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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE OSVALDO CRUZ REDE

FACULDADE REGES OSVALDO CRUZ

Welinton Portela da Silva

Desenvolvimento Cognitivo na Visão de Jean Piaget

OSVALDO CRUZ
2023
WELINTON PORTELA DA SILVA

Desenvolvimento Cognitivo na Visão de Jean Piaget

Artigo apresentado na Disciplina de


Pesquisa Científica II, do Curso de
Pedagogia da Faculdade Reges Osvaldo
Cruz, para conclusão do semestre.

Orientador:

OSVALDO CRUZ
2023
Introdução

O Debate sobre a origem do conhecimento tem sido um tema central na


filosofia e na psicologia há séculos. Grandes filósofos contribuíram com esse debate
como Platão, René Descartes, John Locke, David Hume e Immanuel Kant (Goulart,
2010).
O inatismo sustenta que o conhecimento humano é hereditário, ou seja,
nascemos com ele e que a experiência serve apenas para despertar ou ativar esse
conhecimento pré-existente, enquanto o empirismo enfatiza que o ser humano é
como uma folha de papel em branco, o processo de aquisição de conhecimento
ocorre na interação do sujeito com o meio em que está inserido, esta concepção
atribui imenso poder ao meio ambiente no desenvolvimento humano, ou seja, o ser
humano é produto do ambiente em que vive (Goulart, 2010).
Mas trataremos nesse artigo, do psicólogo, biólogo e epistemólogo suíço Jean
Piaget, que propôs uma teoria abrangente e original sobre a origem e o
desenvolvimento do conhecimento humano. Apresentaremos aqui com uma breve
biografia sobre Jean Piaget, e uma introdução sobre a epistemologia genética.
Segundo Caetano (2010), Jean Piaget nasceu na Suíça, em Neuchâtel, no
ano de 1986. Jean Piaget quando criança já demostrava talento, ainda criança
Piaget se interessava pela observação da natureza e coletas de dados, e aos onze
anos já havia publicado um artigo cientifico resultante de suas observações de
pássaro albino.
Adolescência, foi durante esse período que Piaget foi influenciado por seu
padrinho e também professor de filosofia por questões epistemológicas, questões
essas que o seguiria durante todo seu trabalho como pesquisador. Mas tarde Piaget
foi convidado para trabalhar no Laboratório de Binet, através desse trabalho ele
encontrou espaço para desenvolver uma padronização de resultados nos testes de
inteligência (Caetano, 2010).
Em 1921, Jean Piaget retorna a Suíça, levando com ele dados essenciais
para dar início a confecção da Teoria da Epistemologia Genética, teoria essa que se
preocuparia a investigar tais questões, “Como conhecemos o que conhecemos?” e
“Como se passa de um menor conhecimento para um maior conhecimento?”
(Caetano, 2010).
Tal teoria nos permitirá explicar sobre o desenvolvimento cognitivo na visão
de Jean Piaget, abordando suas principais ideias e implicações na área da
educação e da psicologia (Caetano, 2010).
Para Piaget, a criança e o adulto possuem diferentes níveis de inteligência, ou
seja, a qualidade logica da criança se difere do adulto. Toda via Piaget se
comprometeu a solucionar o mistério que faz com que a lógica da criança tem
qualidade inferior à do adulto, e explicar como a inteligência inferior da criança se
transforma na do adulto mediante a trocas entre o indivíduo e o meio (Davis, 1994).

Desenvolvimento

PROCESSO DE EQUILIBRAÇÃO

Jean Piaget enfatiza que o desenvolvimento cognitivo ocorre de forma estável


através de desiquilíbrios e equilibrações. Toda vez que o meio apresenta uma nova
situação, resultando em uma nova experiência para indivíduo, provoca um
desiquilíbrio cognitivo em suas estruturas. O organismo ao sofrer com um novo
desiquilíbrio procura constantemente um novo equilíbrio para suas estruturas
cognitivas, processo esse que leva o novo de equilibração (Davis, 1994).
Para Piaget o processo de equilibração desperta no organismo duas
capacidades para atingir o equilíbrio. Nomeadas de Assimilação e Acomodação.
(Davis, 1994).
“Assimilação: Processo de incorporação. Através dele os objetos e os fatos do
meio são inseridos em um sistema de relações que passam a ter significado para o
sujeito.” (Goulart, 2010).
“Acomodação: Processo que modifica as estruturas de pensamento do sujeito
para poder assimilar os novos objetos e fatos do meio”. (Goulart, 2010).
Para Piaget assimilação e acomodação são duas capacidades do
pensamento que se distingue, mas trabalha harmonicamente durante a vida toda
para a construção do conhecimento. Criança ou Adulto independente de sua idade,
ao sofrer um desiquilíbrio por causa de uma nova interação do sujeito com o objeto
do conhecimento, usara tais ferramentas, assimilação e acomodação para
estabelecer uma nova harmonia com o meio equilibrando suas estruturas cognitivas.
(Goulart, 2010).
AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Piaget defende que o desenvolvimento é caracterizado por sucessivas


equilibrações ao longo da vida. O progresso do desenvolvimento cognitivo possui
quatro estágios, são eles, I Sensoriomotora, II Pré-operatória, III Operatório-
Concreta e IV Operatório-formal, onde cada estádio possui suas características
conforme o indivíduo se apropria do conhecimento pela equilibração (Davis, 1994).

Sensório-Motor: (Valido desde o nascimento até os dois anos de idade) dá ênfase


no agir da criança no mundo, o agir está voltado para o seu corpo no início.
Posteriormente o agir é transferido para os objetos do conhecimento. Nesse estágio
a criança adquire o que Piaget chama de Permanência dos objetos, que descreve a
habilidade da criança poder idealizar pessoas e objetos mesmo não estando no
mesmo espaço e tempo da criança, ou seja, ela tem a percepção que as coisas
existem longe do seu campo de visão.
No final desse período a criança já desenvolveu a função simbólica, que concede o
dom, da criança poder representar os objetos e as pessoas em seus pensamentos.
Já a aquisição da linguagem aparece na transição do estágio sensório-motor para o
pré-operatório (Goulart, 2010).

Pré-operatório: (Valido entre os dois anos e sete anos) desenvolvendo sua


capacidade de representação cria-se condições para o uso da língua. A criança
torna-se capaz de se expressar de forma oral, ou artística em relação aos objetos,
de forma simbólica a criança já idealiza o mundo e o interioriza para si. Falhas na
diferenciação entro o que é o eu e o que é o mundo acontece, pois, ainda não
consegue percebe as várias dimensões de sua realidade. Concentrada em sua
realidade, explica os fenômenos naturais com ações do ser humano, aos objetos da
natureza ela atribui características humanas. O pensamento reversível marca o final
do estágio pré-operatório (Goulart, 2010).

Operações Concretas: (Valida entre o sete e onze anos) Reversibilidade, habilidade


de fazer o movimento oposto, ou seja, volta ao ponto de origem, habilidade que
marca a entrada da criança há operações concretas, a percepção agora é ministrada
pela lógica. Com a lógica ditando a regras da percepção pode-se agora encarar
várias dimensões da realidade ao mesmo tempo. No entanto ainda existe limitações,
a reversibilidade se aplica a objetos concretos e presentes no ambiente. A entrada
para o estágio operações formais se concretiza com o aparecimento do pensamento
lógico (Goulart, 2010).

Operações Formais: (Estágio que rege a partir dos onze, doze anos), é na
adolescência que se torna possível pensar a partir de conceitos que não são reais. A
percepção que era regida pela lógica, só podia ser utilizada com objetos concretos,
agora passa para um nível mais alto podendo ser aplicadas as suposições. Com a
ausência da necessidade de estar perante a objetos concretos inicia-se um novo
modo de pensar sobre a realidade, surge agora a capacidade metacognitiva, ou
seja, somos capazes de monitorar e refletir sobre nossas capacidades cognitivas.
Pensar no que podemos e não podemos realizar cognitivamente, nos tira de uma
realidade concreta para outra cheia de possibilidades (Goulart, 2010).

Piaget e a Educação

Para Piaget umas das coisas mais importante para a educação são os valores
ético, Piaget enfatiza a importância de que só a educação pode transforma uma
pessoa para ela então poder transforma a sociedade. Piaget também dedicou seus
estudos não somente para sua teoria da epistemologia genética, outro estudo
importante realizado por ele foi o estudo da educação moral na criança, resultando
em uma obra “O juízo Moral na Criança”, obra essa que se tornaria fundamentação
para outros teóricos futuramente (Caetano, 2010).
Piaget diz que a criança ao se interagir com outras crianças e adultos, ela
aprendera as regras que as rodeiam, tornando a convivência dela com outros, mas
harmônica. A educação moral para ele é resultado das relações que os adultos
criam com as crianças, entendendo que os pequenos até os dois ou três anos,
desconhece o que é certo ou errado, ou seja, a criança ainda não internalizou as
regras morais, pois não consegue compreender devido a complexibilidade da
mesma, fase que recebe o nome de anomia. O caráter da moralidade da criança
depende do adulto que ela vai se relacionar, ou seja, se o adulto for de um mal
caráter a criança aprendera ser mal caráter, se for um adulto moralmente ético a
criança aprendera ser moralmente ética. (Caetano, 2010).
Há uma mistura de sentimentos como afeto e temor que Piaget chama de
respeito, mistura essa que ingressa a criança no mundo da moralidade, o
conhecimento da moralidade é aprendido através dos laços que a criança tem com
aquele adulto que ele tem afetividade (Caetano, 2010).
De início o respeito inicia um comportamento de imitação das regras imposta
do adulto para a criança, e gradativamente a anomia vai sendo substituída pela
moral. Quando a criança para de imitar as regras diante do medo das
consequências, e passa a obedecer às regras por ela entende o porquê, esse
momento é nomeado por Piaget de heterônoma (Caetano, 2010).
Piaget ainda ressalta que a criança ao sair da anomia que é a ausência total
das regras, ela começa a obedecer às regras devido ao medo que ela sente pelo
adulto, culminando em um respeito unilateral (Caetano, 2010).
O adulto é responsável por ensinar a moral a criança, portanto a moral da
criança se espelha na do adulto, se o adulto for uma pessoa de má índole a criança
identificará que ser de má índole é normal, se o adulto for de boa índole a mesma
consequentemente absorvera o caráter da boa índole (Caetano, 2010).
Em relação ao perfil profissional docente e para o adulto é tido como requisito
que ele seja heterônomo, uma vez que para que tenhamos bons alunos e crianças
moralmente formados é imprescindível que o professor e o adulto sejam moralmente
formados e capaz de estabelecer uma relação com as crianças de respeito mutuo e
não só unilateralmente (Caetano, 2010).
Conclusão

Jean Piaget foi um importante teórico que dedicou parte da sua vida a
elaborar uma teoria que fosse capaz de explicar o desenvolvimento cognitivo e
também estou sobre a formação moral na criança.
Piaget enfatizando que a construção do conhecimento ocorre através da
interação ativa da criança com seu objeto de conhecimento. Teoria essa que mudou
o modo de como os alunos são vistos, os conceitos piagetianos se internalizado ao
perfil profissional docente faz com que o professor seja mas compreensível com os
ritmos de aprendizagem de seus alunos, entendendo que tanto ele como o aluno
está em constante processo de equilibração. Já as fases do desenvolvimento
cognitivo para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental é de
extrema importância para que seja feita uma triagem dos alunos pelo professor,
onde ele poderá identificar as características das fases na criança e entender o que
é possível ser desenvolvido com cada aluno respeitando o limite cognitivo de cada
um, seja para trabalhar o currículo oficial ou trabalhar o currículo oculto.
Os conceitos piagetianos sobre o desenvolvimento cognitivo como a
assimilação, acomodação que são como ferramentas dos pensamentos e o
desiquilíbrio podem ser utilizados nas metodologias de ensino, a assimilação pode
ser considerada como a apresentação de conceitos prévios ao apresentar um novo
conteúdo que causa desiquilíbrio ao aluno, a acomodação se insere na metodologia
como ferramenta para saber se o aluno conseguiu entender o conteúdo.
Já a contribuição de Jean Piaget sobre a construção moral na criança
diretamente ligado ao currículo oculto na escola, salienta que a moral da criança é
de responsabilidade do adulto e que esse adulto deve ser moralmente formado.
Dado a importância do respeito mutou, esse é o tipo de relação que deve ser
construída dentro do ambiente escola com todo e qualquer aluno pois o respeito
unilateral não é justo e desencadeara um ambiente escolar conflitante onde o aluno
se sentira oprimido a partir do momento que seu senso de justiça esteja na fase do
egocentrismo.
Ser um jeito moralmente ético certamente contribui para formação ética da
criança, onde no chão da escola a missão de do professor é a formação integral do
aluno. A construção de um sujeito do bem é de responsabilidade do professor e dos
profissionais envolvidos no ambiente escolar, pois mesmo que muitos dizem que
educar não é papel da escola, é preciso que seja entendido que aluno ou criança
alguma pode escolher o meio que ela vai ser inserida.
Referencias

CAETANO, Luciana Maria. A epistemologia genética de Jean Piaget. Disponível em:


http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-
76542010000600011&lng=en&nrm=is Acesso em: 18 nov. 23.
Davis, Cláudia Psicologia na educação/Cláudia Davis. Zilma de Moraes Ramos
de Oliveira. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
Gourlart, Maria Inês Mafra Psicologia da aprendizagem I. 2. ed. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2010.

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