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13/04/2024, 23:17 GÍRIA: A LINGUAGEM NO SISTEMA PENITENCIÁRIO

GÍRIA: A LINGUAGEM NO SISTEMA PENITENCIÁRIO


(SLANGS: THE LANGUAGE IN THE PENITENTIARY SYSTEM)

Maria de Lourdes Rossi REMENCHE(Universidade Estadual de Londrina)

ABSTRACT: This article aims to study the Paraná Penitentiary System language.
This language closes and defends itself in a restrict condition . The slang is dealt as a
group sign and this tendency is confirmed according to thematic and formal
characteristics of the words in proper form of significance and significant.

KEYWORDS: slang, group sign, phonetic, morphosyntactic and semantic levels.

0. Introdução

A língua é um elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade, pois é


um fato social, que está a serviço da vida social. É viva, flexível e evolui junto com o
homem. A sociedade tem o poder de aceitar ou repelir determinadas transformações
por não ser apenas um instrumento de comunicação, mas também um elemento
cultural revelador da visão de mundo de cada comunidade. Preti (1987:12 ) comenta
que “é através dela que a realidade se transforma em signos, pela associação de
significantes sonoros a significados arbitrários”, portanto, realidades diferentes
vividas por grupos sociais diferentes darão origem a formas diversas de
manifestações lingüísticas.
Preti (1987:14) afirma que “nas grandes civilizações, a língua é o suporte
de uma dinâmica social, que compreende, não só as revelações diárias entre os
membros de uma comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai
desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa até a vida cultural,
científica ou literária”.
A língua torna-se, pois, um fator de grande importância na identificação de
um povo, pelo poder de expressar a realidade da comunidade que a utiliza,
englobando a cultura, comunicando-a e transmitindo-a. Assim, para um real
conhecimento de um grupo humano, é necessário observar a forma pela qual este
representa sua a realidade.
A principal motivação para este trabalho foi justamente a observação da
força de uma linguagem específica, a gíria, dentro do Sistema Penitenciário. Mas não
o emprego de gíria comum, mas sim uma gíria de caráter criptológico, uma
linguagem hermética, um signo de grupo. Este artigo objetiva estudar, sob a
perspectiva teórica da sociolingüística, a língua especial dos internos do Sistema
Penitenciário do Paraná, por meio de um levantamento de traços lingüísticos que
permitam, num primeiro momento, a reflexão de alguns aspectos gírios e outros

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puramente criptológicos de grupo. A presente pesquisa se dirige a uma análise das


características formais do léxico em nível de significado e significante.

1. Objeto de estudo e metodologia

Em um primeiro momento, procedeu-se a uma coleta de dados em nível


lexical através de entrevistas feitas com internos e funcionários da Penitenciária
Estadual de Londrina e da Prisão Provisória de Curitiba que resultou um glossário
básico utilizado pelos internos na comunicação inter e intragrupal[1]. Na segunda
etapa, recorreu-se a uma Relação de Gírias composta de 483 termos preparada pela
ESPEN (Escola Penitenciária do Paraná) para o III Curso de Formação dos Agentes
Penitenciários, realizado em Londrina. A análise desses dois corpora deu origem a
um novo instrumento de coleta de dados, denominado Questionário da Gíria
Penitenciária (QGP) cuja aplicação visou à verificação do uso real das lexias
presentes nos vários atos de comunicação.
A análise da linguagem específica da população carcerária está relacionada
à influência do ambiente físico e sócio-cultural, elementos estes suficientes para
marcar a linguagem desse grupo, que a sociedade estigmatiza, fazendo com que essas
comunidades minoritárias, em conflito com o meio em que vivem, hermetizem-se de
maneiras diversificadas: isolamento em favelas, vestimentas características, uso de
tatuagens, além da criação de uma comunidade lingüística especial, identificadora de
seu grupo.
Segundo Preti (1984:12), os membros de um determinado grupo fechado
buscam na linguagem uma forma de impor diferenças entre o seu meio social e os
demais meios da comunidade mais ampla, como um mecanismo de defesa, atitude
própria de grupos essencialmente ligados à marginalidade, à prostituição, ao tóxico, à
homossexualidade, entre outros. A tendência ao isolamento desses grupos provoca a
adoção de uma linguagem especial, particularmente no plano do léxico, visto que o
repertório vocabular, enquanto condição essencial da manutenção de uma
comunidade, subsiste a partir de um fenômeno cíclico de aparecimento e
desaparecimento de vocábulos.
Soma-se a isso a necessidade de manter secreto o vocabulário. Além da
agressão aos costumes do grupo social maior, institucionalizado, esse comportamento
revela uma necessidade de auto-afirmação. A constante busca de identidade, de
forma agressiva ou não, está marcada na linguagem dos internos do Sistema
Penitenciário, por um léxico peculiar que constrasta com o uso da comunidade
externa. Preti (1984:3) comenta, ainda, que “quanto maior for o sentimento de união
que liga os membros de um pequeno grupo, tanto mais a linguagem gíria servirá
como elemento identificador, diferenciando o falante na sociedade e servindo como
meio ideal de comunicação, além de forma de auto-afirmação”.

2. Análise dos dados

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A gíria não é uma linguagem independente, mas uma forma parasitária da


língua comum (Cabello, 1991:19) e as maiores alterações, no caso da gíria utilizada
dentro do Sistema Penitenciário do Paraná, se dará no campo semântico através do
uso de metáforas. Uma das características inerentes ao vocabulário gírio é a
tematização em torno dos problemas do ser humano e das preocupações em relação
ao cotidiano da sociedade moderna. A linguagem dos presidiários confirma as
tendências temáticas que preponderam nesse vocabulário como sexo, violência e
vícios. Os elementos lingüísticos fornecidos pelo corpus conduzem aos contextos-
eixo que “formam campos semânticos concretos, por meio de uma rede de
constelações sinonímicas” (Cabello, 1991:46) relacionadas a tais temas.
No campo semântico, preponderante na análise do vocabulário dos internos
do Sistema Penitenciário, destaca-se o sexo numa alusão às práticas homossexuais
em termos como franchão, franchone, puto, ocó, mãe, maezona, maricona, piá,
menina, mona, dormir no braço, além do duquecatorze (estuprador de homem) em
franca alusão ao duquetreze, ou seja, o artigo 213 do Código Penal que classifica o
estuprador. Além desses vocábulos registraram-se outros que nomeiam relações
sexuais tanto hétero como homossexuais: soca porva e traçar.
Vocábulos gírios referentes à violência estão muito presentes no material
que se investiga, em relação às armas de fogo temos berro, cano, draga, máquina,
três-oitão, e para armas brancas bicuda, estoque, espin, lampiana, rita e chico doce.
A referência ao ato de brigar se materializa em lexias como treta, enquadrar, colar o
brinco, chacoalhar. Para designar polícia/guarda registram-se gambé, mango,
samango, porco, pé-de-porco, pé-preto, zalibã, funça, escravo, lousa, além de
grampo para algema, sapo para cadeado e vaca para cirene. Em nível semântico, a
valorização dos contextos se viabilizou pela elipse do complemento verbal que se
depreende como lógico num ambiente em que a violência é uma tônica
caracterizadora do grupo. Por exemplo, na frase fazer alguém, no sentido de matar
alguém, há uma recategorização semântica do verbo fazer que normalmente exige
um objeto direto – humano, isto é, sempre vem acompanhado de coisa ou objeto:
fazer uma casa, fazer compra, mas na gíria dos internos este verbo se concretiza com
objeto direto + humano: fazer um cara(alguém).
O aspecto violência ainda se encontra enfatizado no corpus pela
concentração de vocábulos utilizados para nomear as diversas infrações: espiantar
(furtar), dar mio (fazer coisa errada), muguear e mocosar (esconder), pisar (cometer
erro), cabriteiro (ladrão de carro), chorro (batedor de carteira), doze (traficante),
latrô (quem mata para roubar), mula (quem carrega tóxico), pé-de-breque (falso
malandro), rato de xadrez (quem rouba a cela dos colegas), cofre/transporte/blindado
(quem transporta objetos no ânus) e cachangueiro (arrombador de residência).
Apresenta-se como campo semântico típico da temática da linguagem de
grupos marginalizados o conceito-eixo vícios, relacionado às drogas e ao seu
consumo, por exemplo, para maconha temos a boa, bagulho, bala, balinha, coisa,
cabral, mesclado, back (beck), jererê, paranga, tarugo e tijolo; para cocaína,
batizada, brilho, brizola, brize, brizoleta, branca, talquinho, farinha, narizinho e
poeira; já para o ato de consumir, temos dar um tapa na cara, tapa na macaca,

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corridinha e dezesseis (este último somente para o usuário, em alusão ao artigo 16 do


Código Penal). Para cigarro comum, temos careta, crivo, botinha, giz e caiçara.
Os processos de formação da gíria assemelham-se aos da língua portuguesa
e segundo Cabello (1991:50) ao argot francês, norte-americano e castelhano, e
podem ser analisados sob os planos fonético, léxico e morfossintático. Para a análise
da formação do vocábulo gírio considerou-se primeiro significante e depois o
significado.
No nível morfossintático, a reformatação do significante é registrada no
corpus por meio de vários processos, dentre os quais a sufixação (derivação sufixal)
é o mais freqüente na gíria, sempre com intenção ora expressiva, ora afetiva, ora
pejorativa. O emprego dos sufixos diminutivos ocorre com –inho(a) que se anexou a
substantivos e a adjetivos, a eles acrescentando caráter afetivo, por exemplo, feinha
(esposa), bichinho (jogo de bicho). Pode, no entanto, emprestar caráter pejorativo,
como em porvinho (suco em pó) e joaninha (carro de polícia tipo fusca); aquele por
revelar um valor negativo da bebida de baixa qualidade e este pelo descaso com a
potência e modelo do veículo. Esse sufixo aparece, também, no sentido original do
sufixo inho indicando objetos de pequeno porte ou dimensão, como em botinha
(cigarro), balinha (porção de maconha). Caso especial dá-se com a lexia corridinha
(ato de aspirar cocaína), também conhecida como carreirinha pela disposição do pó
em linha reta e que pode ser consumido às pressas. Cruzam-se assim dois
significados num único significante.
É freqüente o uso da forma adjetival com base no sufixo – uda: bicuda,
cascuda, peituda. Outros sufixos também estão presentes no corpus como – eta, -
ante, - ão, - ndo, - eiro, - one, - osa, entre outros: bumbeta, careta, carreta, pisante,
batatão, cascão, jurão, corujando, cabriteiro, franchone, cabulosa, mancoso.
Pode-se observar uma predileção desse tipo de gíria por construções com
palavras-eixo, que formam expressões paralelas. Elegemos, no corpus, o verbo estar:
estar de cara limpa, estar chupando bala, estar branco, estar de prego, estar no
bico, estar embaçado, estar ligado na fita, estar limpo, estar dando um pião.
O processo de composição vocabular também é responsável pela formação
do léxico gírio. No corpus, destacamos: areia do mar (sal), manjatempo (quem cuida
da vida do outro), sangue-bom (pessoa boa), boca-de-ferro (cano sem chuveiro),
come-quieto (lençol), pega-louco (calça de agasalho), couro-de-rato (dinheiro), bota-
fora (advogado), capa-preta (juiz), treme-treme (motel), entre outros. Cunha e Cintra
(1985) (apud Carvalho, 1987:38) comentam que a palavra composta representa
sempre uma idéia única e autônoma, muitas vezes dissociada das noções expressas
pelos seus componentes.
Os termos gírios são criados de acordo com a vontade do falante, muitas
vezes invencionices que não obedecem a normas gramaticais. Em se tratando de
gênero, por exemplo, a gramática postula que o feminino de cavalo é o termo égua,
no entanto, no corpus, figura a forma cavala para o feminino ocorrendo uma
extensão de sentido, pois cavalo é um animal grande, bonito e elegante, daí fazer-se o
feminino cavala para mulher bonita e grande, constituindo um elogio.

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A deformação dos significantes, através das alterações fonéticas, está


presente na supressão dos fonemas finais, ou seja, apócope, como em jaca (jaqueta),
doca (documento), croco (crocodilo/traidor), but (sapato) que funcionaria como uma
forma apocopada de botina, ou ainda, por aproximação fonética com boot (bota em
inglês). Em vocábulos como adevo (advogado) identificamos além da apócope,
também a suarabácti pela inserção da vogal e para desfazer o encontro consonantal;
em latrô também teremos a apócope acompanhada de um hiperbibasmo por sístole,
mudando a palavra paroxítona em oxítona.
A derivação imprópria constitui um dado lingüístico importante na formação
lexical do significante. Numa primeira instância, nota-se a transposição da classe de
palavras adjetivo para substantivo como em bicuda (faca), bobo (relógio/coração),
zóiuda (televisão); além de substantivos próprios para comuns como em rita (colher
afiada) e tereza /dr ª tereza (corda feita de lençol) e marrocos(pão).
Merece destaque a incidência de empréstimos internos que, para Câmara
Júnior (1977:105), ocorrem quando traços característicos de um falar ou de um
dialeto passam a outro falar ou dialeto ou se integram na língua comum. Nos dados
lingüísticos deste trabalho encontram-se empréstimos internos e oriundos do
vocabulário técnico do Código Penal em que o número dos artigos das infrações
cometidas nomeia os indivíduos como doze (traficante), dezesseis (viciado),
duquetreze (estuprador). A presença desses vocábulos se explica pela importância do
Código Penal na vida dessas pessoas. Essa apropriação da linguagem técnica do
Direito Penal tem sido aproveitada com muita freqüência em programas humorísticos
de rádio e televisão em que um marginal pobre e analfabeto, pela reincidência, é
capaz de citar de cor e com propriedade o número do artigo em que ele está ou
estaria enquadrado.
Encontramos, ainda, termos provenientes do jogo-de-bicho, muito popular
nas cadeias, utilizados para quantificar as somas monetárias como: cachorro(R$
5,00) galo (R$50,00), vaca (R$100,00), milha (R$1000,00).
No tocante à formação do léxico gírio a partir do significado, podem-se
salientar ocorrências de alteração de significados usuais de vocábulos por meio de
processos metafóricos e metonímicos.
De acordo com Cassirer (1972:104), a metáfora consiste “no sentido de que
seu domínio abrange tão somente a substituição consciente da denotação por um
conteúdo de representação, mediante o nome de outro conteúdo, que se assemelha ao
primeiro em algum traço, ou tenha com ele qualquer analogia indireta”.
Segundo Coseriu (apud Filipak 1983:50), “a linguagem é essencialmente
cognoscitiva” devendo se adaptar aos fatores evolutivos de uma cultura, logo “a
substituição de uma cultura por outra, contínuo progresso cultural, e o surgimento de
idéias novas no horizonte da consciência lingüística” acabam exigindo do falante a
criação e o emprego de novas metáforas para denominar as coisas. Essa substituição
se dá, muitas vezes, porque o sistema exige a substituição de signos que se tornaram
inexpressivos, ou para a criação de novos signos então. Observamos, assim, que a
metáfora representa a necessidade constante e crescente do homem expressar o que
vai na sua alma, seus sentimentos e experiências, pois ela é essencialmente o

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descobrimento de novos sentidos, sua fixação e determinação por meio de nomes já


conhecidos. Na gíria do Sistema Penitenciário encontramos metáforas como areia
(açúcar), botinha (cigarro com filtro), corneta (canudo para aspirar cocaína), giz
(cigarro), dragão (isqueiro), falante (rádio), pavão (televisão), papagaio (rádio), pá
(colher), agá (fingir algo), entre muitas outras.
Os eufemismos constituem um recurso metafórico, fundamentado num
processo psico-associativo de uma área particular que não visa a motivar, mas a
impedir motivações de associações, interditas pelo tabu ou pelo decoro. Através
desse processo eufêmico, os presidiários apelam para a mudança de sentido e evitam
nomear o ato fisiológico de defecar, utilizando perífrases como fazer um barroso,
barro, visitar o ari barroso, ou o mais moderno passar uma fax. A mulher também é
vítima das interdições do tabu, da decência e do sexo, o órgão sexual feminino é
objeto de gracejo e dos dismefismos quando é nomeado por perseguida e esquisita
nesse grupo.
Já foi dito que a renovação é uma constante na gíria, porém alguns termos
parecem voltar, depois de um período de desaparecimento, com o sentido anterior ou
com sentido modificado. Cabello (1991:33) apresenta termos como palha, caroço,
etc. No grupo estudado encontramos beca que anteriormente era calça e atualmente é
utilizada, para denominar a bunda; e bobo, antes relógio e agora coração.

3. Considerações finais

Verificamos, em suma, que a linguagem criptológica analisada em nível


morfossintático, fonético e, principalmente, lexical relacionada ao significante e ao
significado vem confirmar que a comunicação dos internos do Sistema Penitenciário
do Paraná está ligada intimamente à noção de gíria enquanto signo de grupo. Essa
linguagem especial transmite e mantém os valores, conhecimentos e a realidade do
grupo com uma forte tendência à concretização do abstrato. Além disso, no ambiente
social, empresta um forte traço de denúncia e insatisfação com as diferenças que
separam os homens, justificando, dessa forma, a depreciação constante de seres,
valores e instituições advindos da sociedade dominante. Portanto, a gíria serve como
um instrumento de ataque, uma vez que vai contra as regras da língua falada pela
sociedade, e como protesto contra as demais regras desta mesma sociedade. É a
forma encontrada para sair do anonimato, para serem diferentes de alguma forma.

RESUMO: O objetivo deste artigo é estudar a linguagem do Sistema Penitenciário do


Paraná. Tal linguagem se fecha e se auto-defende numa comunicação restrita,
tratando a gíria como um signo de grupo. Essa tendência se confirma quanto à
tematização e à caracterização formal dos vocábulos em termos de significado e
significante.

PALAVRAS-CHAVE: gíria, signo de grupo, níveis fonético, morfossintático e


semântico.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CÂMARA Jr, J. M. Dicionário de Lingüística e gramática. Petrópolis: Vozes,1977.
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[1] Entende-se por comunicações intergupral a que se estabelece entre internos e funcionários das Penitenciárias e por intragrupal
a comunicação entre os internos.

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