Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Na noite da maior festa do ano, Helen não estava nada empolgada por
ser forçada a estar no casamento de sua mãe com um homem grisalho
que vivia nas montanhas de Bear Creek. Mas isso até ela conhecer Sam —
o caipira mais atraente que ela já viu — que infelizmente é filho de seu
novo padrasto e agora é considerado seu meio-irmão. Apesar de serem
totalmente opostos e recentemente terem se tornado parentes, os dois
estavam atraídos um pelo outro. Mas, à medida que se aproximam, Helen
logo percebeu: Sam escondia um segredo...
Classificação etária: 18 +
Autor Original: Kelly Lord
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros
Jack e mamãe me mostraram toda a casa, que parecia ainda maior por
dentro do que por fora. Jack tinha uma cozinha enorme, uma sala de
estar enorme, vários quartos enormes...
Tudo parecia ter sido construído para um gigante. O casal feliz
brincava e sorria o tempo todo. Eu não podia acreditar que tinha
duvidado da escolha de homem da minha mãe. Eles eram perfeitos
juntos — no amor e nos negócios.
Afinal, eles se conheceram em uma feira de artesanato. Jack tinha
levado seus móveis e mamãe com suas mantas e travesseiros que vendia
em seu site Etsy.
Agora eles trabalhavam juntos — Jack ainda fazia seus móveis, mas
agora mamãe fazia seus estofados. Aparentemente, suas colaborações
estavam sendo vendidas como água.
Após o passeio, Jack se preparou para partir. Ele iria encontrar seu
filho Sam e alguns amigos no bar local para uma noite de meninos.
Ele nos disse para não esperarmos, então parecia que eu só
encontraria Sam na manhã seguinte. Se ele fosse parecido com seu pai,
eu tinha certeza que seria legal.
Jack e mamãe trocaram um beijo doce antes que ele decolasse.
— Tenham uma boa noite, Senhoritas! — ele disse, acenando para
mim.
— Não beba muito! — Mamãe o avisou.
Ele franziu a testa sorrindo.
— Quem? Eu?
Mamãe revirou os olhos. Jack piscou para mim, assobiando
inocentemente enquanto saía pela porta.
Mamãe virou e olhou para mim, balançando a cabeça.
— Você deve estar cansada, querida. Preparamos o quarto de hóspedes
para você no andar de cima, se quiser dormir um pouco.
— Dormir? Você está brincando né? — Eu dei a ela um sorriso
malicioso. — Mãe, você vai se casar amanhã. Precisamos comemorar!
Na manhã seguinte, desci para o café da manhã. Desta vez, tive o bom
senso de tomar banho e me vestir primeiro.
Eu não podia mais arriscar me expor para aquele garoto sexy da
montanha. Deus sabia o que aconteceria se ele visse mais do meu corpo.
Quando entrei na sala de estar, vi algumas bagagens embaladas perto
da porta. Mamãe e Jack estavam aninhados em um sofá bebendo café.
— O que são essas malas? — Eu perguntei.
— Bom dia, querida! — Mamãe disse, pulando do sofá. — Eu ouvi
você lá em cima. E fiz o seu café.
Obrigada Senhor. Eu dormi muito mal.
Ela correu para a cozinha. Eu ouvi passos atrás de mim. Sam também
estava acordado.
Esperançosamente ele estava um pouco mais tranquilo esta manhã
também.
— Bom dia, — ele anunciou. Eu me virei para vê-lo se espreguiçando.
Ele estava usando a mesma calça de pijama de ontem, desta vez
combinada com uma blusa branca fina que mal cabia seus músculos.
Bem, melhor do que sem camisa pensei, me forçando a desviar o olhar.
Embora ainda seja uma distração...
Mamãe voltou com café para mim e Sam e se sentou no sofá ao lado
de Jack.
Ele pegou a mão dela. Suas novas alianças de casamento brilhavam ao
sol da manhã que entrava pelas janelas.
— Temos uma notícia, — disse Jack.
— Você vai se casar? — Eu brinquei, revirando os olhos. Sam deu uma
risadinha.
— Nãããão... — mamãe disse, balançando a cabeça para mim. Ela
apertou a mão de Jack com mais força. — Jack está me levando em uma
lua de mel surpresa!
— Vamos para minha cabana mais acima na montanha, — disse Jack.
— Bem, nossa cabana agora. Elena ainda não conheceu, e pensei em
esquiar um pouco. O tempo vai estar bom para isso.
— Mãe, você não esquia!
— Jack vai me ensinar, — ela disse com um sorriso. Ele sorriu para ela.
Quase vomitei — e não de ressaca.
Cara, esses dois estavam apaixonados.
Eu gostaria de poder acabar com alguém como Jack algum dia. Espero que
seja Chris. Ou um daqueles modelos gêmeos da Calvin Klein com quem
Emma e eu vamos nos casar...
— Estaremos fora por algumas noites, — disse Jack. — Então faremos
uma pequena viagem de acampamento em família quando voltarmos.
Espere, o quê?!
Isso significava que eles esperavam que eu ficasse aqui nos próximos
dias? Sozinha? Com Sam?
De jeito nenhum. Isso não está acontecendo.
O cara era praticamente um predador com nossos pais por perto. Eu
não queria ver como ele se comportaria sem a supervisão de um adulto.
— Vocês dois já estão se dando bem. Esta é uma grande chance para
vocês se conhecerem sem nós, os velhos, empatando a diversão, — disse a
mãe.
Sam sorriu para mim.
— Parece uma boa ideia. Não é, mana?
Agora eu realmente sentia algo subindo pela minha garganta.
— Mãe, — eu disse baixinho, evitando os olhos de Sam. — Podemos
conversar um pouco?
Depois do café da manhã — que não foi tão ruim quando tentei
esquecer de onde tinha vindo — Sam apagou o fogo enquanto eu tentava
desmontar a barraca.
Depois de vinte minutos, eu ainda estava lutando com os paus.
Infelizmente, o escoteiro super crescido veio em meu socorro.
Ele queria caminhar até Forest Lake. O tempo ainda estava bom e ele
achou que seria uma boa nadar.
Você não veria minha bunda em algum lago velho e sujo, no entanto.
Eu nem tinha maiô.
Sam provavelmente só queria me ver de sutiã e calcinha.
Meu meio-irmão claramente tinha uma mente limitada.
A trilha que descia até o lago era realmente íngreme, e eu estava
bufando e bufando como um porco com asma. Como regra, eu odiava
cardio. Eu nunca conheci uma garota curvilínea que não odiasse.
A terra estava solta sob os pés. Se eu não tomasse cuidado, o chão
cederia sob mim e eu cairia até a costa abaixo.
Eu escorreguei em uma pedra solta e Sam agarrou minha cintura
antes que eu caísse.
— Obrigado, — eu consegui dizer sem fôlego.
Posso ser menos apta fisicamente?
Sam soltou as mãos lentamente.
— Você está bem?
Eu ficaria muito melhor se você nunca tivesse me tocado, pensei.
Então, novamente, eu também posso estar morta.
Depois de mais uma hora de escalada como as cabras na montanha,
chegamos à costa.
O lago era enorme e inegavelmente lindo, estendendo-se entre dois
picos nevados das Montanhas Rochosas.
Nossa pequena praia rochosa era isolada, mas vi pequenas docas
projetando-se da margem oposta. Até mesmo alguns barcos estavam na
água.
Havia uma comunidade inteira aqui...
Estranho.
Bear Creek parecia tão remoto. Você nunca pensaria que tinha tantas
pessoas.
— Forest Lake divide todas as pequenas cidades aqui, — Sam disse,
aparentemente lendo meus pensamentos. — Nosso lado se chama High
Lake, onde as águas são mais profundas. O Lago Shade fica ao lado, onde
a água é mais rasa.
Ele continuou:
— Há uma cidade chamada Hawcroft na costa norte. É onde High
Lake e Shade Lake se encontram e se misturam.
— Parece meio político, — eu disse.
— Mais do que você imagina... — Sam murmurou.
Antes que eu pudesse falar mais, ele estava tirando a camisa. Eu
protegi meus olhos, observando pelo meio dos dedos.
— Sam! Que porra é essa?
— Eu disse que ia nadar! — Ele tirou as calças, em seguida, estendeu a
mão para o cós da cueca...
Desta vez, eu me afastei de verdade. Não queria de jeito nenhum ver
meu meio-irmão abaixo da cintura. Provavelmente isso era ilegal!
SPLASH!
Eu ouvi Sam mergulhar na água. Um grande grito ecoou pelo lago.
— Droga, está frio!
— Bem, duh! É março! — Eu gritei, recuando para a linha das árvores.
Eu o ouvi nadar em minha direção.
— Você não vai entrar?
— Não, Sam! Você está pelado! — Meu rosto estava pegando fogo, e
não era do sol.
— Quer dizer que você nunca mergulhou nua?
— Eu não sou uma caipira!
— Você nunca ouviu falar de uma praia de nudismo? — Ele riu. —
Ouvi dizer que eles estão em toda a Europa!
— Sam, é nojento! Somos parentes!
— O que você está falando? Isso é o que o torna não estranho!
Eu gemi.
— Eu não vou entrar, Sam. Não me pergunte de novo.
Acho que o grande idiota finalmente entendeu a mensagem porque o
ouvi nadar. Arrisquei um olhar para a água. Felizmente ele estava longe o
suficiente para que eu não pudesse ver nada além de sua cabeça
balançando acima do lago.
Eu voltei para a beira do lago e fiz meu caminho até uma ponta
rochosa que se estendia profundamente na água.
O céu era de um azul imaculado, mas a água do lago parecia verde e
turva — eu preferia o oceano — ou melhor ainda, uma piscina.
Mesmo assim, o cenário era de tirar o fôlego. Era como algo que eu
tinha visto no programa Planeta Terra uma vez enquanto estava chapada.
Nunca tinha visto uma paisagem como essa na vida real.
Tirei meu caderno de desenho da mochila. Eu tinha que terminar
minha tarefa de férias de primavera para o professor Hammond — uma
obra inspirada pelo que tínhamos feito nas férias.
Eu gostaria de ter algumas tintas para capturar as cores, mas talvez mais
tarde eu possa preenchê-las de memória para dar à obra uma visão
impressionista.
Eu estava me sentindo inspirada.
Minha caneta voou pela página em branco, moldando as montanhas e
o lago. Quando comecei a preencher os detalhes, a água respingou em
meu caderno.
— O que você está fazendo?
— SAM!
Meu meio-irmão estava nadando nas proximidades, me observando.
Eu me afastei dele, aliviada que o lago escuro tornava impossível ver
qualquer coisa abaixo de seu pescoço.
— Eu não sabia que você era uma artista, — disse ele.
Suspirei.
— Tentando ser.
Eu senti água nas minhas costas. O filho da puta estava espirrando em
mim novamente.
— Juro por Deus, se você fizer isso mais uma vez-
— O que? Você vai entrar aqui e me pegar?
Eu não pude evitar de olhar para ele. Ele estava usando seu sorriso
estúpido.
— Você bem que gostaria, — eu bufei, voltando para o meu caderno.
— Por que você não tenta, Helen? Você não precisa mergulhar nua,
apenas entre para um mergulho.
— Eu disse para você não me perguntar de novo... ' SPLASH!
A água encharcou meu rosto.
Aquele pequeno verme!
Guardei meu caderno antes que pingasse nele e andei para mais perto
da costa.
— Tudo bem, certo? Você ganhou. Se você concordar em me deixar
em paz e me deixar terminar meu desenho, vou colocar meu pé aí
dentro.
— Mas...
— Um pé é tudo o que você vai conseguir. Com ou sem acordo?
Nós nos olhamos.
— Combinado, — disse Sam.
Tirei minhas botas e meias. Então me aproximei da água. Os olhos de
Sam estavam grudados em mim.
— Ok, aqui vai...
Mantendo um pé na saliência rochosa, mergulhei o outro na água.
BRRRR!!!
O lago estava frio pra caralho!
Mas, para ser honesta, meio que revigorante também...
Eu enfiei meu pé ainda mais.
— Viu? Não é tão ruim, certo? — Disse Sam. Ele nadou mais perto...
— Afaste-se, idiota! — Eu avisei ele. — Sem graça!
Rindo, Sam recuou.
Eu balancei meu pé ainda mais, indo até minha canela...
Talvez eu pudesse entrar um pouco mais...
Mas então eu vi o peixe nadando a centímetros de meus pés...
— AAAAAAAAAAHH!
Gritei e perdi o equilíbrio, caindo no lago com um respingo. Parecia
que eu estava submersa na porra do Oceano Ártico.
Minha cabeça veio à tona. Eu cuspi água ao som da risada de Sam.
— Ha, ha. Sim, sim, muito engraçado, — eu disse, nadando de volta
para a rocha.
Sam nadou mais perto.
— Você está bem? Falando sério.
Reconheci sua seriedade novamente. Não ouvi muito, mas quando o
fiz, Sam parecia uma pessoa diferente. Um meio-irmão em quem eu
pudesse confiar — não um de quem eu tivesse que fugir.
— Um pouco de água não vai me matar, — admiti, tirando minha
jaqueta. Eu torci sobre o lago. — Na verdade, foi até legal.
Sam sorriu. Foi contagiante — eu tive que sorrir de volta.
BANG! BANG! BANG! BANG!
Tiros distantes ecoavam em meus ouvidos.
Caçadores? Eu me perguntei.
Olhei para Sam em busca de uma explicação. Seu sorriso havia
desaparecido. Ele estava nadando para a costa, seu rosto nublado com
uma expressão sombria.
— O que é que foi isso? — Eu gritei.
— Não há tempo para explicar, — ele disse. — Temos que ir para casa.
Agora.
Capítulo 7
CARNE FRESCA Helen
— Helen, você tem que andar mais rápido, — Sam disse.
— Eu não consigo, — eu choraminguei. Eu estava encharcada e
minhas roupas não foram feitas para o conforto ou velocidade.
Sam me lançou um olhar. Seus olhos eram escuros e intensos.
Ele estava em um estado de urgência total, mas não era de medo. Ele
parecia chateado.
Ele estava me puxando, literalmente me arrastando pela floresta. Eu
não entendia por que diabos estávamos nos movendo tão rápido ou qual
era a porra do problema.
Assim que ele ouviu os tiros, ele me mandou calçar os sapatos.
Enquanto meus dedos estavam amarrando os cadarços, Sam pegou
sua mochila e enfiou o material de arte na minha mochila.
Sim, claro, nós ouvimos tiros, mas eles não soaram tão perto. Além
disso, somos humanos. Não é como se eles estivessem nos caçando.
Mas não consegui obter nenhuma resposta dele.
Simplesmente continuamos correndo, pulando sobre raízes, sendo
arranhados pelos galhos.
— Sam, você tem que me explicar o que está acontecendo.
— Agora não, — ele disse. E então, como se pudesse sentir que falar
assim comigo estava me magoando, ele disse: — Espere até chegarmos
em casa. Vou explicar tudo.
Sam conhecia essa floresta como seu próprio quintal. O que, eu acho,
tecnicamente, eles eram.
E ele nos conduziu direto pela vegetação rasteira.
Literalmente abrindo caminho no mato, como um facão humano.
Depois de correr alguns quilômetros assim, comecei a sentir que
realmente era um animal selvagem.
É como se nós...
Nós realmente estávamos sendo caçados.
Quando chegamos à varanda, horas depois, nós dois caímos exaustos.
Suados e fedorentos.
— Que merda, Sam, — eu disse, assim que reuni minhas forças. — Por
que diabos você arriscaria me levar para aquela floresta se havia perigo lá
fora?
— É complicado, Helen, — Sam ofegou.
— Oh, sim? O que há de tão complicado em levar um tiro, hein?
— Você tem que acreditar em mim. Eu nunca colocaria você em
perigo. Não deveria haver caçadores naquela floresta.
— Mas isso são bosques, certo? Não é pra sempre ter caçadores?
— Não. Aqui não. Esta terra está protegida.
— Por que? O que há de tão especial aqui?
— Olha, Helen, talvez eu possa explicar em outra hora. Depois de toda
essa natureza, uma garota da cidade como você não quer um gostinho da
civilização? — ele perguntou. — Vamos descer para Hawcroft.
Achei meio estranho que ele tivesse mudado de assunto, mas eu
estava exausta demais para lutar.
— Não sei se isso conta como civilização.
— Bem, isso é tudo que temos por aqui, então terá que servir.
Podemos comer alguns hambúrgueres...
— Tudo bem, — eu disse. — Vamos nos limpar antes.
Emma: Menina
Helen: Quase
Emma: De novo?
Helen: lol
Helen: Provavelmente
Helen: Espero
Achei que Sam não tinha muita experiência em dirigir pelas ruas da
cidade, então esperei até que estivéssemos de volta à interestadual antes
de começar a fazer perguntas.
— Tudo bem, filho da puta, comece a falar, — eu disse.
— Eu acho que é filho da puta de irmão, tecnicamente. — Sam
manteve seus olhos focados na estrada, mas eu vi um sorriso se espalhar
em seu rosto.
— Ugh, nojento. Você pode apenas me dizer o que está acontecendo,
por favor?
— O que você quer saber?
— Para começar, por que diabos nossos pais foram presos?
— Porque os anciãos da cidade pensam que sua mãe é uma espiã. E
que meu pai estava de alguma forma ajudando ela.
— Uma espiã? — Eu disse o mais sarcasticamente possível. — Eles
estão falando sério? O que eles acham? Ela está lá para roubar suas
receitas de mel?
— Você se lembra do que aconteceu lá em cima? Com os caçadores?
— Sim, não entendi muito bem por que isso era tão importante.
— Porque, Helen... Porque Bear Creek é uma comunidade protegida,
em terras privadas. O conselho municipal comanda tudo dentro de 100
milhas de Bear Creek, e eles proibiram explicitamente a caça e invasão lá.
— Sim, você mencionou algo assim outro dia. Mas por que? O que
vocês estão escondendo aí? Ouro?
— Bem, sim, na verdade.
— O que?!
— Só estou contando isso porque você é família. Mas sim, o ouro faz
parte disso.
— Mais de cento e cinquenta anos atrás, quando meu povo estava
procurando um lugar para morar, um santuário do mundo exterior, eles
encontraram um enorme bolsão de ouro aqui no sopé das Montanhas
Rochosas.
— E essa riqueza nos ajudou a comprar a terra e torná-la privada. Não
apenas para proteger nossa fonte de renda, mas também para proteger
nosso modo de vida.
— Eu não sei o que dizer. Estou chocada.
— Bem, o que você achou? Compramos nossa casa gigante apenas
fazendo móveis e administrando uma fazenda de mel?
— Acho que não pensei muito nisso. E o que você quer dizer com 'seu
povo?' O tipo que deixa crescer pelos em seus rostos quando comem
xoxota?
Sam riu.
— Isso é o que eu gosto em você, Helen. Seu senso de humor.
— Estou feliz que você consiga rir tão fácil da minha desgraça.
— Diga-me o que você viu naquele outro dia? O que você acha que
viu?
— Bem, eu vi você crescer uns dez anos de cabelo em cerca de dez
segundos. Você se transformou de Sam barbudo em um ursinho de
pelúcia crescido.
— Sim, acho que meio que perdi o controle de mim mesmo, — disse
Sam. Ele olhou para mim de lado, me olhando de cima a baixo. —
Simplesmente não pude resistir a algo tão saboroso.
— Ok, então você está me dizendo, de verdade, que você é o quê? Um
homem-urso?
— Eu sou um urso metamorfo. E meu pai também. E assim eram, a
maioria das pessoas que você viu em Hawcroft.
— E aqueles caras no bar?
— Eles eram metamorfos de lobo.
— Você quer dizer lobisomens? Como nos filmes?
— Você pensou que todos aqueles filmes eram apenas fantasias? —
Sam deu uma risadinha. — Olha, nós tivemos metamorfos em
Hollywood por décadas. Descobrimos que a melhor maneira de manter
nosso povo seguro era convencer o resto de vocês que os metamorfos
não existiam fora dos filmes.
— E suponho que minha mãe sabe?
Sam acenou com a cabeça.
— Legal da parte de vocês me manterem no escuro sobre isso.
— Nós íamos te contar em algum momento. Acho que ninguém
esperava que você e eu nos apaixonassemos um pelo outro.
Com essas palavras, recuperei o fôlego.
Eu acho que Sam estava tendo os mesmos pensamentos que eu.
— Um centavo para eles? — ele perguntou.
— Você disse, 'apaixonar um pelo outro'. Eu estava pensando a mesma
coisa quando estava voltando para casa outro dia.
— Fico feliz em ouvir isso. — Ele soltou um suspiro de alívio. —
Quando você fugiu, fiquei com tanto medo de que tudo acabasse entre
nós.
— Eu me perguntei por que você não me perseguiu.
— Eu percebi que perseguir você meio transformado só iria te deixar
mais assustada.
— Então você está me dizendo que tem sentimentos verdadeiros por
mim? Você não está apenas tentando me foder?
— Sim, Helen. Meus sentimentos por você são reais. Na verdade, no
momento em que te vi, soube que alguém especial finalmente tinha
entrado em minha vida.
Meu rosto mudou de cor e tive que desviar o olhar. Ouvir Sam dizer
aquilo me fez sentir toda tímida e boba.
— Eu realmente quero isso, você sabe, — disse ele, colocando a mão
na minha coxa.
Nesse ponto, tínhamos acabado de sair da rodovia e entrar na estrada
de terra que nos levaria a Bear Creek. E bem no momento em que Sam
tirou sua atenção da estrada, o Jeep bateu em alguma coisa.
Eu ouvi o pneu estourar e, em seguida, uma série de sons estranhos.
— Merda, — disse Sam. Ele parou o jipe.
Nós dois saímos para dar uma olhada no pneu. Era bem plano, mas
tinha algum tipo de engenhoca de metal presa a ele.
— O que é isso? — Eu perguntei.
— Isso, minha querida, é uma armadilha para ursos, — disse Sam com
os dentes cerrados. — Esses malditos caçadores.
Ele chutou o pneu, xingando.
Fiquei com medo de ver ele assim.
— Sam, fica calmo, por favor.
— Eu não posso, Helen. Você não entende? Os caçadores... eles não
vêm aqui para caçar animais. Eles vêm aqui para nos caçar.
— Metamorfos? Homens-urso?
— Sim! É como se estivessem testando nossas defesas, tentando
encontrar uma maneira de entrar. Até agora, fomos capazes de espantar
os caçadores, mas se continuarem assim, teremos problemas reais.
— Bear Creek está em perigo? — Eu perguntei.
— Está sempre em perigo — você viu como é pequeno.
— Temos boas defesas e uma população leal, mas se um número
suficiente de pessoas ouvir sobre o que está acontecendo aqui, não
podemos fazer muito para nos defender.
— Se cem caçadores aparecerem, podemos lutar, mas não tenho
certeza do que podemos fazer contra mil.
— Uau, está tudo começando a fazer muito sentido. — Estava escuro
como breu agora, e apenas as luzes dos faróis de Sam iluminavam o
caminho.
Infelizmente, não podíamos dirigir com uma armadilha para ursos
presa à roda e Definitivamente estava escuro demais para Sam tentar
colocar um estepe.
— Então, acho que vamos caminhar a partir daqui? — Eu perguntei.
— Tenho outra ideia, — disse Sam, com uma expressão travessa nos
olhos. — Você já montou um urso antes?
— Claro que eu já...— Eu engoli as palavras enquanto elas estavam na
metade do caminho para fora da minha boca.
Esse não era o tipo de safadeza que Sam estava falando.
— Você está falando sério? Você quer que eu monte você?
— Você acha que está pronta para me ver em minha verdadeira forma?
Eu engoli seco, me sentindo um pouco nervosa.
— Sim, Sam. Estou pronta.
— Ok, afaste-se um pouco. — Sam saiu para o meio da estrada,
diretamente iluminado pelos faróis, e começou a tirar todas as roupas.
— O que você está fazendo?
— Estas são as minhas calças favoritas, — ele disse. — Eu não quero
destruí-las.
Vendo seu corpo nu novamente, eu poderia facilmente imaginar isso
acontecendo.
Peitorais gigantes em cima de um tanquinho duro como pedra,
enormes troncos de árvore no lugar das pernas, e quando tirou sua
cueca, tive um vislumbre do pau enorme de Sam.
Pendurado lá em seu estado de repouso, conseguia ser maior que a
maioria das ereções dos meus ex-namorados.
Vendo Sam ali no meio da estrada, nu como a natureza o fez, eu não
pude deixar de prender a respiração.
— Agora observe isso, — disse ele, erguendo os braços para o céu e
soltando um rosnado gigante. Instantaneamente, o cabelo começou a
brotar por toda parte ao longo de seu corpo: pêlo marrom espesso.
Sam caiu de joelhos, abaixando a cabeça no chão, e eu podia ouvir o
som de ossos sendo esmagados e músculos estalando enquanto seus
membros se contraiam e sua espinha se expandia.
A parte mais dolorosa de assistir era sua cabeça. Ela inflou como um
balão — a ponto de eu achar que ia explodir — mas tudo o que aconteceu
foi que duas lindas orelhas de urso saltaram e um focinho gigante
apareceu onde sua boca e nariz estavam.
Toda a transformação demorou menos de um minuto. Em um
momento, lá estava o lindo Sam, nu, parado na minha frente, e no
momento seguinte, um gigante e desajeitado urso pardo, respirando
pesadamente pelas narinas.
Com sua transformação completa, o urso ergueu os olhos.
Eu estava atrás dos faróis, então ele teve dificuldade em me localizar
com os olhos. Então eu o vi levantar o focinho e cheirar, e assim, ele
encontrou meu cheiro e começou a andar até mim.
Precisei de todas as minhas forças para não sair correndo pela floresta.
De qualquer forma, senti que não tinha como escapar dessa besta
gigante. Eu só tinha que acreditar que Sam estava em algum lugar lá
dentro, e que o ele disse sobre ter sentimentos por mim.
O urso se aproximou suavemente do meu corpo, como se sentisse o
cheiro do meu nervosismo e quisesse me tranquilizar. Ele cheirou
minhas axilas e esfregou o focinho ao longo dos meus seios. Eu ri com o
pensamento de um urso gigante e eu chegando à segunda base.
— Oh Sam, você é tão lindo!
Eu coloquei minha mão em seu rosto de urso. Em meio ao pelo
marrom escuro, havia uma mancha mais clara que descia por seu
focinho. Comecei a esfregar o lado de seu rosto e coçar atrás de suas
orelhas. Sam soltou grunhidos de prazer e me senti muito feliz em
compartilhar isso com ele.
Depois de alguns momentos se conhecendo, Sam fez um barulho
choramingando, gesticulando para que eu continuasse.
— Ok, Sam, não sei se você pode me entender, mas você tem que se
abaixar para que eu possa subir.
Imediatamente, Sam se achatou no chão e, me agarrando a punhados
de pelo e pisando em suas escápulas, subi nas costas de urso do meu
meio-irmão.
E então partimos, correndo pela floresta a uma velocidade que eu não
achei possível.
No escuro, eu não conseguia ver nada, exceto galhos verdes me
batendo no último momento, então eu apenas tentei segurar e manter
minha cabeça baixa.
Com seus olhos de urso, Sam parecia ver perfeitamente. Pegamos a
trilha fora da estrada, passando direto pela vegetação rasteira, por
arbustos e troncos caídos.
Parecia que não tinha passado muito tempo quando chegamos à
varanda da frente.
Sam parou e eu pulei.
— Oh meu Deus, — gritei, pulando animada, — foi muito divertido!
Sam sentou-se de cócoras e rosnou para a lua cheia pairando no céu.
— Agora, Sam, você não vai entrar em casa assim, vai? Eu não acho
que você vai passar pela porta.
Sam começou a voltar ao normal. O processo foi mais pacífico desta
vez, menos luta e sem mais sons de carne sendo dilacerada.
Em alguns momentos, o humano Sam estava de volta diante de mim,
ajoelhado nu no chão, banhado em suor e luar.
Vendo ele assim, pensei comigo mesmo...
Eu não me importo se ele é meu meio-irmão de merda. Eu quero ele. Agora
mesmo.
Capítulo 15
SEXO AO LUAR
Helen
Sam se levantou de sua posição ajoelhada e eu pude ver o suor
brilhando nele ao luar.
Seu pau gigante pendurado lá, balançando um pouco.
— Achei que você estava lindo como um urso, — eu disse, — mas
agora você está delicioso.
Ele caminhou até mim lentamente, me deixando hipnotizada.
Quando ele chegou perto o suficiente, nós olhamos para o céu iluminado
pela lua.
Os olhos de Sam ainda eram preto ônix, como se ele não tivesse
voltado totalmente para trás, e eu podia ver algo selvagem neles. Isso fez
minhas pernas tremerem, meus joelhos fraquejarem.
Seu olhar penetrou em mim, torcendo minhas entranhas e enchendo
minha virilha com desejo.
O que diabos ele está fazendo comigo?
Eu não conseguia me mexer. Eu mal conseguia respirar.
— Eu quero você, Helen, — ele disse, olhando para mim com uma
intensidade feroz. — Eu quero arrancar essa roupa de você e foder você
como você nunca foi fodida antes.
— Faça isso, — eu disse, em um sussurro ofegante. — Me fode.
Sam ergueu as mãos e sem nenhum esforço rasgou minha blusa,
fazendo os botões voarem. Era de linho e uma das minhas favoritas, mas
não me importei nem um pouco.
Sua boca já estava na minha, sugando minha língua com uma fome
raivosa. E com suas mãos fortes, Sam começou a apertar meus seios
carinhosamente.
Eu coloquei meus braços em volta do seu pescoço e me levantei para
envolver minhas pernas em volta de seu corpo — minha saia subindo
enquanto eu fazia isso.
Estava escuro e mortalmente silencioso, além dos grunhidos e
gemidos vindos de nós dois. Nós nos agarramos um ao outro, em frente à
casa de Jack.
Uma pequena rajada de vento atingiu meu peito nu, me lembrando de
como eu estava com calor.
Comigo em seus braços, Sam caminhou até a varanda e,
aparentemente sem nenhum esforço, ele me levantou de modo que eu
ficasse sentada no parapeito. Minha boceta latejava de desejo e estava
agora no nível de seu rosto.
Eu coloquei minhas pernas sobre os ombros de Sam enquanto ele
colocava minha calcinha para o lado e foi direto para o meu clitóris,
chupando como se fosse um pirulito e estava tão inchado que realmente
se tornou um.
Com aquela primeira onda de prazer, pensei que fosse cair para trás, e
cruzei as pernas com força atrás das costas de Sam, segurando seu rosto
contra a minha boceta que jorrava de desejo, ambas as mãos segurando
seu cabelo.
Enquanto isso, a língua de Sam agora estava correndo em círculos ao
redor do meu clitóris, me fazendo tremer no ritmo de seu movimento.
Eu estava literalmente montando seu rosto, chegando cada vez mais
perto do orgasmo.
Bastou ele colocar um dedo bem fundo dentro de mim. Assim que o
senti pressionando meu ponto G com uma pressão lenta e constante,
comecei a gemer do fundo da minha garganta.
Segundos depois, meus gemidos se tornaram um grito com o orgasmo
que deixou meu corpo inteiro ficou tenso em volta de sua cabeça, e
então, com ondas de prazer passando por mim, eu deslizei para os braços
de Sam.
Ele me levou até os degraus da varanda e me deitou.
— Um segundo, — ele disse. — Vou pegar o cobertor da cadeira de
balanço.
Fiquei deitada por um momento, espasmos de prazer passando por
mim, enquanto ouvia Sam sacudir o cobertor.
Quando abri os olhos, Sam estava parado acima de mim, admirando
meu corpo nu e se contorcendo.
Vendo seu pênis daquele ângulo, em total ereção, primeiro fiquei com
medo, e então rapidamente, faminta.
Eu me levantei e olhei para ele.
Ele era muito sexy, parado ali com seu glorioso corpo completamente
nu, o cabelo todo bagunçado de onde meus dedos o haviam arranhado. A
luxúria nublou seus olhos e seus lábios estavam ligeiramente separados,
ainda molhados com minha boceta.
Seu pau era tão grosso quanto meu pulso e tão longo quanto meu
antebraço, e parecia grande demais para caber dentro da minha boceta.
Sam enrolou os dedos em torno de seu pau e começou a acariciar o
seu comprimento.
Meus olhos ficaram vidrados e minha boca encheu de água quando
uma gota de pré-sêmen saiu da sua cabeça.
Eu me abaixei em minhas mãos e joelhos e rastejei até ele, precisando
provar seu sabor por mim mesma.
Ele percebeu o que eu estava prestes a fazer e deu um gemido.
Eu olhei para ele enquanto enrolava meus dedos em torno de seu pau
rígido como ferro. Sua pele parecia seda enrolada em aço.
Me inclinei para lamber a ponta, ganhando um gemido de prazer em
resposta.
Sua essência tinha um gosto quente e salgado na minha língua e,
enquanto eu lambia a cabeça do seu pau, vi seu rosto se contorcer de
prazer.
Comecei a acariciar seu pau com meus lábios, alcançando o máximo
que pude. Eu o chupei lentamente, gemendo e sacudindo minha língua
sobre a cabeça em movimentos suaves e punitivos.
— Porra, Helen, — ele disse por entre os dentes enquanto empurrava
seu pau em minha garganta, sua mão segurando a parte de trás da minha
cabeça.
Mais de sua essência salgada vazou da ponta de seu pênis e deslizou
pela minha garganta.
Então, de repente, ele se afastou com um gemido, arrastando seu pau
para fora dos meus lábios com um estalo.
— Muito bom, bebê, estou perto de gozar, — ele avisou sem fôlego.
— Sam, preciso de você dentro de mim, por favor, — implorei, como a
garota gananciosa que eu era.
Ele já tinha me dado um orgasmo maravilhoso, mas eu sabia que não
era o suficiente.
Eu queria mais. Eu precisava de tudo dele.
— Você não tem que me implorar, linda. Vou te dar exatamente o que
você precisa, — Sam prometeu.
Pegando minha mão, ele me puxou para cima da minha posição
ajoelhada, então me virou e me curvou, de modo que minhas mãos
estivessem no parapeito da varanda.
— Abra mais as pernas, — ele me disse, e eu obedeci sem qualquer
protesto.
Seu pau estava pronto na minha entrada, pressionando contra minha
boceta como se estivesse encontrando o caminho de casa.
Eu olhei por cima do meu ombro. A expressão no rosto de Sam
parecia primitiva. Um pouco animal.
— Eu sou sua, — eu disse, facilmente combinando seu olhar com
determinação feroz.
Essas palavras pareceram trazer uma onda de desejo que atingiu Sam,
e ele empurrou sua pélvis para frente, perfurando meus lábios inchados.
Ele não foi fundo, porém, apenas alguns centímetros em minha
boceta molhada, me deixando ajustar ao seu tamanho.
Deus, ele era grande! As paredes da minha boceta queimavam
enquanto seu pau gigantesco as estendia amplamente.
Eu segurei o corrimão com força, e nós dois gritamos quando ele
meteu bem no fundo da minha virilha, me preenchendo na capacidade
máxima e batendo na minha bunda com suas bolas.
Ele se segurou lá por um momento, me dando a chance de me ajustar
ao seu tamanho antes de começar a me foder como um homem com uma
necessidade primitiva pura.
Minha boceta respondeu, agarrando todo o comprimento de seu pau
com a intenção de ordenhar até secar.
Sam acelerou o ritmo, perseguindo sua liberação enquanto batia em
mim.
Seus golpes eram implacáveis; ele estava balançando seus quadris com
força.
E então ele parou, abruptamente, todo o comprimento de seu pênis
dentro de mim.
— Helen, — ele disse. — Eu quero olhar em seus olhos quando
gozarmos.
Sem fôlego, incapaz de falar, eu apenas balancei a cabeça. E Sam
retirou seu pau duro e me deitou no cobertor para que pudéssemos
chegar ao clímax juntos, cara a cara.
— Helen, isso é mais do que apenas sexo para mim, — ele disse, seus
olhos buscando profundamente os meus.
— Eu sei, Sam. Eu sinto o mesmo, — eu disse. — Agora me faça gozar,
estou te implorando.
Não precisando de mais comando, ele se lançou em meu corpo com
fome, obtendo seu próprio prazer da minha boceta encharcada.
Minhas pernas envolveram suas coxas, contorcendo mais de seu
comprimento em mim.
Sam olhou para mim com olhos semicerrados, observando meus seios
balançarem; seus lábios se separaram, enchendo a noite com grunhidos.
O suor revestiu nossos corpos; nós nos beijamos ao acaso enquanto
nossos corpos se fundiam como um.
O pau de Sam estava enterrado bem fundo dentro de mim e eu podia
senti-lo se aliviar contra meu colo do útero.
Meus dedos agarraram sua bunda úmida, sentindo o suor pegajoso
contra minhas palmas.
Ele levantou minha perna por cima do ombro direito, usando sua
arma poderosa para me derrubar no limite do esquecimento.
Os músculos do meu estômago se contraíram quando a onda de
euforia começou a se formar.
A carne bateu contra a carne enquanto estávamos em um encontro
primitivo cru.
— Minha! — ele rosnou em voz alta.
— Sam! — Eu gritei enquanto os tremores do meu orgasmo me
consumiam.
Sam segurou meus quadris com as duas mãos enquanto me perfurava.
Seus lábios se separaram em uma careta silenciosa enquanto jorros
quentes de sêmen cobriam o revestimento do meu útero.
Minha boceta deu uma contração final, ordenhando até a última gota.
Sam se retirou e saiu de cima de mim.
Nós dois ficamos ofegantes, encharcados de suor com nossos
membros emaranhados.
— Helen, — Sam sussurrou suavemente enquanto acariciava meu
cabelo em um gesto de carinho.
— Uhm, — eu respondi sonhadora.
— Há algo que eu queria te dizer, — ele sussurrou, quase inaudível.
Sam hesitou, apoiando-se para que eu pudesse ver seu rosto. Seus
olhos haviam mudado de volta para o seu usual cinza prateado.
— O que é, lindo?
— É sobre minha mãe. Lamento não ter contado no bar. Eu
simplesmente não poderia te dizer até...
— Até o que...? — Eu perguntei.
— Até que você soubesse sobre as coisas do urso, — ele disse. — Veja
bem... ela foi morta por caçadores.
— Sim, isso faz sentido, — eu disse. — Porque caso contrário, eu teria
pensado que era assassinato.
— Foi um assassinato. Ele respirou fundo. — Minha mãe foi
assassinada na minha frente quando eu era pequeno.
— Aconteceu perto de Forest Lake. Ela era... — Ele soltou um suspiro
forçado enquanto lutava para permanecer composto.
Eu segurei os dois lados de seu rosto com minhas mãos, forçando-o a
olhar para mim.
— Ei, você não precisa me dizer se é muito difícil para você. Eu
entendo.
— Não, eu quero. Ela teria te amado. — Seus olhos ficaram vidrados e
seu corpo ficou tenso embaixo de mim. — Saímos um dia, só nós dois,
caminhando à beira do lago como qualquer outro dia.
— Eu me escondia e mamãe brincava, fingindo que não conseguia me
encontrar. — Ele piscou para conter as lágrimas. — Então, da floresta,
veio um grupo de caçadores e um garoto. Um garotinho alguns anos
mais novo que eu.
— Mamãe estava bem à vista. Eu estava agachado, escondido atrás de
uma pedra. — Ele lambeu os lábios para umedecê-los.
— E foi tão rápido. Apenas bang e minha mãe estava sangrando na
minha frente.
— Eu nunca vou esquecer a expressão no rosto dela. Ficou fixa na
mesma expressão, mesmo quando ela já estava morta há um tempo.
Sam fechou os olhos com força enquanto fazia uma pausa,
obviamente com dor.
— O caçador disse ao menino que, se há uma mamãe ursa, deve haver
alguns filhotes por perto. E ele mandou a criança me procurar. E logo ele
me encontrou.
— Eu me lembro da expressão em seu rosto. Tipo, ele ficou apavorado
no começo, mas então um sorriso de merda se apoderou dele. Como se
ele soubesse que eu não poderia fazer nada para machucá-lo.
— Ele apontou o rifle para mim e eu fiquei paralisado de medo.
— Só quando o tiro disparou, e percebi que ele havia errado, pude me
mover. E eu corri para o mato, o mais rápido que minhas perninhas
conseguiram me levar.
— Oh meu Deus, Sam, isso é horrível. — Minha garganta inchou,
fazendo minha voz soar quebrada.
Sam limpou seus olhos com o indicador e o polegar, então cheirou.
— Os caçadores estavam atrás de sangue de metamorfo. Eles mataram
minha mãe apenas para ganhar dinheiro rápido. — A dor estava
estampada no rosto de Sam.
Eu não podia acreditar que havia pessoas lá fora que pudessem ser tão
cruéis. Isso me enojou.
Eu me inclinei para ele, descansando minha cabeça no ombro de Sam.
— Muito obrigado por compartilhar isso comigo. Eu sei que não nos
conhecemos há muito tempo, mas acho que estou me apaixonando por
você.
— Eu definitivamente estou me apaixonando por você também,
Helen. — Ele descansou o lado de sua cabeça contra a minha,
estendendo a mão para entrelaçar nossos dedos.
Ficamos abraçados, ali na varanda, pelo que pareceram horas, apenas
curtindo o som calmante da noite.
Eu não queria que esse momento acabasse. Foi perfeito. Não posso
explicar por que, mas parecia que ele me completava.
Ao ver o Ursa Hall pela primeira vez, pensei que a cavalgada no urso
havia feito meu cérebro perder o controle. O prédio não parecia com
nada que eu já tivesse visto.
Tinha três andares, era construído com ripas de pinho claro, tinha
telhas de madeira escura cobrindo o telhado e cada andar era menor que
o anterior, de modo que parecia que encolhia à medida que subia.
O beiral do telhado desceu até a metade, cobrindo as janelas — como
uma garota cuja franja precisava de um corte.
Então, no andar de cima, uma torre alta e redonda se destacou, com
uma janela dando a volta completa, como um farol.
Sam e Luke pararam a cerca de cem metros à frente e rapidamente
voltaram à forma humana.
— Que prédio maluco, — eu disse.
— Não é tão louco, na verdade, — Luke disse. — É inspirado em uma
igreja de madeira norueguesa.
— Por que?
— Porque nossos ancestrais vieram da Escandinávia. — Luke encolheu
os ombros.
— Não há tempo para aulas de história, pessoal, — disse Sam. —
Helen, preciso que você tire a roupa.
— E eu pensei que estava mal vestida para um tribunal.
— Olhe ao seu redor, Helen. Você vê alguma estrada chegando aqui?
— Sam perguntou.
— Todo mundo chegou como um urso, o que significa... — Luke disse.
— Eles estão todos nus lá agora, — eu terminei sua frase por ele.
Eu me virei para Sam.
— Eu entendo por que você está perguntando, mas eu realmente não
me sentiria confortável em entrar lá pelada.
— Acredite em mim, você vai se sentir muito mais desconfortável
andando por aí com calças esportivas, — Sam disse. — E não se
preocupe, Helen. Você é linda. Você não tem do que se envergonhar.
Ao ouvir isso, Luke ergueu uma sobrancelha, mas felizmente não disse
nada. Fiquei feliz, já que realmente não tinha vontade de explicar o que
tinha acontecido entre mim e Sam na noite anterior.
Timidamente, tirei as poucas peças de roupa que estava usando e, em
seguida, olhando nos olhos de Sam, peguei sua mão e disse: — Vamos.
Do lado de fora da porta da frente estavam dois guardas, em plena
forma de urso. Eles rosnaram em saudação a Luke e Sam, e então um
deles empurrou a porta com sua pata pesada.
Lá dentro, eu senti como se tivesse entrado em um mundo diferente.
O corredor era apenas uma grande sala, estendendo-se na minha
frente e para cima — todo o caminho até a torre.
O que eu pensei que eram pisos eram, na verdade, camadas, com
grades de madeira nas laterais para que as pessoas pudessem ver o que
estava acontecendo abaixo.
Por causa do teto baixo do lado de fora, o interior era iluminado por
incontáveis lustres de chifre de veado — um enorme pendurado na torre
principal e centenas de outros menores abaixo das passarelas da galeria.
Me lembrei de ter visto um igual a eles na casa de Jack.
Olhando para cima, as camadas estavam completamente preenchidas
com metamorfos — a maioria deles em sua forma humana nua, mas aqui
e ali alguns ursos podiam ser vistos. Também havia ursos de guarda em
pé uniformemente ao redor do perímetro.
Demoramos alguns instantes para nos movermos no meio da
multidão reunida no andar principal e, quando conseguimos, vi duas
mesas em forma de U, rústicas e esculpidas, feitas no mesmo tipo de
estilo que eu tinha visto na cabana de Jack.
Atrás da mesa estava o conselho de anciãos — todos homens sérios e
sombrios, todos eles mais velhos, e todos nus. Felizmente, o tampo da
mesa cobria suas partes mais murchas.
Então, bem na minha frente, vi minha mãe.
Ela também estava nua, sentada em um grande trono de madeira tão
grande que parecia uma boneca de criança sentada nele.
Eu queria correr para ela, mas antes que pudesse, ouvi Sam tentando
conter um soluço e sussurrar: — Pai.
Não tenho certeza por que não percebi antes, mas entre as duas mesas
— diretamente entre mim e minha mãe — havia um poço gigante, com
cerca de quinze metros de profundidade e nove de largura. Suas paredes
eram revestidas com pontas de madeira de aspecto antigo, algumas de
suas pontas manchadas de vermelho com o que era claramente sangue
seco.
E no meio do poço estava Jack.
A última vez que o vi, ele parecia um homem gigante, mas naquele
buraco, Jack parecia pequeno. Ele parecia estar bem fisicamente, mas
mesmo à distância, era claro que seu espírito estava machucado.
Jack estava olhando para minha mãe, dizendo algo para ela, mas eu
não pude ouvir porque o ar ao nosso redor estava cheio de sussurros
conspiratórios.
— Oh meu Deus, Sam. Eu pensei que isso seria um tribunal normal.
— Este é o conselho de anciãos, — Sam disse. — Isso é a justiça de
urso.
— Estou com tanto medo.
— Sua mãe definitivamente vai ficar bem, — Sam disse severamente.
— Mas eu realmente não sei o que eles planejam fazer com meu pai.
Eu me senti tão desesperada vendo minha mãe assim. E ela continuou
olhando para Jack, como se ela fizesse qualquer coisa para libertá-lo
daquele buraco.
Quando eu ia dizer mais alguma coisa, um dos anciãos bateu com um
cetro dourado gigante na mesa.
— Silêncio! Silêncio! — ele gritou. — O tribunal está prestes a
começar.
Instantaneamente, o barulho da multidão desapareceu e estava tão
silencioso que você podia ouvir um alfinete cair.
— Nós nos reunimos aqui hoje para julgar Jack Larsen.
Sam me cutucou e sussurrou:
— Aquele é Tove Blumquist. O Grande Ancião.
Tove parecia um viking aposentado. Ele era velho, mas ainda tinha um
peito poderoso, uma grande barba branca e longos cabelos grisalhos
pendurados em tranças gêmeas.
Tove continuou:
— Larsen foi acusado de trazer uma estranha para o nosso meio e
colocar em risco a segurança de nossa comunidade.
— E lá está ela, — gritou Tove, apontando o cetro para minha mãe. —
A caçadora infiltrada. A infiel. — No poço, Jack começou a gritar, mas foi
abafado pelo barulho da multidão.
— Silêncio! — Tove ergueu seu cetro no ar.
Em tons calmos e medidos, ele começou a expor a caixa, olhando em
volta enquanto se dirigia a todos na sala.
— Como todos vocês sabem, as invasões de caçadores em nosso
território sagrado aumentaram drasticamente nos últimos meses.
— Não só isso, mas essas invasões parecem mais calculadas do que
nunca.
— Onde nas temporadas passadas, nós tivemos caçadores
involuntários quebrando nossas defesas. Os caçadores nesta temporada
parecem estar nos testando sistematicamente. Tentando entrar em
pontos diferentes e vendo o quão longe eles podem chegar.
— Achamos que eles estão tentando mapear nosso sistema de alarme
para obter uma imagem clara de nossas defesas.
— E de nossos informantes nas regiões próximas, ouvimos rumores de
uma invasão de caçadores que está prestes a acontecer.
— Não preciso dizer o que isso significa.
— Eles pretendem massacrar todos nós: nossos filhos, nossas famílias.
Tove fez uma pausa para deixar a multidão vaiar e assobiar.
— Em nossa longa e célebre história, Bear Creek nunca foi tão
ameaçada.
— É por isso que é tão importante fechar os setores e ficar de olho na
nossa comunidade.
Tove apontou seu cetro para Jack e ergueu a voz novamente.
— Jack Larsen desconsiderou todas essas preocupações e trouxe essa
forasteira desobediente para o nosso meio.
Ele agora apontava seu cetro para minha mãe, que chorava, segurando
o rosto entre as mãos, balançando a cabeça de um lado para o outro.
— Larsen, você tem algo a dizer em sua defesa?
— Sim, — disse Jack. — Todos vocês me conhecem e eu conheço
todos vocês. Nós nos conhecemos desde sempre.
— E como um membro da comunidade em boa situação, todos vocês
sabem o quanto me importo com Bear Creek — minha casa e meu povo.
— É por isso que eu preciso que vocês acreditem que eu nunca
colocaria um caçador espião em nosso meio.
— Ellie, minha esposa, é uma pessoa honesta e verdadeira, gentil e
amorosa. Ela não é uma caçadora.
Então, rindo para si mesmo, ele disse:
— Inferno, ela não consegue nem matar uma aranha.
— Sim, ela é humana e sim, eu sei que os humanos são suspeitos aqui.
Mas eles não são proibidos. E houve casos no passado em que um viúvo
entre nós se casou com um humano.
Tove o interrompeu.
— Isso é uma história antiga, Larsen. Tempos antigos. Tempos mais
seguros.
— Mesmo assim, — continuou Jack, — não fiz nada de errado.
E então, apontando para Tove, ele gritou:
— Foi você quem errou. Você não deu a esta mulher, que é meu amor,
uma chance.
— E ao desrespeitá-la, você desrespeita minha honra, minha
honestidade e minha lealdade. É você, Tove, que deveria estar neste
buraco, não eu.
A multidão rugiu.
De repente, Tove saltou sobre a mesa.
— Aceito seu desafio, Larsen. Eu vou descer para o poço. E que os
deuses estejam entre nós, a justiça do urso prevalecerá.
A multidão explodiu em outro rugido misturado com gritos de alegria,
e gritos de guerra.
Sam se inclinou para mim:
— Isso não é bom, Helen.
Tove saltou da mesa e começou a se transformar no ar.
Vendo isso, Jack também começou a mudar. E em segundos, havia
dois ursos raivosos, um de frente para o outro, rodeados por um anel de
espinhos mortais.
A multidão começou a gritar
— Justiça! Justiça!
Isso parecia mais um teste de força. Vendo o tamanho dos dois
combatentes, não me senti bem com as chances de Jack.
Nem Sam.
Seu aperto na minha mão ficou cada vez mais forte.
Tove e Jack agora estavam se enfrentando.
Tove investiu contra Jack, pegando no seu ombro com as garras. Eu vi
sangue jorrar para cima.
Lembro de ter pensado que quando Jack estava em forma humana, o
poço de urso parecia grande, mas agora com dois homens-ursos gigantes
lá, aquelas pontas afiadas pareciam perigosamente próximas.
Tove saltou no ar, derrubando Jack no chão. Mas Jack usou o impulso
de Tove, e a bola gigante de pelo rolou até a borda.
Eu ouvi o som de carne se rasgando e Tove soltou um grunhido, um
pedaço de ponta com sangue saindo pela frente de seu ombro.
Jack deu um passo para trás, rugindo, erguendo as patas no ar em sinal
de vitória.
Mas com grande determinação, Tove avançou, puxando seu corpo
para fora da estaca.
Imperturbável por seu ferimento, ele estava vindo rápido para Jack
com garras afiadas.
Jack tentou lutar contra ele, mas ele foi rapidamente encostado na
parede e eu pude ver os espinhos cravados profundamente em seu pelo.
Finalmente, uma das garras de Jack encontrou seu alvo, acertando
Tove bem no rosto. Tove recuou com uma pata cobrindo o olho.
Jack aproveitou a oportunidade para se soltar dos espinhos, deixando
para trás pequenos pedaços de pelos e carne rasgada.
Mas Tove já havia se recuperado e estava de pé nas patas traseiras,
rugindo a plenos pulmões.
Eu engasguei de horror, porque onde um dos olhos de Tove estava,
agora havia um buraco sangrento.
Com a energia recém-descoberta, ele esmurrou Jack, golpeando
repetidas vezes, e o máximo que Jack pôde fazer foi desviar alguns dos
golpes.
— Não, não, não, — Sam estava murmurando ao meu lado, indefeso.
Jack foi jogado no chão. Ele ficou lá ofegante, mas com cada
respiração, eu podia ver o sangue jorrando de sua garganta. Jack estava
sufocando com seu próprio sangue.
Tove deu uma rápida volta comemorativa ao redor do poço,
erguendo-se nas patas traseiras e rugindo no ar.
E então Tove se virou para Jack, pronto para entrar em ação para
matar...
Capítulo 17
CURA DE FERIDAS
Helen
Tove moveu-se lentamente pelo poço, pronto para desferir o golpe de
misericórdia.
Jack não tinha mais nenhuma força e ficou lá, o sangue borbulhando
da ferida aberta em seu pescoço.
Foi quando o inesperado aconteceu. Alguém saltou para dentro da
cova e agora estava enfrentando Tove.
A multidão engasgou e gritou de surpresa.
E até eu tive que piscar algumas vezes antes de admitir a verdade para
mim mesma.
Essa é minha mãe!
De pé nua no fosso com espinhos, enfrentando um urso gigante.
Eu tinha medo por ela, claro, mas também percebi que nunca me senti
mais orgulhosa de ser filha da minha mãe.
Se Tove conhecesse minha mãe, ele estaria fugindo para o outro lado,
tentando sair daquele buraco o mais rápido possível.
Mas Tove não tinha recebido o memorando, e agora ele estava
levantando a pata, estendendo suas garras cobertas de sangue, pronto
para rasgar minha mãe ao meio.
— Pare ele! — Eu gritei enquanto Sam me segurava com força.
Mas outra voz era mais alta do que a minha.
— Toooooovvve Blumquist! — gritou um dos anciãos do conselho. —
Pare agora ou morra!
Este ancião era na verdade mais jovem do que Tove e muito maior —
não havia dúvidas em minha mente de que ele seria capaz de cumprir sua
ameaça.
— Esse é o Ancião Sábio, — disse Sam. — Ele fala pela consciência
espiritual do conselho.
E enquanto as palavras do Sábio Ancião ecoavam pelo ar, todo o
movimento na cova dos ursos parou. Os três ficaram parados em silêncio
— Tove ofegante, Jack jorrando sangue e minha mãe tremendo de medo.
O sábio continuou:
— Falo em nome do conselho quando declaro: a justiça do urso foi
feita. Você não tem o direito de prejudicar a humana.
— Além disso, com sua ação corajosa hoje, ela não apenas provou que
não é uma espiã, mas, na verdade, que é uma aliada de todos os ursos.
Então, voltando-se para o resto da multidão, ele continuou:
— Tove estava certo quando disse que estes são tempos perigosos. É
por isso que devemos valorizar os aliados que temos.
A multidão reunida de homens-urso rugiu em aprovação unânime.
— Eles estão salvos, — Sam murmurou com grande alívio.
— Vocês dois voltem à forma humana, — ordenou o Sábio Ancião,
apontando para o buraco. Ele olhou ao redor. — Onde está o filho de
Jack? Venha aqui, garoto, e cure seu pai.
Sam me puxou no meio da multidão com ele e, deixando-me perto da
mesa do conselho, saltou para o fosso.
Ele então espetou a mão em uma das pontas e começou a aplicar seu
próprio sangue nas feridas de Jack. Em seguida, pediu um rolo de gaze de
cera de abelha.
Nesse ponto, Luke se aproximou de mim e estava explicando como,
quando um homem-urso é gravemente ferido, é tradição ser curado com
o sangue do seu sangue. Foi uma sorte Sam ter chegado aqui a tempo,
porque se não tivesse, Jack certamente teria morrido.
O sangue de Sam teve um efeito imediato em Jack. Ele já estava de pé
e saindo da cova.
Depois que todos saíram, os anciãos do conselho deram seu
julgamento final. Jack e mamãe teriam permissão para voltar para casa e
continuar fazendo parte da comunidade.
Ao pular na cova, mamãe provou que estava disposta a se sacrificar
pelo companheiro escolhido e, por causa disso, ela e Jack foram
autorizados a assinar o Livro dos Companheiros oficial, sob os olhos
vigilantes de toda a comunidade.
Durante esse processo, mantive minha boca fechada, tentando
esconder minha humanidade.
Mas esperar isso era pedir demais.
Quando a cerimônia de assinatura do livro foi encerrada, Tove falou:
— Aceito a resolução a que todos nós chegamos, mas devo chamar a
atenção do conselho para outro humano não autorizado na sala.
E de repente, todos os olhos estavam em mim.
— Quem pode falar por esta garota? — Tove trovejou.
— Eu posso, — disse Sam.
Mas minha mãe falou sobre ele.
— Ela é minha filha. Deixe-me falar por ela.
— Ela pretende morar com você e seu marido? — perguntou o Sábio
Ancião. — Aqui em Bear Creek?
— Ela tem que terminar a faculdade em Boulder primeiro, — minha
mãe disse, — e então, não sei o que ela pretende fazer.
— Entendo, — o Sábio Ancião assentiu. — Talvez seja melhor para a
segurança de todos se sua filha ficar em Boulder até que a situação de
segurança em Bear Creek se acalme?
— Mas isso não é justo, — reclamei.
— A vida não é justa, — Tove disse em resposta.
— Fiquem quietos, todos vocês, — implorou o Sábio Ancião. — Não se
trata de discutir sobre justiça e — voltando-se para mim — não se trata
de separar membros da família. Simplesmente devemos tomar
precauções... por enquanto.
— Talvez em três meses, quando Helen terminar a faculdade, — disse
Jack, — podemos vir aqui para uma apelação?
O sábio ancião acenou em aprovação.
Três meses sem ver minha mãe era uma perspectiva assustadora, mas
os mais velhos estavam certos.
Sabendo agora como os caçadores eram cruéis e de sangue frio, eu não
podia arriscar a segurança da comunidade indo e voltando entre Bear
Creek e Boulder.
De volta à cabana, estávamos cansados, mas felizes. Mamãe e Jack
pareciam felizes por terem sua liberdade de volta e gratos por terem um
ao outro.
E, claro, Sam e eu ficamos aliviados porque nenhum de nossos pais
havia sido feito em pedaços.
Desde que voltamos do Ursa Hall, não tivemos a chance de ficar
sozinhos, então tínhamos que manter nossos pensamentos românticos
para nós mesmos.
Na noite passada, enlaçados nos braços um do outro, lembrei de me
sentir feliz, mas também um pouco insegura.
Eu estava me apaixonando, mas era uma sensação desagradável.
O amor sempre foi tão fácil antes.
Sempre foi instantâneo e sem obstáculos.
Desta vez foi diferente.
Não porque Sam fosse meu meio-irmão. Eu não me importava mais
com isso.
Eu estava mais preocupada em manter o segredo do homem-urso de
Sam. Ou ficar presa em Bear Creek para sempre.
Mas agora que estávamos todos de volta em casa e pude ver mamãe e
Jack juntos...
Veja como eles estavam apaixonados... Tão felizes...
Comecei a pensar que talvez, apenas talvez, as coisas pudessem
funcionar para mim e Sam também.
Depois de ver toda aquela violência no poço dos ursos, fiquei um
pouco chocada com a natureza bárbara de tudo isso.
Mas, no fundo, também entendi que era necessário para
contrabalançar a vida gentil e pacífica que vi ao meu redor em Bear
Creek.
A outra coisa que me surpreendeu foi a rápida recuperação de Jack.
Quando voltamos para casa, ele já não estava mancando e os
hematomas haviam desaparecido de seu rosto.
Quanto à garganta, Jack já havia voltado a falar e a fazer piadas.
— Você provavelmente pode tirar o curativo amanhã, pai, — disse
Sam.
— Como é que a garganta de Jack curou tão rapidamente? — Eu
perguntei. — Algumas horas atrás ela foi completamente rasgada.
Nós quatro estávamos sentados na cozinha de Jack, com canecas de
chá de camomila ao redor.
— Porque nosso sangue tem propriedades curativas especiais, — disse
Sam. — Lembra como eu curei sua picada de abelha?
— Oh, uau, — eu disse, — isso não era apenas uma propriedade de
cura. Eu me senti quase drogada.
— Sim, o sangue às vezes também tem um efeito narcótico, — Sam
disse.
— E é por isso que os anciãos estão tão preocupados, — disse Jack.
— Essas invasões de caçadores realmente tem aumentado cada vez
mais ultimamente, — disse Sam.
— E você acha que é do seu sangue que eles estão atrás? — Eu
perguntei.
— Sim, Helen, — disse Jack. — Há muito tempo, os caçadores
conhecem essas propriedades curativas. Nos velhos tempos, quando
ainda estávamos em bons termos, trocávamos litros de sangue
metamorfo para manter a paz.
— Mas agora achamos que eles estão planejando algo maior, — disse
Sam.
— É quase como se eles quisessem sangrar toda a cidade, —
acrescentou minha mãe, preocupada.
— Mas para que eles querem tanto sangue? — Eu perguntei.
— Medicina em escala industrial? Produtos farmacêuticos? Quem
sabe, — Jack disse.
— Bem, tudo o que posso fazer para ajudar a manter vocês seguros, —
eu disse, — mesmo que isso signifique que eu não possa ver nenhum de
seus belos rostos por alguns meses.
Ficamos sentados em um silêncio triste por alguns momentos antes
de minha mãe interromper: — Não vamos ser tão dramáticos, — ela
disse. — Ainda temos saúde e temos uns aos outros, e sei que, quando
nos reunirmos novamente, seremos todos uma grande família feliz.
— Um brinde a isso! — Disse Jack.
— Um brinde! — Sam disse, e todos nós brindamos nossas canecas de
chá juntos.
Helen: Sim.
Sam: Adivinha onde estou agora?!
Helen: O QUÊ?!
Capítulo 23
UM URSO FORA D'ÁGUA Helen
— O que você está fazendo aqui?
No segundo em que vi Sam do lado de fora no estacionamento,
coloquei algumas roupas e corri para encontrá-lo.
Eu estive longe dele por tempo suficiente para não ter mais certeza de
como me sentia a respeito dele. Com tudo que passei, eu nem tinha
certeza de que nós era uma opção viável.
Ainda assim, inclinando para fora da janela do meu dormitório e o
vendo sorrir para mim, um pequeno balão de alegria estourou dentro de
mim. Pequenos arrepios percorreram minhas pernas e minha espinha e
se reuniram em torno da marca no meu pescoço.
O sol estava começando a aparecer através das nuvens quando saí e
encontrei Sam encostado em seu jipe.
Me aproximei dele e ele se levantou para me encontrar, mas parecia
hesitante. Como se ele não tivesse certeza de entrar no meu mundo.
Mas assim que fiquei cara a cara com ele, todas as minhas dúvidas
voltaram.
— Eu queria ver você. Meu pai ficava me dizendo que era uma má
ideia, mas eu continuei pensando em você e sobre isso...
Sam passou a mão pelo meu pescoço, roçando a cicatriz de sua
mordida.
Enrolei meu moletom aberto mais apertado em torno de mim.
— Então eu decidi mandar tudo pro inferno! E vir te visitar.
— Eu só queria que você ligasse antes.
— Oh... — Decepção se espalhou por seu rosto. — Você está ocupada?
— Não, é só... — Minha voz sumiu. Os olhos cinzentos de Sam
pareciam preocupados.
— Existe... você... é um cara?
— O que?! — Não sabia o que sentia por Sam, mas Definitivamente
não queria que ele soubesse de nada sobre o que havia acontecido com
Chris. Além disso, pelo jeito que ele estava olhando para mim, eu sabia
que ele ficaria arrasado se soubesse a verdade. — Não, claro que não.
Sam parecia aliviado. Seus ombros relaxaram e seu rosto ficou alegre
novamente.
— OK, bom.
Seu sorriso me fez derreter. Aqueles lábios, aqueles olhos cinzentos,
sua mandíbula perfeita e levemente mal barbeada.
As lembranças de nosso tempo em Bear Creek voltaram à tona.
— Um centavo por seus pensamentos? — ele disse e foi o que bastou.
Envolvi Sam em um abraço apertado.
Eu inalei seu cheiro de mel fumegante — eu senti falta.
— Sam... — Ele retribuiu com seu abraço de urso e estava apertando
com tanta força que era difícil respirar. — Preciso... um pouco... de ar...
— Oh!
Seus braços se afrouxaram e eu deixei minha cabeça cair contra seu
peito.
Apenas cinco minutos atrás eu estava pensando em seguir em frente,
e agora que ele estava aqui...
Agora que eu podia vê-lo, cheirá-lo...
Sentir seus braços fortes me segurando...
Eu não queria que ele fosse embora.
— Você deve ser Sam.
Me virei para ver Emma parada com uma mão no quadril. Eu
escorreguei para fora dos braços de Sam, peguei sua mão e o levei até ela.
— Sam, esta é minha melhor amiga Emma.
— É um prazer conhecê-la, — disse Sam.
— Helen estava certa sobre uma coisa... — Emma estava arqueando
uma sobrancelha e falando como uma garota durona de Velozes e Furiosos
6. — Você é muito sexy... para um meio-irmão.
Acho que até Sam corou com isso.
— Eu preciso me vestir, mas podemos ir buscar um pouco de comida,
— eu disse, e comecei a conduzir Sam para dentro dos dormitórios.
— Oh, ótimo, — Emma respondeu, me parando em meu caminho. —
Eu vou também.
Ela começou a voltar para dentro também.
— Eu quero conhecer você, Sam. Antes de deixar você fugir com
minha melhor amiga.
Emma marchou pelas portas de nosso dormitório. Tudo o que pude
fazer foi olhar para Sam e encolher os ombros.
Emma está dando uma chance para Sam?
Eu estava animada para eles se conhecerem. Eu só esperava que eles
gostassem um do outro.
De qualquer forma, isso seria interessante...
— Isso é hilário!!!
Emma quase cuspiu seu milkshake de chocolate em cima de nós
enquanto ria da história de Sam.
Tínhamos levado Sam a uma lanchonete retrô e pedimos comida
demais. Fiquei feliz e surpresa ao descobrir que Sam e Emma estavam
realmente se dando bem.
— Nah, é apenas algo que fazemos em Bear Creek. — Sam pegou um
punhado de batatas fritas e as enfiou na sua boca perfeita.
Ele contou a Emma sobre o festival do qual os residentes de Bear
Creek participaram durante o verão. O festival era para celebrar o dia
mais longo do ano, e todos beberam hidromel até ficarem estupidamente
bêbados.
No auge do festival, as pessoas dançavam em torno desse poste e os
mais velhos costumavam dançar nus.
— Parece o meu tipo de festival. — Emma plantou seu milkshake
entre as embalagens de hambúrguer e os pacotes de molho vazios
espalhados pela mesa.
— Você quer um sundae? — Sam perguntou, já se levantando para
fazer o pedido.
Eu olhei para a bagunça na nossa frente. Mesmo que um sundae
parecesse muito bom, pensei que talvez já tivesse comido o suficiente. Eu
não queria que Sam pensasse que eu era uma porca.
— Talvez não, — eu disse.
— Sim você quer! Por minha conta. — Sam piscou para mim e foi até
o balcão.
— Hum, ele é adorável, — Emma sussurrou conspiratoriamente
quando Sam estava fora de alcance.
— Então, isso significa que você gosta dele?
Ela se virou em sua cadeira e deu a Sam, que estava falando com o
caixa, uma rápida subida e descida de olhos.
— Eu gosto do jeito que ele fica com aqueles jeans, — ela disse, e riu.
Eu joguei uma batata frita nela. — E ele não é nada como o caipira que eu
imaginei.
Revirei meus olhos com esta declaração.
— A sério. Me diga o que você acha.
— Eu acho... — Emma levou um segundo. — Eu acho que ele te trata
como a deusa que você é, e se ele te faz feliz, bem... não é como se você
fosse parente de sangue!
— Você é uma estúpida, — eu disse.
E mesmo que ela fosse uma cabeça dura, eu ainda sorria para ela com
carinho.
Significava mais do que eu queria admitir ter sua aprovação. Eu senti
que se Emma aprovasse Sam, eu poderia esquecer o que o resto do
mundo poderia pensar.
— Sério, ele é ótimo. Você tem minha bênção. — Ela mergulhou os
dedos em um copo de água da torneira e jogou gotas em mim.
— Três sundaes com calda quente chegando!
Sam colocou os sundaes na mesa e sentou ao meu lado enquanto eu
limpava o rosto com um guardanapo.
— Você pegou um para mim também? Obrigada! — Emma sorriu.
Quando nós três começamos nosso sorvete, uma vibração percorreu a
mesa. Emma pegou seu celular e abriu a mensagem.
— Quem é? Eu perguntei.
— Sally, ela disse que algumas pessoas vão para este clube no centro
mais tarde. — Emma estava falando com a boca cheia. — Querem vir
comigo?
Olhei para Sam, que parecia mais do que um pouco apreensivo.
— Quanto vou me destacar? — ele perguntou, olhando para sua
camisa de flanela gasta.
— Você vai ficar bem, — Emma disse antes de digitar sua resposta.
Sam disse olhando para mim.
— Eu vou se você quiser.
Eu não tinha certeza de por que Sam estava agindo tão hesitante. Ele
teria enlouquecido as garotas de qualquer clube com apenas um olhar.
— Pode ser divertido, — eu disse, e dei um aperto em sua perna.
Eu sabia que Emma estava se aproximando dele, mas não queria
deixá-los perder a oportunidade de se relacionar.
Helen: Hahaha
Emma: Cansada
Sam: Ei
Sam: Bem...
Sam: Não?
Emma: 0 QUE?!
Emma: miauuuu
Emma: miauuuu
Helen: sinto tanto a falta de vocês, meninas Emma: sinto sua falta
também
Helen: O QUÊ??
SLAP!
Eu bati na minha bunda, sentindo um esmagamento satisfatório
quando matei outro mosquito.
— Pequeno bastardo, — eu grunhi em triunfo.
Claro, ele era apenas um em um milhão, e eu já podia ouvir os
pequenos gemidos irritantes de seus irmãos circulando em minha
cabeça. Os filhos da puta estavam por toda parte, e todos queriam um
pouco de mim.
E realmente não ajudou o fato de que eu estava completamente pelada.
Sam me levou para a floresta para uma aula de transformação.
Quando estávamos a uma distância segura da casa, ele ordenou que eu
tirasse a roupa, e não para um momento sexy — ele só não queria que eu
rasgasse minhas roupas como o Incrível Hulk.
Minhas botas tinham sobrevivido milagrosamente ao incidente do
Mercado Hawcroft, mas meu vestido rosa combinando tinha virado
confete que choveu em Forest Lake como se fosse um homem-urso no
carnaval.
— Concentre-se, querida, — Sam disse, me observando. — Você
consegue fazer isso.
Fácil parei você dizer.
Meu pedaço de mau caminho cinzento estava nu também, a poucos
metros de mim, todos os olhos, abdômen e pau. Fiz tudo o que pude
fazer para não pular em seu lindo corpo.
— Talvez eu tente fechar meus olhos, — eu disse, fazendo exatamente
isso.
Em minha mente, invoquei uma imagem do meu urso, grande e
marrom-dourado. Tentei me lembrar de como me senti quando mudei
antes. O coquetel de emoções que me transformou de mulher em fera.
Eu apertei meus olhos com mais força, me concentrando...
Concentrando...
CONCENTRANDO...
SLAP!
Esmaguei um mosquito nas minhas tetas.
— Helen! — Sam disse, me advertindo.
Meus olhos se abriram.
— Eu não posso fazer isso, Sam! — Eu choraminguei. — Posso apenas
colocar minhas roupas e ir para casa? E bugado e quente e sujo e, e...
— E você nunca mudará se não conseguir aprender como evitar esse
tipo de distração.
Sam colocou as mãos no meu ombro e seus olhos cinzas se fixaram
nos meus.
— Feche os olhos e tente novamente.
Eu gemi, mas segui suas ordens. Sam estava certo, é claro, e isso só me
deixou mais irritada. Ele estava certo sobre tudo! A única desvantagem de
namorar o cara perfeito.
Eu me concentrei, imaginando meu urso novamente.
Mude... Mude... Mude...
Um mosquito zumbiu em meu pescoço.
Eu automaticamente estendi a mão para dar um tapa… Mas Sam
agarrou meu pulso primeiro.
— Me deixe matar isso! — Eu gritei. — Está sugando meu sangue!
— Foco, Helen!
Eu abri meus olhos, rosnando.
Eu estava prestes a focar em chutar a bunda dele!
A raiva irradiou pelo meu corpo. Eu estava tremendo enquanto o
sangue corria para o meu rosto. Eu abri minha boca para dar a Sam um
pedaço de minha mente...
Mas um rugido saiu em vez disso.
Estou mudando!
Cabelo desgrenhado brotou por toda a minha pele, e eu senti o, a essa
altura um tanto familiar, o estalar de ossos se reorganizando em meu
corpo e o rompimento dos músculos salientes e se expandindo.
Eu cresci mais alto — mais alto ainda do que Sam. Quando olhei para
ele, notei um longo focinho marrom crescendo no meio do meu rosto no
lugar de um nariz.
E assim...
Eu era um urso.
Sam
Ser uma ursa não foi fácil. A experiência parecia tão estranha e
semelhante a um sonho.
No meu estado animal, uma parte primordial do meu cérebro assumiu
— uma que eu nunca soube que existia. Talvez não tivesse antes de eu
me tomar uma metamorfo.
O que eu sabia era que precisava aprender a domar este lado. E
naquela tarde, pescando no lago com Sam, eu estava a caminho.
Sua lição me fez sentir muito melhor sobre ser uma ursa, vivendo em
Bear Creek, ser mãe... Tudo realmente. Eu era a garota mais sortuda do
mundo a ter ao meu lado um cara compassivo cuidando de mim.
Eu o segui para fora da água e para a praia. Nossas barrigas estavam
tão cheias de peixes que eu senti como se estivesse digerindo um aquário.
Foi estranho comer um animal vivo?
Duhhh.
Mas eu nunca provei nada parecido no mundo.
E por mais embaraçoso que fosse...
Eu meio que adorei.
Embora eu certamente não me importasse com um pouco de molho
de soja.
De volta à praia, Sam era brincalhão, rosnando e me acariciando. O
que ele queria? Não falar era difícil e eu era uma iniciante na leitura da
linguagem corporal de ursos.
Com um forte empurrão de seu focinho, ele me derrubou no chão e
subiu em cima de mim. Tentei empurrá-lo, corando por dentro ao sentir
algo duro entre suas pernas...
Jesus, Sam!
Se ele pensava que eu faria sexo com ele no primeiro dia das aulas de
transformação, ele estava errado. Eu estava definitivamente querendo ser
professora, mas parecia uma lição mais avançada.
Consegui empurrar ele de cima de mim e corri praia abaixo. Ele
correu atrás de mim, nosso pelo molhado brilhando ao sol.
Quando olhei para trás novamente, ele estava em forma humana, nu
como no dia em que nasceu.
Mas ainda duro como o inferno.
Ooh la la.
Sam humano? Agora, isso é algo com que posso lidar.
Eu me concentrei muito, imaginando minha forma humana.
Demorou alguns minutos, mas finalmente minhas feições de urso
começaram a desaparecer, e antes que eu percebesse, eu era a simples e
velha Helen, na areia de quatro, completamente nua.
Eu estiquei meu pescoço para ver Sam vindo em minha direção com
aquela vara de cair o queixo.
Eu abri minhas pernas, deixando-o apreciar a vista.
Meu buraco de pesca estava aberto para negócios.
Sam me empurrou para a areia e eu rolei, aceitando seus beijos febris
enquanto tentava alcançar sua rigidez. Eu bombeei com força enquanto
ele chupava meus mamilos. Eu queria sentir cada centímetro dele dentro
de mim.
Sam se moveu para trás, segurando meus joelhos em suas mãos
enquanto se preparava para me foder. Eu brinquei com meu clitóris um
pouco enquanto olhava para aqueles olhos cinzentos comoventes,
ficando mais molhada a cada segundo. Minha buceta estava
praticamente chorando para ser preenchida.
— O que você está esperando? — Eu perguntei, dando a ele meu
sorriso mais sexy.
Mas, estranhamente, Sam respondeu com um olhar de incerteza.
O suor escorria por sua testa.
Ele parecia... nervoso.
O que há de errado?
— Helen, isso pode parecer estranho, — ele começou com um olhar
de desculpas, — mas eu não acho que posso te foder.
— O que você está falando? — Eu exigi. Se minha buceta estava
chorando antes, agora estava gritando.
Sam franziu a testa para sua ereção furiosa, que estava a apenas alguns
centímetros do meu monte. Eu me contorci para mais perto dele,
provocando sua ponta com meus lábios umedecidos.
— Sam, — eu implorei. — Por favor...
Eu vi uma batalha atrás de seus olhos, então ele mordeu o lábio e se
levantou. Ele se afastou de mim.
— Sinto muito, querida, — ele suspirou. — Só acho que não devemos
fazer sexo até que os bebês nasçam.
Eu me apoiei nos cotovelos.
— Uhhhh, vem de novo?
Capítulo 7
NOITES DE VERÃO EM HAWCROFT
Helen
Sam: ok helen
Sam
Segui Sam para casa no Land Cruiser. Meus olhos mal conseguiam
ficar abertos após nosso longo dia, e eu tive sorte de ter suas lanternas
traseiras para me guiar pelas estradas sinuosas de volta a Bear Creek. Eu
estava explodindo com Ed Sheeran o caminho todo só para ficar
acordada.
Na garagem, contornei o conversível de Brittany e estacionei ao lado
de Sam. Ele estava parado na porta com os braços esperando quando eu
saí. Eu me aconcheguei neles.
— Vamos hibernar, — eu disse, acariciando seu peito.
Sam sorriu levemente, mas não atingiu seus olhos. Algo estava
acontecendo. Eu podia sentir isso.
Enquanto seus braços se desenrolavam do meu corpo, pela primeira
vez naquela noite eu notei suas mãos.
Elas estavam imundas.
Quer dizer, Sam trabalhava com as mãos, construindo móveis,
cuidando da fazenda de mel e trabalhando na nova casa. Elas nunca eram
exatamente limpas.
Mas esta noite eles estavam absolutamente cobertos de...
Sujeira.
Tive uma sensação estranha na boca do estômago. Eu olhei para Sam,
e ele deve ter lido minha expressão.
— Antes de irmos para a cama, — ele disse lentamente. — Há algo que
você precisa ver primeiro.
Eu o segui para fora da garagem, ao redor da casa e para o quintal.
À
À luz da lua, meus olhos instintivamente procuraram o monte de terra
onde eu enterrei o corpo de Chris. Apenas...
Não estava lá!
Corri até a linha das árvores. A terra havia sido espalhada onde antes
havia o monte. O banco de madeira que Sam havia dado aos nossos pais
para o casamento deles estava em seu lugar.
Um calafrio percorreu minha espinha.
Fiquei aliviada porque o monte tinha sumido. Ele tinha desaparecido
como se nunca tivesse existido.
Mas o que diabos aconteceu com Chris?
— Eu cuidei disso, — Sam disse suavemente enquanto se juntava a
mim. — O corpo. Tudo. Não temos mais nada com que nos preocupar.
— O que você fez com isso? — Eu perguntei, nervosa.
— Não se preocupe, — Sam disse. — Esse é um segredo que vou
guardar. Para sempre.
Eu olhei em seus duros olhos cinza — a cor de uma parede de pedra.
Eu nunca o tinha visto mais sério.
— Eu entendo, — eu disse. — Obrigada.
Ele colocou um braço em volta de mim.
— Não vamos falar sobre isso de novo. Pra sempre!
Eu balancei a cabeça e ele beijou minha testa.
— Eu te amo, Sam.
— Amo você também amor.
Sem outra palavra, entramos em casa, deitamos na cama e dormimos.
*
— Até que horas vocês ficaram ontem à noite? — Brit perguntou na
manhã seguinte no brunch enquanto bebia uma xícara de café.
— Não muito, — eu disse despreocupadamente, bebendo meu
descafeinado. — Nós praticamente apenas fomos para casa e fomos para
a cama.
— Perdedores! — Brit riu.
Estávamos de volta à casa de Rowen, é claro. Não havia outro lugar
para ir.
Sam havia reclamado durante todo o trajeto até Hawcroft sobre
potencialmente compartilhar uma refeição com Victor Landry. Cada
mulher na cidade achava que o metamorfo crocodilo era a mistura
perfeita de bad boy e cavalheiro do sul — e todo homem odiava por isso.
Quando entramos no restaurante, entretanto, Sam ficou
agradavelmente surpreso ao ver um rosto mais amigável ao lado de
Brittany.
Era Raul Santana, um ranger e um dos melhores amigos de Sam
depois de Luke. Ele era um metamorfo de jaguar, com cabelo preto
azeviche, uma barba desalinhada e pele de terracota radiante.
Aparentemente, Brittany estava ocupada ontem à noite.
Piranha com sede.
Com toda a seriedade, eu amei o quanto ela estava circulando em
Forest Lake. Ela merecia bons momentos — ou muitos bons momentos
— depois de toda a merda que Chris a fez passar.
Não que eu esteja tentando pensar sobre ELE.
Depois da noite passada, eu estava pronta para seguir em frente
daquela noite de três meses atrás. Não apenas aquela terrível lápide havia
desaparecido, mas Sam havia se livrado do corpo em um lugar onde
ninguém jamais o encontraria.
Fora da vista, longe da mente.
— Então, como isso aconteceu? — Sam perguntou, acenando com a
cabeça entre Raul e Brit por cima de seu menu.
O novo casal se olhou. Eles riram, seus rostos ficaram vermelhos.
Depois de alguns momentos, ficou claro que essa era a resposta deles.
— Helen, — Brittany disse, tentando contornar o assunto. — Agora
que Sam está aqui, talvez ele possa opinar sobre como conseguir um
emprego para você na Galerie Fantaisie.
Oh, sim!
Com toda aquela coisa de — descobrir que meu companheiro
escondeu um corpo, — eu tinha me esquecido totalmente da
possibilidade de emprego.
— Trabalhar em uma galeria de arte seria incrível. Uma ótima
maneira de colocar o pé na porta, — eu disse a Sam com um olhar
suplicante saído de um anúncio da UNICEF. — Eu sei que o trajeto seria
uma droga. Mas talvez possamos descobrir uma maneira.
Os olhos de Sam se arregalaram e eu poderia dizer que o havia em
uma posição difícil. Não íamos descobrir isso com ovos e panquecas.
— Sim, talvez, — ele disse evasivamente.
Lendo o clima na sala, Brittany olhou para seu menu. — Bem, a porta
está sempre aberta.
— Eu vou te avisar sobre isso, Brit, — eu disse.
— Obrigada.
— Se você quiser minha opinião, — Raul disse. — Você deveria ficar
quieta aqui, Helen.
— Eu ouvi tudo sobre Tove de meus amigos ranger. Ele realmente
quer estreitar as fronteiras de Bear Creek. Um monte de idas e vindas...
isso vai ser um problema. E sem ofensa, mas você já não tem a melhor
reputação por aqui.
— Raul, — Sam avisou. Seu amigo encolheu os ombros.
— Ei, cara, só estou contando como é!
— O que você quer dizer com estreitar as fronteiras? — Brittany
perguntou. — Vocês não podem deixar Forest Lake?
— Ei, mami, sou uma onça, não um urso, — disse Raul, acariciando a
mão dela. — Temos regras diferentes. Eu venho e vou quando eu quiser.
— Bom, — disse Brit. — Porque eu quero você em Denver o mais
rápido possível.
— Eu irei aonde você quiser, mami Raul disse, seu rosto se
aproximando do dela. Eu ouvi um rosnado baixo em sua garganta.
Meu Deus. Era como uma refeição com minha mãe e Jack.
Ugh! O que estou dizendo?!
*
Brit e eu nos abraçamos do lado de fora do restaurante. Ela disse que
Raul a levaria para a cabana mais tarde para pegar seu carro, então ela
voltaria para Denver. Seu trabalho demoraria alguns dias para começar,
mas ela queria muito tempo para comprar roupas de trabalho.
Comecei a entrar na caminhonete de Sam, mas notei que ele ainda
estava parado do lado de fora.
— E aí? — Eu perguntei a ele, pegando sua mão.
— Querida, você quer dar uma caminhada?
Sua expressão era um pouco enigmática, como a que ele tinha na
noite anterior quando me contou sobre Chris. Sua mente estava
preocupada com algo, isso era certo.
— Claro, — eu disse. — Aonde quer que você vá, eu o seguirei.
Sam e eu descemos a rua até a margem do Iago, perto da marina.
Havia um grande cais onde alguns barcos estavam atracados, entre eles
uma velha e legal casa de barcos que às vezes hospedava eventos locais,
como shows e coisas assim. Total 'Gram pom.
Sentamos em um banco em frente, apreciando o lago. Tínhamos a
vista só para nós.
Outro dia lindo em Hicksville, pensei, tirando uma foto rápida no meu
telefone para pintar mais tarde.
— Helen, — Sam começou, — quero falar com você sobre o trabalho
que Brit mencionou.
Eu coloquei meu telefone de lado. — E aí?
— Querida, você não pode acreditar que isso funcionária, certo? — Ele
olhou para nossas mãos entrelaçadas. — Quero dizer, são três horas de
distância sem tráfego. Você não poderia fazer isso todos os dias.
— Talvez meio período? — Eu sugeri. — Eu realmente quero começar
minha carreira, Sam. E depois do que aconteceu com Leslie — Eu sei, eu
sei. E eu não quero dizer para você não seguir seus sonhos. Mas... — Ele
suspirou, escolhendo suas palavras. — Quero dizer, você sabe o que eu
tive que fazer. Ninguém vai descobrir. Mas mesmo assim. O que Raul
disse sobre atrair problemas, bem... ele estava certo.
Meu coração afundou. Como se ele pudesse sentir, a mão de Sam
apertou a minha.
— Você está no radar de todos. E não no bom sentido. É besteira e
gostaria que as coisas fossem diferentes. Mas elas não são.
Ai.
As palavras de Sam poderiam ter me machucado mais se eu já não
soubesse a verdade. Mas eu tinha visto os olhares que recebia enquanto
andava pela cidade — mesmo antes do episódio do Mercado de
Hawcroft.
Como Leslie Flattail havia dito, as pessoas por aqui simplesmente não
gostavam de estranhos.
— Você precisa se esforçar mais para se adaptar e fazer deste lugar um
lar, — Sam disse. — É a única maneira de protegermos nossa família. Se
alguém farejar e descobrir sobre você-sabe-quem, estamos ferrados.
Talvez pior do que ferrado.
Eu balancei a cabeça carrancuda.
— Não estou tentando ser um idiota, — ele disse. — Eu só quero ser
realista.
— Eu entendo, Sam, — eu disse a ele. Meus olhos se encheram de
lágrimas quando minha mão foi para a minha barriga.
Eu queria ser uma artista mais do que qualquer coisa, mas não sabia
como fazer isso fora da cidade — não agora que queimei uma possível
ponte com Leslie Flattail.
Mas se eu tivesse que escolher entre um ou outro — um trabalho ou
uma família...
Bem, a escolha era óbvia.
Doloroso — mas óbvio.
— Vou me esforçar mais, — eu disse lentamente. — Por você, os
filhotes... para todos nós.
— Você é a melhor, baby, — Sam disse, colocando a mão ao lado da
minha na minha barriga.
E então, juntos, sentimos a coisa mais louca.
Dois pequenos chutes — um após o outro.
Meu queixo caiu de admiração, e quando olhei para Sam, seu rosto
espelhou o meu.
Os ursinhos chutaram!
Capítulo 9
O GRANDE DESAFIO DE DESIGN DE
INTERIORES
Helen
Depois que chegamos em casa, pulei no meu fiel Corolla e dirigi até o
canteiro de obras.
Eu precisava de algum amor do meu homem depois do dia péssimo
que tive.
Talvez eu pudesse até fazer Sam mudar de ideia e foder lá fora!
Não tínhamos sido íntimos desde aquele dia no lago e meu vibrador
simplesmente não ajudou como de costume.
Eu estava começando a me sentir como uma caloura com tesão de
novo, só que não fui convidada para muitas festas da fraternidade
ultimamente.
Eu parei na garagem e saltei. Estava um pouco nublado desde que
cheguei em casa.
Eu não conseguia ver Sam lá fora, então, hesitantemente, entrei na
concha de nossa futura casa.
Uau!
Havia paredes em alguns quartos, e eu estava começando a entender a
planta baixa.
Mais ou menos uma semana antes, era apenas um quadro.
Este lugar está começando a se encaixar!
— Babe?
— Helen? — Eu ouvi Sam chamar lá de cima. — Isso é você? '
— Sim, eu vou subir.
Sem pensar duas vezes, subi a escada inacabada. — Uau, querida! —
Quase esbarrei em um Sam apressado no andar de cima. — Não é
completamente seguro aqui ainda. Talvez devêssemos voltar lá embaixo.
— Você está aqui em cima, — eu atirei de volta, um pouco irritada.
— Sim, mas não estou carregando filhotes.
— Está bem.
— Ele acha que você é feita de porcelana, — gritou uma voz atrás de
uma placa de gesso.
— Luke, é você?
Eu segui o som de sua voz e o encontrei no que Sam me disse que
seria um berçário.
Uma janela em arco estava deixando a luz brilhar através do assento
da janela que Sam instalou. A sala era grande o suficiente para dois
berços, uma estante de livros e uma área de recreação para quando os
filhotes fossem um pouco mais velhos.
Não estava nem perto de terminar, mas eu podia me imaginar
curtindo o espaço: lendo para os filhotes ou massacrando alguma canção
de ninar tentando fazer eles dormirem.
— Ei, mamãe ursa, — ele disse e me deu um beijo na bochecha.
— Vocês têm trabalhado muito, — eu disse.
— É difícil arranjar tempo entre as minhas funções de guarda-
florestal, mas é uma boa desculpa para sair com este imbecil. Além disso,
Sammy concordou em pagar minha conta no Buckhorn por um ano
inteiro.
Luke jogou uma luva em Sam, que estava parado na porta.
— Podemos voltar lá embaixo agora? — ele perguntou, franzindo a
testa. — De volta ao chão onde ninguém pode cair?
— O que é isso? — Eu perguntei, olhando para a velha cadeira de
balanço instável ocupando espaço na minha nova casa.
— É para você sentar. — Sam se moveu em direção à cadeira e a
empurrou suavemente para que balançasse. — Enquanto você alimenta
as crianças e lê histórias para elas.
— Oh, — eu disse cuidadosamente.
Não é que eu odiasse a cadeira, simplesmente não era realmente o
meu gosto.
Meus bebês serão legais pra caralho legal, não antiguidades do futuro.
— O que está errado? — Sam perguntou.
— Achei que íamos comprar móveis de bebê juntos, — falei. — Eles
têm coisas realmente legais na Pottery Bam.
— Por que queremos cerâmica de um celeiro? — ele perguntou.
OMG. Ele nunca ouviu falar em Pottery Barn?!
— Eles vendem móveis. Coisas fofas e modernas. É super seguro e
super chique. Essa cadeira parece que vai me dar farpas na bunda.
— Helen, — Sam disse, parecendo estranhamente desapontado,
considerando que era apenas uma cadeira.
— Vou só pregar alguns pregos com a minha mão. — Luke fez uma
cara estranha e saiu da sala.
— O que está errado? — Perguntei. — Achei que você gostaria que
nosso berçário tivesse o melhor?
Sam bufou e balançou a cabeça. — Eu não acho que você entendeu...
— O que eu não entendo, Sam? Eu não sou uma cadeira.
— Não é tudo sobre o que você gosta, Helen.
Não sei por que estava tão irritado com uma cadeira de balanço.
Talvez apenas porque minhas emoções eram tão instáveis quanto a
estrutura frágil.
Mas às vezes parecia que Sam se importava tanto com o que era
melhor para os bebês que esquecia o que era melhor para mim.
— Então meu gosto não importa? O que eu quero não aparece no
painel do seu viveiro no Pinterest? Sam, essa cadeira simplesmente não
sou eu!
Eu estava começando a ficar com o rosto vermelho e esperava que
Sam fizesse o mesmo. Mas ele apenas olhou para mim friamente e disse:
— Helen, esta cadeira era da minha mãe.
Oh...
Bolas de merda! Agora eu entendo...
E eu pareço uma vadia completa.
— Sam...
Eu imediatamente senti muito. A cabeça de Sam caiu sobre o peito e
ele começou a sair da sala.
— Sam, eu não quis dizer...
— Tenha cuidado ao descer, — ele disse sem olhar para mim.
Eu sou uma idiota!
Raios dourados do sol da tarde penetravam pelas janelas do meu
estúdio — um velho galpão de madeira que Jack e Sam haviam
convertido para mim ao lado de sua casa. Eu estava sentada no chão com
minhas pernas enroladas embaixo de mim, meu laptop aberto na minha
frente.
Eu realmente vou fazer isso?
Serei capaz de viver comigo mesmo?
Suspirando, movi meu cursor pela página inicial do Etsy e cliquei no
botão — Registrar.
Estou me tornando minha mãe.
E eu só tenho vinte e dois!
Depois de ganhar o Prêmio de Belas Artes da Reynolds Foundation,
achei que minha carreira artística estava garantida. Queria trabalhar
como pintora no sentido tradicional. Eu queria ter peças penduradas em
galerias, não nos banheiros de micro influenciadores.
Mas uma liquidação é uma liquidação e, depois do mercado de pulgas
de hoje, eu precisava de uma vitória.
Enquanto eu digitava meu endereço de e-mail, a porta se abriu e Sam
entrou.
Eu não o via desde que deixei o canteiro de obras.
Achei que ele estava chateado e não queria falar. Então eu decidi dar a
ele algum espaço e ir para o meu estúdio em casa.
Mas ele veio me encontrar.
— Sam! — Eu deixei o laptop deslizar de cima de mim e pulei.
Ele parecia sério.
Oh não! Ele ainda está chateado!
— Sam, me desculpe, eu não queria ser tão idiota. Eu amo a cadeira,
claro que amo. Está perfeito.
— Helen, — ele disse, soando severo. — Nós precisamos conversar.
— OK. — Eu estava tentando parecer calma, mas na verdade estava
em pânico.
Sobre o que precisamos conversar?
Por que ele está agindo tão sério?!
— Podemos dar um passeio?
Outra caminhada, puta merda, isso deve ser ruim! Peguei minha jaqueta
jeans — agora com alguns cristais de diamante a menos depois que Sam
me deu meu outro presente de formatura — e começamos a andar pelo
quintal.
O ar da noite estava quente e o zumbido das cigarras enchia o ar;
comecei a perceber por que a chamavam de hora de ouro. Tudo estava
brilhando.
Sam estava quieto, então não o incomodei enquanto caminhávamos.
Demorou um segundo antes de perceber que estávamos descendo a
colina.
— Vamos para a fazenda de mel?
— Uh-huh. — Sam engoliu em seco.
Ele está tremendo?
Chegamos à fazenda. Sam pegou um cobertor do galpão e nos
sentamos em uma colina com vista para as colmeias. O sol estava
começando a se pôr atrás das colmeias.
— Uau, é lindo.
Ele não disse nada.
— Sam, me desculpe por mais cedo, eu não sabia... — comecei a
balbuciar, mas ele me cortou.
— Está bem.
Por um momento ficamos sentados em silêncio, então pensei em
mudar de tato.
— Um centavo por seus pensamentos? — Eu cutuquei Sam na lateral,
tentando animá-lo.
— Quer saber por que estou perguntando isso?
Finalmente, ele fala!
— Porque você quer saber o que estou pensando? — Imaginei.
— Minha mãe costumava dizer isso para mim. Quando ela pensava
que eu parecia triste ou preocupado. Ela colocava os braços em volta de
mim e pedia 'um centavo por seus pensamentos? '
Eu não tinha ideia, apenas pensei que era uma coisa divertida que ele
disse.
— Eu sei o quanto você deve sentir falta dela, — eu disse, e enfiei
meus dedos entre os dele.
— Eu sinto. — Sam acenou com a cabeça. Lágrimas brilharam em seus
olhos. — Ela era a pessoa mais gentil e calorosa. Ela nunca estava muito
ocupada para lidar com meus problemas estúpidos de crianças. E ela era
muito engraçada.
— Eu gostaria de ter conhecido ela, — eu disse, descansando minha
cabeça em seu ombro.
— Ela teria te amado também, — disse Sam, finalmente se virando
para olhar para mim. — E é por isso...
De repente, Sam caiu sobre um joelho, o sol brilhando atrás dele.
Oh meu Deus! Isso está realmente acontecendo?
É por isso que ele está agindo estranho e nervoso?
— ... é por isso que eu quero dar isso a você.
Do bolso ele tirou um anel. Era de ouro e continha um diamante oval
do tamanho de uma amêndoa. Ele brilhou em um azul cristalino na luz.
Esse é o anel mais ridiculamente lindo que eu já vi!
— Helen, você quer se casar comigo?
Isso está realmente acontecendo, porra!
Eu congelei.
O zumbido das abelhas encheu meus ouvidos. O pôr do sol estava
repentinamente ofuscante.
Oh... meu... porra...!
Tentei falar, mas não consegui...
Estou realmente pronta para isso?
Sam sorriu e inclinou a cabeça para o lado.
— Um centavo por seus pensamentos?
Capítulo 10
OH, QUERIDA!
Helen
— SIM!
— Sim?
— Claro que sim, seu grande idiota!
Por um segundo, eu congelei, tentando entender o que estava
realmente acontecendo. Mas quando eu percebi que Sam estava
PROPONDO, só havia uma resposta.
Eu pulei e Sam me pegou em seus braços.
Puta merda!
Acabei de me envolver!
Parada no brilho da tarde, com Sam me segurando... Acho que nunca
estive mais feliz.
Eu o beijei e dei um passo para trás. Gentilmente, Sam pegou minha
mão esquerda e colocou o anel em meu dedo.
— É tão lindo, — eu disse, olhando para o diamante cintilante. — Jack
tem bom gosto.
— Você está de brincadeira? — Sam riu. — Pertenceu à minha avó
norueguesa.
— Eu amo isso ainda mais.
— Também se encaixa perfeitamente. E isso é ouro de urso. Ele se
expandirá quando você mudar, então você nunca terá que retirá-lo.
Eu estudei o anel novamente. Quase parecia que havia dois tons de
ouro — um ligeiramente mais escuro que o outro — enrolados um ao
outro.
A parte externa da banda estava salpicada de pequenos cristais
transparentes.
— Tem certeza que quer se casar com uma vigarista da cidade como
eu?
— Nunca tive tanta certeza de nada. — Sam sorriu. — Você é minha
canção — minha companheira.
Eu gritei e dancei ao redor. Então eu agarrei Sam novamente e o
beijei.
Beijei meu NOIVO!
— Eu te amo, — eu disse.
— Eu também te amo, — ele disse, então de repente parecia todo
tímido. — Na verdade, falando de acasalamento. Há outra coisa que eu
queria te perguntar.
Ele já fez a maior pergunta que existe, o que ele poderia querer agora?
— É tradição na cultura dos ursos que um par acasalado marque um
ao outro.
Minha mão instintivamente subiu para a cicatriz no meu pescoço.
Estava basicamente invisível agora. Apenas uma forma de crescente
acidentada abaixo da minha orelha.
— Mas você me marcou, — eu disse. O que eu não estou entendendo?
— Sim, — Sam riu. — Mas se você me marcou eu
Oh!
Eu nem tinha considerado isso.
— Eu realmente não tinha pensado nisso porque você era humana,
mas agora...
— Agora sou um urso.
— Exatamente.
Mas como isso funcionária? Para Sam me marcar, ele precisava mudar,
pelo menos parcialmente — apenas o suficiente para suas presas crescerem.
Minha experiência com mudanças ainda era muito limitada. Sam
tinha me levado para mais algumas aulas de transformação. Mas eu ainda
não conseguia mudar quando queria, e pescar foi minha maior conquista
de urso até agora.
Eu ainda me sentia tão desconectada da minha forma de urso. Meu
nível de controle era zero.
Havia mais chance de mudar completamente e sair correndo para a
floresta ou rasgar as colmeias.
— Sam, não consigo controlar a mudança.
— Eu estarei aqui, — ele disse, suas mãos me segurando com força em
volta da minha cintura. — Vou te treinar, e me certificar de que você está
calma.
Eu não tinha dúvidas de que Sam poderia me manter calma e
conectada, mas havia outra razão para eu estar apreensiva.
Sam fez parecer que marcar era um ato sagrado e meu urso era... tudo
menos sagrado.
— Ei, — ele disse, levantando meu queixo. — Vai ficar tudo bem.
— É só... não tenho certeza se quero que meu urso faça parte de algo
tão especial. Não quando eu não tenho controle, quando meu urso é
tão... feio.
— O que?!
Sam endireitou os braços, me mantendo à distância para que pudesse
me ver claramente.
— Helen, seu urso é lindo. É uma expressão externa de sua alma
incrível. Deve ser algo que você valoriza. Eu sei eu sei.
Eu podia ouvir as palavras que ele estava dizendo e sabia que ele falava
sério. Mas para mim, meu urso era algo que eu queria esconder.
Acho que Sam pôde ver isso no meu rosto porque ele me puxou para
perto e segurou minha cabeça contra seu peito.
— Lembra daquela pintura que você fez de mim? Aquele na minha
forma de urso?
— Você sabe que essa pintura é a razão pela qual Chris quase matou
nós dois, certo?
— Ha! Sim. — Sam riu um pouco e depois ficou quieto. — Você
pintou isso porque viu a beleza na minha forma de urso. É assim que me
sinto sobre o seu.
Ok, agora você está começando a fazer sentido. — Você não pode me
marcar se não estiver pelo menos parcialmente transformada, — ele
disse, passando a mão pelo meu cabelo. — Então, como você pode ver, o
urso é essencial.
Eu balancei a cabeça e respirei fundo.
— Tudo bem, — eu disse. — Mas há mais um problema.
Sam revirou os olhos brincando e riu.
— E agora, bebê?
— Não ria. — Eu o empurrei sem entusiasmo. — Lembre-se, meu urso
só parece sair quando estou chateado. Não tenho certeza se é assim que
você deseja ser marcado. Posso arrancar sua jugular.
Ou algo mais importante... — Meu olhar caiu entre suas pernas.
Sam deu uma risadinha. — Existem outras maneiras de fazer com que
você mude.
O que ele quer dizer com 'outras formas'?
— Você muda quando suas emoções estão intensificadas, quando a
única maneira de se sentir como se pudesse se expressar é mudando. Só
precisamos fazer o sangue bombear.
Sam tinha uma expressão familiar em seus olhos, uma que eu não
tinha visto desde aquele dia no lago.
— Eu pensei que você não queria fazer sexo... sabe, por causa da
segurança dos filhotes?
Sam olhou para mim com um brilho travesso e desviante em seus
olhos e um sorriso malicioso que nunca deixou de fazer meus sucos
fluírem.
— Existem coisas que podemos fazer para atrair aquela besta sexy. —
Ele começou a caminhar em direção ao galpão de armazenamento onde
o equipamento de abelha era guardado.
O que ele está fazendo?
Sam voltou com três potes de conserva cheios de mel debaixo do
braço.
— Não há nada mais do que ursos do que mel.
Ele piscou para mim e abriu um dos potes. Ele segurou debaixo do
meu nariz e eu cheirei. O cheiro era incrível, doce e natural — com notas
de alecrim e canela.
— Isso cheira tão bem. — Eu parecia um vampiro em um banco de
sangue.
O cheiro de mel me fez formigar em todos os tipos de lugares...
Ele mergulhou dois de seus dedos no mel e os tirou. O líquido âmbar
pingou lentamente enquanto ele estendia a mão.
Obedientemente, abri minha boca. Chupei o mel e imediatamente
quis mais.
— Eu iria me despir a menos que você queira sujar suas roupas com
mel, — Sam instruiu. Do jeito que o mel me fazia formigar, não precisei
ser questionada duas vezes.
Porra, estou com tanto tesão!
Fazia semanas desde que meu jardim tinha visto qualquer visitante...
pelo menos não do tipo que funciona com bateria.
Eu chutei minhas botas e tirei minha blusa e minha calça jeans. Sam
fez o mesmo, tirando a camisa e a calça jeans.
De pé apenas com nossas roupas íntimas, Sam agarrou o frasco e
mergulhou os dedos novamente. Ele estava mais bagunçado desta vez,
me alimentando com mel, mas deixando pingar no meu peito.
— Isso é bom? — ele perguntou.
— Uh-huh, — eu murmurei com seus dedos na minha boca.
Ele puxou seus dedos e voltou para o pote. Desta vez, ele mesmo
provou o mel, novamente deixando escorrer em seu peito.
Parecia muito saboroso para deixar passar, então comecei a lamber o
mel de seus peitorais.
Sam tirou mais mel do pote e espalhou no peito.
— Lamba, — ele disse, e eu comecei a trabalhar.
Eu lambi seu peito e seu abdômen, minha língua deslizando nos
espaços entre os músculos. Quanto mais baixo eu ia, mais me tomava
ciente da ereção enorme dentro de sua boxer.
Caindo de joelhos, eu tirei e encarei seu enorme pau, de pé
orgulhosamente diante de mim.
Parecia delicioso também.
Sam passou um polegar coberto de mel pelos meus lábios e, em
seguida, derramou um pouco do mel em seu corpo.
Peguei seu pau na minha mão e ele gemeu. Minha língua pegou um
fluxo de mel escorrendo pelo seu abdômen.
— Chupe, — Sam gemeu.
Seu pau mergulhou na minha boca e comecei a balançar para frente e
para trás como um pica-pau.
O mel estava inundando meus sentidos, misturando com o gosto
salgado do pré-sêmen de Sam.
YUMMMM!
Cada vez mais rápido, chupei seu pau de mel duro como pedra. Sam
agarrou minha nuca com a mão livre e me segurou contra ele, enchendo
minha garganta.
Ele começou a gemer mais alto, pingando mais mel em seu abdômen e
ainda mais baixo...
Ele começou a empurrar em mim e eu sabia que ele estava perto.
Com um estremecimento final, Sam gritou e gozou. Sua porra de mel
disparou em minha boca, e eu engoli o coquetel doce e salgado.
Eu olhei para ele, com os lábios molhados e olhos implorando.
Sam se abaixou e caiu de joelhos.
Ele grunhiu enquanto arrancava meu sutiã. O ar da noite estava frio
contra meus bicos já rígidos. Ele puxou minha calcinha com fome e a
jogou de lado.
Primeiro ele me beijou e depois se recostou na cadeira, pegando um
pote fechado com mais mel.
Ele mergulhou os dedos e deixou o líquido escorrer pelo meu corpo.
Eu arqueei para cima para encontrá-lo enquanto ele fluía entre meus
seios, pelos meus lados e, finalmente, entre minhas pernas.
Meus olhos já estavam rolando com o cheiro, mas eu estava realmente
vendo estrelas quando Sam começou a lamber meus mamilos como um
cachorrinho com sede. Ele segurou meus seios.
— Deus, eles ficaram maiores, — ele riu entre as lambidas.
Ele chupou meu mamilo esquerdo com força e apertou o direito entre
o polegar e o indicador.
Sua língua trilhou até o meu estômago. Sua barba por fazer era áspera
contra minha pele, mas o mel o deixou deslizar sobre minha barriga com
facilidade.
Finalmente, sua cabeça se abaixou entre minhas pernas, suas mãos as
separando.
— Oh Deus, — ele gemeu. — Você tem um gosto incrível.
Ele estava lambendo entre minhas pernas, circulando minha buceta.
Meus sucos estavam fluindo tão livremente quanto o mel.
Depois de explorar os lábios da minha buceta completamente, a
língua de Sam disparou para dentro, circulando minha entrada
lentamente. Ele olhou para mim, medindo meu prazer, seu rosto
pingando mel e eu.
— Você tem certeza de que todo aquele mel está bem para o bebê? —
Eu brinquei sem fôlego, minha buceta zumbindo como uma das colmeias
de abelha.
Sam sorriu. — Gestações de ursos são diferentes.
Ele lambeu os lábios e voltou ao trabalho.
Eu segurei sua cabeça no lugar e me contorci. Os arrepios que senti
antes estavam se transformando em espasmos intensos.
Sam mudou seu foco para o meu clitóris, brincando comigo.
Eu soltei um grito.
Uma das mãos de Sam ainda segurava meu seio, enquanto a outra
escorregava entre minhas pernas. Ele não se conteve, manobrando
rapidamente dois dedos, escorregadios de mel, dentro de mim.
Ele deslizou até a junta, então acrescentou um terceiro dígito,
movendo a mão em um movimento circular. Quando ele roçou meu
ponto G, meu grito se transformou em um rosnado.
Sam aumentou sua velocidade, variando seus movimentos para que
cada toque de seus dedos fosse uma surpresa.
Com seus dedos ainda dentro de mim, ele se levantou de forma que
nossos rostos ficaram a centímetros de distância.
Ele me beijou e eu pude sentir meu gosto e, claro, mel em seus lábios.
Minha respiração estava irregular. Minhas bochechas ficaram
vermelhas.
A pressão estava crescendo em meu núcleo.
— Sam, — eu ofeguei. — Estou perto.
— Bom, — ele disse, olhando para mim com olhos escuros. — Agora
você tem que mudar apenas o suficiente para me marcar. Seus instintos
dirão como fazer o resto.
Fechei meus olhos e tentei imaginar minhas presas brotando. Tentei
deixar apenas o suficiente da minha forma de urso vir à superfície.
Cerrei os dentes enquanto Sam continuava a saquear meu pote de
mel.
Vamos, vamos, vamos...
Mude!
— Sam, eu vou...
Quando Cheguei ao meu ponto de combustão, Sam pressionou meu
clitóris. Foi como se ele tivesse provocado uma explosão nuclear.
A súbita onda de prazer foi intensa o suficiente para que minha boca
se abrisse e eu sentisse minhas presas crescerem.
Faminta por meu companheiro, eu o puxei para mim e mordi seu
pescoço.
Meus dentes afundaram na carne.
Sam gemeu roucamente.
E eu gozei, com mais intensidade cegante do que nunca.
SANTA PORRA!
Valeu a pena esperar! E ele só usou os dedos...
Pegajosos e cansados, nos separamos.
Virei minha cabeça para o lado.
Sam estava deitado de costas no cobertor com os olhos fechados,
ofegando.
Em seu pescoço havia uma ferida em forma de meia-lua.
Minha marca.
— Isso tem um gosto bom, — eu disse, tentando recuperar o fôlego.
Sam se levantou, seu corpo coberto de mel e grama.
— Vou pegar a mangueira.
Capítulo 11
UMA AJUDINHA DE MEUS AMIGOS
Helen
— Helen!
Fogos de artifício explodiam à distância como uma parede colorida.
Na frente deles, minha companheira se ergueu nas patas traseiras.
Ela mudou completamente para sua forma de urso. Pelo cor de
caramelo cobria seu corpo. Seus olhos escuros olharam de mim para o
meu atacante.
Mesmo com os estalos e estrondos, o rugido de Helen rasgou o ar da
noite.
Notei que alguns dos convidados da nossa festa se afastaram da
exibição pirotécnica para ver de onde vinha o som.
Tove estava olhando para ela também. Ele ainda estava ofegante da
nossa briga.
Havia sangue escorrendo de seu lábio inferior e suor em sua testa.
Uma de suas tranças estava se soltando.
Percebi seus olhos escurecendo também.
Oh merda!
Tove estava bêbado e irritado — sem dúvida, ele estava chateado o
suficiente para se transformar.
Eu temia pensar no que aconteceria se ele e Helen entrassem em uma
luta de ursos.
E as consequências que isso poderia ter em nosso futuro em Creek.
Mas Helen atacou Tove antes que ele tivesse a chance de mudar.
Ela deve ter se transformado porque ela pensou que ele iria me
machucar. Mas então um pensamento me atingiu bem no rosto...
Oh não! Ela perdeu o controle?
Eu esperava que Helen estivesse no banco do motorista. Mas pelo que
ela me contou sobre suas mudanças, ela precisava de calma e foco para
permanecer no controle.
E então, ela tinha tudo menos isso!
Se ela machucar Tove, não havia como dizer como o conselho reagiria.
Grunhindo de dor — Tove realmente tinha me machucado — eu me
levantei.
Enquanto Helen andava em direção a Tove, eu mergulhei em sua
cintura como um maldito jogador de futebol americano, empurrando ele
para o chão.
Um som ímpio saiu das mandíbulas da minha noiva enquanto ela
tentava desacelerar, mas em vez disso ela escorregou na grama e girou
em um círculo.
Ela deve ter ficado confusa. Ela me disse como ela estava sem controle
em sua forma de urso. Como era difícil controlar seus instintos
primitivos.
Nossas aulas de mudança ajudaram, mas não tanto quanto eu
esperava.
Porque ao invés de tentar ir de volta para Tove, ou mudar para
humano novamente...
Helen começou a correr em direção aos convidados!
Todos pararam de assistir aos fogos de artifício; eles estavam
assistindo a mamãe urso enlouquecida destruindo a festa.
Helen correu direto para a fogueira, jogando troncos em chamas e
cinzas para o alto.
— Sai de cima de mim, — Tove rosnou debaixo de mim. Bigode e
Tainha, as cadelas de Tove, conseguiram contornar Helen e estavam
vindo em nossa direção.
Eles começaram a ajudar Tove a se levantar e eu me levantei.
— Tire ele daqui! — Eu exigi.
— Você ainda vai ouvir falar disso, Larsen, — disse Bigode, tomando
seu copo cheio de cerveja. — E por muito tempo!
Os dois capangas cada um pegou um dos braços de Tove e os colocou
sobre seus ombros. — Estarei de olho em vocês dois! — Tove gaguejou
enquanto o carregavam para o caminhão.
Observei por um segundo o grande líder de nossa tribo ser levado
embora. Então comecei a correr.
Eu precisava parar Helen. Eu precisava encontrar e acalmar ela.
Eu ouvi gritos enquanto corria. Nossos convidados da festa se
espalharam, sem saber para onde correr.
Helen estava furiosa.
Quando me aproximei, ouvi uma voz familiar soar.
— HELEN, PARE!
Era Ellie. Ela saltou no caminho de Helen e estava acenando com as
mãos.
Parecia que estava funcionando. Helen parou na frente de sua mãe.
— Querida, se acalme, — Ellie disse.
Não deixando nada ao acaso, continuei correndo, esperando poder
alcançar Ellie antes que algo de ruim acontecesse.
Puxa, o que estou pensando? De jeito nenhum Helen faria algo para
machucar sua mãe!
Faria?!
Helen ainda parecia agitada. Ela estava bufando e balançando o
focinho. Fazendo barulhos de choramingar e grunhidos.
— Você tem que se acalmar, querida, — Elie tentou novamente.
Mas Helen não parecia entender. Ela se levantou e rugiu de
frustração.
Eu estava começando a temer o pior, quando Helen cambaleou para o
lado e correu para a orla da floresta.
Ela desapareceu entre as árvores.
— Você está bem? — Eu disse, alcançando Ellie.
— Estou bem, — ela disse, olhando para a filha. — Só estou
preocupada com ela.
— Eu vou procurar, ela vai se acalmar eventualmente. — Eu me virei
para meu pai, que também havia falado com Ellie. — Pai, você pode
ajudar a colocar todos em segurança em casa?
— Sem problemas, filho. Vá buscá-la.
Eu não precisava de outra palavra. Eu saí correndo.
Helen era fácil de rastrear. Um urso selvagem em fúria deixava uma
boa trilha.
Tudo o que tive que fazer foi seguir os galhos quebrados e a vegetação
rasteira.
Quanto mais eu penetrava na floresta, menos luz da lua eu tinha para
ver os rastros. Comecei a farejar o cheiro de Helen.
Assim que o encontrei, agarrei e continuei correndo.
Saí para uma pequena clareira.
Helen estava de volta à forma humana. Ela conseguiu se transformar e
estava enrolada nua na base de uma árvore.
Ela tinha gravetos no cabelo e sujeira nos braços e estava chorando de
joelhos. Meu coração se partiu com o quão chateada ela estava.
Imediatamente, me sentei ao lado dela e a peguei em meus braços.
Nós apenas ficamos ali em silêncio por um momento: Helen
soluçando e eu a balançando suavemente.
Eu nunca a tinha visto tão abalada.
Demorou um segundo, mas, em meus braços, ela finalmente se
acalmou.
— Está todo mundo ainda na casa? — Ela perguntou, parecendo
cansada.
— Não, todos eles foram embora. Você quer ir para casa?
Ela fungou e acenou com a cabeça.
Eu a peguei e a carreguei para fora da floresta, embalando em meus
braços.
Helen
WHACK!
Meu machado partiu outro pedaço de madeira em dois.
Algo estava errado. Eu não estava fazendo o suficiente para ajudar
Helen a descobrir coo controlar todas as mudanças. Claramente, minhas
aulas não estavam valendo a pena.
Mas, inferno, eu não sabia mais do que ela. Eu nunca tive que
experimentar a mudança tão tarde na vida. E havia pouca chance de eu
saber como é estar grávida.
Tudo o que pude fazer foi descontar minha frustração na pilha de
lenha esperando para ser cortada.
WHACK!
Eu já estava há uns bons vinte minutos desde que voltamos de uma
tentativa fracassada de conseguir sorvete.
Helen quase mudou de novo!
Graças a Deus ela se acalmou assim que chegamos ao carro.
As coisas não podem continuar assim. Eu não sei o que fazer.
Eu estava começando a suar, então tirei minha camisa e limpei minha
testa com ela.
Jogando a camisa de lado, peguei o machado e coloquei outro pedaço
de madeira no bloco de corte.
Você é o companheiro dela!
Você deveria ser capaz de ajudar!
Com as duas mãos firmemente enroladas no cabo, balancei o
machado e o acertei no tronco — com força.
WHACK!
— Parece que você tem alguma frustração reprimida aí, filho.
Papai estava descendo de casa com algumas latas de cerveja.
Você não tem ideia, pai.
Ele me entregou um cerveja. Encostei o machado no bloco de corte e
abri a lata.
— Tem alguma coisa que você queira me falar? — Papai abriu sua lata
também e tomou um gole.
— Só estou preocupado com Helen, — eu disse.
— E sobre a outra noite?
Eu concordei. — Hoje estávamos na cidade e ela quase mudou de
novo. Acho que está piorando.
Papai meio que deu de ombros e coçou o pescoço.
— Essas coisas levam tempo, filho. Se lembre de quando você era um
filhote. Você sempre ficava preso em árvores ou irritando colmeias
inteiras de abelhas.
— Mas deveria estar melhorando, eu deveria estar ajudando a
melhorar.
Tomando outro longo gole de cerveja, comecei a perceber que meus
medos por Helen e os bebês estavam começando a se cruzar e se tomar
uma grande pilha de lenha de ansiedade.
Uma pilha pela qual eu nunca seria capaz de abrir caminho.
— Só não sei mais o que fazer, pai.
— Filho, o quanto você se lembra da sua mãe? — Ele disse.
— Lembro que ela sempre sorria. Eu me lembro daquele dia no rio
quando eu... eu não pude salvá-la.
— Bem, filho. — Papai tinha um olhar meio distante, como se ele a
estivesse imaginando. — Sua mãe também foi a mulher mais corajosa
que eu conheci. Não havia nada que pudesse assustá-la. Não quando se
tratava de defender sua família. — Eu sabia que o que papai estava
dizendo era verdade, mas ainda não conseguia deixar de me lembrar
daquele dia no lago, o dia em que a perdi, e de pensar que havia algo que
eu poderia ter feito.
— Helen é muito parecida com sua mãe. — Papai se virou para olhar
para mim. — Ela é corajosa e forte, e eu sei que ela vai superar isso. Acho
que, no fundo, você também sabe disso.
Suspirei.
— Mas e os nossos filhotes?
— Filho, você já viu uma mamãe ursa protegendo seus filhotes?
— Não ultimamente, — eu bufei.
— Não há visão mais assustadora neste mundo, — papai gargalhou. —
Uma mamãe ursa é projetada para ser forte o suficiente para proteger
seus filhotes e dar a eles tudo o que precisam. Você não precisa se
preocupar tanto.
Talvez papai estivesse certo e eu precisava relaxar. Talvez minha
ansiedade estivesse passando para Helen, deixando ela mais impaciente.
— Tudo que você precisa fazer é apoiar durante esse processo, e tudo
vai dar certo.
— Obrigado, pai. — Eu concordei.
Batemos nossas latas juntas e ambos tomamos outro longo gole de
cerveja gelada.
Helen
Quando ela voltou da cidade, Ellie me disse que Helen poderia não
estar de bom humor quando voltasse para casa.
Aparentemente, a compra do vestido de noiva não saiu como
planejado.
Inferno, pelo menos eu isso eu poderia entender. Eu já tinha saído
para comprar meu temo duas vezes, e tudo que tentei estava muito
apertado em tomo do bíceps... e da virilha.
Fiquei chocado quando Helen entrou em casa cantarolando como um
passarinho. Ela não parecia exatamente feliz, mas também não estava
deprimida.
— Você está cheio de energia, bebê. E aí? — Eu perguntei quando ela
saltou para a sala de estar.
— Não fique bravo, ok?
— Bravo com o quê?
— Brittany quer comprar um vestido na cidade! — Helen estava falando
super rápido, como se ela quisesse tirar tudo antes que eu recusasse.
— Sei que sempre há uma chance de me transformar em um urso e
sair furioso por Denver, mas acho que estarei de ótimo humor e terei
Brittany comigo de qualquer maneira, então isso provavelmente não vai
acontecer... O que você acha?
— Eu acho... — De repente eu tive essa imagem assustadora de Helen
em forma de urso rasgando o centro de Denver como King Kong.
Ela ficaria bem sem mim?
Mas Jack me disse que eu precisava me preocupar menos. E Helen
parecia realmente querer ir.
Nada de ruim pode acontecer.
Nada de ruim pode acontecer.
— Claro, — eu disse lentamente. — Tudo bem para mim.
— MESMO?! — Os olhos de Helen brilharam. Ela me agarrou em um
abraço apertado que deveria ter sido incrível.
— Sim, sem problemas. — Tentei sorrir e compartilhar sua alegria.
Mas eu ainda não conseguia deixar de me preocupar.
Helen
Eu sabia que havia um motivo para o brunch ser minha refeição favorita.
O Sr. Mansfield me convidou para um brunch em um bistró no
distrito LoHi de Denver.
Querendo parecer profissional, Cheguei quinze minutos mais cedo.
Uma anfitriã simpática me conduziu direto para um ponto bonito na
janela.
Cortinas de abajur de vime corriam ao longo de um bar decorado com
ladrilhos geométricos e, atrás dele, uma parede de concreto aparente
estava pontilhada de samambaias.
O restaurante era frio e elegante.
Um garçom trouxe um pouco de água com gás, aceitei com alegria e
tomei um gole.
O menu parecia sofisticado e, o mais importante, extremamente
delicioso. A torrada francesa no estilo churros parecia particularmente
digna de babar.
Exatamente na hora certa, o Sr. Mansfield entrou. Eu o reconheci pelo
perfil do Insta. Ele tinha cabelos grisalhos e impecavelmente penteados.
Ele estava vestindo um temo de três peças em um padrão
monocromático e uma camisa branca impecável.
Ele parecia culto pra caralho, e para um homem de sua idade —
MUSCULOSO!
Assim que ele me viu, ele abriu um sorriso largo e acolhedor.
— Helen Goulding?
— Sim, em breve serei Larsen, — eu disse, me levantando e apertando
sua mão.
— Ah, você está noiva, — ele disse, olhando para o meu anel. —
Parabéns!
O Sr. Mansfield se sentou no momento em que um garçom apareceu
para anotar nosso pedido. Pedi a torrada francesa de churros e o senhor
Mansfield, sem olhar o cardápio, pediu uma coisa que eu nem sabia
pronunciar.
— Você deve vir muito aqui, — eu disse.
— A comida deles é incrível, — ele respondeu. — E eles geralmente
são muito rápidos, então que tal conversarmos um pouco sobre negócios
antes de comer?
— Absolutamente!
Eu estava feliz que ele quisesse começar imediatamente. Eu não sabia
se eu poderia ter aguentado todo o brunch antes de começar.
— Não vou fazer rodeios, — ele disse. — Eu acho você uma artista
incrivelmente talentosa, Helen. Suas peças abstratas mostram uma
profundidade de significado e expressão.
Meu rosto estava começando a ficar vermelho como um Bloody Mary.
— E seus retratos são impressionantes!
— Muito obrigada. Quero dizer, isso é realmente incrível de ouvir! —
Eu disse, gesticulando descontroladamente. Em meu entusiasmo,
derrubei meu copo d'água. Meus reflexos de urso entraram em ação, no
entanto, e consegui pegar a coisa antes que ela tombasse e encharcasse a
mesa com Perrier.
— Opa! — Eu olhei para cima com olhos grandes e apologéticos. —
Desculpa. Estou um pouco nervosa.
— Tudo bem. Agora, eu não posso me comprometer com nada ainda.
Mas estou procurando contratar alguém para fazer um retrato para mim
e adoraria ver quais elementos do seu trabalho abstrato poderiam ser
trazidos para realmente apimentar a peça.
— Eu poderia combinar alguns elementos, com certeza!
— Excelente, — ele disse. O Sr. Mansfield apoiou os cotovelos na mesa
e entrelaçou os dedos.
— Me diga, Helen. De onde você tira sua inspiração?
Eu tive que parar e pensar. Desde a noite dos fogos de artifício, essas
peças abstratas começaram a sair de mim.
Mas eu não poderia ser direto e dizer: — bem, quando estou
realmente com raiva, às vezes me transformo em um urso feroz e,
quando o faço, tenho uma sede insaciável de violência.
— Bem, estou prestes a me tomar mãe.
Os olhos do Sr. Mansfield brilharam.
— Parabéns novamente! — Ele disse.
— Obrigada, mas, bem, vamos apenas dizer que não é exatamente
para onde eu pensei que minha vida estaria indo tão cedo. Não que eu
não seja extraordinariamente sortuda e feliz, mas...
O Sr. Mansfield parecia o tipo de homem que já tinha visto de tudo e
não podia julgar, então continuei falando.
. —.. Mas estou com medo. E se eu estragar tudo? E se eu não for uma
boa mãe? Eu não quero bagunçar tudo.
Tomei um gole d'água. Eu mal conhecia o cara e aqui estava eu
servindo meu coração como ovos Benedict.
— Helen. — Ele estendeu a mão e colocou a mão em cima da minha.
— Você vai ser uma ótima mãe. Acredite em mim. Eu posso ver quanto
espírito você tem.
Ele se recostou na cadeira e olhou para mim como se ainda estivesse
me avaliando, mas gostando do que tinha visto até agora.
— A paternidade é uma coisa muito especial. Mostra o que há de
melhor nas pessoas. Tenho certeza de que você descobrirá que, depois de
tê-los, não há nada que você não faria por seus filhos.
— Obrigada por dizer isso, — eu disse, meus lábios começando a
tremer.
Felizmente, nossa comida chegou um pouco antes de eu começar a
chorar.
Durante o resto do brunch, conversamos sobre muitas coisas. O Sr.
Mansfield me contou sobre como seu interesse pela arte se desenvolveu
quando ele estava na faculdade.
Sua então futura esposa estava estudando os clássicos, e ele mesmo os
estudou para impressioná-la.
Respondi na mesma moeda com algumas histórias sobre Sam,
embora, é claro, não tenha revelado que ele era meu meio-irmão ou um
homem-urso.
Depois de apenas uma hora, eu me senti como se estivesse sentada
com um velho amigo.
— Helen, que delícia você é! Acho que você se daria muito bem com
algumas das minhas conexões no mundo da arte. Talvez eu possa te
apresentar algum dia.
— Isso seria incrível! — Eu nem tinha bebido uma mimosa e me
sentia tonta.
— Fabuloso, — ele disse. — Você tem mais alguma coisa planejada
enquanto estiver na cidade?
— Vou encontrar uma amiga e vamos comprar meu vestido de noiva.
— Que legal! — Novamente, ele pareceu se iluminar. — Por sorte,
jogo pólo com o marido de uma conhecida costureira que tem uma
butique aqui na cidade. Vou te dar o endereço.
Ele começou a puxar um de seus cartões de visita e rabiscar o
endereço no verso.
— Mencione meu nome para o atendente da loja, — ele disse, e me
entregou o cartão.
— Não sei como lhe agradecer o suficiente, Sr. Mansfield.
— Oh, tenho certeza de que esse relacionamento será muito frutífero
para nós dois, — ele disse. — Eu devo correr. Se certifique de mencionar
meu nome e boa sorte na caça ao vestido!
— Muito obrigada, mais uma vez!
Em vez de apertar as mãos, quando ele se levantou para sair, lhe dei
um abraço apertado.
— Foi um prazer te conhecer, — eu disse, percebendo que estava
potencialmente ultrapassando o limite.
— Sério, Helen, o prazer foi todo meu.
O Sr. Mansfield colocou uma nota de cem dólares na mesa antes de
acenar e sair.
Não tínhamos pedido a conta, mas eu tinha certeza de que o que ele
deixaria cobriría a conta, a gorjeta e alguns pedaços de banana kush
depois do trabalho!
Radiante, eu bebi o resto da minha água com gás e mandei uma
mensagem para Brittany o endereço que o Sr. Mansfield tinha me dado.
*
— Helen, você tem certeza de que pode pagar este lugar? — Brittany
me perguntou enquanto estávamos do lado de fora da Boutique de
Noivas de Michelle.
Brit estava certa. A loja que o Sr. Mansfield recomendou parecia muito
sofisticada para a minha faixa de preço. Sam não tinha me dado um
orçamento, mas eu queria pagar pelo vestido sozinha com algum
dinheiro da formatura que ganhei — Sam era meu ursinho de mel, mas
não meu sugar daddy.
— Ele apenas disse para mencionar seu nome. Talvez eles façam um
desconto.
— É melhor que esse desconto seja maior porque esta loja parece
caríssima.
Brittany e eu entramos.
Tudo era imaculado — balcões de mármore branco, móveis cor de
pérola com detalhes em pêssego. O chão da loja não estava desordenado
ou com excesso de estoque.
— Você é Helen?
Uma atendente de loja se aproximou de nós e de alguma forma sabia
meu nome!
— Senhor. Mansfield nos disse que você passaria por aqui. Posso te
oferecer um pouco de champanhe?
— Agora estamos conversando! — Proclamou Brit.
Eu tive que levantar meu queixo do chão.
Eu não posso acreditar que ele ligou antes!
— Meu gerente me deu permissão para oferecer a você um desconto
de cinquenta por cento em qualquer vestido que você escolher hoje.
Espero que você goste.
Cinquenta por cento?
Estou meio fora do paraíso?!
— Isso parece incrível! — Eu disse.
— Vamos experimentar alguns vestidos? — Ela perguntou.
— Isso aí!
Aquela tarde parecia um sonho. Brittany se sentou no sofá e tomou
um gole de champanhe enquanto eu experimentava uma série dos
vestidos mais lindos e perfeitamente construídos.
Os tecidos eram macios contra a minha pele, se agarrando ao meu
corpo de uma forma que eu não sabia que os tecidos podiam.
Eu me sentia cada vez mais linda em cada vestido que experimentava.
Um após o outro, cada um parecia ofuscar o anterior. Até que
finalmente coloquei o último vestido de noiva que experimentaria.
Quando o assistente de vendas fechou o zíper, algo clicou.
Acho que sabia antes mesmo de entrar na frente do espelho.
Este é o único.
Me vendo com o vestido pela primeira vez, deixei escapar um pequeno
suspiro.
Duas alças largas caíram dos meus ombros e sustentavam um decote
profundo que exibia a quantidade certa do meu decote mais amplo do
que o normal.
O espartilho deixou espaço para a barriga dos bebês, mas se curvou
para trás em uma forma mais justa em volta da minha bunda. O cetim
voou logo abaixo dos meus joelhos, fluindo para o chão e se espalhando
em um círculo ondulante abaixo de mim.
Era uma cor creme clara, com uma cobertura de renda frisada.
— Você parece um anjo, — Brittany disse, dando um passo atrás de
mim. Não consegui detectar nem mesmo uma pitada de sarcasmo em
seu tom.
Com alegria, comecei a chorar. Este é o vestido que estou procurando.
Querendo compartilhar o momento com minha melhor amiga,
conversei com Emma em Nova York. Ela parecia estar atendendo a
ligação de um armário — mas aparentemente era seu apartamento. —
Você é a porra de uma princesa! — Ela gritou pelo telefone. — É esse
mesmo, não é?
— Eu penso que sim!
— Você é a coisa mais linda que eu já vi. E incrivelmente perfeito!
— Estou tão feliz que você pense assim! — Eu valorizava a experiência
de moda de Emma acima de qualquer outra pessoa.
— Há um problema com isso, no entanto, — ela disse, e meu coração
afundou. — Você não pode ter um casamento íntimo no quintal com
esse vestido.
— O que você quer dizer?
— Você precisa ser vista pelo mundo. Você precisa de um casamento
grande para que todos possam olhar para você e ver como você é linda!
— Você acha? — Perguntei.
— Eu sei, querida. Faça um favor a si mesma e procure locais!
— OK! — Eu ri.
Eu me senti rejuvenescida. Eu senti como se todos os meus sonhos
estivessem se tomando realidade de uma vez.
Dane-se um pequeno casamento. Afinal, só vou me casar uma vez. E se há
uma coisa que aprendi com meu relacionamento com um homem-urso: o
tamanho IMPORTA.
Sam
— O que?
Me sentei na cama, de queixo caído, olhando para minha linda futura
esposa. Não pude acreditar nas palavras que saíram da boca de Helen.
Claro, não fazíamos sexo há algum tempo, não de maneira adequada.
Mas eu não sabia se era uma boa ideia colocar nossos filhotes nem risco.
Sim, todos com quem conversei e todos os livros pareciam sugerir que
estava tudo bem. Mas eles não sabiam com o que eu estava trabalhando.
Eles não sabiam como Helen e eu éramos quando começamos o assunto.
Eles não podiam ter certeza de que era seguro.
Mas enquanto ela estava ali na minha frente, à beira de chorar,
pensando que não a achava mais sexy, eu sabia que algo tinha que mudar.
Mesmo sendo estranho pensar no meu pai naquele momento, não
pude deixar de me lembrar da minha conversa com ele.
Ele me disse que os corpos das mulheres são fortes para proteger seus
filhotes. Ele me disse que eu precisava apoiar Helen.
Eu sabia que ela era forte. E ela também era muito sexy.
Então, que diabos!
— Tudo bem, — eu disse. — Me mostre o que você vai usar por baixo
do vestido de noiva.
— Você não precisa...
— Tire isso, — eu rosnei. — Eu quero ver minha mulher sexy pra
caralho sem roupas.
Ela começou a desabotoar a blusa.
— Mais devagar.
Helen respondeu imediatamente às minhas instruções.
Cristo! Eu já estava tão duro que pensei que poderia explodir através
da minha calça jeans.
Helen
Eu não posso acreditar que está quase pronta, pensei, parando para olhar
para a entrada vazia da minha futura casa do topo da escada.
— A Jacuzzi está instalada nos fundos, — Luke disse, passando pelas
portas de vidro deslizantes, que eu tive que refazer depois da minha briga
com Tove.
Ele pescou um pano do bolso de trás e enxugou o suor da testa. —
Quer que eu comece a fazer painéis no berçário?
— Eu farei isso, — eu disse um pouco rápido demais.
Eu sabia que provavelmente estava sendo um pouco obsessivo demais
com o berçário — com qualquer coisa relacionada a bebês, na verdade.
Eu não pude evitar.
— Você está bem, cara? — Luke perguntou, se sentando no último
degrau da escada. — Você parece um pouco estressado. Quero dizer, mais
do que o normal.
— É tão óbvio? — Eu praticamente murmurei. — Eu estou...
— Chato? — Ele terminou, balançando a cabeça.
— Sim. Com certeza você é.
Tentei pensar em uma desculpa melhor. E falhou. Então desci as
escadas, sentando ao lado de Luke.
— Estou preocupado com Helen. Ela não está indo muito bem com o
fechamento das fronteiras. Ela sente falta do mundo exterior.
Eu balancei minha cabeça. — Eu não sei o que fazer, cara. Ela está
realmente tentando, é isso. Mas ela simplesmente não está em um bom
lugar. E então há os bebês...
Um caroço estava se formando na parte de trás da minha garganta.
— Ela não os sentiu chutar em dois meses. Ela está tentando agir
como se não a assustasse, mas posso ver em seus olhos.
— Ei, — Luke disse, fixando os olhos em mim. — Ela vai ficar bem. Ela
é mais forte do que você pensa.
— Eu não sei, cara... Se ela está presa em sua cabeça, tão estressada o
tempo todo, e se isso prejudicar seu corpo?
Luke pensou bastante por um momento, mordendo o lábio inferior.
— Você sabe o que eu faço quando estou estressado?
Eu balancei minha cabeça.
— Eu tento uma mudança de cenário. Vou para o antigo posto da
guarda florestal perto de Stonevale. Em algum lugar onde eu possa fugir
da minha vida por um segundo. Recalibrar.
Talvez ele estivesse certo.
Com toda a besteira acontecendo com o conselho e as fronteiras, o
bando de idiotas fanáticos de Tove começou a patrulhar as ruas. Bigode e
Tainha haviam recrutado mais ursos de cabelo feio, então Tove tinha
olhos em todos os lugares.
Bear Creek não era mais um ambiente saudável para Helen.
Precisamos sair desta cidade, mesmo que apenas por alguns dias.
Mas como podemos sair com as fronteiras fechadas?
E mesmo possível?
Pode valer a pena tentar...
Mas eu realmente quero terminar a casa primeiro.
Luke praticamente leu minha mente. — Não se preocupe com a casa.
Agora que o Grande Ancião tão gentilmente me pós fora do trabalho, eu
tenho todo o tempo do mundo para deixar este bebê pronta para a
mudança.
Ele me deu um tapa no ombro. — Vá levar sua senhora a algum lugar.
Vou chamar os meninos e pedir que me ajudem.
Eu aceitei sua oferta.
Quer dizer, eu me senti culpado por deixar a casa para Luke. Por outro
lado, depois que Tove dissolveu os guardas de Bear Creek, substituindo-
os por sua própria patrulha de fronteira escolhida a dedo, todos eles
tiveram muito tempo livre em suas mãos.
Merda, eles provavelmente até precisavam de trabalho.
Mas ainda...
Talvez seja muito arriscado.
Helen
Oh, graças a Deus pensei, saindo do jipe de Sam enquanto ele
descarregava nossas compras do porta-malas.
Jack e mamãe iam jantar na casa de Joe e Nina, o que significava que
teríamos a casa só para nós.
Sam e eu tínhamos acabado de passar uma hora no supermercado,
escolhendo os melhores ingredientes para um jantar italiano chique que
ele me prometeu.
Eu nunca tinha visto Sam cozinhar nada além de bife e hambúrgueres
na grelha. O pensamento dele na cozinha estava me deixando toda
quente e incomodada.
Nós realmente não tínhamos feito sexo há quase duas semanas, e eu
estava definitivamente de bom humor.
Maldição, hormônios da gravidez!
Tudo que eu conseguia pensar era no pênis.
Caminhando pela lateral do jipe, peguei a última sacola de compras
do porta-malas.
— E o que você pensa que está fazendo? — Sam perguntou, dando um
tapa de brincadeira na minha mão.
Ele fechou o porta-malas, me beijou na bochecha e arrastou as sacolas
para a garagem.
— Você nunca me deixa fazer nada... — eu resmunguei.
Sam ergueu uma sobrancelha. — É assim mesmo? — Ele fez uma
pausa quando chegamos à porta da frente, me lançando seu sorriso sexy.
— Hoje à noite, você pode fazer o que diabos você quiser.
Meus mamilos ficaram duros instantaneamente.
Oh, graças a Deus! Eu preciso transar o mais rápido possível!
Sam destrancou a porta e me conduziu para dentro. — Mas, primeiro,
estou preparando macarrão para meu show de fumaça para minha
esposa.
— Combinado!
Ele me seguiu pelo saguão, em direção à cozinha.
Por um segundo, pensei ter ouvido algo estranho...
Algum tipo de barulho de tapa.
Chegamos ao final do corredor e dobramos a esquina da sala de estar.
E foi então que os vi.
— Oh merda! Oh ME FODE, Jack! — gritou mamãe.
Minha mãe estava deitada no sofá, a bunda empinada para cima, as
pernas dobradas sobre os ombros.
Nua.
Ser cravado em uma pilha por meu sogro muito nu, ou meu padrasto
— eu não conseguia decidir o que era pior.
Fiquei tão atordoada que deixei cair a sacola de mantimentos em
minha mão e um pote de azeitonas se estilhaçou aos meus pés.
— Mãe! Que merda?!
Jack congelou no meio do impulso, suas bolas peludas batendo contra
a bunda da mamãe uma última vez.
Todos na sala estremeceram com o som.
Eu não conseguia tirar os olhos do saco de Jack.
Dizer que era enorme seria um eufemismo grosseiro. Era tão grande,
tão agressivo, que provavelmente tinha sua própria maldita atração
gravitacional!
Finalmente, graças a algum tipo de intervenção divina, consegui tirar
meus olhos do saco de Jack e me virar, boquiaberta, para Sam.
Ele parecia que estava prestes a desmaiar.
— P-pai? — Ele engasgou.
Jack rapidamente agarrou o cobertor de lã jogado sobre o sofá e cobriu
minha mãe, que ainda estava em sua pose de ioga esquisita.
Yoga! Eu sabia...
— Helen! Sam! Oh... — minha mãe timidamente se colocou em uma
posição vertical. — Vocês voltaram tão cedo!
— Não, não voltamos! Ficamos fora por mais de uma hora!
— Bem... — Jack riu nervosamente. — Acho que perdemos a noção do
tempo. Você sabe como é.
Eu assisti Sam passar de um estado de choque para furioso em dois
segundos.
— Que porra é essa! Você deveria estar na casa de Joe e Nina!
— Eles tiveram que cancelar, — explicou a mãe.
— Querida, sinto muito. Mas, acho que todos nós podemos ser
adultos aqui, certo? Não é como se não ouvíssemos vocês dois — Oh meu
Deus, eu NÃO estou falando sobre isso!
Passei por cima da bagunça aos meus pés e fui para a escada, bufando.
Obviamente tínhamos ouvido nossos pais gritando orgasmos através das
paredes, sem mencionar as vezes que eu os tinha visto nus no Salão do
Urso — mas isso já era longe demais.
Sim, eu já tinha visto Jack nu antes, mas sempre evitei olhar para o
amigo peludo entre suas pernas! Isso seria MUITO errado.
Mas ver nossos pais transando no sofá estava além de errado. Eu me
senti... violada.
Sam largou as sacolas de compras e seguiu atrás de mim.
Uma vez que estávamos em segurança em nosso quarto, me virei para
ele. — Eu tenho que sair desta casa.
Sam acenou com a cabeça, parecendo um pouco enjoado.
— Eu vou... — Sam engoliu em seco. — Eu preciso tomar um banho.
Ele desapareceu no banheiro, parecendo que ia vomitar.
Afundei em nossa cama, derrotada.
Não sabia por quanto tempo mais aguentaria viver sob o mesmo teto
que nossos pais.
Nós apenas precisávamos ir embora. Para ir a algum lugar — a
qualquer lugar.
Meu telefone tocou dentro da minha bolsa, e eu me sentei, grata pela
distração da imagem eternamente gravada em meu cérebro deles
fodendo.
Quando avistei o nome que apareceu no meu telefone, meu estômago
deu uma cambalhota.
Brutus Mansfield: Oi Helen. Obrigado por voltar para mim. Eu sei
que as coisas devem ter estado loucas com o casamento.
Jesus, Helen, sua cadela sortuda! Foi tudo o que eu poderia pensar.
Entrando na jacuzzi, Sam era impossivelmente perfeito, ao contrário
de mim — o desastre de trem ambulante e falante que estava ficando tão
pesado e desajeitado quanto uma baleia assassina em terra.
Eu tentei puxar meus joelhos em meu peito, então percebi que havia o
que parecia ser mil libras de gordura de baleia presa à minha barriga.
Ugh. Eu sou tão nojenta.
Como ele aguenta?
— Como você está atraído por mim agora? Eu sou tão... nada sexy.
Sam fez um barulho de tsking, então varreu uma mecha de cabelo que
havia caído na frente do meu rosto. — Baby... você nem sabe, não é?
— Sabe o que? — Meu lábio ameaçou tremer. Por que estou sempre tão
emocional? Calma, hormônios!
— Você, agora, está mais linda do que já foi. Você sabe como tem sido
difícil manter minhas mãos longe de você?
Eu balancei minha cabeça.
— Bem, agora você sabe. Você é linda. E eu não posso acreditar que
você é todo minha.
Os lábios de Sam encontraram os meus, me beijando como um
homem faminto, tão profundamente que senti entre minhas pernas.
Ele me girou na água, me puxando contra seu peito.
Sentindo seu pau duro contra meu cóccix sob a superfície, estendi a
mão atrás de mim para acariciá-lo algumas vezes.
Sam gemeu, colando seus lábios no meu ombro. Enquanto eu
equilibrava a cabeça de seu pau contra minha entrada latejante, ele
começou a chupar minha marca de acasalamento.
— Oh meu Deus, eu te amo, — eu gemi.
Então seu pau mergulhou dentro de mim, esticando minhas paredes
internas. Um raio de prazer disparou do meu núcleo quando sua ponta
encontrou meu ponto G.
— Eu também te amo, — ele gemeu, empurrando para dentro
novamente — mais profundo desta vez.
Minha buceta uivou de alegria.
Espere, não, fui eu.
Merda, os vizinhos!
Coloquei a mão na boca, rindo.
Envolvendo seus braços em volta de mim, meu marido me levantou
pingando da banheira, então de alguma forma carregou minha forma
maciça para o quarto, até o California King.
Ele me deitou de costas e ficou de joelhos, envolvendo minhas pernas
em tomo de seu torso.
Então ele me levantou pela cintura para encontrar seus quadris,
segurando minha metade inferior no ar como se eu não pesasse nada.
Sam deslizou sua enorme cabeça dentro de mim, me dando um
segundo para me reajustar ao tamanho dele, e então entrou em todo o
seu eixo. — Oh Deus, Sam... — eu gemi, meus olhos praticamente
rolando para trás em suas órbitas. Conforme Sam empurrava mais e mais
fundo, eu senti como se fosse flutuar para longe.
Ele moveu seus quadris dolorosamente lentos, seu polegar envolvendo
meu monte para esfregar meu clitóris.
O êxtase irradiava da minha buceta quente e gotejante — correndo
seu caminho por minhas veias.
Eu rolei minha cabeça para trás, olhando para o horizonte de Denver
pela janela.
Eu podia sentir o prazer crescendo e crescendo dentro de mim, bem
no meu centro.
As estocadas de Sam vieram mais rápidas agora. Maníaco.
— Helen, — ele gemeu, sacudindo os quadris ainda mais rápido.
E então seu pau estremeceu dentro de mim, derramando sua semente,
seu coração — tudo — em mim.
— Sam! — Eu suspirei. Meu corpo inteiro vibrou em euforia, minha
buceta apertando ao redor dele.
Sam abaixou meus quadris de volta para a cama, então rastejou ao
meu lado, ofegante. Ele colocou um braço protetoramente sobre minha
barriga.
— Isso foi... — Ele parou, um sorriso estúpido rastejando em seus
lábios.
Ficamos ali por um tempo, recuperando o fôlego. Então me arrastei
para baixo das cobertas, praticamente atingindo o clímax novamente
quando minha cabeça atingiu o travesseiro mais macio que se possa
imaginar.
Sam se aninhou atrás de mim, suas mãos ainda segurando minha
barriga inchada.
Quando adormeci, suas palavras ecoaram no fundo da minha mente,
já começando a moldar meus sonhos...
Você está mais linda do que já foi.
Brutus Mansfield: Bom dia Helen! Espero que esteja achando o
hotel do seu agrado.
Sam
Luke: ei cara
Sam: Nah cara, ela ainda está em Nova York Luke: ah merda isso
mesmo Sam: Mas vou pedir a Helen que diga a ela que você
estava perguntando sobre ela Luke: não ouse!
Sam: ;)
Helen
Brittany: tive alguns encontros, omfg você deveria ter visto esse
cara Brittany: ele não era um metamorfo, mas Brittany: espere um
segundo, vou te mandar uma foto Helen: Nojento! Não, por favor,
NÃO faça isso Brittany: tanto faz, sua perda Brittany: wyd hoje?
Brittany: vocês querem almoçar?
Droga.
Talvez eu devesse ter aceitado que Geoffrey me levasse naquele passeio pela
casa.
Onde está aquele cara, afinal?
Entediado, desliguei o projetor do home theater do Sr. Mansfield.
Meu zumbido de cabeça estava realmente começando a fazer efeito.
Fechei meus olhos e segurei meus dedos na minha têmpora.
Foi quando percebi novamente.
Aquele cheiro estranho, doce e estranhamente familiar flutuando na
sala.
Eu levantei minha cabeça.
O que é isso?
Eu deixei meus sentidos de urso assumirem o controle e segui meu
nariz. Isso me levou para fora do sofá em frente à tela do projetor. Eu
apertei os olhos, cambaleando um pouco.
Estranho.
Há algo lá atrás?
Dei um puxão na ponta da tela e ela recuou até o teto. Não havia nada
atrás da tela — apenas outra parede.
Exceto...
O que quer que eu estivesse cheirando, definitivamente vinha de trás
daquela parede.
Talvez outra sala secreta?
Corri minha mão ao longo da parede, procurando por quaisquer
inconsistências. Uma tranca. Algo.
Mas não havia nada.
Frustrado — e talvez um pouco infundido com bebida — bati meu
punho contra a parede.
Pop.
Uma pequena porta se abriu na minha frente.
Sim!
Mas, ao contrário da outra porta oculta, que levava a uma estreita área
de serviço, esta se abria para uma sala muito maior.
Dei alguns passos para dentro, quase em transe.
Minha cabeça estava começando a girar um pouco.
Droga, como eu fiquei tão bêbado?
Pisquei algumas vezes, então observei o espaço ao meu redor.
O quê.
O.
Foda-se.
Eu me vi em uma espécie de sala de troféus.
E eu não estava sozinho.
Não... eu estava sendo observado.
Centenas de animais taxidermizados estavam espalhados pela sala,
empalhados e posicionados em poses ridículas.
Veados, coelhos, castores, leões da montanha...
De repente, comecei a me sentir muito enjoado.
Fechando meus olhos, segui o cheiro familiar mais para dentro da
sala.
Ficava cada vez mais forte.
Então, de repente, meu nariz foi inundado com mel e lavanda.
Lentamente, abri meus olhos, com medo do que poderia encontrar...
Diante de mim estava um urso pardo de pelúcia.
Ela estava de pé nas patas traseiras, as garras desenhadas. Dentes
afiados como navalhas à mostra.
Mas os olhos...
Eles não eram os olhos dela.
Mármores enormes saltaram de suas órbitas — parecendo que ela
tinha ficado apavorada ao morrer.
Eu caí de joelhos.
Então comecei a soluçar, meu corpo inteiro arfando.
Mãe.
18 ANOS ATRÁS...
Era uma tarde perfeita de agosto em Forest Lake.
Quente, mas não sufocante. Nenhuma nuvem no céu.
Mas eu não consegui aproveitar nada disso.
Eu estava na beira da água, uma pedra marrom lisa na palma da minha
mão.
Com um movimento do meti pulso, eu a enviei saltando através da água.
Um, dois, três, quatro...
Eu assisti a pedra afundar sob a superfície, meu lábio inferior tremendo.
— Um centavo por seus pensamentos? — Veio uma voz.
Me virei para ver a mulher mais bonita do mundo inteiro caminhando
pela praia em minha direção.
Ela tinha cabelos castanhos que desciam por suas costas em ondas. Olhos
azuis cintilantes que sempre pareciam saber de um segredo.
Ela se ajoelhou na minha frente, colocando o polegar sob meu queixo. —
O que há de errado bebê? — Ela perguntou.
Eu abri minha boca para dizer a ela que eu não queria começar a escola
em uma semana. Eu não queria deixá-la. Eu estava assustado. E se as outras
crianças não gostassem de mim?
Mamãe de repente colocou a mão na minha boca. Ela ergueu o nariz no
ar, farejando a brisa.
Algo cheirava engraçado...
Um olhar estranho apareceu em seu rosto.
— Vamos brincar de esconde-esconde, ok? Você se esconde primeiro.
— Mas...
— Por favor, Sammy.
Eu balancei a cabeça.
— Pode ir. E ei... — Ela olhou no fundo dos meus olhos. — Não venha
para fora. O que quer que você faça. Você promete?
Eu balancei a cabeça novamente.
— Eu te amo, Sammy, — mamãe disse, me beijando na testa. Ela enterrou
o rosto no meu cabelo por um segundo.
— Eu também te amo, mamãe, — eu disse. Então eu mudei e corri para os
arbustos. O cheiro engraçado estava ficando mais forte...
Assim que entrei nas árvores, algo chamou minha atenção.
Três pessoas vestidas de camuflagem saíram dos arbustos e atravessaram a
praia até minha mãe.
Eles estavam todos carregando rifles.
Minha mãe se manteve firme, rosnando enquanto se transformava no
maior e mais feroz urso que eu já tinha visto.
Mamãe atacou um dos caçadores — uma mulher — cravando os dentes
em seu ombro e a arrastando até que ela ficasse mole.
Os outros dois caçadores apontaram seus rifles para ela.
BANG. BANG.
Mamãe uivou, afundando nas patas dianteiras por um momento, então se
empurrando para frente novamente.
Rugindo de fúria, ela atacou os outros dois caçadores. Os dois atiraram
nela ao mesmo tempo, e suas balas a atingiram.
As pernas da mamãe cederam e ela caiu no chão.
Um dos caçadores se aproximou dela. Ele apontou o cano de seu rife entre
os olhos dela.
— Mate-a, Brutus! — instigou o outro.
— Ainda não, — respondeu Brutus, balançando a cabeça. — Se há uma
mamãe ursa... há um bebê urso.
Eu sufoquei um soluço. Eu queria correr para ela — mas então me lembrei
de suas palavras: Não saia. Não importa o que.
— Chame seu filhote. Chame por ele e pouparemos sua vida, — disse
Brutus.
Mamãe mostrou os dentes, lhe dizendo para ir para o inferno.
Ele engatilhou a arma.
Eu não poderia apenas assistir Eu dei um passo à frente, galhos estalando
sob meus pés.
Ambas as cabeças dos caçadores viraram em minha direção.
Brutus acenou com a cabeça, e então o outro caçador estava andando em
minha direção.
— Última chance para salvar a si mesma, — Brutus disse ã minha mãe.
Ela rugiu de raiva, batendo em seus tornozelos e batendo em sua bunda.
Então, de alguma forma, ela se levantou e atacou meu perseguidor.
O caçador, Brutus, também se pôs de pé, com o rife apontado para a
mamãe.
BANG!
BANG!
Ele sorriu, mostrando uma série de dentes brancos e brilhantes. Eu assisti
com horror quando mamãe caiu novamente.
Difícil.
Mas... não antes de ela agarrar meu comissário em suas garras e levá-lo
para baixo com ela. Houve um CRUNCH nauseante.
Eles estavam a apenas alguns metros de mim.
Mais um segundo e eu teria sido encontrado...
— Christopher! — Chamou Brutus. — Traga-nos o filhote.
Um menino perto da minha idade saiu para a clareira, lutando com o
peso de um rifle em seus braços.
Lágrimas escorrendo pelo meti rosto, olhei nos olhos de mamãe enquanto
sua respiração ficava fraca.
Mas seus olhos permaneceram fortes. Corajosos.
Ela me salvou.
Ela me protegeu.
Eu soube naquele momento que nunca esqueceria aqueles olhos.
*
A raiva explodiu dentro de mim enquanto eu olhava para aqueles
olhos de vidro.
E mentira!
Mamãe não estava com medo!
Ela não precisava de mim para salvá-la... ela me salvou!
Durante a maior parte da minha vida, carreguei essa culpa comigo. Eu
estava mimando a memória de minha mãe... assim como fiz com Helen.
Oh, Merda! Helen...
Ela estava com ELE.
O caçador que assassinou minha mãe.
E Helen matou seu filho...
Eu precisava avisá-la.
Eu cambaleei, dando alguns passos trêmulos para frente.
A sala estava girando ao meu redor. — Helen..., — eu engasguei,
tropeçando.
Helen!
Minha visão ficou turva e desbotada... e então eu não vi nada.
Helen
Mudança, droga!
Cerrei os dentes, tentando tirar o urso de dentro de mim.
Tentei imaginar o pelo cobrindo toda a minha pele. Meus ossos
estalando e se retorcendo.
Mas nada aconteceu.
Pare de ser patético!
Eu joguei meus ombros na porta da frente, bufando.
Sam precisa de você, seu pedaço inútil de merda!
Qual é o sentido de ter um urso dentro de você se você nem mesmo pode
usá-lo?
Eu estava tão furiosa que estava começando a hiperventilar.
A raiva havia funcionado para mim no passado!
Por que não está funcionando agora?
Cerrando os punhos, derramei terror na porta da frente — o que não
fez absolutamente nada.
Estúpida... gorda... pote de banha!
Mude!
A raiva estava me comendo. Eu não conseguia pensar direito.
Esse era o problema!
Então... pensei em algo. Eu sabia que provavelmente era outra das
minhas ideias terríveis, mas naquele ponto, eu não me importava.
— Hee, hee, hoo, — eu disse calmamente. Então tentei de novo. —
Hee, hee, hoo-dois-três-quatro.
Uma estranha sensação de calma tomou conta de mim.
— Hee, hee, HOO-HOLD-DOIS-TRÊS-QUATRO! — Pensei em Sam.
Sobre todas as pessoas em Bear Creek que conseguiram se infiltrar em
meu coração.
— Hee, hee, HOO-HOLD-DOIS-TRÊS-QUATRO!
Pesca. Querida. O corpo quente do meu marido!
Eu amo meu marido pra caralho. Eu amo minha vida!
— HEE, HEE, HOOOOO...
Finalmente, imaginei meu lindo urso pardo...
Pelo brotou da minha pele. Meus ossos começaram a se torcer e
quebrar.
Eu torci — não, rugi em triunfo.
Vou salvar meu marido, porra!
Obrigada, turma Lamaze!
Capítulo 28
HELEN FAZ ALGO CERTO!
Sam