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Grupo:
Carolina Felisberto
Lenon Braga
Mariana Cassimiro
ARTAUD: VOZ E MOVIMENTO
1. Introdução
2. Contextualização histórica
No início do século XX, há contexto histórico em que novas idéias e acontecimentos passam a
transformar as idéias. As descobertas de Freud sobre o inconsciente e o subconsciente, abrem caminho à
renovação da Arte, com produção de novas imagens, linguagens e símbolos. O desenvolvimento
tecnológico-industrial faz da máquina fabril heroína desse tempo. A teoria socialista em ascensão evidencia
um novo humanismo, no qual o homem é concebido como sujeito e agente da história. Os fracassos
sucessivos do sistema capitalista que deflagraram a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e que geraram
crises político-sociais e humanas, levaram ao desenvolvimento de um pessimismo, que denunciava as
injustiças e os horrores da existência humana. E nesse momento conflituoso e de transformações que
despontam diversos movimentos renovadores da Arte, que buscam quebrar o realismo ilusionista e o
paradigma do belo clássico racional; as vanguardas bebem nas fontes do inconsciente (surrealismo), dos
símbolos (simbolismo), da irracionalidade (dadaísmo).
Surgem no teatro personagens arquetípicas, simbólicas, estranhamente descoladas do
ilusionismo realista. Surgem novos temas avessos ao melodrama: morte, solidão, vazio; por isso o silêncio
passou a ser esteticamente valorizado, colaborando na construção de um teatro sem falas, sem texto falado.
O teatro ocidental, baseado no texto falado, é transformado em sua estrutura e outras possibilidades
recebendo também influencias do oriente, de povos ameríndios, fundando um teatro expressionista,
marcado pela ruptura da linguagem falada ocidental por meio da inserção de elementos não-europeus,
criando uma estética vocalmente concreta de acepção rebelde e revoltosa. Nessas correntes renovadoras do
teatro se insere Artaud.
Biografia do Artaud... Nos Hospitais psiquiátricos por que passou, experimentava em si mesmo
suas pesquisas de voz e movimento. Vida no méxico cultura peyote. Teatro de Bali. Teatro da Crueldade.
Vídeo no youtube do Zé Celso sobre artaud é excelente e bem resumida a biografia
5. Musicalidade e encantação
6. Respiração
Artaud mergulhou nos ensinamentos da Cabala para identificar o domínio da respiração para a
voz. De modo que cada emoção tem um padrão respiratório próprio, específico e característico, o qual
acompanha o sentimento e a emoção do ator. Para Artaud, a respiração é ponte para se chegar ao
sentimento e à emoção. Por isso é importante que o ator conheça diferentes padrões respiratórios,
diferentes caminhos, a fim de chegar à emoção ou sentimento a representar. Dessa emoção o ator poderá
compor organicamente movimentos apropriados, desejados e controlados para a cena.
Além da Cabala, Artaud se serviu da filosofa oriental para orientar o trabalho das emoções. A
dualidade yin (feminino, escuro, vazio, frio, côncavo) e yang (masculino, claro, cheio, quente convexo),
opostos que se completam e que se levados ao extremo geram um ao outro, são fundamentos para o
trabalho das emoções, cujo movimento concreto e físico acompanha algumas partes ou órgãos: o heroísmo
(plexo solar); o medo (rins). Ao avançar a raiva, recua-se a culpa; a passividade ou inação (vazio,
feminino) é origem do movimento agressivo, masculino.
Para Artaud o yin e o yang compõem a respiração em três tempos: inspiração (yin, feminino),
neutro, expiração (yang, masculino). Os momentos entre inspirar e expirar (suspensão após inspirar e
pausa depois de expirar) são os extremos chamados de momento neutro. Variações concretas entre
velocidade, tempo, ritmo e intensidade nas ações que engendram a respiração: inspiração, neutro
(suspensão), expiração e neutro (pausa), geram, suscitando emoções, resultados orgânicos no movimento e
na voz do ator,
A emissão do grito que ocorre por meio da expiração (yang, masculino, cheio, quente, ativo), é
precedida pelo impulso contido (yin, feminino, vazio, frio, passivo), que se torna concreto ao ser emitido
no espaço.
Artaud objetiva a sensibilização do espectador, por meio de um teatro em que o ator produza,
desenvolva e controle orgânicamente os expressivos estados radicais de emoção, através da respiração em
associação com ações corporais e vocais. Gritos, gemidos, grunhidos, uivos, lamentos, suspiros, choro, riso
são elementos de pura expressão sensorial, elementos universais da linguagem humana, de modo que o ator
deve ter a liberdade vocal para emitir tais sonoridades, acionando em seu corpo as sensações físicas
necessárias à carga energética e emocional que tais sons imprimem.
No Método Espaço-Direcional Beuttenmüller, a voz é projetada para o núcleo sonoro a partir da
percepção espacial de todas as direções, como um abraço. Tal condição é para que a voz afete, exercendo
um poder de modificação sobre a audiência. Tal afetação tem profunda relação com a crueldade em
Artaud, de modo que estabelece potencialmente uma afetação sobre o outro. A voz em Artaud e em
Glorinha Beuttenmüller busca afetar o outro.
Não encontramos exercícios ou práticas que Artaud desenvolveu. As abordagens de Artaud são
teóricas e até poéticas, por suas metáforas. Por isso os exercícios que propomos aqui foram criações nossas
a partir de uma aproximação ao que encontramos do universo artaudiano, composto por:
● Xilofonias e glossolalias (língua estranha, repetição de silabas, palavras que não existem... som de
instrumento musical, sonoridades lingüísticas do italiano, do francês, do inglês, do árabe, do
alemão, do chinês, do indio, gramelô);
● Gritos artaudianos (exploração de choro, soluço, grunhidos... sons animais: uivos, latidos...
assobios...)
● Emissões sonoras variando caixa de ressonância (cabeça, peito e diafragma): ao expirar, ao inspirar,
e no neutro. Sobretudo as emissões sonoras ao inspirar e no neutro resultam em experiências
inusitadas, e precisam ser realizadas com critérios seguros para não machucar o aparelho fonador.
8.1. Aquecimento
Todos levantam, se espreguiçam, bocejando e soltando sons. Começam a chacoalhar, tremer, soltar cada
vez mais sons em forma de expurgo. Após, fazem isso cantando.
• Dor
• Alegria
• Raiva
• Amor
• Medo
• Bolsonaro
• Vacina
• Primeira: Fechar os olhos. Inspirar profunda e lentamente e soltar um som aleatório. O corpo da
segunda pessoa irá reagir a esse som.
• Mesma coisa. Invertem as pessoas. Agora ao emitir o som, variar mais do grave para agudo. O
corpo sempre reagindo.
• Mesma coisa, com variação. A dupla vai reagir ao som do primeiro. Até que, na terceira vez, ambos
fazem um meio termo do som juntos. Exercício de escuta, tentar ficar "uníssono".
PADRE:
Mas isso não se faz mais! Eu não ouvi nada da sua boca. Como penitência você tem que invocar aos
vulcões, aos terremotos. Nós vivemos das pequenas sujeiras dos homens dos confessionários. E agora é
tudo, é a vida.
9. Considerações finais
Artaud coloca como base para o trabalho do ator a respiração. Porque é ela que o ator precisa
dominar para cumprir seu objetivo de promover som e movimento necessário à atuação. A respiração é raiz
e cerne do gesto e da voz. Mas não apenas isso. Ela é, por si mesma, ação que pode produzir som.
A marca do trabalho de preparação artaudiano é na liberdade e no uso criativo da voz, com
elementos incomuns, diferentes aos da tradição ocidental. Ele propõe uma desocidentalização da voz, uma
negação da voz ocidental. Mas a marca da liberdade não indica que o trabalho artaudiano seja livre de
exigências, que não exija compromisso com ensaios, a fixação necessária para apresentação do espetáculo,
o rigor.
Pelo que apreendemos da estética, linguagem e códigos artaudianos nas questões de voz e gesto
no teatro, consideramos que o teórico seja uma potente fonte para criação de performances e espetáculos
contemporâneos que rompem com voz falada e gestos cotidianos realistas.
10. Referências
ALMEIDA, Gil Roberto; LIGNELLI, César. No Marulhar das Glossolalias em Artaud. Revista Brasileira
de Estudos da Presença, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 71-93, jan./abr. 2016.
ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. Trad. Teixeira Coelho. São Paulo: Max Limonad, 1984.
_____. Para Acabar com o julgamento de deus. (Vozes de Artaud; Roger Blin; Maria Casarés; Paule
Thévenin; Roger Vitrac, com legenda em espanhol). Título original em francês: Pour em finir avec le
jugement de dieu, 1947. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
app=desktop&v=X4uiRe6W1xU&feature=youtu.be
_____. Pour em finir avec le jugement de dieu, 1947. (Vozes de Artaud; Roger Blin; Maria Casarés; Paule
Thévenin; Roger Vitrac. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=h_aZ2L9_hUA
______. Pour en finir avec le jugement de dieu. In: ___________. OEuvres. Gallimard, Quarto, 2004, p. 1639-
1641. Tradução de Caroline Pires Ting.
GUBERFAIN, Jane Celeste. A voz e apoesia no espaço cênico: uma leitura do método do espaço-
direcional-Beuttenmüller. Rio de Janeiro: Synergia, Faperj, 2012.
RODRIGUES, Danielli. A voz na peça radiofônica de artaud e sua linguagem subversiva marginal.
Revista de Estudos Literários da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, v. 5, n. 8,
p. 55-64 , julho 2014.
STEIN, Moira Beatriz Albornoz. Corpo e palavra: organicidade e ritualização da fala em práticas
formativas do ator contemporâneo. Dissertação (Mestrado em Teatro). Centro de Artes. Universidade do
Estado de Santa Catarina. Florianópolis, 2006.
TUBINO, Carmela de Lima. “Antes de tudo é somente voz”: escrituras do grito em Antonin Artaud.
Dissertação (Mestrado em Psicanálise). Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2017
Referenciais Artísticos:
1)
Para acabar com o julgamento de deus
2)
maloussi toumi
tapapouts hermafrot
emajouts pamafrot
toupi pissarot
rapajouts erkampfti
lokalu durgarane
lokarane alenina tapenim
anempfti
dur geluze
re geluze
re geluze
tagure
tigolure tsipi