vantagens são: elimina pintura e pode ser usado como marcador


de áreas específicas;
k) Concreto resfriado com gelo – Trata-se de um concreto cuja quanti-
dade de água é parcialmente substituída por gelo, para atender a condi-
ções específicas de projeto, por exemplo, a retração térmica. É aplica-
do em paredes espessas e grandes blocos de fundação.

A vantagem é a redução da fissuração de origem térmica;


l) Concreto autoadensável – É o concreto do futuro. Trata-se de um
concreto de elevada plasticidade. Em alguns casos, pode ter a sua
reologia controlada com a utilização de aditivos de última geração.
É aplicado em fundações especiais tipo hélice contínua e paredes
diafragma, peças delgadas e peças densamente armadas. As vanta-
gens são: maior durabilidade e fácil aplicação, dispensa a utilização
total ou parcial de vibradores, redução dos custos com mão de obra e
energia e maior produtividade no lançamento;

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m) Concreto com adição de fibras – Normalmente, elaborado com fibras
de nylon, polipropileno e aço, dependendo das condições de Projeto.
Os concretos assim obtidos inibem os efeitos da fissuração por retração.
Utilizado em obras civis especiais e pisos industriais;

As vantagens são: aumenta a durabilidade das obras quanto à abra-


são e ao desgaste superficial, melhora a resistência à tração do concreto
e pode ser utilizado em pistas de aeroportos;
n) Concreto impermeável – Trata-se de um concreto com a relação água-
-cimento limitada, normalmente, menor ou igual a 0,55, e dosado com
um cimento apropriado, tipo portland de alto forno ou pozolânico. É
aplicado em obras hidráulicas em geral, estações de tratamento d’água
e esgoto e barragens.

As vantagens são: aumento da durabilidade da obra e redução dos


custos de manutenção da obra;
o) Concreto sem finos – A característica principal desse tipo de concreto
é a sua elevada porosidade. A densidade desse concreto varia de acordo
com o agregado utilizado: brita, seixo ou argila expandida. É aplicado
em drenagens e enchimentos e tem a vantagem de ter baixa densidade.

O cimento utilizado para os vários tipos de concreto pode ser o Portland co-
mum ou o Portland de alta resistência inicial que atendam às exigências da ABNT
NBR 16697:2018 e que cumpre as especificações da NBR 12655:2014.

A dosagem de cimento empregada em concreto projetado é a mesma utilizada


nos concretos tradicionais, oscilando entre 300 e 375 kg/m3, em alguns casos é
necessário utilizar dosagens com consumo de cimento de até 500 kg/m3.

Os aditivos aceleradores de pega, impermeabilizantes ou plastificantes podem


ser utilizados, na proporção de 2% a 3%, para aumentar a resistência inicial ou
diminuir a retração.

Dosagem do Concreto
A escolha e a dosagem dos materiais constituintes de um concreto, sem dúvida,
é uma etapa básica; porém seletiva, e segue as especificações da ABNT NBR
12655:2015.

De acordo com a mesma norma, a composição do concreto e a escolha dos


materiais componentes devem satisfazer as exigências estabelecidas na mesma
norma, para concreto fresco e endurecido, observando: consistência, massa
específica, resistência, durabilidade, proteção das barras de aço quanto à corrosão
e o sistema construtivo escolhido para a obra. O concreto deve ser dosado a fim
de minimizar sua segregação no estado fresco, levando-se em consideração as
operações de mistura, transporte, lançamento e adensamento.

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UNIDADE Tecnologia do Concreto

Os métodos de dosagem podem ser entendidos como estudos desenvolvidos


para seleção e quantificação dos materiais constituintes do concreto, poten-
cializando melhorias nos desempenhos físico-mecânicos e maior durabilidade
das estruturas.

O método de dosagem mais utilizado no Brasil é definido como ABCP/ACI,


detalhado em Neville (2013). Pode ser visto como um método mais racional, pois
leva em consideração as propriedades físicas e mecânicas do cimento utilizado,
assim como dos agregados.

Faixas de trabalhabilidade podem ser escolhidas e o desvio padrão pode ser


adotado entre os destacados pela NBR 12655:2015 para obtenção da resistência
de dosagem (fck28).

Preparo e uso do Concreto


Conforme as especificações da ABNT NBR 12655:2015 – Concreto de cimen-
to Portland — Preparo, controle, recebimento e aceitação, o concreto pode ser
misturado na obra, pré-misturado ou produzido em usina de pré-moldados. Proce-
dimentos de preparo e uso do concreto apresentados a seguir, também podem ser
encontradas em Neville (2013) – Tecnologia do concreto.

Concreto misturado manualmente


Conforme apresentado em Neville (2013), o concreto misturado manualmente
exige grande esforço da mão de obra e é indicado para pequenas obras e serviços.

Deve-se estar ciente de que o concreto resultante é de qualidade apenas razo-


ável, sem garantia da resistência conseguida em concretos preparados mecanica-
mente. Escolher uma superfície resistente (livre de partes soltas), plana, limpa e
impermeável para efetuar a mistura ou utilizar a caixa de argamassa devidamente
livre de outros materiais. Os materiais secos devem ser misturados até se conseguir
a homogeneidade de cor. A mistura manual, preferencialmente para um saco de
cimento, deve obedecer à sequência ilustrada na Figura 7:
a) Espalhar a areia sobre a superfície (caixa) formando uma camada de 15 cm;
b) Espalhar o cimento sobre a camada de areia;
c) Misturar a areia e o cimento, até conseguir uma mistura homogênea;
d) Formar uma camada de mais ou menos 15cm;
e) Espalhar a pedra sobre a camada e misturar tudo;
f) Depois de bem misturado, formar um monte com um buraco no meio
(boca de um vulcão);

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g) Despejar a água aos poucos e misturar vigorosamente até obter a con-
sistência desejada (depois de colocada a água, continuar misturando,
pois o concreto ficará mais mole).

Figura 7 – Sequência para mistura manual de concreto


Fonte: Adaptado de ABCP

Concreto misturado em betoneira


O trabalho com betoneira simplifica o processo de elaboração do concreto, obten-
do-se um material de melhor qualidade do que o obtido na mistura manual.

O tempo de carregamento dos materiais deve ser o mínimo possível (um mi-
nuto) e o tempo de mistura deve ser de 3 minutos, no mínimo (NEVILLE, 2013).
A mistura com betoneira deve obedecer à sequência a seguir:
a) Para betoneiras com carregamento direto (Figura 8 – mistura para um
saco de cimento), com a betoneira girando:
• Adicionar a água;
• Agregado graúdo (brita);
• Cimento;
• Areia;
b) Para betoneiras com carregamento por caçambas (Figura 8) e água
(aditivos) adicionada concomitantemente (meio a meio):
• Adicionar metade do agregado graúdo;
• Areia;
• Cimento;
• Restante da brita.

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UNIDADE Tecnologia do Concreto

Figura 8 – Ilustração de exemplos de betoneiras com carregamento


direto e outro com caçamba, respectivamente
Fonte: iStock/Getty Images

Concreto dosado em Central


O concreto usinado é obtido em Centrais dosadoras, geralmente chamadas
de concreteiras, e segue os procedimentos da NBR 7212:2012 – Execução de
concreto dosado em central.

De acordo com Mehta e Monteiro (2014), as centrais de concreto são instala-


ções preparadas para a produção em escala, constituídas de silos armazenadores,
balanças, correias transportadoras e equipamentos de controle.

Na maioria dos casos, para as obras urbanas, a mistura é feita no próprio cami-
nhão, durante o trajeto entre a central de concreto e a obra.

Nas obras de grande porte, como barragens e estradas, as centrais podem fazer
a mistura e o material é transportado por gruas e caçambas. Dentre as vantagens
do uso de concreto pronto (usinado), pode-se destacar:
a) Economia de materiais, menor perda de areia, brita e cimento;
b) Maior controle tecnológico dos materiais, dosagem, resistência e con-
sistência, com melhoria da qualidade;
c) Racionalização do número de ajudantes na obra, com a consequente
redução dos encargos trabalhistas;
d) Melhor produtividade da equipe;
e) Redução no controle de suprimentos e eliminação de áreas de estoque
no canteiro;
f) Redução do custo da obra.

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Recebimento do concreto usinado
O trajeto a ser percorrido pelo caminhão-betoneira deve ser preparado, seja
dentro do canteiro, seja fora dele, para evitar atrasos e perda do concreto.

Nas obras urbanas, o acesso para o caminhão-betoneira deve permitir manobras


do caminhão seguinte, de forma que a continuidade não seja prejudicada e prever
um local próximo do canteiro para estacionar o caminhão que estará esperando
para descarregar.

Quando utilizar concreto bombeado, deve-se prever os acessos e o local de estacio-


namento para os caminhões e a bomba, isto é, estacionamento para dois caminhões-
-betoneira, próximo à bomba, a fim de manter o fluxo contínuo de bombeamento.

Ensaio de abatimento
A consistência é avaliada pelo ensaio slump test, conforme especificações da
NBR 5738:2015 e detalhado na ANBT NBR NM 67, que tem como objetivos
determinar a trabalhabilidade e controlar a quantidade de água adicionada no con-
creto fresco, de acordo com os passos a seguir:
a) Coletar diretamente da calha do caminhão uma amostra de aproxi-
madamente 30 litros de concreto depois de descarregado pelo menos
0,5m3 (não retire a amostra de concreto já lançado na fôrma);
b) Colocar a amostra num carrinho e misturar para assegurar a
homogeneidade;
c) Colocar o cone (previamente molhado e tratado) sobre a placa metálica
nivelada, apoiando firmemente os pés sobre as abas inferiores do cone;
d) Preencher o cone em 3 camadas iguais e aplicar um apiloamento de
25 golpes em cada camada, em toda a seção do cone, adensando, cui-
dadosamente, com a haste sem que esta penetre na camada inferior;
e) Retirar o excesso de material da última camada com a régua, alisando
a superfície;
f) Içar o cone verticalmente, com cuidado;
g) Colocar a haste sobre o cone invertido ao lado da massa abatida, me-
dindo a distância entre o ponto médio do material e a parte inferior da
haste, expressando o resultado em centímetros.

Antes da descarga do caminhão, é necessário fazer uma avaliação da quantidade de


água do concreto, conforme ilustrado na Figura 9 e detalhado na ANBT NBR NM 67,
verificando se a consistência está de acordo com o que foi especificado na Nota Fiscal
(Pedido). A falta de água torna o concreto menos trabalhável, podendo criar ninhos de
concretagem (bicheiras) e água em excesso reduz a resistência do concreto.

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Régua metálica
Regla metálica
Haste
Varilla

Abatimento
Asentamiento
Molde
Concreto
Hormmigón
300

IV
500

Placa metálica de base

Figura 9 – Ilustração da medição do slump test do concreto (dimensões em mm)


Fonte: NBR 12655:2015

Tabela 2 – Valores de abatimento limite com relação ao tipo de elemento estrutural


Abatimento de tronco
Tipo de obra
de cone em mm
Estruturas de contenção armada e sapatas 20-80
Blocos, tubulões, ensecadeiras e paredes em subsolo 20-80
Vigas e paredes armadas 20-100
Pilares de edifícios 20-100
Pavimentos e lajes 20-80
Concreto massa 20-80
Fonte: Neville, 2013

A NBR 12655:2015 não especifica valores limites de abatimento no slump


test. A Tabela 2 apresenta valores de limite no abatimento no slump test, reco-
mendados por Neville (2013).

Transporte do Concreto
A ABNT NBR 12655:2015 recomenda para o transporte do concreto veícu-
los dotados ou não de dispositivos que efetuam a mistura do concreto e mantém
a sua homogeneidade por simples agitação, divididas em três tipos: caminhão-
-betoneira, equipamento dotado de agitação e equipamento não dotado de agi-
tação (caminhão basculante).

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Transporte convencional
O transporte do concreto do local de produção ou descarga na obra até o local
de lançamento (fôrmas) pode ser feito, convencionalmente, com a utilização dos
seguintes equipamentos:
a) Carrinhos e jericas – O uso dos carrinhos e jericas implica o plane-
jamento do caminho de percurso a fim de evitar contratempos provo-
cados por esperas e por danos nas armaduras. Alguns cuidados são
essenciais para sua durabilidade, tais como:
• Devem ser mantidas sempre limpas, livres de argamassas endurecidas;
• Devem ser molhados antes do início da concretagem;
• Ter os eixos engraxados semanalmente;
• Não receber sobrecarga (peso acima do permitido);
b) Guinchos – Além da rigorosa manutenção dos componentes do guin-
cho (roldanas, eixos, cabos, torre, freio, trilhos etc.), os seguintes cuida-
dos são necessários:
• Travar os carrinhos e jericas na cabine do guincho;
• Proibir o transporte de pessoas no guincho (NR-18);
• A operação deve ser feita por pessoa habilitada;
• Prever corrente, cadeado e chave para impedir o uso por pessoa sem
habilitação e/ou em horários inadequados ou acionamento acidental;
c) Gruas e caçambas – A área de atuação da grua deve ser delimitada e
devidamente sinalizada, a fim de impedir a circulação de pessoas sob
as cargas suspensas. Além da rigorosa manutenção por firma especia-
lizada (em geral, a própria fornecedora da grua), os seguintes cuidados
operacionais devem ser levados em conta:
• Manter limpa a caçamba, livre de material endurecido (lavar sempre
depois do uso);
• Carregar sempre dentro do limite de carga estabelecido;
• Operar usando rádios comunicadores;
d) Calhas e correias transportadoras – São indicadas para obras de
maior porte, com exigência de fluxo contínuo de concreto em gran-
de quantidade.

Transporte por bombeamento


O transporte é feito por equipamento chamado bomba, que empurra o con-
creto por meio de uma tubulação metálica, podendo vencer grandes alturas e/ou
distâncias horizontais. A grande vantagem da bomba é a capacidade de transportar

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volumes maiores de concreto em comparação aos sistemas usuais (carrinhos, jeri-


cas e caçambas), podendo atingir de 35 a 45m3 por hora, enquanto outros meios
atingem de 4 a 7 m3.

As outras vantagens são obtidas com a maior produtividade, menor gasto com
mão de obra e menor energia de vibração (concreto mais plástico). Em conjunto
com a bomba, pode ser usadas lanças (caminhão-lança), que facilitam atingir todos
os pontos de concretagem.

Os seguintes cuidados são importantes na operação com bomba e lança:


• O diâmetro interno da tubulação deve ser maior que o triplo do diâmetro
máximo do agregado graúdo;
• Lubrificar a tubulação com nata de cimento, antes da utilização;
• Reforçar as curvas com escoras e travamento para suportar o golpe de aríete
provocado pelo bombeamento;
• Designar, no mínimo, dois operários para segurar a extremidade do mangote
de lançamento;
• Operar usando rádios comunicadores e controle remoto da lança;
• Verificar se a movimentação da lança não provoca danos nas instalações
elétricas, telefônicas e vizinhas;
• Manter a continuidade da concretagem, com um caminhão sempre na espera.

Lançamento do concreto
Para Neville (2013), nas obras de construção civil é comum encarar a concreta-
gem como a etapa final de um ciclo constituído da execução das fôrmas, armadu-
ras, lançamento, adensamento e cura do concreto.

Nos edifícios de múltiplos pavimentos, a concretagem da laje encerra uma


etapa da programação.

Tendo em vista que a reparação de uma concretagem executada errada é one-


rosa e, muitas vezes, esconde defeitos que irão aparecer somente algum tempo
depois, é extremamente importante a presença do Engenheiro, Mestre ou Técnico
com experiência na etapa de lançamento do concreto.

A Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem – Abesc, Mehta


e Monteiro (2014), sugere considerar os seguintes cuidados na fase de concretagem.

Plano de lançamento (de concretagem)


a) Dimensionar antecipadamente o volume do concreto (calculando direto
das fôrmas), o início e os intervalos das cargas para manter o ritmo na
entrega do concreto;

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b) Dimensionar a equipe envolvida nas operações de lançamento, adensa-
mento e cura do concreto;
c) Prever interrupções nos pontos de descontinuidade das fôrmas como:
juntas de concretagem previstas e encontros de pilares, paredes com
vigas ou lajes etc.;
d) Especificar a forma de lançamento: convencional ou bombeado, com
lança, caçamba etc.;
e) Providenciar equipamentos e ferramentas, como:
• Equipamento para transporte dentro da obra (carrinhos, jericas, dumpers,
bombas, esteiras, guinchos, guindaste, caçamba etc.);
• Ferramentas diversas (enxadas, pás, desempenadeiras, ponteiros etc.);
• Tomadas de força para os equipamentos elétricos.

Condições gerais durante o lançamento


a) Fazer com que o concreto seja lançado logo após o batimento, limitando
em 2 horas e meia o tempo entre a saída do caminhão da concreteira
e a aplicação na obra;
b) Limitar em 1 hora o tempo de fim da mistura no caminhão e o lança-
mento, valendo a mesma coisa para a concretagem sobre camada já
adensada e, se for o caso, utilizar retardadores de pega, nas obras com
maior dificuldade no lançamento;
c) Lançar o mais próximo da sua posição final;
d) Evitar o acúmulo de concreto em determinados pontos da fôrma, distri-
buindo a massa sobre a fôrma;
e) Lançar em camadas horizontais de 15 a 30cm, a partir das extremidades
para o centro das fôrmas;
f) Lançar nova camada antes do início de pega da camada inferior;
g) Tomar cuidados especiais quando da concretagem com temperatura am-
biente inferior a 10ºC e superior a 35ºC;
h) A altura de lançamento não deve ultrapassar 2,5m e, se for o caso,
utilizar trombas, calhas, funis etc. para alturas de lançamento supe-
riores a 2,5m;
i) Limitar o transporte interno do concreto com carrinhos ou jericas a
60 metros, para evitar a segregação e a perda de consistência (utilizar
carrinhos ou jericas com pneus);
j) Preparar rampas e caminhos de acesso às fôrmas (prever antiderrapantes);
k) Iniciar a concretagem pela parte mais distante do local de recebimento
do concreto;
l) Molhar abundantemente as fôrmas antes de iniciar o lançamento
do concreto;

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UNIDADE Tecnologia do Concreto

m) Eliminar e/ou isolar pontos de contaminação por barro, entulho e


outros materiais indesejados;
n) Manter uma equipe de carpinteiros, armadores e eletricistas, sendo
que um carpinteiro fique sob as fôrmas verificando o preenchimento
com um martelo de borracha;
o) Lançar nos pés dos pilares, antes do concreto, uma camada de arga-
massa com traço 1:3 (cimento e areia média);
p) Interromper a concretagem no caso de chuva, protegendo o trecho já
concretado com lonas plásticas;
q) Dar especial atenção às armaduras negativas, verificando sua integridade;
r) Providenciar pontos de iluminação no caso da concretagem se estender
para a noite.

Adensamento do concreto
O objetivo do adensamento do concreto lançado é torná-lo mais compacto,
retirando o ar do material, incorporado nas fases de mistura, transporte e lança-
mento. O adensamento exige certa energia mecânica.

De acordo com Neville (2013), o processo mais comum e simples é o adensa-


mento manual, indicado para pequenos serviços e/ou obras de pequeno porte.

Nas obras nas quais se exige maior qualidade e responsabilidade, é necessário


promover o adensamento por meio de equipamentos de vibração.

Em geral, segundo o autor, são usados vibradores de imersão e de superfície


para o acabamento (réguas vibratórias). O concreto deve ser adensado imediata-
mente após seu lançamento nas fôrmas, levando em conta que tanto a falta de
vibração como o excesso pode causar sérios problemas para o concreto.

Os seguintes cuidados são importantes nessa fase da execução do concreto,


conforme apresentado por Neville (2013):
a) Lançar o concreto em camadas de no máximo 50cm (30cm é o reco-
mendável) ou em camadas compatíveis com o comprimento do vibra-
dor de imersão;
b) Aplicar o vibrador sempre na vertical;
c) Vibrar o maior número possível de pontos da peça;
d) Introduzir e retirar o vibrador lentamente, fazendo com que a cavidade
deixada pela agulha se feche novamente;
e) Deixar o vibrador por 15 segundos, no máximo, num mesmo ponto (o
excesso de vibração causará segregação do concreto);

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f) Fazer com que a agulha penetre 5cm na camada já adensada;
g) Evitar encostar o vibrador na armadura, pois isso acarretará problemas
de aderência entre a barra e o concreto;
h) Não aproximar muito a agulha das paredes da fôrma (máximo 10 cm),
para evitar danos na madeira e evitar bolhas de ar;
i) O raio de ação do vibrador depende do diâmetro da agulha e da potên-
cia do motor:
j) Evitar desligar o vibrador ainda imerso no concreto;
k) Adotar todos os cuidados de segurança indicados para o manuseio de
equipamento elétrico.

Cura do concreto
O concreto deve ser protegido durante o processo de endurecimento (ganho de
resistência) contra secagem rápida, mudanças bruscas de temperatura, excesso de
água, incidência de raios solares, agentes químicos, vibração e choques (MEHTA;
MONTEIRO, 2014).

De acordo com os autores, deve ser evitado bater estacas, utilizar rompedores
de concreto, furadeiras a ar comprimido próximo de estruturas recém concretadas,
assim como evitar o contato com água em abundância e qualquer outro material que
possa prejudicar o processo de endurecimento e de aderência na armadura.

Para evitar uma secagem muito rápida do concreto e o consequente apareci-


mento de fissuras e redução da resistência em superfícies muito grandes, tais como
lajes, os autores recomendam que seja necessário iniciar a cura úmida do concreto
tão logo a superfície esteja seca ao tato.

A seguir, estão listados alguns dos métodos mais comuns para a cura do concre-
to, que podem ser usados isolada ou em concomitantemente, conforme apresenta-
do por Neville (2013) e Mehta e Monteiro (2014):
a) Molhar continuamente durante 7 dias (no mínimo 3 dias) a superfície
concretada (pilares e vigas);
b) Manter uma lâmina de água sobre a superfície (lajes e pisos);
c) Espalhar areia, serragem ou sacos (arroz, estopa, cimento etc.) sobre a
superfície e mantê-los umedecidos (lajes e pisos);
d) Manter as fôrmas sempre molhadas (pilares, vigas e escadas);
e) Molhar e cobrir com lona;
f) Utilizar produtos apropriados para cura de concreto (película impermeável).

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Fatores que Influem nas


Propriedades do Concreto
Com base no que foi apresentado nesse texto e conforme recomendações de
Neville (2013) e Mehta e Monteiro (2014), os principais fatores que influem nas
propriedades do concreto são:
• Tipo e quantidade de cimento;
• Qualidade da água e relação água-cimento;
• Tipos de agregados, granulometria e relação agregado-cimento;
• Presença de aditivos e adições;
• Procedimento e duração do processo de mistura;
• Condições e duração do transporte e do lançamento;
• Condições de adensamento e de cura;
• Forma e dimensões dos corpos de prova;
• Tipo e duração do carregamento;
• Idade do concreto, umidade, temperatura etc.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Ibracon
https://goo.gl/ZUJ6vc

Livros
Durabilidade do Concreto: Bases Científicas para a Formulação de Concretos Duráveis de acordo com o Ambiente
CASCUDO, O.; Carasek, Helena, H. Durabilidade do Concreto: Bases Científicas para
a Formulação de Concretos Duráveis de acordo com o Ambiente. IBRACON, 2014.
Introdução à Engenharia de Estruturas de Concreto
FUSCO, P. B. Introdução à Engenharia de Estruturas de Concreto. 4.ed. São
José/Canoas: ULBRA, 2018. (E-Book)
Concreto: Ciência E Tecnologia
ISAIA, G. C. Concreto: Ciência E Tecnologia. 1º Edição. São Paulo: IBRACON,
2011. v. 1, 2 e 3. ISBN v.1: 978-85-98576-16-9 e v.2: 978-85-98576-20-6.
Concreto: microestrutura, propriedades e materiais
MEHTA, P. Kumar.; MONTEIRO, Paulo J. M.; HASPARYK, Nicole Pagan. Concreto:
microestrutura, propriedades e materiais. 2.ed. São Paulo: IBRACON, 2014.
Dosagem e Controle da Qualidade de Concretos Convencionais de Cimento Portland
RECENA, F. P. Dosagem e Controle da Qualidade de Concretos Convencionais
de Cimento Portland. 4.ed. São/José, Canoas: ULBRA, 2017.

Leitura
Concreto para Habitação
https://goo.gl/oTvGHj

29
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UNIDADE Tecnologia do Concreto

Referências
ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 12142: Concreto
– Determinação da resistência à tração na flexão de corpos de prova prismáticos.
São Paulo, 2010.

________. NBR 12655: Concreto – Preparo, controle e recebimento. São Paulo:


ABNT, 2015.

________. NBR 16697: Cimento Portland – Requisitos. São Paulo: ABNT, 2018.

________. NBR 5738: Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos-


de-prova. São Paulo: ABNT, 2015.

________. NBR 5739: Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova


cilíndricos. São Paulo: ABNT, 2018.

________. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. São


Paulo: ABNT, 2014.

________. NBR 7212: Execução de concreto dosado em central – Procedimento.


São Paulo: ABNT, 2012.

________. NBR 7222: Concreto e argamassa – Determinação da resistência


à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos. São Paulo:
ABNT, 2011.

________. NBR 8953: Concreto para fins estruturais - Classificação pela massa
específica, por grupos de resistência e consistência. São Paulo: ABNT, 2015.

________. NBR NM67: Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento


do tronco de cone. São Paulo, 1998.

MEHTA, P. Kumar; MONTEIRO, Paulo J. M. Concreto. Microestrutura,


propriedades e materiais. 2.ed. São Paulo: IBRACON, 2014. 751p.

NEVILLE, A. M. Tecnologia do concreto. Porto Alegre: Bookmann, 2013. p. 448.

NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do Concreto. 2.ed. Editora: BMA -


BOOKMAN (ARTMED), 2013. ISBN: 9788582600719

NORMA Reguladora NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria


da Construção. Brasília. Ministério do Trabalho, 2009. Disponível em: <http://
trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulam-
entadoras/norma-regulamentadora-n-18-condicoes-e-meio-ambiente-de-trabal-
ho-na-industria-da-construcao>. Acessado em: 29 de Agosto de 2018.

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