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Existem cerca de 10 mil religiões diferentes em todo o mundo,[8] embora quase todas
tenham grupos de seguidores relativamente pequenos e regionais. Quatro religiões
- cristianismo, islamismo, hinduísmo e budismo - representam mais de 77%
da população mundial. Cerca de 92% da população global segue uma das quatro religiões
principais citadas ou se identifica como não religiosa,[9] o que significa que as mais de 9
mil religiões restantes representam apenas 8% da população do planeta. O grupo
demográfico sem filiação religiosa inclui aqueles que não se identificam com nenhuma
religião específica, como ateus e agnósticos, embora muitos ainda tenham várias crenças
religiosas.[10]
Etimologia
O termo religião é derivado da palavra latina religiō, que segundo o filósofo
romano Cícero vem de relegere: re (que significa "de novo") + lego (que significa "ler",
"examinar", "escolher"). Contrariamente, alguns estudiosos modernos como Tom Harpur
e Joseph Campbell argumentaram que religiō é derivado de religare: re (que significa
"de novo") + ligare ("ligar" ou "conectar"), o que foi destacado por Santo
Agostinho seguindo a interpretação dada por Lactâncio em Divinae institutiones, IV,
28.[12][13] O uso medieval do termo também alterna com a designação de comunidades
vinculadas, como as das ordens monásticas: "ouvimos falar da 'religião' do Velocino de
Ouro, de um cavaleiro 'da religião de Avis'".[14]
Definição
Não há consenso acadêmico sobre uma definição de religião. Existem, no entanto, dois
sistemas de definição geral: o sociológico/funcional e o fenomenológico/filosófico.
A palavra sânscrita dharma, às vezes traduzida como "religião",[40] mas também significa
lei. Em todo o Sul da Ásia clássico, o estudo da lei consistia em conceitos como
penitência através da piedade e tradições, bem como práticas cerimoniais. O Japão
medieval inicialmente tinha uma união semelhante entre a lei imperial e a lei universal
(ou de Buda), mas estas mais tarde se tornaram fontes independentes de poder. Quando
navios de guerra estadunidenses apareceram na costa japonesa em 1853 e forçaram o
governo local a assinar tratados exigindo, entre outras coisas coisas, liberdade religiosa,
o país teve que lidar com este conceito.
Mitologia
Na sociologia, entretanto, o termo "mito" tem um significado não pejorativo. Lá, o mito
é definido como uma história que é importante para o grupo, seja ou não objetiva ou
comprovadamente verdadeira.[54]
Práticaseditar
As práticas de uma religião podem incluir rituais, sermões, veneração de
uma divindade (deus ou deusa), sacrifícios, festivais, festas, transes, iniciações, serviços
funerários, serviços matrimoniais, meditação, oração, música religiosa, arte religiosa,
dança sacra ou outros aspectos da cultura humana. [55]
Organização socialeditar
Mais informações: Clero
As religiões têm uma base social, quer como uma tradição viva que é levada a cabo por
participantes leigos, quer com um clero organizado, e uma definição do que constitui
adesão.
Estudo acadêmico
Uma série de disciplinas estudam o fenômeno da religião: teologia, religião
comparada, história da religião, antropologia da religião, psicologia da
religião (incluindo neurociência da religião), sociologia da religião, entre outros.
Daniel L. Pals menciona oito teorias clássicas da religião, focando em vários aspectos da
religião: animismo e magia, de E. B. Tylor e J.G. Frazer ; a
abordagem psicanalítica de Sigmund Freud; e ainda Émile Durkheim, Karl Marx, Max
Weber, Mircea Eliade, EE Evans-Pritchard e Clifford Geertz.[58]
Teorias
As teorias sociológicas e antropológicas geralmente tentam explicar a origem e a função
da religião.[59] Estas teorias definem o que apresentam como características universais da
crença e da prática religiosa.
Origens e desenvolvimento
Monoghan e Just também afirmam que "uma coisa que a religião ou crença nos ajuda a
fazer é lidar com problemas da vida humana que são significativos, persistentes e
intoleráveis. Uma maneira importante pela qual as crenças religiosas conseguem isso é
fornecendo um conjunto de ideias sobre como e por que o mundo é construído, que
permite às pessoas acomodar ansiedades e lidar com o infortúnios."[61]
Sistema cultural
Embora o conceito de religião seja difícil de definir, um modelo padrão de religião, usado
em cursos de estudos religiosos, foi proposto por Clifford Geertz, que simplesmente o
chamou de “sistema cultural”.[62] Uma crítica do modelo de Geertz por Talal
Asad categorizou a religião como "uma categoria antropológica".[63] A classificação
quíntupla de Richard Niebuhr (1894–1962) da relação entre Cristo e cultura, no entanto,
indica que religião e cultura podem ser vistas como dois sistemas separados, embora com
alguma interação.[64]
Construcionismo social
Uma teoria acadêmica moderna da religião, o construcionismo social, diz que a religião
é um conceito moderno que sugere que toda prática e adoração espiritual segue um
modelo semelhante às religiões abraâmicas como um sistema de orientação que ajuda a
interpretar a realidade e a definir os seres humanos.[65]
Ciência cognitiva
A ciência cognitiva da religião é o estudo do pensamento e do comportamento religioso
da perspectiva das ciências cognitivas e evolutivas.[66] O campo emprega métodos e
teorias de uma ampla gama de disciplinas, como: psicologia cognitiva, psicologia
evolutiva, antropologia cognitiva, inteligência artificial, neurociência
cognitiva, neurobiologia, zoologia e etologia. Os estudiosos deste campo procuram
explicar como as mentes humanas adquirem, geram e transmitem pensamentos, práticas
e esquemas religiosos por meio de capacidades cognitivas comuns.
Comparativismo
A religião comparada é o ramo do estudo das religiões preocupado com a comparação
sistemática das doutrinas e práticas das religiões do mundo. Em geral, o estudo
comparativo da religião produz uma compreensão mais profunda das preocupações
filosóficas fundamentais da religião, como ética, metafísica, natureza e salvação. O
estudo desse material visa proporcionar uma compreensão mais rica e sofisticada das
crenças e práticas humanas relativas ao sagrado, ao numinoso, ao espiritual e
ao divino.[74]
Classificação
Alguns estudiosos recentes argumentaram que nem todos os tipos de religião são
necessariamente separados por filosofias mutuamente exclusivas e, além disso, que a
utilidade de atribuir uma prática a uma determinada filosofia, ou mesmo chamar uma
determinada prática de religiosa, em vez de cultural, política ou social, é limitada.[77][78][79]
Classificação morfológica
Alguns estudiosos classificam as religiões como religiões universais que buscam
aceitação mundial e procuram ativamente novos convertidos, como o cristianismo, o
islamismo, o budismo e o jainismo, enquanto as religiões étnicas são identificadas com
um grupo étnico específico e não procuram convertidos.[80][81] Outros rejeitam a distinção,
salientando que todas as práticas religiosas, qualquer que seja a sua origem filosófica, são
étnicas porque provêm de uma cultura particular.[82][83][84]
Classificação demográfica
Os cinco maiores grupos religiosos em termos de população mundial, estimados em 5,8
bilhões de pessoas e 84% da população, são o cristianismo, o islamismo, o budismo,
o hinduísmo (com os números relativos ao budismo e hinduísmo dependentes da extensão
do sincretismo) e religiões tradicionais.
Os estudiosos indicaram que a religiosidade global pode estar aumentando devido aos
países religiosos terem taxas de natalidade mais altas em geral.[94]
No início do século XXI havia 3,8 bilhões de seguidores das três principais religiões
abraâmicas e estima-se que 54% da população mundial se considere adepta de uma dessas
religiões, cerca de 30% de outras religiões e 16% é não religiosa.[99][100]
Judaísmo
O judaísmo afirma uma continuidade histórica que abrange mais de três mil anos. É uma
das mais antigas religiões monoteístas, que sobrevive até os dias atuais,[105] e a mais
antiga das três grandes religiões abraâmicas.[106][107] Os hebreus/israelitas já foram
referidos como judeus nos livros posteriores ao Tanakh, como o Livro de Ester, com o
termo judeus substituindo a expressão Filhos de Israel.[108] Os textos, tradições e valores
do judaísmo influenciaram mais tarde outras religiões monoteístas, tais como
o cristianismo, o islamismo e a Fé Bahá'í.[109][110] Muitos aspectos do judaísmo também
influenciaram, pela ética secular ocidental e pelo direito civil.[111]
Os judeus são um grupo etno-religioso[112] e incluem aqueles que nasceram judeus ou
foram convertidos ao judaísmo. Em 2010, a população judaica mundial foi estimada em
13,4 milhões, ou aproximadamente 0,2% da população mundial total. Cerca de 42% de
todos os judeus residem em Israel e cerca de 42% residem nos Estados Unidos e Canadá,
com a maioria restante na Europa.[113]
Os seis principais ramos cristãos são a Igreja Católica (1,3 bilhão), o Protestantismo (800
milhões),[nota 1] a Igreja Ortodoxa (220 milhões), as Igrejas Ortodoxas Orientais (60
milhões),[129][130] a Igreja do Oriente (0,6 milhões) e o Restauracionismo (35
milhões),[131] embora existam milhares de comunidades menores, apesar dos esforços em
direção à unidade (ecumenismo).[132] Apesar de um declínio na adesão no Ocidente, o
cristianismo continua sendo a religião dominante na região, com cerca de 70% dessa
população se identificando como cristã.[133][134] O cristianismo está crescendo na África e
na Ásia, os continentes mais populosos do mundo.[133] Os cristãos continuam sendo
muito perseguidos em muitas regiões do mundo, particularmente no Oriente
Médio, Norte da África, Leste Asiático e Sul da Ásia.[135][136]
Islamismoeditar
O Islã, em sua forma atual e final, originou-se no século VII em Meca.[157] O domínio
muçulmano expandiu-se para fora da Arábia sob o Califado Ortodoxo e o
subsequente Califado Omíada governou da Península Ibérica ao Vale do Indo. Na Era de
Ouro Islâmica, principalmente durante o reinado do Califado Abássida, grande parte
do mundo muçulmano experimentou um florescimento científico, econômico
e cultural.[158] A expansão do mundo muçulmano envolveu vários Estados e califados,
bem como um extenso comércio e conversão religiosa como resultado das atividades
missionárias islâmicas (dawa)[159] e por meio de conquistas.[160][161]
É, basicamente, indefinível: "O Tao do qual se pode discorrer não é o eterno Tao."[190] A
principal obra do taoismo é o Tao Te Ching, um livro conciso e ambíguo que contém os
ensinamentos atribuídos a Lao Zi (chinês: 老子, pinyin: Lǎozi, Wade-Giles: Lao Tzu).
Juntamente com os escritos de Zhuangzi, estes textos formam os alicerces filosóficos
dessa religião. Este taoismo filosófico, individualista por natureza, não foi
institucionalizado.
As tradições e éticas taoistas variam de acordo com a escola, porém, no geral, enfatizam
a serenidade,[191] a não ação (wu-wei), o vazio, a moderação dos desejos,[192] a
simplicidade,[193] a espontaneidade, a contemplação da natureza[194] e os Três Tesouros:
compaixão, moderação e humildade.
O taoismo teve uma influência profunda na cultura chinesa no decorrer dos séculos.
Os clérigos do taoismo institucionalizado (chinês: 道士, pinyin: dàoshi), geralmente,
tomam cuidado para deixar clara a distinção entre suas tradições rituais e os costumes e
práticas encontrados na religião popular chinesa, uma vez que estas distinções podem ser
pouco perceptíveis. A alquimia chinesa (especialmente neidan), a astrologia chinesa,
o zen-budismo, diversas artes marciais, a medicina tradicional chinesa, o feng shui e
diversos estilos de qiqong têm suas histórias entrelaçadas com a do taoismo. Além da
China em si, o taoismo teve grande influência nas sociedades do leste da Ásia.
Após Lao Zi e Zhuangzi, a literatura do taoismo cresceu com regularidade e passou a ser
compilada na forma de um cânone, o Daozang, que, por vezes, era publicado a mando
do Imperador da China. Ao longo da história chinesa, o taoismo foi, por diversas vezes,
decretado a religião do Estado. Após o século XVII, no entanto, ele perdeu muito de sua
popularidade. Tal como todas as outras atividades religiosas, o taoismo foi reprimido nas
primeiras décadas da República Popular da China e até mesmo perseguido durante
a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung; continuou, no entanto, a ser praticado livremente
em Taiwan. Hoje em dia, é uma das cinco religiões reconhecidas pela República Popular
da China e, embora não costume ser compreendida com facilidade longe de suas raízes
asiáticas, tem seguidores em diversas sociedades ao redor do mundo.[195]
Confucionismoeditar
Com particular ênfase na importância da família e harmonia social, ao invés de uma fonte
sobrenatural de valores espirituais,[200] o núcleo do confucionismo é humanista.[201] De
acordo com a conceituação de Herbert Fingarette do confucionismo como um sistema
filosófico que considera "o secular como sagrado",[202] o confucionismo transcende
a dicotomia entre religião e humanismo, considerando as atividades comuns da vida
humana — e especialmente as relações humanas — como manifestação do
sagrado,[203] porque são a expressão da natureza moral da humanidade (xìng 性), que tem
uma ancoragem transcendente no Céu (Tiān 天).[204] Enquanto Tiān tem algumas
características que se sobrepõem à categoria de divindade, é principalmente um
princípio absoluto impessoal, como o Dào (道) ou o bramã. O confucionismo se
concentra na ordem prática que é dada por uma consciência mundana
do Tiān.[205] A liturgia confucionista (chamada 儒 rú, ou às vezes no chinês tradicional:
正統, chinês simplificado: 正统, pinyin: zhèngtǒng, significando
'ortopraxia') liderado por sacerdotes confucionistas ou "sábios de ritos" (chinês
tradicional: 禮生, chinês simplificado: 礼生, pinyin: lǐshēng) adorar os deuses
em templos chineses públicos e ancestrais é preferido em certas ocasiões, por grupos
religiosos confucionistas e por ritos religiosos civis, sobre o ritual taoista ou popular.[206]
Religiões indianaseditar
Ver artigo principal: Religiões indianas
As religiões indianas são praticadas ou foram fundadas no subcontinente indiano. Às
vezes são classificadas como as religiões dármicas, pois todas apresentam o dharma, a
lei específica da realidade e os deveres esperados de acordo com a religião.[213]
Hinduísmoeditar
O jainismo é uma das religiões mais antigas do mundo em prática até hoje. Possui duas
grandes subtradições antigas, digambara e svetambara, com diferentes visões sobre
práticas ascéticas, gênero e os textos que podem ser considerados canônicos; ambos têm
mendicantes apoiados por leigos (śrāvakas e śrāvikas). A tradição svetambara, por sua
vez, tem três sub-tradições: mandirvāsī, deravasi e sthānakavasī.[253] A religião tem entre
quatro e cinco milhões de seguidores, conhecidos como jainistas, que residem
principalmente na Índia, onde somam cerca de 4,5 milhões de acordo com o censo de
2011. Fora da Índia, algumas das maiores comunidades estão
no Canadá, Europa e Estados Unidos, com o Japão hospedando uma comunidade
crescente de convertidos.[254]
Budismoeditar
Como expresso nas Quatro Nobres Verdades do Buda, a meta do budismo é a superação
do sofrimento (dukkha) causado pelo desejo e pela ignorância em relação à verdadeira
natureza da realidade, formada pela impermanência e não existência de fenômenos
condicionados (Saṅkhāra) mentais permanentes, negando que eles tenham uma realidade
substancial independente e que sejam um eu/self (anatta).[262][263][264]
A escritura sique abre com o Mul Mantar ou alternativamente soletrado "Mool Manta"
(em panjabi: ਮੂਲ ਮੰ ਤਰ), oração fundamental sobre ik onkar (em panjabi: ੴ, 'Um
Deus').[294][295] As crenças centrais do siquismo, articuladas no Guru Granth Sahib,
incluem fé e meditação em nome de um único criador; unidade divina e igualdade de toda
a humanidade; engajar-se em seva ('serviço altruísta'); lutando pela justiça para o
benefício e prosperidade de todos; e conduta honesta e meios de subsistência enquanto
vive a vida de um chefe de família.[296][297][298] Seguindo esse padrão, o siquismo rejeita
as alegações de que qualquer tradição religiosa em particular tenha o monopólio da
verdade absoluta.[299][300] O siquismo enfatiza o simran (em panjabi: ਸ ਮਰਨ, meditação e
lembrança dos ensinamentos dos gurus),[301] que pode ser expresso musicalmente através
do kirtan, ou internamente através do naam japna ('meditação em Seu nome') como um
meio de sentir a presença de Deus. Ensina os seguidores a transformar os "Cinco Ladrões"
(ou seja, luxúria, raiva, ganância, apego e ego).[302]
Africanaseditar
Os textos mais importantes do zoroastrismo são aqueles contidos no Avesta, que inclui
os escritos centrais pensados para serem compostos por Zoroastro conhecidos
como Gatas, que definem os ensinamentos de Zoroastro e que são poemas dentro
da liturgia de adoração, o Iasna que serve como a base para a adoração. A filosofia
religiosa de Zoroastro dividiu os primeiros deuses iranianos da tradição proto-indo-
iraniana em emanações do mundo natural como ahuras[334] e daevas,[335] os últimos dos
quais não eram considerados dignos de adoração. Zoroastro proclamou que Ahura
Mazda era o criador supremo, a força criativa e sustentadora do universo por meio
da asha[323] e que os seres humanos têm a escolha entre apoiar Ahura Mazda ou não,
tornando-os responsáveis por suas escolhas. Embora Ahura Mazda não tenha um
oponente equivalente, Angra Mainyu (mentalidade/espírito destrutivo), cujas forças
nascem de Aka Manah (pensamento maligno), é considerada a principal força adversária
da religião, posicionando-se contra Spenta Mainyu (espírito criativo/ mentalidade).[336] A
literatura persa média desenvolveu Angra Mainyu ainda mais em Ahriman, tornando-o
mais próximo de ser o adversário direto de Ahura Mazda.[337]
Além disso, a força vital que se origina de Ahura Mazda, conhecida como asha (verdade,
ordem cósmica),[323][338] se opõe a druj (falsidade, engano).[339][340] Ahura Mazda é
considerado totalmente bom[323] e trabalha em gētīg (o reino material visível) e mēnōg (o
reino espiritual e mental invisível)[341] através dos sete Amesa Espentas.[342]
[343]
Ciênciaeditar
Ver artigo principal: Relação entre religião e ciência
A ciência reconhece a razão e a evidência empírica; e as religiões
incluem revelação, fé e sacralidade, ao mesmo tempo que reconhecem explicações
filosóficas e metafísicas no que diz respeito ao estudo do universo. Tanto a ciência como
a religião não são monolíticas, intemporais ou estáticas porque ambas são
empreendimentos sociais e culturais complexos que mudaram ao longo do tempo através
de línguas e culturas diferentes.[363]
Os conceitos de ciência e religião são uma invenção recente: o termo "religião" surgiu no
século XVII em meio à colonização e globalização e à Reforma Protestante.[3][16] O
termo "ciência" surgiu no século XIX a partir da filosofia natural em meio a tentativas de
definir de forma restrita aqueles que estudavam a natureza (ciências
naturais).[16][364][365] Foi no século XIX que surgiram pela primeira vez os termos
budismo, hinduísmo, taoísmo e confucionismo.[16] No mundo antigo e medieval, as raízes
etimológicas latinas da ciência (scientia) e da religião (religio) eram entendidas como
qualidades internas do indivíduo ou virtudes, nunca como doutrinas, práticas ou fontes
reais de conhecimento.[16]
Em geral, o método científico ganha conhecimento testando hipóteses para
desenvolver teorias através da elucidação de fatos ou avaliação por experimentos e assim
só responde a questões cosmológicas sobre o universo que podem ser observadas e
medidas. Desenvolve teorias do mundo que melhor se adaptam às evidências fisicamente
observadas. Todo o conhecimento científico está sujeito a posterior refinamento, ou
mesmo rejeição, face a evidências adicionais. As teorias científicas que têm uma
esmagadora preponderância de evidências favoráveis são frequentemente tratadas como
verdades de facto na linguagem geral, como as teorias da relatividade geral e da seleção
natural para explicar respectivamente os mecanismos da gravidade e da evolução.
A religião não tem um método per se, em parte porque as religiões emergem ao longo do
tempo a partir de diversas culturas e é uma tentativa de encontrar significado no mundo
e de explicar o lugar da humanidade nele e a relação com ele e com quaisquer entidades
postas. Em termos de teologia cristã, as pessoas confiam na razão, na experiência, nas
escrituras e na tradição para testar e avaliar o que vivenciam e em que deveriam acreditar.
Além disso, os modelos religiosos, a compreensão e as metáforas também são passíveis
de revisão, tal como os modelos científicos.[366]
Em relação à religião e à ciência, Albert Einstein afirma (1940): "Pois a ciência só pode
determinar o que é, mas não o que deveria ser, e fora do seu domínio, julgamentos de
valor de todos os tipos permanecem necessários.[367] A religião, por outro lado, lida
apenas com avaliações do pensamento e da ação humana; não pode falar justificadamente
de fatos e relações entre fatos[367] ... Agora, embora os domínios da religião e da ciência
em si estejam claramente separados um do outro, ainda assim existe entre os dois fortes
relações e dependências recíprocas. Embora a religião possa ser aquilo que determina os
objetivos, ela aprendeu, no entanto, com a ciência, no sentido mais amplo, quais meios
contribuirão para a consecução dos objetivos que estabeleceu.[368]
Moralidadeeditar
Religião e moralidade não são sinônimos. Embora seja “uma suposição quase
automática”.[369] Muitas religiões têm estruturas de valores relativas ao comportamento
pessoal destinadas a orientar os adeptos na determinação entre o certo e o errado. Estes
incluem o halacá do judaísmo, a xaria do islamismo, o direito canônico do catolicismo,
o Nobre Caminho Óctuplo do budismo e o conceito de bons pensamentos, boas palavras
e boas ações do zoroastrismo, entre outros.[370]
Políticaeditar
Ver também: Secularismo, Laicismo e Separação Igreja-Estado
A religião teve um impacto significativo no sistema político de muitos
países.[371] Notavelmente, a maioria dos países de maioria muçulmana adotam vários
aspectos da xaria, a lei islâmica.[372] Alguns países até se definem em termos religiosos,
como o Irã. A sharia afecta assim até 23% da população global, ou 1,57 bilhão de pessoas
que são muçulmanas. Contudo, a religião também afeta as decisões políticas em muitos
países ocidentais. Por exemplo, nos Estados Unidos, 51% dos eleitores teriam menos
probabilidade de votar num candidato presidencial que não acreditasse em Deus.[373] Os
cristãos representam 92% dos membros do Congresso dos Estados Unidos, em
comparação com 71% do público em geral (em 2014). Ao mesmo tempo, embora 23%
dos adultos norte-americanos não tenham filiação religiosa, apenas um membro do
Congresso (Kyrsten Sinema, D-Arizona), ou 0,2% desse órgão, afirma não ter filiação
religiosa.[374] Na maioria dos países europeus, contudo, a religião tem uma influência
muito menor na política[375], embora costumava ser muito mais importante no passado.
Por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o aborto eram ilegais em
muitos países europeus até recentemente, seguindo a doutrina cristã
(geralmente católica). Vários líderes europeus são ateus (por exemplo, o antigo presidente
da França, François Hollande, ou o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras). Na
Ásia, o papel da religião difere amplamente entre os países. Por exemplo, a Índia ainda é
um dos países mais religiosos e a religião ainda tem um forte impacto na política, dado
que os nacionalistas hindus têm como alvo minorias, como os muçulmanos e os cristãos,
que historicamente pertenciam às castas inferiores.[376] Em contraste, países como
a China ou o Japão são em grande parte seculares e, portanto, a religião tem um impacto
muito menor na política.
Economiaeditar
Saúdeeditar
Os pesquisadores da Clínica Mayo examinaram a associação entre envolvimento
religioso e espiritualidade, e saúde física, saúde mental, qualidade de vida relacionada à
saúde e outros resultados de saúde.[380] Os autores relataram que: "A maioria dos estudos
mostrou que o envolvimento religioso e a espiritualidade estão associados a melhores
resultados de saúde, incluindo maior longevidade, habilidades de enfrentamento e
qualidade de vida relacionada à saúde (mesmo durante doenças terminais) e
menos ansiedade, depressão e suicídio".[381]
Os autores de um estudo subsequente concluíram que a influência da religião na saúde é
amplamente benéfica, com base numa revisão da literatura relacionada. [382] De acordo
com o acadêmico James W. Jones, vários estudos descobriram "correlações positivas
entre crenças e práticas religiosas e saúde física e mental, além de longevidade".[383]
Uma análise dos dados do Inquérito Social Geral dos Estados Unidos de 1998, embora
confirmando amplamente que a atividade religiosa estava associada a uma melhor saúde
e bem-estar, também sugeriu que o papel das diferentes dimensões da
espiritualidade/religiosidade na saúde é mais complexo. Os resultados sugeriram "que
pode não ser apropriado generalizar as descobertas sobre a relação entre
espiritualidade/religiosidade, entre denominações, ou assumir que os efeitos são
uniformes para homens e mulheres."[384]
Críticaseditar
Ver artigos principais: Crítica da religião, Antirreligião e Irreligião
A crítica da religião é o criticismo às ideias, à verdade ou à prática da religião, incluindo
as suas implicações políticas e sociais. [385] Autores como Hector Avalos,[386] Regina
Schwartz,[387] Christopher Hitchens,[388] e Richard Dawkins[389] argumentaram que as
religiões são inerentemente violentas e prejudiciais à sociedade, pois usam a violência
para promover os seus objetivos, de formas que são endossadas e exploradas pelos seus
líderes.
O antropólogo Jack David Eller afirma que a religião não é inerentemente violenta,
argumentando que "religião e violência são claramente compatíveis, mas não são
idênticas". Ele afirma que “a violência não é essencial nem exclusiva da religião” e que
“virtualmente toda forma de violência religiosa tem seu corolário não
religioso”.[390][391] Algumas religiões também praticam o sacrifício de animais, o ritual de
matança e oferenda de um animal para apaziguar ou manter o favor de uma divindade.[392]
Superstiçãoeditar
Ver artigo principal: Superstição
Os pagãos gregos e romanos antigos, que viam as suas relações com os deuses em termos
políticos e sociais, desprezavam o homem que tremia constantemente de medo ao pensar
nos deuses (deisidaimonia), como um escravo poderia temer um senhor cruel e
caprichoso. Os romanos chamavam esse medo dos deuses de superstitio.[393] O antigo
historiador grego Políbio descreveu a superstição na Roma antiga como
um instrumentum regni, um instrumento de manutenção da coesão do Império
Romano.[394]
Culturaeditar
Cultura e religião costumam ser vistas como intimamente relacionadas.[40] Paul
Tillich via a religião como a alma da cultura e a cultura como a forma ou estrutura da
religião.[398] Em suas próprias palavras: